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As cidades brasileiras e a

modernização
Conjuntura
• A Semana de Arte Moderna de 22 influenciou a arte brasileira no
século XX;
• As rupturas com o passado se deram de forma mais rápida na
escultura, pintura e literatura;
• Na arquitetura isto foi mais lento (muitos interesses envolvidos,
atinge o coletivo e seus desejos e necessidades, questões
orçamentárias).
Modernização do centro do Rio de Janeiro e
São Paulo
• Foi lenta, mas intensa e profunda;
• AVENIDA CENTRAL: atual Avenida Rio Branco no RJ;
• Construiu-se o Teatro Municipal e a Escola Nacional de Belas Artes (atual Museu Nacional
de Belas Artes);
• Avenidas foram abertas, prédios demolidos para dar lugar a edificações mais modernas –
BOTA-ABAIXO;
• Teatro Municipal: inaugurado em 14 de julho de 1909 – projeto do arquiteto Francisco de
Oliveira Passos, com a colaboração de Albert Guilbert. Inspirado na Ópera de Paris contou
com materiais importados (mármore, cristais, espelhos e vitrais), também participaram
artistas brasileiros como Eliseu Visconti, Rodolfo Amoedo e Rodolfo Bernardelli;
• Escola Nacional de Belas Artes: arquiteto Moralles de los Rios, construída em 1908 e
passou a abrigar o Museu Nacional de Belas Artes em 1937.
Fotografia do terreno onde foi edificada a Escola Nacional de Belas Artes – Augusto Malta - 1905
Teatro Municipal do RJ
Fachada da Escola Nacional de Belas Artes do RJ – Projeto de 1908 – Adolfo Morales de los Rios
Edifício Santa Helena
• A construção do edifício foi um marco importante na remodelação da
área central de São Paulo;
• Edifício multifuncional: lojas, escritórios e um cineteatro;
• Construído na Praça da Sé entre 1921 e 25;
• Nele nasceu o Grupo Santa Helena.
Edifício Santa Helena - 1928
Edifício Santa Helena - 1928
Primeiras manifestações modernistas na
arquitetura
• É difícil determinar o surgimento da moderna arquitetura brasileira;
• Vários fatores são determinantes para ocorrer uma inovação: escolas
de arquitetura formando novos profissionais; descoberta de novas
técnicas construtivas; atendimento das necessidades culturais; o
clima, com suas implicações; condições físicas e topográficas; as
condições financeiras do empreendedor e até a legislação que
regulamenta as construções
Construções modernas
Estação da Estrada de Ferro Sorocaba
• Talvez a primeira obra da moderna arquitetura brasileira seja a
Estação da Estrada de Ferro Sorocaba, em Mairinque – SP;
• Foi projetada por Victor Dubugras (1868-1933), um francês, que
passou a infância e juventude em Buenos Aires e foi para SP em 1891;
• Abandona o Art Nouveau e o Ecletismo e neste edifício utiliza todas as
potencialidades do concreto armado
Estação Ferroviária de Mairinque - 1907
Construções modernas
Casa de Gregori Warchavchick
• Construída por Gregori Warchavchick (1896-1972) para ele mesmo;
• Localiza-se na Vila Mariana – SP;
• Utilizou as técnicas mais tradicionais: muros contínuos de alvenaria de
tijolos e cobertura com telhas comuns de barro, escondidas por uma
simples platibanda – pequena mureta construída no topo das paredes
externas;
• O concreto armado não foi utilizado;
• Era despida e por isso moderna.
Casa modernista de Gregori Warchavchick – Rua Santa Cruz – Vila Mariana – 1927-28
Década de 30
“TIPO FORD”
• Construções mais simples, com pouco ou nenhum ornamento;
• Ainda sobraram alguns sobradinhos ou casas geminadas construídas
de acordo com esses padrões estéticos, chamados de “tipo Ford”, ou
seja, eram construídos em série.
Casas geminadas na Rua Maestro Cardim, 607 e 609 – São Paulo/SP
Edifício Martinelli

• Como nos EUA na primeira metade de século XX começam as construções de


arranha-céus;
• Edificado pelo Comendador Giuseppe Martinelli (Toscana) – criou um império
de exportação em Santos; construído em SP entre 1922 e 29;
• Com 30 andares, representou inovação técnica e arquitetônica;
• Foi precursor dos altos edifícios que hoje dominam a paisagem urbana de SP;
• Foi projetado como multifuncional: cinema, hotel, barbearias, lojas e
residências;
• Possui: 12 elevadores; 2.133 janelas; 1.057 degraus; 130 metros do solo ao
telhado
Edifício Martinelli – 1922-29
Edifício Martinelli – 1922-29
Cobertura do Edifício Martinelli
A influência de Le Corbusier
• Em 35 Gustavo Capanema – ministro da Educação e Saúde formou uma equipe
para projetar o ministério: Lúcio Costa, Jorge Moreira, Carlos Leão, Afonso Eduardo
Reidy, Oscar Niemeyer, Ernâni Vasconcelos;
• Em 36 Lúcio Costa, chefe da equipe, convidou Le Corbusier, famoso arquiteto
francês para dar um parecer sobre o projeto;
• A presença dele no país foi muito aproveitada (palestras, conferências): discussão
sobre arquitetura moderna;
• Esta visita marcou muito a arquitetura brasileira, principalmente em Lúcio Costa,
que abandona o tradicionalismo e se lança na arquitetura moderna;
• Durante a construção do edifício vários profissionais se uniram ao projeto: Roberto
Burle Marx (paisagista), Cândido Portinari (painéis), Bruno Giorgi (escultor).
Ex-Ministério da Educação e Saúde
Ex-Ministério da Educação e Saúde – Painel de Portinari
Ex-Ministério da Educação e Saúde – jardins de Burle Marx
Ex-Ministério da Educação e Saúde – Monumento a Juventude – Bruno Giorgi
Outros projetos que modernizaram a
arquitetura brasileira
• Dos anos 30 em diante prevalecem as linhas retas e o ideal de beleza
para um edifício como decorrentes da simplicidade da forma e da
preocupação com a finalidade do projeto;
• Aos poucos abandona-se o multifuncional, e inicia as especificidades
(moradia, escola, lazer, hospital);
• Os arquitetos abandonam exageros decorativos, florais, brasões,
vitrais, reentrâncias e saliências nas paredes internas e externas;
• Enfim, supera-se o Art-Nouveau e o Ecletismo.
Edifício Esther (1938) – Álvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho - SP
Edifício Esther (1938) – Álvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho - SP
Arquitetura brasileira no
século XX
Oscar Niemeyer e as inovações na arquitetura
Conjuntura
• Como vimos nas primeiras décadas do século XX as cidades brasileiras mais
importantes começaram a se modernizar: demolições, abertura de largas
avenidas, ampliação das praças;
• Ainda permanecia uma tendência de manter a arquitetura do século XIX;
• Aos poucos estas ideias foram superadas e arquitetos começaram a ousar em
termos de projetos;
• Depois das tendências do Art Nouveau e do Ecletismo, do abandono do excesso
decorativo, da adoção de linhas retas e de um certo geometrismo nos edifícios,
começa a aparecer as curvas de Oscar Niemeyer (1907).
Não é o ângulo reto que me atrai.
Nem a linha reta, dura e inflexível,
criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual.
A curva que encontro nas montanhas
do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o Universo.
O Universo curvo de Einstein.

(Oscar Niemeyer)
Oscar Niemeyer I
(1907-2012)
• Na década de 40 o conjunto arquitetônico da Pampulha em Belo
Horizonte foi um marco para a arquitetura mundial;
• O destaque é para a igreja de São Francisco: revolução na forma de
construir igrejas (é a primeira no Brasil construída neste estilo), uso
do concreto armado utilizado para dar formas curvas;
• Inspirou-se nas montanhas de Minas Gerais;
• A decoração (painéis em azulejo, dentro e fora) de Portinari, foi
concebida para compor com as linhas curvas da arquitetura.
Igreja de São Francisco – Oscar Niemeyer – Jardim da Pampulha – BH – inaugurada em 1945
Oscar Niemeyer II
• Um dos projetos mais ousados foi o conjunto do Ibirapuera em São Paulo;
• A ideia era inaugurar para as comemorações dos 400 anos da cidade;
• Formado por: Palácio das Indústrias, Palácio das Artes, Palácio dos Estados,
Palácio das Nações e auditório;
• Equipe de Niemeyer que participou do projeto como um todo: Zenon Lotufo,
Hélio Uchoa, Eduardo Kneese de Mello, Gauss Estelita e Carlos Lemos;
• Os edifícios e a grande marquise foram construídos ao longo dos anos 50,
somente o auditório foi inaugurado em 2005;
• A grande Bienal de Artes de SP tem, desde 1953, ocorrido neste parque.
Imagem da maquete do Parque do Ibirapuera – Oscar Niemeyer - SP
Oscar Niemeyer III
BRASÍLIA
• De Salvador para o Rio de Janeiro: mudança da capital de cidade para cidade (já havia uma
estrutura);
• Do RJ para Brasília: de uma cidade para uma a construir;
• Projetada para o serrado de 1956 a 1961;
• Coube a Lucio Costa o projeto da cidade planejada e a Niemeyer os edifícios mais importantes;
• Lucio Costa inspirou-se em uma aeronave: um eixo central que dividia os dois lados da cidade
(como as asas) em norte e sul;
• Niemeyer projetou: Palácio dos Arcos (Palácio do Itamaraty – Ministério das Relações Exteriores),
Teatro Nacional, Palácio da Alvorada (residência presidencial), o conjunto dos três poderes
(palácio do Planalto, Palácio da Justiça e Congresso Nacional), Catedral de Brasília (catedral de
Nossa Senhora Aparecida, com seu teto de vidro onde os visitantes são iluminados pelo sol e
podem apreciar o céu – diferente da concepção barroca que pintavam os tetos para representar
uma abertura para o céu).
Primeiros desenhos do Plano Piloto de Brasília – Lucio Costa – anos 50
Projeto do Plano Piloto de Brasília – Lucio Costa – anos 50
Palácio dos Arcos – (Itamaraty – Ministério das Relações Exteriores -) Oscar Niemeyer - Brasília
Teatro Nacional - Brasília
Teatro Nacional - Brasília
Palácio da Alvorada – Oscar Niemeyer – Brasília
Palácio do Planalto – Oscar Niemeyer – Brasília
Palácio da Justiça - Brasília
Congresso Nacional - Brasília
Catedral de Nossa Senhora Aparecida – Oscar Niemeyer - Brasília
Catedral de Nossa Senhora Aparecida (visão interna) – Oscar Niemeyer - Brasília
Objetivos de Niemeyer
• Leveza nas linhas;
• Largueza dos espaços (tão incomum nas nossas metrópoles antigas);
• Construções abrem-se horizontalmente, interligando-se a paisagem plana do serrado;
• Os edifícios parecem pousados no solo;
• Utilização de espelhos d’água na maioria dos edifícios (estética e condição climática)
• Uso abundante de vidros: integração do interno com o externo;
• Não há muros, grades, pesadas portas que separam o interior e o exterior (a ideia principal era a
integração, não é estabelecido limites);
• Os edifícios estão ali como extensões das praças, acessíveis ao povo (não esquecer das convicções
políticas de Niemeyer);
• “As barreiras formais que a arquitetura não previu são obras das autoridades que exercem o
poder, não do artista que projetou os edifícios.”
OUTROS EXEMPLOS DE INOVAÇÃO
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM – Afonso Eduardo Reidy - 1954
Museu de Arte de São Paulo – MASP – Lina Bo Bardi - 1956 e 1968
Museu de Arte de São Paulo – MASP – Lina Bo Bardi
Hotel Tambaú – Sérgio Bernardes – 1966 - João Pessoa
Hotel Tambaú – Sérgio Bernardes – 1966 - João Pessoa
Vista interna da FAU-USP – João Batista Vilanova Artigas - 1969
Estádio do Morumbi – SP - João Batista Vilanova Artigas - 1960
Estação Rodoviária de Londrina (PR) - João Batista Vilanova Artigas - 1950
Projeto da Estação Rodoviária de Jaú (SP) - João Batista Vilanova Artigas - 1973
Interior da Estação Rodoviária de Jaú (SP) - João Batista Vilanova Artigas - 1973
Escola Estadual Jon Teodoresco – Itanhaém (SP) - João Batista Vilanova Artigas - 1959
Escola Estadual Jon Teodoresco – Itanhaém (SP) - João Batista Vilanova Artigas - 1959
Fórum de Teresina – Acácio Gil Borsoi - 1972
Ópera de Arame – Domingos Bongestabs – Curitiba - 1992
Ópera de Arame – Domingos Bongestabs – Curitiba - 1992
Ópera de Arame – Domingos Bongestabs – Curitiba - 1992
Ópera de Arame – Domingos Bongestabs – Curitiba - 1992
Pinacoteca do Estado de São Paulo – 1897/1998
* Ramos de Azevedo em 1897 – Liceu de Artes e Ofícios
* Paulo Mendes da Rocha – reforma – 1993-1998
Pinacoteca do Estado de São Paulo – 1897/1998
Pinacoteca do Estado de São Paulo – 1897/1998
Pinacoteca do Estado de São Paulo – 1897/1998
Pinacoteca do Estado de São Paulo – 1897/1998
Pinacoteca do Estado de São Paulo – 1897/1998
Pinacoteca do Estado de São Paulo – 1897/1998
Centro Educacional José Augusto – Moacyr Gomes Pereira – 1960 – Caicó/RN
Centro Educacional José Augusto – Moacyr Gomes Pereira – 1960 – Caicó/RN
Centro Educacional José Augusto – Moacyr Gomes Pereira – 1960 – Caicó/RN
Centro Educacional José Augusto – Moacyr Gomes Pereira – 1960 – Caicó/RN
Machadão– Moacyr Gomes Pereira – 1972 – Natal/RN
Pórtico dos Reis Magos– Moacyr Gomes Pereira - 1999
Pórtico dos Reis Magos– Moacyr Gomes Pereira - 1999
ALGUNS ESPAÇOS TRANSFORMADOS

O PATRIMÔNIO EM DISCUSSÃO
Calçadão da Estação das Docas com os guindastes ingleses – Belém (1897-1909)
Paulo Chaves Fernandes e Rosário Lima - 2000
Estação das Docas - interior
Estação das Docas – Belém/PA
Centro Cultural Usina do Gasômetro – Porto Alegre – 1928/1991
Interior da Usina do Gasômetro – Porto Alegre
Interior da Usina do Gasômetro – Porto Alegre
Fachada do Shopping Estação de Curitiba - 1997
Fachada do Shopping Estação de Curitiba – 1885-1997
Fachada do Shopping Estação de Curitiba – 1885-1997
Interior do Shopping Estação de Curitiba – 1885-1997
Interior do Shopping Estação de Curitiba – 1885-1997
Interior do Shopping Estação de Curitiba – 1885-1997
Interior do Shopping Estação de Curitiba - 1885- 1997

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