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28º PROMOTOR DE JUSTIÇA DE DEFESA DA CIDADANIA DA CAPITAL.

NÚMERO DO PROCEDIMENTO 01891.001.865/2022

PARA: Excelentíssimo Promotor de Justiça SALOMÃO ABDO AZIZ ISMAIL FILHO

Recife-PE, 04 de novembro de 2022.

Eu, Augusto César Alves de Souza, discente regular do curso de bacharelado em Saúde Coletiva da
FCM/UPE; com fulcro no inciso XXXIV e caput do art. 5° da Constituição Federal de 1988; solicito,
respeitosamente, providências do Ministério Público de Pernambuco para contornar um problema com a UPE.

Passo a responder a solicitação encaminhada pelo Ministério Público no dia 21/10/2022.

O anexo I disponibilizado pela UPE (requerimento n° 268 datado de 16/01/2020) reitera a solicitação de
revisão de prova expressamente destacando que o protocolo anterior (n° 226) não foi cumprido.

Destaco que a instituição não apresentou o protocolo n° 226 datado em 06/01/2020, do qual
claramente comprova que o pedido de revisão foi protocolado dentro do prazo legal. Considere-se, ainda, a
informação manifestada pela direção, por email (anexo), comunicando sobre o recesso na FCM durante a primeira
semana de janeiro de 2020.

O prazo normativo fixado pelo § 1° do art. 188 do Regimento Geral da UPE determina solicitação de
revisão de prova no prazo de “ 3 dias uteis após a divulgação da nota”.

Considerando que a nota foi divulgada, através do SIGA, no dia 31 de dezembro de 2019;

Considerando que não houve expediente na FCM durante a primeira semana de janeiro 2020 devido o
recesso informado pela direção da FCM (anexo);

Tendo em vista que o dia 06/01/2020 foi o primeiro dia útil da FCM após a divulgação da nota no dia
31/12/2019,

Fica explicito que a solicitação de revisão de prova foi realizada rigorosamente dentro do prazo pelo
estudante, fato atestado pelo protocolo n° 226 datado em 06/01/2020 (anexo). Comprova-se com isso que a
informação da UPE de que a solicitação de revisão foi intempestiva é improcedente.

Quanto a alegação de que a revisão foi feita, não é verdade. Para comprovar isso basta verificar o
requerimento n° 268 (anexo I da UPE) no dia 16/01/2020 que reitera o não cumprimento do direito discente.
Não suficiente, pode ser verificado no item 2, no final do documento (cuja autenticidade pode ser conferida no site
http://sei.pe.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0,
informando o código verificador 4832697 e o código CRC 827D09B4), expressamente declara o conhecimento, por
parte da instituição, do protocolo 226 referente a revisão de prova, entretanto, alegou “aguardando a revisão por
está no recesso da docente, que retornará dia 15 de janeiro de 2020”.

Percebe-se, com isso, que a docente entrou em recesso deixando pendência do exercício anterior.

Ao não cumprir o protocolo n° 226 tempestivamente solicitado no primeiro dia útil (06/01/2020)
imediatamente posterior a divulgação da nota (31/12/2019), tendo em vista o retorno da docente em 15/01/2020,
foi reiterado pelo discente a solicitação de revisão com novo protocolo na data de 16/01/2020, entretanto, não
foi atendido novamente.

O anexo II disponibilizado pela UPE apresenta o requerimento de cópia da prova no dia 28/01/2020,
mostrando que a revisão solicitada em 06/01/2020 e reiterada em 16/01/2020 não foi respeitada.

Após obter a cópia da prova com o espelho de correção da professora, confirmando que na prova não
houve absolutamente nenhum erro por parte do discente, em 10/02/2020 foi realizada nova solicitação para
revisão de prova na tentativa de, enfim, contornar a nota, porém, novamente a revisão não foi atendida.

Sobre o anexo III, a professora da disciplina que também é a coordenadora do curso, destaca que a prova
foi realizada em 18/12/2019 e que as notas foram publicadas no SIGA. No entanto, não esclarece a data que a nota
da prova foi publicada (31/12/2020), ou seja, 13 dias após a avaliação. Considerando que o art. 188 do Regimento
Geral da UPE aduz que a divulgação das notas devem acontecer no prazo de 7 (sete) a 10 (dez) dias úteis após a
avaliação, percebe-se que a nota foi lançada dentro da previsão regimental, após 9 (nove) dias úteis.

Todavia, a afirmação de que ”após 29 dias da realização da referida prova, em 16 de janeiro de 2020, o
discente protocolou o pedido de revisão de prova”, mostra que o protocolo n° 226 de 06/01/2020 (primeiro dia útil
após a divulgação da nota) não foi cumprido pela instituição. Logo, a alegação de que “o pedido foi protocolado
fora do prazo legal” não é verdadeira, assim como, a afirmação de que a docente responsável ”realizou a revisão
da prova e emitiu espelho de prova”, pois o §2° do art. 188 do Regimento Geral da UPE expressamente determina
que “a revisão será realizada na presença do aluno, pelo docente que o avaliou anteriormente na disciplina”.

Diante da exigência normativa, a revisão não foi realizada na presença do aluno para garantir a contra
argumentação sobre a ponderação da nota. Outrossim, se a revisão tivesse sido realizada, como a UPE alega,
haveria registro em ata de revisão de prova, como ocorre para frequência as aulas e avaliações, no entanto, não há
ata da realização de revisão de prova na disciplina.

Quanto ao espelho de prova, a docente emitiu após ser solicitada pelo protocolo n° 289 de 28/01/2020 que
foi realizado justamente devido o não atendimento das revisões solicitadas anteriormente.

Outro ponto importante de ser esclarecido é que não houve encontro pessoal do estudante com a
docente Márcia para tratar da revisão de prova, tampouco orientação ou leitura do texto como alega o anexo
III da UPE. Após o lançamento da nota em 31/12/2019, o encontro posterior do discente com a docente foi em
fevereiro de 2020 para tratar da situação de faltas dos docentes, que inclusive motivou o documento (cuja
autenticidade pode ser conferida no site
http://sei.pe.gov.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0,
informando o código verificador 4832697 e o código CRC 827D09B4).

É valido esclarecer que o discente desde julho de 2019 vem enfrentando diversos problemas na
instituição iniciados a partir de acusações graves, por parte de outros discentes, imputando-lhe fato de assédio,
ameaça, perseguição, entre outros. Desde então, o discente vem percorrendo instâncias da UPE para apurar e
disciplinar o caso, visto que houve severo desgaste da imagem do aluno diante do teor das acusações sofridas
interferindo na convivência social e nas atividades acadêmicas. No entanto, a UPE não adotou as providências
cabíveis para elucidar o fato e garantir o contraditório e ampla defesa. Como consequência, o aluno foi prejudicado,
inclusive, com docentes submetendo o discente a realização de exames finais em todas as disciplinas do período
(total de 7), onde 4 docentes faltaram injustificadamente as respectivas datas de realização dos exames finais
(de 16 a 20 de dezembro de 2019) fixados pela resolução CEPE/UPE n° 101/2018 (anexo), resolução
CEPE/UPE n° 153/2019 (anexo) e Manual do Período do Curso. Desrespeitando com isso, o inciso III do art.
2° e art. 4° do Decreto/PE nº 46.852/2018; o art. 233 e 234 do Regimento Geral da UPE; o § 1° e § 3° do art. 47 da
Lei n° 9394/1996; os incisos I e VII do art. 193 da Lei/PE n° 6 123/68 ; os incisos V e VI do art. 5° da Lei/PE nº
16.420/2018, entre outros. Os sucessivos desgastes vêm desencadeando diversos problemas para o estudante,
afetando, inclusive, sua saúde (anexo).

Especificamente sobre a prova, ressaltamos que a mesma foi disponibilizada pela FCM. Dessa forma, os
problemas de legibilidade se devem a própria instituição por ter fornecido documento com baixa qualidade
de leitura.

Quanto ao conteúdo da prova, é fato que todas as respostas do estudante compreendem os espelho de
correção da professora. Não se observa ao longo da prova qualquer espécie de erro que comprometa
significativamente a pontuação das questões como ocorreu. O formato da prova permite ao estudante expressar
com suas próprias palavras o que se pede, podendo constatar pela verificação dos verbos utilizados nas questões:
Conceitue/Cite (1° questão); Aborde ( 2° questão); Descreva (3° questão) e Fale ( 4° questão).

A docente extrapolou os critérios de correção, exigindo subjetivamente do estudante uma resposta


engessada. Embora a docente argumente que a resposta, “no seu entendimento”, não foi completa, deve respeitar o
art. 183 do Regimento Geral da UPE, pois cada questão possuía peso 2,5 e foram respondidas congruentemente
com o conteúdo do espelho de correção, sendo injustificável no mínimo 1, 25 (metade da pontuação total) em
cada questão. Ante o inciso XVII do art. 5° do Decreto/PE nº 46.852/2018, cumpri ressaltar que a autonomia
docente alegada pela UPE não deve ser utilizada para submeter estudantes a subjetivismos.

Diante do exposto, entendendo que o aproveitamento do estudante na avaliação foi superior ao atribuído
pela docente e que o aluno não teve o direito de revisão de prova respeitado pela instituição, pede-se o
aproveitamento do discente na disciplina Atividade de Campo III do curso de graduação em Saúde Coletiva
FCM/UPE.

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