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O BARROCO

A EUROPA CATÓLICA
• O barroco chega como crítica ao estilo
renascentista
• Barroco visto por muitos como absurdo,
grotesco, exagerado
• Origem do termo: (em português = pérola
imperfeita, jóia falsa)
BARROCO
• Grandes diferenças entre os artistas e entre as obras produzidas em
cada região;
• Rompeu o equilíbrio entre sentimento e razão e entre arte e ciência;
• Na arte barroca a emoção predomina sobre o racionalismo;
• Na Contrarreforma a arte passou novamente a ser vista como um meio
de propagar o catolicismo e ampliar a influência católica;
• As cenas tinham que envolver emocionalmente as pessoas;
• Além da temática religiosa também as temáticas mitológicas e que
exaltavam o direito divino dos reis;
• Caracterizava-se num período de dualidade (homem e sagrado) – não há
mais certezas. A dúvida rege a arte do barroco.
PRIMEIRA IGREJA BARROCA

Igreja de Jesus – Giacomo della Porta - 1575


CONJUNTURA
• No Brasil se desenvolveu no século XVIII e início do XIX;
• A Europa já vivia outro momento (os modelos clássicos
- NEOCLÁSSICO);
• Fundamentalmente ligada a religião católica;
• Mas, também observamos o estilo em cadeias, câmaras
municipais, moradias de pessoas abastadas, chafarizes,
etc.
• 2 linhas diferentes: Nas regiões ricas (cana e
mineração) encontramos as talhas (trabalhos de relevo
em madeira) e portadas com esculturas (pedra-sabão);
Nas regiões sem ouro e cana, trabalhos mais modestos.
Adro dos profetas - Santuário Do Bom Jesus de Matosinhos – Congonhas do Campo/MG
Fachada da Igreja de São Francisco – São João del Rei - MG
Fachada da Casa de Câmara e Cadeia de Mariana - MG
Chafariz no largo de Marília – Ouro Preto - MG
Jesuítas do Sul do Brasil
• Jesuítas = catequese na região missioneira (RS, PR, MS, terras do
Paraguai e Argentina);
• 1610-1750 - Criaram as reduções ou missões: igreja, colégio,
moradia dos padres, oficinas, enfermarias, cemitério e habitações
dos nativos (Guaranis);
• Construções com traços do barroco brasileiro, mas também
europeu e do românico (construtores de origem europeia);
• A mais importante é a Igreja de São Miguel (10 anos para ser
construída);
• Estrutura de arenito, diferente das outras que eram de madeira;
• Ricamente decorada no interior com pinturas e esculturas
(policromadas);
• Hoje Museu das Missões (1940).
Ruínas da Igreja de São Miguel das Missões - RS
MUSEU DAS MISSÕES
Museu das Missões
Museu das Missões
Museu das Missões
SALVADOR
• No século XVII arquitetura da cidade mais rica do nordeste começou
a se modificar, mas foi no XVIII que o barroco se consolidou;
• Capital = artistas e produtos da Europa;
• Igrejas ricamente decoradas (São Francisco de Assis), com interior
revestido de talha dourada e fachada esculpida em pedra;
• Interno: 3 naves (central e laterais) = trabalhos com motivos florais,
arabescos dourados, anjos e atlantes; (*ababesco = à moda árabe)
• Frontão de linhas curvas na fachada;
• Forma um conjunto arquitetônico com o convento de São Francisco
(destaque: azulejos do claustro) e com a igreja da Ordem Terceira de
São Francisco;
• A fachada desta última (esculturas decorando a arquitetura, santos,
anjos, atlantes, motivos florais e balcões – que revelam a influência
do barroco espanhol) é um exemplo particular da Barroco no Brasil.
Igreja da Ordem Terceira de
São Francisco - Salvador
Fachada da igreja da Ordem Terceira de São Francisco - Salvador
Fachada da igreja da Ordem Terceira de São Francisco - Salvador
Fachada da igreja da Ordem Terceira de São Francisco - Salvador
RELÓGIO DO SOL
Igreja de São Francisco - Salvador
Fachada da igreja de São Francisco - Salvador
Pátio Azulejado
Detalhe do painel de azulejos do claustro do Convento de São Francisco - Salvador
Detalhe do painel de azulejos do claustro do Convento de São Francisco - Salvador
Detalhe do painel de azulejos do claustro do Convento de São Francisco - Salvador
Interior da igreja de São Francisco - Salvador
PERNAMBUCO
• A partir de 1759: Recife sede da Companhia Comercial
de Pernambuco e Paraíba (cidade passou a ser centro
de negócios);
• É deste período as mais belas construções;
• Entre elas a Igreja de São Pedro dos Clérigos (início
1728 – fim 1782);
• Exterior: portada barroca trabalhada em pedra,
verticalidade do edifício (incomum nas igrejas
brasileiras do século XVIII);
• Interior: púlpito, altares entalhados em pedra e teto
pintado por João de Deus Sepúlveda, considerado o
maior pintor pernambucano do século XVIII.
Fachada da Igreja de São Pedro dos Clérigos - Recife
São Pedro abençoando o mundo católico (1764) – João de Deus Sepúlveda
Paraíba
• João Pessoa: Centro Cultural São Francisco (Igreja e
Convento de Santo Antônio, a Capela da Ordem
Terceira de São Francisco, a Capela de São Benedito, a
Casa de Oração dos Terceiros (chamada de Capela
Dourada), o Claustro da Ordem Terceira, uma fonte e
um grande adro);
• Externo: da fachada da igreja abrem-se dois muros,
que formam um adro e nele um cruzeiro;
• Interno: igreja com ampla nave que se comunica com a
capela da Ordem Terceira, revestida de talha dourada
e pinturas; o que mais chama a atenção é o teto (não
há atribuição definida para a autoria).
Vista externa da Igreja do convento franciscano de Santo Antônio – João Pessoa
Teto da Igreja do convento franciscano de Santo Antônio – João Pessoa
RIO DE JANEIRO
• 1763: CAPITAL = porto de escoamento de minério;
• Além de construção de igrejas com característica barroca, o Rio foi
dotado de grandes obras para a época: Aqueduto da Carioca –
Arcos da Lapa);
• Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro: primeira planta de
igreja barroca com nave poligonal; Ausência de talha dourada;
Combinação de paredes brancas com pilastras de pedra; Presença
de azulejos coloniais portugueses;
• Escultura: um dos mais importantes – Mestre Valentim (1750-
1813) – tão importante quanto Aleijadinho; fez muitas obras para
parques e jardins, mas o destaque estão em suas esculturas sacras
espalhadas por igrejas da cidade; esculturas em madeira que
transmitem uma impressão de movimento, pelas linhas das roupas.
Fachada da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro (c.1720) – Rio de Janeiro
Vista panorâmica da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro (c.1720) – Rio de Janeiro
Interior da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro (c.1720) – Rio de Janeiro
Plantas das igrejas: Nossa Senhora da Glória do Outeiro (Rio de Janeiro), São Pedro (Mariana)
e Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Ouro Preto)
São Mateus Evangelista (193 cm) e São João Evangelista (188 cm) - Mestre Valentim
c.1801-1812
Florões com cabeça de anjo (c.1801-1802) - Mestre Valentim
Originalmente pertencentes ao arco do coro da Igreja de São Pedro
Altar de Nossa Senhora das Dores (Capela do Noviciado da Igreja do Carmo) – Mestre Valentim
c. 1773-1800
Altar de Nossa Senhora do Amor Divino (Capela do Noviciado da Igreja do Carmo) – Mestre Valentim
c. 1773-1800
São Paulo
• Fundada no século XVI não conheceram desenvolvimento rápido; no XVII
partiram para o interior (bandeiras);
• SP continuava sem recursos e as ordens religiosas não conseguiram
construir grandes igrejas (pouca participação do povo financeiramente);
• Poucas edificações barrocas;
• Conjunto formado pela Igreja e o convento da Ordem Terceira de São
Francisco da Penitência e a Igreja e o convento de Nossa Senhora da Luz;
• Escultura pouco representativa, poucos artistas iam para SP;
• Pintura: destaque para o frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1818), um
autodidata.
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco e o convento de São Francisco – São Paulo
Faculdade de Direito - Igreja da Ordem Terceira de São Francisco
e o convento de São Francisco – São Paulo
Vista parcial da Igreja ou convento da Luz.
Atualmente abriga o Museu de Arte Sacra de SP.
Túmulo de São Galvão
Túmulo de São Galvão
Teto da capela-mor da igreja do Carmo – Frei Jesuíno do Monte Carmelo – Itu - SP
Santo Ambrósio - Frei Jesuíno do Monte Carmelo
São Gregório (Papa) - Frei Jesuíno do Monte Carmelo
Santo Agostinho - Frei Jesuíno do Monte Carmelo
São Jerônimo - Frei Jesuíno do Monte Carmelo
ROCOCÓ
• Sobretudo mineiro
• Uso de cores luminosas e suaves, em contraposição às cores fortes do
Barroco Clássico
• Estilo artístico marcado pelo uso de linhas leves, sutis e delicadas;
• Uso de temas da natureza: pássaros, flores delicadas, plantas, rochas,
cascatas de águas;
• Quantidade exagerada e desordenada de elementos decorativos,
irregulares e sem simetria, que procuravam imitar conchas, rochas,
vegetais etc. (rocalha)
• Uso de temas relacionados a vida cotidiana e relações humanas;
• Representação da vida profana da aristocracia;
• Arte sem influência de temas religiosos (exceção do Brasil);
• Busca refletir o que é refinado, agradável, sensual e exótico.
Minas Gerais
(Surgimento de uma arquitetura brasileira)
• Paulistas através das bandeiras povoaram a
região mineira;
• Nascem os vilarejos e com isso as edificações:
Vila Rica, Mariana, Sabará, Congonhas do
Campo, São João del Rei, Caeté, Catas Altas;
• Devido a riqueza do lugar, as construções vão
demonstrar esta suntuosidade.
OURO PRETO
• Foi lento o desenvolvimento da arquitetura mineira;
• Inicialmente utilizou-se a técnica da taipa de pilão, mas tornou-se inviável devido
o terreno ser duro e pedregoso, pouco fornecimento de argila;
• Depois de muitas tentativas chegou-se as construções com muros de pedra;
• Aos poucos vão se harmonizando arquitetura, escultura, talha e pintura: maior
exemplo foi Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho;
• Seu projeto para a igreja de São Francisco, mostra esta harmonia (portada com
medalhões e anjos, fitas esculpidas em pedra-sabão, talha dos altares, decoração
do teto da capela mor);
• Não mais revestimento excessivo de talha dourada, mas um ambiente mais leve,
em que paredes brancas fazem fundo para esculturas repletas de linhas curvas,
motivos florais, anjos e santos;
• Outro grande artista foi Mestre Athayde [1762-1830] (Manuel da Costa Ataíde)
MESTRE ATHAYDE
• Mestre Athayde [1762-1830] (Manuel da Costa Ataíde)
• Pintor, dourador, encarnador, professor e militar
• Suas obras demonstram domínio sobre a perspectiva e
ornamentadas com uma enorme riqueza de detalhes
• Algumas de suas personagens possuem traços mestiços
• Fez releitura de tudo o que viu nas gravuras de missais e
obras renascentistas
• Precursor de uma arte originalmente brasileira
• Maior pintor do período colonial
Fachada da Igreja de São Francisco – Aleijadinho – Ouro Preto
Fachada da Igreja de São Francisco – Aleijadinho – Ouro Preto
Detalhe da Portada da Igreja de São Francisco – Aleijadinho – Ouro Preto
Interior da Igreja de São Francisco – Aleijadinho – Ouro Preto
Assunção de Nossa Senhora - Teto da Igreja de São Francisco –
Mestre Athayde– Ouro Preto
Assunção de Nossa Senhora - Teto da Igreja de São Francisco –
Mestre Athayde– Ouro Preto
Ascensão de Cristo - Matriz de Santo Antônio – Mestre Athayde
Santa Bárbara/MG
A Última Ceia – Colégio do Caraça – Mestre Athayde
Catas Altas/MG
Mariana
• Elevada a cidade em 1745;
• Única cidade colonial mineira a ter o traçado planejado;
• Considerada o berço da educação em MG;
• Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção (Catedral da
Sé) possui lustres provenientes da Boêmia (parte ocidental e
central da Rep. Tcheca) e um órgão Arp Schnitger
• As igrejas de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do
Carmo, lado a lado, formam um modelo arquitetônico
colonial não visto em outras cidades históricas de MG.
Defronte às igrejas, o imponente prédio da antiga Casa da
Câmara e Cadeia (atualmente Câmara de Vereadores).
órgão Arp Schnitger
Igreja de São Pedro dos Clérigos
Chafariz
Ateliê de Arte Sacra
Ateliê de Arte Sacra
Casa de Câmara e cadeia
Igreja de São Francisco de Assis
Igreja de São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo
Enterramento de Mestre Athayde – Igreja de São Francisco de Assis
Mestre Athayde
Mestre Athayde
Igreja de São Pedro dos Clérigos
Tiradentes
• Tornou-se cidade em 1702 (Arraial de Santo Antônio)
• Com a República tornou-se Tiradentes
• Após queda da mineração foi quase totalmente abandonada
• Um dos patrimônios arquitetônicos mais bem preservados
do país
• Possui a Igreja Matriz de Santo Antônio (1710), considerada
a 2ª igreja mais rica em ouro no Brasil
• Ao lado do coro um órgão datado de 1779, considerado um
dos mais importantes do mundo
• No adro há um relógio do sol datado de 1875.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário
Igreja Matriz de Santo Antônio
Igreja Matriz de Santo Antônio
Órgão de tubos de Simão Fernandes Coutinho (1788)
Matriz de Santo Antônio em Tiradentes - MG
Interior da Igreja Matriz de Santo Antônio
Interior da Igreja Matriz de Santo Antônio
Interior da Igreja Matriz de Santo Antônio
Interior da Igreja Matriz de Santo Antônio
Adro da Igreja Matriz de Santo Antônio
Relógio do Sol
Chafariz de São José
Chafariz de São José
Congonhas do Campo
• Local onde se concentra o mais importante conjunto de obras de Aleijadinho;
• Santuário de Bom Jesus de Matosinhos: Igreja e seis capelas (três de cada lado)
– Os passos da paixão de Cristo;
• O santuário foi tombado como Patrimônio da Humanidade pela organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1985;
• No adro esculturas em pedra-sabão de doze profetas: Isaías, Jeremias,
Baruque, Ezequiel, Daniel, Oséias, Jonas, Joel, Abdias, Habacuque, Amós e
Naum; cada um num gesto diferente, como em movimento;
• Nas capelas um conjunto de 64/66 esculturas em tamanho natural que narram
momentos da paixão de Cristo; Cristo sempre em destaque, principalmente
nas expressões.
• Encarnação das obras realizadas por Mestre Athayde – sua primeira grande
obra
Adro e fachada do santuário de Bom Jesus de Matosinhos –
Aleijadinho – Congonhas do Campo
Igreja de Bom Jesus de Matosinhos
Interior da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos
Sala de Milagres (Ex-Votos)
REFLEXÕES
• Com o barroco inicia-se a busca por novas técnicas e
materiais construtivos;
• O uso da técnica da taipa de pilão, a pedra-sabão na
escultura de Aleijadinho, os azuis e vermelhos na
pintura de Mestre Athayde, são exemplos suficientes
para demonstrar que o Barroco (e em grande medida
o Rococó) marcou o início de uma arte brasileira que
procurava afirmar seus próprios valores;
• O Barroco é a demonstração material do poder da
Igreja Católica no Brasil Colônia.

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