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ILMO SR.

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL

Nome do Solicitante: COLÉGIO COC JARDIM BOTÂNICO


Número do Solicitante: CNPJ 23.630.816/0001-02
Recurso contra o Parecer Nº 82/2020-CEDF: Conselheiro-Relator: MARCO
ANTONIO DEL’ISOLA

Processo: SEI GDF nº 00080-00064267/2019-55

​COLÉGIO COC JARDIM BOTÂNICO, inscrito no CNPJ nº


23.630.816/0001-02, com sede Condomínio Estância Jardim Botânico II,
Conjunto B, Lote 2, Parte 1, Jardim Botânico, Brasília – DF, CEP: 71680-
390, neste ato representada por sua sócia, WILMA SALVIANO DE MEDEIROS
MATOS, brasileira, casada, empresária, portadora da RG 175.3839 SSP/DF,
inscrita no CPF/MF sob o nº 708.182.231-20, residente e domiciliada nesta
capital, vem, respeitosamente, com fundamento no art. 231 da Resolução nº
2/2019 do Conselho de Educação do Distrito Federal, interpor RECURSO em
face da decisão do Conselho de Educação que indeferiu o pleito de
autorização para a oferta do ensino médio do Colégio COC Jardim Botânico.

DA TEMPESTIVIDADE
​A decisão foi publicada no DODF nº 183, em 25/09/2020, pg. 16.
Conforme prevê o art.231 da Resolução nº 2/2019, o prazo para interpor
recurso ao Secretário de Educação é de 30 dias contados da data de
publicação do ato no órgão oficial do Distrito Federal. Portanto, a interposição
do recurso na data de hoje é considerada TEMPESTIVA.

DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA


​De acordo com o julgamento do Conselho de Educação seu
indeferimento ao pedido do Colégio COC Jardim Botânico para autorização
para a oferta do ensino médio foi fundamentado nos termos a seguir:
(...)
Insta destacar que, nos termos do artigo 190 e do inciso III,
artigo 191, da Resolução nº 1/2018-CEDF, a Licença de
Funcionamento é documento indispensável para a
autorização de nova etapa para as instituições educacionais
credenciadas.
No caso em tela, a instituição educacional restou diligenciada
por este Conselho de Educação para apresentar o documento
que comprove o licenciamento para funcionamento, restando
constatado que a situação permanece inalterada, com o
indeferimento na nova Consulta de Viabilidade apresentada,
datada de 10 de agosto de 2020, não sendo possível assim dar-
se prosseguimento ao pleito formulado pela instituição
educacional por ausência de amparo legal.
​Embora o Colégio COC Jardim Botânico respeite e cumpra as decisões
do Conselho de Educação do Distrito Federal, com a devida vênia, no presente
caso, o recorrente exercerá seu direito de recorrer à instância superior,
representada pelo Secretário de Educação para demonstrar que o Conselho de
Educação proferiu decisão contrária à legislação emanada pelo próprio
Conselho de Educação e por decisões anteriormente proferidas também pelo
referido órgão recorrido. Por essa razão, a decisão do Conselho de Educação
proferida no Parecer Nº 82/2020-CEDF deverá ser cassada/anulada sob os
fundamentos a seguir expostos.

DAS RAZÕES DO RECURSO

​Apenas para contextualizar, é de conhecimento de toda população que a


Região Administrativa do Jardim Botânico é uma região nova e que atualmente
está em fase de franca regularização fundiária. Como prova dessa situação foi
enviado Ofício à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação
do Distrito Federal (SEDUH/GAB) para emitir parecer a respeito da adequação
das atividades desenvolvidas pela solicitante (prestação de serviços
educacionais) e as Diretrizes Urbanísticas da Região São Bartolomeu, Jardim
Botânico e São Sebastião DIUR 01/2019. Em resposta ao Ofício, a SEDHU se
manifestou da seguinte forma:
​ “Ressalta-se o entendimento firmado que, de acordo com
as Diretrizes Urbanísticas aplicáveis à região do São Bartolomeu,
Jardim Botânico e São Sebastião DIUR 01/2019 e com o disposto
na Portaria nº 159, de 13/12/2017, “a área em pleito, por estar
voltada para a Via de Circulação proposta na DIUR 01/2019, é
possível de licenciamento da sua atividade”.

​Além da SEDHU, o COLÉGIO COC JARDIM BOTÂNICO envio


Ofício também à TERRACAP para emitir parecer sobre o real andamento do
processo para regularização da área em que localiza o Condomínio Estância
Jardim Botânico ETAPA II. Todas essas providências da Requerente
demonstram seu total interesse em seguir as normas do Estado.
​Destaque-se que o Colégio COC realizou os pedidos necessários
para aprovação do projeto junto à Administração do Jardim Botânico, inclusive
com a aprovação do Corpo de Bombeiros e da própria Secretaria de Educação,
conforme pode ser verificado no PARECER Nº 187/2018-CEDF que proferiu a
decisão:
“(...)
Credencia, a contar da data da publicação da portaria oriunda do
presente parecer até 31 de julho de 2023, o Colégio COC Jardim
Botânico; autoriza a oferta da educação infantil, creche, para
crianças de 0 a 3 anos de idade, e pré-escola, para crianças de 4 e
5 anos de idade; autoriza a oferta do ensino fundamental, do 1º ao
9º ano; aprova a Proposta Pedagógica da instituição educacional;
e dá outras providências.” (grifos)

​Ainda em relação ao PARECER Nº 187/2018-CEDF, verifica-se à


época do primeiro credenciamento que o Conselho de Educação aplicando os
mesmos critérios, porém, baseados em notas técnicas e na Resolução de
nº1/2012 julgou favorável o pleito do Colégio COC Jardim Botânico.

(...)
Das condições físicas da instituição educacional.

A instituição educacional encontra-se em funcionamento, em imóvel


próprio, conforme Escritura Pública, fls. 25 a 28, e pareceres técnicos-
profissionais, fls. 186 a 188 e 232 a 235.
Registra-se que a instituição educacional não possui Licença de
Funcionamento. Contudo, de acordo com a Nota Técnica nº 1/2016-
CEDF, que suspende temporariamente o referido documento até a
aprovação da LUOS (Lei de Uso e Ordenação do Solo) foi
apresentado Parecer Técnico-Profissional, fls. 232 a 235,
acompanhado do Registro de Responsabilidade Técnica – RRT,
fls. 236 e 237, com parecer favorável ao projeto de arquitetura da
instituição educacional que trata das duas edificações. O mesmo
parecer também é favorável às condições físicas da instituição
educacional, atendendo o disposto na Nota Técnica nº 1/2017-CEDF.
(grifos)

​Entretanto, no Parecer Nº 82/2020-CEDF não considerou que na


ausência de licença de funcionamento a própria Resolução de nº2/2019 do CEDF
preceitua em seu arts. 229-A e 230 que:
Art. 229-A. O documento que comprove a Licença para Funcionamento exigido
nos artigos 184, 191, 194, 199, 200, 207 e 229 desta Resolução, com
pendência de órgãos licenciadores, deve ser complementado, em caráter
excepcional e transitório, pelo Laudo Técnico- Profissional de engenheiro
civil ou arquiteto, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica -
ART ou Registro de Responsabilidade Técnica - RRT, que ateste: (Incluído pela
Resolução nº 2/2019-CEDF)
I - segurança, solidez e estabilidade da edificação para o funcionamento das
atividades educacionais; (Incluído pela Resolução nº 2/2019-CEDF)
II - condições das instalações físicas para o funcionamento do ensino proposto,
observada a capacidade de estudantes por sala de aula e demais ambientes de
aprendizagem, em consonância com a relação dos espaços físicos
apresentada, de acordo com a legislação vigente.
(Incluído pela Resolução nº 2/2019-CEDF)
Art. 230. A Licença de Funcionamento, pode ser substituída, em caráter
excepcional e transitório, nas áreas não contempladas pela Lei de Uso e
Ordenação do Solo - Luos ou pelo Plano de Preservação do Conjunto Urbano -
PPCUB, por Laudo Técnico-Profissional de engenheiro civil ou arquiteto com
Anotação de Responsabilidade Técnica - ART ou Registro de Responsabilidade
Técnica - RRT, que ateste: (Redação dada pela Resolução nº 2/2019- CEDF)
I - segurança, solidez e estabilidade da edificação para o funcionamento das
atividades educacionais;
II - condições das instalações físicas para o funcionamento do ensino proposto,
observada a capacidade de estudantes por sala de aula e demais ambientes de
aprendizagem, em consonância com a relação dos espaços físicos
apresentada, de acordo com a legislação vigente.”

“§ 3º Constatadas eventuais discrepâncias entre o Laudo Técnico-Profissional


apresentado e a situação verificada in loco pelo órgão próprio da Secretaria de
Estado de Educação do Distrito Federal, será solicitado ao profissional
responsável pelo laudo novo parecer com os ajustes necessários.”

​Diametralmente significa afirmar que o Conselho de Educação, no


Parecer Nº 82/2020-CEDF, deixou de aplicar dispositivo previsto na
Resolução de nº2/2019 do próprio do CEDF. Por outro lado, cabe ressaltar
que consta no Parecer Nº 82/2020-CEDF, que o Colégio COC Jardim Botânico
apresentou Laudo Técnico-Profissional de engenheiro civil ou arquiteto com
Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, conforme exigido no art. 230 da
Resolução nº2 – CEDF, vejamos:
(...)
“ No que concerne às condições físicas da instituição educacional
para a oferta do ensino médio, registra-se o Laudo Técnico
emitido por engenheiro contratado pela instituição educacional
com registro CAU/BR 101597-4, que conclui que a edificação se
encontra em bom estado de conservação e segurança e em
plenas condições de utilização para a finalidade a qual se dispõe,
acompanhado pelo Registro de Responsabilidade Técnica – RRT,
emitido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.”

​Assim, pode-se verificar que a documentação exigida foi apresentada


adequada e tempestivamente, porém, os argumentos do Conselho no Parecer
Nº 82/2020-CEDF foi pelo indeferimento.

​Ainda quanto aos argumentos do Conselho no Parecer Nº


82/2020-CEDF frisa-se:
(...)
“Contudo, a instituição educacional apresentou Consulta de
Viabilidade, emitida em 27 de março de 2020, pelo sistema do
Certificado de Licenciamento-RLE para o local, com
indeferimento para a oferta do ensino médio, por contrariar
uso previsto na legislação urbanística do setor. (...)”

​O trecho acima encontra-se em dissonância com o que prevê o


parágrafo 1º, do art.230 da Resolução de nº2/2019, vejamos:
(...)
“§ 1o É indispensável a apresentação do resultado da Consulta de Viabilidade
de Localização e de Nome Empresarial.”

​No referido dispositivo está expresso que é indispensável a


apresentação do resultado da Consulta de Viabilidade, ou seja, não está
escrito que é indispensável que esse resultado da consulta de viabilidade seja
pelo deferimento. Portanto, o que está previsto na norma foi fielmente cumprido
pelo Colégio COC Jardim Botânico.
​Por outro lado, cabe registrar que a situação da viabilidade
não encontra-se decidida de forma definitiva, pois, ainda aguarda-se a
aprovação da LOUS, conforme foi registrado pelo próprio relatório
conclusivo da Dine/Suplav/SEEDF em que registrou:

“Na época da autuação do processo a instituição educacional não


apresentou RLE nem alvará de funcionamento. Em sua justificativa, a
Instituição de Ensino apresentou um requerimento (nº processo SEI
000390-00007151/2019-42) protocolado junto a Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Urbano e Habitação [...] que solicita ao órgão
supracitado documento que informe que as atividades exercidas pela
Instituição Educacional estão de acordo com as diretrizes urbanísticas
da região São Bartolomeu, Jardim Botânico e São Sebastião - DIUR
01/2019.
Em 20 de maio de 2020, foi apresentada a RLE, [...], que mostra a
consulta de viabilidade indeferida em 27/03/2020, entretanto ressalta
que "se encontra em processo de revisão/adequação na Secretaria
de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação a Lei de uso e
ocupação do solo do Distrito Federal - LUOS, ocasião que serão
incluídos na referida os imóveis inseridos no parcelamento que
consubstancia o Lote 922, da Avenida Dom Bosco, Quadra 4 do
Setor Habitacional do Jardim Botânico - Etapa II". (sic)

​Comumente, utiliza-se a presunção de legitimidade dos atos


administrativos, como escopo, a justificar toda e qualquer autuação
administrativa imposta por seus agentes, quando no exercício de sua função
fiscalizadora.
​No entanto, em que pese tratar-se de agentes administrativos no
sentido próprio do termo, atuando em nome da Administração Pública, não se
perca de vista sua natureza humana, passível, portanto, de realizar ato falho ou
equívoco.
​Desse modo, a presunção de legitimidade dos atos
administrativos, do modo como atualmente aplicada, não pode consubstanciar
verdadeira presunção juris et de jure, absoluta, sob pena de ferir a
razoabilidade e a ponderação necessárias à busca da verdade real, essa como
razão maior da prestação jurisdicional vindicada.
​Entender de modo contrário significaria retrocesso, haja vista a
atribuição de excessivo respaldo à atuação administrativa, que, acobertada
pelo pálio da presunção de legitimidade, pode, em verdade, consolidar
situações equivocadas, tornando impossível ao administrado demonstrar a
eventual existência de erro.
​Nesse toar, há de se considerar que, embora os atos
administrativos revistam-se do atributo de presunção de legitimidade e
veracidade, o que faz presumir, até que se prove o contrário, a sua legalidade,
tal presunção, não se revela absoluta, na medida em que permite ao
administrado a oportunidade de verificar a regularidade dos atos emanados da
Administração.
​O Supremo Tribunal Federal já afirmou que o princípio da
proporcionalidade veda os excessos e as prescrições nada razoáveis do Poder
Público. Confira-se:

"O princípio da proporcionalidade - que extrai a sua justificação


dogmática de diversas cláusulas constitucionais, notadamente
daquela que veicula a garantia do substantive due process of law -
acha-se vocacionado a inibir e a neutralizar os abusos do Poder
Público no exercício de suas funções, qualificando-se como
parâmetro de aferição da própria constitucionalidade material dos
atos estatais. A norma estatal, que não veicula qualquer conteúdo
de irrazoabilidade, presta obséquio ao postulado da
proporcionalidade, ajustando-se à cláusula que consagra, em sua
dimensão material, o princípio do substantive due process of law
(CF, art. 5º, LIV)" "Medida Cautelar na Ação Direta de
Inconstitucionalidade n° 1407/DF, Relator: Min. CELSO DE
MELLO, Julgamento: 07/03/1996, Órgão Julgador: Tribunal Pleno,
Publicação: DJ 24-11-2000 p.86".

​ ​ O posicionamento ostentado pelo Excelso Pretório encontra-se em


consonância com a doutrina constitucional mais moderna. Enfatiza-se que, em
se tratando de imposição de restrições a determinados direitos, deve-se
indagar não apenas sobre a admissibilidade constitucional da restrição
eventualmente fixada, a chamada reserva legal, mas também sobre a
compatibilidade das restrições estabelecidas com o princípio da
proporcionalidade.

​Pertinente trazer à baila o trecho do voto-vista do Ministro Gilmar


Mendes na ADI 1194:

Essa orientação, que permitiu converter o princípio da reserva


legal (Gesetzesvorbehalt) no princípio da reserva legal
proporcional (Vorbehalt des verhältnismässigen Gesetzes),
pressupõe não só a legitimidade dos meios utilizados e dos
fins perseguidos pelo legislador, mas também a adequação
desses meios para consecução dos objetivos pretendidos
(Geeignetheit) e a necessidade de sua utilização (Notwendigkeit
oder Erforderlichkeit).O subprincípio da adequação (Geeignetheit)
exige que as medidas interventivas adotadas mostrem-se aptas a
atingir os objetivos pretendidos. O subprincípio da necessidade
(Notwendigkeit oder Erforderlichkeit) significa que nenhum meio
menos gravoso para o indivíduo revelar-se-ia igualmente
eficaz na consecução dos objetivos pretendidos. Em outros
termos, o meio não será necessário se o objetivo almejado
puder ser alcançado com a adoção de medida que se revele a
um só tempo adequada e menos onerosa. Ressalte-se que, na
prática, adequação e necessidade não têm o mesmo peso ou
relevância no juízo de ponderação. Assim, apenas o que é
adequado pode ser necessário, mas o que é necessário não
pode ser inadequado. Pieroth e Schlink ressaltam que a prova
da necessidade tem maior relevância do que o teste da
adequação. Positivo o teste da necessidade, não há de ser
negativo o teste da adequação. Por outro lado, se o teste quanto à
necessidade revelar-se negativo, o resultado positivo do teste de
adequação não mais poderá afetar o resultado definitivo ou final.
Um juízo definitivo sobre a proporcionalidade da medida há de
resultar da rigorosa ponderação e do possível equilíbrio entre o
significado da intervenção para o atingido e os objetivos
perseguidos pelo legislador (proporcionalidade em sentido estrito).
É possível que a própria ordem constitucional forneça um
indicador sobre os critérios de avaliação ou de ponderação que
devem ser adotados. Pieroth e Schlink advertem, porém, que,
nem sempre, a doutrina e a jurisprudência se contentam com
essas indicações fornecidas pela Lei Fundamental, incorrendo no
risco ou na tentação de substituir a decisão legislativa pela
avaliação subjetiva do juiz. Tendo em vista esses riscos, procura-
se solver a questão com base nos outros elementos do princípio
da proporcionalidade, enfatizando-se, especialmente, o significado
do subprincípio da necessidade . A proporcionalidade em
sentido estrito assumiria, assim, o papel de um "controle de
sintonia fina" (Stimmigkeitskontrolle), indicando a justeza da
solução encontrada ou a necessidade de sua revisão.
​Desta feita, a exigência de licenciamento – RLE pelo Conselho de
Educação do Distrito Federal no Parecer Nº 82/2020 se mostra ilegítima, pois,
o CEDF não possui competência para fiscalizar ou discutir sobre viabilidade,
cabe destacar que o Distrito Federal, por meio da Secretaria de Estado de
Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal), tem o dever de fiscalizar as obras e
as edificações não licenciadas, solicitar a documentação de licenciamento de
obras, realizar vistorias e aplicar as sanções relativas às infrações
especificadas na Lei nº 6.138/2018 e na Lei nº 5.547/2015.
​Ademais, cumpre registrar o relatório emitido no PARECER Nº 187/2018-
CEDF, referente ao primeiro credenciamento, apontado nas visitas de inspeção
in loco:

“Das visitas de inspeção in loco:


Foram realizadas duas visitas de inspeção in loco, em 2 de fevereiro de
2018, fl. 200, quando restou constatado o funcionamento irregular da
instituição educacional, com turmas da educação infantil e do ensino
fundamental, do 1º ao 5º ano, fl. 200, e em 19 de março de 2018, fls.
205 a 215, respectivamente, quando foram verificadas as condições
físicas e pedagógicas da instituição educacional, a
secretaria/escrituração escolar, a habilitação dos profissionais, bem
como fornecidas orientações técnicas necessárias e exigidas as
devidas
Correções. Considerando o relatório conclusivo da
Cosie/Suplav/SEEDF, verifica-se que a instituição educacional possui
recurso didático-pedagógico compatível com a oferta pleiteada, dispõe
de salas de aula com lousa interativa e quadro branco, ar
condicionado, mesas, cadeiras, armários e projetor; as instalações
sanitárias são adequadas à faixa etária atendida e apresentam
excelentes condições; o Laboratório de Ciências e a Sala de Leitura
encontram-se em fase de finalização, no tocante à aquisição de
mobiliário/equipamentos e livros; funciona em prédio próprio com
pavimento térreo e 1º pavimento, sendo garantida a acessibilidade, por
meio de rampas com corrimão. Os representantes da empresa
comprometem-se em concluir o espaço do lactário e a instalar o
elevador, em janeiro de 2019, no período de férias, fl. 239.”

Todavia, o Parecer Nº 82/2020 só se ateve em mencionar que foram


realizadas 2 (duas) visitas de inspeção in loco, em 14 de junho de 2019 e 2 de
agosto de 2019, ocasiões em que foram verificadas as estruturas física e
pedagógica da instituição educacional, a escrituração escolar, a habilitação dos
docentes, bem como prestadas as orientações técnicas necessárias. Conforme
se verifica lendo atentamente ao parecer, as visitas de inspeção in loco, não
apontaram qualquer motivo que pudessem justificar o indeferimento do pedido
de credenciamento, subentende-se, portanto, que todos os quesitos analisados
pela equipe técnica do CEDF verificaram que o Colégio estava apto. Portanto,
a decisão do CEDF pelo indeferimento do pedido do credenciamento apenas
por falta de licenciamento mostrou-se ilegal e nada razoável.

​ ​Nesse toar, há de se considerar que, embora os atos


administrativos revistam-se do atributo de presunção de legitimidade e
veracidade, o que faz presumir, até que se prove o contrário, a sua legalidade,
tal presunção, não se revela absoluta, na medida em que permite ao
administrado a oportunidade de verificar a regularidade dos atos emanados da
Administração pela própria administração (em sede recurso administrativo) e
judicialmente.
​Por fim, cabe registrar que a lei dispõe que nada impede que haja
a alteração do projeto urbanístico da área, a fim de que sejam atendidas as
novas demandas surgidas da cidade, buscando-se, sempre, o desenvolvimento
sustentável, sem olvidar, todavia, as normas que garantem o respeito às
normas urbanísticas da cidade do Jardim Botânico.
Segundo observa Paulo Affonso Leme Machado (ob. cit.,
p.377), "A ordem urbanística há de possibilitar uma nova cidade,
em que haja alegria de se morar e trabalhar, de se fruir o lazer nos
equipamentos comunitários e de se contemplar a paisagem
urbana".
Além do meio ambiente natural, isto é, dos elementos
ecológicos, não se pode olvidar que as cidades também abarcam
elementos do meio ambiente, em sua acepção artificial. José
Afonso da Silva (Direito ambiental constitucional. São Paulo:
Malheiros, 1997, p.3) explica que o meio ambiente artificial é
"constituído pelo espaço fechado urbano construído,
consubstanciado no conjunto de edificações (espaço urbano
fechado) e dos equipamentos públicos (ruas, praças, áreas
verdes, espaços livres em geral: espaço urbano aberto).
Identicamente, as cidades compreendem o meio ambiente em
uma dimensão cultural, como o urbanismo, o zoneamento, o
paisagismo, os monumentos históricos e todos os demais bens e
valores artísticos, estéticos, turísticos, paisagísticos, históricos,
arqueológicos e bucólicos. Todos estes atributos - naturais,
artificiais e culturais - são valores constitucionalmente previstos e
dignos de tutela.
A ordem urbanística encontra respaldo na Constituição Federal
de 1998, que em seu art. 182, estabelece que a política de
desenvolvimento urbano tem por fim ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-
estar de seus habitantes.
A Lei Federal nº. 10.257, de 10/07/2001 (Estatuto da Cidade),
veio a regulamentar os arts. 182 e 183 da Carta Maior,
estabelecendo diretrizes gerais da política urbana. Dentre as
diretrizes gerais, estabeleceu em seu art. 2º, inc. I, a "garantia do
direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra
urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra estrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao
lazer, para as presentes e futuras gerações".
Há que se considerar ainda que a ocupação do espaço
urbano é mutável, redimensionada constantemente, à medida que vai
ganhando novos dinamismos e valores pela sociedade. E hoje é
inquestionável o atributo do ensino e educação nas cidades e de que
esse território também cumpre uma função social, independente de ser
privada ou pública. No caso em tela o que está em discussão é um
benefício que poderá ser usufruído por toda comunidade com mais uma
escola que proporcionará o ensino de qualidade a centenas de alunos e
oportunizará empregos diretos e indiretos vários profissionais.

Do Interesse Público

​Segundo Carvalho Filho (2010), a noção de interesse


público adquiri papel expressivo a partir da constituição do Estado de Direito. O
autor mostra que, na antiguidade, baseada em uma visão clássica, não havia
espaço para definir espaço público; no entanto, no direito romano, já se podia
encontrar certos axiomas que se relacionavam ao interesse do Estado. Nesse
sentido, o trecho seguinte elucida a ideia do autor sobre a constituição histórica
do interesse público.

​Ao se alinhar a esse raciocínio, Carvalho Filho (2010)


elucida que, associando o interesse público à finalidade do Estado, surgiu a
figura que marcaria a dissociação das ideias defendidas na visão clássica, ou
seja, a administração do Estado, agora perseguindo outro fim legal que não o
estabelecido no direito, ou seja, o do interesse público.

​Ao pensar na sociedade como grupos sociais que tem


anseios e interesses, pensa-se o Estado como provedor da administração.
Assim, a ideia que o interesse público é antagônica ao isolacionismo e ao
egocentrismo ganha força. O interesse público não é o somatório dos
interesses individuais dos componentes do grupo social, mas traduz interesse
próprio, coletivo, gerador de satisfação geral, e não individual; enfim, busca o
bem comum. (CARVALHO FILHO, 2010, p. 73). Para Carvalho Filho (2010, p.
73), o princípio da supremacia do interesse público passa por um raciocínio
que incluí a seguinte lógica: “se o interesse é público, tem que ponderar sobre
o interesse privado quando estiverem em rota de colisão”. Segundo o autor, da
mesma maneira, nos grupos sociais, as demandas gerais devem suplantar as
individuais.

​Ressalta-se aqui que este princípio não significa o


desrespeito ao direito privado, uma vez que a “Administração deve obediência
ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito”, como ressalta
Carvalho Filho (2010, p. 75).

​No caso em tela é mais que notório o interesse público (coletivo),


tendo em vista que o COLÉGIO COC JARDIM BOTÂNICO faz toda a
diferença na vida da comunidade do Jardim Botânico com pouco mais de 50
mil habitantes, proporcionando o acesso a um ensino de qualidade. Por outro
lado, não pode ser esquecido que a decisão do Conselho de Educação no
Parecer Nº 82/2020 foi contrária ao que prevê a Resolução de nº2 CEDF, nos
arts. 229-A e 230, pois, ignorou o que prevê o art. 229-A quando excepciona
justamente o art.191 da mesma Resolução.

IV. A CONCLUSÃO

Ante o exposto, requer a acolhimento do presente para requerer:

a) Liminarmente o efeito suspensivo da decisão do Conselho de


Educação sob risco de dano irreparável ao Recorrente caso seja
proibido de abrir matrícula aos alunos do ensino médio para o ano de
2021;
b) No mérito, a cassação da decisão do Conselho de Educação no
Parecer Nº 82/2020 que indeferiu a oferta de vagas para o ensino
médio;
c) Deferimento do pedido para credenciamento para ofertar vagas
no ensino médio do Colégio COC Jardim Botânico, situado no
Condomínio Estância Jardim Botânico II, Conjunto B, Lote B 2, Setor
Habitacional Jardim Botânico, Lago Sul – Distrito Federal, mantido pelo
Colégio Jardim Botânico COC Ltda., inscrito no CNPJ sob o nº
23.630.816/0001-02.

​Nesses termos, pede deferimento.

​Brasília – DF, 05 de outubro de 2020

COLÉGIO COC JARDIM BOTÂNICO


CNPJ nº 23.630.816/0001-02

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