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CENÁRIO
O cenário deve mimetizar um velório cristão. Vê-se um caixão de madeira na posição
vertical, que se estende do fundo para o proscênio. Dentro deste caixão, deve se
posicionar a atriz que interpretará a defunta, coberta por flores e por um véu branco. Atrás
do caixão, pode-se avistar uma grande cruz. A frente do palco, devem ser colocadas
algumas coroas de flores, indicando a entrada para a sala onde se está velando o corpo
de Teresa. Nos lados do caixão, também podem ser posicionadas algumas flores.
ATO ÚNICO
A cena principal consiste em um velório. Vê-se um caixão posicionado do fundo para o
proscênio, onde descansa Teresa, aparentemente morta. Ao lado esquerdo do caixão,
estão algumas senhoras beatas, que comentam a ação inicial. Ao lado direito, vê-se o
delegado encarregado de investigar a estranha aparente morte de Teresa e, a seu lado,
está Eudócio, religioso fanático da cidade. Atrás do caixão, estão Tião, ao meio, pai de
teresa, Sebastião, do lado direito, seu irmão e Joaquim, ao lado esquerdo, seu noivo, os
três com chapéus na mão.
TIÃO – Agradeço a todos que vieram, de muito bom coração, a este velório tão triste, da
minha filhinha que hoje tá subindo pros portões de São Pedro... Ai, minha amada! Que
saudades que o papai vai ter docê! Ela era uma menina tão meiga, gente, vocês
conheciam. Nunca fez mal a uma mosca sequer! Era mocinha direita e honesta.
(Relembrando e rindo-se) Nunca teve jeito pra serviço doméstico, mas também, as moças
de hoje num tavam mais assim né. Não sabia costurar, não sabia cozinhar... Mas não era
ruim, não – nunca negou nada pra ninguém. Um dia, com essa cabeça aí de estudanta,
se engraçou com o Joaquim (grita para Joaquim que está longe) NÉ NÃO QUIM?! (Rindo-
se) Engraçou-se com ele um dia aí que ela fugiu de casa de madrugada e aí ficaram os
dois junto pra sempre. Ai, ai, ai... Vai deixar saudade essa minha filhinha... (põe-se a
rezar)
Foca-se uma vez mais no coro das senhoras, rezando. Elas agora discutem a fala do Pai
da moça, em tom de pudor tanto com o jeito que o Pai proferiu sua fala, como com as
“revelações” sobre a filha.
SENHORA – Num é pra menos que a filha era desse jeito, né.
SENHORA – Com um pai assim sem educação, não era pra menos.
SENHORA – Onde já se viu moça se engraçar com homem assim sem nem casar...
SENHORA – E onde já se viu fugir de casa no meio da noite pra fazer besteira?!
SENHORA – Tal pai, tal filha!
SENHORA – Mas nem no enterro da menina vocês perdoam!
SENHORA – Sem vergohice não tem que ser perdoada não!
SENHORA – Deixa a menina em paz.
SENHORA – Se fosse direita, essa menina num teria sido atirada da janela.
SENHORA – Ninguém sabe se foi mesmo!
SENHORA – Ah, mas pode apostar que foi! E pode apostar que foi culpa desse tal de
Joaquim.
SENHORA – Pra cozinhar a menina não tinha jeito...
SENHORA (gritanto) – MAS PRA SE ENGRAÇAR COM A PIROCA DOS OUTRO, TINHA
NÉ!
TODAS – Shhhhh!
SENHORA – Ai, meu santinho! Deixa a pobre coitada em paz..
SEBASTIÃO – Ai, meu são Cristóvinho! Foi levar a pobre coitada tão cedo?! Mamãe,
papai, porque é que Jesus quis minha irmãzinha logo agora? Pronta pra casar... Com
todo o enxoval preparado, toda a família esperando com uma ansiedade imensa pelo
casamento da menininha... E puf! Se foi... Mas Deus prega umas peças na gente de vez
em quando, né não?! Muito obrigado, viu. Por tudo o que ocê fez por nós, minha maninha.
E obrigado a todos vocês que compareceram do bom coração de vocês aqui no enterro
da Inhazinha. A gente aprecia muito que ocês tiraram tempo do dia de vocês pra vir se
lamentar conosco!
SENHORA – O irmão é bem mais educadinho que aquele bruto do pai da menina.
SENHORA – Pra mim, filho de peixe, peixinho é.
SENHORA – A menina num era lá flor que se cheire também. Outro dia, que eu tava na
praça sentada, passou a menininha toda empiriquitada, toda bonitinha...
SENHORA – Sem-vergonha!
SENHORA – Tava com um vestidinho bonitinho de estampa, toda floridinha – mas que
num chegava nem no joelho direito!
SENHORA – Sem-vergonha!
SENHORA – E com um sapatinho de couro mostrando todo o peito do pé.
SENHORA – Sem-vergonha!
SENHORA – E os cabelos assim, soltos, até o ombro, voando por aí.
SENHORA – SEM-VERGONHA!!!
SENHORA – Passou correndo, toda apressada por mim. Queria chegar n'algum lugar
muito é que depressa.
SENHORA – Tava é apressada pra dar pro namorado, isso sim!
SENHORA – Ai, Jesus!
SENHORA – Num sei. Só sei que voltou depois de umas duas horas – mas daí vestindo
um casaquinho que cobria só os braços...
SENHORA – Mas também, se não tivesse fazendo o frio que tá...
SENHORA – Aposto que essa menina seria capaz de andar de biquini por aí!
SENHORA – Passou por mim de novo, me cumprimentou e saiu em direção à Prefeitura.
SENHORA – Em direção à Prefeitura?
SENHORA – Mas pra onde tinha ido a menina?!
SENHORA – Num sei, gente. E agora sh, que o noivo vai falar!
SENHORA – Ai! Essa vai ser boa!!!
(Acontece com Joaquim o mesmo que aconteceu com Tião e Sebastião. Lamenta-se.)
JOAQUIM – Meu benzinho... (tenta conter o choro durante toda a fala) Você se foi tão
cedinho... A vida foi tão dura com você, meu benzinho... Num se esquece de mim, meu
benzinho. Fala sempre de mim pra São Pedro, tá? Eu vou ficar aqui. Tá? Ai, meu
benzinho... Se tudo tivesse sido tão diferente... Ai, que tristeza! Que angústia! Que
melancolia... Ai, meu Jesusinho... Quanta saudade no meu peito...
(Todo o lamento de Joaquim deve ser bastante cômico, característico do jeito tímido que
se comporta. É interrompido brutalmente pelo delegado, que denota um comportamento
oposto ao de Joaquim – esta quebra também deve causar estranhamento. O delegado é
um homem de poder sobre a cidade, visto que é coronel.)
BENÍCIO – Coronel, por favor. O senhor que é um homem honrado deveria entender que
este momento não é o mais apropriado para discursarmos sobre tais assuntos...
BERNARDO – Tenho todo o respeito para com as ordens do senhor, Padre. Mas
enfrentamos aqui a suspeita de um crime...
BENÍCIO – Coronel, as suas investigações podem esperar até amanhã ou depois. O
corpo desta pobre menina, infelizmente, não.
BERNARDO – Ora, padre, enfrentamos aqui uma situação, e seria de muita prudência...
BENÍCIO (interrompe) – Que o senhor calasse-se por ora, Coronel.
BERNARDO – Padre, padre, padre. Não quero mandar o senhor para a delegacia.
BENÍCIO (colérico) – Na Igreja, seu Coronel, mando eu.
EUDÓCIO (idem) – Existem aqueles que não sabem respeitar o nome de Deus!
CORONEL (abaixando o revólver) – Uma moça morreu nesta cidade e ninguém sabe o
que aconteceu. Se ela se atirou da janela, se foi atirada da janela ou se morreu de
qualquer outra maneira não me importa – a única coisa a se fazer agora é encontrar o
assassino, que pode muito bem estar aqui e que pode muito bem ser um desses três
(irônico) homens.
TIÃO (enraivecido) – Olha só, seu Bernardo, eu sei que o senhor quer aí cumprir seu
serviço e tudo mais, mas me acusar e acusar o meu filho de matar a pobre coitada já é
demais!
CORONEL – O senhor está acusando o noivo, então?
TIÃO – Claro que não, seu Bernardo. Já num deu pra ver que esse aí é a maior mosca
morta da cidade toda?!
CORONEL – Este são os piores! (vai até Joaquim) Seu Joaquim!
JOAQUIM (que estava disperso) – Ahn...?
CORONEL (repreendendo-o) – Isto lá é jeito de se dirigir a um coronel?!
JOAQUIM – Ah, num sei, fale pelo senhor...
CORONEL (saca um bloquinho de anotações e inicia-se um interrogatório, anota, etc) –
Seu Joaquim! Onde o senhor estava na hora do falecimento desta moça?
JOAQUIM – (fala algo inaudível)
CORONEL – Seu Joaquim! Não posso ouvir o senhor.
JOAQUIM – (idem)
CORONEL – Seu Joaquim! Eu não...
TIÃO (a Joaquim, repreende) – Oh diabo! Desembucha!
SEBASTIÃO (idem) – Fala duma vez, homem!
JOAQUIM (em reto-tono) – Eu estava na casa de minha mãe tomando um café e
fazendo-a uma visita.
CORONEL (prossegue anotando) – E qual era a sua relação com a morta?
JOAQUIM – Com a morta eu num tenho nenhuma...
CORONEL – E o que o senhor quer dizer com isso?!
JOAQUIM – Uai, tá morta...
TIÃO (indignado) – Senhor do céu!
SEBASTIÃO (idem) – Ele quer saber qual era a sua relação com a minha irmãzinha.
JOAQUIM (tentando entender) – Quando tava viva ainda?
SEBASTIÃO – Quando tava viva ainda!
JOAQUIM – Ah, daí sim. Viva são outros quinhentos.
CORONEL – E qual era a sua relação com ela, seu Joaquim?
JOAQUIM (sem jeito) – Ah... O senhor sabe, né...
CORONEL – Não sei, não senhor. Se o senhor puder me esclarecer...
JOAQUIM (idem) – Ah... Aquelas coisas...
CORONEL – Seu Joaquim, o que o senhor quer dizer com isso?
JOAQUIM (idem) – Ah, seu Coronel... A gente...
SENHORA (grita) – Eles se engraçavam todo dia na praça e sabe-se lá mais onde!
JOAQUIM (pudorado, tentando cobrir-se com as mãos) – Ai...
CORONEL – Então, era uma relação conjugal...
JOAQUIM – Ah, mais ou menos, né...
CORONEL – E o senhor não chegou a se casar com ela, certo?
JOAQUIM – Num casamo não...
CORONEL – E se noivaram por quê?
JOAQUIM – Uai, porque se os dois quer os dois casa. Ai como os dois queria...
CORONEL – Seu Joaquim! (rindo-se) Estou perguntando se o noivado de vocês tem
alguma relação com este suposto filho que a moça carregava no ventre.
JOAQUIM – Olha, seu Coronel, eu num sabia de filho nenhum...
CORONEL – Uhm... Bom, acho que por ora, é o que eu precisava do senhor.
BENÍCIO – Se o senhor não se importa...
CORONEL (irônico, satisfeito) – De jeito maneira!
(Volta Eudócio trazendo um terço, uma bíblia e um incensário)
BENÍCIO – São poucos aqueles que respeitam de fato a casa do Senhor. Quando o
Senhor abre as portas de Vossa casa, esperamos que se respeitem as vontades Dele.
Hoje, aqui, neste velório, que o Senhor esteja convosco. Não é fácil suportar a dor de
perder alguém tão especial. Desejo que Deus acolha sempre à família tão devota desta
moça. Ao pai, Tião, ao irmão, Sebastião e ao noivo, Joaquim, que o Senhor cuide bem da
filha, irmã e noiva dos senhores. Rezemos uma Ave Maria e um Pai Nosso para
completarmos às nossas preces e orações.
(Neste momento, todos voltam-se para si, de olhos fechados, para ouvir a oração de
Padre Benício, que também estará de olhos fechados. A ação que se segue deve ser
vista pelo público. De dentro do caixão vê-se Teresa mover-se timidamente. Seu braço
cai para fora do caixão e deixa cair o buquê que segurava. Ao final da oração, todos
abrem os olhos. Todos juntos olham para o chão, onde estava o buquê e depois olham
para o caixão e para o braço da moça.)
(Eudócio, esbravejando, saca a cruz uma vez mais e desta vez pega um recipiente com
água benta. Todos parecem temer a loucura de Eudócio. Ele ajoelha-se diante do caixão
e inicia uma reza fervorosa, em tom de exorcismo.)
EUDÓCIO – Senhor, perdoai a alma dos mortos, livrai-os de todo o mal. Senhor, retirai do
corpo desta menina a maldição, Senhor, livrai todo o espírito das calúnias diabólicas.
(começa a balbuciar uma oração exorcista em latim) Egna terrae, cantate deo, psállite
dómino, tribuite virtutem deo Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica
potestas, omnis incursio infernalis adversarii, etc.
BENÍCIO – Eudócio, pare já com isso!
(Eudócio passa-se por surdo. Todos estão perplexos com a situação. O Coronel saca seu
revólver e aponta-o para a cabeça de Eudócio. O fanático não para com a oração.)
CORONEL (ameaçador) – Jovem, não temos este tempo para gastar...
(Eudócio prossegue com a reza, porém acuado pelo revólver em sua cabeça.)
CORONEL – Precisamos enterrar a menina de uma vez, meu caro, para podermos
prosseguir com as investigações!
(Eudócio diminui a intensidade da reza.)
(Todos estão perplexos. Eudócio para a reza. O Coronel desengata o revólver e guarda-
o.)
SENHORA – Vê se pode ficar pegando em arma desse jeito no velório dos outros!
SENHORA – Sem-vergonhice desse sujeito.
CORONEL BERNARDO – As senhoras disseram alguma coisa?
SENHORA – Nada não...!
SENHORA (desconcertada) – Hehe... O senhor é muito bom, viu, seu Coronel? Ter
punhos de ferro pra manter a ordem num é fácil!
SENHORA (dirigindo-se ao caixão) – Não deve ter havido nada com a defunta!
SENHORA (recolhendo o buquê do chão) – Está mortinha, mortinha!
SENHORA (recolhendo o braço de volta ao caixão) – Onde já se viu morta reviver?!
SENHORA (levantando o braço da morta e deixando-o cair como quem quer provar que
está morta) – Olha só! Mortinha!
SENHORA (repetindo a ação com a cabeça da defunta) – Mortinha, mortinha!
SENHORA – Num poderia estar mais morta!
(Neste momento, num súbito, a defunta respira como quem está desafogando. Ela deixa
os dois braços caírem para fora do caixão e levanta as duas pernas. Permanece com o
tronco e a cabeça deitados dentro do caixão. A ação toda deve ser conjunta – o
desafogamento, a caída dos braços e o levantar das pernas acontecem ao mesmo tempo.
Todos dentro do velório ficam boquiabertos e sem palavras fitando o ocorrido com a
suposta defunta.)
SENHORA – Senhor...
SENHORA – Jesus...
SENHORA – Cristo...
EUDÓCIO – Eu disse que a moça está assombrada com o espírito do demônio!
SENHORA – Meu Deus!
SENHORA – Meu Santo Antônio!
SENHORA – Minha Nossa Senhora!
EUDÓCIO – Esta mulher precisa ser exorcizada imediatamente!
SENHORA – Amém!
SENHORA – Amém!
SENHORA – Amém!
EUDÓCIO (em fúria) – Não devemos permitir que o demônio invada desta maneira um
santuário de Deus!
BENÍCIO (hesitante) – Eudó... Eudócio, vá... Vá pegar um punhado de... De água benta lá
na Igreja... Sim?
TIÃO – Mas você quer mesmo exorcizar a minha filha, Padre?! Pensei que isso fosse
coisa da cabeça desse louco desse beato! E não do senhor!
BENÍCIO – Eudócio, vá buscar a água. E quanto a você, Tião. Pode ter certeza que eu
sei das coisas do meu ofício.
SEBASTIÃO – Mas é um absurdo querer tirar o demônio de gente morta!
JOAQUIM – Achei que o senhor precisasse de autorização para...
BENÍCIO (certeiro) – Joaquim, cale-se! Ao demônio não importa se esteja vivo ou morto
quem irá possui-lo. Devemos salvar esta pobre criatura das garras do coisa ruim para que
ela possa descansar em paz!
TIÃO (furioso) – Ah! Mas o senhor não vai...!
BENÍCIO (raivoso) – Cale-se! Eudócio, vá buscar a água!
BERNARDO (saca o revólver; ameaçador) – O coroinha não vai a lugar algum. (Engata a
arma).
BENÍCIO – Nestes assuntos, o senhor não vai me questionar!
BERNARDO – Cale-se, Benício. Aquele que incitar sair deste velório corre o risco de
levar um tiro em cada perna. Não saio desta sala até que tenhamos concluído as
investigações.
BENÍCIO (murmurando) – Filho de uma...
BERNARDO – Seu Benício! Não fica direito prum padre como o senhor falar essas
baboseiras!
BENÍCIO – Escuta, Bernardo. Eu vou te deixar terminar essa joça dessa investigação –
acredito que você só tenha mais o pai para interrogar – e, depois disso, darei
prosseguimento ao velório e ao enterro da pobre da moça sem interrupções, ouviu?
BERNARDO (cínico) – Hum, está bem! Veremos! (volta-se para Tião)
TIÃO – Nem vem, seu Bernardo! Eu num matei coisíssima nenhuma!
BERNARDO – Compreendo, Tião, mas infelizmente este é o procedimento.
TIÃO – Que procedimento, o quê!
BERNARDO – Pois bem, Tião. Onde o senhor estava na hora do ocorrido?
TIÃO – Uai, num tava em lugar nenhum!
BERNARDO – Como assim em lugar nenhum?!
TIÃO (provocativo) – Em ne-nhum lu-gar!
BERNARDO – E o que isso quer dizer, cabra?!
TIÃO – Quer dizer que eu não vou ficar aqui respondendo esse bando de pergunta
estúpida!
BERNARDO – Ora! O senhor não venha me provocar!
TIÃO – To provocando só o que o senhor já começou a provocar! Vê se pode, acusar nós
três de matar a pobrezinha!
BERNARDO – E quem o senhor me sugere acusar, hein, seu Tião?!
TIÃO – Ué, não sei! O delegado aqui é o senhor!
BERNARDO (raivoso) – Onde o senhor estava quando a menina morreu?
TIÃO (raivoso) – Já falei que isto não interessa ao senhor!
BERNARDO – O senhor não vai responder a nenhuma de minhas perguntas?!
TIÃO – Não vou não senhor, muito que obrigado!
BERNARDO (pérfido) – Seria passível de acusar o senhor do próprio assassinato...
TIÃO – Ah! Mas o senhor não faria isto!
BERNARDO – Caso o senhor não me responda as perguntas...
TIÃO – E que provas o senhor tem de que foi de fato um assassinato?!
BERNARDO – Eu num preciso de prova nenhuma não, seu Tião! É só levar o senhor algemado
daqui e dizer que o senhor se recusou a participar da investigação...
TIÃO – Canalha!
BERNARDO – E isto basta pra que todos aceitem o fato de que o senhor é o culpado.
TIÃO – Você não faria isto...
BERNARDO (saca o revolver) – O senhor quer pagar para ver?!
TIÃO (irado) – CRETINO!
BERNARDO (ameaçador) – O senhor me respeite!
SEBASTIÃO – Pois o senhor é um cretino sim! (para Joaquim) Fala alguma coisa homem!
JOAQUIM – Cretino!
TIÃO – Seu canalha filho de uma puta! É isto que o senhor é! Não é delegado, não é detetive! É
um grandessíssimo filho de uma...
BERNARDO (irado) – O senhor não vai calar-se e calar os teus filhos?!
TIÃO – Não vou, não!
BERNARDO (aponta o revólver) – AH! Mas o senhor não quer provar desse remedinho aqui
(indicando o revolver). Ou quer?!
SENHORA – Meu santo cristo!
SENHORA – Deixa o homem em paz!
SENHORA – Mata ele, Bernardo!
SENHORA – Foi desrespeitar os superiores, olha só no que deu!
BERNARDO (grita) – Silêncio senhoras!
O grito de Bernardo causa rebuliço nas senhoras. Este é o início de uma confusão.