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1.

Como fazer uma conta simples, não tão detalhada, mas q tem uma ótima assertividade, de Taxa Interna
de Retorno implícita para o acionista. Partindo de um exemplo corriqueiro, antes de ir pra ações. Imagine
um restaurante e alguns números da operação:

2. Esse restaurante, por exemplo, gera de caixa 1 milhão por ano ANTES de despesas financeiras e antes
de IR. Ele tem uma dívida bancária de 2 milhões, um custo de dívida de 10%, e um IR de 34%. Imagine que
esse 1 milhão por ano cresça 1% acima de uma inflação de 4%aa.

3. Portanto esse restaurante cresce a geração de caixa em 5%aa. Esse restaurante está a venda por R$ 5
milhões. Se o comprador pagar 5 milhões, qual a Taxa Interna de Retorno para o comprador?

4. Segue, traduzindo para ações: o mkt cap é de R$ 5mm, o net debt é R$ 2mm, portanto o EV é de R$
7mm. O Ebit é de R$ 1mm. Sendo assim, o "ebit yield real" do EV é de 14,3% (1mm/7mm). Como esse Ebit
cresce, o "ebit yield nominal" é igual ao "ebit yield real"+5%, o que dá 19,3%.

5. Esse "Ebit yield nominal" vezes o EV de R$ 7mm dá R$ 1,35mm. Isso quer dizer q vc transformou o 1mm
que cresce 5%aa em um fluxo nominal, flat, de R$ 1.3 para facilitar a conta. Da na mesma. Seguindo, o
custo de dívida é de R$ 200 mil (10% x R$ 2mm).

6. Portanto, seu FCF antes de IR é de R$ 1,15mm. Depois de IR, o FCF nominal para o acionista é de R$ 760
mil. Pronto. Dividindo R$ 760 mil de FCF pro acionista pelo valor ofertado de R$ 5mm, vc tem uma TIR pro
equity de 15,18%.

7. Portanto, de acordo c/ as premissas acima, a Taxa Interna de Retorno esperada pelo comprador se ele
pagar R$ 5mm pelo restaurante é de 15,18%aa. O comprador agora julga o risco do investimento,
compara c/ suas alternativas e seu custo de oportunidade e decida de compra ou não.

8. Só para efeito de sensibilidade, se o comprador conseguir baixar o preço de R$ 5mm para R$ 4mm, um
desconto de 20%, a TIR para o equity sobe p/ 18,15%. Melhor. Da até pra ver a sensibilidade da taxa vs
preço (DV01 de equity), o q seria aproximadamente 6,7 (20%/(18.15%-15,18%).

9. Só para se ter uma ideia, esse é um duration perto do normal de uma ação, o que normalmente fica
entre 6 e 12x. Agora vamos para um caso real de uma empresa listada.

10. A cia gera tem Ebit de R$ 76,4 bilhões. Ela tem uma dívida bancária líquida de R$ 276 bi, um custo de
dívida de 10%, e um IR de 23%. Imagine q esse Ebit cresça 7%aa (volume+inflação de preço).

11. Essa cia está a venda por R$ 285 bilhões. Se o comprador pagar esses 285 bilhões, qual a Taxa Interna
de Retorno para o comprador? Mesmo processo se segue:

12. O mkt cap é de R$ 285bi, o net debt é R$ 276bi, portanto o EV é de R$ 561bi. O Ebit é de R$ 76bi.
Sendo assim, o "ebit yield real" do EV é de 13,55% (76bi/561bi). Como esse Ebit cresce 7%aa, o "ebit yield
nominal" é igual ao "ebit yield real"+7%, o que dá 20,55%.

13. Esse "Ebit yield nominal" vezes o EV de R$ 561bi dá R$ 115,3bi. Isso quer dizer q vc transformou o 76bi
que cresce 7%aa em um fluxo nominal, flat, de R$ 115,3bi p/ facilitar a conta. Seguindo, o custo de dívida
é de R$ 27,6bi (10% x R$ 276bi).

14. Portanto, seu FCF antes de IR é de R$ 87,7bi. Depois de IR, o FCF nominal para o acionista é de R$
67,5bi. Pronto. Dividindo R$ 67,5bi de FCF pro acionista pelo mkt cap de R$ 285bi, vc tem uma TIR pro
equity de 23,69%.

15. Portanto, de acordo c/ as premissas acima, a TIR esperada pelo comprador se ele pagar R$ 285bi pela
cia é de 23,69%aa. O comprador agora julga o risco do investimento, compara c/ suas alternativas e seu
custo de oportunidade e decida de compra ou não.

16. Para efeito de sensibilidade, se o crescimento de 7%aa para o Ebit diminuir para somente 5%aa, a TIR
cai para 20,65%. Mas agora, em cima disso, cada um q simule e estresse sua conta, comparando com
outros riscos e outras alternativas.

17. Essa cia acima é a Petrobrás, e o nosso modelo mais completo não foge muito dessa conta. A ideia
aqui é mostrar uma forma rápida e simplificada, mas não perfeita, de se estimar uma TIR pro acionista
numa empresa listada.

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