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Relembrando:

● Anatomia Radicular do Primeiro e Segundo Molar Superior:


3 raízes:
Mésio-vestibular
Disto-vestibular
Palatina

● Anatomia Radicular do Primeiro e Segundo Molar Inferior:


2 raízes:
Mesial
Distal

● Anatomia Radicular do Primeiro Pré-Molar Superior:


2 raízes:
Vestibular
Palatina

● Anatomia Radicular do Segundo Pré-Molar Superior:


1 raiz
● Anatomia Radicular dos Incisivos e Caninos Superiores e Inferiores:
1 raiz

Exceções Anatômicas:

1. Podem existir incisivos, caninos e pré-molares inferiores com duas


raízes;
2. Ocasionalmente pré-molares superiores com três raízes;
3. E molares inferiores com três raízes.

Em Molares inferiores, entra-se com a Nabers pela vestibular e pela lingual.


Lembrar que o pré-molar superior tem duas raízes.
Não se sonda dentes anteriores para lesão de furca pois não há furca em dentes
anteriores!

Relembrando:
Mobilidade Grau 1: movimentação horizontal menor que 1 mm

Mobilidade Grau 2: movimentação horizontal maior ou igual a 1mm

Mobilidade Grau 3: mobilidade vertical (e também a horizontal)

Comprometimento de Furca Grau 1- perda horizontal do tecido de suporte (perda óssea) que
não excede 1/3 da largura do dente.

Comprometimento de Furca Grau 2- perda horizontal do tecido de suporte (perda óssea) que
excede 1/3 da largura do dente, mas não atinge a largura total da área de furca.

Comprometimento de Furca Grau 3- destruição horizontal (perda óssea) lado a lado dos
tecidos de suporte na furca.

Lesões de Furca

Furca: Área anatômica dos dentes multirradiculares onde as raízes se


divergem.

Lesão de furca: Reabsorção óssea patológica que atinge a área interradicular.

Lesão de furca, é a perda óssea na região da área de furca. Conhecer a anatomia é


fundamental na hora do exame de lesão de furca. Não se pode esquecer a posição
das raízes dos dentes para saber por onde se entra com a sonda Nabers para realizar
a sondagem da furca. Se a sonda não entrar é importante lembrar que o periodonto
deve estar saudável !!!!
Deve-se observar:
1. se o dente está vital fazendo o teste de vitalidade pulpar,
2. quanto de inserção ele tem,
3. a convergência das raízes.

Pode-se afirmar que o elemento dental está perdido quando ele apresentar grau 3 de
mobilidade e grau 3 de lesão de furca. Combinando esses dois exames periodontais
não há como salvar o dente. Nem com todas as técnicas haverá como reverter.
Mesmo com um grau 3 de lesão de furca, onde apenas o ápice dental esteja inserido
na tábua óssea, o dente ainda pode estar firme e não apresentar mobilidade. O exame
clínico ainda é soberano pois os exames radiográficos possuem distorções e podem
sugerir algo que não seja confirmado durante o exame clínico. Se um paciente possui
lesão de furca que gera comprometimento endodôntico, apenas o tratamento
periodontal não vai resolver o problema. Será necessário fazer o tratamento
periodontal e, também o endodôntico. Existe comunicação entre o canal radicular e o
periodonto, portanto um canal afetado pode gerar problemas no periodonto e o
periodonto afetado pode gerar problemas no canal.
O teste de vitalidade pode ser feito usando o frio (com um spray chamado endo-ice ou
com pedra de gelo), faz-se uma bolinha de algodão e coloca-se no elemento. Se o
paciente não sentir nada é provável que haja necrose pulpar. O ideal é fazer o teste no
elemento afetado e no elemento homólogo ou no elemento ao adjacente, fazendo
primeiro no elemento que temos a certeza que está sadio, isso faz com que o paciente
possa diferenciar a sensação. Quando há pulpite, o paciente vai “pular” na cadeira de
dor.
Nem toda perda óssea é por doença periodontal, uma outra causa para a perda óssea
é a doença endo-perio verdadeira. A doença periodontal pode alterar o canal e o canal
pode alterar o tecido de suporte pois existe uma via de contaminação. Por isso é
importante procurar a causa.

A área que vai da JCE até a entrada da furca é chamada de tronco radicular, o
tamanho do tronco radicular vai variar com a anatomia de cada paciente e, até mesmo
no mesmo paciente, de uma arcada para outra. Quanto maior for a distância entre a
JCE e a entrada da furca (maior tronco radicular), menos suscetível será o
paciente para apresentar problemas de lesão de furca.
É necessário levar em consideração vários aspectos para saber se um elemento
dentário está perdido ou não, como por exemplo:
● Como é a anatomia do dente, como são as raízes, a divergência dessas raízes
● O grau de perda óssea, qual o padrão da perda óssea, que tipo de defeito
ósseo o paciente tem, quanto de inserção óssea o paciente tem,
● se há espaçamento ou espessamento do ligamento periodontal.

*Sempre solicitar radiografia na periodontia. Solicitar a periapical pois ela distorce


menos, 5%. A panorâmica distorce 30%.

* Verificar doenças sistêmicas que possam alterar o periodonto com uso de


medicações por exemplo, que causam hiperplasia gengival.
Também é preciso avaliar o custo benefício de se manter o elemento dentário, é
preciso avaliar se ele vai aguentar a força mastigatória, se o paciente está disposto a
aderir o tratamento, se pode pagar pelo tratamento, etc.

Não é possível a regeneração de uma grande perda de inserção, nem com enxerto de
gengiva, nem de osso pois o princípio da enxertia de tecido mole ou duro, é que deve
haver nutrição para os tecidos. A regeneração não ocorre integralmente pois ela
depende da nutrição do tecido. Devemos observar o osso adjacente, o tecido ósseo
vai regenerar até a altura do osso adjacente que é onde ainda há nutrição.

Diagnóstico
1. Sondagem clínica
2. Radiografias
3. Testes de vitalidade pulpar

Diagnóstico diferencial

1. Origem endodôntica;
2. Trauma;
3. Origem Combinada.

1. Diagnóstico de origem endodôntica:


Fazer o Teste de vitalidade:
● Dente vital: suspeitar de uma associação à placa e realizar o tratamento
periodontal

● Dente não vital: pode ser de origem endodôntica. Realizar o tratamento


endodôntico e avaliar por 2 meses.

2. Diagnóstico de origem oclusal

● Vai haver mobilidade


● Ajuste oclusal deve vir antes da terapia periodontal

3. Diagnóstico de Origem combinada


Lesão endoperio verdadeira (outra aula)

Tratamento
O tratamento de um defeito na região de furca tem a intenção de alcançar três
objetivos:

1. Eliminação da placa microbiana;


2. Estabelecimento de uma anatomia que facilite o controle de placa por
parte do paciente;
3. Cooperação por parte do paciente (higienização).

Plastia de Furca
É uma intervenção que pode levar à eliminação do defeito inter-radicular.
A plastia de furca é a tentativa de melhorar a furca tornando ela mais homogênea,
tirando as depressões existentes na furca para facilitar a higienização e a retirada do
biofilme.
A plastia é feita através de brocas, fazendo com que o tecido ósseo volte a se formar
na área da furca. Nem sempre se consegue contornar a furca toda. O alisamento é
feito para que a área fique lisa e haja menos acúmulo de placa. Esse alisamento pode
melhorar e devolver tecido ósseo para a região. É importante descobrir a causa dessa
perda óssea. Se for placa bacteriana, é necessário limpar, raspar e remover esse
biofilme subgengival. Às vezes, a cirurgia para raspar “a céu aberto” e raspar bem a
furca de dentes posteriores pode ser muito bem indicada.

Pode gerar: Hipersensibilidade e o Aumento do risco de cárie.

Tunelização:
Abre-se literalmente um túnel entre as raízes para que o paciente possa ter mais
facilidade de higienizar a área e passar uma escova interdental no local. Faz-se a
comunicação completa entre as faces vestibular e lingual, (passa a ter Grau 3 de
comprometimento) para facilitar a higienização e evitar acúmulo de biofilme e restos
alimentares na região da furca.
A Tunelização funciona bem em molares inferiores devido a anatomia das raízes, em
molares superiores não são tão eficazes pois não é fácil higienizar. Ela também não
funciona em pacientes que não apresentam uma boa higienização pois ele já não
limpava antes, vai continuar não limpando depois.

Para a tunelização devemos observar:

● Grau de separação;
A Divergência. Quanto mais divergente a raiz, melhor. Se elas
convergem demais não é possível fazer a tunelização
Coeficiente de separação.

Pode gerar: Hipersensibilidade e o Aumento do risco de cárie, nesses casos


deve-se avaliar a necessidade de tratamento endodôntico a fim de ser tratado o
canal e evitar essa sensibilidade.

Procedimentos ressectivos
A ressecção radicular é a retirada de uma das raízes do elemento dentário que não
possua boa inserção óssea. Isso era feito muito antigamente quando uma das raízes
tinha uma boa inserção, e a outra não. Retirava-se a raiz que tinha a inserção mais
comprometida para tentar regenerar aquela área e evitar que a outra raiz fosse
prejudicada por essa que estava com a inserção ruim. Essa técnica acaba não sendo
muito utilizada pois é uma técnica cara e que não oferece garantias que vá dar certo,
pode ser que esse dente permaneça na boca por pouco tempo e o paciente não vai
ficar satisfeito. Hoje em dia o implante acaba sendo uma opção mais viável, porém
não se pode deixar de oferecer essa opção para o paciente pois é direito dele saber
que há a opção para tentar manter o dente sem extração.
Tratamento: Dependendo do grau, vamos adotar opções diferentes.

1. No Grau 1: raspar e alisar a raiz e fazer a plastia de furca,


2. Grau 2 ou 3: Pode-se fazer a raspagem, alisamento, plastia de furca e a
Tunelização
3. Em um Grau 3 pode-se fazer a raspagem, alisamento, plastia de furca,
tunelização e também pode-se fazer a ressecção radicular, desde que a outra
raiz possua boa inserção.

Onde é feita a ressecção radicular, é feito sangramento para estimular coágulo e haver
fechamento da região. A área precisa ficar convergente, oval, não ficando depressivo.

Regeneração tecidual guiada

É uma técnica muito utilizada hoje em dia. Toda vez que o defeito for confinado, vai
haver parede para dar nutrição e dará certo fazer a regeneração. Quanto mais
confinado (mais circunscrito) melhor para se tentar a regeneração. As células do
tecido conjuntivo se multiplicam mais rápido que a do tecido ósseo e por isso
utilizaremos uma barreira (uma membrana) para deixar as células do tecido ósseo se
reproduzirem sem a interferência do tecido conjuntivo. A barreira impede essa
interferência biológica. Porém nem sempre é possível regenerar.
A diferença entre reparo e regeneração é que no reparo, as células são diferentes das
células de origem, tipo a cicatriz. Na regeneração, as células voltam a ser exatamente
iguais.

Exodontia
Deve ser considerada quando a perda de inserção é tão extensa que nenhuma
das raízes pode ser mantida ou quando a anatomia gengival ou dentária não
possibilite uma higienização adequada.

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