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UNIVERSIDADE TIRADENTES

ARQUITETURA E URBANISMO

SILVANA ALVES
EDER GEYSON DA SILVA CAMARA

PROJETO DE ARQUITETURA E URBANISMO V

PESQUISA DE TIPOLOGIA

ARACAJU, 2017
Diógenes Rebouças foi, indiscutivelmente, o mais renomado e influente arquiteto
baiano entre o final dos anos 1940 e o início dos anos 1960.

Professor, artista e grande pensador, teve papel fundamental na construção da


paisagem de Salvador e de outras cidades baianas e na formação das novas
gerações de arquitetos e urbanistas. Protagonista da arquitetura e dourbanismo
modernos na Bahia, Diógenes Rebouças é responsável por projetos emblemáticos
como a antiga Fonte Nova, o Hotel da Bahia, a Escola Parque e a Faculdade de
Arquitetura da UFBA.

Biografia de Diógenes Rebouças

Diógenes de Almeida Rebouças ( Diógenes Rebouças) nasceu em 1914 em uma


fazenda no município baiano de Amargosa e, aos quatro anos, se transferiu com a
família para Itabuna, onde os pais possuíam propriedades rurais.

Entre 1930 e 1933, cursou Engenharia Agronômica na Escola Agrícola da Bahia,


em São Bento das Lajes, e em seguida retornou a Itabuna, onde começou a
trabalhar como topógrafo, ao mesmo tempo em que ajudava a administrar as
fazendas da família.

Através dos contatos sociais e dos engenheiros que conheceu como topógrafo em
Itabuna, passou a elaborar projetos de arquitetura, se tornando um dos mais
produtivos projetistas da cidade nos anos 30.

Seu projeto mais importante dessa primeira fase é a Catedral de São José, em
Itabuna. Em 1936, Diógenes Rebouças transfere-se definitivamente para Salvador,
onde retoma os cursos de arquitetura, desenho e pintura na Escola de Belas-Artes
da Bahia, iniciados cinco anos antes; em 1937, conclui somente aquele de
Desenho e Pintura.

Em 1941, é convidado pelo engenheiro Mário Leal Ferreira para opinar sobre o
paisagismo do entorno do estádio que começava a ser construído pelo Governo do
Estado nas proximidades do Dique do Tororó.

Indignado com o projeto, que tamponava o fundo do vale, apresenta um estudo


alternativo para o estádio, implantando-o parcialmente sobre a encosta de Nazaré
e criando uma abertura para o Dique do Tororó, e consegue convencer o
governador Landulfo Alves a executar a sua proposta.

O Estádio da Fonte Nova seria inaugurado dez anos depois. A partir de 1943, com
a instalação do EPUCS (Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador)
sob a direção geral de Ferreira, Rebouças é convidado a coordenar o setor
paisagístico.
Com a morte de Ferreira, em 1947, Rebouças assume a direção do EPUCS, onde
elabora, nos quatro anos seguintes, projetos urbanísticos e arquitetônicos que
mudam a paisagem de Salvador, dentre os quais se destacam a Avenida
Centenário, a Penitenciária do Estado, o Hotel da Bahia (em parceria com Paulo
Antunes Ribeiro), os novos pavilhões do Parque Sanatorial Santa Terezinha e o
Mercado do Peixe no Porto da Barra.

Concebe ainda projetos para o interior do Estado, como o hospital e o hotel de


Paulo Afonso e uma série de edifícios escolares baseados na pedagogia de Anísio
Teixeira, que são construídos em diversas cidades baianas.

A produção desse período tem seu ponto culminante no Centro Educacional


Carneiro Ribeiro, em Salvador, formado por uma Escola-Parque e quatro Escolas-
Classe e que se torna imediatamente uma referência nacional e internacional de
arquitetura escolar, servindo de modelo ainda hoje para projetos semelhantes em
outras cidades brasileiras.

Somente em 1952, quando já era, indiscutivelmente, o mais renomado arquiteto


baiano e já tendo deixado o EPUCS, Rebouças obtém o título de arquiteto pela
Universidade Federal da Bahia, onde passa a lecionar; paralelamente, abre seu
escritório de arquitetura e urbanismo, que será, até meados da década seguinte, o
maior e mais produtivo do Estado.

Dentre os principais projetos desta fase, estão a Avenida Contorno, o Centro


Educacional do Estado de Alagoas, a sede da TV Itapoã, a Escola Politécnica, a
Colônia de Férias do SESC, a Estação Rodoviária da Sete Portas, a Estação
Marítima de Passageiros e a sede do BANEB, bem como dezenas de residências
e de edifícios de apartamentos e de escritórios. Embora tenha tido, em alguns
desses projetos, parceiros como Bina Fonyat e Fernando Leal, é o jovem Assis
Reis quem se consolidará como seu principal colaborador nessa fase.

A saída de Assis do escritório, em 1963, inicia uma nova etapa na produção de


Rebouças, na qual a quantidade de projetos é menor, mas a sua influência
continua imcomparável. Os projetos mais representativos dos dez anos seguintes
são a Faculdade de Arquitetura da UFBA e a ampliação do Complexo Esportivo da
Fonte Nova em Salvador, além de edifícios industriais, de escritórios e de
apartamentos.

Em 1972, fecha definitivamente o escritório e dá início a um período dedicado ao


ensino, à participação em instâncias como o Conselho Estadual de Cultura e às
consultorias. Já nos anos 1980, como consultor do IPHAN, desenvolve dezenas de
estudos para monumentos baianos tombados.

Na mesma época, idealizou um projeto de transporte de massa para a área central


de Salvador, igualmente não implantado, e, teve a oportunidade de conceber, em
coautoria com Lourenço do Prado Valladares, a proposta de reforma e ampliação
do Hotel da Bahia.
Em 1984 se aposenta compulsoriamente da UFBA e, em dezembro de 1994,
falece em sua casa. Diógenes Rebouças foi, indiscutivelmente, o mais renomado e
influente arquiteto baiano entre o final dos anos 1940 e o início dos anos 1960 e,
mesmo após esse período, teve papel fundamental na construção da paisagem de
Salvador e de outras cidades baianas e na formação das novas gerações de
arquitetos e urbanistas.

Telas de Diógenes Rebouças “Salvador da Bahia de Todos os Santos no


Século XIX”

Procurando resgatar a imagem da cidade, do período pré-reformista, o arquiteto e


artista plástico Diógenes Rebouças, falecido a alguns anos atrás, com base em
fotografias, desenhos, esboços e depoimentos, recriou, em telas pintadas, os
principais logradouros de Salvador, duramente afetados ou totalmente perdidos
pelas reformas e, ainda, de outros locais, hoje emblemáticos da cidade, como o
Farol da Barra, então esparsamente ou não ocupados pela urbanização. São
algumas destas telas, que constam na publicação “Salvador da Bahia de Todos os
Santos no Século XIX”, de autoria do autor das telas.

Como não olhar e ficar impressionado com uma obra de tamanho impacto como a
Avenida Contorno. Não só ela como também a Fonte Nova, Hotel da Bahia, Escola
Politécnica, Escola de Arquitetura da UFBA, Estação Rodoviária e a Marítima de
Salvador. Entre outras, que fizeram de Diógenes Rebouças, um dos
maiores nomes da arquitetura brasileira.

Baiano da cidade de Amargosa nasceu no distrito de Tartaruga - depois foi morar


em Itabuna. Seu pai era cacauicultor com fazenda na região itabunese, o que
acabou influenciado o filho, o jovem Diógenes, a ser engenheiro agrônomo,
administrando o patrimônio da família. Mas, assim como a biografia de
outros grandes artistas, não seria isso que Diógenes queria. Pelo contrário, desde
aquela época o jovem Rebouças lia revistas de arte e tal gosto o levaria a projetar
algumas casas e no futuro a Catedral de Itabuna de estilo eclético, seu grande
projeto de expressão, construído entre 1935 e 1936 com colaboração de Ernani
Sobral.

Em 1933 formou-se em Engenharia Agronômica na antiga Escola Agrícola da Bahia


(hoje em ruínas). Em 1937 Desenho e Pintura na Escola de Belas Artes da Bahia e
em 1952 Arquitetura e Urbanismo na Escola de Belas Artes da UFBA. Mas é em
meados do século XX, mas precisamente na década de 40, que Diógenes
Rebouças começa a ganhar maior destaque, já que novos rumos urbanísticos
começam a ser pensados para a Cidade de Salvador depois dos já realizados na
época de J.J. Seabra. Com isso participou do Escritório do Plano de Urbanismo da
Cidade de Salvador mais conhecido como EPUCS, sendo convidado por Mário
Leal Ferreira que décadas mais tarde teria seu ousado plano usado¹ na gestão
do prefeito Antônio Carlos Magalhães (1967 - 1971). Durante os anos de 1942 e 1951
participou do projeto do Estádio Octávio Mangabeira, conhecido como Fonte Nova,
inaugurado em 28 de janeiro de 1951. E também coordenou os projetos da Avenida
Centenário 1949, o Hotel da Bahia construído entre 1947 e 1952 com Paulo
Antunes Ribeiro - tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da
Bahia em 2010, e a penitenciaria Lemos de Brito em 1951, na gestão do governador
Octávio Mangabeira.

Em 1950 com o admirável Anísio Teixeira, liderou o plano que levaria a criação
do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, conhecido popularmente como Escola
Parque. Durante os anos de 1952 e 1953 o Edifico do IPASE, e nos anos 1955 - 1957
o Edifício Comendador Urpia.
Foi consultor técnico do segundo distrito do IPHAN na Bahia por 5 anos. E em 1952
depois da consultoria no IPHAN foi contratado como professor da Faculdade de
Arquitetura da UFBA ficando por mais de três décadas, tornando-se Catedrático em
1967. É válido lembrar que foi o primeiro presidente e co-fundador do Instituto dos
Arquitetos do Brasil, secção Bahia.
Em 1960 foi o responsável pelos projetos da Escola Politécnica da UFBA na
Federação (o antigo prédio ficava na Praça de São Pedro, já demolido). Em 1965
(obras iniciadas) o prédio da Escola de Arquitetura da UFBA com a
colaboração do engenheiro Américo Simas, Oscar Caetano Silva e Fernando
Fonseca. E nos anos de 1961 e 1962 a Estação Rodoviária e a Estação Marítima de
Salvador na Cidade Baixa.

A Avenida Contorno.
Avenida Contorno, Salvador Bahia e o Solar do Unhão. Podemos ver os arcos que sustentam a Avenida. Em 13 de
Outubro de 1962.
Imagem: Encontrada no site: Cronologia do Urbanismo.

Talvez um dos maiores exemplos da sua genialidade tenha sido o projeto


da Avenida Contorno, onde fora preservado o conjunto arquitetônico do Unhão,
entre 1952, 1958 - 1960, com a colaboração de Paulo Ormindo de Azevedo. Não
poderíamos deixar passar esse exemplo da instalação do moderno entre o antigo
- não destruindo o passado - sem pelo menos fazermos um comentário. Já há algum
tempo o avanço das novas construções está passando de forma
totalmente desequilibrada e desordenada sobre as antigas construções
de Salvador. Sem a devida valorização ou preservação, do que antes era
considerado moderno ou símbolos do progresso, e atualmente está
sendo tratado como “atraso” - para alguns. Dessa forma não só belos
casarões, ou conjuntos arquitetônicos inteiros desaparecem, como também levam
um pedaço importante da rica História visual da Cidade do Salvador.
Avenida Contorno, Salvador Bahia. E a Gamboa de Baixo.
20 de Outubro de 1962.
Imagem: Encontrada no site: Cronologia do Urbanismo.

É importante destacar que soma-se a seu currículo outros trabalhos que não foram
listados aqui. Como a sede da Associação Atlética da Bahia (demolida) em 1941,
várias residências e edifícios construídos entre as décadas de 30 e 60, o Museu
Hansen Bahia em 1980 na cidade de Cachoeira (era consultor do IPHAN),
restruturação e adaptação do Solar Berquó (sede do IPHAN Bahia) entre 1986 -
1988), Avenidas Bonocô e Miguel Calmon (Vale do Canela) em 1970, e a
revitalização do Mosteiro de São Bento em 1994.

“O que Diógenes Rebouças não conseguiu salvar com a sua ação, salvou com os
seus pincéis”.²
Cid Teixeira.

Vale lembrar que Diógenes Rebouças também participou do conselho de cultura e


arquitetura do Estado. E mencionar que foi aluno de importantes figuras das artes
aqui na Bahia como: Prisciliano Silva e Pasquale de Chirico. E falando em
arte, é autor de trabalhos belíssimos que retratou a cidade do Salvador em meados
do século XIX. Suas obras são de grande valor artístico e cultural, pois além de
retratar a cidade em cenas magníficas mostram um pouco do cotidiano em algumas
telas. Fazendo suas pinceladas expandirem cor, simbolismo e História, retratando
uma cidade que não pode ser mais vista atualmente, se perdeu infelizmente entre os
escombros gerados pela dita "modernidade".

Por fim cabe a mim e a todos os cidadãos de Salvador agradecer a Diógenes de


Almeida Rebouças, nascido e 7 de maio de 1914, falecido em 6 de novembro de
1994, pelo seu magnífico trabalho de preservação e modernização na capital baiana.

Em 2014 comemora-se o Centenário de Diógenes Rebouças.


Detalhes no site Diógenes Rebouças.
Obras de Destaque:

Antigo Estádio da Fonte Nova. Demolido.


Imagem: Encontrada em gurufilmes.wordpress.

Solar do Unhão e Avenida Contorno no fundo.


Imagem: Encontrada em Bloglog globo.

Algumas Telas de Diógenes Rebouças:


Antigo Elevador Lacerda antes da reforma da década de 30. E parte do bairro do Comércio.
Autor: Diógenes Rebouças.
Imagem: Postada por "Soteropolis1" encontrada no site Skyscrapercity.

Praça Tomé de Souza, ao fundo a antiga Sé que foi demolida em 1933.


Atualmente no canto esquerdo encontra-se a sede da Prefeitura de Salvador.
Autor: Diógenes Rebouças.
Imagem: Postada por "Soteropolis1" encontrada no site Skyscrapercity.
Dois importantes componentes têm a Praça 2 de Julho, o nosso Campo Grande: o Hotel
da Bahia e o Teatro Castro Alves, o primeiro idealizado no governo de Otávio
Mangabeira e o segundo no governo de Antônio Balbino.

O Hotel da Bahia veio preencher uma lacuna no ramo hoteleiro de Salvador. Àquele
tempo, 1950, Salvador possuía apenas dois hotéis com alguma qualidade: o Pálace
Hotel e o Hotel Meridional, ambos na Rua Chile.

Mangabeira então idealizou o Hotel da Bahia e os arquitetos Diógenes Rebouças e


Paulo Antunes Ribeiro fizeram o projeto. Foi inaugurado em 24 de maio de 1952.

Há de se registrar um comentário feito por determinado jornal da época: “para que um


Hotel tão grande? É um desperdício do dinheiro público”.

Gente como esta fez comentário com o mesmo viés quando ACM construiu a Avenida
Paralela: “para que uma avenida desta? Não tem nem saídas”.

Nunca esquecemos esses comentários. Não imaginávamos que um dia poderíamos usá-
los para exemplificar a estreiteza de pensamento de uma crítica perniciosa aos
interesses de uma comunidade.

Foi reformado em 1970 e em 1978 enfrentou sua primeira crise. Reabriu em 1984 após
nova reforma. O Hotel da Bahia foi projetado pelos arquitetos Diógenes Rebouças e
Paulo Antunes Ribeiro. Sua construção deve-se ao Governador Otávio Mangabeira e foi
inaugurado em 24 de maio de 1952. Foi reformado em 1970 e em 1978 enfrentou sua
primeira crise, tendo sido fechado. Reabriu em 1984, completamente reformado e
ampliado.

Há dois ou mais anos voltou a fechar e agora deverá retornar a funcionar sobre nova
gestão que promete um hotel mais luxuoso e funcional.

Hotel da Bahia -Hoje Sheraton


Sua antiga e bela piscina

Painel de Genaro de
Carvalho

O hotel possuia diversos painés e outras obras artísticas. Está indo tudo a leilão no
presente momento.
Teatro Castro Alves

Um dos mais modernos teatros do País, foi construído em 1958 e sofreu um incêndio
dias antes de sua inauguração। Sua recuperação foi concluída em 1967. Vinte e nove
anos depois o teatro passou por uma reforma completa e ganhou os mais modernos
equipamentos cênicos.

Em verdade, o projeto de construção desse teatro já estava previsto desde 1947 quando
Anisio Teixeira era secretário de educação, contudo só em 1951, já no governo de
Antônio Balbino (1955/1959) tem andamento as obras, Em 1958, cinco dias antes de
sua inauguração (9 de julho de 1958), sofre um incêndio sendo finalmente inaugurado
em 1960.

Diversos projetos foram elaborados para a sua construção. O primeiro deles pelos
arquitetos Rocha Miranda e Souza Reis (1948). Após o incêndio, novo projeto foi
desenvolvido, agora da autoria de José Bina Fonyat Filho e Humberto Lemos Lopes.

De relação ao incêndio contam-se histórias incríveis. Uma delas de que o incêndio teria
sido criminoso. Foi descoberto um grave erro de construção. O prédio não possuía um
tal de pilar em V sem o qual poderia desabar. O fato é que, na sua reconstrução o
“bendito” pilar, como foi chamado na época, foi introduzido.
Vejamos o que é um pilar em V e o que os engenheiros dizem sobre eles:
Pilar em V

Falam os engenheiros: “Os pilares são definidos como elementos estruturais


lineares de eixo reto,usualmente dispostos na vertical, submetidos predominantemente
à flexocompressão.Os pilares são os elementos principais do sistema estrutural de um
edifício, uma vez que participam diretamente da estabilidade global do mesmo. Por
esse motivo, o projeto desses elementos consiste numa tarefa de
granderesponsabilidade para o engenheiro estrutural.”

Ficamos por aqui ou não? Não! Para


amenizar a coisa será que o prédio onde mora a nossa belíssima e extraordinária
cantora Ivete Sangalo tem pilar em V? Ele fica em frente ao teatro, do outro lado da
praça.

Esse prédio com certeza não tem pilar em V. Fica no entorno do largo

Nem este! Antigamente era a sede do Cruz Vermelha।

Para amenizar mais a questão, vamos retratar a beleza com elementos do largo:
Flor de Acanto

Banho de folha de Pau Brasil.O teatro merece!


O negócio é beleza!

Diógenes de Almeida Rebouças nasceu em 1914 em uma fazenda no


município baiano de Amargosa e, aos quatro anos, se transferiu com a
família para Itabuna, onde os pais possuíam propriedades rurais. Entre
1930 e 1933, cursou Engenharia Agronômica na Escola Agrícola da Bahia,
em São Bento das Lajes, e em seguida retornou a Itabuna, onde começou
a trabalhar como topógrafo, ao mesmo tempo em que ajudava a
administrar as fazendas da família. Através dos contatos sociais e dos
engenheiros que conheceu como topógrafo em Itabuna, passou a
elaborar projetos de arquitetura, se tornando um dos mais produtivos
projetistas da cidade nos anos 30. Seu projeto mais importante dessa
primeira fase é a Catedral de São José, em Itabuna.

Em 1936, Diógenes Rebouças transfere-se definitivamente para


Salvador, onde retoma os cursos de arquitetura, desenho e pintura na
Escola de Belas-Artes da Bahia, iniciados cinco anos antes; em 1937,
conclui somente aquele de Desenho e Pintura. Em 1941, é convidado pelo
engenheiro Mário Leal Ferreira para opinar sobre o paisagismo do
entorno do estádio que começava a ser construído pelo Governo do
Estado nas proximidades do Dique do Tororó. Indignado com o projeto,
que tamponava o fundo do vale, apresenta um estudo alternativo para o
estádio, implantando-o parcialmente sobre a encosta de Nazaré e criando
uma abertura para o Dique do Tororó, e consegue convencer o
governador Landulfo Alves a executar a sua proposta. O Estádio da Fonte
Nova seria inaugurado dez anos depois.

A partir de 1943, com a instalação do EPUCS


(Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador) sob a direção
geral de Ferreira, Rebouças é convidado a coordenar o setor
paisagístico. Com a morte de Ferreira, em 1947, Rebouças assume a
direção do EPUCS, onde elabora, nos quatro anos seguintes, projetos
urbanísticos e arquitetônicos que mudam a paisagem de Salvador, dentre
os quais se destacam a Avenida Centenário, a Penitenciária do Estado, o
Hotel da Bahia (em parceria com Paulo Antunes Ribeiro), os novos
pavilhões do Parque Sanatorial Santa Terezinha e o Mercado do Peixe no
Porto da Barra. Concebe ainda projetos para o interior do Estado, como o
hospital e o hotel de Paulo Afonso e uma série de edifícios escolares
baseados na pedagogia de Anísio Teixeira, que são construídos em
diversas cidades baianas. A produção desse período tem seu ponto
culminante no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador,
formado por uma Escola-Parque e quatro Escolas-Classe e que se torna
imediatamente uma referência nacional e internacional de arquitetura
escolar, servindo de modelo ainda hoje para projetos semelhantes em
outras cidades brasileiras.

Somente em 1952, quando já era, indiscutivelmente, o mais renomado


arquiteto baiano e já tendo deixado o EPUCS, Rebouças obtém o título
de arquiteto pela Universidade Federal da Bahia, onde passa a lecionar;
paralelamente, abre seu escritório de arquitetura e urbanismo, que será,
até meados da década seguinte, o maior e mais produtivo do Estado.
Dentre os principais projetos desta fase, estão a Avenida Contorno, o
Centro Educacional do Estado de Alagoas, a sede da TV Itapoã, a Escola
Politécnica, a Colônia de Férias do SESC, a Estação Rodoviária da Sete
Portas, a Estação Marítima de Passageiros e a sede do BANEB, bem
como dezenas de residências e de edifícios de apartamentos e de
escritórios. Embora tenha tido, em alguns desses projetos, parceiros
como Bina Fonyat e Fernando Leal, é o jovem Assis Reis quem se
consolidará como seu principal colaborador nessa fase.

A saída de Assis do escritório, em 1963, inicia


uma nova etapa na produção de Rebouças, na qual a quantidade de
projetos é menor, mas a sua influência continua imcomparável. Os
projetos mais representativos dos dez anos seguintes são a Faculdade de
Arquitetura da UFBA e a ampliação do Complexo Esportivo da Fonte Nova
em Salvador, além de edifícios industriais, de escritórios e de
apartamentos.

Em 1972, fecha definitivamente o escritório e dá início a um período


dedicado ao ensino, à participação em instâncias como o Conselho
Estadual de Cultura e às consultorias. Já nos anos 1980, como consultor
do IPHAN, desenvolve dezenas de estudos para monumentos baianos
tombados. Na mesma época, idealizou um projeto de transporte de
massa para a área central de Salvador, igualmente não implantado, e,
teve a oportunidade de conceber, em coautoria com Lourenço do Prado
Valladares, a proposta de reforma e ampliação do Hotel da Bahia. Em
1984 se aposenta compulsoriamente da UFBA e, em dezembro de 1994,
falece em sua casa.

Diógenes Rebouças foi, indiscutivelmente, o mais renomado e influente


arquiteto baiano entre o final dos anos 1940 e o início dos anos 1960 e,
mesmo após esse período, teve papel fundamental na construção da
paisagem de Salvador e de outras cidades baianas e na formação das
novas gerações de arquitetos e urbanistas.

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