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DIÓGENES REBOUÇAS: MULTIPLICIDADE E DIVERSIDADE NA


PRODUÇÃO DE UM ARQUITETO BAIANO

ANDRADE JUNIOR, Nivaldo V . de

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – 7ª Superintendência Regional


Rua Visconde de Itaparica, nº 08 – Centro
Salvador – Bahia
CEP 40.020-080
Telefone: (71) 3321-0133
Fax: (71) 3322-3306

nivandrade@uol.com.br

RESUMO
Diógenes Rebouças foi o mais prolífico arquiteto e urbanista baiano entre o final da década de 1940 e o
início da década de 1960 e um dos principais responsáveis pela consolidação da arquitetura e do urbanismo
modernos na Bahia. Embora a parte mais conhecida da sua obra corresponda à produção fortemente
influenciada pela arquitetura moderna da Escola Carioca das décadas de 1940 e 1950, sua atuação
profissional se estendeu de meados da década de 1930 até a sua morte, em 1994, e inclui mais de uma
centena de edifícios. Passados 14 anos da sua morte, o seu acervo se encontra atualmente disperso em
diversos arquivos, nos quais as plantas originais e fotografias de seus projetos se encontram quase sempre
acondicionadas de forma equivocada. Além disso, apesar da sua inquestionável importância, a bibliografia
existente sobre a sua obra é bastante reduzida, resumindo-se a uns poucos artigos publicados e uma
dissertação de mestrado que se limita a uma descrição das obras produzidas no seu período de maior
projeção. Um estudo crítico mais aprofundado sobre a sua produção arquitetônica em toda sua
complexidade e a partir da análise da farta documentação original disponível ainda está por ser realizado.
Este artigo pretende analisar a diversidade e multiplicidade da produção projetual de Rebouças – muitas
vezes apresentado de maneira reducionista como um simples seguidor da Escola Carioca –, buscando
compreender o papel que ele ocupou na arquitetura baiana do século XX, a partir da documentação
existente nos diversos arquivos e da análise dos próprios edifícios projetados pelo arquiteto e que
representam o seu maior legado.

Palavras-chave: Diógenes Rebouças, arquitetura moderna, Bahia.


1. INTRODUÇÃO
Diógenes de Almeida Rebouças, nascido em Tartarugas em 1914, no município baiano de
Amargosa, se transferiu com a família para Itabuna, na região cacaueira do estado,
quando tinha apenas quatro anos. Aos 16 anos matriculou-se no curso de Engenharia
Agrônoma da Escola Agrícola da Bahia, em São Bento das Lajes, município de São
Francisco do Conde. Concluído o curso em 1933, retorna a Itabuna, onde começa a
trabalhar como topógrafo para a Prefeitura, ao mesmo tempo em que ajuda a administrar
a fazenda de cacau da família. Através dos engenheiros que conheceu como topógrafo
em Itabuna, passa a fazer projetos de arquitetura, se tornando um dos mais produtivos
projetistas da cidade nos anos 30.
Em 1936, Diógenes Rebouças transfere-se para Salvador, onde havia iniciado cinco anos
antes os cursos de arquitetura e pintura na Escola de Belas-Artes da Bahia, que, contudo,
pouco freqüentava. Em 1937, diploma-se com o título de Professor de Desenho e Pintura
e, em 1952, já com diversos edifícios construídos, recebe o título de arquiteto, após a
federalização do curso de arquitetura. A partir daí estabelece seu escritório de arquitetura
em Salvador, no edifício Cidade do Salvador (1947-51), no Comércio, de sua autoria. Até
pelo menos meados dos anos 1960, Rebouças será o mais produtivo arquiteto baiano.
Apesar da sua formação diversificada, a orientação da atuação profissional de Diógenes
Rebouças para a arquitetura e o urbanismo se deu principalmente a partir de 1943, como
responsável pelo setor paisagístico e de planejamento físico do EPUCS – Escritório de
Planejamento Urbano da Cidade do Salvador, coordenado pelo Engenheiro Mário Leal
Ferreira. Diógenes foi, no EPUCS, o responsável pela espacialização dos conceitos
urbanísticos de Mário Leal Ferreira, o que lhe garantiu um vasto conhecimento da
complexidade do sítio urbano soteropolitano e o transformou no mais respeitado urbanista
da Bahia. Após a morte de Mário Leal Ferreira, em 1947, Diógenes passa a coordenar o
EPUCS, que em 1948 é substituído pelo CPUCS – Comissão do Plano de Urbanismo da
Cidade do Salvador, sendo finalmente extinto em 1950.
Neste período, Rebouças foi ainda o responsável pela participação de nomes como José
Bina Fonyat Filho, Fernando Machado Leal e Lina Bo Bardi no cenário arquitetônico e
cultural baiano a partir dos anos 1950. Bina Fonyat, arquiteto nascido em Salvador em
1918 e formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do
Rio de Janeiro em 1949, realizou diversos projetos em Salvador a partir do início dos anos
1950, alguns deles junto com Diógenes Rebouças, como o Edifício Barão de Itapuã
(1953) e o Edifício LARBRAS (1955), ambos em Salvador. Sua obra mais importante,
contudo, foi realizada após o rompimento da parceria com Rebouças: o Teatro Castro
Alves (1957-67).
Fernando Machado Leal, que posteriormente viria a se dedicar prevalentemente a
atividades vinculadas à preservação do patrimônio cultural, foi co-autor com Rebouças de
diversos projetos arquitetônicos, como o Centro Educacional de Maceió (1953), a Escola
Normal de Aracaju (1953) e o Edifício Lorde Cochrane em Salvador (1954). Tanto
Machado Leal quanto Bina Fonyat vieram à Bahia provavelmente a convite ou por
sugestão de Rebouças, e os três juntos foram os responsáveis pelo projeto da Escola
Politécnica da UFBA (1955-60).
Por sua vez, Lina Bo Bardi veio a Salvador em 1958, convidada por Rebouças para
ensinar Teoria da Arquitetura no curso de arquitetura, então ainda realizado na Escola de
Belas Artes. No ano seguinte, Lina seria convidada pelo Governo do Estado para
constituir e dirigir o Museu de Arte Moderna, e a importância da sua atuação no cenário
cultural baiano a partir de então e até a sua saída do cargo de diretora do MAM-BA em
1964 já foi bastante conhecida. A importância de Diógenes no cenário arquitetônico
baiano dos anos 1950 torna-se ainda mais clara na medida em que compreendemos a
sua participação na criação da seção baiana do Instituto de Arquitetos do Brasil, em 1954,
do qual foi o primeiro presidente.
Além dos mais de cem projetos arquitetônicos e urbanísticos realizados em suas seis
décadas de atuação profissional1, Diógenes Rebouças teve também importante atuação
nas áreas do patrimônio cultural e do ensino de arquitetura. Rebouças foi colaborador da
Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN) entre 1947 e 1952 e
consultor-técnico da SPHAN – órgão que sucedeu o DPHAN – entre 1983 e 1990. Entre
1952, ano em que recebeu o título de arquiteto, e a aposentadoria compulsória em 1984,
Rebouças foi professor do curso de arquitetura, primeiramente na Escola de Belas Artes
e, após a fundação da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, em
1959, nesta instituição. Neste período, Rebouças ministrou a disciplina Grande
Composições (posteriormente subdividida em Planejamento VII e VIII) e fez parte do
triunvirato que controlava a Faculdade de Arquitetura da UFBA, junto aos Professores
Walter Velloso Gordilho e Américo Furtado de Simas Filho. Mais do que na sala de aula,
Rebouças servia como referência profissional para seus alunos, pois “transformou seu
estúdio em um prolongamento da faculdade, convidando muitos de seus alunos a ali
estagiarem, onde alguns permaneceram como colaboradores durante alguns anos,
mesmo depois de formados, como Assis Reis, J. Álvaro Peixoto, Emanuel Berbert, Olavo
Fonseca, Jane Vilares e Paulo Ormindo de Azevedo” (AZEVEDO, 1997: 194).
A partir do final dos anos 1960, a demanda de projetos ao escritório de Diógenes
Rebouças vai se tornando cada vez menor e, em 1972, ele será fechado. A partir daí, a
atuação profissional de Rebouças se centrará em projetos elaborados esparsamente para
o Campus da UFBA em Ondina (datados de 1973 e não executados), como consultor do
SPHAN, da Construto ra Norberto Odebrecht ou da Construtora EBRATE Ltda. ou ainda
na colaboração com profissionais mais jovens, como Lourenço Prado Valladares. Neste
período em que o seu escritório de arquitetura perde importância no mercado baiano,
Rebouças foi ainda membro do Conselho Estadual de Cultura (entre 1968 e 1979) e
membro do Conselho da Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (entre
1968 e 1971).

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Apesar da inquestionável importância de Rebouças, uma produção crítica mais
consistente sobre a sua obra arquitetônica ainda está por ser realizada. Subsídios para a
realização de uma pesquisa sistemática que possa subsidiar esta revisão crítica da obra
de Rebouças não faltam: parte significativa de sua obra realizada encontra-se preservada
e em uso e existe farta documentação, distribuída em alguns arquivos de Salvador, sobre
a sua obra, incluindo plantas e desenhos originais de diversos projetos arquitetônicos2, à
espera de uma pesquisa sistemática.
A bibliografia existente a respeito de sua obra arquitetônica é bastante reduzida,
resumindo-se a uns poucos artigos publicados em periódicos (ALBAN et alli, 1995) ou
anais de eventos (AZEVEDO, 1997; ANDRADE JUNIOR, 2007), entrevistas realizadas
com o arquiteto (REBOUÇAS, 1986, 1999) e uma dissertação de mestrado
(NASCIMENTO, 1998) que se limita a uma descrição das obras produzidas no seu
período de maior projeção, compreendido entre o início da elaboração do projeto do
Estádio da Fonte Nova, em 1942, e a construção da Faculdade de Arquitetura, em 1965.

1
Ver listagem preliminar em anexo.
2
Estamos nos referindo ao Centro de Estudos da Arquitetura Baiana da UFBA; ao Memorial Diógenes Rebouças,
localizado no Mosteiro de São Bento, e à 7ª Superintendência Regional do IPHAN, dentre outros .
Além disso, algumas poucas revistas brasileiras (Acrópole, Técnica, dentre outras) e
estrangeiras (como a L’Architecture d’Aujourd’hui) publicaram projetos de sua autoria ao
longo dos anos 1940 e 1950. Um estudo mais aprofundado da produção arquitetônica de
Diógenes Rebouças em toda sua complexidade e a partir da análise da farta
documentação original disponível ainda está por ser feito.
Ao contrário de outros arquitetos contemporâneos a ele, como Lúcio Costa, Vilanova
Artigas, Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer, Diógenes Rebouças deixou muito pouca
documentação escrita. Entretanto, existem nos arquivos citados diversos textos de sua
autoria ainda inéditos, que incluem desde avaliações de trabalhos de alunos da FAUFBA
e até alguns escritos no campo do urbanismo e do planejamento urbano. No que se refere
à sua visão da arquitetura, contudo, seu principal legado material consiste nas obras
construídas e nos seus desenhos, além dos pareceres técnicos realizados no SPHAN no
período em que foi seu colaborador e dos memoriais dos projetos de sua autoria.

3. LEVANTAMENTO DA DOCUMENTAÇÃO ORIGINAL EXISTENTE


Apesar da intensa participação durante quase seis décadas no cenário cultural baiano,
Diógenes Rebouças escreveu muito pouco. A sua obra construída e os desenhos de seus
projetos que chegaram até os nossos dias, sobrevivendo à ação do tempo, são os mais
importantes documentos das suas idéias a respeito da arquitetura. Portanto, uma
pesquisa sobre a sua produção projetual deve considerar como principais fontes primárias
a serem consultadas os objetos arquitetônicos em si – as edificações construídas – e as
pranchas e toda a documentação gráfica restante relativa aos projetos elaborados por
Diógenes Rebouças.
Passados 14 anos da morte de Rebouças, o acervo do arquiteto se encontra atualmente
disperso em diversos arquivos. Embora certamente existam outros arquivos com
pranchas originais de Rebouças que ainda não foram consultados no âmbito desta
pesquisa (como o arquivo da Construtora Norberto Odebrecht, o arquivo da Construtora
Correia Ribeiro e o arquivo do Arquivo Público Municipal de Salvador), foram consultados
até o momento cinco arquivos que abrigam uma parcela considerável das pranchas
originais referentes aos projetos de autoria de Diógenes Rebouças, a saber:
− Arquivo do Memorial Diógenes Rebouças, localizado no Mosteiro de São Bento:
após a morte do arquiteto, a Construtora Norberto Odebrecht, para a qual Rebouças
atuara como consultor nas suas últimas décadas de vida e que fora responsável pela
construção de parte significativa de sua obra arquitetônica, comprou todo o seu
acervo, incluindo a sua biblioteca particular, os quadros a óleo de sua autoria que
retraram a antiga Salvador e as inúmeras plantas urbanísticas e arquitetônicas que
Diógenes conservara em seu poder desde a sua participação no EPUCS. Em 1997, foi
assinado um convênio entre a Construtora Norberto Odebrecht, o Mosteiro de São
Bento, o Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (COFIC) e a Universidade Federal
da Bahia (UFBA) visando criar o Memorial Diógenes Rebouças no Mosteiro de São
Bento, cujo plano de revitalização estava sendo desenvolvido pelo arquiteto ao falecer.
Este Memorial foi inaugurado no ano seguinte, porém apenas as pinturas estão
expostas neste espaço; os livros passaram em grande parte ao acervo da biblioteca,
enquanto as plantas dos projetos de arquitetura e urbanismo que o arquiteto manteve
em seu poder até a sua morte encontram-se ainda encaixotadas; embora tenham sido
organizadas em envelopes por projeto, é um material que ainda não foi
suficientemente pesquisado e que não se encontra armazenado da maneira mais
adequada à sua conservação, pois as plantas de grandes dimensões – muitas delas
com mais de cinqüenta anos – estão dobradas e guardadas em envelopes tamanho
ofício.
− Arquivo do Centro de Estudos da Arquitetura Baiana (CEAB) da Universidade
Federal da Bahia: o arquivo do CEAB/UFBA inclui inúmeras pastas que contêm
documentação gráfica relativa a cerca de trinta projetos de arquitetura e urbanismo,
além de documentos textuais como memoriais de projeto, contratos para elaboração
de estudos e projetos, textos produzidos no âmbito acadêmico, etc. Este material foi
doado pelo Prof. Diógenes Rebouças ao CEAB ainda em vida e, da mesma forma que
no arquivo do Memorial Diógenes Rebouças do Mosteiro de São Bento, no arquivo do
CEAB as plantas originais de grandes dimensões encontram-se dobradas e
armazenadas em envelopes.
− Arquivo Documental da 7ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional: atuando como consultor técnico do IPHAN na Bahia
entre 1983 e 1990, Rebouças desenvolveu uma série de estudos e projetos
arquitetônicos, urbanísticos e de restauração de monumentos para esta instituição.
Durante pesquisa preliminar neste arquivo, pude identificar cerca de duzentos
desenhos, realizados por Diógenes Rebouças ou por outros arquitetos e desenhistas
sob a sua orientação, referentes a catorze projetos desenvolvidos pelo arquiteto neste
período, alguns inclusive contando com projeto executivo completo. Diferentemente
dos arquivos citados anteriormente, as plantas originais de Rebouças existentes na 7ª
S.R./IPHAN encontram-se armazenadas em uma mapoteca, devido ao zelo dos
servidores mais antigos da casa que trabalharam diretamente com ele, como o Arq.
João Legal Leal. Não obstante o material não esteja organizado por projeto nem
catalogado, as plantas ao menos estão armazenadas estiradas.
− Arquivo da Prado Valladares Arquitetos S/C Ltda.: segundo depoimento do Arq.
Lourenço do Prado Valladares, a partir de 1979, Rebouças colaborou em diversos
projetos elaborados pelo Escritório Prado Valladares Arquitetos S/C Ltda., liderado
pelo depoente e pela sua ex-esposa, a Arq. Luísa Furquim do Prado Valladares.
Segundo o Arq. Lourenço do Prado Valladares, em todos os projetos elaborados
nestas circunstâncias, a autoria foi sempre dos titulares do escritório, com Rebouças
atuando como uma espécie de consultor. As únicas exceções seriam os projetos de
reforma do Hotel da Bahia (1980-84) e a recuperação do Liceu de Artes e Ofícios da
Bahia (1990-95), nos quais Rebouças pode ser identificado, sempre segundo Prado
Valladares, como o verdadeiro autor do projeto. No arquivo do Escritório Prado
Valladares Arquitetos S/C Ltda de Salvador existem jogos completos das pranchas
originais de ambos os projetos. Estas pranchas estão organizadas em rolos por
projetos que são ensacados, lacrados, etiquetados e cadastrados no banco de dados
do escritório.
− Arquivo da Euluz Empreendimentos Ltda.: a partir da década de 1970, Rebouças
atuou com freqüência como consultor para a Euluz Empreendimentos Ltda. e para a
Construtora EBRATE, ambas de propriedade do empresário Euvaldo Luz. Muitas das
pranchas originais referentes a estes projetos encontram-se no arquivo da Euluz
Empreendimentos Ltda., atualmente sediada no Shopping Center Barra, em Salvador.
Embora não possua documentação original, há um sexto arquivo localizado em Salvador
que foi de grande ajuda no levantamento preliminar realizado. Trata-se do arquivo do
Núcleo DOCOMOMO/Bahia, sediado no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da UFBA e que inclui documentação relativa a alguns edifícios e projetos
significativos da arquitetura moderna na Bahia, levantados por professores, estudantes de
graduação e de pós-graduação e pesquisadores em geral do então Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo da FAUFBA a partir de 1992. A documentação em questão
corresponde à reprodução de plantas originais ou de cadastros realizados nas
edificações, fotocópias de matérias e artigos publicados em periódicos na época da
construção da obra, fotos produzidas pelos estudantes-pesquisadores quando da
realização da pesquisa, etc. Existem cerca de dez projetos de Diógenes Rebouças
documentados neste arquivo.
A partir do levantamento preliminar realizado nestes seis arquivos, associado às
informações obtidas durante a revisão bibliográfica e através das entrevistas realizadas,
foram elaboradas listagens preliminares dos estudos e projetos arquitetônicos e
urbanísticos realizados por Rebouças entre as décadas de 1930 e 1990:
Quadro 1 – Listagem Preliminar de Estudos e Projetos Arquitetônicos
Realizados por Diógenes Rebouças (1935-1994)

COLABORADORES ENDEREÇO FONTES DE DOCUMENTAÇÃO


OBRA DATA
GRÁFICA
Catedral de Itabuna 1935-1936 Ernani Sobral (cálculo estrutural) Itabuna (BA)
Jardim Público 1935 Itabuna (BA)
Residência dos 1936? Oito pavilhões masculinos e oito Itabuna (BA)
Mendigos pavilhões femininos
Associação Atlética c. 1941 Jaziel Barra – Salvador (BA) Publicado na revista Técnica – Revista
da Bahia de Engenharia e Arquitetura – Bahia, n.
3, jan.-fev. 1941.
Residência 1937 Segundo Nascimento, é de autoria Rua Afonso Celso,
Mirabeau Sampaio do engenheiro civil Antônio esquina com Rua Eng.
Rebouças (irmão de Diógenes) e Milton Oliveira – Barra
não de Diógenes; Paulo Ormindo – Salvador (BA)
de Azevedo, contudo, afirma ser
de Diógenes o projeto desta
residência
Residência Edeládio 1938 Barris – Salvador (BA)
Ribeiro
Mercado Municipal 1942? Itabuna (BA) Publicado na revista Técnica – Revista
de Itabuna de Engenharia e Arquitetura – Bahia, n.
8, 1942
Complexo Esportivo 1ª fase: Consultoria informal através de Ladeira Fonte das O arquivo do DOCOMOMO/BA inclui
da Fonte Nova ou 1942-51 contatos com Oscar Niemeyer e Pedras ou Travessa algumas plantas e fotos do edifício em
PEB – Praça de (inaug. Rino Levi, facilitados por Mário Joaquim Maurício, s/n, diversos momentos históricos; o arquivo
Esportes da Bahia 28/01/51); Leal Ferreira; calculo estrutural e Nazaré – Salvador do MDR/MSB também possui uma
(estádio e vila construção: Construtora Nacional. (BA) planta e algumas fotos.
olímpica) Rebouças afirma ter desenhado
sozinho as 150 pranchas
Hotel Paulo Afonso 1947 Levou anos sem ser concluído, Fica em uma ponta O arquivo do MDR/MSB possui um jogo
apenas com a estrutura e sem sobre o rio – Paulo de plantas do projeto em escala
acabamentos Afonso (BA) reduzida, enquanto o arquivo do
CEAB/FAUFBA inclui algumas plantas
na escala original.
Centro Escolar 1947-50 Hélio Duarte inicia a elaboração do Rua Manoel O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui
Carneiro Ribeiro (1ª fase) e projeto, com duas escolas-classe, Drummond, Caixa cópias de pranchas de todo o trecho do
(CECR – Escola 1959-63 mas em seguida é transferido para D'Água – Salvador conjunto projetado por Diógenes, a
Parque) (tombado (2ª fase: o São Paulo pela Cia. Brasileira (BA) saber: Biblioteca, Administração,
pelo IPAC) biblioteca, Imobiliária e Construções e Atividades Socializantes/Oficinas,
teatro e Diógenes realiza o restante: outra Auditório ao Ar Livre, Teatro e
anfiteatro, escola classe e a Escola-Parque, Cantina/Serviços Gerais. Bibliografia:
ginásio) incluindo o grande galpão das PEDRÃO, 1999.
oficinas (quase 200 m de
comprimento); desenvolvimento
dos projetos de arquitetura e
engenharia: Escritório Técnico
Paulo de Assis Ribeiro (RJ);
murais dos principais artistas
plásticos baianos: Carybé, Mário
Cravo, Jenner Augusto, Carlos
Magno e Maria Célia Amado;
Assis Reis colabora na 2ª fase.
João Campos desenha alguma
coisa da Biblioteca na década de
1960
Edifício Cidade do 1947-51 Painel no hall de acesso atribuído Av. Estados Unidos, nº
Salvador a Carybé 397, esquina com Rua
da Polônia, Comércio
– Salvador (BA)
Hotel da Bahia (atual 1947-52 Paulo Antunes Ribeiro (o Praça 2 de Julho As plantas do projeto original e fotos da
Hotel Tropical) desenvolvimento do projeto se dá (Campo Grande), nº 2 sua maquete e da obra construída foram
no Rio de Janeiro, no escritório de – Salvador (BA) publicadas pela revista Architecture
José Bina Fonyat – AZEVEDO, d’Aujourd’hui em duas ocasiões: nº 27
1997, 191); Cia. Construtora Régis (dez. 1949, pp. 88-90) e nº 52 (jan.-fev.
Agostini (eng. Oswaldo Augusto 1954, p. 32), bem como pela revista
da Silva); mural de Genaro de Arquitetura e Engenharia nº 36 (jul.-ago.
Carvalho no coffee-shop, datado 1955, pp. 28-29); plantas e fotos do
de 1950 (tombado pelo IPAC); edifício antes da reforma de 1984 foram
painel de Carybé no saguão ; publicadas também por Mindlin (1999) e
azulejos com motivos em relevo Cavalcanti (2001). A revista ABA/CAB,
de Paulo Antunes Ribeiro. 1971 inclui fotos e desenhos dos
detalhes das esquadrias deste edifício.
Reforma e 1951 O pavilhão principal do Hospital O arquivo do DOCOMOMO/FAUFBA
ampliação do Santa Terezinha, com 350 leitos, inclui plantas cadastrais não originais do
Conjunto Sanatorial foi inaugurado em 03/01/42, Hospital Santa Terezinha,
de Santa Terezinha construído por Emilio Odebrecht a provavelmente do volume original do
no âmbito da partir de projeto de Azeredo, um Conjunto Sanatorial e não da ampliação
Campanha Nacional arquiteto carioca. O pavilhão realizada por Diógenes; o MDR/MSB
Contra a infantil, com 100 leitos, foi projeto possui apenas 3 plantas de detalhes do
Tuberculose de um funcionário da Secretária de projeto realizadas entre 1948 e 1950.
Saúde, inaugurado em 29/10/48.
Diógenes é o autor do pavilhão de
triagem, com 430 leitos, do
pavilhão anexo (sanatorial), com
342 leitos, do pavilhão de serviços
gerais e do pavilhão da Cruz
Vermelha, inaugurados em
27/01/1951. As ampliações
realizadas entre 1948 e 1951
foram realizadas pela Companhia
Construtora Régis Agostín
Instituto de Final déc. Av. Joana Angélica,
Radiologia da Bahia 1940 Nazaré – Salvador
(atual IPS) (BA)
Escola Normal Tipo 1949-50 Escritório Técnico Paulo de Assis Parece tratar-se de um O arquivo do CEAB/FAUFBA possui um
– Bahia Ribeiro (projetos estrutural e de projeto-tipo, repetível jogo completo de pranchas do projeto.
instalações elétrica e hidráulica); em diversas situações
contratante: Secretaria de
Educação e Saúde –
Departamento de Educacão
Penitenciária do 1950-51 Escritório Técnico Paulo de Assis Mata Escura – O arquivo do CEAB/FAUFBA possui
Estado (Lemos de Ribeiro (projetos estrutural e de Salvador (BA) jogos completos de plantas relativas aos
Brito) instalações elétrica e hidráulica); projetos arquitetônico, estrutural e de
contratante: Secretaria do Interior instalações, todas elas creditadas ao
e Justiça do Estado da Bahia Escritório Técnico Paulo de Assis
Ribeiro; o arquivo do MDR/MSB também
possui diversas plantas semelhantes.
Edifício Otacílio 1952-53 Assis Reis foi o desenhista (foi o Rua José Gonçalves, O arquivo do MDR/MSB possui um jogo
Gualberto (IPASE / primeiro projeto que ele desenhou nº 102, Centro – completo de pranchas do “Estudo I”,
INSS) no escritório de Rebouças) Salvador (BA) além de diversas pranchas com detalhes
Segundo Assis Reis, foi vencedor de esquadrias, brise-soleils e balcões.
de concurso público
Edifício Barão de Inaug. José Bina Fonyat; calculista: Rua Barão de Itapuã, No arquivo do CEAB/FAUFBA, há um
Itapuã 1953 Carlos Sá; construtor: Francisco nº 74, Barra – jogo completo de pranchas do projeto
Pereira Neves; construção: Salvador (BA) arquitetônico original; no arquivo do
Empresa Nacional de Engenharia; DOCOMOMO/FAUFBA, há uma
incorporação: Banco Hipotecário reprodução de uma planta do pavimento
Lar Brasileiro S.A.; painéis de tipo, datada de 1978. A Revista
Carybé no pavimento térreo ABA/CAB, 1971 inclui fotos e desenhos
dos detalhes das esquadrias deste
edifício.
Edifício Almirante 1953-63 Assis Reis (construtora N. Rua Miguel Calmon,
Barroso ou 1965? Odebrecht) nº 484/54/459,
Comércio – Salvador
(BA)
Centro Educacional 1953-1957 Anteprojeto realizado com Bairro do Farol – O arquivo do MDR/MSB possui um jogo
de Maceió Fernando Machado Leal por Maceió (AL) completo de pranchas reduzidas do
(atualmente, Centro indicação de Anísio Teixeira; ante-projeto de Rebouças e Leal.
Educacional Antônio projeto desenvolvido por órgãos
Gomes de Barros) públicos locais.
Escola Normal de 1953 Anteprojeto realizado com Aracaju (SE) O arquivo do CEAB/FAUFBA possui o
Aracaju Fernando Machado Leal por anteprojeto completo, enquanto o
indicação de Anísio Teixeira; MDR/MSB possui um jogo completo de
projeto desenvolvido por órgãos pranchas reduzidas
públicos locais.
Edifício Lord 1954 Projeto realizado com Fernando Rua Lord Cochrane, nº O arquivo do MDR/MSB possui um jogo
Cochrane Machado Leal para o BHLB; painel 49, Barra – Salvador completo de pranchas do projeto, nas
de Carybé na entrada, datado de (BA) escalas originais (1/50).
1954.
Edifício LARBRAS 1955 Projeto realizado com José Bina Av. Estados Unidos, nº
(Banco Lar Fonyat para o BHLB; no hall de 81/6, Comércio –
Brasileiro) elevadores, painel em vidrotil de Salvador (BA)
Carybé datado de 1955
Edifício Castro Alves 1955 Construtora: Cia. Brasileira R. Carlos Gomes, nº O arquivo do DOCOMOMO/FAUFBA
Imobiliária e de Construção 103, Centro – possui alguns croquis e desenhos
(sócios: Carlos Costa Pinto, Salvador (BA) esquemáticos do pavimento tipo e da
Fernando Lapa e Carlos Sá); cobertura.
calculistas: Fernando Lapa e
Carlos Sá; conta com um painel de
Carybé no hall de entrada
Residência 1955 Assis Reis Morro Ipiranga – Existente. Segundo Rebouças (1999),
Fernando Góes Jardins de Burle Marx Salvador (BA) foi construída entre 1942 ou 1943
Residência Odorico 1956 Assis Reis Rua Pancetti – Morro
Tavares Fernando Machado Leal resolveu Ipiranga – Salvador
um problema de uma escada (BA)
secundária, segundo Paulo
Ormindo, e por isso teria ganho
co-autoria
Ou seria essa que tem jardins de
Burle Marx
Residência Oswaldo 195? Anterior ao ingresso de Assis no Amaralina – próximo Parece que foi demolida
Silva escritório ao quiosque das
baianas
Residência José 1956 Brotas – Salvador (BA) Existente.
Valladares
Residência Nilson 195? Brotas – Vila Laura –
Costa 2ª Rua
Residência Martinho 195? Anterior ao ingresso de Assis Reis Av. Princesa O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui
Conceição (sogro de no escritório. Demolida nos anos Leopoldina, nº 17, algumas pranchas relativas a este
Rebouças) 1980 – no terreno foram Graça – Salvador (BA) projeto.
construídos os edifícios Villa Velha
e Villa Palma.
Residência Dr. José 195? Vitória (ES)
Rebouças
Edifício Comendador 1955-57 Assis Reis (que não gosta do Av. Euclides da O arquivo DOCOMOMO/FAUFBA
Urpia projeto pois acha que tem muito V) Cunha, nº 109 ou 706, possui reproduções de plantas do
Graça – Salvador (BA) pavimento térreo, pavimento tipo e
cobertura, além da reprodução de um
croqui publicitário publicado em jornal
por ocasião do lançamento do
empreendimento
Escola Politécnica 1955-60 Fernando Machado Leal e José Rua Aristides Novis, nº
Bina Fonyat; o projeto é 02, Federação –
desenvolvido no escritório de Salvador (BA)
Paulo de Assis Ribeiro, no Rio de
Janeiro
Dois Blocos de 1957 Bina Fonyat; proprietário: Instituto Itapagipe – Salvador Publicado na revista Acrópole, n. 223,
Apartamentos para de Aposentadoria dos Bancários. (BA) mai. 1957, pp. 250-251, que inclui
Bancários plantas e fotos de maquetes – este
material encontra-se reproduzido no
arquivo do DOCOMOMO/FAUFBA. O
arquivo do CEAB/FAUFBA inclui
diversas fotos da maquete deste projeto.
Edifício-Sede da TV Inaug. Contratante: Emissoras e Diários R. Jardim Federação, O arquivo do DOCOMOMO/FAUFBA
Itapoã S.A. 1957 Associados (Assis Chateaubriand) nº 81, Federação – inclui cópias de um cadastro datado de
Salvador (BA) 1980.
Faculdade de 1957-62 Campus da UFBA, O arquivo do MDR/MSB possui uma
Farmácia Vale do Canela – única planta baixa do projeto.
Salvador (BA)
Edifício Itaípe Fim déc. Av. Sete de Setembro,
50 nº 122, Ladeira de
São Bento, Centro –
Salvador (BA)
Residência Antônio 1957 Assis Reis Rua Barão de Loreto –
Gouveia Graça – Salvador (BA)
Residência Elísio de 1958 Assis Reis Rua José Pancetti, nº
Carvalho Lisboa 7 – Morro Ipiranga –
Salvador (BA)
Residência Manoel 1958 Assis Reis Avenida Princesa
Gordilho Isabel – Salvador (BA)
Residência Carlos 1955-58 Euvaldo Reis (arquiteto da Av. Sete de Setembro,
Costa Pinto Construtora de Costa Pinto) nº 2490, Corredor da
Paulo Ormindo trabalhou no Vitória – Salvador (BA)
detalhamento de esquadrias
Edifício Ouro Preto 1953-1961 Assis Reis Rua Miguel Calmon,
Construtora N. Odebrecht nº 506/61, Comércio –
Salvador (BA)
Auditórios do Centro Início da Assis Reis (segundo Assis, Faculdade de Filosofia
Regional do INEP déc. de 60 Rebouças quase não trabalhou e Ciências Humanas
(atualmente neste projeto) da UFBA, Estrada de
Faculdade de São Lázaro,
Filosofia e Ciências Federação – Salvador
Humanas – FFCH) (BA)
Colônia de Férias do 1961 Assis Reis Av. Otávio O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui
SESC (Clube e Mangabeira, Piatã – pranchas relativas ao estudo preliminar,
Hotel) Salvador (BA) ao ante-projeto e o projeto completo da
Colônia de Férias, além de perspectivas.
Ginásio de Esportes Início da Aquidabã – Salvador
do SESC déc. de 60 (BA)
SESC-Nazaré Projeto: Assis Reis (segundo Assis Reis, Av. Joana Angélica, No arquivo do DOCOMOMO/FAUFBA,
1959-61; Rebouças quase não trabalhou 246/1541, Nazaré – encontram-se cópias de diversas
Inaug. neste projeto) Salvador (BA) pranchas de um cadastro realizado
dez. 1962 Construtora Norberto Odebrecht posteriormente no imóvel
(provavelmente em 1991, quando o
edifício passou por uma reforma)
Estação Rodoviária 1961-62 Assis Reis (segundo Assis Reis, R. Cônego Pereira, O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui
(atual Mercado) Rebouças quase não trabalhou Sete Portas – diversas pranchas relativas a este
neste projeto e ele – Assis – Salvador (BA) projeto, relativas a perspectivas e
definiu quase tudo) plantas e cortes esquemáticos
Azulejos de Udo Knoff na fachada;
desenvolvido no âmbito dos
estudos para o Trecho Urbano da
BR-28: Retiro-Porto
Estação Marítima 1962 Assis Reis (segundo Assis Reis, Av. da França, O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui o
Visconde de Cairú Rebouças quase não trabalhou Comércio – Salvador jogo completo de pranchas relativas a
(atual Sede da neste projeto e ele – Assis – (BA) este projeto.
CODEBA) definiu quase tudo. Depois
Diógenes alterou a fachada com
aqueles planos recuados e
avançados)
Estrutura: S.T.U.P. – Sociedade
Técnica para Utilização da Pré-
Tensão (Processos Freyssinet)
S.A.
Reforma do Campo 1963 Assis Reis Av. Estados Unidos, nº Publicado nos jornais Diário de Notícias
Grande 439/26, Comércio – de 27/08/1963 e Jornal da Bahia de
Salvador (BA) 24/08/1963.
Edifício BANEB 1963 Av. Estados Unidos, nº
439/26, Comércio –
Salvador (BA)
Edifício-sede da 1963 Assis Reis Rua Arquimedes
Telebahia Gonçalves, Jardim
Baiano – Salvador
(BA)
Projeto de 1963 ou Assis Reis, Yoshiakira Katsuki e Comércio – atrás da O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui
ampliação e 1964 João Campos Associação Comercial diversas pranchas de detalhes originais
remodelação das deste projeto.
instalações do
escritório da S.A.
Magalhães
Comércio e Indústria
Faculdade de 1963-67 Arq. Fernando Fonseca, eng. Rua Caetano Moura, O arquivo do CEAB/FAUFBA possui um
Arquitetura da (ala leste); Américo Simas Filho e Eng. 121, Federação – jogo completo das pranchas relativas
Universidade 1971 Hernani Sobral; jovens Salvador (BA) aos projetos arquitetônico e estrutural.
Federal da Bahia (inaug. colaboradores: estudantes da
audit.) Faculdade (Ana Maria Fontenelle,
Analdino Lisboa, Carlos Campos);
projeto estrutural: Escritório
Técnico Júlio Kassoy e Mário
Franco; instalações elétricas:
Romeo Coelho
Frigorífico FRIUSA c. 1965 Projeto realizado para a Cais de 10 Metros
Melhoramentos da Bahia, dos (Terminal de
grupos Odebrecht e Correia Containers do Porto) –
Ribeiro, com a participação de um Água de Meninos –
grupo de técnicos liderados por Salvador (BA)
Rômulo Almeida
Fábrica de Ferro 1966-67 Colaboradores: Eng. Olavo Centro Industrial de
Ligas da SIBRA Fonseca, Arq. Heliodorio Sampaio Aratu – Simões Filho
e Arq. Delmo Aragão; projeto (BA)
estrutural: Escritório Técnico Júlio
Kassoy e Mário Franco. Projeto
realizado para a Melhoramentos
da Bahia, dos grupos Odebrecht e
Correia Ribeiro, com a
participação de um grupo de
técnicos liderados por Rômulo
Almeida.
Quem desenhou foi Ubirajara
Rebouças, sobrinho de Diógenes
Novo Mercado Déc. 1960 Projeto realizado para a Salvador (BA)
Modelo Melhoramentos da Bahia, dos
grupos Odebrecht e Correia
Ribeiro, com a participação de um
grupo de técnicos liderados por
Rômulo Almeida
Edifício Visconde de 1968 Construtora N. Odebrecht – Av. Estados Unidos, nº
Cayru colaboradores: Heliodorio 45/4, Comércio –
Sampaio, Ana Maria Fontenelle, Salvador (BA)
Analdino Lisboa, João Campos
Centro de 1968-69 Clan S.A. Consultoria e Aracaju (SE) O arquivo do MDR/MSB possui um jogo
Abastecimento de Planejamento completo de pranchas do projeto,
Aracaju enquanto o arquivo do CEAB/FAUFBA
inclui uma planta de situação deste
projeto.
Ampliação do 1968-71 Colaborador: Heliodorio Sampaio; Ladeira Fonte das O arquivo do DOCOMOMO/BA inclui
Complexo Esportivo execução: Construtora Norberto Pedras ou Travessa algumas plantas e fotos do edifício em
da Fonte Nova Odebrecht S.A., Companhia Joaquim Maurício, s/n, diversos momentos históricos; o arquivo
Comércio, Imóveis e Construção Nazaré – Salvador do MDR/MSB também possui uma
Ltda e COSAL; fundações: FOÁ (BA) planta e algumas fotos.
Engenharia e Fundações Ltda.
Terminal de Ferry- 1969? Construtora Norberto Odebrecht São Joaquim – O arquivo do MDR/MSB possui uma
Boat de São S.A.; contratante: Secretaria de Salvador (BA) planta do projeto.
Joaquim Transportes e Comunicações
Edifício D. João VI 1969 Construtora N. Odebrecht – R. da Bélgica, nº
colaboradores: Heliodorio 10/148, Comércio –
Sampaio, Ana Maria Fontenelle, Salvador (BA)
Analdino Lisboa, João Campos
Edifício-Garagem 1970 Construtora N. Odebrecht – Av. da França, nº 3,
Otis colaboradores: Heliodorio Comércio – Salvador
Sampaio, Ana Maria Fontenelle, (BA)
Analdino Lisboa, João Campos
Edifício Residencial 1963 Odebrecht Esquina da Avenida
Maria Isabel Princesa Leopoldina
com Barão de Sergy –
Barra – Salvador (BA)
Shopping Center na 1967-1985 Euvaldo Luz + EBRATE Piedade – Salvador No arquivo da Euluz Empreendimentos
Praça da Piedade (BA) Ltda. existe um croqui realizado por
Rebouças em 1975 e um corte
esquemático realizado por João Campos
em 1975 a partir do croqui de Rebouças .
Este projeto, que Rebouças levou quase
vinte anos “maturando”, terminou sendo
realizado de forma bastante alterada a
partir da década de 1980 nos Shoppings
Center Lapa e Piedade, de autoria de
outros profissionais
Edifício Residencial 197? Campo Grande ou
Santa Maria Barra – Salvador (BA)
Edifício Casa 1969-71 Trata-se de um projeto de Rua Dr. José Serafim,
Grande da Barra Heliodório Sampaio, que teve nº 100, Barra –
como consultor Diógenes Salvador (BA)
Rebouças (através da construtora
EBRATE) e que é erroneamente
atribuído a Rebouças
Edifício-Sede do 1971 colaboradores: Heliodorio Pituaçu, próximo ao A maquete do projeto foi publicada no
CEPED – Centro de Sampaio, Ana Maria Fontenelle, CAB – Salvador (BA) jornal A Tarde de 13/09/1971
Pesquisas e Analdino Lisboa, João Campos
Desenvolvimento
Supermercado Paes 1971 Desenhista: João Campos Chame- Chame (ao
Mendonça lado do Shopping
Barra)
Estádio Tricolor 1971 Contratante: Esporte Clube Bahia Vale do Camorogipe, Um croqui do projeto e a atribuição da
Desenhista: João Campos entroncamento das sua autoria a Rebouças se encontram
Av. Antônio Carlos no artigo “A Grande Arrancada do
Magalhães e Paralela Futebol Baiano”, publicado no jornal
– Salvador (BA) Tribuna da Bahia em 29/03/1971.
Fabrica da Salgema Início c. Clientes: Euluz Empreendimentos Pontal da Barra –
Indústrias Químicas 1971 - + Du Pont + Governo do Estado Maceió (AL)
(atual Trikem S.A.) inaug. de Alagoas
1976

Biblioteca Central da 1973 Colaboradores: João C. Brasileiro, Campus da Federação O arquivo do MDR/MSB possui um jogo
UFBA Sônia Kalil, Fernando Fahel da UFBA, Ondina – completo das pranchas do ante-projeto
Salvador (BA) em escala reduzida.
Faculdade de 1973 Colaboradores: João C. Brasileiro, Campus da Federação O arquivo do MDR/MSB possui uma
Farmácia da UFBA Sônia Kalil, Fernando Fahel da UFBA, Ondina – planta baixa do ante-projeto em escala
Salvador (BA) reduzida.
Escola de Belas- 1973 Colaboradores: João C. Brasileiro, Campus da Federação O arquivo do MDR/MSB possui uma
Artes da UFBA Sônia Kalil, Fernando Fahel da UFBA, Ondina – planta baixa do ante-projeto em escala
Salvador (BA) reduzida.
Restaurante e 1973 Colaboradores: João C. Brasileiro, Campus da Federação O arquivo do MDR/MSB possui uma
Intercurso Social da Sônia Kalil, Fernando Fahel da UFBA, Ondina – planta baixa do ante-projeto em escala
UFBA Salvador (BA) reduzida.
Projeto de 1980-84 Prado Valladares Arquitetos S/C Praça 2 de Julho Há uma cópia de algumas plantas deste
Recuperação e (Lourenço Prado Valladares); (Campo Grande), nº 2 projeto de reforma no arquivo do
Reforma do Hotel da engenheiro Luís Fernando Smidt – Salvador (BA) DOCOMOMO/FAUFBA
Bahia (atual Hotel (fiscal de obras da contratante, a O jogo completo de pranchas do projeto
Tropical) Rede Tropical de Hotéis); encontra-se no Escritório Prado
construtora: OAS Valladares Arquitetos S/C Ltda.
João Campos participou
Ampliação da Santa Déc. 1980 Projeto elaborado na condição de Cachoeira (BA) O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
Casa de consultor-técnico do IPHAN diversas plantas e croquis deste projeto.
Misericórdia
Museu do SPHAN Déc. 1980 Projeto elaborado na condição de Rua São Francisco, nº O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
na Casa dos Sete consultor-técnico do IPHAN 32, Centro – Salvador diversas plantas e croquis deste projeto.
Candeeiros (BA)
Centro Cívico e Déc. 1980 Projeto elaborado na condição de Quarteirão localizado O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
Cultural e consultor-técnico do IPHAN entre as ruas do Tijolo, diversas plantas e croquis deste projeto.
estacionamentos Saldanha da Gama,
subterrâneos José Gonçalves e
Ladeira da Praça –
Salvador (BA)
Museu Hansen Déc. 1980 Projeto elaborado na condição de Cachoeira (BA) O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
Bahia consultor-técnico do IPHAN diversas plantas e croquis deste projeto.
Recuperação da Déc. 1980 Projeto elaborado na condição de Barroquinha, Centro – O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
Igreja de Nossa consultor-técnico do IPHAN Salvador (BA) algumas plantas e croquis deste projeto.
Senhora da
Barroquinha
Recuperação do Déc. 1980 Projeto elaborado na condição de Vitória do Paraguaçu – O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
Engenho Vitória do consultor-técnico do IPHAN Cachoeira (BA) algumas plantas e croquis deste projeto.
Paraguaçu
Recuperação do Déc. 1980 Projeto elaborado na condição de Rua São Francisco, nº O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
Solar dos 7 consultor-técnico do IPHAN 32, Centro – Salvador algumas plantas e croquis deste projeto.
Candeeiros (BA)
Estudo para 2ª metade Projeto elaborado na condição de Av. Joana Angélica, O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
inserção de uma dec. 1980 consultor-técnico do IPHAN s/n, Nazaré – Salvador algumas plantas deste projeto.
porta na fachada (BA)
principal do
Convento de Nossa
Senhora da
Conceição da Lapa
Estacionamento 2ª metade Projeto elaborado na condição de Praça da Sé
subterrâneo na dec. 1980 consultor-técnico do IPHAN
Praça da Sé para
320 automóveis
Casa de Cultura da 2ª metade Projeto elaborado na condição de Barroquinha – O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
Bahia dec. 1980 consultor-técnico do IPHAN Salvador (BA) algumas plantas deste projeto.
Proposta substitutiva 1986 Projeto elaborado na condição de Largo em frente ao O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui
para o Mercado da consultor-técnico do IPHAN Forte de Santa Maria, algumas plantas e croquis deste projeto.
Prefeitura Municipal Barra – Salvador (BA)
de Salvador
Restauração e 1983-88 Projeto elaborado na condição de Rua Visconde de O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui o
adaptação do Solar consultor-técnico do IPHAN Itaparica, nº 6/8, projeto completo, incluindo todos os
Berquó em sede da Barroquinha – detalhes executivos e as propostas dos
D.R. do IPHAN na Salvador (BA) volumes não realizados.
Bahia
Capela de Santa 1986-88 Projeto elaborado na condição de Saída para Muritiba, O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui todas
Bárbara consultor-técnico do IPHAN São Félix (BA) as plantas arquitetônicas e relativas aos
projetos complementares, além de
alguns croquis.
Centro Geriátrico na 1989 Distrito de Pedras – O arquivo do MDR/MSB possui algumas
Fazenda Jacarandá Santo Amaro (BA) plantas do estudo, relativos à
implantação e zoneamento, além de
uma perspectiva
Mezanino da 1991-93 Diógenes Rebouças atuou apenas Rua Caetano Moura, O arquivo do MDR/MSB possui diversas
Faculdade de como supervisor do projeto 121, Federação – pranchas dos projetos arquitetônico,
Arquitetura da UFBA realizado por equipe da FAUFBA, Salvador (BA) estrutural e de instalações elétricas,
coordenada por Heliodorio incluindo ainda detalhes arquitetônicos.
Sampaio; projeto estrutural: V&S
Engenheiros Consultores S/C;
projeto elétrico: Nivaldo Temi
Recuperação do 1990-95 PradoValladares Arquitetos S/C Rua Guedes de Brito, O arquivo do MDR/MSB inclui plantas e
Paço de Saldanha / (Lourenço Prado Valladares); nº 14, Centro – croquis de diversas versões deste
Liceu de Artes e Construtora Norberto Odebrecht Salvador (BA) projeto.
Ofícios O arquivo da Prado Valladares
Arquitetos S.C. possui diversos jogos de
plantas do projeto executivo, datadas de
1992 e 1993 (Pacotes 534, 536 e 540)
Plano de 1994 Construtora Norberto Odebrecht Largo de São Bento - O arquivo do MDR/MSB possui plantas
Revitalização do e croquis deste projeto.
Mosteiro de São
Bento
Projeto de Hotel Sem data Projetado para o Banco Lar Corredor da Vitória –
Brasileiro Salvador (BA) (no
local onde foi
construído na década
de 1960 o Hotel Plaza,
projetado por José
Bina Fonyat Filho)
Conjunto de Sem data Entre a avenida O arquivo do MDR/MSB possui um jogo
Edifícios de Adhemar de Barros e completo do estudo preliminar para um
Apartamentos em a rua Baependi, conjunto de quatro edifícios de
Ondina Ondina – Salvador apartamentos.
(BA)
Conjunto de casas Sem data José Bina Fonyat Filho; BHLB Caixa D’Água –
populares (dec. (Banco Hipotecário Lar Brasileiro) Salvador (BA)
1950?)
Conjunto Sem data José Bina Fonyat e J. Álvaro Rua Clião Arouca, O arquivo do MDR/MSB possui algumas
Residencial (dec. Peixoto; contratado pelo BHLB Brotas – Salvador (BA) pranchas de detalhes deste projeto.
1950?)
Residências para Sem data O arquivo do MDR/MSB possui uma
Funcionários da planta da unidade residencial deste
Usina Acutinga S.A. projeto.
Centro de Sem data Faz. Conceição, O arquivo do MDR/MSB possui um jogo
Treinamento e Distrito de Ferradas – de pranchas completo deste projeto.
Seminário da Itabuna (BA)
Diocese de Itabuna
Hospital de Paulo Sem data Paulo Afonso (BA)
Afonso
Auditório do IHEPC Sem data Salvador (BA)
Mercado Público de Sem data Jequié (BA)
Jequié
Residência Dr. Sem data João Campos acredita que seja a Salvador (BA)
Falcão Residência de João Falcão, na rua
Clementino Fraga, Jardim
Atlântida, Ondina, recentemente
demolida
Residência Nilo Sem data Assis Reis Salvador (BA) O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui
Simões Pedreira algumas pranchas de detalhes originais
deste projeto.
Residência Rômulo Sem data Assis Reis Rua Bahia, Rua O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui
Almeida Ceará, Pituba – plantas e cortes do projeto original desta
Salvador (BA) residência.
Projeto de Sem data Assis Reis Barris – Salvador (BA) O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui um
ampliação da Escola jogo completo de pranchas relativas a
Góis Calmon este projeto.
Edifício de Sem data Contratante: Imobiliária Antônio Desconhecido O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui um
escritórios Ferreira de Souza Limitada jogo completo de pranchas relativas a
este projeto.

Quadro 2 – Listagem Preliminar de Projetos Urbanísticos e Atividades de


Planejamento Realizados por Diógenes Rebouças (1935-1994)

OBRA DATA COLABORADORES ENDEREÇO FONTES DE DOCUMENTAÇÃO


GRÁFICA

Loteamento Déc.1940 Realizado dentro do Salvador (BA) A planta e os perfis esquemáticos do


Parque Cruz EPUCS/CPUCS projeto original foram publicados em
Aguiar PREFEITURA MUNICIPAL DE
SALVADOR; OCEPLAN, 1976.
Plano de Dec. 1940 Realizado dentro do CPUCS Paripe – Salvador (BA)
urbanização para o
bairro de Paripe
Plano de Dec. 1940 Realizado dentro do CPUCS Itapuã – Salvador (BA)
urbanização para o
bairro de Itapuã
Avenida 1948-49 Realizada dentro do CPUCS Salvador (BA)
Centenário
Avenida de 1952 Projeto elaborado já no Salvador (BA) Os arquivos do MDR/MSB e do
Contorno (projeto); escritório de Rebouças CEAB/FAUFBA possuem diversas
1958-60 Colaborador: Paulo Ormindo de plantas do projeto original e do projeto
Azevedo realizado.
Plano de 1958 Contratado pela Cia. Docas da Comércio – Salvador o arquivo do CEAB/FAUFBA inclui um
Arruamento da Bahia (BA) jogo completo de pranchas relativas ao
Área Adjacente ao projeto urbanístico em questão.
Porto
Trecho urbano da 1961-62 Salvador (BA) O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui um
BR-28 entre o estudo completo relativo a este projeto.
Retiro e o Porto de
Salvador
Estudo de Década de Assessores: Eng. Enéas Itapagipe – Salvador O arquivo do CEAB/FAUFBA inclui uma
Aproveitamento da 1960 Gonçalves Pereira e Prof. (BA) série de plantas e seções esquemáticas,
Enseada de Admar Braga Guimarães; relativas a zoneamento e estudos de
Itapagipe colaboradores: dentre outros, implantação de áreas industriais, quadras
os arquitetos Paulo Ormindo de residenciais, etc.
Azevedo, Assis Reis, Luiz
Maurício Guimarães e Luiz
Fortunato Augusto de Silva
Desenvolvido por solicitacao de
Rômulo Almeida, na época que
este coordenava a CPE
(Comissão de Estudos
Econômicos)
Avenida Bonocô 1970 Salvador (BA)
Avenida Reitor 1970 Salvador (BA)
Miguel Calmon
(Vale do Canela)
Sugestão de 1982 Mata de São João (BA) O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui o
traçado para a BA - desenho original da proposta, enquanto o
099 e acesso ao arquivo do CEAB/FAUFBA possui uma
Castelo Garcia cópia do laudo, incluindo uma cópia da
d’Ávila planta da proposta.
Sugestão para a Déc. 1980 Mucugê (BA) O arquivo da 7ª SR/IPHAN inclui algumas
Estrada plantas relativas a este projeto.
Intermunicipal de
acesso à Cidade
de Mucugê
Projeto de Sem data Campo Grande, O arquivo do MDR/MSB inclui uma série
Transporte de Piedade e Baixa dos de “seções típicas” e plantas
Massa para Sapateiros – Salvador esquemáticas relativas às seguintes
Salvador (BA) estações: Campo Grande, Piedade, J.J.
Seabra.

4. MULTIPLICIDADE E DIVERSIDADE NA OBRA DE REBOUÇAS


No prefácio escrito em 1977 para a edição norte-americana de O Anti-Édipo, de Gilles
Deleuze e Felix Guattari, Michel Foucault, um dos mais destacados pensadores ligados
ao pós-estruturalismo, determinou:
Prefiram tudo aquilo que seja positivo e múltiplo, a diferença à uniformidade, os fluxos às
unidades, os agenciamentos móveis aos sistemas. (FOUCAULT, 1988).

Tendo sido indiscutivelmente um homem moderno, Rebouças foi também um arquiteto de


personalidade múltipla. Mesmo sendo um personagem fundamental na consolidação da
arquitetura moderna na Bahia, a sua obra não é, contudo, homogênea. Embora a
bibliografia produzida sobre a obra de Rebouças tenha quase sempre vinculado a sua
produção à arquitetura moderna e, principalmente, à escola carioca, é possível encontrar,
na sua extensa obra construída, realizada ao longo de quase sessenta anos de atuação
profissional, desde construções neocoloniais como a Sede da Associação Atlética da
Bahia (c. 1941) até projetos de abordagem historicista, como a inte rvenção realizada no
Solar Berquó, visando adaptá-lo em sede do SPHAN na Bahia (1983-88).3 Entre estes
dois extremos de sua obra, Rebouças desenvolveu uma produção prevalentemente
vinculada à arquitetura moderna, porém nas quais se podem perceber as influê ncias mais
diversas: Frank Lloyd Wright (na Residência Mirabeau Sampaio, 1937), Oscar Niemeyer
(na Residência Edeládio Ribeiro, 1938 ou na Residência José Valadares, 1956), Lúcio
Costa (na Residência Fernando Góes, 1955), ou ainda a arquitetura brutalista (na
Faculdade de Arquitetura, 1ª fase: 1963-67) e o metabolismo japonês (na Estação
Marítima, 1962).
Outro aspecto que deve ser abordado diz respeito a uma característica fundamental na
personalidade de Rebouças e que certamente se refletiu na sua obra: o caráter articulador
e gregário de sua personalidade e, consequentemente, o papel desempenhado por cada
um de seus sócios, parceiros e colaboradores nas diversas fases da sua produção
arquitetônica.4 De fato, os principais projetos de Diógenes Rebouças foram realizados em
parceria: além dos já citados Fernando Machado Leal e José Bina Fonyat Filho, podemos
destacar a parceria com Paulo Antunes Ribeiro no Hotel da Bahia (1947-52) e com Hélio
Duarte na Escola -Parque (Centro Escolar Carneiro Ribeiro, 1947-63), e a colaboração de
Assis Reis em inúmeros projetos entre o início dos anos 1950 e a primeira metade dos
anos 1960. A partir da construção da Faculdade de Arquitetura (1963-71), Diógenes vai
contar com a colaboração de jovens arquitetos e estudantes da FAUFBA, como Heliodorio
Sampaio, Analdino Lisboa, João Cypriano e Ana Maria Brasileiro, dentre muitos outros.
Por fim, os projetos realizados nos anos 1980 e 1990 terão Lourenço Prado Valladares
como co-autor, exceto aqueles realizados para a SPHAN, que serão elaborados por
Rebouças e discutidos com os colegas da 7ª Superintendência Regional.
Seja qual for o período da produção arquitetônica de Rebouças, é impossível discuti-la
sem analisar as relações com os seus parceiros e colaboradores e tentar compreender
qual a contribuição de cada um deles no resultado final do projeto. Até mesmo na sua
primeira obra-prima – o Estádio da Fonte Nova –, cujo projeto foi concebido e
desenvolvido apenas por Rebouças, houve uma consultoria informal com arquitetos do
porte de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Affonso Eduardo Reidy, viabilizada por Mário
Leal Ferreira.
Uma correta análise da produção arquitetônica de Rebouças deve, ademais,
compreender que, embora a partir de meados dos anos 1960 a sua produção tenha se
tornado cada vez mais rarefeita e a maior parte dos projetos elaborados a partir de então
não tenha sido construído, o arquiteto continuou projetando até a sua morte, em 1994.
Esta produção, apesar de irregular, descontinuada, realizada com muitos parceiros e
colaboradores e nas circunstâncias mais diversas, está apenas iniciando a ser levantada
com precisão e analisada com cuidado.
Estamos nos referindo aos últimos edifícios realizados no bairro do Comércio no final dos
anos 1960, já sem a colaboração de Assis Reis5; aos edifícios de apartamentos
construídos nos anos 19706; aos diversos anteprojetos de edifícios realizados em 1973

3
Para uma análise da intervenção realizada por Rebouças no Solar Berquó, cf. ANDRADE JUNIOR, 2005.
4
Paulo Ormindo de Azevedo esboça uma análise a respeito da participação de cada um dos sócios e colaboradores de
Diógenes em cada uma de suas “fases” (AZEVEDO, 1997).
5
Os edifícios Visconde de Cayru (1968), Dom João VI (1969) e o Edifício-Garagem Otis (1970), últimos de uma série de
construções realizadas no bairro do Comércio a partir do Edifício Cidade do Salvador (1947-51).
6
Os edifícios Maria Isabel, no Campo Grande, e Santa Maria, na Barra, ambos em Salvador.
para o Campus da UFBA, com a colaboração de João Brasileiro, Fernando Fahel e Sônia
Kalil; às quase duas dezenas de projetos desenvolvidos como consultor da Secretaria do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na Bahia, entre 1983 e 1990; e aos projetos de
renovação e ampliação de edifícios de grande importância, realizados quase sempre em
parceria com Lourenço do Prado Valladares e muitas vezes objeto de críticas
contundentes – sejam estas intervenções em monumentos tombados, como o Paço do
Saldanha (1990-95) e o Mosteiro de São Bento (1994), ou em marcos da arquitetura
moderna brasileira, como o Hotel da Bahia (1981-84).7
Igualmente, não foram realizadas ainda pesquisas mais criteriosas sobre a produção de
Diógenes em seu período de “formação” como arquiteto, situado entre a realização do seu
primeiro projeto – a Catedral de Itabuna, em meados da década de 1930 – e as obras-
primas que firmaram seu nome como principal difusor da arquitetura moderna da escola
carioca na Bahia a partir da segunda metade da década de 1940 – o Complexo Esportivo
da Fonte Nova (1945-51), o Hotel da Bahia (1947-52, com Paulo Antunes Ribeiro) e a
Escola-Parque (1ª fase: 1947-50, com Hélio Duarte).
Neste período de aproximadamente uma década, Diógenes se utilizou dos mais diversos
estilos. Da Catedral de Itabuna, “projeto ainda estilisticamente indefinido” (AZEVEDO,
1997: 188), à tendência neocolonial da Associação Atlética da Bahia (c. 1941), passando
ainda pela influência de Frank Lloyd Wright (negada pelo arquiteto) na Residência
Mirabeau Sampaio (1937), Diógenes Rebouças parece estar em busca de uma linguagem
moderna e própria, que só se mostra plenamente madura a partir de meados dos anos
1940.

5. COLOCANDO ALGUMAS QUESTÕES


A partir do levantamento preliminar da obra de Rebouças realizado, parece-nos pertinente
colocar algumas questões.
A primeira diz respeito à versão – dominante na rarefeita historiografia da arquitetura
moderna na Bahia – que apresenta Rebouças apenas como um representante da
arquitetura moderna da escola carioca na Bahia. Embora tenha realizado verdadeiros
edifícios-manifesto dos cinco pontos de Le Corbusier8, como o Edifício Octacílio Gualberto
(1952-53), e não obstante as obras de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Affonso Eduardo
Reidy tenham exercido grande influência nos principais edifícios realizados por Diógenes
Rebouças entre 1942 e 1961, como o Centro Escolar Carneiro Ribeiro (1ª fase: 1947-51)
e os Edifícios Cidade do Salvador (1947-51), Comendador Urpia (1955-57) e Ouro Preto
(1953-61), ao longo do tempo a obra de Diógenes parece estar repleta de referências a
outras vertentes da arquitetura moderna e, em diversos momentos, parece ter mesmo
assumido inegáveis feições historicistas.
Como vimos, há indícios de uma influência wrightiana pelo menos em uma residência
realizada em 1937 – antes, portanto, da inauguração daquelas obras que marcariam a
consolidação da escola carioca no cenário arquitetônico brasileiro, como o Edifício da
A.B.I. (inaugurado em 1938), e o Ministério da Educação e Saúde, (inaugurado em 1943);

7
Os projetos de intervenção em edifícios e contextos preexistentes desenvolvidos por Rebouças – sejam aqueles
elaborados na condição de consultor da SPHAN, sejam aqueles realizados em parceria com Lourenço do Prado
Valladares – foram analisados em artigo de nossa co-autoria, apresentado no 7º Seminário DOCOMOMO Brasil em
Porto Alegre, em outubro de 2007, e publicado nos respectivos anais (cf. ANDRADE JUNIOR, 2007).
8
Estamos nos referindo aos “cinco pontos para uma nova arquitetura” apresentados por Le Corbusier em 1927 e
aplicados no projeto da Ville Savoye (1928-29): pilotis, pavimentos livres e contínuos, fachadas independentes, janelas
em fita (que nas obras brasileiras quase sempre foram substituídas por cobogós e brise-soleils) e terraço-jardim.
a residência em questão é, ademais, contemporânea do primeiro projeto executado de
Niemeyer (CAVALCANTI, 2001: 248), a Obra do Berço (1937).
Por outro lado, o predomínio dos grandes espaços abertos e a elevação da estrutura em
concreto armado aparente ao papel de protagonista da arquitetura, que podemos
identificar em algumas obras projetadas por Diógenes a partir da década de 1960, como a
Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (1ª fase: 1963-67), parecem
insinuar relações com a escola brutalista paulista, cuja consolidação no cenário
arquitetônico nacional lhe é contemporânea 9 e que tem como uma de suas principais
realizações justamente a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo (1961-69), de João Batista Vilanova Artigas.
Embora Ruth Verde Zein (2005) afirme que a difusão nacional desta escola brutalista
paulista tenha ocorrido tão somente a partir dos anos 1970, parece-nos inquestionável a
proximidade entre estas duas obras realizadas por Diógenes ainda nos anos1960 e
aquela arquitetura internacionalmente conhecida como brutalista e a escola paulista que
lhe é contemporânea.
Talvez o maior exemplo da heterogeneidade da obra de Rebouças seja a Residência
Carlos Costa Pinto, construído no Corredor da Vitória em estilo colonial norte-americano
entre 1955 e 1958 a partir de projeto elaborado com o Arq. Euvaldo Reis10, e que não
possui qualquer semelhança com a produção contemporânea do arquiteto. Embora
anteriormente Rebouças tivesse realizado projetos neocoloniais como a Sede da
Associação Atlética da Bahia (c. 1941), na segunda metade dos anos 1950 Rebouças já
havia se tornado um defensor radical da arquitetura moderna, tendo inclusive se
colocando publicamente, alguns anos antes, contra um projeto semelhante para um
terreno na mesma via:
Diógenes, vendo aquele desenho, se assustou e chamou-nos para olhar. Realmente, o
desenho representava um tipo de arquitetura denominada nos Estados Unidos de ‘georgiana’.
[...] Estavam lá as colunatas, o local para a carruagem entrar, etc. Isto era mais ou menos 1945.
Diógenes se assustou e disse: ‘Mas isto não pode ser feito aqui na Bahia. Logo agora que se
terminou a construção do Ministério da Educação, da Pampulha, a casa do Juscelino
Kubitschek que o Oscar [Niemeyer] projetou para ele...’ [...] O certo é que Diógenes mandou o
seguinte recado: que o EPUCS iria fazer um projeto de uma residência para ele [o proprietário],
porque a sua atitude era bastante nociva à sociedade baiana. [...] Então foi preparado um
projeto de autoria do Diógenes Rebouças e mandado de presente ao citado indivíduo. Ele
simplesmente recusou e disse que não poderia aceitar um trabalho daquele... (ASSIS REIS,
1978: 297-298).

O projeto da Residência Carlos Costa Pinto nos liga a uma outra questão importante: a
arquitetura residencial unifamiliar urbana de Rebouças. Qual o papel das casas
construídas por Diógenes na constituição de uma arquitetura residencial baiana que
conciliasse modernidade e tradição, materiais e linguagem assumidamente modernos
com outros materiais e referências à arquitetura tradicional?
A pequena bibliografia existente sobre a obra arquitetônica de Diógenes Rebouças
geralmente não se detém sobre esta parte da sua produção. A dissertação de Valdinei
Nascimento dedica poucas linhas às casas realizadas por ele, ressaltando apenas que
“muitos dos projetos de residências de Rebouças se perderam”, que o arquiteto
“laconicamente falava que fez muitas casas, sem ostentar orgulho” e que “Rebouças,
quando falava sobre sua obra, especialmente para seus alunos, procurava destacar
9
Embora certamente indícios desta linguagem brutalista possam ser encontrados em uma outra obra de Diógenes,
anterior em quase duas décadas : o Estádio da Fonte Nova (que, curiosamente, contou com a consultoria informal de
alguns dos principais arquitetos da escola carioca).
10
Diversas vezes já foi questionada a participação de Rebouças neste projeto; o arquiteto e professor Paulo Ormindo
de Azevedo, contudo, nos garantiu, em seu depoimento, ter detalhado pessoalmente as esquadrias desta construção a
pedido de Rebouças, com quem realizava estágio profissional na segunda metade da década de 1950.
apenas aqueles exemplares que tinham maior alcance social. Neste sentido ‘suas casas’
não eram objeto de citação” (NASCIMENTO, op. cit.: 101-102).
Porém, mesmo Nascimento reconhece que esta parte da produção do arquiteto
desempenhou um papel importante no cenário arquitetônico baiano, particularmente as
casas realizadas nos anos 1950 11:
Sabe-se entretanto que algumas delas [as casas] se tornaram objetos de referência na
paisagem urbana de Salvador e no meio profissional. [Diógenes Rebouças] buscava nesses
projetos aliar criticamente à linguagem arquitetônica moderna consolidada, elementos regionais
(como varandas, balcões protegidos com treliças, painéis combogós, entre outros), de forma
semelhante ao que fazia, por exemplo, Lúcio Costa (NASCIMENTO, op. cit.: 102).

Embora Nascimento reconheça esse valor referencial nas casas de Rebouças, Paulo
Ormindo de Aze vedo, em um curto artigo publicado no jornal A Tarde em fevereiro de
2002, intitulado Arquitetura Baiana: a contribuição regionalista, irá um pouco mais além e
o identificará como pioneiro da arquitetura moderna baiana que pretende agregar
influências da a rquitetura tradicional:
Os arquitetos modernistas baianos retomam alguns desses elementos [da arquitetura
tradicional baiana] dentro de uma nova sintaxe formal. Grandes e altos telhados permitiriam
interessantes jogos espaciais com pés-direitos duplos, mezaninos em balanço e águas furtadas
que captam seletivamente a luz exterior. Painéis de vidro substituem os tabiques de pau-a-
pique, deixando à mostra esteios estruturais, dando maior transparência e brilho à casa. As
varandas passam a fazer a transição ent re os jardins e pátios ensolarados de piscinas e o
interior aconchegante e sombreado. Foi pioneiro dessa arquitetura Diógenes Rebouças, com as
primeiras experiências em Itabuna e no Morro Ipiranga, em Salvador, ainda na década de 1950.
Essas experiências seriam enriquecidas por seus alunos mais próximos, como Assis Reis,
Paulo Ormindo, Gilberbert Chaves, Wilson Andrade, Firmo de Azevedo e Ivan Smarcevski,
entre outros. A esses se somaram os forâneos Carl von Hauenshild e Rui Cores.
Esta expressão regionalista, embora nascida na Bahia, se difundiria rapidamente em todo o
Nordeste, dando origem a uma nova tipologia urbana, hoje de domínio comum. (AZEVEDO,
2002: 7).

De fato, é inegável a influência da arquitetura residencial de Rebouças nas casas de


arquitetos da geração seguinte, como por exemplo Assis Reis:
A primeira fase da trajetória de Diógenes Rebouças caracteriza-se pela procura de um modelo
de casa moderna baiana, extremamente relacionado com os princípios do CIAM. [...] Já na fase
seguinte, Diógenes cria rampas internas de articulação de dois pontos, artifício também
herdado do trabalho de Oscar Niemeyer, mas já começa a incorporar em suas casas os
elementos da arquitetura colonial baiana, especialmente rural, como os telhados de duas águas
com beirais, varandas e grandes muros altos, vazadas [sic] por pequenas janelas, embora
reinterpretando-as com uma linguagem moderna. Essa é uma tendência nos modelos de
residência que conciliava tradição e modernidade, e se transformaria em um paradigma para a
burguesia local, sendo difundido e popularizado por muitos seguidores de Diógenes Rebouças.
Assis Reis também sofre influência dessa tendência ao empregar o modelo nas residências
neobarrocas que desenhou. A procura pela afirmação de uma gênese da morada baiana, com
seu espaço interno característico, está presente em muitas residências projetadas por Assis
Reis, destacando-se a Residência Eduardo de Carvalho, a Residência Adriano Fernandes, a
Residência Aquiles Calmon de Passos, e principalmente a ‘Quinta das Mangueiras’,
lamentavelmente destruída. (NERY, 2002: 55-56)

Parece-nos interessante analisar não somente a influência que as residências projetadas


por Rebouças exerceram nos arquitetos baianos das gerações seguintes, como também
investigar possíveis relações entre esta parte de sua produção e a obra de arquitetos de
outras regiões que, da mesma forma e aproximadamente no mesmo período,

11
Estamos nos referindo às residências Fernando Góes e Odorico Tavares, ambas no Morro Ipiranga; José Valadares,
em Brotas; Martinho Conceição (sogro do arquiteto), no Largo da Graça; José Rebouças (irmão do arquiteto), em Vitória
do Espírito Santo; e Nils on Costa, em local ignorado; todas construídas nos anos 1950 (NASCIMENTO, op. cit.: 102;
AZEVEDO, 1997: 192).
pretenderam realizar uma arquitetura moderna que incorporasse valores autóctones
tradicionais.
Entretanto, cabe-nos questionar a afirmação de Azevedo de que esta nova tipologia
arquitetônica – a casa urbana moderna, isolada no lote, que incorpora aspectos e
influências da arquitetura tradicional – seja uma criação originalmente baiana.
O próprio Lúcio Costa já no início dos anos 1940 pretendeu incorporar à arquitetura
moderna materiais tradicionais e influências da arquitetura tradicional, através da
apropriação de uma tipologia de pátio central e da utilização de beirais, treliças e
muxarabis, em projetos como a Residência Argemiro Hungria Machado no Rio de Janeiro
(1942), a Residência Barão de Saavedra em Petrópolis (1942) e a Residência Paes de
Carvalho em Araruama (1944). Estes e outros princípios vinculados à apropriação de
características da arquitetura tradicional brasileira pela arquitetura moderna seriam
desenvolvidos por Costa de maneira ainda mais elaborada em obras como o Park Hotel
São Clemente em Nova Friburgo (1940-45) e os Edifícios do Parque Guinle, no Rio de
Janeiro (1948-54).
A busca por uma síntese dialética entre moderno e tradicional na arquitetura residencial
de Lúcio Costa atingirá seu ponto mais alto já nas décadas de 1970 e 1980, em projetos
como o da Residência Thiago de Mello, construída no Amazonas (1978), da casa
construída para sua filha no Rio de Janeiro (1980) e na Residência Edgar Duvivier (1985),
também no Rio de Janeiro (1980).
Em Pernambuco, por sua vez, dois arquitetos forasteiros e estabelecidos em Recife em
1951 realizaram, a partir de meados daquela década, diversos projetos com esta mesma
abordagem do problema da residência unifamiliar urbana. Não por acaso, estes dois
arquitetos – o português Delfim Amorim e o carioca Acácio Gil Borsoi – foram, da mesma
forma que Lúcio Costa e Diógenes Rebouças, colaboradores da SPHAN e conhecedores
da historia da arquitetura brasileira12:
Em meados dos anos 50 e início dos anos 60, a herança do passado colonial pode ser
verificada na obra dos mestres [Delfim Amorim e Acácio Gil Borsoi] e na obra dos arquitetos
locais. Essa herança manifestar-se-á de formas distintas nas obras dos mestres. Ambos em
meados dos anos 50 buscam relações estreitas com o meio e a cultura locais: Delfim
Fernandes Amorim busca uma relação estreita com a arquitetura brasileira e o legado carioca,
ao passo que Acácio Gil Borsoi parte para relações mais estreitas com o legado de Lúcio Costa
e com a arquitetura rural do período colonial (NASLAVSKY, 2004: 150).

Guilah Naslavsky apresenta como exemplos desta “aproximação à arquitetura tradicional


do passado colonial” na obra de Borsoi a Residência Francisco Claudino de Albuquerque
Filho (1956), a Residência Dulce Mattos (1958), em que “as semelhanças à Residência
Hungria Machado, projetada por Lúcio Costa no começo dos anos 40, são evidentes”
(ibid., 152), e a Residência Dival Fernando Cavalcanti de Luna (1961).
No que se refere ao arquiteto de origem portuguesa, Naslavsky afirma que “a
aproximação do passado em Amorim teve respostas menos tradicionais do que na obra
do arquiteto Borsoi e dos arquitetos locais. Apenas em 1962, Amorim, inspirado
principalmente pela obra de Oswaldo Bratke, chega a resultados formais semelhantes às
residências de Borsoi” (ibid., 158). A autora se refere à Residência Cairutas (1962).
Segundo Naslavsky, essa aproximação da arquitetura colonial pela arquitetura moderna
não se limitará, em Recife, à obra desses dois mestres:
A inspiração na casa rural do período colonial disseminou-se em Recife, ganhando sua versão
moderna, com varandas, amplos telhados e generosos beirais. Essa atitude iniciada por Borsoi

12
Além de Lúcio Costa, Diógenes Rebouças, Acácio Gil Borsoi e Delfim Amorim, o SPHAN teve como consultores
outros importantes arquitetos ligados à consolidação do movimento moderno no Brasil, como Alcides da Rocha Miranda,
Renato Soeiro, Sylvio de Vasconcellos e José de Souza Reis.
entre aproximadamente 1954-1956 é seguida por outros arquitetos pernambucanos, tendo se
popularizado a partir de 1964. [...]
Em meados dos anos 60, outros arquitetos também expressam essa sensibilidade: Vital Pessoa
de Melo na Residência Clarindo Claudino Castanha de Albuquerque em 1964, Reginaldo Luiz
Esteves na Residência Michele Borrione em 1967. Esta tendência transforma-se quase em uma
moda, muitos arquitetos entre eles Waldecy Fernandes Pinto, Jarbas Guimarães, adotam estes
elementos da arquitetura tradicional em exemplares que se aproximam à arquitetura das casas-
grandes dos engenhos, a simplicidade da arquitetura do meio rural e da construção do período
colonial (ibid., 159-160).

Outro exemplo desta assimilação pela arquitetura moderna de elementos da arquitetura


vernacular é a Residência Martin Holzmeister no Rio de Janeiro (1955), projeto de Paulo
Everard Nunes Pires, Paulo de Tarso Ferreira dos Santos e Paulo Ferreira dos Santos –
este último um importante professor de história da arquitetura:
Os arquitetos [...] tentaram alcançar a mesma fusão de elementos tradicionais e modernos já
mostrada na casa de Lúcio Costa [Residência Argemiro Hungria Machado]. Ela reflete o tipo de
regionalismo que merece ser estudado mas ainda é negligenciado pela maioria dos arquitetos,
embora deliberadamente cultivado por uns poucos, como por exemplo, Edgar Graef, no Rio
Grande do Sul (MINDLIN & CAVALCANTI, 1999: 100).

Como se vê, a tentativa de criação de uma arquitetura residencial híbrida, que


incorporasse à influência do modernismo de matriz européia aspectos da tradição
arquitetônica luso-brasileira, não foi uma exclusividade de Rebouças durante as décadas
de 1950 e 1960.
Resta agora aprofundar os estudos sobre a sua obra, e particularmente no que se refere
às suas residências unifamiliares, isto deve ser feito com a máxima urgência, tendo em
vista que a especulação imobiliária tem levado à destruição da maior parte das casas de
Rebouças e que mesmo as que ainda resistem – como as Residências Odorico Tavares,
Fernando Góes e Elísio Lisboa, localizadas no Morro Ipiranga e consideradas como
algumas de suas melhores residências – receberem suas sentenças de morte com a
entrada em vigor, no último dia 20 de fevereiro, da nova Lei do Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano de Salvador (Lei Municipal nº 7.400/2008), que permite a
verticalização desta área até então limitada à ocupação por construções de gabarito de
altura reduzido. O desaparecimento definitivo destas três residências é agora tão somente
uma questão de tempo.

AGRADECIMENTOS
Agradeço aos Arquitetos Leonardo Falangola Martins e Eugênio de Ávila Lins, atual e ex
Superintendente Regional da 7ª S.R./IPHAN, por estimularem as minhas pesquisas sobre
a atuação de Diógenes Rebouças nesta instituição; ao colega João Legal Leal, pela
dedicação e preocupação com que vem cuidando do acervo de Rebouças existente na 7ª
S.R./IPHAN; às Professoras Anna Beatriz Ayroza Galvão e Naia Alban Suarez, por
facilitarem o acesso ao material existente sobre Rebouças nos arquivos do Núcleo
Docomomo/Bahia do PPG-UA/FAUFBA (e também por terem constituído esse importante
acervo); à Arq. Mariely Cabral de Santana e aos Professores Eugênio de Ávila Lins e Luiz
Antônio Fernandes Cardoso (CEAB/FAUFBA) e à Arq. Maria Hermínia Hernández e ao
Sr. Paulo Néri (Mosteiro de São Bento), por terem autorizado o meu acesso aos
documentos referentes aos projetos de Rebouças existentes nos respectivos arquivos.
Agradeço ainda aos Arquitetos Francisco de Assis Couto dos Reis, Paulo Ormindo de
Azevedo, João Carlos Fernandes Campos, Analdino Lisboa, Antônio Heliodorio Lima
Sampaio e Lourenço do Prado Valladares, ex-colaboradores de Rebouças, pelos
depoimentos concedidos; e ao Arq. Eduardo Furtado de Simas pelo depoimento sobre a
atuação de Rebouças no IPHAN nas década de 1980 e 1990. Aos arquitetos Lourenço do
Prado Valladares e João Carlos Fernandes Campos agradeço também por terem me
permitido acessar e fotocopiar plantas de projetos que contaram com a participação de
Rebouças, existentes respectivamente no arquivo do Escritório Prado Valladares
Arquitetos S/C Ltda. e no arquivo da Euluz Empreendimentos Ltda.

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