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O ESTOICISMO
As escolas filosóficas da Antiguidade não se limitavam a uma atividade teórica, conceptual
e intelectual. Não obstante as suas diferenças, as várias escolas (a Academia, o Liceu, os
Cínicos, o Jardim ou a escola do Pórtico) tinham como objetivo ajudar os respetivos
membros a alcançar a felicidade mediante uma transformação conjunta do pensamento e
da forma de viver. Esta transformação exigia um treino diário, a que se dava o nome de
ascese.
O estoicismo foi fundado por Zenão de Cítio em Atenas, no início do séc. III a.C. O estoicismo
foi evoluindo ao longo dos séculos no contexto helénico e teve grande impacto na cultura
latina, com autores como Cícero (106-43 a.C.), Séneca (04-65 a.C.), Epicteto (50-135 a.C.), e
Marco Aurélio (121-180 a.C.).
A filosofia dos primeiros estoicos dividia-se em três partes: lógica, física e ética. A lógica
permite examinar as nossas representações mentais e as suas relações com a linguagem e a
razão. A física permite-nos compreender como é que o organismo e a vida humana se
integram no todo constituído pela natureza. A ética expõe as regras de ação e os
comportamentos e virtudes exigidos ao ser humano que este possa alcançar a felicidade.
PLATÃO
Nos seus diálogos, Platão, cuja opinião coincide com a do personagem Sócrates, rejeita duas
teses defendidas pelos sofistas:
(i) A tese relativista, defendida por Protágoras, por exemplo, segundo a qual o homem
é a medida de todas as coisas (cf. Teeteto172 a-b);
(ii) A tese segundo a qual as leis instituídas pelas cidades humanas se opõem às leis
válidas por natureza, razão pela qual seria legítimo contestar a legitimidade das
primeiras. Às leis que têm origem na convenção, Cácicles opõe as leis da natureza,
segundo as quais o mais forte deve prevalecer sobre o mais fraco (cf. Górgias (483 c
– 484 b), discurso de Cálicles).
ARISTÓTELES
Dois tipos de leis em relação à sua origem
(i) Lei particular: a que foi definida por cada povo em relação a si mesmo, quer seja
escrita ou não escrita (Retórica I, 13).
(ii) Lei comum: a que é segundo a natureza. «Pois há na natureza um princípio comum
do que é justo e injusto, que todos de algum modo adivinham mesmo que não haja
entre si comunicação ou acordo» (Retórica I, 13).
Dois tipos de leis em relação às pessoas: «Em relação às pessoas, a justiça é definida de
duas maneiras; pois o que se se deve fazer e não deve fazer é definido, quer em relação à
comunidade quer em relação a um dos seus membros» (Retórica, 13).
Para Aristóteles, o direito natural não está em contraposição com o direito positivo. Pelo
contrário, o direito positivo, como aplicação da ideia geral de justiça à vida social nos seus
vários âmbitos, deve ser uma realização do direito natural. Para Aristóteles, o fundamento
da moral e também da justiça é a própria natureza humana. É moral o que é natural.