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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
SECRETARIA DE ECONOMIA E FINANÇAS
(Contadoria Geral-1841)

DIEx nº 17-ASSE1/SSEF/SEF
EB: 64689.000401/2020-11

Brasília, DF, 28 de janeiro de 2020.

Do Subsecretário de Economia e Finanças


Ao Sr Chefe da 5ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército
Assunto: adicional de habilitação - Curso de Pós-Graduação em Estudos de Política e Estratégia,
realizado na ADESG
Referência: DIEx nº 89-SATT/5ª ICFEx, de 5 DEZ 19

1. Versa o presente expediente acerca de majoração de adicional de habilitação.

2. Diante dos desdobramentos do caso concreto, convém resgatar os fatos que lhe são
pertinentes, de acordo com a documentação e as informações trazidas a lume.
a. Trata-se de questão procedente da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, de
interesse do 1º Ten FELIPE GRESSANA MARTIGNAGO;
b. Em linhas gerais, verifica-se que por possuir o Curso de Pós-Graduação em Estudos
de Política e Estratégia, realizado na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra
(ADESG), o aludido militar solicitou a majoração de seu adicional de habilitação de Formação
para Aperfeiçoamento;
c. Em virtude dessa solicitação, foi instaurada sindicância por meio da Portaria nº
008-/2019, em 29 JUL 19. O encarregado, durante a apuração, asseverou que o interessado, ao
exercer a função de Chefe da 3ª Seção da Cia Com Mec, estaria aplicando, no âmbito de suas
atribuições, os conhecimentos auferidos no aludido curso. Tal argumento foi corroborado pela
Asse Ap As Jurd daquele Grande Comando Operacional ao elaborar a proposta de solução da
sindicância;
d. O Ordenador de Despesas respectivo, porém, manifestou dúvidas a esse respeito,
mormente quanto à possibilidade de que o aludido curso preencher o requisito de “habilitação
desejável” para fins de majoração. Em face disso, optou por encaminhar consulta a essa
Inspetoria, o que restou feito pelo DIEx nº 442-Asse Ap As Jurd /15ª Bda Inf Mec, de 04 NOV
19, acompanhado da Memória para Decisão s/nº, datada de 26 NOV 19; e
e. Essa Setorial, diante da questão apresentada, optou por encaminhar o tema a esta
Secretaria, sem apreciação do mérito, nos termos do DIEx nº 89-SATT/5ª ICFEx, trazendo em
anexo a Memória para Decisão nº 006-SATT, de 05 DEZ 19.

3. Analisada sob o âmbito de atribuições deste Órgão de Direção Setorial, a questão

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comporta as seguintes considerações.
a. O adicional de habilitação é a parcela remuneratória devida aos militares em face da
realização de cursos, conforme preveem os artigos 1º, II, b, e 3º, III, da Medida Provisória nº
2.215-10, de 31 AGO 01. A percepção de tal direito é ainda regulada pelo art. 9º da Lei nº
13.954, de 16 DEZ 19, que remete aos percentuais constantes de seu Anexo III, que produzirão
efeitos a partir das datas nele especificadas;
b. De acordo com o aludido anexo, atualmente, os cursos de formação conferem a
seus detentores o índice de 12% (doze por cento) sobre o soldo; os cursos de especialização,
16% (dezesseis por cento); os de aperfeiçoamento, 20% (vinte por cento); os de Altos Estudos
Categoria II, 25% (vinte e cinco por cento); e os de Altos Estudos, Categoria I, 30% (trinta por
cento);
c. O tema é ainda regulamentado pelo art. 3º do Decreto nº 4.307, de 18 JUL 02,
dispõe que os cursos que dão direito ao adicional de habilitação serão estabelecidos pelo
Ministro de Estado da Defesa, ouvidos os Comandantes de Força, e que os Comandantes de
Força estabelecerão, no âmbito de suas respectivas Forças, os critérios de equivalência dos
cursos;
d. Atualmente, os cursos que dão direito ao adicional de habilitação são aqueles
previstos na Portaria nº 976-SC/5, de 19 MAR 1992, do Estado-Maior das Forças Armadas
(EMFA). Já a equivalência é dada, no âmbito do Exército, pela Portaria nº 084-Cmt Ex, de 25
JAN 19. Por tal norma, observa-se que a concessão do adicional de habilitação dá-se de acordo
com os incisos que constam de seu art. 2º, traduzindo-se em hipóteses objetivas. Já as situações
não contempladas nesses dispositivos demandam análise da SEF, conforme se infere do
parágrafo único do referido artigo, combinado com o art. 10 do mesmo diploma normativo:
"Art. 2º Para o estabelecimento da equivalência abordada no artigo
anterior, os cursos, os estágios, as titulações, as habilitações e os concursos devem
atender a um ou mais dos seguintes requisitos fundamentais:
I - terem sido realizados por determinação do Comandante do Exército;
II - terem sido realizados em cumprimento aos planos anuais de cursos e
de estágios gerais elaborados pelo EME;
III - estarem relacionados como habilitação obrigatória ou desejável no
Quadro de Cargos Previstos do(s) cargo(s) realmente exercidos pelo militar; ou
IV - terem constado no aviso de convocação dos militares temporários.
Parágrafo único. Os casos não previstos nos incisos anteriores serão
resolvidos conforme estabelecido no art. 10 desta Portaria.
..........
Art. 10. Os casos não previstos na Presente Portaria serão
encaminhados, por intermédio das respectivas Inspetorias de Contabilidade e de
Finanças do Exército, à SEF, a quem compete dirimi-los na forma da legislação
vigente."
e. Em suma, a concessão da verba em tela pode advir tanto de critérios objetivos,
atinentes aos incisos do art. 2º acima transcrito, como também de critérios subjetivos,
estabelecidos pela SEF à luz do parágrafo único desse dispositivo;
f. De início, a questão a ser dirimida passa pela possibilidade de que o Curso de
Pós-Graduação em Estudos de Política e Estratégia, realizado na ADESG seja entendido como
“habilitação obrigatória ou desejável no Quadro de Cargos Previstos do(s) cargo(s) realmente
exercidos pelo militar”, tratando-se, pois, de análise quanto ao aspecto objetivo somente. Nesse
contexto, há que se verificar se o curso em tela figura como habilitação obrigatória ou desejável
para o exercício da função de Chefe da 3ª Seção da Cia Com Mec no âmbito do Cmdo da 15ª
Bda Inf Mec;
g. Pois bem, as Normas para Referenciação dos Cargos Militares do Exército

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Brasileiro, aprovadas pela Portaria nº 107-EME, de 01 AGO 07, são o documento normativo que
oferecem a “orientação básica para referenciação dos Cargos Militares previstos para Oficiais e
Praças do Exército Brasileiro, constantes dos Quadros de Cargos (QC), Quadro de Cargos
Previstos (QCP) e demais documentos que se refiram à necessidade, fixação ou distribuição de
pessoal militar”;
h. No ponto que interessa, tais normas estabelecem as seguintes definições
operacionais:
"2. DEFINIÇÕES OPERACIONAIS
a. Referenciação: atribuição de uma designação codificada que indica,
mediante convenções estabelecidas, os requisitos de posto ou graduação,
qualificação, habilitação e demais condições exigidas para o desempenho das
funções inerentes a um determinado cargo.
b. Qualificação: capacitação que individualiza o militar, originada de
sua formação básica.
c. Habilitação: competência adicional necessária ao militar, para o
desempenho do cargo, conferida por meio de curso, estágio ou treinamento."
i. Prosseguindo, estipulam a composição dos códigos de referenciação, como se vê
abaixo:
"3. COMPOSIÇÃO DOS CÓDIGOS DE REFERENCIAÇÃO
A referenciação dos cargos militares será formada por um conjunto de 4
(quatro) grupos de dígitos, na seguinte forma:
a. O Primeiro Grupo (2 dígitos numéricos) indica o Posto ou a
Graduação do militar;
b. O Segundo Grupo (4 dígitos numéricos) indica a qualificação do
militar, conforme a seguir:
1) Para Oficiais–Generais: Quadro e origem;
2) Para Oficiais: Arma, Quadro ou Serviço e Especialidade ou
Categoria;
3) Para Subtenentes e Sargentos: Qualificação Militar de Subtenentes e
Sargentos (QMS);
4) Para Cabos, Soldados e Taifeiros: Qualificação Militar Geral (QMG)
e Qualificação Militar Particular (QMP).
c. O Terceiro Grupo (3 dígitos alfanuméricos) indica as Habilitações
Obrigatórias para a ocupação do cargo;
d. O Quarto Grupo (3 dígitos alfanuméricos) indica as Habilitações
Desejáveis para a ocupação do cargo."
j. Como se denota, para se conferir se determinada habilitação é obrigatória ou
desejável para determinado cargo, há que se observar se no terceiro ou quarto campos da
referenciação alude-se ao código respectivo. Esse código é dado pelas Normas para a
Codificação de Cursos e Estágios do Exército, aprovadas pela Portaria nº 092-DGP, de 23
MAIO 08, que também criou o Catálogo de Códigos para Cursos e Estágios do Exército
Brasileiro;
k. Ou seja, se no terceiro ou quarto campos da referenciação houver alusão a
determinado código de curso ou estágio, a conclusão é de que a habilitação respectiva é
obrigatória ou desejável para o exercício do cargo. Inexistindo alusão, é porque tal habilitação
não é obrigatória nem desejável;
l. No que tange ao caso concreto, vê-se que o Curso de Pós-Graduação de Política e
Estratégia realizado na ADESG consta do aludido Catálogo sob a faixa alfa-numérica QEN01,

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não havendo, porém, código de habilitação respectivo. Tal inexistência significa impossibilidade
de indicação de tal curso como obrigatório ou desejável na referenciação do QCP da OM;
m. Nessa senda, ainda que esta Secretaria não tenha obtido acesso à cópia do QCP do
Cmdo da 15ª Bda Inf Mec, pode-se afirmar com segurança que tal documento não indicará o
aludido curso como habilitação obrigatória ou desejável para o exercício da função de Chefe da
3ª Seção da Cia Com Mec, justamente por faltar-lhe código respectivo;
n. Dessa forma, por não constar como habilitação obrigatória ou desejável, não pode o
curso em tela fundamentar a majoração do adicional de habilitação em nível diferente daquele
que percebe atualmente o interessado;
o. Uma vez constatada a inviabilidade de concessão da verba em tela sob o prisma
objetivo, cabe verificar, alternativamente, a possibilidade de implantação sob o viés subjetivo, à
luz do parágrafo único do art. 2º da Portaria nº 084-Cmt Ex, de 2019, que alude ao entendimento
fixado pela SEF;
p. Nesse aspecto, é importante recordar que este ODS estabeleceu critérios
interpretativos para a concessão da verba em tela ainda na vigência da Portaria nº 768-Cmt Ex,
de 2017, norma que anteriormente regulava o assunto. Tais critérios, fixados nos termos do
DIEx nº 253-Asse1/SSEF/SEF, de 16 AGO 17, permanecem válidos à luz da legislação atual, eis
que, nesse aspecto, não ouve alteração daquela norma para a atual – Portaria nº 084-Cmt Ex, de
2019;
q. Assim sendo, na esteira do citado DIEx, tratando-se de questão subjetiva, a
concessão ou a majoração do adicional de habilitação dependerá do cumprimento concomitante
de três requisitos: 1) conclusão exitosa do curso, comprovada mediante apresentação de diploma,
certificado ou documento equivalente; 2) interesse da instituição, traduzido, em regra, pela
existência de código específico junto ao Catálogo de Cursos e Estágios aprovado pela Portaria nº
092-DGP, de 2008; e 3) aplicabilidade dos conhecimentos auferidos no âmbito de atribuições do
militar, comprovada, no mais das vezes, por sindicância;
r. Em termos gerais, como é cediço, a conclusão exitosa do curso é avaliada por meio
da verificação da veracidade e da validade do diploma, certificado ou documento equivalente; o
interesse da instituição é constatado, em regra, pela existência de referência específica junto ao
Catálogo de Cursos e Estágios criado pela Portaria nº 092-DGP, de 2008; e por fim, a
aplicabilidade dos conhecimentos obtidos é aferida, no mais, pela instauração de sindicância
que, entre outros aspectos, apurará se a grade curricular, o histórico e a ementa de matérias são
compatíveis com as funções efetivamente desempenhadas pelo militar no seu dia a dia;
s. No caso em tela, a Memória para Decisão elaborada pelo OD do Cmdo da 15ª Bda
Inf Mec permite presumir que o Curso de Pós-Graduação de Política e Estratégia realizado na
ADESG foi concluído com êxito pelo 1º Ten FELIPE GRESSANA MARTIGNAGO; no mesmo
sentido, é possível entender como presente o interesse do Exército na medida em que tal curso
consta do Catálogo do DGP sob o código QEN01. Todavia, não restou demonstrada, de modo
cabal, a aplicabilidade de conhecimentos, obtidos nesse curso, no âmbito de suas atribuições
como Chefe da 3ª Seção da Cia Com Mec;
t. Quanto a esse pressuposto, o entendimento da SEF é de que há necessidade de
evidenciar o liame entre a grade curricular e o histórico escolar correspondentes ao curso e as
atribuições efetivamente desempenhadas pelo militar. Tal evidência é obtida pela confrontação
entre a ementa das matérias cursadas e as atribuições fixadas para o militar em seu dia a dia, seja
por meio de publicações em boletim interno, seja por meio de depoimentos de testemunhas que
permitam visualizar essa aplicação, seja por meio da descrição de suas atribuições em QCP. Não
se vislumbrou, na documentação acostada à consulta, qualquer informação nesse sentido,
havendo, tão-somente, juntada de documentos isolados e informações genéricas;
u. Com efeito, o Histórico Escolar e o Projeto Pedagógico trazidos à baila não se
afiguram suficientes para que se estabeleça o liame entre as funções exercidas pelo interessado e
os conhecimentos obtidos, mormente porque desacompanhados de argumentação apta a
demonstrar a maneira como se relacionam com as atribuições que o militar possui ou possuía em

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seu dia a dia, como Chefe da 3ª Seção, em atenção ao art. 31 do Regulamento Interno e dos
Serviços Gerais (RISG-R1), aprovado pela Portaria nº 816, de 19 DEZ 03; e
v. Portanto, também no tocante à hipótese subjetiva a que alude o parágrafo único do
art. 2º da Portaria nº 084-Cmt Ex, de 2019, resta impossível a concessão do adicional de
habilitação ao interessado em índice diferente do que possui atualmente.

4. Isso posto, esta Secretaria entende que:


a. O Curso de Pós-Graduação de Política e Estratégia realizado na ADESG, concluído
com êxito pelo 1º Ten FELIPE GRESSANA MARTIGNAGO, não se afigura como habilitação
obrigatória ou desejável para o desempenho da função de Chefe da 3ª Seção. Em termos
objetivos, portanto, não há possibilidade de majoração do adicional de habilitação para índice
diferente da formação; e
b. No tocante à concessão da verba em tela pela via subjetiva, melhor sorte não tem o
interessado, eis que não demonstrada, de modo cabal, a aplicabilidade dos conhecimentos
respectivos no âmbito de atribuições do militar. Também por esse prisma, portanto, resta
incabível a majoração da verba em questão.

5. Nesses termos, encaminho as presentes informações a essa Chefia, para as


seguintes providências:
a. Encaminhamento ao Cmdo da 15ª Bda Inf Mec, para conhecimento e providências;
e
b. Encaminhamento à 4ª ICFEx, acompanhada de toda a documentação atinente ao
caso, para fins de remessa e providências junto ao Centro de Preparação de Oficiais da Reserva e
Colégio Militar de Belo Horizonte (CPOR/BH), UG à qual se encontra vinculado o militar
atualmente.

Gen Bda OTHILIO FRAGA NETO


Rsp p/ Expt Subsecretário de Economia e Finanças

"INTENDÊNCIA: SOLDADO DO ACANTO, UM SÉCULO DE EXCELÊNCIA NA


LOGÍSTICA MILITAR TERRESTRE"

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