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mesmo*
[The formula of humanity as an end in itself]
Richard Dean
Cal Satate L.A. University (Los Angeles, USA)
* In: The Blackwell Guide to Kant’s Ethics, Edited by Thomas E. Hill. Oxford: Blackwell
Publishing, 2009, p. 83-101. Tradução: Rafael Rodrigues Pereira (Professor adjunto departamento
de filosofia UFG, e-mail: rafarodrigues252@gmail.com
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Todas as citações diretas das obras de Kant serão das traduções citadas na bibliografia, embora as
referências das páginas sejam da edição canônica das obras de Kant, segundo a Academia Real
Prussiana.
Stud. Kantiana 19 (dez. 2015): 127-151
ISSN impresso 1518-403X
ISSN eletrônico: 2317-7462
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forma similar, em seu uso prático, a razão faz mais do que buscar os
melhores meios para quaisquer desejos contingentes que venhamos
passivamente a ter. O raciocínio prático diz respeito ao exercício de
nossa vontade. Um aspecto dessa vontade é Willkür, ou o poder de fazer
escolhas sobre quais fins adotar. Outro aspecto é Wille, que apresenta ou
“legisla” princípios morais categóricos a um agente. Todo humano
adulto capaz, assim como qualquer outro ser racional que possa existir,
possui tanto Willkür quanto Wille, na visão de Kant. Um agente racional
perfeito sempre exerceria seu poder de escolha, ou Willkür, de forma
consistente com as exigências morais providas pela Wille, pois seu
próprio poder racional apresenta estes princípios morais como razões
incondicionais para agir. Mas é claro que pessoas reais são seres
racionais imperfeitos, e, por isso, às vezes decidem realizar ações
contrárias a princípios morais que elas próprias se dão.
As concepções kantianas de razão e vontade fornecem vários
candidatos possíveis para o fim em si mesmo. Talvez a razão teorética
seja este fim, ou a razão prática. Talvez algum aspecto particular da
razão prática, como a Willkür, qualifique um ser como fim em si mesmo.
Ou talvez alguém seja um fim em si mesmo em virtude do poder de
legislar princípios morais. Ou, para adotar um requerimento mais
exigente, talvez alguém seja um fim em si mesmo não apenas se possui
Willkür e Wille, mas também se é suficientemente racional para
reconhecer e aceitar a força incondicional dos princípios morais, e,
assim, regular suas escolhas particulares de acordo com estes princípios.
Na verdade, não há um consenso claro sobre qual destas possíveis
leituras da “natureza racional” como fim em si mesmo é correta.
Praticamente todas elas receberam algum apoio nas últimas décadas.
Embora pouco esforço tenha sido dedicado, surpreendentemente, para
resolver o problema da divergência quanto à leitura da “humanidade” -
ou “natureza racional” - que deve ser tratada como fim em si mesmo,
este ponto parece crucial para uma compreensão adequada da fórmula da
humanidade.
Alguns comentadores propuseram que o fim em si mesmo é o
poder de colocar fins (Willkür), ou o poder de colocar fins mais o poder
de organizá-los em um todo consistente (Korsgaard, 1996, p. 17, 110,
346; Wood, 1999, p. 18-20). A importância do poder de escolha é uma
ideia familiar a filósofos contemporâneos comprometidos com a ênfase
político-liberal no valor fundacional da escolha. Mas seria estranho, dado
o destaque conferido por Kant em escolher de acordo com as exigências
morais da razão, que o poder de escolha simpliciter fosse o fim em si
mesmo, merecedor de especial consideração. O poder de escolha é
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Eu não pretendo, obviamente, resumir os argumentos de Kant sobre este ponto. Ver o capítulo 3
da Fundamentação. Outra boa fonte secundária sobre isto é Hill, 1992, p. 97-122.
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Ver Hill, 1992, p. 40-1; Herman, 1993, p. 238; O’Neill, 1989, p. 138; Paton, 1947, p. 177; Ross,
1954, p. 52-3.
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Kant resume este argumento basicamente da mesma maneira em MS 6:381.
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A principal diferença é que para Korsgaard o argumento estabelece que o mero poder de colocar
fins é o fim em si mesmo
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Pensamentos Finais
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Referências
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