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CONCEITOS GERAIS EM

CANA-DE-AÇÚCAR
Plantio e tratos

Prof. Dr. Edgar G. F. de Beauclair


Depto. Produção vegetal – ESALQ / USP
edgar.beauclair@usp.br
ESTÁGIOS E ÉPOCAS DE PLANTIO

 Cana planta: cana que atravessa o ano safra


em formação
 Cana de “n” corte: cana que dará enésimo
corte durante o ano safra
 Cana de ano e meio: cana plantada no início
do ano civil, após as chuvas
 Cana de ano: cana plantada no fim do ano
civil, antes das chuvas
 Cana soca: toda cana que já produziu pelo
menos um corte
CICLOS
 Estágios
CURVAS DE CRESCIMENTO
 Curvas de crescimento
PRINCIPAIS DOENÇAS

 Controle de doenças
DOENÇAS VETORES CONTROLE
Carvão Vento, solo, mudas Resist. Varietal +
Trat. Térmico +
ROGUING
Mosaico Pulgões, mudas Resist. Varietal +
ROGUING
Escaldadura Facão, mudas Resist. Varietal +
ROGUING
Raquitismo Facão, mudas Resist. Varietal +
Trat. Térmico
Ferrugem Vento, mudas Resist. Varietal
marrom e laranja
VIVEIROS
 Fitosanidade
 Muda sadia
 Tratamento térmico

 Multiplicação / propagação
 Produção de mudas
 Propagos
 Meristemas
 Gemas
EVOLUÇÃO VIVEIROS
 Viveiros TRATAMENTO
TÉRMICO

Viveiro
primário

Viveiro Viveiro
secundário produtor

COMERCIAL Multiplicação

COMERCIAL
EVOLUÇÃO NO TEMPO
 Viveiros – projeto
PLANEJAMENTO DO PLANTIO
 Caracterização e definição da base física
 Caracterização do ambiente de produção
 Determinação da vocação técnica de cada
ambiente em função de recursos disponíveis
 Integração ambiente (solo + clima) / planta
 Sistema de produção
 Manejo de variedades – plantio
 Adaptabilidade e rusticidade

 Época da colheita

 Trafegabilidade

 Disponibilidade de mudas

 Correções e práticas culturais


PLANEJAMENTO DO PLANTIO
 Vocação técnica completa
 Definição de áreas homogêneas com mesmo
manejo de variedades – plantio / colheita
 Frentes de trabalho balanceadas
 Logísticas de plantio e corte apropriadas
 Homogeneidade de áreas anuais de plantio
 Homogeneidade de produção agrícola anual
 Distribuição adequada do fornecimento da
matéria prima ao longo da safra
1. Cana-de-açúcar
1.1. Botânica

 Sistema radicular

 Sistema radicular
de cana planta
mostrando os três
tipos
característicos de
raízes, a
distribuição
percentual em
profundidade e a
distância lateral
atingida pelas
raízes superficiais
(Dillewijn, 1952).
Controle fatores restritivos
compactação / mecanização
 Aumento da densidade aparente do solo
 Redução do volume de solo a ser explorado
pelas raízes, restrições físicas, químicas e
biológicas
 Pisoteio
 Arranquio
 Tombamento
 Necessidade de novas práticas de plantio,
cultivo e colheita.
INSTALAÇÃO DA CULTURA

IMPLANTAÇÃO PLANEJAMENTO DA
ÁREA
1. Aração profunda
Cana (incorporação restos
1. PREPARO planta vegetais)
2. Fertilizante no fundo
DO
do sulco
TERRENO
1. Destruição soqueiras
2. ADUBAÇÃO
Cana soca após colheita
2. Primeiros tratos
culturais e no lado da
linhas de cana
CALAGEM ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO
E ADUBAÇÃO
ÉPOCA PLANTIO
ESCOLHA DA VARIEDADE: MUITO importante antes do plantio!

CULTIVAR MAIS BOA


+
ADAPTÁVEL AO AMBIENTE + PROCEDÊNCIA

= ALTA PRODUTIVIDADE

CANA DE • AGOSTO Á NOVEMBRO


• EXIGÊNCIA SOLOS
< produtividade
> incidência
ANO FÉRTEIS E ÁGUA daninhas e doenças

CANA DE • JANEIRO Á ABRIL


• MAIS RECOMENDADO Terreno para
ANO E MEIO TECNICAMENTE outras culturas
PREPARO DO SOLO
 Convencional
 Diversos sistemas e combinações envolvendo
arações, gradagens pesadas, gradagens
leves, subsolagens e nivelamento
 Adensamentos e compactação devem ser
diagnosticados antes de decidir o uso de
subsolagem
 Profundidade do preparo deve chegar a 40 cm
 Sulcação e adubação na mesma operação, a
30 cm de profundidade
PREPARO DO SOLO
 Cultivo mínimo
 Eliminação química ou mecânica da soqueira
 Subsolador, sulcador, destorroador e
adubadeira em um único equipamento
 Sulcador com haste subsoladora
 Trabalham na antiga entre-linha
 Menor volume de solo a ser explorado pelo
sistema radicular – ambientes fracos
SISTEMA DE PREPARO PROFUNDO DO SOLO
NO DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-AÇÚCAR

...e novas linhas de pesquisa


HIPÓTESES
 O preparo profundo proporciona um maior volume de
solo a ser explorado pelas raízes, conseqüentemente
um melhor desenvolvimento e maior longevidade do
canavial sem movimentar porção do solo que servirá de
base para o tráfego. Mecanização de baixo impacto.

 O preparo profundo proporciona sulcação alternada (1,5


x 0,9 m) ou outros adensamentos mantendo o controle
do tráfego.

 Tráfego controlado com o menor volume de solo


preparado reduzirá o consumo de combustível, o custo
de implantação e a emissão de gases do efeito estufa.
Setor sucroalcooleiro
 CRESCIMENTO CONTINUO
 MÁQUINAS E IMPLEMENTOS
AGRÍCOLAS

COMPACTAÇÂO
AUSÊNCIA DE CRONOGRAMAS
CAPACIDADE DE SUPORTE DE
CARGA DO SOLO
PRINCIPAL CAUSA
pressões
exercidas + UMIDADE
por tráfego
PRINCIPAIS
EFEITOS
Redução da porosidade
Aumento da densidade
Redução da aeração
Maior resistência à
penetração
Compactação em canaviais

 Volume de macroporos;
 Tamanho de agregados
 Taxa de infiltração
 CAD

• Resistência a penetração de raízes


• Densidade do solo
 Problema da compactação em canaviais
esta relacionado às colhedoras e aos
veículos de transbordo.
 Colhedoras: 13 t
 Veículo de transbordo: 23 t

Balbo (1994)
Preparo do solo

 Sistemáticos e mesma profundidade-


desconsideração da umidade
 Manejo inadequado – degradação dos atributos
do solo
 Problema nas soqueiras – tráfego intensivo

Produção da cana
MATERIAL E
EXPERIMENTO MÉTODOS

 Fazenda Areão – Esalq


 3 tipos de preparo do solo
 2 espaçamentos
 Área de 0,4 ha
 Blocos casualizados
 CTC 14
 Instalação, Out 2010
TRATAMENTOS MATERIAL E
MÉTODOS

 Preparo convencional (CON)


 Arado; grade; subsolador; grade;
 Espaçamentos
 Fileira simples, 1,5 m
 Fileira dupla, 1,5 x 0,9 m
 Cultivo mínimo (MIN)
 Subsolador;
 Espaçamentos
 Fileira simples, 1,5 m
 Fileira dupla, 1,5 x 0,9 m
 Preparo profundo (PPF)
 Dreno subsolador + Enxada rotativa
 Fileira dupla, 1,5 x 0,9 m
MATERIAL E
MÉTODOS

Gesso
Calcário
MATERIAL E
MÉTODOS
MATERIAL E
AVALIAÇÕES MÉTODOS

 BIOMETRIA
 Avaliações mensais
 Profundidade do sulco
 Terra sobre a muda
 Gemas m-1
 Falhas na brotação
 Brotações m-1
 Perfilhos m-1
 Altura do colmo
 Diâmetro
 Nº internódios
 Comprim. internódios
MATERIAL E
AVALIAÇÕES MÉTODOS

 ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR

TRATAMENTOS IAF
CON-S 5,67 b
CON-D 5,82 b
MIN-S 5,63 b
MIN-D 5,70 b
PPF 6,99 a
MATERIAL E
AVALIAÇÕES MÉTODOS

 Resistência do solo a penetração

RSP (MPa) – Profundidades


Tratamentos
0-20 21-40 41-60 61-80
CON-S 0,60 a 1,36 a 1,54 a 1,67 a
CON-D 0,52 a 1,12 a 1,69 a 1,52 a
MIN-S 0,69 a 1,56 a 1,85 a 1,75 a
MIN-D 0,70 a 1,06 a 1,46 a 1,50 a
PPF 0,37 a 0,29 b 0,45 b 1,40 a
 Sistema radicular MATERIAL E
MÉTODOS

Trinche
CON-S CON-D
MIN-S MIN-D
PPF
 Sistema radicular MATERIAL E
MÉTODOS
 Análises por imagem
 Safira® Embrapa
PRODUTIVIDADE

TRATAMENTOS PROD. (t ha-1)


CON-S 102,2 b
CON-D 102,2 b
MIN-S 94,5 c
MIN-D 95,9 c
PPF 111,1 a
Avaliação de rendimento econômico MATERIAL E
MÉTODOS

CON
Pesada Leve

MIN

PPF
CORREÇÃO DO SOLO
 Correção do solo, calagem, corretivos
 Sistemas diferentes de recomendação
 CTC
 NC = 3 – (Ca + Mg) * f
 IAC
 Saturação de bases (elevar a 60%)
 Critérios devem considerar
 Calcáreo tem baixa solubilidade (Ks = 10 -13)
 CTC das análises de rotina não é efetiva e sim
calculada
 Solos com alta CTC tem diferente especiação química
da representada nas análises de rotina
 Doses anuais superiores à 3 t / ha pouco eficientes
 Necessidade de Ca e Mg pela cultura
CONDICIONADORES
 Condicionadores inorgânicos
 Gesso
 Fornece Ca e S
 Diminui atividade iônica do Al mas não neutraliza
 Atua em profundidade
 Diminui a solubilidade do calcáreo
 Condicionadores orgânicos
 Ácidos húmicos
 Favorecem fornecimento de N
 Diminuem perdas por lixiviação e volatilização de NH3
 Melhoram a CTC e a eficiência da adubação química
 Preenche sítios de fixação de P
 Melhora a retenção de água na região da rizosfera
O PLANTIO
Camada de 5 Mudas de 12 á 18
á 10 cm e meses de idade e
CORTE DA raso
compactada MUDAS

4 ETAPAS DISTRIBUIÇÃO NO
COBERTURA
PRINCIPAIS SULCO

Distribuição Profundidade
CORTE DOS
uniforme e 12 a 18 máxima 30cm
COLMOS
gemas/ m l
PLANTIO
 Técnicas operacionais
 Sulcação / adubação em banquetas – plantio manual
após mudas amontoadas mecanicamente
 Sulcação / adubação completa – plantio com carretas
 Picação manual
 Plantio mecanizado
 Sulcação, adubação, distribuição de mudas picadas e
cobrição com único equipamento
 Espaçamento:
 1,10 m a 1,40 m (áreas de colheita manual)

 1,50 m (áreas de colheita mecânica) – Sistematização

 Densidade de plantio:
 12 – 20 gemas / m
 6 gemas viáveis / m
 Cobrição com 10 cm de terra
DISTRIBUIÇÃO DE MUDAS
PLANTIO MECANIZADO
PLANTADORA
PLANTADORA PLENE
PLANTADORA MPB
Próximos passos...
Cultivo com incorporação de palha... Tipos de mudas...

Plene

MPB Tubetes
NOVAS TECNOLOGIAS
SULCADOR COM ADUBAÇÃO
LÍQUIDA
PLANTIO MANUAL
CANA COBERTA

LOMBO
COBRIDOR COM APLICADOR
TRATOS NA COBERTURA
 Aplicação de inseticidas e nematicidas.

 Aplicação de ácidos húmicos e outros


bioestimulantes.

 Fatores redutores e limitantes!

 PÓS PLANTIO => CONTROLE DE ERVAS!


PLANTIO
 Pragas de solo
 Nematóides
 Cupim
 Sphenophorus
 Methamasius
 Migdolus
 Controle mecânico na eliminação da soqueira
 Controle químico no plantio, realizado junto
com a cobrição das mudas
 Desenvolvimento de controles biológicos
SISTEMAS DE PRODUÇÃO
 Épocas de plantio
 Rotação de culturas
 Adubação verde
 Consorciado MEIOSI
Adubação Verde
Rotação de Culturas

PLANTIO INTERCALAR (MEIOSE) DE SOJA


Meiosi - Usina São João
(Araras/SP)
MEIOSI - MÉtodo Intercalar Ocorrendo
SImultaneamente
 “Prática de manejo ligada à cultura de cana-de açúcar, que
visa a rápida produção de mudas, para o plantio de cana de
ano e meio, associando o cultivo intercalar de culturas de
interesse econômico ou simplesmente agronômico.”

- Plantio em
setembro
outobro
Mudas > 5
meses
MEIOSI - MÉtodo Intercalar/Rotacional
Ocorrendo SImultaneamente
VANTAGENS econômicos e
agronômicos
 Produção de mudas :
 Rápida. Multiplicação de novas variedades;
 Redução da área para plantio
 Dispensa o carregamento de mudas – redução de custos
logísticos
 Renda extra – incremento de receita
 Redução geral de custos: cerca de 20-25% (Us. São João,
2000)
 Adubação verde = Conservação do solo + Aumento da
produtividade da cana
TRATOS CULTURAIS

TRATOS CULTURAIS:

CONTROLE DE DANINHAS

ADUBAÇÃO EM COBERTURA

VIGILÂNCIA DO CARVÃO
TRATOS CULTURAIS
 Matocompetição
 Período crítico
 Cana planta: 30 – 120 dias após plantio
 Cana soca: 30 – 90 dias após o corte
 Épocas de aplicação e cuidados gerais
 Ideal é aplicação de pré-emergentes logo após
operações de plantio ou corte e cultivo mecânico.
 Produtos para baixa umidade do solo – safra
 Pré-plantio incorporado em pastos
 Tecnologia de aplicação é fundamental
 Produtos adaptados a aplicação sobre a palha
NUTRIÇÃO
 Nutrição de plantas
 Noções gerais
 Fornecimento de nutrientes essenciais ao
desenvolvimento completo das plantas
 Macronutrientes
 Primários: N, P, K
 Secundários: Ca, Mg, S
 Micronutrientes
 B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn
 Úteis
 Na, Si, Ni, Co
ADUBAÇÃO
 Nutrição
 Fórmulas mais comuns de adubação de base
 Plantio: 4-20-20; 5-25-25; 2,5-10-10; 10-30-20; etc

 Soqueira: 18-00-27; 14-07-28; 14-07-21; 20-00-30; etc

 Cobertura nitrogenada em cana planta (0 a 60 kg / ha)


 Início das águas

 Cultivo “quebra-lombo”

 Adubação de base “padrão” – kg / ha

ESTÁGIO N P2O5 K2O


CANA PLANTA 0 a 60 100 a 150 100 a 170
CANA SOCA 60 a 100 0 a 45 100 a 170
ADUBAÇÃO
 Nutrição – exportação de nutrientes kg / t cana

NUTRIENTE CANA PLANTA CANA SOCA


N 0,92 0,73
P2O5 0,23 0,30
K2 O 0,77 0,85
CaO 0,83 0,49
MgO 0,56 0,51
SO4 0,84 0,69
TORTA DE FILTRO
 Nutrição - Resíduos agroindustriais
 Torta de filtro – composição
ELEMENTO (unidade) Copersucar Planalsucar ESALQ
N (%MS) 1,41 0,87 1,26
P2O5 (%MS) 1,94 1,35 2,61
K2O (%MS) 0,39 0,28 0,27
CaO (%MS) 2,10 2,18 5,04
MgO (%MS) 0,89 0,24 0,54
SO4 (%MS) 3,55
SiO2 (%MS) 14,06
C (%MS) 39,60 31,20 36,20
Fe (ppm) 34.870 25.100
Mn (ppm) 590 624
Cu (ppm) 51 65
Zn (ppm) 83 89
Mo (ppm) 0,6
Umidade (%) 79,41 74,77 77,77
ADUBAÇÃO
 Nutrição - Resíduos agroindustriais
 Torta de filtro – aplicação
 Dosagem de 4 a 12 t MS /ha
 Área total antes / durante preparo
 Sulco de plantio - localizado
 Entrelinha da soqueira
 Compostagem com bagaço e outros materiais
 Redução umidade
 Aumento do volume total
 Complementação de nutrientes
VINHAÇA
 Nutrição - Resíduos agroindustriais
 Vinhaça – composição
ELEMENTO (unidade) MOSTO DE MELAÇO MOSTO MISTO MOSTO DE CALDO

N (kg / m3) 0,665 0,400 0,285

P2O5 (kg / m3) 0,200 0,270 0,218

K2O (kg / m3) 5,455 2,680 1,525

CaO (kg / m3) 2,153 1,050 0,405

MgO (kg / m3) 1,060 0,493 0,313

SO4 (kg / m3) 1,050 1,600 2,030

Mat. orgânica (kg / m3) 49,07 31,21 24,39

Fe (ppm) 79,67 78,00 68,67

Cu (ppm) 5,0 3,9 1,6

Zn (ppm) 3,3 3,0 2,3

Mn (ppm) 8,0 7,5 7,0

pH 4,25 3,95 3,60


ADUBAÇÃO
 Nutrição - Resíduos agroindustriais
 Vinhaça – aplicação
 Dosagem em função K2O – 100 a 300 m3 / ha
 Aplicação limitada pelas distâncias, topografias,
distribuição de áreas, sistemas de aplicação, etc.
 Fertirrigação – uso de águas servidas
 Uso de caminhões tanques
 Recurso importante na safra – estiagem
 Melhora a brotação da soqueira
 Aumenta a atividade microbiana solo
CONSIDERAÇÕES
 VIVEIROS E MUDAS SADIAS
 PROPAGAÇÃO / MULTIPLICAÇÃO
 DESENVOLVIMENTO RADICULAR
 OPERACIONAL
 SISTEMAS DE PRODUÇÃO
 CORREÇÃO DO SOLO
 ADUBAÇÃO

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