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09/11/2019 “Refugiados” e “Migrantes”: Perguntas Frequentes - ACNUR Brasil

“Refugiados” e “Migrantes”:
Perguntas Frequentes
O ACNUR sempre se refere a “refugiados” e “migrantes” separadamente, para
manter clareza acerca das causas e características dos movimentos de refúgio.

22 Mar 2016

1. Os termos “refugiado” e “migrante” são substituíveis entre si?

Não. Apesar de ser cada vez mais comum os termos “refugiado” e “migrante” serem utilizados
como sinônimos na mídia e em discussões públicas, há uma diferença legal crucial entre os dois.
Confundi-los pode levar a problemas para refugiados e solicitantes de refúgio, assim como gerar
entendimentos parciais em discussões sobre refúgio e migração.

2. Qual a especificidade sobre a terminologia “refugiado”?

Refugiados são especificamente definidos e protegidos no direito internacional. Refugiados são


pessoas que estão fora de seus países de origem por fundados temores de perseguição, conflito,
violência ou outras circunstâncias que perturbam seriamente a ordem pública e que, como
resultado, necessitam de “proteção internacional”. As situações enfrentadas são frequentemente
tão perigosas e intoleráveis que estas pessoas decidem cruzar as fronteiras nacionais para
buscar segurança em outros países, sendo internacionalmente reconhecidos como “refugiados” e
passando a ter acesso à assistência dos países, do ACNUR e de outras organizações relevantes.
Eles são assim reconhecidos por ser extremamente perigoso retornar a seus países de origem e,
portanto, precisam de refúgio em outro lugar. Essas são pessoas às quais a recusa de refúgio
pode ter consequências potencialmente fatais à sua vida.

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O regime legal específico que protege os direitos dos refugiados é conhecido como “proteção
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internacional dos refugiados”. A lógica que sustenta a necessidade deste regime reside no fato
con gurações.

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09/11/2019 “Refugiados” e “Migrantes”: Perguntas Frequentes - ACNUR Brasil

de que os refugiados são pessoas em uma situação específica que exige salvaguardas adicionais.
Solicitantes de refúgio e refugiados carecem da proteção de seus países.

O Artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma o direito de toda e qualquer
pessoa procurar e se beneficiar de refúgio. No entanto, nenhum conteúdo claro foi dado à noção
de refúgio em nível internacional até que a Convenção de 1951 Relativa ao Estatuto dos
Refugiados [a “Convenção de 1951”] foi adotada, e o ACNUR foi incumbido de supervisar sua
implementação.

A Convenção da ONU de 1951 e seu Protocolo de 1967, assim como instrumentos legais regionais,
como a Convenção de 1969 da Organização de Unidade Africana (UOA) que rege os aspectos
específicos dos problemas dos refugiados na África, são os pilares do regime de proteção de
refugiados moderno. Eles estabelecem uma definição universal de refugiado e incorporam os
direitos e deveres básicos dos refugiados.

As disposições da Convenção de 1951 continuam sendo o padrão internacional para o julgamento


de qualquer medida para a proteção e tratamento dos refugiados. Sua disposição mais
importante, o princípio de non-refoulement (que significa não devolução), contido no Artigo 33, é
o alicerce do regime. De acordo com este princípio, refugiados não podem ser expulsos ou
devolvidos a situações onde suas vidas ou liberdade possam estar sob ameaça. Os Estados são
os primeiros responsáveis por assegurar essa proteção. O ACNUR trabalha estreitamente com
governos, aconselhando-os e os apoiando conforme suas necessidades a fim de implementar
suas responsabilidades.

4. A Convenção de 1951 precisa ser revisada?

A Convenção de 1951 e seu Protocolo de 1967 salvaram milhões de vidas e, como tais, são dois
dos instrumentos fundamentais de direitos humanos nos quais nos baseamos hoje. A Convenção
de 1951 é um marco da humanidade, desenvolvida na sequência de movimentos maciços de
populações que superou até mesmo a magnitude do que vemos agora. Em seu cerne, a
Convenção de 1951 incorpora valores humanitários fundamentais. Ela demonstrou claramente a
sua capacidade de adaptação à evolução das circunstâncias factuais, sendo reconhecida pelas
cortes como um instrumento vivo capaz de proporcionar proteção aos refugiados em um
ambiente em constante mudança. O maior desafio à proteção de refugiados certamente não
reside na Convenção de 1951 em si, mas em garantir que os Estados venham a cumpri-la. A
verdadeira necessidade é a de encontrar maneiras mais eficazes de implementá-la em um
espírito de cooperação internacional e responsabilidade compartilhada.

5. A palavra “migrante” pode ser utilizada como um termo genérico para também abranger
refugiados?

Uma definição legal uniforme para o termo “migrante” não existe em nível internacional.[1] Alguns
formuladores de políticas, organizações internacionais e meios de comunicação compreendem e
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Em discussões públicas, no entanto, essa prática pode facilmente gerar confusão e pode também
ter sérias consequências para a vida e segurança de refugiados. “Migração” é comumente
compreendida implicando um processo voluntário; por exemplo, alguém que cruza uma fronteira
em busca de melhores oportunidades econômicas. Este não é o caso de refugiados, que não
podem retornar às suas casas em segurança e, consequentemente, têm direito a proteções
específicas no escopo do direito internacional.

Desfocar os termos “refugiados” e “migrantes” tira atenção da proteção legal específica que os
refugiados necessitam, como proteção contra o refoulement e contra ser penalizado por cruzar
fronteiras para buscar segurança sem autorização. Não há nada ilegal em procurar refúgio – pelo
contrário, é um direito humano universal. Portanto, misturar os conceitos de “refugiados” e
“migrantes” pode enfraquecer o apoio a refugiados e ao refúgio institucionalizado em um
momento em que mais refugiados precisam de tal proteção.

Nós precisamos tratar todos os seres humanos com respeito e dignidade. Nós precisamos
garantir que os direitos humanos dos migrantes sejam respeitados. Ao mesmo tempo, nós
também precisamos fornecer uma resposta legal e operacional apropriada aos refugiados, por
conta de sua situação difícil e para evitar que se diluam as responsabilidades estatais
direcionadas a eles. Por essa razão, o ACNUR sempre se refere a “refugiados” e “migrantes”
separadamente, para manter clareza acerca das causas e características dos movimentos de
refúgio e para não perder de vista as obrigações específicas voltadas aos refugiados nos termos
do direito internacional.

6. Todos os migrantes sempre “escolhem” migrar?

Os fatores que levam indivíduos a migrar podem ser complexos. Muitas vezes as causas são
multifacetadas. Migrantes podem deslocar-se para melhorarem suas condições de vida por meio
de melhores empregos ou, em alguns casos, por educação, reuniões familiares, ou outras razões.
Eles também podem migrar para aliviar dificuldades significativas ocasionadas por desastres
naturais, pela fome ou de extrema pobreza. Pessoas que deixam seus países por esses motivos
normalmente não são consideradas refugiadas, de acordo com o direito internacional.

7. Os migrantes não merecem proteção também?

As razões pelas quais um migrante pode deixar seu país são muitas vezes convincentes, e
encontrar meios de atender suas necessidades e proteger seus direitos humanos é importante.
Migrantes são protegidos pela lei internacional dos direitos humanos. Essa proteção deriva de
sua dignidade fundamental enquanto seres humanos.[2] Certas vezes, o fracasso em conceder-
lhes proteção dos direitos humanos pode ter consequências sérias. Isso pode resultar em
violações de direitos humanos, como sérias discriminações; prisão arbitrária ou detenção; ou
trabalho forçado, servidão, ou condições de trabalho altamente exploratórias.

Ainda, alguns migrantes, como vítimas de tráfico ou menores separados ou desacompanhados,


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8. Refugiados são “migrantes forçados”?
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O termo “migração forçada” é por vezes utilizado por sociólogos e outros indivíduos como um
termo generalista e aberto que cobre diversos tipos de deslocamentos ou movimentos
involuntários – tanto os que cruzam fronteiras internacionais quanto os que se deslocam dentro
do mesmo país. Por exemplo, o termo tem sido utilizado para se referir às pessoas que têm sido
deslocadas em decorrência de desastres ambientais, conflitos, fome, ou projetos de
desenvolvimento em larga escala.

“Migração forçada” não é um conceito legal, e similar ao conceito de “migração”, não existe uma
definição universalmente aceita. Ele abarca uma ampla gama de fenômenos. Refugiados, por
outro lado, são claramente definidos pelo direito internacional e regional dos refugiados, e os
Estados concordaram com um específico e bem definido conjunto de obrigações legais em
relação a eles. Referir-se a refugiados como “migrantes forçados” tira atenção das necessidades
específicas dos refugiados e das obrigações legais que a comunidade internacional concordou
em direcionar a eles. Para evitar confusão, o ACNUR evita o uso do termo “migração forçada” ao
se referir aos movimentos de refugiados e outras formas de deslocamento.

9. Qual é a melhor forma de se referir a grupos mistos em deslocamento que incluam tanto
refugiados quanto migrantes?

A prática adotada pelo ACNUR é se referir a grupos de pessoas viajando em movimentos mistos
como “refugiados e migrantes”. Essa é a melhor forma de permitir a compreensão de que todas
as pessoas em deslocamento possuem direitos humanos que devem ser respeitados, protegidos
e satisfeitos; e que refugiados e solicitantes de refúgio possuem necessidades específicas e
direitos que são protegidos por uma estrutura legal específica.

Por vezes, em discussões políticas, o termo “migrações mistas” e termos correlatos como “fluxos
mistos” ou “movimentos mistos” podem ser formas úteis de se referir ao fenômeno de refugiados
e migrantes (incluindo vítimas de tráfico ou outros migrantes vulneráveis) viajando lado a lado
pelas mesmas rotas, utilizando os mesmos facilitadores.

Por outro lado, o termo “migrante misto”, que é por vezes usado como uma síntese para se
referir a uma pessoa em um fluxo migratório misto e cujo status individual é desconhecido ou que
pode ter múltiplas e justapostas razões para se mudar é incerto. Isso pode causar confusão e
mascarar as necessidades específicas de refugiados e migrantes no movimento. O termo não é
recomendado.

10. E quanto aos refugiados que deixam o país em que se refugiaram e entram em outro? Eles
não são melhores descritos como “migrantes” por conta de realizarem viagens subsequentes
a partir do primeiro país de acolhida?

Um refugiado não deixa de ser refugiado ou torna-se “migrante” simplesmente por deixar um país
de refúgio para viajar a outro país. Um indivíduo é refugiado por conta da falta de proteção em
seu país de origem. Mudar-se para um novo país de refúgio não muda essa situação. Portanto, o
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ACNUR

[1] A Convenção de 1990 sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e
dos Membros das suas Famílias define o termo “trabalhador migrante”. Ver também o Artigo 11 da
Convenção da OIT de 1975 sobre Migrações em Condições Abusivas e Proteção da Igualdade de
Oportunidades e de Tratamento dos Trabalhadores Migrantes (nº 143) e da Convenção da OIT de
1979 sobre Trabalhadores Migrantes (nº 97); assim como o Artigo 1 da Convenção Europeia de
1977 relativa ao Estatuto Jurídico do Trabalhador Migrante.

[2] Por exemplo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos; o Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos; e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; assim como
outros tratados internacionais e regionais importantes, reconhecem que todas as pessoas,
incluindo migrantes e refugiados, possuem direitos humanos.

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