Você está na página 1de 20

1

A MOTIVAÇÃO NAS AULAS DE GEOGRAFIA

José Davi Paludo 1


Gilberto Martins2

RESUMO:

Trata-se de uma demonstração de como acontecem as aulas de


Geografia na escola, evidenciando as causas do desinteresse dos alunos e o
desafio dos educadores na articulação do processo. Através das informações
obtidas em uma pesquisa realizada com professores e alunos, verificou-se a
falha no que se refere à motivação e metodologia utilizadas em sala de aula.
Assim sendo, constatou-se a necessidade de buscar novas metodologias e
formas de mediar os conteúdos a fim de que as aulas sejam atrativas e
despertem mais os interesses dos alunos por essa disciplina que mesmo, em
meio a tantos conhecimentos repassados em outras áreas, ainda é importante
e necessária ao desenvolvimento do educando, e por fim o objetivo proposto foi
atingido.

PALAVRAS-CHAVE:

Motivação, pesquisa, metodologia, interesse, compromisso.

ABSTRACT:

This is a demonstration of how to carry the lessons of Geography at


school, highlighting the causes of the disaffection of students and educators in
the challenge of coordinating the process. Through information obtained in a
survey conducted with teachers and students, there was a failure as regards the
motivation and methodology used in class. Therefore, there is a need to seek
new methods and ways to mediate the content so that the lessons are more
attractive and arouses the interest of students in that discipline that even in the
midst of so much knowledge shared in other areas, still is important and
necessary for the development of the learner.

KEY WORD:
Motivation, research, methodology, interest, commitment.

INTRODUÇÃO:

1
Geógrafo, Especialista em Geografia pela UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista, com duas pós-graduações pela
UNOPAR - Universidade do Norte do Paraná. Professor da SEED-PR. Integrante do PDE.
2 Geógrafo, Mestre em Geografia. Professor Titular do Curso de Geografia da UNIOESTE-FB-PR e Orientador do PDE.
2
2

Considerando o índice de reprovação e o número de alunos aprovados e


reprovados no Conselho de Classe de 2006 no Colégio Estadual Princesa
Izabel, em Três Barras do Paraná, e após análise e reflexão, constatamos que
a maioria dos alunos reprovados no Colégio, foi na disciplina de Geografia, daí
surgiu o interesse em desenvolver um estudo voltado para a prática cotidiana
nas escolas, para tanto nos dispusemos a desenvolver uma pesquisa no curso
de Formação de Docentes, ao nível de Ensino Médio do referido colégio.
Assim sendo, e tendo o objetivo de investigar a prática pedagógica,
verificando a realidade escolar e selecionando dados que revelassem
informações significativas quanto à compreensão da disciplina, no contexto
físico e social, tornou-se necessário e significativo, uma vez que se trata de um
tema tão importante e ao mesmo tempo tão complexo.
A partir da reflexão teórica sobre a problemática do ensino no colégio e
da constatação da prática cotidiana, se fez necessário apresentar sugestões de
encaminhamentos, com base nas obras estudadas, bem como, nas práticas
pedagógicas realizadas com resultados mais significativos. No decorrer desse
processo, a primeira ação de mudança se efetivou através da disponibilização
de encaminhamentos teóricos, com sugestões de leitura. Em seguida, sugeriu-
se a diversificação das atividades escolares, não ficando somente nos textos
do livro didático. As aulas passaram a ser motivadas com mais ação, debates,
“visitas” a locais para estudo, confecção de maquetes, mapas e gráficos, entre
outros, percebendo, dessa forma, que há maior integração dos alunos no
contexto social em que a escola está inserida. Com o laboratório de
informática, Programa Paraná Digital, Programa Nacional de Informática na
Educação: PROINFO e TV Pen Drive, em funcionamento no estabelecimento
de ensino, pode-se utilizar com mais freqüência e facilidade a tecnologia
oferecida, com atividades diversificadas e boa participação estudantil. Para que
isso fosse possível, a escola toda buscou avançar no aperfeiçoamento
profissional dos educadores, com o domínio da tecnologia disponível onde,
através da Coordenação Regional de Tecnologia na Educação: CRTE, do
Núcleo Regional de Educação da Cidade de Cascavel, os educadores foram
treinados. Com os professores convencidos que não basta só buscar novas
formas de ensinar, novas estratégias, destacaram a importância e necessidade
de motivar os alunos para tornar as aulas mais atrativas e interessantes.
3

Segundo Aurélio (1989), motivação é a exposição de motivos, causas. Motivar


significa despertar o interesse, o entusiasmo por algo que estamos fazendo ou
que iremos fazer. A partir do momento em que se desperta o interesse do
aluno, maior será o significado da atividade realizada. As atividades, antes
realizadas apenas com o intuito de obter uma nota, hoje adquirem nova
dimensão: são realizadas com prazer. A Geografia, que antes era considerada
como uma matéria sem muita importância, passou a ter um referencial
diferenciado.

ANÁLISE DE SITUAÇÃO

Mesmo parecendo uma alternativa pouco complexa, sempre há


necessidade de seguir um caminho a fim de chegar a um objetivo proposto.
Esse caminho com certeza será encontrado seguindo-se o raciocínio de alguns
autores, os quais nos orientam, com suas teorias e sugestões, bem como,
registros de pesquisas e análises para que sejam analisadas e utilizadas em
momentos oportunos. De modo geral, os grandes pensadores concordam que
os professores de Geografia deveriam ter uma boa formação teórica e
procurassem colocar isso em prática, através de ações concretas, envolvendo
os alunos nessas ações, dinamizando suas aulas e tornando-as mais
interessantes.
Assim sendo, destacamos algumas idéias e sugestões que foram
consideradas adequadas para o desenvolvimento deste projeto. No que se
refere ao objeto da Geografia, segundo Morais (2005) podemos entender por
Geografia e seu objeto o:
“estudo da superfície terrestre, descrição da Terra, estudo da
paisagem, estudo da individualidade dos lugares, estudo da
diferenciação das áreas, estudo do espaço, estudo das relações entre
o homem e o meio ou, entre a sociedade e a natureza, a ação humana
na transformação do meio, a relação que existe entre os dados
humanos e os naturais”. (Morais, 2005, p.31 a 37).

Conclui o autor que todos esses são objetos da Geografia Tradicional e


afirma que as várias definições formais, com relação ao objeto da Geografia,
atestam a controvérsia reinante.
4

Santos (2004), diz que os objetos que interessam à Geografia podem


ser móveis ou imóveis: “uma cidade, uma barragem, uma estrada de rodagem,
um porto, uma floresta, uma plantação, um lago, uma montanha”. Também
coloca que, para os geógrafos, objetos são tudo o que existe na superfície da
Terra, toda a herança da história natural e todo o resultado da ação humana
que se objetivou.
Vesentini (2000), prioriza a ação humana construindo e reconstruindo o
espaço e entendendo-se por espaço geográfico todo o espaço onde possa ser
observada a ação humana na natureza:
“O espaço geográfico não é apenas o local de morada da sociedade
humana, mas principalmente uma realidade que é a cada momento (re)
construída pela atividade do ser humano” (Vesentini, 2000.p.10).
No que se refere à ação, essa temática nem sempre foi um consenso
entre os geógrafos. Ao longo dos tempos, houve pontos altos e baixos em sua
trajetória, conforme análise realizada, principalmente na parte da Geopolítica,
considerada por vários autores como a “Geografia da Ação”. Após atingir
pontos elevados, durante o expansionismo europeu, principalmente no nazismo
alemão e no fascismo italiano, a Geografia recebeu duras críticas por parte de
alguns geógrafos da própria Alemanha e de professores universitários
franceses, na parte da disciplina que se refere à Geopolítica, sendo condenada
no pós - guerra, por ter sido utilizada pelos nazistas, para justificar sua ação
política, expansionista e racista. No Brasil também houve geógrafos que
aderiram a essa linha de pensamento crítico, com relação à Geopolítica, de
acordo com Sodré (1986) existem dois caminhos geográficos: o científico e o
ideológico, colocando a Geopolítica na trilha ideológica. Ressalta que:
“A Geopolítica representa a culminância da trilha ideológica. Claro
está que, sendo a ciência sempre vinculada a ideologia, também os
chamados possibilistas trabalham uma ciência de classe. Defendem-
se, até mesmo por decoro profissional, de misturar-se à tropilha dos
geopolíticos”. (Sodré, 1986, p. 54).

Em seguida, elogia a obra dos possibilistas, sobre a dominação


burguesa, destacando que o caráter humano e cultural não pode ser ignorado.
Mas logo adiante, retoma a crítica à Geopolítica, dizendo que os conteúdos de
Geografia poderiam ser incorporados às disciplinas de História e Ciências, por
exemplo.
5

Entretanto, Lacoste (2005), veio em defesa da Geopolítica, criticando a


Geografia ensinada nas universidades pelos geógrafos franceses, de caráter
científico e mostrando-se desinteressada dos problemas sociais. Chama a
atenção dos geógrafos universitários franceses, que utilizavam esse tipo de
Geografia a qual não mais interessava aos alunos, pois a consideravam
“simplória e enfadonha”. Também considerava que isso seria, com certeza,
uma das causas do fracasso escolar.
Para reforçar as idéias de Lacoste sobre a importância da ação,
utilizamos palavras de Santos (2004), que também defende a importância da
ação nas aulas de Geografia e, para esse fim, utiliza como exemplo palavras
de Werlen (1993) que declara: “Sendo a Geografia social uma ciência baseada
na ação, não é o “espaço” a principal unidade de análise, mas a “ação” e o
“ato”“.
Em seguida, declara que: “a Geografia é uma ciência da ação, de uma
ação subjetiva que deve ser destacada numa pesquisa geográfica, onde deve
ser considerada a dimensão espacial, mas ela não é a causa dos eventos, nem
da ação”.
Aos autores que sugeriram a extinção da disciplina de Geografia, por
exemplo, Sodré (1986), Lacoste (2005) responde declarando que, para tornar
as aulas de Geografia mais interessantes, o retorno à Geopolítica, com
destaque para as lutas de classe, seria necessário: “É importante hoje, mais do
que nunca, estar atento a esta função política e militar da Geografia, que é sua
desde o início”. (Lacoste, 2005, p. 30).
Andrade (1987), também defende a Geopolítica da ação, quando afirma:
“Todas as ciências foram utilizadas pelos nazistas para justificar a sua
ação, e da mesma forma que existe uma Geopolítica dos governos
ditatoriais, das classes dominantes, para justificar a expansão das
fronteiras dos grandes estados e a dominação interna, existe também
uma Geopolítica dos povos para fazerem a libertação nacional, no
plano externo, e a libertação interna”. (...) “A expressão Geopolítica já
deixou de ser usada apenas pelos militares e políticos conservadores,
passando também a ser usada pelos geógrafos em ensaios sobre a
ocupação da Amazônia e do Centro-Oeste, assim como sobre o
processo de desequilíbrio regional em relação ao Nordeste e, até certo
ponto, ao Sul do país”. (Andrade, 1987, p. 127 e 130)

Lacoste (2005), preocupado com a baixa receptividade da Geografia,


diante dos alunos universitários franceses, coloca que há necessidade de
debater os problemas sociais, em sala de aula, como por exemplo, as lutas de
6

classe, as manobras dos governantes para controlar a população, a


dramatização, os conflitos, para chamar a atenção dos alunos e tornar as aulas
mais interessantes. A esse respeito afirma que:
“Não há Geografia sem drama, como não há História sem drama”. (...)
“O drama, etimologicamente, é primeiro a ação, é em seguida o relato
de uma sucessão de ações, de forma a interessar, a comover os
expectadores no teatro; e por que não os alunos numa sala?” (Lacoste,
2005, p.253).

Andrade (1987), ao referir-se à responsabilidade social da Geografia,


assunto considerado da maior importância, e ao considerá-la:
“Como ciência social, humana, a Geografia tem a responsabilidade
de analisar a própria sociedade, as relações que influem no tipo de
espaço produzido e explicar a razão de ser da ação da sociedade
sobre esse espaço”. (Andrade, 1987 p. 66).

Após essas considerações, acreditamos que a “motivação nas aulas de


Geografia” pode ser alcançada, se as nossas aulas mostrarem a inquietação
com a busca de soluções para os problemas sociais, não só com a teoria, mas
com a ação, levando os alunos a participarem dos debates que envolvem
temas reais da nossa sociedade, sem medo de lutar contra as injustiças,
defendendo sempre os anseios dos oprimidos e buscando a justiça social, com
igualdade de direitos para todos, sem discriminação nem preconceito, por
qualquer motivo, priorizando-se a formação de uma sociedade igualitária onde
todos sejam considerados cidadãos, independente de sua condição social ou
econômica, tenham os seus direitos respeitados e possam buscar seu espaço,
sendo o estudo ainda o melhor caminho para compreender as relações sociais
e classistas existentes, a luta entre o capital e o trabalho, a união das
categorias em seus respectivos sindicatos, para saberem se posicionar de
modo a interferir na realidade social, em busca de sua transformação, através
da dialética e da ação. Concordamos ainda com Lacoste (1976) e com Andrade
(1987), que afirmam ser o estudo da Geografia um ato político, uma disciplina
que continua sendo forte e útil, não só para os militares e governantes, mas
para todos os cidadãos.
Acrescentamos também a esta reflexão, uma citação de Lacoste (1976),
sobre a importância do saber, considerando que o saber pode levar ao poder:
“Hoje, mais do que nunca, o saber é uma forma de poder, e tudo o
que diz respeito à análise espacial deve ser considerado perigoso,
7

pois a Geografia serve, primeiro, para fazer a guerra”. (Lacoste, 1976


p.169).

De conformidade a essas considerações, remetemo-nos ao início desse


trabalho quando surgiu o interesse e a preocupação por tal assunto.
Logo após o final do ano letivo de 2006, quando tivemos acesso aos
gráficos produzidos pelo Colégio Estadual Princesa Izabel, onde constava o
resultado do Conselho de Classe Final, constatamos que a disciplina de
Geografia foi a que mais contribuiu para elevar os índices de reprovação entre
os alunos. E, entre os aprovados pelo Conselho de Classe, na disciplina de
Geografia também foi o maior índice.
Baseados nesses índices, começamos a discutir com os colegas da área
para tentarmos entender e descobrir as causas dos resultados negativos em
relação à disciplina de Geografia, pois ficou claro que, mesmo os professores
trabalhando os conteúdos e utilizando formas e estratégias diferenciadas, não
conseguiam atingir os objetivos propostos, os resultados não eram
satisfatórios, a reprovação atingia limites acima do esperado. Frente a essa
situação pensamos numa forma de se chegar a possíveis soluções. Para tanto,
elaboramos algumas questões que se segue:
Será que o desempenho dos alunos nas aulas de Geografia, o gosto
pela disciplina e a motivação proposta pelos professores, estariam realmente
aquém das expectativas? Se os conteúdos de Geografia eram abordados de
forma adequada, por que o índice de reprovação, nesta disciplina, era tão
elevado? O que estaria levando a tal resultado? Que causas estariam
interferindo no insucesso dos alunos? Será que a concorrência da mídia, dos
programas de TV, Internet e jogos eletrônicos, entre outros, estariam sendo
mais atrativos? Os recursos tecnológicos, atualmente disponíveis na escola,
estariam sendo utilizados de forma adequada? Será que a nossa postura não
estaria condizente com o que hoje se espera de um professor? Que inovações
deveriam utilizar para motivar mais os alunos e levá-los a ter um maior
interesse pela disciplina de Geografia, melhorando assim a aprendizagem?
Após estes questionamentos, buscamos encontrar soluções para cada uma
delas.

RESULTADOS E DISCUÇÕES DOS DADOS


8

Diante dessas interrogações, passamos a refletir sobre a maneira mais


adequada de interferir nessa realidade. Antes, porém, a fim de verificar a
eficiência da Escola Pública do Estado do Paraná, mais especificamente do
Colégio Estadual Princesa Izabel de Três Barras do Paraná, realizamos uma
pesquisa entre alunos e professores, uma vez que as respostas encontradas
para as questões propostas, além de contribuir para amenizar os fatos,
geradores de nossa inquietação enquanto professores de Geografia, poderiam
servir de referência a outros profissionais e estudiosos da área.
Para os alunos, a pesquisa foi aplicado em 100% dos alunos das 1.ª
séries “A” e “B” do período matutino do Curso de Formação de Docentes, com
um total de 48 alunos, representando 3% de todos os alunos do Colégio. A fim
de termos uma avaliação mais aprofundada, preparamos um questionário com
cinco questões, cujos resultados poderiam servir de base para os
encaminhamentos necessários. Dessa forma, entramos em contato direto com
os estudantes, onde foram feitas as perguntas que seguem:
Que tipo de atividade você considera mais importante para sua
aprendizagem, nas aulas de Geografia? Qual a parte das aulas de Geografia
que você considera mais interessante? O que você considera mais importante
para ser avaliado pelo professor? Como você gostaria que fosse o seu
professor? Que atitudes você reprova nos professores? Sendo que os
resultados estão representados nos respectivos gráficos:
Em levantamento sobre a atividade considerada mais importante para a
aprendizagem, nas aulas de Geografia, obteve-se o seguinte resultado: a) 20%
preferiram as aulas com tecnologia: vídeos educativos, retro projetor e
pesquisas na Internet; b) 45% sugeriram trabalhos em grupo para debater
problemas sociais e apresentar soluções; c) 15% indicaram pesquisas
individuais sobre tudo o que acontece no mundo atual; d) 12% escolheram ler,
analisar e responder perguntas sobre o texto estudado; e) 8% preferiram
trabalhos com mapas, gráficos e pinturas;
9

Pergunta 01

50%

45%

40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
a b c d e

Figura 01: Atividades consideradas mais importantes para a aprendizagem.


Org. Paludo/2008.

Sobre a maneira do professor ministrar as aulas, os alunos fizeram as


seguintes considerações: a) 75% preferem as explicações do professor para
entender melhor o conteúdo; b) 7% apontaram o resumo das atividades, no
quadro de giz, para os alunos copiarem; c) 10% indicaram questões, no quadro
de giz, para interpretação do texto em estudo; d) 3% sugeriram que o professor
ditasse a matéria para manter os alunos ocupados e em silêncio; e) 5%
preferiram que o professor fosse extrovertido, que ensina através de
brincadeiras.

Pergunta 02

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
a b c d e

Figura 02: A maneira do professor ministrar as aulas.


Org. Paludo/2008.

Quanto ao conteúdo, o que deve ser mais considerado pelo professor,


nas avaliações, as colocações foram as seguintes: a) 25% indicaram o
comportamento, a educação e o respeito aos colegas e professores; b) 40%
sugeriram a participação dos alunos nas aulas, fazendo todas as atividades; c)
13% responderam que seriam as avaliações com questões individuais; d) 5%
preferiram valorizar a letra bonita e o capricho na realização das tarefas
10

escolares; e) 17% solicitaram que fosse considerada toda a atividade do aluno,


dentro ou fora da sala de aula.

Pergunta 03

45%

40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
a b c d e

Figura 03: Conteúdo a ser avaliado pelo professor.


Org. Paludo/2008.

Quanto ao comportamento do professor em sala de aula as respostas foram


as seguintes: a) 60% preferem um professor amigo, que explica bem e ajuda
nas atividades; b) 15% indicaram um professor moderno, atualizado e que
utiliza a tecnologia disponível na escola; c) 5% disseram que o professor deve
ser sério, seguro de si e enérgico com os indisciplinados; d) 8% afirmaram que
deve ser democrático, que deixa os alunos à vontade para fazer o que
preferem; e) 12% indicaram um professor responsável, que cobra as atividades
propostas, mas que é justo nas avaliações.

Pergunta 04

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
a b c d e

Figura 04: Comportamento do professor em sala de aula.


Org. Paludo/2008.

Sobre as atitudes mais reprovadas nos professores as respostas foram bem


objetivas. a) 55% detestam quando o professor chega mal humorado, chama a
atenção dos alunos e se irrita com facilidade; b) 17% não gostam quando o
professor sai com freqüência da sala de aula, deixa os alunos sozinhos e
11

quando volta não aceita comentários; c) 15% reprovam quando não explica
bem o conteúdo e se ofende ao ser questionado pelos alunos; d) 8% reprovam
quando é negativo, fala mal de tudo, mas não aponta soluções; e) 5% detestam
quando deixa a sala virar uma bagunça e não toma providências.

Pergunta 05

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
a b c d e

Figura 05: Atitudes reprovadas nos professores, pelos alunos.


Org. Paludo/2008.

ENTREVISTA COM OS PROFESSORES

Para situar melhor a prática docente na disciplina de Geografia, no Colégio


Estadual Princesa Izabel, Ensino Fundamental Médio e Normal de Três Barras
do Paraná, e no GTR (Grupo de Trabalho em Rede) do Programa PDE do
Governo do Paraná, a fim de se obter mais informações, realizamos uma
pesquisa, com cinco questões elaboradas, na busca de respostas que nos
auxiliassem a entender melhor a realidade presente e poder responder as
indagações colocadas no início deste projeto, onde se constatou a prática
realizada pela maioria dos professores no desenvolvimento de suas atividades
docentes, buscando comparar com as sugestões dos alunos, para melhor
explicitar a prática em sala de aula. Essa entrevista foi realizada no segundo
semestre de 2007, com dez professores, sendo quatro do Colégio Estadual
Princesa Izabel e seis do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, ligado ao
Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, do Governo do Paraná.
Os resultados foram registrados nos gráficos a seguir, representados nas
figuras de 06 a 10:
Perguntado aos professores quais as técnicas mais utilizadas para dar aula,
de acordo com a realidade do seu local de trabalho, as respostas foram as
seguintes: a) 65% afirmaram que o livro didático, mesmo não sendo o mais
12

adequado, é o mais utilizado para ministrar os conteúdos propostos no


planejamento; b) 10% indicaram a tecnologia disponível: TV Pen Drive, som,
vídeo, retro projetor e outros; c) 8% apontaram trabalhos com mapas,
desenhos e gráficos; d) 5% indicaram jornais, revistas e textos tirados da
Internet; e) 12% preferem estudos com debates de assuntos da realidade local
ou de temas sociais variados.

Pergunta 01

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
a b c d e

Figura 06: Técnicas mais utilizadas pelos professores.


Org. Paludo/2008.

Quanto a atitudes e postura do professor diante da classe, o que deveria


ser considerado mais importante para se obter bons resultados? a) 30%
responderam que o educador deveria se preocupar com a aprendizagem e
também com a formação do cidadão do futuro; b) 20% disseram que o
professor deve utilizar a tecnologia disponível na escola; c) 25% afirmaram que
deve ser enérgico e cobrar atitudes de educação e respeito dos seus alunos; d)
10% afirmaram que o professor deve ser mais liberal e deixar os alunos à
vontade para fazerem o que gostam, sem se estressar com os indisciplinados;
e) 15% responderam que o professor deveria incentivar os mais fracos com
elogios freqüentes e valorizar cada atividade realizada.

Pergunta 02

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
a b c d e
13

Pergunta 02

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
a b c d e

Figura 07: Atitudes e postura do professor diante da classe.


Org. Paludo/2008.

Em relação ao livro didático, o que seria imprescindível para se ter uma


boa aula. a) 50% afirmaram que seria a leitura e explicação do texto, para tirar
dúvidas e fazer uma síntese do que foi estudado. b) 32% preferem dar aulas
expositivas, com explicações do tema proposto e resumos no quadro de giz,
seguido de questionário para os alunos demonstrarem o que aprenderam; c)
8% sugerem solicitar aos alunos a leitura e apresentação da síntese do texto
lido; d) 5% ainda sugerem passar o texto no quadro para os alunos copiarem;
e) 5% acham que ditar os conteúdos é uma forma ideal para que todos
participem e prestem atenção na aula, conforme se pode verificar na figura 08.

Pergunta 03
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
a b c d e

Figura 08: Com o livro didático, o que seria


imprescindível para se ter uma boa aula.
Org.Paludo/2008.

Referente às estratégias propostas para despertar o interesse dos


alunos: a) 55% indicaram diversificar as atividades para atrair mais a atenção
de todos; b) 20% sugerem utilizar mais a tecnologia disponível; c) 7% apontam
pesquisar e trazer novidades sobre o mundo atual; d) 8% afirmam que debater
14

textos que se referem à realidade local é uma boa sugestão; e) 10% sugerem
preparar bem as aulas para facilitar o trabalho e manter os alunos ocupados,
como se pode observar na figura 09.

Pergunta 04

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
a b c d e

Figura 09: Estratégias para despertar o interesse dos alunos


Org. Paludo/2008.

Para as estratégias que o professor mais utiliza para avaliar os alunos.


a) 35% apontaram a observação e registro de todas as atividades realizadas;
b) 20% indicaram provas e testes para registrar a aprendizagem; c) 8%
disseram que o professor deve avaliar a educação, o respeito, o esforço
pessoal e a postura de cidadão; d) 12% afirmaram que deveria propor
trabalhos a serem realizados com valores pré-determinados; e) 25% optaram
por registrar o progresso alcançado na aprendizagem, dentro ou fora da sala
de aula.

Pergunta 05

40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%
a b c d e

Figura 10: Estratégias que o professor mais utiliza para avaliação.


Org. Paludo/2008.

INDICADORES DE DESEMPENHO ESCOLAR


15

Mesmo durante a realização deste trabalho já se pode verificar os


resultados positivos, no Colégio Estadual Princesa Izabel – Ensino
Fundamental, Médio e Normal de Três Barras do Paraná o qual sediou este
trabalho. O que está implícito nos dados de Desempenho Escolar do Sistema
Estadual de Registro Escolar - SERE/ABC, da Secretaria de Estado da
Educação – SEED/PR.

Ensino Fundamental
Taxa de Aprovação Taxa de Reprovação Taxa de Abandono
Indicador
(%) (%) (%)
Ano
2005 78,90 % 6,70 % 14,40 %
2006 78,50 % 5,20 % 16,30 %
2007 90,20 % 1,00 % 8,80 %
Figura 11
Fonte: SERE/ABC/2008

Analisando a série temporal de três anos, em diferentes níveis de


ensino, verificou-se que em 2006 ocorreu o maior índice de abandono. Por
outro lado, o ano letivo de 2007 teve o menor índice de reprovação.

Ensino Médio
Taxa de Aprovação Taxa de Reprovação Taxa de Abandono (%)
(%) (%)
Indicador
Ano
2005 76,90 % 4,00 % 19,10 %
2006 81,60 % 2,80 % 15,60 %
2007 84,60 % 1,20 % 14,20 %
Figura 12
Fonte: SERE/ABC/2008

Quanto ao Ensino Médio, em relação a 2005 e 2006, o ano letivo de


2007 foi favorável, pois diminuiu os índices de reprovação e abandono.

Ensino Normal
16

Indicador Taxa de Aprovação (%) Taxa de Reprovação Taxa de Abandono (%)


(%)
Ano

2005
2006
2007 98 % 0% 2%
Figura 13
Fonte: SERE/ABC/2008

Em relação ao Ensino Normal, mesmo não tendo dados para


comparação de anos anteriores, os resultados foram altamente significativos,
pois não houve reprovação e apenas 2% abandonaram.

Além de maior desempenho, conforme comprovação nos gráficos


apresentados, percebeu-se nos alunos mais ação, iniciativa e criatividade. Os
educandos passaram a ter mais facilidade em realizar trabalhos em grupo, uma
vez que a pesquisa e a socialização permitiram uma melhor à compreensão de
conceitos. Além disso, ficou evidente nas apresentações orais e escritas, a
utilização de linguagens mais elaboradas.

De conformidade com as diversas literaturas pesquisadas para a realização


deste trabalho, bem como, sugestões de professores e alunos envolvidos no
processo, registramos algumas recomendações de atividades a serem
realizadas:

 Realizar atividades extraclasse. É importante levar os alunos, sempre


que possível, para verificar “in loco”, os temas estudados. No colégio
pesquisado, alunos foram levados a visitar a Usina de Salto Caxias, para
verificar como a energia é produzida e observar os impactos ambientais
causados pela construção da barragem. O resultado foi satisfatório;

 Propor atividades práticas. Produzir maquetes e mapas a fim de melhor


compreender os temas estudados em sala-de-aula;

 Evitar o estresse. Professor estressado transmite uma carga negativa


para os seus alunos. Para fugir do estresse, uma sugestão é dada pela
Revista Nova Escola: “remédios para o professor e a educação”. (abril/
2008, 211 ed.p. 39 a 45);
17

 Preparar bem as aulas. Uma aula bem preparada é meio caminho para
o sucesso do professor na sala de aula;

 Apresentar-se aos alunos sempre de bom humor. Alunos amam


professores bem humorados, que transformam a sala de aula num
ambiente agradável;

 Negociar regras de convivência. Em turmas indisciplinadas, o professor


deve estabelecer limites e negociar regras de convivência. Com isso,
aumenta a responsabilidade, melhora a disciplina e o respeito entre os
alunos;

 Utilizar a tecnologia disponível. A tecnologia atrai mais a atenção e o


interesse dos alunos;

 Manter-se atualizado. Alunos sabem de tudo o que acontece em sua


comunidade e até no mundo atual e, se o professor não estiver bem
informado, pode sentir-se constrangido diante da classe;

 Ser coerente e justo nas avaliações. Se prometer algo para cativar os


menos interessados, deve sempre cumprir o que prometeu. Isso atrai a
confiança e melhora o desempenho dos alunos;

 Dar uma nova oportunidade. Aos alunos que não atingiram os objetivos
propostos, dar sempre uma nova oportunidade de recuperação. Isso
serve de incentivo e, na maioria das vezes, a resposta é positiva;

 Descobrir novos talentos. Muitos alunos possuem dons que


desconhecemos e, se não dermos a eles a oportunidade de mostrá-los,
nunca saberemos do que são capazes. Muitas vezes, alunos menos
interessados nos conteúdos escolares, são os que mais se destacam
em atividades esportivas, jogos, danças, música e outros. O professor
que incentiva o aluno a realizar seus sonhos terá sempre o seu
reconhecimento.

 Presença do professor. De modo geral, os alunos são atraídos pela


mídia, jogos eletrônicos, novas tecnologias, comunicação pela Internet e
outros, porém, na sala de aula, a presença do professor continua sendo
essencial no processo educativo. Conforme afirmação de Izabel Parolin
18

(Nova Escola, maio/2007, p. 20): “Não há remédio que substitua um


bom professor”.

CONCLUSÃO

Após a pesquisa realizada com alunos e professores, o resultado foi


colocado à disposição dos envolvidos no processo. A partir de então, houve
uma concordância geral quanto à necessidade de mudanças na forma de
ensinar, priorizando-se as sugestões obtidas. As aulas foram motivadas com
mais debates sobre a realidade social, “visitas” a locais para estudos,
confecção de maquetes e mapas, entre outros, permitindo-se, dessa forma,
maior integração dos alunos no contexto social em que a escola está inserida.

A Geografia, antes considerada como uma matéria sem muita


importância, passou então a ter um referencial diferenciado. E assim, com as
inovações desejadas e testadas na prática, acreditamos ter superado as
expectativas, pois além de enriquecer os conteúdos curriculares, o projeto
modificou comportamentos e atitudes dos alunos, os quais passaram a ir à
busca do conhecimento com mais entusiasmo, cooperação, respeito mútuo e
interesse, tornando-se cidadãos motivados e atuantes.

Através da interação pedagógica, desenvolveu-se a autonomia e a riqueza


nas situações da fala, leitura e escrita: para fluir, informar, obter conhecimentos
lingüísticos e emitir opiniões próprias. Os trabalhos executados permitiram a
possibilidade constante de aprender uns com os outros, ou seja, professores e
alunos aprendendo juntos.
Tudo isso foi socializado na escola onde, em concordância entre Direção,
Equipe Pedagógica e Professores envolvidos no processo, percebeu-se a
necessidade de uma prática constante, pois um trabalho dessa natureza, além
de motivar os alunos, aponta para um universo de ações bastante amplo a fim
de se obter melhores resultados nas aulas e conseqüentemente melhorar os
índices de evasão e repetência na escola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
19

ALMEIDA, Rosângela Doin de. PASSINI, Elza Y. O Espaço Geográfico:


ensino e representação. 6. ed. São Paulo: Ed. Contexto, 1998.

ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia, Ciência e Sociedade. São Paulo:


Ed. Atlas, 1987.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIREA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028:


Informação - Documentação – Resumo – Apresentação. Rio de Janeiro:
2003.

CASTROGIOVANI, Antônio Carlos. A Geografia em Sala de Aula: práticas e


reflexões. (Org.) et al, Porto Alegre: AGB, 1998.

DEMO, Pedro. Pesquisa e Construção do Conhecimento: Metodologia


Cientifica no Caminho Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.

DIAS, Tânia Queiroz. Pedagogia de Projetos Interdisciplinares/ Márcia


Maria Vilanaci Braga, Elaine Penha Leike. São Paulo: Rideel, 2001.

EDDY, W.H.C. Para Compreender o Marxismo. Rio de Janeiro: ZAHAR


Editores, 1980.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa.


2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A Cartografia no Ensino de Geografia: a
aprendizagem mediada. Cascavel: EDUNIOESTE, 2004.

GOMES, Paulo César da Costa. Geografia e Modernidade. 5. ed.. Rio de


Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 2005.

LACOSTE, Yves, A Geografia – Isso Serve, Em Primeiro Lugar, Para Fazer


A Guerra. Campinas: Papirus Editora, 2005.

MELO, Nilsa Alves. Paraná Integração Social. São Paulo: FDT, 1985.

MORAES, Antônio Carlos Robert. Geografia: Pequena História Crítica. São


Paulo: Ed. ANNABLUME, 2005.

NATIONAL GEOGRAPHIC – A Revista Oficial da National Geographic


Society. Ed. Abril. São Paulo: 2008.

NOVA ESCOLA. A Revista de Quem Educa. Fundação Victor Civita. Ed. Abril.
São Paulo: 2008.

PIFFER, Osvaldo. Geografia no Ensino Médio. São Paulo: IBEP, 1999.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. São Paulo: Ed. EDUSP, 2004.

SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO. Livro Didático Público. Educação


dia-a-dia melhor. Curitiba: 2. ed. Editora da SEED, 2007.

SODRÉ, Nelson W. Introdução à Geografia. Petrópolis: RJ: 1986.


20

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Cientifico. 20. Ed.


São Paulo: Cortez, 1996.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Periódicos e Artigos de


Periódicos. Curitiba: Editora da UFPR, 2000.

VESENTINI, José Willian. Sociedade e Espaço. 31 Ed. São Paulo: Ática,


2000.

VLACH, Vânia. Geografia Crítica. 1. Ed. São Paulo: Ática, 2002.

Você também pode gostar