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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS
(Contadoria Geral-1841)

DIEx nº 18-ASSE1/SSEF/SEF
EB: 64689.000402/2020-57

Brasília, DF, 28 de janeiro de 2020.

Do Subsecretário de Economia e Finanças


Ao Sr Chefe da 2ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército
Assunto: adicional de habilitação - Mestrado em Educação Matemática
Referência: DIEx nº 394-S1/2ª ICFEx, de 16 DEZ 19

1. Versa o presente expediente acerca de adicional de habilitação.

2. Diante dos desdobramentos do assunto, convém resgatar os fatos que lhe são
pertinentes, de acordo com a documentação trazida a lume.
a. Trata-se de questão oriunda do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São
Paulo (CPOR/SP), de interesse do Cap R1 ANDERSON LOPES.
b. Em linhas gerais, verifica-se que o militar é Prestador de Tarefa por Tempo Certo
(PTTC) na referida OM, contratado para exercer a função de apoio técnico pedagógico visando à
implantação do Colégio Militar de São Paulo (CMSP).
c. Por ser possuidor de Curso de Pós-Graduação stricto sensu Mestrado em Educação
Matemática, concluído em 28 OUT 04 na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), o interessado requereu o cadastramento do diploma respectivo, bem como a
majoração de seu adicional de habilitação para o nível de Altos Estudos Categoria II, ante o
argumento de que vem aplicando os conhecimentos respectivos em seu âmbito de atribuições.
d. Em decorrência do pedido, o Cmdo do CPOR/SP instaurou sindicância por
intermédio da Portaria nº 59/19-Div Pes (Sect), em 15 AGO 19. Ao final das apurações, o
encarregado observou que o oficial PTTC em tela concluiu o curso com êxito, que o curso é de
interesse do Exército e que há aplicabilidade dos conhecimentos auferidos nas atividades
desempenhadas. Dessa forma, a majoração vindicada poderia ser deferida. O entendimento em
tela foi ratificado pela autoridade competente, conforme se infere da Solução de Sindicância
firmada em 27 SET 19, que não obstante determinou o envio do assunto a essa Setorial Contábil.
e. Nos termos da Memória para Decisão nº 3, de 07 NOV 19, o Chefe da Divisão de
Pessoal do CPOR/SP, ao resgatar os fatos e as normas incidentes sobre a matéria, considerou
que à espécie poderiam ser dispensadas duas interpretações distintas. A primeira, atinente à
possibilidade de majoração, em face das razões expostas pelo sindicante e referendadas pela
autoridade instauradora; a segunda, no sentido de que pelo fato de pertencer à reserva
remunerada, o interessado não faria jus a esse pleito. Ao final, posicionou-se pela primeira linha,
isto é, pela possibilidade de majoração, no que foi seguido pelo Comandante da OM.

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f. O assunto foi encaminhado a essa Inspetoria, que, instada a se manifestar, o fez nos
termos da Memória para Decisão nº 005-S1, de 11 DEZ 19. Em síntese, essa ICFEx recapitulou
o histórico do problema, inclusive as duas linhas de interpretação expostas pela OM consulente.
Nessa senda, também entendeu que a majoração para Altos Estudos Categoria II poderia ser
deferida, não se constituindo em fator impeditivo a condição de militar da reserva do
interessado.
g. Por fim, a questão foi submetida a esta Secretaria, nos termos do DIEx nº 394-S1/2ª
ICFEx, de 16 DEZ 19.

3. Analisado sob o âmbito de competências deste Órgão de Direção Setorial, o tema


comporta as seguintes considerações.
a. O adicional de habilitação é a parcela remuneratória devida aos militares em face da
realização de cursos, conforme preveem os artigos 1º, II, b, e 3º, III, da Medida Provisória nº
2.215-10, de 31 AGO 01. A percepção de tal direito é ainda regulada pelo art. 9º da Lei nº
13.954, de 16 DEZ 19, que remete aos percentuais constantes de seu Anexo III, que produzirão
efeitos a partir das datas nele especificadas;
b. De acordo com o aludido anexo, atualmente, os cursos de formação conferem a
seus detentores o índice de 12% (doze por cento) sobre o soldo; os cursos de especialização,
16% (dezesseis por cento); os de aperfeiçoamento, 20% (vinte por cento); os de Altos Estudos
Categoria II, 25% (vinte e cinco por cento); e os de Altos Estudos, Categoria I, 30% (trinta por
cento);
c. O tema é ainda regulamentado pelo art. 3º do Decreto nº 4.307, de 18 JUL 02,
dispõe que os cursos que dão direito ao adicional de habilitação serão estabelecidos pelo
Ministro de Estado da Defesa, ouvidos os Comandantes de Força, e que os Comandantes de
Força estabelecerão, no âmbito de suas respectivas Forças, os critérios de equivalência dos
cursos;
d. Atualmente, os cursos que dão direito ao adicional de habilitação são aqueles
previstos na Portaria nº 976-SC/5, de 19 MAR 1992, do Estado-Maior das Forças Armadas
(EMFA). Já a equivalência é dada, no âmbito do Exército, pela Portaria nº 084-Cmt Ex, de 25
JAN 19. Por tal norma, observa-se que a concessão do adicional de habilitação dá-se de acordo
com os incisos que constam de seu art. 2º, traduzindo-se em hipóteses objetivas. Já as situações
não contempladas nesses dispositivos demandam análise da SEF, conforme se infere do
parágrafo único do referido artigo, combinado com o art. 10 do mesmo diploma;
e. A Portaria nº 084-Cmt Ex, de 2019, em verdade, substituiu a Portaria nº 768-Cmt
Ex, de 5 JUL 17, que, nesse ponto em particular, continha disposições idênticas. É importante
destacar essa sucessão de normas e, de modo mais específico, essa identidade no tocante à
concessão da verba em epígrafe, para que não existam dúvidas de que permanecem válidas à luz
da Portaria nº 084-Cmt Ex, de 2019, as diretivas exaradas pela SEF para dirimir
questionamentos surgidos quando do advento da Portaria nº 768-Cmt Ex, de 2017, constantes do
DIEx nº 253-Asse1/SSEF/SEF, Circular, de 16 AGO 17;
f. Com efeito, por tal documento, a SEF consolidou orientações gerais acerca dos
parâmetros a serem observados nos casos não previstos, nos termos do DIEx nº
253-Asse1/SSEF/SEF, de 16 AGO 17, estabelecendo que para as hipóteses não previstas
objetivamente no citado art. 2º – tanto da Portaria nº 768-Cmt Ex, de 2017, como na Portaria nº
084-Cmt Ex, de 2019 –, a concessão do adicional de habilitação dependerá do cumprimento
concomitante de três requisitos básicos:
1) conclusão exitosa do curso, comprovada mediante
apresentação de diploma, certificado ou documento equivalente;
2) interesse da instituição, traduzido, em regra, pela existência de
código específico junto ao Catálogo de Cursos e Estágios aprovado pela
Portaria nº 092-DGP, de 2008; e

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3) aplicabilidade dos conhecimentos auferidos no âmbito de
atribuições do militar, comprovada, no mais das vezes, por sindicância.
g. Em suma, pois, apenas quando não houver enquadramento nas hipóteses objetivas
traduzidas nos incisos de I a IV do art. 2º da Portaria nº 084-Cmt Ex, de 2019, é que a situação
concreta será analisada à luz do parágrafo único desse dispositivo, utilizando-se, para tanto, as
premissas encartadas no DIEx nº 253-Asse1/SSEF/SEF, de 2017 (ainda que tenha sido emitido
em face da Portaria nº 768-Cmt Ex, de 2017), aferindo-se se o curso foi concluído com êxito, se
é interessante para a Instituição e se os conhecimentos dele advindos são aplicáveis em favor do
Exército;
h. Em termos gerais, como é cediço, a conclusão exitosa do curso é avaliada por meio
da verificação da veracidade e da validade do diploma, certificado ou documento equivalente; o
interesse da instituição é constatado, em regra, pela existência de código específico junto ao
Catálogo de Cursos e Estágios publicado em anexo à Portaria nº 092-DGP, de 23 MAIO 08; por
fim, a aplicabilidade dos conhecimentos obtidos é aferida, no mais, pela instauração de
sindicância em que, entre outros aspectos, apura se a grade curricular, o histórico e a ementa de
matérias são compatíveis com as funções efetivamente desempenhadas pelo militar no seu dia a
dia;
i. Analisando o caso concreto, oriundo do CPOR/SP, percebe-se que, de fato, não há
amoldamento às hipóteses objetivas previstas nos incisos do art. 2º da Portaria nº 084-Cmt Ex,
de 2019. Assim sendo, de acordo com as premissas encartadas no DIEx nº
253-Asse1/SSEF/SEF, de 2017, o pleito deve ser avaliado conforme os preditos requisitos
subjetivos: conclusão exitosa, interesse da instituição e aplicabilidade de conhecimentos;
j. Nesse aspecto, pode-se asseverar que o primeiro dos requisitos foi devidamente
cumprido, eis que o Boletim Interno nº 150, de 12 AGO 19, do CPOR/SP, deu como verdadeiro
e válido o diploma referente ao Curso de Mestrado em Educação Matemática, expedido pela
PUC-SP em nome do interessado. O segundo dos requisitos também foi adequadamente
cumprido, eis que o Catálogo de Cursos e Estágios aprovado pela Portaria nº 092-DGP, de 2008,
confere ao curso de Mestrado em Matemática, realizado em estabelecimento de ensino civil, no
Brasil, o código TFY02, revelando o interesse do Exército.
k. O terceiro dos requisitos, porém, não se mostra devidamente cumprido. O
entendimento da SEF, nesse aspecto, é de que há necessidade de evidenciar o liame entre a grade
curricular e o histórico escolar correspondentes ao curso que se detém e as atribuições
efetivamente desempenhadas pelo interessado. Tal evidência é obtida pela confrontação entre a
ementa das matérias cursadas e as atribuições fixadas para o militar em seu dia a dia, seja por
meio de publicações em boletim interno, seja por meio de depoimentos de testemunhas que
permitam visualizar essa aplicação, seja por meio da descrição de suas atribuições em QCP.
l. Nesse aspecto, a menção acerca da tarefa para a qual foi designado o militar – apoio
técnico pedagógico –, acompanhada da juntada do diploma e do histórico escolar, não se mostra
suficiente para que se tenha como evidenciado tal pressuposto. Em verdade, não restou
demonstrada a maneira como as matérias cursadas são aproveitadas no rol de atribuições do
militar.
m. Não há, nessa senda, descrição acerca do apoio técnico pedagógico em si,
tratando-se essa de expressão por demais abrangente e abstrata. Não há informações,
documentos ou depoimentos que permitam deduzir que tal atividade demanda, ou pelo menos
recomenda, que seu executor detenha a titulação de Mestre. Não há, tampouco, informações
sobre as tarefas específicas do militar, detalhes sobre atribuições dia a dia, dados que
possibilitem entrever que os conhecimentos auferidos no curso em tela facilitam o cumprimento
de suas missões.
n. Portanto, por não restar comprovada a aplicabilidade de conhecimentos obtidos no
Mestrado em Educação Matemática, resta incabível a concessão do adicional de habilitação no
nível Altos Estudos Categoria II ao oficial em tela.

(DIEx nº 18-ASSE1/SSEF/SEF, de 28 de janeiro de 2020 - EB 64689.000402/2020-57 ...... 3/


4)
4. Isso posto esta Secretaria entende que o Cap R1 ANDERSON LOPES não faz jus
à majoração do adicional de habilitação em face dos Curso de Pós-Graduação stricto sensu
Mestrado em Educação Matemática, eis que não demonstrada a aplicabilidade dos
conhecimentos auferidos.

5. Nesses termos, encaminho as presentes informações a essa Chefia, para


conhecimento e orientação à unidade gestora consulente.

Gen Bda OTHILIO FRAGA NETO


Rsp p/ Expt Subsecretário de Economia e Finanças

"INTENDÊNCIA: SOLDADO DO ACANTO, UM SÉCULO DE EXCELÊNCIA NA


LOGÍSTICA MILITAR TERRESTRE"

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