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Proposta de matrizes para a avaliação e elaboração de projetos

colaborativos de línguas via internet

Débora Secolim Coser


Nayara Natalia de Barros
Vera Lúcia Scatolin

0. Introdução:

Ao longo da história foram dadas a conhecer as diversas formas pelas quais as


tecnologias de leitura e escrita modelizam a aprendizagem dos alunos e essa modelização tem
ligação direta com os objetos usados nas práticas escolares. Se hoje, por exemplo, a utilização
de canetas esferográficas e cadernos é naturalizada na instituição escolar, a introdução de tais
tecnologias no início do século XX aconteceu com certa resistência (cf. Razzini, 2008, p.1). O
mesmo acontece acerca da introdução dos computadores e da Internet para o ensino e
aprendizagem. No caso específico do ensino e aprendizagem de línguas, essas tecnologias
possuem especial potencial ao proporcionar diferentes tipos de mídias, materiais autênticos e
outros recursos que ampliam a possibilidade de realização de práticas comunicativas,
promovendo uma maior transmissão de idéias e negociação de sentidos entre seus
participantes.
Muitos professores buscam explorar esse potencial e todos os recursos que lhe são
próprios para a realização do que se chama de aprendizagem baseada em projeto (Project-
Based Learning) na tentativa de efetuar e promover práticas colaborativas entre seus alunos,
por meio do computador e da Internet. Porém, em grande parte das vezes não obtêm sucesso
nos projetos que desenvolvem, porque não conseguem aproveitar substancialmente a
potencialidade dos componentes colaborativos de tais projetos. Isso acontece porque o
planejamento estrutural desses projetos elaborados pelos professores não lançam mão de um
engajamento coletivo entre os alunos, fazendo com que estes trabalhem efetivamente juntos,
com vistas à produção de um objeto ou produto final de seu interesse.
Quando os professores responsáveis por desenvolver esses projetos não refletem sobre
o conteúdo da proposta e sua qualidade, sobre os passos e processos pelos quais os alunos irão
passar na realização das tarefas, a colaboratividade, a compatibilidade com as normas da
atividade escolar, a coerência com a filosofia de aprendizagem baseada em projetos e a
exploração efetiva dos recursos digitais e a avaliação, tanto pelos participantes do projeto,
quanto por profissionais da área em que o projeto se situa, os caminhos a serem percorridos
pelos professores elaboradores podem se tornar bastante tortuosos ou não serem explorados
em toda a sua amplitude educacional.
Após um período de observação e análise dos processos que envolvem a elaboração e
efetuação desse tipo de projeto de aprendizagem colaborativo dentro de uma disciplina de
graduação da UNICAMP1, resolvemos propor uma avaliação para esses tipos de projetos já
existentes e que pode também ser utilizada como ferramenta de julgamento para professores
que se engajarem na prática futura de construção e desenvolvimento desses projetos
educacionais colaborativos via Internet. Para tanto, propomos uma matriz de avaliação e
elaboração de projetos colaborativos de língua via Internet com subcategorizações avaliativas
referentes a diversos componentes que devem estar presentes nesse tipo de projeto que estão
divididas em 1) Qualidade do conteúdo da proposta, 2) Etapas e processos, 3) Coerência com
a filosofia de aprendizagem colaborativa, 4) Coerência com a filosofia de aprendizagem
baseada em projetos, 5) Exploração efetiva dos recursos digitais, 6) Divulgação, 7) Avaliação.
A base fundamental de qualquer projeto colaborativo está centrada na teoria sócio-
cognitivismo (Vygotsky XXX), centrado no aluno, conhecimento é interno e parte do aluno
que possui as estruturas cognitivas para construí-lo. O aluno que estabelece o que ele quer
aprender. Processos metacognitivos.

Qualidade do conteúdo da proposta

Essa categoria de avaliação procura definir e analisar a qualidade e complexidade do


que é proposto aos participantes em um projeto colaborativo no que tange o conteúdo das
tarefas, o público-alvo das tarefas, o produto final e público ao qual esse produto se destina.
É importante que nas tarefas propostas por aqueles que desenvolvem um projeto
colaborativo os usuários aos quais ele se destina se deparem com desafios a serem
solucionados e não apenas meras atividades que não sejam desafiantes ou que muito menos
despertem a vontade de se engajar na realização dos processos que levam à aprendizagem.
Uma das maneiras de que esse engajamento ocorra é por meio de tarefas
interdisciplinares que instiguem a participação dos alunos e motivem as suas ações em direção
da resolução das situações-problema propostas. No entanto, de nada adianta essas tarefas não
serem adequadas ao público a que elas se destinam. Vimos durante a nossa disciplina muitos

1
LA901 – C – O Computador em Ensino de Línguas, ministrada pelo Prof. Dr. Marcelo El Khouri Buzato,
docente do Departamento de Lingüística Aplicada do IEL (Instituto de Estudos da Linguagem) da UNICAMP.
projetos que não contemplavam o universo do usuário e, por isso, não motivava a sua
participação efetiva.
Cada uma das tarefas deve ser elaborada visando um resultado que tenha função
social, no sentido de que promove um sentido social significativo. Por exemplo, se é
requisitada a produção de um jornal em uma escola, ele deve ser no final do processo,
distribuído e de alguma útil na comunidade na qual ele circula e, em sua produção, ele deve
ser pensando para esses fins e não somente, como produto de uma prática descontextualizada
que só é veiculada e interessa a uma prática pedagógica que permanece isolada na instituição
escolar.
A confecção de um jornal demanda uma série de etapas que envolvem uma
investigação de caráter multifacetado por parte dos alunos, que nada mais é do que a pesquisa
e atuação em diferentes fontes para escritura do texto final desse veículo de comunicação, tais
como o envolvimento com objetos ou problemas complexos relacionados: ao design gráfico,
conhecimento de gêneros jornalísticos específicos (crônica, reportagem, notícia, editorial,
artigo de opinião etc.), público-alvo, seleção de informação relevante, pesquisa de temas na
Internet, entre outros. Assim deve ser pensado qualquer tipo de tarefa situada em projetos
colaborativos, ainda mais quando pensamos nesses projetos desenvolvidos via Internet, o que
potencializa o acesso a esse tipo de investigação multifacetada.
Todas as estratégias do professor devem ser definidas e pensadas na concepção do
projeto, até para que ele possa proporcionar um conteúdo efetivamente colaborativo e que
exija negociação entre os usuários em sua proposta.

Etapas e processos

Essa categoria de avaliação procura averiguar a qualidade de cada uma das etapas do
processo de desenvolvimento do projeto e a sua interdependência para alcançar a realização
do projeto como um todo e promover a construção coletiva de conhecimento entre os
usuários, que será melhor desenvolvida no item XXXX.
As etapas e objetivos devem ser bem estruturados antes de se iniciar a efetuação do
projeto, a fim de que os próprios usuários conheçam e compartilhem esse conhecimento,
empoderando os alunos para o controle de sua aprendizagem. Dessa forma, eles também
estarão aptos a avaliar o projeto em conjunto com o professor.
É necessário, ainda, definir claramente os papéis que cada um dos usuários irão
assumir dentro do trabalho. Se tomarmos como exemplo o jornal, a prática estaria dividida
entre as funções exercidas pelo editor, revisor, repórter, articulista, designer gráfico, fotógrafo
etc. Mais ainda, é preciso promover o engajamento com a complexidade do objeto final, no
caso o jornal, levando em conta cada um desses papéis, e chamando a atenção dos usuários
para a relevância dessas práticas na vida profissional real e do papel que esse objeto exerce na
sociedade, como fonte de informação e divulgação de conhecimento contemporâneo.
Para que o projeto possa ser desenvolvido na escola e não entre em conflito com o
planejamento pedagógico cobrado de professores em relação a conteúdos e tempo de
execução, propomos que essas tarefas sejam realizadas em parte em horários de aula, em parte
a distância, fazendo das ferramentas proporcionadas pela Internet (GoogleDocs e Wikis, por
exemplo)2 e em épocas compatíveis com a rotina escola. Além disso, é preciso pensar na
disponibilidade de tempo dos outros professores, profissionais responsáveis e usuários,
participantes do projeto.

- Introdução discutindo como as tecnologias "modelizam" as formas de aprendizagem (lá do


comecinho do curso); as propostas do artigo e a necessidade de se alcançarem esses projetos
colaborativos mais próximos do ideal. No entanto, um bom projeto não tem que tirar 10 na
nossa benchmark.
- Explicar o que seria um projeto ideal, o motivo de alguns itens sugeridos por nós possuirem
gradação. Temos que rever aqui a gradação na benchmark (indicados, mas não claramente;
claramente indicados; não indicados, por exemplo)
- O professor é o elaborador do projeto, então devemos destacar que o artigo se dirige aos
professores que querem ou já se engajam na prática de elaboração de projetos educacionais
colaborativos
- O que é um projeto colaborativo?
- Por que avaliá-lo? (Essas duas últimas são perguntas que merecem uma pequena discussão,
se queremos mesmo um artigo de divulgação científica)
P C I (Projeto - gerenciamento, pedagogia de projeto, aprendizagem baseada em projetos;
Colaborativo - colaboratividade; Internet - aprendizagem de línguas apoiada/baseada em
internet)

E então a nossa proposta:


1) Qualidade/ Conteúdo da proposta
2) Operacionalizabilidade (Steps and processes)
3) Colaboratividade (coerência com a filosofia de aprendizagem colaborativa)
4) Compatibilidade com as normas e demandas da atividade escolar
5)Coerência com a filosofia de aprendizagem baseada em projetos
6) Exploração efetiva dos recursos digitais

2
7) Divulgação
8) Avaliação

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