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Decolonizacao Do Conhecimento PDF
Decolonizacao Do Conhecimento PDF
NO CONTEXTO AFRO-BRASILEIRO
REITOR
Silvio Luiz Oliveira Soglia
VICE-REITOR
Georgina Gonçalves
SUPERINTENDENTE
Sérgio Augusto Soares Mattos
CONSELHO EDITORIAL
Alexandre Américo Almassy Júnior
Celso Luiz Borges de Oliveira
Geovana da Paz Monteiro
Jeane Saskya Campos Tavares
Léa Araujo de Carvalho
Nadja Vladi
Sérgio Augusto Soares Mattos (presidente)
Silvana Lúcia da Silva Lima
Wilson Rogério Penteado Júnior
SUPLENTES
Carlos Alfredo Lopes de Carvalho
Robério Marcelo Ribeiro
Rosineide Pereira Mubarack Garcia
EDITORA FILIADA À
Ana Rita Santiago
Juvenal Conceição de Carvalho
Ronaldo Crispim Sena Barros
Rosangela Souza da Silva
(Organizadores)
DESCOLONIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
NO CONTEXTO AFRO-BRASILEIRO
328p.
ISBN 978-85-5971-045-8
1. Descolonialidade 2. Anticolonialidade 3. Africanidade
4.Afro-brasilidade I. Carvalho, Juvenal Conceição de II.
Barros, Ronaldo Crispim Sena III. Silva, Rosangela Souza da.
CDD 342.81085
Ficha Catalográfica elaborada por: Ivete Castro CRB/1073
Apresentação...................................................................................15
A Trajetória dos Educadores do Movimento..................................23
Ana Célia da Silva
Fóruns Internacional 20 de Novembro e Pró-Igualdade Racial
e Inclusão Social da UFRB: Narrativas e Memórias......................37
Ana Rita Santiago
Intelectuais Negras: Entre a Invisibilidade e a Resistência..........53
Ana Rita Santiago
A Lei Nº 10.639/03: Pressupostos ePropostas para a Educação
Brasileira.........................................................................................65
Anália de Jesus Moreira
Descolonização do Conhecimento no Século XXI........................77
Ângela Figueiredo
Prefil dos estudantes cotista da UFRB: Inclusão e Diversidade
no Ensino Superior....................................................................... 107
Bruno José Rodrigues Durães
Feminismo Negro e suas Interseccionalidades: O Ponto
de Vista do Movimento de Mulheres Negras Brasileiras............. 123
Cláudia Pons Cardoso
As Cotas Raciais nas Universidades Públicas Federais: Discursos
dos Estudantes do Curso de Pedagogia do Centro Acadêmico
do Agreste da UFPE..................................................................... 135
Fátima Aparecida Silva, João Vinícius Pereira de Souza
Escolarização, Infância e "Côr": Primeiros Indícios nas Aulas
Públicas da Bahia-1845-46............................................................ 151
Ione Celeste J. de Sousa
ARTE CAPOEIRA: Africanidades e Formação de Professores
para a Inclusão.............................................................................. 165
Jean Adriano Barros da Silva
Movimento Negro, um Breve Panorama dos Anos 2000............. 181
Karine Teixeira Damasceno
Dois Mundos Diferentes Dois Modos de Olhar.......................... 195
Marco Aurélio Luz
A Mulher Negra e Educação........................................................205
Maria de Lourdes Siqueira
Sem Confiança, logo, sem Crédito: O Papel dos Juros no Brasil
e os Afro-brasileiros...................................................................... 231
Nilo Rosa
A Gestão de Políticas Afirmativas na UFRB: A Experiência da
PROPAAE..................................................................................... 253
Ronaldo Crispim Sena Barros
A Imagem que Incomoda: Identidade Negra, Educação
e Espaços Sociais.......................................................................... 265
Rosangela Souza da Silva
Democratizar o Acesso à Educação em Territórios Privativos
no Ciberespaço?........................................................................... 283
Zelinda Barros
HOMENAGENS A PERSONALIDADES NEGRAS..................301
AUTORES.....................................................................................321
Prefácio
Kabengele Munanga1
1 Professor Titular/USP
Professor Visitante Sênior/UFRB
12 Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro
negra fundada por eles com a finalidade de mostrar que apesar de suas
contribuições econômicas e culturais na construção do Brasil, eles
constituem um problema social por causa da discriminação racial que
impede sua plena participação nos diversos setores da vida nacional.
Trata-se de um discurso de protesto e denúncia que atinge seu apogeu
entre 1944 e 1950. Todos os problemas da atualidade como a questão
das políticas de ação afirmativa e de reconhecimento da identidade
coletiva negra já existiam em filigrana, sem as denominações atuais no
discurso dessa época.
Sem abandonar a produção discursiva sobre os fenômenos
identitários, o discurso atual é mais centrado sobre as políticas
afirmativas, principalmente sobre o acesso dos negros nas universidades
públicas pelas cotas ditas raciais. Sem dúvida, nesses diversos momentos
o discurso produzido pelos negros dialoga com o discurso produzido
na academia pelos pesquisadores brancos. A questão interessante a ser
colocada é saber: quais as linhas de força que sustentam esse diálogo?
Em outros termos, quais os tipos de convergência ou de divergência
que se estabelecem entre as orientações desses dois discursos? Trata-
se de um discurso negro com conteúdo diferente ou somente de uma
expropriação do discurso “branco” sobre o negro pelo negro? Estas
perguntas não poderão ser respondidas sem submeter-se a um inventário
crítico que ainda não foi exaustivamente realizado, a não ser os estudos
parciais sobre as obras de um ou outro, uma ou outra. No entanto, o
conteúdo dos textos deste livro e a intencionalidade que os veicula
indica uma postura e uma preocupação diferentes na produção do
conhecimento, o que revela a convergência e a unidade não aparentes.
A oposição entre o sujeito e o objeto de pesquisa que podemos
considerar com vestígio do neopositivismo é ainda manipulada por
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 15
Referências
CUTI, Luis. E Disse o Velho Militante - José Correia Leite. São Paulo:
Secretaria Municipal de Cultura/Coordenadoria Especial do Negro,
1992.
GONZALES. Lélia. HASENBALG. Carlos. Lugar de Negro. Rio de
Janeiro: Marco Zero, 1982.
MNU. NEGO – Boletim Informativo do Movimento Negro Unificado-
BA., nº 9, 1985.
Fonte: ASCOM/UFRB.
Fonte: ASCOM/UFRB.
Fonte: ASCOM/UFRB.
Fonte: ASCOM/UFRB.
Fonte: ASCOM/UFRB.
Referências
UFRB. Relatório dos I Fórum Internacional 20 de Novembro e do
VI Fórum Pró-Igualdade Racial e Inclusão Social. Cruz das Almas,
2012.
2 São alguns exemplos: Said (1999), Foucault (1992; 2002), Gramsci (2006); Bobbio
(1997), bell hooks (1995), Cornel West (1999), Hall (2006), González (1982), Glissant
(2005), Sarlo (2000), Novaes (2006), Margato e Gomes (2004).
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 57
Pensar é ruminar sobre si, sobre fatos e aquilo que está em volta;
é inclusive apropriar-se deles para problematizá-los e (re) elaborá-los.
É um trabalho contínuo e dinâmico de tecer e (des) tecer o que já está
instituído, transgredindo fronteiras discursivas. Isso exige tempo e
dedicação, haja vista que um intelectual é um pensador que escreve,
publica, ler e é lido, como bem afirma bell hooks (1995). Desse modo,
o trabalho intelectual é, eminentemente, uma ação que precisa e conduz
à solidão e ao isolamento, exigindo disciplina e dedicação permanente.
Disso surgem, portanto, dois desafios, também já indicados
por essa intelectual, os quais precisam ser enfrentados por intelectuais
negras brasileiras: escrita solitária e medo do isolamento. Como
pensadoras, terão que dedicar-se à leitura e à escrita. Essas são
ações que pressupõem não tão somente tempo e espaço para o
seu desenvolvimento, mas também implicam em, muitas vezes,
afastamento de entes e círculo de relações. Neste sentido, tornar-se
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 63
Referências
Quando o autor nos diz que “[...] os negros têm como projeto
coletivo a ereção de uma sociedade fundada na justiça, nas igualdades
e no respeito a todos os seres humanos, na liberdade: uma sociedade
cuja natureza intrínseca torne impossível a exploração econômica e
o racismo”, (NASCIMENTO, 2002, p. 262), faz um apelo às novas
formas de organização por meio das quais se deve lutar pela mudança
das estruturas em voga.
Ao estudar o percurso do TEN e suas implicações sociais e
políticas, Jeruse Romão (2005) destaca a ambiguidade da perspectiva
educacional do movimento que não se ligava, ideologicamente,
ao africanismo, embora, inicialmente, tenha assumido uma
performatividade afrocentrada. Explicou Romão que, para o TEN, “[...]
a África não era centro de modelo social e, sim, a identidade do negro de
origem africana”. Para a autora, isso deu ao TEN não apenas um caráter
escolástico, mas, principalmente, uma dimensão de projeto político:
Referências
SILVA, Ana Célia da. Movimento Negro Brasileiro e sua Trajetória para
Inclusão da Diversidade Étnico-racial. Revista FAEEBA: Educação e
Contemporaneidade, Salvador, v. 11, n. 17, p.139-151, jan./jun., 2002.
SILVA, Petronilia Beatriz G. Aprendizagem e Ensino das
Africanidades Brasileiras: Superando o Racismo na Escola. Brasília,
DF: Ministério da Educação, 2005.
Descolonização do Conhecimento no Século XXI
Ângela Figueiredo
Dizem que santo de casa não faz milagre. Por isso, hesitei
em aceitar o convite, pois sei que o habitus acadêmico, muitas vezes,
depõe contra nós, quer dizer, de acordo com um conjunto de regras
pré-estabelecidas, a nossa produção/reflexão deve sempre ser mostra-
da e discutida fora de casa. Está prática reflete de certo modo a crença
numa desvinculação entre a produção do conhecimento e interesse
político, assim como revela uma suposta “neutralidade” na produção
do conhecimento, dois grandes mitos que procurarei desconstruir ao
longo da minha fala, pois, como afirmam as feministas, “todo conhe-
cimento é posicionado”.
Além disso, estou ciente da minha responsabilidade, já que os
Fóruns têm se constituído como um espaço importante de reflexão co-
letiva sobre as hierarquias raciais, as diferentes formas de resistência,
as articulações política e acadêmica negra no Brasil. Igualmente im-
portante é a minha responsabilidade em fazer a abertura de um evento
que, no ano passado, contou com a valorosa contribuição da ativista
dos direitos civis e professora Ângela Davis. Espero que os orixás me
iluminem nesta tarefa desafiadora.
Ingressei na UFRB como professora em julho de 2008, desde
então, tenho acompanhado o crescimento, desafios, aprendizados e os
embates teóricos e políticos que caracterizam o cotidiano de nossa uni-
versidade. A UFRB já nasceu com o sistema de cotas iniciado no Bra-
sil, desde 2002, e que reserva um percentual do número de vagas para
negros, indígenas e estudantes oriundos de escolas públicas. Mas, de
que modo a adoção desta política influencia a nossa reflexão acadêmica
e a nossa prática cotidiana? O que temos aprendido? O que fazemos
e o que ainda precisamos fazer para que a universidade cumpra o seu
papel? Como não transformar os nossos estudantes em assimilados,
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 81
Referências
SANTOS , Ivanir dos & ROCHA, José Geraldo. Diversidade & Ações
Afirmativas. Rio de Janeiro, CEAP, 2007.
3 Com o Reuni o número de cidades atendidas passou de 114 (em 2003) para 230
(em 2011), conforme Pesquisa “Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de
Graduação das Universidades Federais Brasileiras” (ANDIFES-FONAPRACE, 2011,
p.11). Ainda de acordo com essa pesquisa, o quantitativo de estudantes presenciais
das Universidades Federais era de 469.378, em 2003/4, passou para 656.167, em
2010 (Id., ibid., p.23).
4 Não é nossa intenção, por ora, polemizar a respeito desse termo e de outros
similares, para este texto, iremos nos valer da seguinte definição: “[...] as ações
afirmativas são definidas como medidas redistributivas que visam a alocar bens para
grupos específicos, isto é, discriminados e vitimados pela exclusão socioeconômica
e/ou cultural passada ou presente” (FERES JR. E ZONINSEIN, apud DAFLON et.
al., 2011, p.04).
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 109
Sexo Total
Masculino Feminino
Cotas Sim 326 392 718
% em relação aos cotistas 45,4% 54,6% 100,0%
% em relação ao Gênero 48,9% 46,7% 47,7%
Não 340 447 787
% em relação aos cotistas 43,2% 56,8% 100,0%
% em relação ao Gênero 51,1% 53,3% 52,3%
Total 666 839 1505
% em relação aos cotistas 44,3% 55,7% 100,0%
% em relação ao Gênero 100,0% 100,0% 100,0%
6 Na maioria das tabelas que serão apresentadas no texto ocorrerá redução do total de
respondentes (que foi de 1548 estudantes em geral) em relação ao total de estudantes
pesquisados que responderam a determinada questão. Isso ocorreu, pois alguns
estudantes não responderam uma das duas questões apresentadas em determinada
tabela. Dessa maneira, o total fica automaticamente reduzido, incluindo apenas o
estudante que respondeu as duas questões ao mesmo tempo. Essa alteração será
informada em cada caso em particular, na própria tabela.
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 111
CAMPUS
CAHL CETEC CCAAB CFP CCS Total
Cotas 185 66 216 214 40 721
% em relação aos cotistas 25,7% 9,2% 30,0% 29,7% 5,5% 100,0%
Sim % em relação ao Campus 47,6% 38,4% 46,2% 54,6% 44,4% 47,7%
204 106 252 178 50 790
Não % em relação aos cotistas 25,8% 13,4% 31,9% 22,5% 6,3% 100,0%
% em relação ao Campus 52,4% 61,6% 53,8% 45,4% 55,6% 52,3%
Total 389 172 468 392 90 1511
% em relação aos cotistas 25,7% 11,4% 31,0% 25,9% 6,0% 100,0%
% em relação ao Campus
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Ensino Médio
Esc. Esc. E s c . Maior parte E s c .
pública privada comunitária esc. pública p r i v a d a
c/ bolsa Total
Cotas 707 5 2 3 3 720
% de cotistas 98,2% 0,7% 0,3% 0,4% 0,4% 100,0%
Sim % em relação
71,8% 1,2% 50,0% 8,8% 5,7% 47,7%
ao ens. médio
277 428 2 31 50 788
Não % de cotistas 35,2% 54,3% 0,3%
% em relação
3,9% 6,3% 100,0%
28,2% 98,8% 50,0% 91,2% 94,3% 52,3%
ao ens. médio
Total 984 433 4 34 53 1508
% de cotistas 65,3% 28,7% 0,3% 2,3% 3,5% 100,0%
% em relação
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
ao ens. médio
Fonte: NEPAAE/CPA/PROPAE/UFRB, 2012.
* O total reduziu para 1508, pois 40 estudantes não responderam, ao menos, uma
das duas questões.
116 Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro
Renda Familiar
Escolaridade Pai?
Funda- Funda-
Não
mental mental Ensino Total
alfabe- Superior
da 1 a 4 da Médio
tizado
série 5 a 8 série
Cotas 45 247 130 211 30 663
% de cotist% de
6,8% 37,3% 19,6% 31,8% 4,5% 100,0%
Sim cotistas
% da Escol % da
60,8% 60,7% 55,3% 42,0% 15,6% 47,0%
Escolaridade Pai
29 160 105 291 162 747
Não % de cotist% de
3,9% 21,4% 14,1% 39,0% 21,7% 100,0%
cotistas
% da Escol % da
39,2% 39,3% 44,7% 58,0% 84,4% 53,0%
Escolaridade Pai
Total 74 407 235 502 192 1410
% de cotist% cotistas 5,2% 28,9% 16,7% 35,6% 13,6% 100,0%
% da Escol % da
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Escolaridade Pai
Fonte: NEPAAE/CPA/PROPAE/UFRB, 2012.
* O total reduziu para 1410, pois 138 estudantes não responderam, ao menos, uma das duas questões.
Referências
Referências
Ensino Superior
Relações Etnicorraciais
Ações Afirmativas
Resultados
Tabela 02 : Identidade
Identidade Valor absoluto Porcentagem (%)
Branco (a) 13 52
Negro (a) 0 0
Pardo (a) 11 44
Amarelo (a) 1 4
Indígena 0 0
Fonte: Os autores (2014).
tabela 04. Isso revela que esses educandos entendem que o sistema de
cotas raciais visa à reparação de um problema racial e social presente
no nosso país. Demonstrando, desse modo, que compreendem a real
finalidade das ações afirmativas, embora o fato de entenderem as
cotas como uma estratégia de reparação para com a população negra,
isso não significa, necessariamente, que sejam favoráveis ao sistema
de cotas para o acesso ao ensino superior.
Referências
3ª Seção
Com a condenação dos Supplicantes a pena de gales
perpetua desappareceo a condição de escravo, segundo
o disposto no Archivo do Ministério da Justiça de 30
de Outubro de 1872, e assim parece-me que podem
elles por si dirigirem a presente petição de graça. 18 de
Dezembro 73.
Referências
Fontes
a – O Aprender Fazendo
e – A Interdisciplinaridade
Referências
Referências
(Endnotes)1
Dois Mundos Diferentes
Dois Modos de Olhar
2 Esse trecho da carta foi extraído da pesquisa do professor Tacca realizada em 1983.
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 201
3 Idem.
202 Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro
4 Ibidem.
5 SANTOS, M. Deoscoredes dos. História de um Terreiro Nagô. São Paulo: Max
Limonad, 1988, p. 28
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 203
Mãe Aninha
Mãe Senhora1
Mãe Senhora
A Tradição Oral
Religião é Cultura.
O respeito à natureza
Mãe Stella segue a linha do Ilê Axé Opô Afonjá com Mãe
Aninha, a fundadora, Mãe Senhora; Mãe Stella.
Um Depoimento:
1. Mãe Dudu
4 Maria do Rosário Carvalho Santos. O caminho das Matriarcas Jeje – Nagô. Uma
contribuição à história da religião-afro no Maranhão. Prêmio Antonio Lopes 1ª lugar
– pesquisa FUNC São Luís – Maranhão, 2001.
220 Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro
Casa de Nagô
Ancestrais
Florentina Souza
Conceição Evaristo
[...] que se reconhece como escritora negra e considera
a sua escrita como parte da literatura negra feminina,
em Fêmea Fênix, também desenha um EU feminino,
corajosamente, que resiste ao medo, e se lança ao
enfrentamento, em busca da vivificação do eu – mulher.
P. 153.
Brasil. P. 156
Como arte da palavra, a literatura afro-feminina valoriza
legados intelectuais e culturais africano-brasileiros, da
tradição, saberes e práticas ancestrais, de populações
negras, e desconstrói discursos poéticos e ficcionais,
que promovem seu recalque. Situa-se neste espaço,
a insistente e vigorosa declaração da voz poética de
integridade, Geni Guimarães, escritora dos Cadernos
Negros, que se autoriza a afirmar-se e a constituir-se
como negra e descendente de africanos no cotidiano.
(SANTIAGO, 2012).
Referências
Nilo Rosa
11 Mano Browm.
12 MULLER, J. Z. OS Judeus e o Capitalismo Mundial
13 Deslocar os Afro-brasileiros da possibilidade ascensão à classe média foi o
principal motivo das irresponsáveis privatizações de Fernando Henrique Cardoso.
238 Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro
cultural, que ocupam os postos chaves dos três poderes públicos. Por
isso, o investimento dessa elite na construção de algo que se assemelha
a uma ilusão de ótica, que chamamos de “ilusão democrática”19.
Em sociedades, onde os segmentos sociais estão em situação
econômica, social e política extremamente desigual, como a nossa,
onde imensos segmentos humanos são discriminados por serem
originários de grupos étnicos diferentes, a corrupção tem o papel de
substituir a mais-valia na reprodução do capital. Os recursos produtivos
necessários a tal reprodução são usados levando em consideração a
importância desse fator.
Os recursos humanos centrais entre os demais recursos
produtivos na produção de bens e serviços têm um tratamento especial
nas atividades econômicas produtoras de bens e serviços. O capital se
serve desses recursos para se reproduzir. A quantidade e qualidade
desses recursos são decisivas na reprodução do capital. Assim, quanto
mais recursos humanos de qualidade tiver o país, mais desenvolvido
esse será e o capital se reproduzirá de maneira mais eficaz.
A corrupção é um instrumento importante do capitalismo
periférico. Ela não é um epifenômeno de desajustes sociais, de falta
de formação moral etc., embora esses aspectos possam influenciar
no menor ou maior grau de corrupção como acontece nos países
capitalistas centrais. Ela deve ser vista como um instrumento a mais
de reprodução do capital e não apenas como um desvio de conduta
dos agentes que a praticam.
Os trabalhadores são os agentes econômicos que produzem a
mais-valia. Ora, nas sociedades desiguais, do ponto de vista étnico,
a mais-valia não é o elemento mais importante na reprodução do
19 SANTOS, Nilo Rosa. Elite e Dominação Política.
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 243
Sem Confiança
Sem Capital
Referências
Fonte - ASCOM/UFRB
Fonte - ASCOM/UFRB.
Fonte - ASCOM/UFRB.
Quilombo Educacionais
Revisitando o 13 de maio
Referências
5 A partir Esenhauer (2006), Hernadez (2007, p.29) afirma: “Fala-se, utilizando uma
metáfora bélica, que vivemos em um mundo onde as imagens nos bombardeiam”.
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 273
Referências
Zelinda Barros
Referências
SITES:
CEDERJ – www.cederj.edu.br
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - www.mec.gov.br
UNIREDE – www.aunirede.org.br
(Endnotes) 1
Homenagens a Personalidades Negras1
Homenagem a professora
Maria de Lourdes Siqueira
Florentina Souza
Bloco carnavalesco Ilê Aiyê onde tem atuado como diretora constituem
alguns exemplos de suas atividades.
Vale ressaltar que o Ilê é uma de suas paixões, todos os
anos quem vai assistir ao desfile do bloco, encontrará Lourdinha
orgulhosa e devidamente vestida com as roupas do bloco.
Passo a passo Lourdinha foi construindo uma vida de mestra
dedicada e cuidadosa, intelectual e pesquisadora internacionalmente
conhecida, estudiosa de questões relativa á história, vida,
religiosidade, atividades intelectuais e culturais de afrodescendentes
e de pessoas de países africanos; militante de direitos humanos e das
lutas contras as desigualdades sociais e etnicorraciais. Compartilhou
mesas de debate e conferência com intelectuais renomados sempre
se destacando pela seriedade argúcia e competência.
Dela podemos dizer, parafraseando a poeta Conceição Evaristo
que Lourdinha “constrói no tempo o lastro\ laços de esperanças que
amarram e sustentam\ o mastro que passa da vida em vida\ No fundo
do calumbé nossas mãos sempre e \ sempre espalmam nossas outras
mãos\ moldando fortalezas esperanças\ heranças nossas divididas”.
Certa que a intelectualidade precisa se exercer em vários
campos da vida, protestou contra o regime autoritário da ditadura
brasileira, foi uma das muitas vítimas do tenebroso período na
história do Brasil de 1964. Exilada política no México, depois da
anistia, retornou ao Brasil e com denodo e garra reorganizou sua
vida, para nossa felicidade, na Bahia. Foi professora de Inglês em
um dos grandes colégios particulares de Salvador, concluiu o curso
de Mestrado em 1986, o doutorado em 1992, e em 1995 inicia a
docência universitária na Universidade Estadual de Feira de Santana
e, posteriormente, na Universidade Federal da Bahia na Faculdade
de Administração e na FACED de onde se aposentou recentemente.
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 311
Marco Aurélio Luz - Elebogi n’ Ilê Axipá, Oju Oba n’ Ilê Axé Opô
Afonjá; Filósofo; Doutor em Comunicação; Pós-Doutorado em
Ciências Sociais Paris V-Sorbonne-CEAQ-Centre D’Etudes sur
L’actuel et le Quotidien; membro da comunidade Ilê Asipá. Autor de
Descolonização do conhecimento no contexto Afro-brasileiro 327
ISBN 978-85-5971-045-8