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Preparatório INSS – agosto 2008

Fundamentos ž Profa. Ana Cristina Oliveira

QUESTÃO SOCIAL

Idéia central: discutir a emergência e ampliação da “questão social” do século XIX ao XXI
Ojetivos dos autores sobre o tema:
Apreender as novas determinações da “questão social” nos marcos da consolidação do capitalismo
monopolista na sociedade brasileira e da constituição do estado autocrático-burguês.

Principais autores: Marilda Iamamoto, José Paulo Neto, Martinelli, Otavio Ianni, Castels, Cerqueira
Filho, Potyara, etc

Algumas Definições
Para os autores a “questão social”:
 É a manifestação do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu
ingresso no cenário político da sociedade
 Iamamoto – considera relações sociais caracterizada pela CONTRADITORIEDADE = os
mecanismos de dominação e as necessidades da classe trabalhadora são 2 faces da mesma moeda.

Envolve:

 forma de organização da sociedade capitalista;


 promoção do desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social;
 expansão e aprofundamento das relações de desigualdade, a miséria e a pobreza;

 exigências do Estado e do patronato intervenções para além da caridade e repressão;

A Questão Social na história

Final do século XIX e século XX:

 Ao longo do século XIX → trabalhadores europeus desenvolveram importantes estratégias de


luta
 Estado burguês rendendo-se à negociações coletivas
 O capitalismo experimenta profundas modificações no seu ordenamento e na sua dinâmica
econômica,

incidência na estrutura social e nas instâncias políticas das sociedades nacionais que envolviam
Como emerge a “questão social”?
 Início do século XX na Europa → classe dominante concentrada na expansão de seu capital
 Acompanhada de um conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos

Assim, duas situações eram claras:


 1ª) a “questão social” estava posta no centro do palco histórico;
 2ª) o domínio de cena já não era mais do capital
Sociedade capitalista
à beira do calapso
 Economia mundial deteriorada (Grande Depressão)

 índices de desemprego elevados ↓e


o pauperismo se generalizava

 Nova fase do capitalismo → o monopolista


 A concorrência entre capitais industriais era substituída pelos monopólios

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Obedece o acréscimo dos lucros capitalistas através do controle dos mercados → o estágio
emperialista.

Elementos típicos da monopolização

 1º) Fenômeno da supercapitalização: o montante de capital acumulado encontra crescentes


dificuldades de valorização
 2º) Parasitismo. Deve ser tomado de dois ângulos:
 ao engendrar a oligarquia financeira e ao divorciar a propriedade da gestão dos grupos
monopólios

b) uma generalizada burocratização da vida social→ largo expectro de operações que, no “setor
terciário”
Intervenção do Estado
 Direcionado para garantir os superlucros dos monopólios → atua como um instrumento de
organização da economia, operando como um administrador dos ciclos de crise

integração entre os aparatos privados dos monopólios e as instituições estatais

 Função estatal de primeira ordem → preservação e o controle contínuos da força de trabalho


Intervenção do Estado

Provoca política social pública sobre as seqüelas da “questão social”


de forma fragmentada e parcial → recortadas como problemáticas particulares, centrado na noção de


integração social

 Assim a questão social é atacada nas suas refrações

 Decorrem fundamentalmente da capacidade de mobilização e organização da classe operária e


do conjunto dos trabalhadores, a que o Estado, por vezes, responde com antecipações estratégicas.

O Público e o Privado

 O Estado burguês no capitalismo monopolista em face da “questão social” simultaneamente


corta e recupera o ideário liberal
↓ ↓
corta-o, intervindo através de políticas sociais;
e
recupera-o, debitando a continuidade das suas seqüelas aos indivíduos por elas afetados
Manifestações individuais
 Converge as refrações da “questão social” em problemas sociais (privados) → tendência a
psicologizar os problemas sociais, as relações sociais

 A tradição intelectual → pensamento conservador (alguns dos seus expoentes: Durkheim,


Comte, Spenser, Parsons)

Positivismo como um estilo de pensar o social → supõe intenções reformistas com características de
naturalização da sociedade

→ Estabelece a inépcia dos sujeitos sociais - a sua refratariedade à razão e à vontade


Naturalização da sociedade

Encontra na esfera moral


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psicologização das relações sociais a essência é o controle social – a coersão social

o neocorporativismo

Apresentação em 2 planos
 1º) traço “público” da “questão social” - à regulação de mecanismos econômico-sociais e
políticos;

 2º) traço “privado” - disciplinamento psicossocial dos indivíduos excluídos

 Entre o “público” e o “privado”, os problemas sociais recebem a intervenção estatal através da


rede institucional de “serviços”

conversão dos problemas sociais em patologias sociais
A “Questão Social” na primeira República
 Trabalhador livre → vende a sua força de trabalho a uma capitalista em troca de salário a fim de
reproduzir-se

 Sujeito à exploração do capital, esteve sob o controle social através de uma regulamentação
jurídica

via Estado

 Leis Sociais: parte principal dessa regulamentação → pressão do proletariado pelo


reconhecimento de sua cidadania social
Emergência da “Questão Social”
Surge nos grandes centros urbanos:

 Estado e a Igreja: subordinadas ou aliadas

 Leis Sociais → constituir-se na contradição antagônica entre classes antagônicas: burguesia e


proletariado

Diz respeito:
 à formação da classe operária e de seu ingresso no cenário político,
 da necessidade de seu reconhecimento pelo Estado

implementação de políticas públicas

Marcos centrais do período


Crise internacional de 1929 e a Revolução de 1930

reorganização das esferas estatal e econômica

 Deslocamento do centro motor da acumulação capitalista das atividades de agro-exportação


para outras de realização interna

 Todos os segmentos são profundamente afetados por estas transformações → respostas entre a
caridade e repressão
População operária
Minoria - composta majoritariamente por imigrantes

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Condições de vida:
 insalubridade nas casas e nas fábricas,
 baixos salários, famílias miseráveis,
 mão-de-obra excedente, ausência de direitos trabalhistas.

→ Ingresso de mulheres e crianças no mercado de trabalho - sem garantias mínimas trabalhistas

Ligas Operárias

Provocada pelo quadro de exploração


Organização dos trabalhadores em associações, sindicatos

Greves → duramente reprimidas

Lutas reivindicatórias
 centrada na defesa do poder aquisitivo dos salários,
 na duração da jornada de trabalho,
 na proibição do trabalho infantil e regulamentação do trabalho de mulheres e menores,
 no direito a férias, seguro contra acidente e doença, contrato coletivo de trabalho e
reconhecimento de suas lideranças.
Resposta do Estado
Repressão policial aos movimentos dos trabalhadores

Questão social: “caso de polícia”

 Marcado pelo “liberalismo excludente” que criou medidas em benefício dos trabalhadores

 1919: implantação da 1ª medida ampla de legislação social → responsabilizando as empresas


industriais pelos acidentes de trabalho

 Participação do governo brasileiro na Organização Internacional do Trabalho

 Nova legislação obrigará a uma racionalização da cobertura



seguro coletivo

Demarcações históricas importantes na década de 20 :

 1925 – criado o conselho Nacional do Trabalho


 1926 – a ortodoxia liberal da 1ª Constituição republicana é parcialmente rompida, abrindo
caminho à intervenção do Estado na regulamentação do mercado.
 1926 e anos seguintes – são aprovadas leis que cobrem uma parcela importante da chamada
“proteção ao trabalho” como: lei de férias, acidente de trabalho, código de menores, trabalho feminino,
seguro-doença, etc.

Dominação burguesa
 Ligados a agro-exportação - ignoram a questão operária

 Apoio à repressão e ações de caridade e assitencialismo.

 Estado e burguesia → a questão operária : “problema da empresa”


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Reconhecimento pelo Estado enquanto
classe social espoliada
Hegemonia burguesa
 Não foi apenas na coerção → necessitando estabelecer mecanismos de integração e controle

Início da década de 30:


 grande pressão sobre os trabalhadores → incluindo força policial e vigilância, para impedir sua
marcha organizativa.

 Anos de 1930 e 1940: novas estratégias de atendimento à “questão social”



levar em conta essa nova organização societária - renovada correlação de forças

Aspectos da prática social


do empresariado
Percebe a necessidade da existência de instituições que visem a integração física e psíquica do
trabalhador:

 disciplina do trabalho,
 adestramento da força de trabalho,
 ajustamento do proletariado ao padrão ético-moral da ordem burguesa.

Política assistencialista desenvolvida pelo empresariado:

 prestação de assistência médica, creches, escolas mediante contribuição simbólica ou gratuita,


controle da vida do trabalhador dentro e fora da fábrica

Constituição Federal Brasileira/1934


 1ª referência explícita na legislação federal a serviços sociais → se obriga a garantir amparo aos
desvalidos, em especial à MATERNIDADE e INFÂNCIA

 Empresariado: mudou seu posicionamento frente à “questão social” somente no final do Estado
Novo (1937-1945) e término da 2ª Grande Guerra (1939-1945)

 Fortalecimento da burguesia industrial - ancorada nos princípios do liberalismo do mercado e do


privatismo da relação de compra e venda da força de trabalho

Reação Católica
 Surge pela perda de sua hegemonia – fim do império

 Beseará na constituição de organizações de massa


Duas fases:
 1ºs anos década de 20: apesar das divergências, tem postura favorável ao Estado

Principais veículos: Revista A Ordem (1921)
Centro Dom Vital (1922)

 Objetivo: combater o anticlericalismo, ao positivismo e ao lacismo das instituições republicanas

 Nesta fase, dá pouca importância à questão social e ao combate ao comunismo

Reação Católica
A partir de 30: 2º ciclo do movimento laico

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Passa a intervir na dinâmica social
 Respaldado nas Encíclicas Rerum Novarum e Quadragésimo Anno

 “Questão Social” = questão moral e religiosa

 Sociedade = todo harmônico

 Contra ao socialismo e liberalismo → favorável ao capitalismo humanitário = 3ª via

Movimento Católico Laico


 1932: grande diversificação e ampliação do amparato laico:
 Conferederação Católica
 Ação Universitária Católica
 Instituto de Estudos Superiores
 Associação de Bibliotecas Católicas
 Circulos Operários
 Liga Eleitoral Católica
 Ação Católica Brasileira (1935)

Referências Bibliográficas
CFESS. Atribuições privativas do Assistente Social. Em questão. CFESS, Brasília, 2002.
IAMAMOTO, M. V. Aspectos da história do Serviço Social no Brasil. In: ___. Relações Sociais e Serviço
Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica/ Marilda V.Iamamoto, Raul de
Carvalho. – 21.ed – SP, Cortez; (Lima, Peru: CELATS, 2007, p 125-358.
____________. A “questão social” no capitalismo monopolista e o significado da assistência. In:
_______.Renovação e conservadorismo no Serviço Social.Ensaios críticos. 2 ed. –SP: Cortez, 1994,
p 76-86.
MARTINELLI, M.L. Serviço Social: rompendo com a alienação, 3 ed. – SP. Cortez: 1993, Cap. III, p 93-
121.
NETTO, J. P. As condições histórico-sociais da emergênciado Serviço Social. In: ____. Capitalismo
Monopolista e Serviço Social. 2.ed. – SP. Cortez: 1996, p 15-64.

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