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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSOS: ENGENAHRIA AMBIENTAL E SANITÁRIA / ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINAS: RESÍDUOS SÓLIDOS (EAMB 049) / GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (ECIV
066)
PROFESSORA: IVETE VASCONCELOS LOPES FERREIRA

CATACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

O gerenciamento integrado dos RS deve começar pelo conhecimento de suas


características qualitativas e quantitativas, pois vários fatores influenciam neste
aspecto como:

SOCIOECONÔMICOS
 Períodos de recessão (menor consumo, maior reutilização)
 Renda e padrão de vida (Maior renda  maior quantidade de
descartáveis/recicláveis. Menor renda  maior quantidade de matéria orgânica)
 Desenvolvimento tecnológico – introdução de materiais cada vez mais leves
(ex. plásticos)  menor peso específico dos resíduos
 Campanhas ambientais – redução de materiais não-biodegradáveis (plástico).
Aumento de recicláveis e/ou biodegradáveis (papel, papelão, vidro, metal).

CLIMÁTICOS
 Chuvas – aumento do teor de umidade
 Outono – aumento de folhas
 Verão – aumento de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos rígidos)

DEMOGRÁFICOS
 Quanto maior a população urbana, maior a produção per capita de lixo.

ÉPOCAS ESPECIAIS
 Natal, Ano Novo, Páscoa – embalagens, MO (matéria orgânica)
 Dia das Mães/Pais – embalagens (papel/papelão, plásticos maleáveis)
 Carnaval – embalagem de bebidas (latas, vidro, plástico rígido).

CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Características Físicas
a. Geração per capita
b. Peso específico
c. Teor de umidade
d. Compressividade
e. Poder calorífico
f. Composição física (gravimétrica)
a. Quantidade ou Geração per capita
 A produção de lixo per capita aumenta com o aumento da população dos
municípios.
 O Diagnóstico de Resíduos Sólidos para o Estado de Alagoas, envolvendo 42
municípios estima uma produção média de: 0,99 kg/hab/dia (Jucá, 2002).

Fonte: Jucá (2002) apud Callado (2005).

Geração per capita por região no Brasil

Fonte: PNSB (IBGE, 2000)

b. Peso específico ou densidade aparente: Peso específico aparente é o peso do lixo


solto em relação do volume ocupado livremente, sem qualquer compactação,
expresso em kg/m3. Sua determinação é fundamental para o dimensionamento de
equipamentos e instalações. Na ausência de dados mais precisos, podem-se utilizar os
valores de 230 kg/m3 para o peso específico do lixo domiciliar, de 280 kg/m3 para o
peso específico dos resíduos de serviços de saúde e de 1.300 kg/m3 para o peso
específico de entulho de obras.
Determinação:
Encher um recipiente de volume conhecido com a amostra de lixo e pesar o material.
Descontar o peso do recipiente.
Peso específico (Kg/m3) = peso da amostra (Kg)/ Volume do recipiente (m3)

c. Umidade: Teor de umidade representa a quantidade de água presente no lixo,


medida em percentual do seu peso. Este parâmetro se altera em função das estações
do ano e da incidência de chuvas, podendo-se estimar um teor de umidade variando
em torno de 40 a 60%. Influencia a escolha da tecnologia de tratamento e
equipamentos de coleta. Tem influência notável sobre o poder calorífico, densidade e
velocidade de decomposição biológica da massa de lixo.

Determinação:
Após pesagem da amostra, secar em estufa entre 100 e 103 ºC até que se obtenha
peso constante.
Umidade (%) = [(P0 – P1)/P0] x 100
Material seco (%) = (P1/P0) x 100
P0 = peso da amostra antes da secagem (kg)
P1 = peso da amostra após a secagem (Kg)

d. Compressividade: é o grau de compactação ou a redução do volume que uma


massa de lixo pode sofrer quando compactada. Submetido a uma pressão de 4kg/cm²,
o volume do lixo pode ser reduzido de um terço (1/3) a um quarto (1/4) do seu volume
original. Muito importante para o dimensionamento de veículos coletores, estações de
transferência com compactação e caçambas compactadoras estacionárias.

e. Poder calorífico: quantidade de calor gerado pela combustão de 1 kg de lixo misto


(não somente os materiais facilmente combustíveis). O poder calorífico médio do lixo
domiciliar se situa na faixa de 5.000 kcal/kg. Influencia o dimensionamento das
instalações de todos os processos de tratamento térmico (incineração, pirólise e
outros).

f. Composição física (gravimétrica): porcentagem dos vários componentes do lixo


(papel, papelão, vidro, metais, MO, etc). É o ponto de partida para o estudo do
aproveitamento das diversas frações (reutilização/reciclagem/compostagem). Após a
obtenção da amostra final, fazer a separação manual dos componentes do lixo
(matéria orgânica, vidros, plásticos, papel, papelão, etc) e pesar cada componente,
separadamente. As porcentagens individuais dos componentes é calculada por ex.:
Ex: Plástico (%) = [Peso da fração de plástico (kg)/peso total da amostra (Kg) ] x 100

Características Químicas
a. Teor de elementos químicos C, S, N, K, P
b. Relação C/N
c. pH
d. Teor de matéria orgânica
a. Composição química: importante para definição da forma mais adequada de
tratamento (principalmente compostagem) e disposição final. • N, P, K, S, C
b. Relação C/N - Fundamental para se estabelecer a qualidade do composto
produzido. A relação carbono/nitrogênio indica o grau de decomposição da matéria
orgânica do lixo nos processos de tratamento/disposição final. Em geral, essa relação
encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1.

c. pH - indica o teor de acidez ou alcalinidade dos resíduos. Em geral, situa-se na faixa


de 5 a 7. Serve para estabelecer o tipo de proteção contra a corrosão a ser usado em
veículos, equipamentos, contêineres e caçambas metálicas.

d. Teor de matéria orgânica: quantidade de MO putrescível (restos de alimentos) e


não putrescível (papel, papelão, etc) contida no lixo. Importante na avaliação do
processo de compostagem e do estágio de estabilização do lixo aterrado.

AMOSTRAGEM PARA CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

O objetivo da amostragem é ter uma amostra representativa, portanto:


 A coleta de amostras, assim como a medição do lixo encaminhado ao aterro,
não deve ser realizada num domingo ou numa segunda-feira.
 Em cidades turísticas, jamais efetuar a coleta de amostras em períodos de
férias escolares ou de feriados, a não ser que se queira determinar a influência
da sazonalidade sobre a geração de lixo da cidade.
 Não efetuar determinações de teor de umidade em dias de chuva.
 Preferencialmente as determinações devem ser feitas de terça a quinta-feira,
entre os dias 10 e 20 do mês, para evitar distorções de sazonalidade.

Levantamento preliminar de dados:


 Sistema de limpeza pública - nº de setores de coleta, frequência de coleta,
características dos veículos coletores (tipo, nº, capacidade, etc).
 Quando torna-se onerosa a amostragem em todos os setores de coleta, pode-
se agrupá-los (utilizando-se critérios como: características das edificações,
densidade populacional, poder aquisitivo, costumes, ocupação da área –
residencial, comercial, etc).
 Considerar aspectos de sazonalidade e climáticos, influências regionais e
temporais, flutuações na economia uma vez que interferem na composição
física dos resíduos. Aconselha-se que as análises sejam feitas
sistematicamente.
AMOSTRAGEM PARA DETERMINAR COMPOSIÇÃO FÍSICA OU GRAVIMÉTRICA DO
LIXO URBANO

A amostragem inicia-se com a chegada do caminhão de coleta de um determinado


setor. Após a descarga do seu conteúdo em quatro montes iguais, estes são revolvidos
e misturados individualmente para posterior retirada, de cada um, 1 saco de resíduos,
com aproximadamente 100 kg cada  QUARTEAMENTO.

BIBLIOGRAFIA:
-MONTEIRO, J. H. P. et al. (2001). Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos. Victor Zular Zveibil (coord.). Rio de Janeiro: IBAM, 2001.

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