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O Homem Sexualmente Feliz - Completo PDF
O Homem Sexualmente Feliz - Completo PDF
O homem sexualmente feliz: do mito à verdade científica. Tradução de Anilde Werneck. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.
SUMÁRIO
Prólogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Agradecimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
1. OS PROBLEMAS DA EJACULAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
2. O que é e como se produz a ejaculação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
3. O tempo que a ejaculação leva para produzir-se. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
4. Métodos ineficazes para combater a ejaculação precoce. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
5. Causas orgânicas dos distúrbios ejaculatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6. Tipos de problemas ejaculatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101
7. Tratamentos dos distúrbios ejaculatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
APÊNDICE
O PROBLEMA DA AIDS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
1. Surgimento da AIDS e evolução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . 189
2. Quem pode contrair AIDS? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
3. Grupos de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
4. O agente virotico produtor, os anticorpos, os métodos de detecção . . . . . . . . . . . . . . . 191
5. O sistema defensivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . 193
6. Como a enfermidade se apresenta? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . 194
7. Algumas drogas ativas usadas contra a AIDS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . 196
8. Medidas preventivas gerais contra a AIDS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
9. Conseqüências psico-sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
GLOSSÁRIO. . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 200
..
Prólogo
O leitor desatento que consulte aleatoriamente este livro do Dr. Kusnetzoff pode pensar, por
momentos, que está diante de um manual de fisiologia, talvez de urologia, de
psicopatologia ou de divulgação sexológica.
Será necessário lê-Io por completo para entender que se trata de uma abordagem
abrangente do tema Sexualidade. O que vale dizer que vai mais além do que o título O
homem sexualmente feliz sugere.
O livro examina todos os aspectos da sexualidade, não apenas objetivamente, como um
texto clássico de Medicina, mas também com o apoio de um grande conhecimento e
experiência do autor. Ao comprometer sua opinião, o autor admite que pode tomar
vulnerável algum conceito e, por essa razão, apóia-se em fatos e referências que
constituem verdades neste final do século XX.
Quem consultar a bibliografia sobre sexo de cem anos atrás poderá comprovar o verdadeiro
avanço feito nestes dois últimos decênios num tema tão milenar como a própria biologia.
lndubitavelmente, a obra tem muitos méritos, mas, antes de me referir a ela, quero falar
sobre o autor e as circunstâncias de nosso conhecimento.
O Dr. Kusnetzoff, psiquiatra, psicanalista de sólida formação em sexologia, pretendia
integrar-se à equipe médica do hospital e praticar a docência, num momento em que eu
estava organizando um grupo multidisciplinar para o estudo das disfunções sexuais.
Os objetivos eram tão coincidentes que nos pusemos de acordo imediatamente. Desde
então e como conseqüência de sua dedicação permanente, ele conseguiu integrar-se numa
equipe médico-assistencial de importante gabarito.
Atualmente, o Dr. Kusnetzoff é o encarregado da seção de Sexologia da cátedra de
Urologia. Participa do ensino em pré-graduação e organiza e dirige cursos de Sexologia
Médica para graduados.
A melhor prova de sua capacidade docente está dada pelo interesse que suas aulas
despertam e pela influência que exerce sobre o grupo médico.
Por sua vez, o psiquiatra, o psicanalista, não saiu incólume de seu contato com a clínica e a
cirurgia, e isso fica patente nos capítulos referentes às disfunções eréteis não psicológicas,
tratadas com critério organicista.
A obra, de grande clareza conceitual, escrita num estilo que impressiona pela objetividade,
dirige-se a uma ampla e variada população de leitores.
Ao abordar, integralmente, a problemática da sexualidade, será uma fonte útil de consulta
para quem sofra uma disfunção sexual, em qualquer idade, e para sua companheira.
Orientará pais e educadores, que devem proporcionar informações a filhos e alunos.
Não há dúvida de que a harmonia sexual leva à estabilidade afetiva do casal.
O médico, o estudante, ou simplesmente o estudioso, encontrarão um livro de consulta que
sintetiza grande parte do conhecimento atual sobre o tema. Escrever este prólogo foi para
mim uma honra, não só pela grande qualidade da obra como também pela amizade que me
une ao autor.
Se alguns dos leitores deste livro pensam assim, será uma pena. Este trabalho dirige-se
primordialmente a homens e mulheres desejosos de conhecer e compartilhar a experiência
sexual; aos que pretendam melhorar sua vida íntima com a companheira; àqueles cujo
casamento esteja em crise, entre muitas outras coisas, por causa de um inadequado
funcionamento sexual; àqueles cujo pensamento se baseia em princípios falsos, afastados
das verdades científicas evidentes, e que, portanto, são propensos a cair nas mãos de
indivíduos inescrupulosos e aproveitadores da ignorância.
Sabe-se hoje com certeza que, em algum momento de sua vida sexual - que se estende
desde os 15-16 anos de idade até os 80-85 anos -, o homem sofrerá algum transtorno em
seu funcionamento sexual. Mais do que isso: um homem adulto normal, saudável, com uma
mulher carinhosa e que lhe dedique uma afeição sincera e estável, tem de duas a três
falhas ejaculatórias e/ou eréteis a cada dez coitos. * É óbvio que esse tipo de falhas
consideradas' 'normais" ou "habituais" é mais comum em homens após os 55-60 anos de
idade, embora - insistimos - afete também jovens de 20-25. Em todas as latitudes do mundo
ocorre esse tipo de experiência; nenhum homem está isento.
Assim como a falha erétil ou ejaculatória é freqüente num homem normal, assim também
freqüentes são os sintomas, as sensações que os acompanham. Tais sensações são
angustiosas, deixam o homem tenso e a mulher desconcertada, sem saberem o que, nem
como fazer. Se o problema ficasse simplesmente ali, não passaria de uma experiência
penosa leve, das muitíssimas existentes na vida de qualquer pessoa, sobretudo quando
sabemos que esse tipo de falha acontece quando o homem está cansado, tenso,
preocupado ou bebeu mais do que devia. Se, porém, a experiência se repete, ou se lhe
atribuímos importância maior do que a habitual nesses casos, é possível - aí sim - que se
transforme num problema.
A sexualidade humana, embora seja potencialmente um bem natural, implica hábitos,
comportamentos, atitudes e, sobretudo, significados aprendidos, relacionados com a
história pessoal de cada indivíduo. A sexualidade pode - e deve - ser uma fonte de prazer;
lamentavelmente, quando se chega ao caso descrito acima, é fonte de conflitos, de terríveis
pesadelos, de obstáculos na comunicação, de profunda infelicidade, enfim.
O homem que foi vítima de uma falha erétil ou ejaculatória sente-se - literalmente -
impotente, abatido, desgostoso... Costuma-se ouvir de alguém com problemas sexuais que
perdeu a confiança em si próprio, ou que se sente diminuído diante dos outros. A maioria,
por um erradíssimo conceito na matéria, sente-se "menos homem".
No capítulo próprio, veremos que qualquer outro problema de ordem médica ou psicológica
levaria esse homem a consultar alguém que o pudesse ajudar. A vergonha, * a culpa, * o
temor ao escárnio ou ao ridículo adiam cada vez mais uma consulta ao profissional
adequado. É fácil supor o agravamento progressivo de qualquer problema, ou ainda o
aparecimento de um problema onde inicialmente de fato não havia.
Nossa abordagem dos sintomas sexuais segue, no essencial, a das mais modernas
correntes científicas contemporâneas. Não existe o problema sexual isolado. Pela
característica intrínseca da sexualidade, é sempre um problema de dois. Alguém pode,
logicamente, sofrê-Io, padecê-Io, mas os efeitos, as conseqüências, estendem-se a ambos
os integrantes do casal. * Daí a importância e a hierarquia que este livro atribui ao
componente feminino, à necessária informação, compreensão e apoio que a companheira
deverá dispensar ao homem que sofre de um problema sexual. Estamos convencidos da
extraordinária importância atribuída à informação adequada, como parte da educação
sexual adulta da população. Inúmero~ problemas são resolvidos apenas com conversas
adequadas ou leituras e não poucos casamentos podem ser salvos da deterioração ou do
possível fracasso definitivo.
Ainda que este livro se destine aos leigos, cremos que, indiretamente, se dirige à classe
médica. O paciente de uma disfunção sexual terá um conhecimento mais preciso e objetivo,
podendo assim obter, solicitar e exigir respostas pertinentes de seu médico habitual ou
urologista ou ginecologista. Não é verdade que o médico, pelo simples fato de o ser, saiba
tudo. E muito menos que seja uma autoridade em questão de sexualidade, normal ou
patológica. * Lamentavelmente, nossas faculdades de Medicina não contam, até agora,
com programas de treinamento em Sexologia para médicos; isso faz com que muitos
profissionais, quando consultados, escondam sua ignorância, procurando diminuir a
angústia de seus pacientes com ansiolíticos, * calmantes ou qualquer outro medicamento,
na melhor das hipóteses inteiramente ineficazes para a disfunção sexual. Em outras
ocasiões, e isto é rigorosamente certo por faltarem especialistas na matéria, não sabem
onde nem a quem encaminhar seu paciente; em nosso país, são muito poucos os serviços
hospitalares que podem atender de maneira satisfatória as consultas de natureza
sexológica.
Este livro responde a uma necessidade: necessidade tanto dos pacientes quanto dos
médicos. Os pacientes costumam indagar: "O que devo ler, doutor? Onde posso me
informar?" Os médicos costumam consultar-se mutuamente: "Há alguma coisa sobre
sexualidade para recomendar aos pacientes? Onde posso encontrar um texto escrito de
maneira simples, para ajudar meus pacientes?
Levar ao conhecimento do público os progressos na sexualidade médico-psicológica dos
últimos quarenta ou cinqüenta anos é quase uma obrigação, sob o ponto de vista
profissional interessado em educar e orientar.
Com este livro o leitor terá acesso à diferenciação mais importante que cumpre estabelecer
quando aparece um problema sexual: esse problema é orgânico ou psicógeno? Sendo
orgânico, ou psicógeno, ou de natureza mista, que orientação tenho agora? O que devo
fazer? Quem pode me ajudar?
Para poder adotar uma orientação correta de assistência terapêutica, toma-se necessário
saber de que se trata. É por isso que este livro estuda a descrição psicofisiológica
masculina em diversas fases da vida ativa, os mecanismos da ereção, * do orgasmo* e da
ejaculação, * os problemas mais comuns na função sexual masculina, os desequilíbrios
hormonais, as perturbações orgânicas mais freqüentes, incluindo a ação dos medicamentos
sobre a sexualidade, o papel do diabetes, * da arteriosclerose* e de algumas situações
psicológicas nocivas. Para chegar a essas conclusões diagnósticas, deve-se seguir um
método racional, passo a passo, o qual, em alguns casos, toma imperiosa a ação do
especialista, clínico geral, * diabetólogo, * urologista, * cardiologista, * cirurgião vascular, *
psicólogo, * psicoterapeuta* ou psicanalista. *
O termo "disfunção sexual" abarca toda uma série de problemas. Em primeiro lugar, os
problemas ejaculatórios.
E, embora venhamos a abordá-los de maneira mais abrangente, podemos dizer que são de
dois tipos: ejaculação rápida, * também chamada de "precoce", * e a dificuldade de
ejacutar, ou ejaculação retardada. * Na verdade, a disfunção ejaculatória é um distúrbio
muito freqüente e, por essa razão, merece um capítulo mais detalhado.
Hoje sabemos que as respostas fisiológicas de homens e mulheres têm muitos pontos em
comum e alguns - que são essenciais - diferentes.
A figura 1 mostra-nos as quatro fases comuns a ambos os sexos: Fase A: fase de excitação
ou desejo. Ter desejo sexual* é sinônimo, praticamente, de vida. É sentir-se atraído pelo
sexo oposto, ter fantasias* eróticas e, de um modo geral, é percebido como uma tensão
interior, acompanhada da necessidade de liberar-se dela.
Também como descrição geral, diremos que todos os apetites são semelhantes, no que se
refere a essa tensão já mencionada; a fome, a sede, o sonho. É algo que, em determinado
momento, se toma imperioso e tem de ser satisfeito.
Esses fatores inibitórios são vários. Alguns são conhecidos, de outros apenas há suspeitas,
e muitos mais são desconhecidos. Uma pessoa pode mostrar-se apática em relação ao
sexo por estar enferma. Uma simples gripe é suficiente para nos deixar sem ânimo e
desprovidos de qualquer tipo de desejo. A depressão* é outro grande fator capaz de
interferir no desejo sexual. A ansiedade, * a ira, * a raiva* são alguns outros fatores
inibitórios.
O desejo sexual parece ampliar-se nas mulheres com idade variando entre 35 e 40 anos,
quando as experiências vitais se tomaram mais marcadas e, em certo sentido, se livraram
de alguns daqueles tabus estabelecidos durante sua educação infanto-juvenil.
Fase B: ou fase chamada de excitação em meseta, * pelo tipo de excitação que, neste
período, tende a manter-se e a estabilizar-se por algum tempo. A essa altura da excitação
sexual, ocorreram e ocorrem fenômenos de ordem psicológica e fisiológica bem marcados
em ambos os sexos.
Esse fenômeno produz contrações de todos esses músculos, que parecem sacudidos por
pequenos golpes ou pulsações, acompanhados de intenso prazer. Todo o acúmulo de
tensão das fases de desejo* e meseta* alcança o "clímax" nessa fase e se precipita na
descarga aliviante e cheia de prazer, chamada orgasmo. *
O subtítulo destaca sexualmente; é que queremos deixar bem claro que é difícil ser
sexualmente feliz, se não houver felicidade emocional em qualquer outro campo da vida em
comum.
O distúrbio sexual, embora esteja alojado em um dos membros do casal, no homem, neste
caso, nunca é apenas desse membro. O problema sexual é sempre de ambos. Essa
premissa é fundamental para que sejam entendidos alguns fenômenos que ocorrem no seio
da intimidade de homens e mulheres e não pode, de nenhuma forma, ser ignorado, quando
uma equipe médico-psicológica se dispõe a tratar o problema sexual.
O homem não é capaz de relaxar e sua única, grande preocupação é imaginar" se vai
funcionar ou não". Esses pensamentos e maneira de agir, prevalecendo durante meses e,
por vezes, anos, ficam enraizados na mente do homem e não lhe permitem sequer sentir os
mais elementares sinais de prazer erótico. O bloqueio da sensibilidade e da afetividade
pode chegar a ser bem marcante. Esses homens têm dificuldades de entender que a
ereção e a ejaculação são respostas fisiológicas involuntárias. Não é possível controlá-Ias
pela própria vontade, a não ser numa parte mínima. O que ocorre, então, é uma espécie de
orgulho ferido, quando um médico ou um psicólogo revela a esse homem que ele tem uma
disfunção sexual. A frustração que se segue, por não poder controlar o incontrolável,
provoca uma série de tratamentos, por um lado, e a necessidade de se recuperar o controle
a qualquer custo; por exemplo, através de medicamentos, afrodisíacos* inexistentes ou
tratamentos nocivos à saúde.
O homem que não entenda ou não aceite a idéia do mecanismo natural e espontâneo da
ejaculação e da ereção estará bloqueando as mais elementares sensações, necessárias
para um bom estímulo sexual, dele e da parceira. O prazer se perturba, a companheira se
irrita e todo o ato sexual se converte em uma experiência desagradável, mecânica.
Não é difícil adivinhar as próximas etapas. O homem e a mulher têm medo de ter relações
sexuais. Direta ou indiretamente, as evitam. Por muitas vezes, apresentam-se desculpas
que ocultam todos esses medos: "estou cansado", "trabalhei muito", "estou com dor de
cabeça", "não me sinto bem".
Esse problema, se não for interrompido com uma conduta adequada, com um tratamento
imediato, estende-se a outras áreas, e as carícias, os agrados, a conversação passam a
ser evitados.
Não são poucos os homens, nesse estado, que procuram outras mulheres. E costumam
fazê-Io contra suas convicções íntimas, contra pensamentos éticos profundamente
arraigados. Isso permite que se constate a dor e o sofrimento íntimos por que passam
esses homens. E nem seria preciso dizer que a busca de outra mulher não atenua o
problema e costuma ser contraproducente, se ocorre a violação de sentimentos íntimos. O
sentimento de culpa se amplia e isso só pode resultar num isolamento maior, na ausência
de comunicação.
Com variações e ingredientes de toda espécie, o leitor pode imaginar, facilmente, que essa
história é comum e costuma terminar com o fracasso da união, o fim de uma relação, por
vezes, de muitos anos.
Não é de estranhar, então, que, diante de quadro tão envolto em ignorância, surjam, em
forma de alternativas, mitos, crendices, mal-entendidos generalizados e meias-verdades.
Os mitos são pensamentos coletivos - em geral, invenções populares -, criados com a
finalidade de explicar o inexplicável. O mesmo tipo de gente que os inventou cuida de sua
manutenção, preservando-os através do tempo, porque lhe parecem uma proteção contra a
angústia ante o desconhecido, oferecem uma falsa segurança. Enfim, constituem-se, por
vezes, numa couraça muito difícil de penetrar.
Como essas crendices, em geral, permanecem por muito tempo na mente das pessoas,
acredita-se - e isto é outro mito - que alguém, com autoridade, as instituiu e, portanto, não
devem ser questionadas e muito menos denunciadas como falsas.
Nas páginas seguintes, vamos tentar demonstrar apenas alguns - os que nos parecem mais
comuns - dos mitos masculinos. Seria necessário mais de um volume para falar sobre
todos.
O certo é que há uma relação ínfima entre o tamanho do pênis em estado de flacidez e em
estado de ereção. Por sua vez, não existe relação entre o físico do indivíduo e o tamanho
do pênis. Os homens costumam achar que as mulheres dão muita importância ao tamanho
do pênis. Os que cultivam essa crença nunca se atreveram a consultar uma mulher sobre
esse assunto. E, se um dia o fizerem, vão obter como resposta que os atributos físicos mais
importantes são, para elas, os músculos, o cheiro da pele, a proporção dos ombros, etc. E,
ainda mais importante, a capacidade de ser agradável, atencioso, de opiniões firmes,
envolventes, etc.
A partir dos quatro, cinco anos de idade, os meninos costumam comparar, naturalmente, o
tamanho do pênis. Com isso, comparam tudo o que, para uma criança, pode ser medido:
pênis, estatura, distância, mundo infantil e mundo adulto. Nesse sentido, para uma criatura,
o corpo do pai (ou do tio, ou do avô) pode parecer-lhe tão grande que considerará
inatingível a possibilidade de igualar-se a ele. Essa sensação natural (natural, repetimos),
por vezes, recebe reforços externos. Os meninos são duramente advertidos, e até
rudemente castigados, quando espiam outros órgãos sexuais ou quando fazem
comentários alusivos a eles, ou, ainda, quando, ingenuamente, tocam ou olham o pênis.
Fica claro, assim, como um menino pode, muito facilmente, associar a curiosidade ou uma
idéia normal para a idade com a repreensão e o castigo. (" Há alguma coisa errada nisso!
Devo ter feito alguma coisa errada!") O mito que relaciona a pequenez do pênis com a
impossibilidade de conseguir ereção, ou de obter ou dar prazer, já está em formação.
É preciso dizer, claramente, que o prazer do homem e da mulher não têm absolutamente
nenhuma relação com o tamanho do pênis. E por uma simples razão. Hoje se sabe, com
segurança, que a área de maior sensibilidade feminina é o clitóris e a entrada do conduto
vaginal. Todo órgão masculino capaz de roçar a parte inicial da vagina estará tocando
direta ou indiretamente o clitóris e o tecido ao seu redor: a parte anterior da vagina. Então,
não passa de uma ingenuidade pretender ter alguns centímetros a mais de pênis do que o
vizinho. O mais importante será, no momento do coito, que o homem e a mulher busquem a
zona de maior sensibilidade, apoiando, na introdução do pênis, a base deste contra a parte
anterior vaginal. Além disso, a metade posterior da vagina é praticamente insensível. E esta
é a explicação por que alguns homens que têm um pênis muito curto, mesmo de dois a três
centímetros, em conseqüência de uma cirurgia, podem ter uma vida sexual normal e plena,
para si e para suas companheiras.
Ser um bom amante não depende da anatomia, mas do aprendizado, da sutileza, do bom
gosto e da delicadeza, atributos indispensáveis nas relações de um casal.
Vida
FEL IZ
"A ereção indica necessidade de relações sexuais imediatas."
Pensar assim é desconhecer totalmente a fisiologia da ereção. Praticamente, os homens
têm ereção desde pequenos. Como ficará esclarecido em outros capítulos, a ereção é, às
vezes (enquanto dormimos, quando despertamos e em muitas ocasiões durante o dia), uma
atividade reflexa, absolutamente normal no homem sadio, despertada por numerosos
estímulos, não necessariamente sexuais.
Vida
Esta crença tão difundida leva a supor que o homem tem um "estoque" de orgasmos já
determinado congenitamente. Uma vez superado esse limite, a vida sexual está terminada.
A verdade é exatamente o oposto. Temos insistido, há muito tempo, e a bibliografia e a
experiência demonstram claramente: a sexualidade é como um acumulador, uma bateria de
automóvel; quanto mais for usada, mais e melhor funcionará. "A atividade faz o órgão" e um
bom funcionamento provoca um maior recarregamento de energia, com todos os benefícios
que isso implica.
Devemos observar - e toda insistência com este tema será insuficiente - a notável ação
depressora, fortemente inibitória que o álcool exerce sobre o sistema nervoso. Retarda os
reflexos e dilata os vasos sangüíneos (esta a razão por que os alcoólatras têm o rosto
congestionado). A inibição dos reflexos dificulta a ereção, de modo algum a facilita. A longo
prazo, a inibição da ereção tende a instalar-se, porque o álcool lesiona o fígado, onde a
testosterona* é metabolizada. Nos alcoólatras, há uma evidente redução desse hormônio,
essencial para o mecanismo da ereção.
Contudo, para algumas pessoas tímidas, inibidas ou que tenham sentimentos de culpa, o
álcool funciona, nos primeiros momentos, como um tranqüilizante; desinibe e permite uma
aproximação mais relaxada entre as pessoas. Daí sua fama de afrodisíaco. * Esse efeito
ocorre por igual entre homens e mulheres. O que as pessoas que bebem não sabem, ou
não querem saber, é da ação depressora posterior e, a longo prazo, pelo consumo
continuado, do efeito nocivo que o álcool exerce sobre a saúde em geral e a sexualidade
em particular.
O que esses estudos mostram é óbvio e não nos deve surpreender. Congenitamente, o ser
humano tem dois sexos. Ocorre que, geneticamente, se decide por um. Mas o outro, o que,
aparentemente, não se mostra, fica como um traço potencial. Seria impossível uma
amizade entre dois homens, se não houvesse um componente homossexual que os
motivasse. Uma coisa é a tendência ou impulso e outra, a relação homossexual em si.
Vida
FEL IZ
"O desequilíbrio hormonal é causa da homossexualidade."
Quando se faz uma análise hormonal em homens e mulheres normais, encontramos
hormônios de ambos os sexos nos dois, embora predominem os que correspondem ao
sexo biológico. Lamentavelmente, não é possível comprovar a afirmação de que a
homossexualidade é de origem hormonal. Dissemos lamentavelmente, porque assim seria
relativamente fácil modificar condutas complexas e que costumam trazer inconvenientes de
todo tipo. Sem descartar a existência de algum fator orgânico ainda não descoberto, a
maioria das pesquisas, em todas as partes do mundo, tende a considerar a
homossexualidade resultado de pressões ou influências ambientais, decisivas na formação
psicossocial do indivíduo.
Vida
FEL IZ
"O sexo orogenital entre um homem e uma mulher é indicador de tendências
homossexuais."
Muita gente considera "suja" a região genital. A proximidade do ânus, por onde se eliminam
as fezes, e da uretra, por onde se elimina a urina, parece ser a base para essa afirmação.
Mas é muito difícil encontrar um casal que não tenha experimentado, alguma vez, essa
prática tão difundida. Pesquisas sérias, realizadas já nos anos 1948 e 1953, indicaram que
mais de 60% dos casais praticavam com freqüência o estímulo orogenital. Pensar que o
sexo oral é manifestação de tendências homossexuais não tem nenhum fundamento
científico. O mito serve para afastar os casais mal informados de urna prática que integra a
bagagem do jogo erótico normal numa vida a dois.
A masturbação deu origem a mitos, preconceitos e idéias errôneas, e diversos males que
afligem a humanidade lhe são atribuídos. Mas o que é a masturbação? Em que consiste?
Por que suscita tanto escândalo? Se estas, ou outras perguntas similares, forem feitas a
pessoas de qualquer camada social ou cultural, vai-se concluir, pelas surpreendentes
respostas, que os mitos sobre a masturbação se originam da ignorância. Muito poucas
pessoas podem falar claramente sobre essa prática, sem evidenciar idéias equivocadas,
preconceitos disparatados e crendices pouco menos que irracionais.
Entende-se por masturbação a excitação, habitualmente rítmica, efetuada com a mão, na
zona genital, própria ou do parceiro, com ou sem orgasmo. Destaquemos alguns conceitos
dessa definição:
Qualquer observador - e, para isto, não é preciso ser um cientista - constata que 100% dos
homens se excitam com a mão à altura dos genitais, desde que são bebês. Esta prática,
feita na intimidade e já provocando ejaculação e orgasmo, torna-se mais intensa durante a
adolescência. É freqüente em grupos de garotos, com finalidade competitiva, para ver quem
ejacula mais longe, prática originária do desafio para ver "quem urina mais longe", muito
comum entre meninos na idade pré-pubere (8-11 anos).
Na idade adulta e na velhice, a excitação dos próprios genitais com a mão é uma prática
complementar da atividade genital e sexual, de freqüência, intensidade e qualidade
altamente variáveis, dependendo, como qualquer outra prática sexual, dos costumes, do
contexto, ou seja, do ambiente psicoafetivo, das circunstâncias, culpas, tristezas, alegrias,
companhias, solidão, etc.
Entre as mulheres, embora a prática seja um pouco menos freqüente do que entre os
homens, é perfeitamente normal em qualquer época da vida. Não é difícil os pais
surpreenderem sua menininha tentando introduzir o dedinho no orifício vaginal. Essa
curiosidade natural das meninas e seu conseqüente desejo de saber, explorar, conhecer e
tomar posse soberana de seu corpo, levam-nas .a olhar-se, tocar-se, experimentar
sensações diversas como dores, prazeres, atrações, excitações, repulsas, aceitações e
repúdios.
Onde está o limite? Então, o que é o patológico? Como qualquer outra prática, o limite está
no senso comum. Andar de bicicleta, jogar futebol e nadar são práticas saudáveis. Mas, se
alguém anda de bicicleta oito horas por dia, fica na água por várias horas ou joga futebol
mais tempo do que o habitual, está passando de determinado limite e o senso comum
indica que há algo de suspeito, de enfermo. Se um adolescente passa o dia todo praticando
esportes, sem descanso, dizemos que deixou de praticar um esporte para tomar-se uma
espécie de viciado, de maníaco. O esporte deixou de ser um meio para o desenvolvimento
físico, para ser utilizado como um fim em si mesmo.
Dentro desse quadro, a masturbação, como prática solitária e que não conduz ao coito, não
é aceitável. Nela, não há "troféu" algum para exibir. Devido às advertências e, em muitos
casos, aos castigos recebidos em criança, a maioria dos homens sente-se culpada,
envergonhada, quando pratica a masturbação. E aqui vai um ensinamento: é o sentimento
de culpa, e não a masturbação, o responsável pela angústia e pelos possíveis problemas
decorrentes desta prática.
"Insistimos em afirmar para nós mesmos que esses deslizes ocasionais servem
apenas a uma finalidade: aliviar a tensão acumulada. Por conseguinte, em geral
terminamos o ato o mais rapidamente possível, quanto mais rápido melhor. Raramente
nos concedemos a oportunidade de perceber que a masturbação, longe de ser uma
vergonhosa necessidade, é na verdade uma das melhores maneiras possíveis de
aprender sobre nossas reações sexuais ou de aumentar nossa sensibilidade ao
estímulo sexual, lições essas que podem ser depois aplicadas, com enormes
vantagens, na relação sexual propriamente dita."
Para alguns leitores pode ser angustiante ou muito chocante ver recomendada a prática
das autocarícias, ouvir falar delas como de algo que pode ter conteúdo positivo. Mas é hora
de enfrentar os mitos e desmascarar hipocrisias. A masturbação não é recomendada como
uma prática indiscriminada. Mas é importante assinalar que, freqüentemente, os transtornos
ejaculatórios em homens adultos originam-se de uma prática masturbatória carregada de
culpa e, sobretudo, de ansiedade. É preciso entender, contudo, que um homem que tenha
problemas ejaculatórios, especialmente ejaculação precoce, não poderá atribuí-Ios à
masturbação em si. O problema não está aí. O problema é "como" o indivíduo se
masturbava. A maioria dos adolescentes se masturba com culpa e ansiedade. Sabem ou
sentem que seus pais ou a sociedade desaprovam essa prática e os ameaçam com todo o
repertório habitual de calamidades. É lógico, então, que o adolescente se masturbe, mas
com urgência, como uma descarga na qual ele mesmo não se envolve muito. Na idade
adulta, esse mesmo adolescente conserva dentro de si a voz censora, que se evidenciará
no hábito de "terminar rápido". A ejaculação, as carícias ou o próprio ato sexual podem já
ter perdido o caráter clandestino, mas os hábitos incorporados, os reflexos nervosos
associados à culpa e à angústia estão tão consolidados dentro do homem adulto, que se
elevam como verdadeiros obstáculos a seu desenvolvimento e gozo, ao qual, logicamente,
tem direito.
Na adolescência, quando o jovem aprende a tomar contato com sua fisiologia, suas
reações peculiares e seus limites, é quando se pode fazer uma adequada prevenção de
qualquer transtorno ejaculatório adulto. Como? Simplesmente não se considerando um
atleta erótico, um projeto de homem-máquina, estimulando os genitais para ejacular o mais
rápido possível e a maior quantidade de vezes possível. O aparelho genital e a sexualidade,
em geral, não são máquinas, mas uma parte muito complexa do ser humano, inseparável
de seu mundo, não facilmente descartável, nem auto-infamante, nem passível de ser
escondida com vergonha delituosa.
Além disso, os genitais não são a única fonte de prazer, embora reconheçamos que, por
seus terminais nervosos, são os preferidos. Todo o corpo humano pode ser fonte de
sensações eróticas.
CAPÍTULO 3
2. O pênis
É um órgão cilíndrico, composto, em sua maior parte, por tecidos que podem enrijecer-se
quando se enchem de sangue. Esses tecidos estão imediatamente abaixo da pele e
separados do conduto urinário; estão agrupados em duas espécies de cilindros, um ao lado
do outro, chamados "corpos cavernosos" e se estendem desde o osso púbico até a glande.
* Normalmente, as paredes que constituem esses corpos cavernosos estão quase secas,
pregadas uma à outra. Quando, durante a excitação sexual, o sangue entra nesse tecido,
fica retido lá dentro. Produz-se, então, uma clara expansão, tanto no sentido longitudinal,
como na largura. E este, finalmente, é o mecanismo estrito da ereção: o enchimento, com
sangue, desses tecidos habitualmente vazios. Enquanto o sangue fica retido dentro dos
corpos cavernosos, a ereção se mantém. Inversamente, quando o sangue flui, escapa
pelas veias penianas para o interior do abdome, ocorre a chamada detumescência, cuja
conseqüência final é a ausência de ereção, a flacidez.
Como ficou evidenciado no item anterior, a ereção tem uma relação, de forma
predominante, com a circulação do sangue. Cada corpo cavernoso do pênis tem dois vasos
sangüíneos conectados. Um é uma artéria e, como toda artéria, conduz sangue oxigenado
no pulmão, e que, bombeado pelo coração, se dirige, neste caso, à intimidade do tecido
cavernoso peniano.
O outro vaso sangüíneo é uma veia. Como toda veia, recolhe o sangue não oxigenado, em
direção oposta à circulação arterial; dirige-se, primeiro, ao coração, depois, ao pulmão, para
receber o oxigênio que o transformará em sangue arterial. A artéria de cada caverna é
sumamente pequena e não excede a grossura de um fio de cobre. Acredita-se - a
demonstração de sua existência não é definitiva - que, na entrada do tecido cavernoso, haja
uma válvula* microscópica, composta por pequenas fibras musculares. Habitualmente,
essas válvulas estariam fechadas, mantendo o pênis em estado de flacidez, de repouso.
Com a excitação sexual, elas se abririam, deixando entrar o sangue nos corpos
cavernosos, produzindo-se a ereção.
Também foi medida a velocidade de entrada das artérias com relação à velocidade de
saída venosa. A velocidade arterial é claramente superior e, por esse motivo, o sangue fica
retido no tecido cavernoso; ocorre, então, a ereção. Para que esta se mantenha, toma-se
necessário um equilíbrio entre a velocidade arterial e a velocidade de saída venosa.
4. Os nervos do pênis
Cada válvula descrita sobre suposições, no item anterior, receberia controles nervosos de
dois tipos. Cada um deles funcionaria regulando, independentemente, a abertura e o
fechamento das válvulas que permitem o acesso e o escoamento do sangue. Ambos os
tecidos nervosos correspondem ao chamado sistema nervoso autônomo. * É um tipo de
sistema nervoso que, como seu nome indica, é totalmente involuntário e, praticamente, não
pode ser comandado pela vontade.
Dissemos que, seguramente, chegam às válvulas dois tipos de nervos do sistema nervoso
autônomo: o do sistema parassimpático e o do sistema simpático. Cada tipo de nervo
responde a estímulos neuroquímicos diferentes. Os nervos do sistema paras simpático são
sensíveis à carícias, a toques suaves do corpo, em geral, e, mais especificamente, da pele
genital. Por via reflexa, as válvulas se ativariam e se abririam. O sangue flui livre até os
corpos cavernosos e se produz a ereção.
Os nervos simpáticos são sensíveis aos estímulos psicogênicoso Que são estímulos
psicogênicos? Em primeiro lugar, pensamentos de todo tipo, em especial, eróticos,
evocativos de momentos de prazer. Logo, estímulos visuais, fotos eróticas, por exemplo;
estímulos auditivos, como sons característicos do ato sexual (suspiros, respiração
arquejante, gemidos); olfativos (perfumes) que podem ativar o simpático. Pode-se observar
também que cada um desses estímulos potencia outros; assim, ouvir determinada música
evoca uma situação erótica e o homem pode "ver", imaginar a cena que, por sua vez, evoca
certos odores, etc.
Esses estímulos complexos se dirigem a centros cerebrais onde está acumulada a memória
sexual da espécie humana, que enviam ordens através do sistema nervoso correspondente
e "mandam" as (supostas) válvulas arteriais relaxarem: produz-se, então, a ereção.
Podemos extrair, até agora, várias conclusões interessantes. A primeira delas é que
qualquer afecção do aparelho circulatório pode afetar o funcionamento arterial ou venoso
do pênis. Como veremos no capítulo correspondente, a arteriosclerose é a principal dessas
enfermidades.
Portanto, temos afecções que atacam especificamente os nervos periféricos, aqueles que
se dirigem às válvulas dos corpos cavernosos. Algumas neurites, * às vezes tumorações do
abdome ou da pelve, interrompem ou pressionam esses nervos, podendo provocar
dificuldades para a chegada das ordens emanadas do sistema nervoso central.
Para isso, ao contrário do sistema nervoso, utiliza o sangue para seu transporte. Há
numerosos hormônios no organismo, muitos deles indispensáveis à vida, como são a
insulina, produzida no pâncreas, e a tiroxina, produzida na tireóide.
Além disso, a testosterona "viaja" até o cérebro, onde atua nos centros gerais a que nos
referimos em parágrafos anteriores. Ali, estimula a produção de "ordens" cerebrais em
direção aos órgãos genitais produtores da ereção.
6. O cérebro
O leitor já terá aquilatado a importância do cérebro na produção das ereções. Mas devemos
esclarecer um mal-entendido comum. Cérebro não é sinônimo de vontade. A maior parte
das funções cerebrais está conectada ou programada involuntariamente e se põe em
funcionamento de forma automática, por complexos neuroquímicos intermediários, a
maioria dos quais só se tomou conhecida na última década. Ainda nesse campo, o futuro
nos tem reservado - com certeza - agradáveis surpresas.
Nessa função de distribuição, pode inibir e bloquear os estímulos que levam ao incitamento
dos sentidos dirigidos à zona do hipotálamo. O resultado será uma não-ativação das zonas
responsáveis pela ereção. Observe-se como o lugar de máximo desenvolvimento cerebral-
o córtex - pode inibir, em vez de favorecer, a ereção. Quando nos referirmos, mais adiante,
à disfunção sexual de origem psíquica. veremos que um córtex cerebral, sobrecarregado de
estímulos, preocupações, estresse, cansaço ou conflitos que abalem sua estrutura, inibe os
centros sexuais e provoca uma conseqüente inibição da ereção.
CAPÍTULO 4
1. Introdução
2. Anormalidades no pênis
a) Ausência do pênis
É muitíssimo rara e deve ser atribuída a um defeito embrionário. Pode provocar problemas
de vários tipos, desde psicológicos e familiares até médico-cirúrgicos. Normalmente,
espera-se o começo da puberdade, administram-se hormônios femininos, extraem-se os
testículos por meio de uma intervenção cirúrgica e efetua-se o implante de uma vagina
artificial. As características externas serão as mesmas de uma mulher perfeitamente
desenvolvida e o único inconveniente é a impossibilidade de conceber.
Esse tipo de intervenção cirúrgica não é permitido na maioria dos países e a autorização
deverá ser solicitada a um juiz, com um atestado de um médico legista.
b) Hermafroditismo* verdadeiro
Também é uma afecção congênita rara. É caracterizada pela ambigüidade dos traços
sexuais. (Não confundir com homossexualidade.) O indivíduo que sofre de hermafroditismo
verdadeiro tem testículos e também ovários; ou, pelo menos, fragmentos ativos de ambos.
Daí, a aparência ambígua, que impossibilita determinar se se trata de um homem ou de
uma mulher.
O aparelho genital apresenta uma combinação, por vezes quase monstruosa, de órgãos
sexuais masculinos e femininos. Esses indivíduos costumam ter pênis capaz de ereção.
O que afirmamos quanto à solução médico-cirúrgica e legal da ausência de pênis vale
também para os casos de hermafroditismo. Em geral, impõe-se a consulta a vários
especialistas: clínicos, cirurgiões, urologistas, endocrinologistas, geneticistas e legistas.
c) Pseudo-hermafroditismo masculino
São denominados pseudo-hermafroditas os indivíduos que aparentam ser hermafroditas,
mas não têm testículos e ovários, apenas um dos dois. Acontece que os genitais externos
se apresentam sem uma distinção clara, o que toma necessários estudos genéticos e
hormonais muito minuciosos.
Qualquer desses transtornos mencionados em a), b) e c) requer estudos complexos e
profundos, com inevitáveis consultas médico-legais. O tratamento psicológico é
imprescindível para esses indivíduos, e deve ser estendido, sempre que possível, a seu
meio familiar.
d) Hipospadia*
É uma afecção do pênis não muito rara. É um defeito congênito, mas não hereditário.
Consiste numa abertura uretral, por onde sai a urina, localizada no corpo do pênis e não na
ponta da glande, como é o normal. Urina e sêmen, durante a ejaculação, passam por esse
conduto aberto habitualmente por baixo do corpo peniano.
O transtorno mais freqüente que resulta da hipospadia é a esterilidade, já que o sêmen se
deposita na parte anterior da vagina, e não em seu fundo. A cirurgia corretora,
relativamente simples, deve ser realizada o mais cedo possível, com a finalidade de
assegurar o desenvolvimento, sem inconvenientes, dos corpos cavernosos e da uretra.
e) Fimose*
Anomalia muito freqüente, na qual o prepúcio - a pele que recobre a glande - é
anormalmente comprido e não pode ser retraído. Formam-se, às vezes, aderências que
tendem, com o passar do tempo, a fixar o prepúcio à glande, impedindo-o, total ou
parcialmente, de deslizar. Esse impedimento costuma ser doloroso, dificultando a ereção.
Em algumas ocasiões, o prepúcio desliza, mas muito ajustadamente sobre a glande,
apertando-a: isto é conhecido como parafimose, * o que exige uma pequena intervenção
cirúrgica, que soluciona o problema imediatamente. A extirpação do prepúcio se denomina
circuncisão. * Nestes casos, é realizada por indicação médica. A circuncisão é um ato
cirúrgico antiqüíssimo, que era praticado - e ainda é, entre os judeus - com finalidades
rituais. Os judeus a consideram uma união ou pacto entre o homem e Deus e a executam
quando o bebê tem sete dias de nascido.
a) Enfermidade de La Peyronie*
Afeta somente os homens e, a rigor, não chega a constituir-se uma enfermidade. Sua causa
é desconhecida; consiste no desenvolvimento de um tecido fibroso, endurecido, calcificado,
no espaço existente entre os dois corpos cavernosos, imediatamente abaixo da pele. Seu
nome é o do médico francês que a descobriu, no ano de 1743: François Gigot de Ia
Peyronie.
Quando o pênis está flácido, em repouso, as pequenas placas não são vistas nem
provocam transtornos. Quando o pênis está em ereção, às vezes produz dor e,
progressivamente, com o correr dos anos, aparece um ligeiro desvio do pênis. Em muitos
casos, os pacientes costumam corrigir o desvio com a mão para introduzi-Io na vagina,
mas, em outros, esse mecanismo não épossível. São recomendados diversos tratamentos.
Algumas vezes, a afecção desaparece com radioterapia; outras, com altas doses de
vitamina E; em muitos casos, é necessária uma cirurgia para extrair as placas. Só uma boa
e profunda avaliação clínico-urológica poderá decidir, em cada caso, a melhor conduta a
ser adotada.
O problema a ser considerado é que, nessas ocasiões, o indivíduo está muito sensível e
suscetível, temendo a próxima atividade, logo depois de sofrer a afecção. A ansiedade, o
temor, a expectativa excessiva, como veremos no capítulo correspondente, influem
notoriamente em seu desempenho e podem perturbar, psicologicamente, a função sexual.
Em outras ocasiões, acontece que, para curar a afecção, são administrados medicamentos
(sulfamidas, antibióticos, antimicóticos, analgésicos, etc.) e, como já assinalamos, muitos
medicamentos podem ser causa direta ou indireta de disfunção sexual.
c) Afecções do epidídimo*
O epidídimo é um canal muito delgado, localizado acima do testículo, que armazena
espermatozóides. Epididimite* é a palavra que designa sua inflamação. Em geral, produz
incômodo, dores e, às vezes, a inchação pode estender-se a todo o testículo. O tratamento
requer antiinflamatórios e antibióticos.
d) Afecções da próstata*
A próstata é uma glândula com a forma aproximada de um coração, que se encontra muito
próxima da bexiga e tem a peculiaridade de "abraçar" a uretra posterior, no trecho que vai
da bexiga ao pênis. Sua inflamação é muito freqüente, principalmente em homens de mais
de 40-45 anos. Denomina-se prostatite e pode ser aguda ou crônica.
A próstata se esvazia quase completamente com a ejaculação. Desse modo, é fácil
compreender que uma ausência prolongada do processo ejaculatório tenderá a aumentar o
tamanho da próstata e o risco, inicialmente, de sua congestão e, depois, de infecção.
Quando ocorre a prostatite, o incômodo e as dores ao urinar são freqüentes. Pode haver
reação geral, com febre e inapetência. As ereções podem ser dolorosas, com a ejaculação
acompanhada, em alguns casos, de pequenos traços de sangue. É conveniente uma visita
ao médico, aos primeiros sintomas.
Incluímos este item, não por sua gravidade, mas pela freqüência com que ocorrem. As mais
comuns são as feridas de profundidade e importância variáveis, produzidas pelo zíper das
calças. Dificilmente por mordeduras de animais ou por coitos prolongados. A ferida mais
freqüente é a chamada "fratura" do pênis em ereção total. Como sabemos, o pênis não tem
osso. A "fratura" é, na realidade, um corte profundo em um dos corpos cavernosos
penianos. Não é nada freqüente e costuma produzir-se como resultado de uma agressão
intencional. Requer pronta atenção cirúrgica e, em alguns casos, pode afetar a ereção
normal.
3. O priapismo*
O priapismo é uma ereção duradoura, que se estende por horas, ou dias, sem que se
manifeste o desejo sexual. Acredita-se que sua causa seja neurológica ou inflamatória e
seja acompanhada de dores e de um quadro de intensa angústia. Se continuar por muitos
dias, pode dar origem a um estancamento do sangue nos vasos penianos e requerer uma
intervenção cirúrgica, com a finalidade de evitar complicações mais graves.
4. Obstrução arterial do pênis
4.2 Alguns problemas circulatórios que podem produzir uma disfunção sexual
Quando um homem de mais de 50 anos sente cansaço ao caminhar, dores, frio e palidez
nas panturrilhas ou nas pernas, é preciso uma rápida consulta a um clínico ou cardiologista.
Se for constatado um déficit de pulsação nas pernas, é muito provável que estejamos
diante de uma enfermidade obstrutiva arterial. Muitas vezes, essa obstrução está localizada
no abdome ou na pelve, à altura da ramificação da artéria aorta. Então, os reduzidos
condutos que levam o sangue ao pênis receberão também pouco sangue. O resultado será
uma disfunção sexual erétil.
Como ficou explicado anteriormente, o sistema nervoso autônomo, em suas duas seções,
paras simpático e simpático, é o encarregado de regular a abertura e o fechamento das
válvulas que dão passagem ao sangue nas artérias dos corpos cavernosos.
5.1 O diabetes
A não ser em casos muito sérios, atualmente, o diabetes é fácil de controlar. Muitas vezes,
basta a combinação de uma dieta rigorosa com antidiabéticos tomados por via oral. A
insulina injetável só é necessária quando o diabetes se manifesta na juventude ou, em
alguns casos especiais, em adultos.
A associação do diabetes com a arteriosclerose é muito freqüente. O mesmo pode ser dito
da hipertensão arterial e a obesidade. É fácil chegar à conclusão de que, seja por
disfunções dos nervos encarregados de abrir as válvulas dos corpos cavernosos, ou por
distúrbios das pequenas artérias do pênis, o diabetes pode ter efeitos negativos na ereção.
Na verdade, a disfunção sexual erétil é muito comum no diabético. As disfunções dos
pequenos nervos ou das artérias que, entupidas, impedem um fluxo adequado de sangue,
são, em geral, irreversíveis. Em muitos homens adultos que têm diabetes em grau menor e
não sabem, um distúrbio progressivo da ereção costuma ser o primeiro sintoma. Uma
análise do nível de glicose no sangue pode revelar essa disfunção de forma fácil e rápida e
o problema retrocederá com uma dieta adequada determinada por um clínico ou um
diabetólogo, especialmente nos primeiros momentos, quando as lesões são ainda
minúsculas.
Como em todos os casos orgânicos, a disfunção sexual de origem diabética não exclui os
fatores psicológicos. Pelo contrário. Em razão do diabetes e do trauma que ele causa ao
paciente (por restrições alimentares, cuidados circulatórios, tensões e temor de adoecer
gravemente), toma-se necessário um maior apoio psicológico, inclusive de seu próprio
clínico geral. Muitas vezes, os quadros de disfunções sexuais são mistos e podem ser
provocados por conflitos de ordem psíquica ou desencadeados pelo diabetes. Outras
vezes, o .mecanismo é mais complicado. Os conflitos psíquicos e o estresse desencadeiam
o diabetes que, até então, estava latente, "adormecido". Uma vez instalado o diabetes,
surge o transtorno erétil, não produzido pelo diabetes, mas pelo problema psíquico. Então,
o paciente, assustado com a aparição do diabetes, tende a atribuir-lhe seu problema sexual
e se apressa a declarar-se "incurável". A depressão está em marcha, agravando o
problema da ereção e o diabetes em si.
Na maioria dos casos, é preciso o trabalho conjunto de, pelo menos, dois especialistas: um
diabetólogo ou clínico e um urologista especializado em problemas sexuais, ou,
diretamente, um sexólogo. O tratamento do diabetes, o controle do peso e da pressão
arterial são indispensáveis para a melhora da ereção. Uma atitude firme e compreensiva da
companheira, o afastamento de todos os fatores de gerar ansiedade e a adoção de
algumas atividades capazes de restabelecer o estímulo entre o casal podem ajudar.
Se, passado algum tempo de observação, entre seis e oito meses, não houver melhora da
função, o tratamento mais indicado, de acordo com assessoramento urológico e
psicossexológico, é a prótese peniana.
Embora não seja uma afecção tão comum como o diabetes, não pode deixar de ser
considerada; provoca danos permanentes nos nervos. Sua causa é desconhecida, embora
se suspeite de que tenha origem virótica. O quadro sintomatológico é muito variável em
intensidade e em manifestações. Pode haver perda de equilíbrio ou distúrbios de
insensibilidade na pele. Por vezes, é acompanhada de visão dupla.
As perturbações da função erétil são freqüentes, mas não no começo, só depois de alguns
anos. Como no diabetes, os problemas conflitivos psíquicos, a angústia e a depressão
acompanham esse quadro clínico. Desse modo, não é estranho o surgimento de um
distúrbio na função sexual, de caráter combinado: psíquico e orgânico. Algumas
determinações hormonais, como a testosterona, têm seu índice reduzido e a administração
desse hormônio pode aliviar temporariamente esses pacientes. Como com os diabéticos, é
possível a inclusão de uma prótese peniana, com bons resultados posteriores, sempre com
o assessoramento de uma equipe urossexológica.
A medula espinhal é uma parte do sistema nervoso, onde nascem os nervos destinados a
cada um dos órgãos (coração, pulmões, intestinos, etc.) e para os músculos voluntários dos
braços e pernas. Corre por dentro da coluna vertebral, estendendo-se desde a base do
crânio até a parte baixa da cintura (osso sacro). Desse modo, pode-se entender como as
lesões e fraturas dos ossos da coluna podem chegar a afetar a medula e, por conseguinte,
os nervos destinados a governar a função sexual.
7. Fratura da pelve
Uma adequada solução para esses pacientes é o transplante renal, que, quando tem êxito,
acaba com a dependência da máquina. Normalmente, há uma melhora de todas as
funções, inclusive da sexual. Em pacientes que não têm bom funcionamento sexual e estão
em diálise renal ou que foram submetidos a um transplante, pode-se suspeitar de danos
nervosos ou nos vasos sangüíneos. Habitualmente, há uma queda no nível sangüíneo da
testosterona. Alguns autores mencionam uma diminuição de zinco no sangue de pacientes
em diálise renal. E, além disso, parece haver uma relação entre o metabolismo do zinco e a
produção de testosterona por parte dos testículos.
Outro fato freqüente está relacionado com o hormônio hipofisário prolactina, * a que nos
referiremos no próximo capítulo. Esse hormônio costuma estar em concentrações
anormalmente altas no sangue dos pacientes renais crônicos. Como existe uma ação
relacionada entre prolactina e testosterona, pode existir algum tipo de correlação para
justificar a disfunção sexual desses pacientes. Costuma ser necessária a administração de
um medicamento que corrija o alto nível de prolactina; em alguns casos, administra-se
testosterona por via injetável.
O metabolismo do cálcio também está afetado nos pacientes com problema renal crônico. É
necessário, então, o exame do hormônio paratireóideo* e dosagens freqüentes dos níveis
de cálcio no sangue e na urina. É provável que outros minerais e hormônios estejam
afetados com graus de importância variável. As pesquisas têm conseguido progressos que
permitem esperar para um futuro próximo a descoberta de recursos mais efetivos para o
tratamento dessa afecção.
CAPÍTULO 5
Intervenções cirúrgicas como possível causa de disfunção sexual
O tamanho da próstata não excede o de uma noz pequena. Mas, depois dos 40-45 anos,
por causas até agora desconhecidas o órgão prostático começa a crescer. Em alguns
casos, esse crescimento implica inconvenientes. Os homens cuja próstata cresceu mais do
que o habitual começam a ter dificuldades para urinar.
Como a uretra posterior passa pelo meio da próstata, pode comprimi-Ia, daí surgindo a
dificuldade de urinar. Os primeiros sintomas são uma redução da força ao urinar,
acompanhada de jorros de urina de menor intensidade. Também há dificuldades para
começar a micção. Por esse motivo, a bexiga não se esvazia totalmente, sendo necessário,
então, urinar maior quantidade de vezes, especialmente durante a noite.
É comum que quem tenha a próstata dilatada urine duas ou três vezes Por noite,
independentemente da quantidade de líquido ingerido. Não é raro que a bexiga seja
infectada e o quadro costuma ser acompanhado de febre, ardor ao urinar e dores.
Existem anticongestivos prostáticos, mas não são eficientes. A intervenção cirúrgica, até o
momento, é a melhor opção terapêutica.
Nos casos de dilatação simples, extrai-se somente a parte da glândula que está obstruindo
o canal. Para eliminar essa parte, são utilizadas duas vias cirúrgicas: uma, por dentro da
uretra, a outra, por fora, por via abdominal.
Uma das crendices populares mais difundidas - e que não teve suficiente esclarecimento
por parte dos médicos - é que o homem fica com uma disfunção sexual logo depois da
cirurgia da próstata. Como em toda intervenção cirúrgica, mas muito mais nesta, é preciso
explicar, esclarecer e informar, previamente, ao paciente o que se vai fazer, como será
efetuada a intervenção e quais seriam as possíveis conseqüências ou complicações
posteriores.
Não existem razões diretas pelas quais um indivíduo operado da próstata tenha um
problema de ereção. Pode ser que, anteriormente, este homem tenha tido problemas
sexuais, leves, às vezes, ou enfermidades urinárias, como ardor ou dores, e agora, embora
livre delas, surgem as tensões normais quando há intervenções cirúrgicas na zona genital.
Esse homem tenderá a atribuir à operação as falhas em seu desempenho sexual.
Os tumores malignos da próstata não são os mais freqüentes entre todos os tumores, mas
afetam uma grande quantidade de homens. Na grande maioria dos casos, são descobertos
quando estão em estado muito avançado de desenvolvimento. Podem também produzir
sintomas similares à dilatação simples da próstata.
3.2 A radiação*
Por muitas circunstâncias e, geralmente, por processos malignos ou por sérias obstruções
vasculares, às vezes é necessário remover, manipular ou extirpar órgãos, vasos, nervos,
gânglios, etc., na cavidade abdominal ou na profundidade da pelve, como é o caso da
extração total da bexiga e das operações da parte inferior do intestino grosso, o cólon. *
Em qualquer caso, depois de uma avaliação clínico-urológica e sexo lógica, requer-se uma
implantação de prótese peniana que, na grande maioria dos casos, restaura a função
perdida.
CAPÍTULO 6
É difícil encontrar um homem que não pense que a causa principal de sua disfunção sexual
seja de origem hormonal. A busca de um comprimido ou de uma injeção "salvadora", ou,
como dizem alguns pacientes, "da dinamite", é quase constante. Não se pode, de nenhuma
forma, descartar a importância dos hormônios na sexualidade, mas não é tão significativa a
freqüência das perturbações hormonais como causa principal das disfunções.
De todos os hormônios, a testosterona é o mais importante, não apenas por sua ação direta
sobre a ereção, mas porque, através de sua medição, se pode ter uma noção indireta do
funcionamento da hipófise. Se o nível de testosterona é baixo e o nível de hormônio
hipofisário, L. H., é normal ou alto, o problema é testicular. Os pacientes que têm testículos
pequenos não só têm problemas com a ereção como também transtornos com o desejo:
não têm vontade de dirigir-se ao outro sexo para ter contato sexual. Nesses casos, impõe-
se uma terapia com hormônio masculino, a testosterona.
Mas, quando são detectados níveis baixos de testosterona, com níveis baixos de hormônio
hipofisário, pensa-se na possibilidade de transtornos hipotalâmicos ou hipofisários. Existem
procedimentos químico-hormonais para estimular a hipófise. Se esta responde
adequadamente, o problema está no hipotálamo. É necessário, então, um estudo
neuroendócrino complexo, que inclui tomografias computadorizadas e dosagens hormonais
em série, para detectar a possibilidade de um tumor que, embora raramente, pode existir.
2. O hormônio prolactina
Uma vez constatado o elevado nível de prolactina são necessários estudos adicionais; em
primeiro lugar, para verificar se háou não a presença de um tumor hipofisário. Depois, deve
ser feita uma pesquisa cuidadosa sobre os medicamentos consumidos no último ano. A
seguir, pesquisar o metabolismo tireóideo e renal. Uma vez detectada a causa produtora da
prolactina, o paciente deve receber alguns compostos químicos, capazes de reduzir o nível
de prolactina no sangue. Em muitos casos, em particular quando se trata de problemas
produzidos por medicação psicofarmacológica ou anti-hipertensiva, a função sexual,
temporariamente perdida, pode ser restabelecida. É preciso, contudo, uma estreita
colaboração entre o clínico, o psiquiatra ou o cardiologista com o sexólogo, para não causar
danos irreparáveis, como é o caso dos pacientes com hipertensão.
3. Hormônio da tireóide
A pesquisa sobre sexologia clínica é relativamente recente, do mesmo modo como são
recentes os esforços para reunir toda a informação relativa ao efeito nocivo que alguns
medicamentos, de uso corrente na medicina, têm sobre a sexualidade masculina. São mais
antigos os estudos sobre a ação de drogas ou medicamentos sobre os hormônios que,
como já vimos, podem inibir total ou parcialmente o desejo e/ou a ereção. Muito mais
recentes e de plena atualidade são as pesquisas, tanto experimentais como clínicas, que
levam a detectar alterações no metabolismo íntimo cerebral, nos neurotransmissores*
químicos (por exemplo, a serotonina ou a dopamina) e sua vinculação com a sexualidade.
Alguns medicamentos atuam sobre esses neurotransmissores, alterando direta ou
indiretamente a resposta sexual masculina.
Por outro lado, quando a disfunção se apresenta, fica muito difícil avaliar se é devida à
medicação ou a causas de ordem psicogênica, ou a ambas. O que os médicos que
atendem a esse tipo de paciente têm de fazer é um minucioso interrogatório sobre os
medicamentos usados nos últimos meses anteriores à consulta. É prática corrente entre
pessoas acostumadas à ingestão indiscriminada de comprimidos, pílula, pastilhas
efervescentes, ervas para emagrecimento, xaropes para a memória, vitaminas energizantes
e mil e um produtos de consumo maciço (de efeitos mágicos, mas para os bolsos dos
fabricantes) a resposta ao médico que lhes pergunta que medicação consomem: "Nada,
doutor. Não tomo nada." Uma ou duas consultas depois, às vezes muitos meses depois, o
mesmo paciente costuma trazer papeizinhos com anotações, ou os prospectos dos
medicamentos. "Doutor, eu me esqueci", é a frase mais comum. Em algumas ocasiões, e
para surpresa do profissional, a explicação é: "Não lhe disse nada, porque, para mim, é tão
habitual que já nem considero remédio." Esta frase evidencia a verdadeira "epidemia
medicamentosa" que aflige a população, tão nociva e de efeitos tão imprevisíveis como
qualquer epidemia infecciosa grave.
2. Medicamentos anti-hipertensivos
A hipertensão arterial é uma enfermidade. Numa grande maioria de casos sua causa
original é desconhecida, embora hoje se saiba muito mais sobre ela do que há duas
décadas. O que é absolutamente certo é que ela aparece com muito mais freqüência, tanto
em homens como em mulheres, depois 'dos 45 anos. Os efeitos sobre o coração, o sistema
arterial, os rins e o cérebro, em geral, são bastante nocivos. Daí, a necessidade de
controlá-Ia, mantendo-a sob constante vigilância. Hoje sabemos da estreita relação
existente entre a hipertensão arterial e a arteriosclerose, * as dietas ricas em cloreto de
sódio e em ácidos graxos e colesterol, a obesidade, a falta de exercício físico regular e,
quase infalivelmente, as tensões psicológicas, o estresse e o esgotamento mental.
Seria muito bom para o leitor informar-se, através deste capítulo, mas de nenhuma forma
deve pensar que os medicamentos anti-hipertensivos provocam disfunção sexual. Em
primeiro lugar, porque nem todos os medicamentos a provocam. Em segundo, porque cada
paciente reage de maneira distinta, de acordo com sua vida sexual anterior e seu grau de
suscetibilidade psicológica (se tem ou não tendência à auto-observação, a pensar,
permanentemente, na possível disfunção; se é ou não extremadamente sensível; se tem ou
não temor às enfermidades, etc.). Um clínico ou um cardiologista compreensivos e
informados são de ajuda decisiva nesses casos.
Reserpina
Metildopa
Cloratolodina
Spirolactona
Prazosina
Propranolol
Rawolfia serpentina
O uso de psicofármacos está tão difundido no mundo ocidental de hoje que se situam entre
os dois ou três medicamentos mais vendidos. E, embora sua venda seja restrita, são um
dos principais produtos de consumo por automedicação. Esse alto consumo está ligado à
necessidade de combater (embora o resultado seja apenas sintomático) a tensão, o
estresse, os fenômenos de ansiedade e tristeza a que estão submetidos os seres humanos,
particularmente nas grandes cidades.
Imipramina
Amitriptilina
Nortriptilina
Haloperidol
Tiodirazina
Clorpropamicina
Benzodiazepinas
4. Outras medicações
a) Medicação antiulcerosa
Depois de alguns tipos de hormônios, é a maior suspeita de exercer uma ação nociva.
Cimetidina
Propantelina
Brometo de propantelina
Clorfentermina
Fenfloramina
c) Anticolesterolêmicos
Clofibrate
d) Hormônios femininos
estrogênos (usados durante muito tempo e em altas doses nos homens).
5. Tabagismo
É conhecida, há muito tempo, a ação constritora que tem o fumo sobre os vasos arteriais.
As artérias penianas, assim como as dos membros inferiores, são sensíveis li esse agente
de uso tão disseminado. Alguns tabagistas são mais sensíveis do que outros e
desenvolvem sintomas com mais facilidade. A quantidade de cigarros consumida e o tempo
de duração do vício são dados que devem ser levados em conta na avaliação da circulação
periférica.
Um exame cardiovascular completo, que inclui uma medição da pressão arterial peniana,
com efeito Doppler,* deverá ser efetuado em todo homem adulto com disfunção sexual e
que seja um fumante crônico de mais de dez cigarros por dia.
6. Alcoolismo
A verdade moderna sobre o álcool é que ele narcotiza os centros cerebrais, retarda os
reflexos e dilata os vasos sangüíneos, três razões mais do que suficientes para criar
problemas para o desejo e para a ereção. A longo prazo e antes da intoxicação da célula
hepática, o álcool perturba o metabolismo da testosterona, agravando ainda mais a
disfunção sexual dos bebedores crônicos. Contudo, em doses muito pequenas, o álcool
desinibe os centros superiores cerebrais e libera os inferiores, funcionando como um
eliminador de ânsias e de culpas. Seu uso excessivo constitui um problema.
Aqui o autor comete ligeiro equívoco. A mulher de Ló não participou da trama do incesto.
Na verdade, Ló não fora absolvido de nada. Ele era bom e foi poupado da destruição das
duas cidades. Morta sua mulher, por curiosa, na fuga, ele foi viver numa caverna distante,
com as duas filhas. Estas, sim, embriagaram o pai e cometeram o incesto, por julgá-Io o
último homem no mundo. Mas o professor não deixa de ter razão ao duvidar da
participação de Ló no incesto, pois segundo a Bíblia, ele dormia profundamente e nem se
dava conta do que acontecia, circunstância que toma, realmente, difícil uma relação sexual
para efeitos de procriação, que era o que se pretendia. (N. do T.)
CAPÍTULO 8
1. O fator psicológico nas disfunções sexuais
O temor, o medo e a ansiedade, em geral, são algumas das grandes causas, em nível
psicológico, da ejaculação precoce e das dificuldades de ereção. Contudo, o homem tem
muito mais medo do medo do que de contrair uma enfermidade orgânica, como um tumor
ou uma lesão dificilmente reversível. Se um paciente tem um problema sexual, achará
melhor que seu médico o atribua a uma causa orgânica do que a um conflito de ordem
psicológica.
Por quê? Os preconceitos - aos quais os médicos não estão alheios - sobre a psicologia, a
psiquiatria, a psicanálise ou a psicoterapia, em geral, estão ainda muito arraigados. Por
outro lado, há um maior volume de informações sobre enfermidades capazes de provocar a
morte, por exemplo, o câncer, a tuberculose, o infarto do miocárdio, etc., do que sobre
afecções não visíveis, mas que são paralisantes. A ciência biológica é ainda nova em
relação a outras ciências básicas, como a biologia, a química e a física. Além disso, e
coroando todas essas explicações, devemos citar o Grande Preconceito: acredita-se que
tudo o que se relacione com a psicologia é sinônimo de loucura. O medo de ser tachado de
louco, ou marginal, predomina, quando um médico recomenda a um paciente que deve
buscar a ajuda de um psicoterapeuta.
Felizmente, houve um grande avanço no conhecimento desse campo. Hoje, não é raro
solicitar-se ajuda a um profissional da área de psicologia ou de psicoterapia. As emissoras
de rádio e televisão difundem programas que explicam o desenvolvimento evolutivo-
psicológico da criança e do adolescente e, na área da educação, recorre-se cada vez mais
ao assessoramento psicológico e psicopedagógico. Mas os médicos formados dentro da
tradição biológica sabem mais sobre fisiologia, patologia, técnicas de diagnóstico e
abordagens cirúrgicas do que sobre os fatores psicológicos incidentes sobre qualquer
enfermidade. A carência mais acentuada se evidencia no que se refere aos problemas
sexuais.
A vergonha e a culpa são emoções que estão sempre presentes, embora o indivíduo diga
que não as sente. São emoções arraigadas na cultura; são parte de nós, como um idioma
que, embora nos neguemos a falá-lo, nos soa familiar, porque sempre o ouvimos.
Embora reconheçamos que quase todos os nossos conflitos têm sua origem na infância,
existem situações psicológicas estreitamente vinculadas à questão sexual, cuja origem é
muito mais próxima. Examinaremos algumas delas.
É um problema muito comum entre os homens, que se inicia muito antes de chegar-se ao
ato sexual. O desejo de ser reconhecido, de "agradar" a uma mulher, de ser desejado por
ela forma parte do contexto interpessoal necessário aos fundamentos da própria identidade.
*Ao cortejar uma mulher, o homem pode ter medo de ser repudiado, expresso de quase
infinitas maneiras. Alguns temem parecer bobos, outros; de se mostrarem inseguros, outros
temem as possíveis reações agressivas da mulher. A necessidade de ter,
permanentemente, garantias de um certo êxito pode retardar por muito tempo a mínima
aproximação ao sexo oposto.
Quando esses homens chegam ao ato sexual, não estão relaxados; estão preocupados
com o que acontecerá. O resultado é sempre uma intensa perda de espontaneidade, uma
carência de prazer e, portanto, um déficit certo na qualidade da ereção, confirmando-se,
desse modo, a antecipação do paciente: "Fracassei!" Muitos homens temem ser
repudiados, se não têm uma ereção rapidamente. Isso só é possível - e não em todos os
casos - quando se é jovem, entre os 18 e 25 anos aproximadamente. À medida que
aumenta a idade, tomam-se diferentes as condições dos sistemas nervoso e vascular. Além
disso, aumentam as exigências na qualidade de estímulos. Muitos homens de mais de 45-
50 anos querem ter a mesma qualidade e presteza de reação erétil que 20 ou 25 anos
atrás. O senso comum é o menos comum dos sensos para esses homens. A exigência
aumenta, começam a aparecer temores de fracassar, "sentem" carência de reação,
"sentem-se impotentes, acabados", velhos, e o círculo vicioso começa, provocando uma
sucessão de repúdios-fracassos, onde, originalmente, não havia.
É provável que quem leia o título deste item e não seja um adolescente passe adiante e
não se informe do que está dito. Perderá, assim, a oportunidade de saber que não nos
referimos apenas à primeira vez de todas, à denominada "iniciação sexual", mas também à
primeira vez com cada mulher, situação que costuma produzir uma forte inibição, cuja
conseqüência pode chegar à debilidade ou inexistência da ereção. Como em todas as
coisas da vida, para a consolidação da confiança e da segurança, são necessárias várias
experiências positivas. À medida que nossos conhecimentos e nossas experiências
avançam, pisamos em terreno mais firme e seguro. As primeiras experiências deixam, por
vezes, uma marca decisiva. No ato sexual inicial, o homem pode inibir-se, sentir-se
pressionado, exigido... Muitíssimos seres humanos, especialmente os homens, estão
prisioneiros do compromisso de que já "tinham que saber". A isso se acrescentam a solidão
e a falta de comunicação e as condições nada favoráveis em nossa sociedade para falar
com alguém compreensivo e tolerante.
Esse estado é passageiro numa grande quantidade de casos. Mas, em muitos outros, o
autotormento, a dúvida, o sentir-se "pouco macho" e o temor de fracassar podem fazer de
um jovem um indivíduo tímido, convencido' de ter uma falha grave. Muitos desses homens,
tempos depois e com grande esforço, conseguem reiniciar sua vida sexual, com êxito. Mas,
como lembrança daquelas primeiras vezes angustiantes, também nas primeiras vezes com
qualquer mulher costumam estar inibidos. À medida que o tempo passa e a mulher ou o ato
sexual já não constitui um ameaçador teste para sua virilidade, a ereção e a ejaculação
recuperam a função de outorgar prazer.
Muitas vezes, o homem se sente tão pressionado, exigido e atemorizado, ante a iminência
de um encontro sexual, que se toma impossível compreender como, nessas circunstâncias
tão desfavoráveis, pretende ter uma ereção, uma ejaculação e orgasmo e uma relaxação
posterior gratificante.
Aqui está, muito sucintamente descrito, o quadro desenvolvido numa cama, com a
finalidade de ter um intercâmbio de prazer, e convertê-Io, como por obra de magia, numa
mesa de exame. O indivíduo, em vez de estar inteiro, se divide em pelo menos dois. Um,
geralmente o corpo, ou, às vezes, apenas o pênis, e o outro, o psiquismo, a mente. O
indivíduo observa o que acontece genitalmente a outro homem, que é ele mesmo. Foram
desgastadas as energias mental, física, sexual... Desse modo, não há condições ótimas
para que a energia se concentre, nem em um nem em outro participante. O resultado - claro
está - é um acentuado déficit no desejo, na ereção e na ejaculação. Isso é conhecido como
o "papel de espectador". *
Não se vai para a cama com uma mulher para assistir a um espetáculo. E muito menos
quando se é o protagonista! O papel de bom amante exige uma entrega quase total; não se
pode ir para a cama pensando em problemas, ou pensando no juízo que fará a parceira.
Tudo isso, tanto o medo do teste como o papel de espectador, faz parte de uma complicada
rede de situações conflitivas, as quais são transitórias e leves e facilmente solucionadas.
Quando se prolongam por meses ou anos, vão agravando uma situação até tomá-Ia
insustentável, pela angústia que representa para ambos os membros do casal.
Mas, por muitos fatores, alguns fisiológicos e outros psicológicos, o alarma pode continuar
funcionando, embora o perigo real tenha desaparecido. Por exemplo, seguindo o exemplo
exposto acima, meses depois de ter tido contato com a fera embravecida e de ter superado,
com êxito, a situação, o indivíduo pode ter ataques de angústia. A sirena ou a luz vermelha
continuam funcionando, mas mal, fora de tempo, não tem nada que ver com a situação
atual. Quer dizer, não há leão, não há perigo evidente, e o indivíduo sente angústia, como
se o perigo estivesse ali, à frente dele. O mais comum não é o ataque de angústia, mas
sintomas equivalentes. E esses sintomas parecem uma enfermidade, e das graves. Assim,
temos palpitações (simulando uma enfermidade cardíaca), sufocações (simulando asma),
espasmos no abdome (simulando ataques de apendicite, cólicas renais ou vesiculares-
hepáticas), erupções na pele (simulando urticárias graves ou psoríase), desmaios ou
vertigens (simulando epilepsias ou enfermidades cerebrais). Isso não significa que o
indivíduo não sofra, ou seja louco, ou histérico, ou simule voluntariamente.
Tem um ataque de angústia, mas localizado no corpo; e como temos todo um aprendizado
cultural no que se refere ao corpo, o que se manifesta através do corpo é sempre sinônimo
de enfermidade, de invalidez ou morte iminente. Todas essas situações expõem um ser
humano ao estresse. *
O que é estresse? Para simplificar, podemos dizer que esse vocábulo, tão popular na
linguagem cotidiana, quer dizer tensão, esforço. Sem tensão, não podemos vier. Mas um
indivíduo submetido a uma tensão que exceda o nível tolerável tem seus sistemas
defensivos rompidos. Começam a funcionar nele diversos tipos de "alarmas" psicofísicos
que, por sua vez, provocam distúrbios que podem levá-Io a uma enfermidade crônica. Uma
das características mais importantes a considerar – pelo menos na área da sexualidade - é
que as disfunções, os distúrbios da ejaculação e da ereção, não aparecem imediatamente
após problemas psíquicos. Só meses depois e, às vezes, muito tempo depois. Por exemplo,
um indivíduo pode perder um emprego, o que, obviamente, o angustia muito, o deprime,
leva-o a um esforço extra, faz com que tente mudar de vida, talvez a adaptar-se em outro
trabalho. Durante todo o tempo que transcorre até a solução do problema, o homem lança
mão de todos os recursos psíquicos ou físicos. Não tem grandes manifestações psíquicas
ou físicas: apenas alguma dor de cabeça, ligeira insônia, cansaço. Passados alguns meses
e com o problema já solucionado, aparecem os primeiros sintomas de perda de ereção ou
ejaculação precoce. O que aconteceu? Inicialmente, todo o sistema esteve em alerta,
funcionando em sua capacidade máxima.
4.2 As perdas
As perdas não se referem apenas à morte. Pode ser um divórcio, uma separação transitória
por viagem, até mesmo a aposentadoria, que submete o indivíduo, quase bruscamente, ao
desconcerto de abandonar uma rotina que manteve por 30 ou 40 anos. Muitas vezes, as
causas produtoras de tensões, conflitos e estresse se combinam e interpenetram,
potenciando seus efeitos. Um homem pode, em fevereiro, ser trocado de seção no trabalho;
isso é uma perda em mais de um sentido. Começa a ter problemas de relacionamento com
seu novo chefe. Ao mesmo tempo, sua mulher anuncia que está para dar à luz o primeiro
f1lho do casal (o que vai alterar a vida a dois, para a admissão de uma terceira pessoa, que
exigirá atenção). Em abril, é submetido a uma pequena intervenção cirúrgica. Em maio, sua
mãe adoece gravemente, falecendo em agosto. Isso o obriga a ocupar-se de assuntos que,
até aquele momento, eram tratados por algum irmão ou parente.
Tem discussões familiares com eles, por assuntos de dinheiro e administração de bens.
Aproximadamente em janeiro do ano seguinte, quase todos os problemas estão
solucionados, seu filho cresce bem e ele está em boas relações com a mulher. Em maio-
junho, observa falhas na ereção. Não relaciona o problema com nada... Pois se agora
estava tudo solucionado!
Dinheiro não traz felicidade... Mas como alivia! A ansiedade, tanto por excesso (muito raro)
ou por falta (muito comum) de dinheiro, é um fator habitual, capaz de conduzir um indivíduo
ao estresse crônico, com o risco de padecer qualquer tipo de afecção. O temor e as
incertezas que o dinheiro produz são generalizados e amplos. Esse fato afeta alguns
indivíduos mais do que outros. Como o dinheiro está intimamente ligado ao valor (mas ao
valor sob o ponto de vista psicológico, "eu valho" ou "não valho nada"), o homem é
altamente suscetível quanto a dinheiro e algumas pessoas são capazes de violentar sólidos
princípios morais por causa dele.
Devemos acrescentar a tudo isso um quadro social a que o dinheiro está vinculado: os
desastres econômico-financeiros que os países do Terceiro Mundo; especialmente do
continente latino-americano, estão sofrendo. A intensa ansiedade sofrida por grande parte
da população ao ver deteriorado seu nível de rendimentos, carcomido pelo processo
inflacionário, produziu intensos fenômenos depressivos e episódios de ansiedade em
grande escala.
O dinheiro como fator de prestígio é outro capítulo interessante. A disputa pela retribuição
salarial ou pelas aparências gera ansiedade, agressão contida e desencanto. O dinheiro e
sua posse converteram-se num símbolo prototípico da posição social adquirida, daí a
importância de todos os mecanismos para sua retenção. Quando, por qualquer motivo, o
dinheiro se acaba ou escasseia, o que se sente é a perda do status social que fora
conseguido através dele.
Apesar de todos os vaticínios e das crises sociais de toda índole, o casamento, como
instituição, sobreviveu, embora esteja sob revisão há uns 40 ou 50 anos. A nova situação
da mulher, os anticoncepcionais orais, o acesso ao mercado de trabalho, uma progressiva
delegação da educação dos filhos a instituições como a escola, o clube, etc., obriga a
repensar o casamento. São muito comuns as crises periódicas e se tomam mais freqüentes
as visitas de casais a profissionais capacitados.
O casamento típico - não nos referimos aos casos extremos de violência ou crueldade - é
caracterizado por sentimentos opostos, preconceitos, egoísmos, desvelos. A instituição
matrimonial costuma ser utilizada pelos cônjuges para depositar todos os problemas
cotidianos. Não são de estranhar, então, a emergência de crises de todos os tipos e a
possibilidade da separação como "solução" para elas. O casamento nunca é perfeito,
embora muitos casais afirmem isso enfaticamente. Mas não deixa de ser um campo perfeito
para estudar as vicissitudes da vida humana, pois quase todos os aspectos dela estão
representados nele.
É mínima, atualmente, a ansiedade ligada à moral sexual dentro do casamento, pois parece
superado, em grande parte, o sentido pecaminoso do sexo matrimonial. Contudo, tememos
que nossa atividade sexual não seja suficientemente intensa ou satisfatória. Muitas vezes, a
busca de um ideal sexual inalcançável, como é o orgasmo simultâneo* de ambos os
cônjuges, leva a transtornos no prazer e até a disfunções. As dúvidas sobre a própria
capacidade, ou a do casal; as desilusões, os ciúmes, o medo de perder o atrativo físico
ocupam boa parte das tensões capazes de levar ao estresse.
A tarefa de um assessor matrimonial, como pode ser um sexólogo clínico, oscila entre
dissolver uma culpa incorporada por anos de educação limitante e repressiva, e atuar como
moderador da ansiedade produzida pelo impacto da televisão ou das estatísticas quanto a
idades, número de coitos, posições, tamanho de órgãos, etc. A conduta sexual entre
adultos não pode ter regras fixas e o juiz máximo são eles mesmos e sua própria
satisfação.
Como já afirmamos em outras partes deste livro, o sexo não se limita ao coito; por isso, faz
parte das 24 horas do dia de um casal. Isso é o que toma o ato sexual em condições de ser
usado como refúgio compensatório e o que permite, muitas vezes, levar adiante o projeto
matrimonial apesar das dificuldades.
Observando esse "casamento típico", sob o ponto de vista masculino, vemos jovens
maridos participando das tarefas domésticas, sozinhos ou acompanhados da mulher. Já
são raros os homens que pensam que seus privilégios masculinos estão em declínio, com
essa atitude. Um homem que tema ser dominado no casamento tende a transportar esse
temor a outros âmbitos fora dele. Uma mulher insatisfeita dentro da relação matrimonial, em
geral, tende a dissimular esse tipo de vínculo fora do âmbito de seu lar. Sob o clima das
novas aberturas sociais, a instituição matrimonial já não é a única meta para a realização
feminina.
Todo esse intenso e decisivo papel da mulher como protagonista é visto como uma ameaça
por muitos homens. As inevitáveis tensões têm provocado separações e divórcios.
Antigamente, a separação matrimonial era um recurso extremo; hoje, em todas as partes do
mundo, a alternativa da separação é considerada com mais freqüência. O divórcio é
matéria aceitável para o conjunto social e os que chegam a ele não são considerados
marginais ou réprobos. Embora o divórcio seja um avanço em muitos aspectos da liberdade
do indivíduo, é imperioso reconhecer sua fonte geradora de tensões, conflitos, culpas e
outras conseqüências. O divórcio leva muitos homens a situações novas, obrigando-os a
adaptações que exigem, às vezes, muito tempo e esforço psicológico. Quando o casal tem
filhos, a situação conduz, habitualmente, à tensão e ao estresse. A mudança de vida, a
solidão, a perda, embora tenham sido buscados, são acompanhados de efeitos depressivos
intensos.
1. Os problemas da ejaculação
Quase tudo o que foi escrito para o conhecimento do público - muito pouco, como vimos -
dá ênfase aos problemas da ereção;* além disso, fez dela sinônimo de potência. Contudo,
fala-se pouco sobre a ejaculação, embora seja esta, talvez, o principal motivo de consulta
masculina. Cremos que, nisso - como em muitas outras coisas -, o mito sobre a potência (e
sua contrapartida, a impotência) tem prevalecido.
a) Para que o sêmen seja emitido, deve estar armazenado ou acumulado previamente.
Efetivamente, está acumulado e retido nas chamadas vesículas seminais.
c) Observe-se que, na definição, não se' faz referência ao tempo que tarda a produzir-se,
nem à duração.
Devemos recordar que, nas fases da resposta sexual masculina, a ejaculação corresponde
à fase posterior à de "meseta", quer dizer, é a fase coincidente com o orgasmo.* Às vezes,
em linguagem sexológica, diferencia-se" emissão" de "orgasmo", mas, para fins práticos,
vamos descrevê-Ia junto com o orgasmo. O processo de ereção, habitualmente, precede o
da ejaculação. Recordemos que os estímulos, tanto externos como internos, os odores, o
tato, a vista, a audição, a lembrança de cenas eróticas, o estímulo hormonal, a mensagem
do cérebro à medula espinhal e dali às válvulas sangüíneas dos corpos cavernosos,
estabeleceram a ereção e a mantêm (fase de meseta).
O mais comum dos problemas ejaculatórios é a inadequação. (Como todo problema sexual,
nunca o problema é de um dos componentes, mas dos dois.) Uma das dificuldades é a
ejaculação precoce,* quer dizer, rápida demais. Mas, rápida em relação a quê? Antes do
orgasmo da mulher? Antes do que falam os companheiros de trabalho, de bar? Mais rápida
do que o desejado ou imaginado? Decididamente, ainda não existe acordo científico sobre
sua definição. Um dos mitos ou crendices mais arraigados na população é pensar que o
orgasmo tem de ser simultâneo; isto é, que o homem e a mulher devem gozar juntos. Essa
crendice já produziu tantas desavenças, infelicidades conjugais e, muitas vezes, erros
grosseiros de apreciação, que tem provocado, efetivamente, disfunções, tanto masculinas
como femininas, onde não existiam anteriormente.
A mulher costuma conter-se, sobretudo se é jovem, porque, em nossa cultura, ter prazer,
expressá-Io com gestos ou movimentos - embora na intimidade de um quarto e ante o
homem amado - não é "bem-visto". Pensa-se que é uma "louca", uma "ninfomaníaca'.' ,*
quando não é acusada de prostituta, ignorando que a maioria das prostitutas são frígidas,
porque fazem da relação sexual um comércio e a única coisa capaz de "excitá-Ias" é o
dinheiro, nunca a carícia.
Não é de admirar que o homem também se assuste com esse tipo de mulheres facilmente
excitáveis. Acredita - erroneamente - que ele, apenas ele, é o dono da iniciativa, de dirigir e
comandar quando e como deve ser a excitação de sua companheira. O homem, diante de
uma mulher com as características que estamos descrevendo, costuma inibir-se muito,
particularmente nas primeiras vezes, ocorrendo-lhe uma falha erétil ou, mais
freqüentemente, uma ejaculação rapidíssima, como expressão de ansiedade e de temor.
Ele também se excitou muito rápido.
Diante disso, diremos que é impossível definir o tempo "normal" que deve transcorrer entre
a ereção completa e a ejaculação, sobretudo em relação ao orgasmo feminino. E pode até
ocorrer o caso de muitos ejaculadores prematuros, que não sabem que o são. E isso
acontece em alguns casais muito integrados em ritmo. O homem sempre ejaculou
rapidamente dentro do conduto vaginal e a mulher sempre teve orgasmo rápido, uma vez
penetrada. Esses homens, quando, por qualquer circunstância, têm relações com outras
mulheres (separação,viuvez, relações extraconjugais, etc.), tomam conhecimento de seu
problema.
O erotismo se consegue com uma concentração cada vez mais intensa e não com o
contrário. A relação do casal não será beneficiada se não se pensar nela. Enfim, a
experiência mostra que o problema ejaculatório tende a agravar-se com o tempo, usando-
se esse método, que é um dos fatores de falhas eréteis.
Existem produtos cuja publicidade assegura que têm propriedades "mágicas" para
prolongar o ato sexual. Não há nenhuma dúvida: é a mesma pomada anestésica. Com um
perigoso componente: provavelmente, não está esterilizada, tem compostos químicos,
perfumes, corantes, etc. Se for usada, terá os mesmos efeitos da receitada pelo médico e,
além disso, pode provocar uma irritação alérgica por contato que, às vezes, acaba
convertendo-se em infecção.
Alguns casos de ejaculações precoces podem ser provocados por irritações ou inflamações
da próstata. Como a ignorância nessa matéria - como dissemos na introdução deste livro –
é muita, existem profissionais inescrupulosos que baseiam toda a sua reputação de
"curadores" de distúrbios ejaculatórios em "vacinas". Efetua-se um toque retaI no paciente,
que, feito com habilidade intencional, pode provocar uma ligeira dor. Isso serve de "sinal
diagnóstico característico" e convence o paciente de que padece de prostatite. Recomenda-
se um tratamento intensivo de 10 ou 20 injeções que contêm uma "vacina", e garante-se o
êxito completo depois da série receitada. Como o pagamento é adiantado, a maioria dos
pacientes se surpreende com sua boa fé e, depois das primeiras injeções, abandona o
tratamento.
É bom saber que não existe comprovação científica - até esta data - de vacinas desse tipo.
Não há informes científicos a sociedades médicas sobre a existência de tais tratamentos.
Existe um tipo de distúrbio ejaculatório, chamado ejaculação retrógrada ou "seca". Esse tipo
de distúrbio é provocado por alguma anormalidade na união do conduto ejaculatório e da
uretra dentro da glândula prostática. O distúrbio pode ter sido causado por alguma
intervenção cirúrgica, por algum acidente (traumatismo pélvico) ou pelo uso de
medicamentos anti-hipertensivos, como a guanetidina. O distúrbio não afeta o coito nem a
capacidade orgástica. Simplesmente, é uma ejaculação sem sêmen e, portanto, só a
capacidade de produzir gravidez é afetada.
Quase todos os problemas referentes à ejaculação são denominados precoces. Mas nem
todas as precocidades se apresentam da mesma forma. Algumas se produzem antes da
penetração, outras, depois. Neste último caso, a denominação é "ejaculação acelerada" e.
tem maiores possibilidades de melhora do que a outra. Há ejaculadores prematuros nos
quais o simples contato com a pele da mulher, mesmo antes da ereção, pode produzir a
ejaculação. Nesse caso, a denominação é "precocíssima". Por causa da ansiedade e da
inabilidade, de um modo geral, a ejaculação precoce, em qualquer de suas formas, é muito
mais freqüente na adolescência. À medida que o tempo passa, a experiência e a
estabilidade emocional tendem a corrigir a precocidade.
Ao contrário do que o público supõe, esses pacientes são dominados pela ansiedade, pela
angústia e pela preocupação. Não conseguem relaxar e transmitem essa ansiedade a sua
companheira, que só em raras ocasiões pode chegar ao orgasmo.
Há muitas variações nesse quadro descrito acima; talvez a mais importante é que, alguma
vez, na vida sexual de um homem, costuma acontecer um episódio de ejaculação
retardada. Com toda a segurança, nessas ocasiões, a preocupação excessiva - ou algum
fator desencadeante de ansiedade - se toma efetiva em forma de retardamento -
aparentemente inexplicável - da ejaculação.
Há casos mais raros ainda, chamados de anedonia ejaculatória* (do grego an, que significa
não, e hedonía, que significa prazer), nos quais a ejaculação não é acompanhada de
prazer. Trata-se de um fenômeno subjetivo, que tem relação com o orgasmo e pode ser
produzido por um processo depressivo (o indivíduo não sente, ou sente pouco), ou algum
distúrbio orgânico, como o diabetes.
Como quase todos os homens que padecem de ejaculação precoce têm uma grande
ansiedade, tentam conseguir rapidamente não apenas o orgasmo, mas tudo, inclusive a
cura. A ansiedade é contagiosa. Isso faz com que, com toda a boa intenção, o homem com
um distúrbio ejaculatório, ou a companheira que tenta colaborar com ele, se orientem por
alguma publicação de ampla distribuição. Seguindo essa improvisada auto-indicação, não
conseguem melhorar nada. E, às vezes, em razão da própria ansiedade e da desilusão,
pioram. A frustração é grande, mas, por fim, bom número de pacientes decide consultar um
profissional.
O que foi descrito no capítulo anterior sobre os medos provocados pela ansiedade
excessiva, o temor de fracassar e a necessidade de não falhar nunca se aplica totalmente
aos problemas dessa idade cronológica na vida de um homem. Este limite de idade - até os
40 anos - é um longo período de aprendizado. Os leitores de 30 ou 35 anos podem se
sentir magoados ao ler isso, pois acreditam que sabem tudo. E, à força de ser sinceros,
muitos já sabem. Mas acontece que a sexualidade não está isolada de todo o contexto
emocional e vital de um homem. O impulso de gozar, próprio da juventude, impede, muitas
vezes, que se tome consciência da necessidade de cultivar as relações, de experimentar
para alcançar uma maior qualidade e não quantidade de encontros sexuais. O homem de
até 40 anos vive o dia-a-dia. E é até desejável que seja assim. Por isso, quando lhe ocorre
uma falha sexual ocasional, toda a sua estrutura psicológica se estremece, e a ansiedade
se estende mais além do indicado pelo senso comum. Habitualmente, a insegurança prévia,
a necessidade, em forma constante, de sinais de que é reconhecido e amado formam um
embasamento condicionante para a ansiedade exagerada ante a frustração.
Devemos destacar dois ou três elementos muito comuns nas disfunções dessa idade. Um
deles se refere à figura dos pais, extensível a todo o contexto emocional e de valores da
infância. Outro, ao tipo de educação recebida, incluindo a religiosa. Quando se pergunta a
um desses homens como foi sua iniciação sexual, respondem, em quase 95% dos casos:
com uma prostituta. Nesses homens que sofrem de ejaculação precoce, são constatados
antecedentes infantis e, sobretudo, adolescentes de masturbação com culpa e ansiedade
excessiva.
. "O que estou fazendo não deveria ser com minha mulher. Deveria procurar uma prostituta.
. "Não devo fantasiar com outra mulher quando estou na cama com minha mulher. "
1
Esclarecemos para o leitor que culpa quer dizer "necessidade de castigo", O indivíduo acredita ter
pensado ou feito algo capaz de transgredir ou estar em simples desacordo com uma norma ou
regra, obviamente imposta por uma autoridade.
. "Faz pouco tempo que meu pai morreu. Não devo ter prazer tendo relações sexuais com
minha mulher. Estou de luto. "
. "Posso me contagiar."
. "Depois que ela gozar cinco ou seis vezes comigo, não vai olhar para outro homem, senão
eu."
. "Ela vai perceber que não tenho habilidade, que sou inexperiente. "
. "Sou um adulto, ela vai me rejeitar porque quero ter prazer e divertir-me. "
. "Se ela quiser ter relações comigo hoje, vai ter de pedir de joelhos. "
. "Tenho certeza de que ela prefere outro. Nunca fui muito atraente. "
No primeiro caso, o pai está fisicamente presente, mas ausente psicologicamente. Tudo
isso cria falhas importantes na construção da masculinidade. É necessário um balanço, um
equilíbrio sutil entre as funções maternas e paternas para criar um filho. Quando o pai falta,
ou a mãe ocupa excessivamente os lugares e os monopoliza, o homem pode ter diversas
vicissitudes psicológicas quando adulto:
d) Pode ficar solteirão. Terá medo de reproduzir o quadro visto em sua casa.
Aparentemente, pode ser muito melhor que uma mãe ausente; é compreensível. Mas a
extrema solicitude e presença, o permanente repetir de recomendações sobre o cuidado
com o corpo, a saúde, o apetite, as companhias e a segurança pessoal fazem de um filho
um homem inseguro, inibido, com problemas com seu dinamismo e, às vezes, com seu
contato social.
É uma forma "doce" de dominação, mas dominação, de qualquer modo. O pai pode
colaborar, seja estando ausente, como no caso anterior, ou associando-se, em graduação
variável, ao exercício do cuidado quase obsessivo e persistente. Em tais casos, a situação
para o jovem é muito asfixiante. A insegurança vai liquidá-Io e o medo pode ser o principal
protagonista de sua vida sexual, em qualquer idade.
3. Pai autoritário
Normalmente, esse tipo de pai cria filhos com fortes exigências. O autoritário é um pai que
impõe respeito, estabelecendo o temor, embora sem recorrer à violência. É um pai que
aceita pouco as falhas, tanto as notas baixas no colégio como pequenas travessuras.
Confunde ética, ou princípios éticos, com respeito à sua pessoa, por isso qualquer
descumprimento das expectativas depositadas no filho é visto como uma transgressão dos
princípios éticos (ou religiosos, ou da comunidade, ou da raça, ou da ciência). O efeito
freqüente sobre os filhos é que estes se sentem incapazes de imitar o pai ou comparar-se a
ele. O "pai-que-nunca-fracassa" exige dos filhos, pelo menos, conduta semelhante. A vida
sexual desses homens costuma estar dominada pela ansiedade, pelo medo de fracassar no
"teste"; acreditam ver os olhos do pai, carregados de raiva, em cada uma das iniciativas de
sua vida. Mesmo que tenham 35/40 anos e o pai tenha falecido há 15.
Estão equivocados aqueles que pensam que os antecedentes de uma educação religiosa
são razão suficiente para provocar problemas na área sexual. Em primeiro lugar, é possível
que se tenha tido uma educação religiosa, mas sem sofrimentos nem opressão, transmitida
com ternura e, além disso, como fato importante, através de exemplos. Pode ter sido
passada através da transmissão de conceitos religiosos, preceitos éticos e morais, mas
com flexibilidade, e adequados às circunstâncias e ao estilo peculiar do indivíduo que a
recebe. De um modo geral, uma educação religiosa, incorporada dessa maneira, tem tantas
oportunidades de se converter em geradora de infelicidade sexual, como qualquer outro
fator alheio por completo às crenças teológicas.
Neste item, ocupamo-nos de um fato que é comprovado diariamente pelos que trabalham
com problemas da sexualidade humana. Trata-se de muitíssimos homens que padecem de
um problema do desejo, da ereção ou da ejaculação e do orgasmo, que têm arraigados
dentro de si preconceitos, rígidos pensamentos carregados de prejulgamentos muito pouco
flexíveis. Obviamente, a carga de ansiedade e de culpa gerada por esse tipo de estrutura
mental é, sem dúvida, a causa dos problemas sexuais em razão dos quais procura a ajuda
médica.
Mas qual é a origem desse tipo de pensamento? Nem todos os pais ou parentes desses
pacientes foram autoritários ou dominadores. Nem todos receberam educação religiosa.
Isso é efeito de um fato social indiscutível: o autoritarismo social. É preciso entender bem.
Não há pessoa ou grupo de pessoas ou instituições que os encarnem ou lhes sirvam de
modelo. O autoritarismo flutua na sociedade, no ar que se respira, na linguagem dos
homens e das mulheres que circulam pela vida de uma pessoa, desde que nasce até
tomar-se adulta.
Esse tipo de pensamento acredita-se A Autoridade Máxima. A partir dessa posição, avalia e
dita a conduta sexual dos seres humanos. Claro que considera a própria opinião a única
válida. A Verdade. Tudo o que não corresponda a essa verdade é mentira, falsidade,
doutrina estapafúrdia. A opinião desse tipo de pensamento é que a sua é a opinião da
Normalidade. Os que assim pensam supõem que há uma única normalidade e só eles
podem dizer qual é. Qualquer um que não se ajuste a esse padrão de normalidade, a esse
modelo de homem e mulher, é considerado pervertido, louco, alheio ao sistema, perigoso,
condenável.
Esse tipo de pensamento autoritário simplesmente espera que a mulher seja igual ao
homem, mas sem pênis. Ou seja, uma clara projeção do macho. A mulher só existe para a
procriação e, embora não se diga de viva voz, é um ser inferior. Qualquer técnica sexual é
boa, desde que satisfaça aos homens. O pensamento autoritário aceita, sem críticas, a
hipocrisia social da vida dupla, possível para os homens e condenada para as mulheres.
Obviamente, as mulheres devem chegar virgens ao casamento, enquanto o homem que
tome essa atitude é suspeito de homossexualidade. Para sustentar esse pensamento,
claro, é necessária a existência dicotômica de prostitutas e mulheres "decentes". Esse
mesmo tipo de pensamento diz que são muito mais condenáveis as mulheres que têm
filhos ilegítimos do que os homens que os geraram.
Quando se trata de sexo, o pensamento autoritário não permite nem a mais leve discussão.
A intolerância é a norma, a inflexibilidade sua conduta. Qualquer pessoa com senso comum
ou qualquer profissional da área da saúde pode constatar a extraordinária dificuldade que
significa definir o que é e o que não é normal. Contudo, o pensamento autoritário condena
qualquer atividade sexual fora do coito, como as carícias, a masturbação e os contatos
orogenitais.
Ignoram que a imensa maioria das mulheres prefere - e até necessita - estímulos diferentes
e intensos antes do coito e, além disso, como condição fundamental para chegar a ele.
Ninguém pode dizer - a não ser em casos em que o dano ou a violência é mais do que
evidente - o que é normal para cada lugar para cada idade, para cada grupo cultural. Para
responder a qualquer das perguntas que os jovens, as mães, os homens apresentam aos
profissionais, permanentemente, é preciso levar em consideração muitíssimos fatores. O
que é bom para um pode não o ser para outro. O que é bom num momento pode não o ser
em outro. A generalização é a especialidade da mente autoritária. A maturidade e o
crescimento humanos têm que ver com a tolerância, o respeito pelo que ocorre ao outro,
pela opinião do outro, pela conduta e pelos costumes do outro. Se não for assim, a palavra
democracia e a palavra amor tomam-se palavras vazias.
CAPÍTULO 11
1. A meia-idade masculina: 40-60 anos
"A mais perniciosa de todas as mentiras sexuais é a
crença, quase universalmente aceita, de que a
efetividade sexual desaparece, inevitavelmente, à
medida que o ser humano envelhece. Isso,
simplesmente, não é verdade."
A analogia popular nos serve de introdução a um dos temas deste capítulo: os problemas
do casamento, a rotinização de sua vida e suas conseqüências específicas na vida sexual.
Entre os 40-45 anos, o homem passa por uma crise, chamada "crise da meia-idade".
Próximo dos 55-60 anos, chegam outras "tormentas": o medo de envelhecer e os diversos
tipos de personalidades que colorem, de forma peculiar, todas essas manifestações.
Alguma coisa muda num homem quando chega a essa idade. A mudança pode variar em
suas manifestações, mas, em geral, há uma maturidade no estado anímico, dificuldades no
setor de trabalho e uma alteração em seu aspecto exterior. Nessa idade, é provável que o
homem comece a temer a velhice (alguns já se sentem velhos) e a morte, vista agora como
um fato (antes era uma suposição, uma fantasia pouco freqüente).
Alguém pode dizer a esse homem que, em realidade, ele está vivendo a "menopausa". O
termo soa pouco adequado; é usado com mais propriedade para o declínio da atividade do
ovário feminino e, portanto, de sua capacidade reprodutiva. Definitivamente, não cabe usar
esse termo para o homem. Não existe o declínio marcado da atividade hormonal como nas
mulheres e, se existe, é altamente gradual e não se faz sentir de nenhuma forma na
atividade sexual. O diagnóstico de "menopausa" aos 40-45 anos costuma ser usado pelas
mulheres (pelas casadas, é claro), numa brincadeira agressiva, numa tentativa de pensar
que a afecção está no marido (e não, supostamente, nela).
O termo crise, * dentro do tema que estamos tratando, pode ser tomado como sinônimo de
mudança, com características intensas e bruscas. Essa mudança - atenção - pode ser
favorável ou desfavorável. Literalmente, é um momento decisivo. A crise da meia-idade é
uma etapa considerada inexorável. Todo homem, de qualquer condição social, passa por
ela. Em alguns casos, antes dos 40, em outros, perto dos 50. Não tem relação com o
fracasso no trabalho ou no casamento.
Obviamente, perguntamos a nós mesmos: Perdeu o quê? Muitas coisas - a maioria - não
concretas, inacessíveis, quase inexplicáveis. Diremos algumas: os anos da juventude, os
sonhos e objetivos juvenis, as energias postas a serviço de "conquistar o mundo", a melhor
mulher, o melhor prêmio, o mais alto salário, o mais ambicionado cargo. O certo é que a
crise, de uma forma ou de outra, é inevitável. Normalmente, todo homem é ambicioso,
estabelece uma ou várias metas para alcançar na vida. Essas metas, pensadas, sonhadas
e projetadas quando se tinha entre 20 e 30 anos, são confrontadas com o que se obteve,
realmente, quando se chega aos 40, 50 anos.
Embora possa parecer um paradoxo, a crise se apresenta de maneira igual no homem que
conseguiu, total ou parcialmente, seus objetivos e no que não os conseguiu. Como se
explica o primeiro caso? Porque o estímulo principal do homem, antes de alcançar seu
sonhado objetivo, é o esforço e a espera do resultado. Quando este chega, perdeu-se o
esforço. Já não há por que lutar.
Lembremos que a própria mudança é uma fonte de estresse, de esforço. Esse estresse
produz modificações hormonais importantes, uma baixa na imunidade do indivíduo e,
logicamente, uma predisposição maior a contrair enfermidades.
Um homem de 40-45 anos, que se dá conta de suas limitações, que faz um balanço parcial
do que conseguiu até esse momento e tende a aborrecer-se e a deprimir-se, luta para
ocultar essa realidade de si mesmo. Luta, se desgasta e, finalmente, esgotado, pode ver -
nem sempre - essa verdade de frente. Essa luta e esse desgaste não são simples
expressões. O homem pode ocultar os limites a que chegou, através do álcool,
descuidando-se no vestir, ou saindo com outras mulheres. Geralmente, com mulheres
muito mais jovens, tentando uma "transfusão" de juventude. Pode chegar a engordar muitos
quilos, ou fumar em excesso e é a época em que a hipertensão, o colesterol, o diabetes e a
úlcera gastroduodenal aparecem com maior freqüência.
Quando um homem sente que o "chão começa a se mover sob seus pés", em todos os
setores, é inevitável que a angústia afete a relação matrimonial. É difícil dizer de quais
fatores depende a estabilidade do casamento, nessas circunstâncias, mas a capacidade de
tolerância de uma mulher para administrar a crise do marido é um fator decisivo. Mas o
problema não é fácil. Crescemos com o pensamento de que o casamento é um vínculo
indissolúvel - e, para ser sinceros, digamos que seja desejável que ocorra assim. Mas, e
isto é comprovado diariamente, não é o que a realidade contemporânea mostra.
O problema não é nada simples. Essa crise se inicia com o endeusamento da juventude,
processo estimulado e alardeado por nossa sociedade atual. Portanto, os sonhos, metas de
vida, ilusões, estabelecidas duas décadas atrás, costumam não servir agora. Descobrir - às
vezes muito subitamente - que os objetivos sonhados não foram alcançados pode causar
horror a muitos homens. O indivíduo tende a tomar-se mais rabugento do que de costume,
a reduzir o contato com a mulher e os filhos, a prender-se mais diante da televisão, ou a
chegar tarde em casa. Se pudéssemos perguntar, esse homem responderia que se sente
"insignificante, impotente, envelhecido".
O homem enfrenta esse período com muita dificuldade. Decididamente, a mulher costuma
ter maior docilidade e capacidade de adaptação. O homem descobre agora que a vida se
tornou uma rotina, enquanto a mulher, livre das ataduras lógicas impostas pela
maternidade, os filhos já adolescentes, sente-se muito mais livre e empreende uma
segunda parte da vida, com alegria e coragem. Há uma mulher diferente na vida desse
marido e ele deve, inevitavelmente, enfrentar essa realidade. Pode sentir-se mais
abandonado ainda, se sua mulher, já não tão dedicada a ele, decide trabalhar fora ou
continuar os estudos ou, simplesmente, divertir-se com as amigas.
O homem passa muitos anos "edificando o futuro": trabalhando de sol a sol, economizando
dinheiro ou bens, sonhando com a casa própria, ou com o carro novo, ou com o posto
máximo na hierarquia de sua profissão. Ao voltar - muitas vezes com seus objetivos
concretizados -, encontra seus filhos em franca rebeldia adolescente. Não obedecem,
seguem seus próprios gostos e lhes parece altamente chato estar com os pais muitas
horas, ou passando as férias em família.
Supõe-se - erroneamente - que a vida sexual de um casal com 10, 15 ou 20 anos de vida
em comum desaparece gradualmente; fica apenas em ritmo rotineiro, apenas para
conservar o vínculo, nada mais. Essa crença muito comum baseia-se em outra,
fundamental: à medida que o homem vai avançando em idade, decresce sua vida sexual.
Embora existam alterações notáveis na vida do casal - vida corporal, vida em comum com
os filhos, vida profissional, vida de fim de semana, vida de lazer e de férias - e também o
declínio próprio do passar dos anos, isso não implica, de nenhum modo, o envelhecimento
sexual, a impotência ou a arteriosclerose incipiente.
A época da juventude - dos 20 aos 35 anos - significa ímpeto, rapidez, freqüência: a idade
dos 40-50 anos significa experiência, qualidade, desaceleração de todas as emoções e
reações, maior capacidade de autocontrole e, muito especialmente, um diferente nível de
prazer.
Não há dúvida quanto à intimidade de fatores que influem nas desavenças conjugais, por
vezes, cotidianas. Problemas com os filhos, ou, diretamente, o reconhecimento de um erro
compartilhado, podem levar um casal à separação temporária ou ao divórcio definitivo. Mas
o caso mais comum não é esse. Existe uma enorme quantidade de homens desiludidos
com sua escolha matrimonial, o que repercute direta ou indiretamente em sua vida sexual.
E por quê? Parece que a responsabilidade dessa desilusão deve ser buscada nas
expectativas com que cada homem abordou o casamento e sua companheira, quando era
jovem.
Por outro lado, o homem que chega à idade madura vê desmoronar-se, como um castelo
de cartas, "o mito do macho" dentro do qual foi criado e moldado. Em que consiste? Em sua
juventude, inculcaram nesse homem que só o pênis ereto é sinônimo de potência, tanto
sexual como de qualquer outro tipo. Além disso, deve ficar muito tempo com o pênis ereto
antes de ejacular. Um homem deve ser de pênis, cabeça e coração duros, foi o que lhe
disseram repetidas vezes. Portanto, espera-se que ele seja agressivo e grosseiro, que
nunca falhe em nada, muito menos na cama, que seja um competidor, levando vantagens
sobretudo nas conversas de botequim - sobre qualquer outro homem. Formado nesse tipo
de pensamento durante anos, esse homem acha natural provar sua potência sexual com
sua companheira (às vezes com muitas outras mulheres) cada vez que entra "no campo de
luta" da cama. Na faixa dos 20 aos 30 anos, pode ter relações sexuais sem muito esforço,
em qualquer lugar, em qualquer posição, com qualquer mulher, em qualquer estado físico,
sob qualquer tipo de pressão.
Dentro desse raciocínio, ser homem é ser jovem e "ganhar troféus". A masculinidade é a
potência, e a potência é o poder. Às vezes, a masculinidade, a potência e o poder se
mantêm graças à máscara que oculta sentimentos, tensões e apreensões existentes.
Quanto mais se alardeie e se vanglorie, mais masculinidade pensa ter. Quando um homem
chega – supostamente - à maturidade dos 40-45 anos, não pode pretender ter o arranque,
a velocidade e a indiscriminação em suas relações, que tinha 10 ou 15 anos atrás.
Como ficou dito, o "culto do macho" leva um homem a supor que o tempo não passa, que a
juventude é eterna, que pode ficar sem dormir várias noites, que poderá ter, sem descanso,
duas ou três relações sexuais por dia, e que seu pênis terá a mesma capacidade de
enrijecer-se aos 45 ou 50 anos como quando era um jovem de 25.
Nessa meia-idade, os homens "descobrem", subitamente, que esse mito não é mais do que
isto: um mito. O pênis não se levanta tão rapidamente como antes e, por vezes - que horror!
-, simplesmente não se levanta. O "atleta" entrou - segundo acredita o supermacho - em
declínio; o medo da velhice e de estar "acabado" domina o panorama, agravando os
estados anímicos e as relações com a companheira e com a família. Se, até aquele
momento, o homem não tinha nenhum problema, é certo que passará a ter. Há um detalhe
agravante. Os homens estão, nessa idade, vivendo uma época em que tudo cresceu ao seu
redor. Não apenas os filhos, mas também a mulher e os parentes próximos.
E natural que, nesses anos, um parente - mãe ou pai adoeça e morra; ou que ocorram
alterações importantes na vida profissional ou no lar, como promoções, demissões, início
em novos empregos, ou mudanças de residência, etc. Todos esses fatores, por vezes,
atuam como desencadeadores de situações de estresse, que desembocam na crise da
meia-idade. O homem tenderá a atribuir a perda de sua capacidade de reação, ou a falha
ocasional na ereção ou na ejaculação, a qualquer desses fatores.
Como popularmente se acredita que, nessa época, começa a "menopausa masculina", *
não é surpresa que esse indivíduo consulte um especialista para que lhe sejam
administrados hormônios (testosterona). Repetiremos que o decréscimo intenso da
atividade testicular, nessa idade, é muito raro. E, além disso, não se trata de um
acontecimento natural, mas de uma enfermidade que tem manifestações hormonais em
outras partes do corpo, relativamente acessíveis a qualquer especialista.
Mas, quando se conversa mais demoradamente com esses homens, eles podem revelar
circunstâncias ou acontecimentos produtores de angústia, que contribuíram, de forma
direta, para a crise da metade da vida e podem provocar falhas sexuais. Assim, eles podem
confessar como causas próximas da ansiedade:
Mas o mais interessante são as causas indiretas ou distantes de angústia. Podem ter
ocorrido três ou quatro anos atrás:
Qualquer dessas causas pode vir conjugada com muitas outras, potenciando sua
capacidade de gerar angústias. Além disso, a angústia prolongada pode, por si só, produzir
alterações hormonais, responsáveis circunstanciais indiretas das possíveis falhas na ereção
e na ejaculação.
Essa sensação, que flutua no ar respirado por qualquer homem dessa idade, como o medo
de perder a capacidade de ereção, ou de não poder mantê-Ia por muito tempo, de perder a
"virilidade", de ser chamado de "traste", é a causa principal, sem nenhuma dúvida, das
falhas sexuais, nessa fase de crise. A mais leve alusão à capacidade de ter uma ereção e
de sustentá-Ia toma o homem de 40-50 anos tão sensível e suscetível, que pode provocar-
lhe uma brusca inibição e uma perda total ou parcial da ereção. Esse homem ignora que,
com o tempo, seu período refratário se ampliou; já precisa de vários minutos e, por vezes,
de algumas horas de jogo erótico para obter a ereção. Antes, bastava olhar para a mulher e
já sentia a sensação característica.
O homem, além de ignorar tudo o que se refira à sua sexualidade, é teimoso e vaidoso.
Isso quer dizer: "Comigo, isso não acontece." Então, empenhará todas as suas forças na
luta contra si mesmo; acredita - ingenuamente - que quanto mais esforço' de vontade, mais
atenção e mais espaço lhe reserve em sua mente, acabará por solucionar o problema. O
resultado é a depressão: o processo natural e involuntário reside em não admitir os limites,
os sentimentos, as novas necessidades de prazer e satisfação.
Não há dúvida de que a maioria dos homens não comentará seus problemas com outros
homens. Esse é também um dos comportamentos do "macho". Se comentar, não vai obter
respostas honestas. A hipocrisia, a fanfarronice e a onipotência criam o clima mais comum
entre os "machos". O resultado é previsível: o homem se sente só, acreditando que é um
caso único, excepcional e, além disso, incurável. Não será surpresa se, para atenuar a
ansiedade e testar-se, o homem de 40-45 anos tenha aventuras com mulheres, por vezes,
muito mais jovens que ele. É fácil prever que esse "método de diagnóstico e/ou terapia" não
dá resultado. Por vezes, até agrava mais o problema: o "macho" conclui que "acabou", que
já não "funciona" e imagina que lhe está acontecendo alguma coisa muito grave.
Quando se chega aos 30-35 anos, já não existem os "picos" biológicos dos 18 anos.
Raramente, o homem pode ter um orgasmo múltiplo. O chamado período refratário já é
bem mais amplo e a freqüência do coito fica em tomo de três por semana, numa vida
matrimonial regular. Em contrapartida, a vida sexual melhora quanto à qualidade e
aumenta, extraordinariamente, a segurança interior.
Contudo, embora tenha alcançado a maturidade sexual, o homem dessa idade começa a
ser muito sensível às transformações no meio exterior. Essas transformações podem se
fazer sentir direta ou indiretamente em sua vida sexual, a maior parte das vezes de forma
transitória. Começam a aparecer notáveis variações, que dependem do estilo de cada
homem e de cada casal.
Muitos homens sentem falta de alguma novidade na relação sexual, sem mais nada que
descobrir, com todas as fases e cenas marcadas de antemão. Uma das manifestações
mais comuns, entre os 40 e os 50 anos, prende-se à indecisão sobre qual dos parceiros
deve ter a iniciativa num ato sexual. Em razão dos costumes "machistas" e da
"inferioridade" mitológica feminina (uma mulher deve esperar sempre; nunca deve avançar
primeiro), são os homens que buscam a companheira nos primeiros anos do casamento.
Esse tipo de interação, logicamente, tem suas exceções, mas, de um modo geral, é
aplicável a quase todos os casamentos em nossa cultura.
Para o cúmulo dos males, a falta de iniciativa e a forte inibição dela podem agravar a
situação. Nessa idade, como já dissemos, os reflexos eréteis não são os mesmos de 15 ou
20 anos atrás. É preciso que haja uma integração afetiva, um intenso estímulo mútuo,
paciência e tolerância. O homem, cuja companheira tenha iniciativas que lhe proporcionem
tranqüilidade e confiança, não terá problemas. A inatividade sexual costuma ser transitória
e, como qualquer crise, evolui e passa.
Vamos examinar dois fatores externos, incidentes, em forma diversa, nos problemas
sexuais normais de um homem de 40-45 anos. Os filhos costumam, inocentemente,
interromper ou impedir o ato sexual, ou os momentos íntimos dos pais, com suas
brincadeiras ou necessidades. Quando são muito pequenos, as exigências transmitidas
com o choro ou os pedidos intempestivos são facilmente controláveis, mas o cansaço que
provocam é um fator negativo para um relacionamento agradável.
Na realidade, os filhos querem que seus pais sejam carinhosos, inclusive entre eles.
Precisam saber que seus pais têm, entre eles, uma vida íntima, ainda que não possa ser
ostensiva, exibida nem comentada. O erotismo é uma experiência que deve ser concebida
e concretizada na intimidade, sem sofreguidão, rapidez, inibição ou silêncio absoluto. Os
filhos precisam saber que os pais têm vida sexual entre si, embora não em frente a
terceiros. Explicar isso, com palavras e exemplos adequados, costuma acalmar as crianças.
Colocar um trinco na porta do quarto é outra boa medida. Tudo isso faz parte de uma
educação sexual saudável, que provocará recordações benéficas para quando essas
crianças crescerem sem tabus* e sem hipocrisias.
Essa é uma das queixas mais comuns. Normalmente, num casal, é a mulher quem mais
reclama desse problema; o homem considera pouco masculino estar falando de suas
necessidades ou sentimentos. Nos primeiros anos, provavelmente, a comunicação era
suficiente, em volume e em importância, para superar os problemas cotidianos.
Definitivamente, quando o homem chega aos 40-45 anos, modifica-se o tipo de
necessidade e também os valores da relação íntima. Também começam a variar os
assuntos a serem discutidos em comum e, em muitos sentidos, precisam ser abordados de
maneira mais profunda. A necessidade de ambos os parceiros é um compromisso maior,
com ênfase no tema da relação do casal, nos gostos de ambos, nos sentimentos que os
envolvem. Não se trata de imposições, como: "Eu quero isso. Do contrário, não faço nada. "
Melhor seria: "Eu quero isso. E você?"
É lógico que, apesar dos longos anos de convivência, existam arestas de hostilidade e de
desconfiança, mas a experiência demonstra uma forte dose de fantasia nas atividades
defensivas dos cônjuges, acima das razões reais concretas. No que se refere ao
relacionamento sexual, é preciso que haja pedidos específicos de estímulos. É muito
comum que um casal, depois de 10-15 anos de boa relação íntima, tenha um problema
sexual, depois de algum acontecimento estressante ou de alguma perda afetiva. Então,
pode ocorrer uma falha na ereção ou na ejaculação e é preciso reiniciar o contato íntimo,
como se os' dois acabassem de se conhecer.
Há alguns indicadores sobre os quais a rotina se instala: o horário, o local, a posição erótica
adotada, qual dos dois toma a iniciativa, o dia da semana escolhido, a roupa íntima a ser
usada, etc. Por outro lado, nenhum dos dois, homem ou mulher, se permite sugerir ou,
diretamente, inovar, provocar alguma mudança. Pouco a pouco, a rotina vai apagando a
capacidade criativa e alguns sentimentos vão, lentamente, adormecendo. Às vezes,
tomando por base um ou dois dos indicadores comentados, os homens conseguem
"milagres". As mulheres costumam ser muito sensíveis a isso. Poderia ser trocado o horário
da relação, ou o lugar, mesmo que seja dentro da mesma casa. Não é necessária uma
viagem ao melhor hotel das Bahamas.
Em resumo: o declínio sexual da meia-idade é um mito,* como muitos outros. Se for levado
em conta e adquirir caráter de obsessão, é muito possível que esse declínio venha
realmente a ocorrer. Mas a crise, inevitável, que acontece em tomo dos 40,50 anos, ou aos
10, 15 anos de casamento, tem muitas possibilidades de ser aproveitada. Ganhou-se
experiência, houve algumas dores, mas é possível aplicarem-se energias no
relacionamento cotidiano com a pessoa que escolhemos há muito tempo.
Se não for possível, ocorrerá uma alteração diferente, quase sempre mais dolorosa. O
homem terá de aprender, mesmo que seja por um curto período de tempo, a viver sozinho.
É disso que trata o próximo capítulo.
CAPÍTULO 12
1. Os problemas da solidão. Separação e viuvez. Alguns problemas especiais
Nos países menos desenvolvidos, são escassas as estatísticas sérias sobre a quantidade
de divórcios em relação ao número de casamentos. Também não há estudos sobre casais
com distúrbios importantes de interação e convivência, desejosos de consumar uma
separação formal, que não podem conseguir. O certo é que, na vida de um casal, a
separação temporária ou o divórcio não são raros. Nos Estados Unidos, França, Dinamarca
e Suécia, de cada dez casamentos, três ou quatro acabam em divórcio. Não há cifras na
América do Sul, mas supomos que os números não podem estar muito distantes dos países
de maior desenvolvimento tecnológico e cultural.
Sem dúvida, o fator de solidão mais doloroso é o falecimento de qualquer um dos cônjuges.
Existe uma diferença, tanto psicológica como sociológica, entre um viúvo e uma viúva, que
vamos analisar mais adiante.
2. O problema da viuvez
Vamos abordar, num item posterior, as reações comuns, como o choro, o retraimento e a
culpa.
Alguns viúvos não se sentem apenas tristes. Também, às vezes, ficam dominados pela
raiva e pelo desencanto angustiante. A sensação de abandono é muito intensa e, além
disso, proporcional ao vínculo preexistente. Devemos recordar que, de todas as
experiências traumáticas, com maiores possibilidades de se transformar em estresse
disfuncional, a perda do cônjuge ocupa o primeiro lugar. A isso deveremos acrescentar
todas as situações a que se vê submetido o viúvo, também capazes de aumentar os
estímulos e sobrecarregar o aparelho psíquico. Há uma alteração na modalidade de vida,
surgem deveres impossíveis de compartilhar, como o cuidado e a responsabilidade pelos
filhos. Não é estranho que um viúvo, em meio à dor e à angústia da responsabilidade, tenha
condutas pouco comuns, como beber, ficar acordado ou descuidar-se de suas obrigações.
Muitos viúvos recorrem a um profissional em busca de ajuda. Isso indica que perceberam
os sinais indiretos de alarma e chegaram à conclusão de que não podem solucionar seus
problemas sozinhos. Outros viúvos buscam ajuda bem mais além, quando tentam reiniciar
sua vida sexual. Durante os primeiros meses posteriores à perda, o viúvo, provavelmente,
sofre um franco decréscimo no desejo. É lógico. Dentro do quadro de reação depressiva
aguda, às vezes não só não tem apetite sexual, como também outros apetites.
As viúvas enfrentam uma situação bastante diferente. Por um lado, é muito maior o número
de mulheres que sobrevivem a seus companheiros. Acrescente-se a isso um decisivo fator
social: não é tão aceitável que uma viúva busque um companheiro, se não existe a
possibilidade "séria" de casamento. Em troca, o homem viúvo enfrenta uma "oferta" de
mulheres bem ampla e variada e, embora pareça estranho, isso pode intimidá-Io até a
inibição.
O problema mais comum é a chamada" síndrome do viúvo" , * que consiste em ter sérias
dificuldades para reiniciar a vida sexual, depois de ter perdido a companheira. Apesar de ter
desejos, a vítima da síndrome costuma ter falhas na ereção ou algum tipo de ejaculação
precoce. Às vezes, ambas as coisas. Numa grande porcentagem dos casos, a causa é
mista, isto é, tanto física como psíquica. Em primeiro lugar, não é raro que muitos viúvos
tomem medicamentos nocivos para a sexualidade. Se estiveram deprimidos ou se são
hipertensos, a medicação correspondente (sejam ansiolíticos, antidepressivos, diuréticos,
sedativos) pode tê-los afetado.
Por vezes, mas muito raramente, constata-se uma queda da afluência sangüínea no pênis,
ou um diabetes preexistente, agora agravado ou desencadeado pelo processo psicológico.
Em todo caso, o componente psicológico está sempre presente. Existem os chamados
"lutos mal elaborados", em que o viúvo permanece fiel - não importa o tempo transcorrido -
à companheira falecida. Não esqueçamos que o prazer sexual é sinônimo de vida e, como
tal, pode ser sentido como "proibido" por alguns viúvos, inconscientemente ligados à morte
ou aos sentimentos da pessoa amada e falecida.
Contudo, o que parece mais evidente é uma falta de treinamento sexual. Devemos recordar
aqui o velho aforismo médico: "A função faz o órgão." Um jovem de 20-22 anos pode
interromper sua atividade sexual por bastante tempo, até mesmo sem masturbar-se.
Quando reiniciar sua vida sexual, talvez não tenha nenhum problema. Mas as artérias, a
reação do sistema nervoso e, logicamente, a fisiologia de um homem de 45-50 ou 60 anos,
não são as mesmas que na juventude. A perda dos reflexos funcionais e o endurecimento
arterial são uma base biológica que prejudica a reacomodação do contato sexual. Pode até
ocorrer a perda total das ereções noturnas, sem nenhuma lesão orgânica.
Se a nova companheira do viúvo não tem ou não aplica a paciência e a ternura, será
necessário que ambos consultem um especialista em sexualidade. Normalmente, quando
se elimina a ansiedade sexual, isto é, a necessidade de estar sexualmente ativo como
antes, quando se readquire o erotismo perdido, quando o encontro íntimo não se limita
simplesmente a penetrar e a ejacular, é quando ressurge a confiança e, pouco a pouco, se
reinicia uma vida sexual satisfatória, depois de longo tempo de inatividade.
Assim como o luto pela mulher falecida, o prazo entre uma separação e o reinício da vida a
dois costuma estender-se a dois anos ou mais. Certamente, cheio de ressentimento e dor,
um homem pode compensar a experiência falida. Há novas responsabilidades diante dos
filhos e, muitas vezes, há mais contato com eles do que antes do divórcio. Pode se tomar
muito difícil estabelecer vínculos com outra pessoa. Há, ainda, muita desconfiança, receio,
e o medo de repetir o fracasso está sempre presente.
Uma nova experiência na relação amorosa pode ser ou muito boa ou muito decepcionante.
Todas as alternativas do temor ao novo, as expectativas de restabelecimento da
autoconfiança, através de um vínculo diferente, podem perturbar a sexualidade masculina.
Um homem facilmente sensível e vulnerável opta por iniciar uma nova vida, para satisfação
da sociedade. É muito freqüente que o homem divorciado tenha várias experiências
sexuais. Isso, embora lhe proporcione algum tipo de teste, pode ser fonte de preocupação
adicional. Nem sempre o homem funciona exatamente igual com todas as parceiras e isso
porque cada uma delas desperta coisas diferentes nele, adquirem variados significados e
são diferentes umas das outras. O mito subjacente aqui é que o homem deveria funcionar
bem com todas e em qualquer circunstância.
Nisso pode ver-se um desconhecimento e uma falta de respeito para consigo mesmo por
parte do homem divorciado que tenta, a todo custo e através do exercício intenso de seu
erotismo, atenuar a angústia da solidão. A mínima falha, a mais leve aceleração da
ejaculação ou mesmo a impossibilidade ocasional de ejacular fazem estremecer sua
segurança e auto-estima, já afetadas desde a separação matrimonial. Quando, depois de
um período variável, o homem decide reiniciar sua vida matrimonial com um segundo
vínculo, está dominado por uma nova esperança. Os homens - e isto está definitivamente
comprovado tomam a casar-se com mais rapidez do que as mulheres. A solidão os assusta
muito.
Mas um novo vínculo matrimonial, embora iniciado com alegria, não deixa de ser uma
alteração na vida de um homem e isso, como sabemos, é fonte de estresse. Não são raras
as disfunções, a maior parte transitórias, surgidas nos primeiros tempos da nova vida em
comum. Até a reacomodação das partes à interação diferente, a convivência com "novos
fllhos", até ser aceito por eles, as dificuldades da nova administração do lar, as mudanças
de residência e mil fatores mais vão pondo à prova a segurança e a confiança no psiquismo
do homem. Uma vez estabilizada a relação e à medida que se produza a abertura afetiva, a
sexualidade tende a retomar seus velhos padrões de eficácia.
Não é estranho que, por qualquer das causas apresentadas acima, o companheiro de uma
mulher de cerca de 50 anos, com evidentes sinais de menopausa, sinta também declinar
seus próprios desejos sexuais ou tenha algum problema de ereção ou de ejaculação. Ir
juntos ao ginecologista de confiança, apresentar-lhe honestamente os temores e
ansiedades, pode não só solucionar o problema, mas também ser uma boa oportunidade
para se abrirem diante de uma terceira pessoa especializada. A busca de assessoramento
matrimonial ou sexológico, com um psicólogo ou sexólogo, em combinação com um
trabalho terapêutico com um especialista. em ginecologia ou endocrinologia, é muito efetiva
nesses casos.
Não devemos esquecer o impacto psicológico que toda intervenção cirúrgica implica e
muito mais em áreas tão sobrecarregadas emocionalmente como são as mamas e o útero.
O medo do que pode sobrevir, a série interminável de análises e biópsias, a aparente
"frieza profissional" dos médicos e enfermeiras e a própria estrutura "branca, desumanizada
e impessoal" do hospital contribuem para a solidão e o desamparo. A presença do
companheiro atenua, em parte, esse impacto. E, mais além dos efeitos "ansiolíticos" na
companheira, o fato de que seu companheiro a acompanha, durante esse transe, permite
compartilhar imediatamente os temores, as dúvidas, a vergonha, quando a vida sexual for
reiniciada.
É preciso que o casal se informe sobre a vida sexual posterior a intervenções cirúrgicas,
tanto do homem como da mulher. No caso da mastectomia e da histerectomia, em
particular, é errônea a crença de que provocam um declínio no erotismo. Algumas vezes,
existe uma franca melhora da vida erótica e isso deve ser atribuído à melhora concomitante
do estado geral. Essas mulheres estavam sofrendo de dores ou hemorragias e sua vida
sexual estava, logicamente, afetada. Quando se consegue um alívio físico, ocorre um alívio
psicológico que repercute, por sua vez, beneficamente para o homem.
5. A depressão
Cada indivíduo é afetado, a seu modo, pelos problemas enumerados, mas pode-se falar de
dois tipos básicos de resposta diante de urna perda ou situação conflitiva desencadeadora
de uma depressão, que pode, por sua vez, desembocar numa disfunção sexual. O primeiro
tipo corresponde ao homem meticuloso em demasia, com um sentido de responsabilidade
exagerado, ambicioso, muitas vezes egocêntrico, com forte sentido ético e crítico e um
contínuo afã pela perfeição. Trata-se de um homem que tenta fazer tudo sozinho,
empenha-se, teimosamente, num objetivo e, por isso, é muito exigente consigo mesmo e
com as pessoas que o rodeiam. Costuma sobrecarregar-se de responsabilidades e atribuir-
se a culpa por qualquer defeito ou imprecisão. Seu vínculo mais estreito é com o trabalho
ou a profissão, em detrimento de sua família. Num momento determinado da vida, um fator
às vezes pequeno, às vezes de grande importância, é "a gota d'água", e o indivíduo, depois
de um período de luta, sucumbe a uma severa depressão; está como que "esgotado".
A outra base de depressão é a do indivíduo supersensível, com pouca confiança em si
mesmo, pouco comunicativo, que tem pouca resistência física ou se cansa facilmente, que
assume todas as preocupações dos outros, para as quais é altamente receptivo. A menor
contrariedade o desequilibra e o faz imergir em dúvidas. Absorve os conflitos,
predominantemente, com o organismo e, por isso, é freqüente a consulta ao médico, por
causa de diarréias, cólicas hepáticas, taquicardias, asma ou cefaléia. Um episódio
depressivo nem sempre se apresenta com tristeza ou choro. Se isso ocorresse, o
diagnóstico e o tratamento seriam muito mais fáceis. Habitualmente, existe um período sem
problemas aparentes. O organismo se defende, apela para todos os recursos, numa
tentativa de conservar as coisas como estão, como se nada tivesse acontecido. Contudo,
pode-se constatar uma suscetibilidade exagerada, irritabilidade extrema, tendência à fadiga
e, a seguir, uma progressiva dificuldade para dormir; ou seja, o homem começa a ter
insônia.
Não será surpresa se, por iniciativa própria ou induzido por estranhos, começar a tomar
sedativos ou soníferos, que produzem alívio instantâneo, mas emascaram mais o quadro.
Agora o processo depressivo pode ser acompanhado de dores no peito, alterações na
pressão sangüínea (hiper ou hipotensão), palpitações, dores de estômago ou intestinais e,
muitas vezes, problemas sexuais. Depois de algum tempo nesse estado, pode advir a
tristeza, acompanhada, habitualmente, por um estado de inquietude: é o sintoma mais
comum da angústia. O enfermo agora passa a ter medos. Medo generalizado ou específico.
É freqüente o medo de morrer ou de contrair uma enfermidade incurável.
Como o paciente se voltou para si mesmo, sua preocupação com o corpo, com a saúde
física ou com o estado do coração ou intestinos passa a dominar sua mente. Os problemas
sexuais - o mais freqüente é a falta de desejo - podem se apresentar desde o começo, junto
com a falta de apetite ou com a insônia. Mas o mais comum é que o indivíduo tenha
distúrbios na ereção e na ejaculação, depois de passado o período crítico depressivo e
depois de ter sido curado. A depressão funciona como uma enfermidade a mais, como um
acontecimento muito penoso, doloroso, que deixa marcas na vida do homem. Toda a sua
auto-estima, toda a sua segurança interior podem estar alojadas e refugiadas no
andamento de sua vida erótica. Os medicamentos antidepressivos e ansiolíticos constituem
um fator agravante.
Hoje se sabe, com toda a certeza, que a complexa transmissão de energia e informação,
através do sistema nervoso, se realiza por intermédio de elementos químicos chamados
"intermediários químicos". De modo bem esquemático, recordaremos que o sistema
nervoso autônomo é o encarregado de governar todo o sistema involuntário de vísceras,
órgãos, tecidos e glândulas. Divide-se em dois grandes grupos: o sistema simpático* e o
sistema parassimpático.
Ambos os sistemas têm mediadores químicos diferentes. Em forma muito simples:
Sistema parassimpático
Sistema simpático
Acetilcolina
Adrenalina e noradrenalina
Um dos mitos mais comuns é que os homens de mais de 60 anos não têm vida erótica. A
sociedade, em geral, considera o sexo sinônimo de juventude; isso simplesmente quer dizer
que as pessoas idosas devem ser assexuadas.
Contudo, já em 1948, o famoso pesquisador americano Albert Kinsey comprovou que 70%
dos homens de 70 anos conservavam sua potência sexual e sua capacidade orgástica. Só
os preconceitos profundamente arraigados permitiram acreditar na ausência de vida sexual
nas pessoas de mais de 60 anos. Se recordarmos que uma parte importante da
sexualidade é constituída pelas ativas manifestações de ternura e carinho, pelas carícias,
pelos beijos e pelo contato corporal, admitiremos o quanto essas manifestações são
valiosas nos extremos da vida: a primeira infância e a terceira idade.
Alguém que tenha vivido a sexualidade intensamente e com liberalidade, com saúde física
e intenso prazer, tem muito mais oportunidade de chegar à terceira idade com motivação,
sistema nervoso, artérias e pele capazes de ter uma tardia vida erótica satisfatória.
Recordemos, mais uma vez, que a função faz o órgão, quer dizer: quanto mais se pratica,
mais se desenvolve e enriquece. Como em todas as outras fases da vida, à medida que
nos aproximamos da sexta década da vida, a vida erótica tende a alterar-se em suas
formas, mas não em efetividade. Um homem de 60 anos ou mais pode (e deve) ser um
amante temo e carinhoso, capaz de desfrutar alegremente a atividade erótica.
Nos anos da juventude, a rapidez da reação fisiológica é a regra geral. Para qualquer
atividade psíquica, corporal ou social, a velocidade - é fácil de entender - é facilitada pelo
estado arterial, pela condição de elasticidade dos músculos e tendões e pela natural avidez
e curiosidade dominantes. À medida que se envelhece, perde-se a presteza, mas se ganha
em qualidade e em experiência. Curiosamente, à medida que nos aproximarmos dos 60 ou
70 anos, a fisiologia de reação se parece à de um bebê. Os estímulos fantasiosos, visual e
auditivo, embora existam, cedem sua importância à sensibilidade tátil. A necessidade de
contato corporal é maior e esta é a principal razão pela qual, para manter a atividade
erótica, é preciso conservar a sensibilidade tátil, tocar, acariciar, massagear suavemente,
experimentar com distintas intensidades de tato e pressão.
Também ocorre uma ampliação do período refratário, que pode durar muitas horas e, às
vezes, dois ou três dias. Existe uma marcada preocupação pela consistência ou firmeza da
ereção nos homens de mais de 50 anos. Na realidade, há algumas alterações fisiológicas
nessa idade, responsáveis pela perda de firmeza. Obviamente, a pressão para o
enchimento dos corpos cavernosos diminui, mas é relativamente fácil se adaptar a ela e,
com a colaboração da companheira, é possível também um bom relacionamento sexual.
Se o homem não se preocupar tanto com a dureza de seu pênis e não se lamentar de tê-Ia
perdido, querendo recuperá-Ia "como antes", constatará, com surpresa, que, em pouco
tempo, ocorrerão algumas mudanças.As secreções prostáticas e de algumas pequenas
glândulas (glândula de Cowper) diminuem e, portanto, o escasso fluido que aparece
durante a ereção tende a desaparecer nessa idade. Por tal razão, alguns homens se
queixam de ardor ao ejacular. Também diminui a quantidade de líquido espermático
ejaculado e a força com que é expelido.
Não é de surpreender, nos homens de mais de 60 anos, uma maior freqüência de coitos
sem ejaculação. Embora a excitação e o estímulo continuem, muitos homens não chegam à
ejaculação e ao orgasmo (excluímos aqui o orgasmo sem ejaculação).
Isso também deve ser levado em conta, para que não se caia no desespero, o que só
agravaria o problema, dando-lhe uma conotação de gravidade que, realmente, não tem.
Pelo contrário, poderia até beneficiar alguns homens com ejaculação acelerada e que,
nessa idade, podem - ajudados pelo processo biológico controlá-Ia melhor.
Essa crença é correlativa daquela outra: o homem e a mulher de idade avançada não têm
vida sexual. O envelhecimento em si mesmo é um processo fisiológico, não é uma
enfermidade. Quanto mais um indivíduo se cuidar na juventude, quanto menos beber, fumar
ou consumir medicamentos, quanto menos peso tiver e mais exercícios fizer, terá muito
mais possibilidades de um exercício gostoso, freqüente e intenso do erotismo e chegará à
terceira idade sem inconvenientes funcionais na área genitossexual. Repetimos: a melhor
maneira de ter uma velhice sexualmente potente e orgástica, no amplo sentido do termo, é
exercitar a sexualidade, deforma calma, saudável e gostosa. A elevada freqüência de coitos
na velhice não é nociva; podemos afirmar exatamente o contrário. Os homens que dizem
precisar de um "descanso" erótico, e suspendem voluntariamente sua atividade amorosa
por dois meses ou mais, terão dificuldades para reiniciar sua vida amorosa. Não existe um
estoque de orgasmos ou de ejaculações. A sexualidade é como uma bateria de automóvel:
quanto mais funciona, mais se carrega; quanto menos é usada, mais se deteriora.
É muito lógico que, com o aumento da idade, aumentem também os riscos de contrair
enfermidades. Cada idade do homem tem suas possíveis afecções características e a
velhice não é uma exceção. Este período da vida - dos 60 em diante – está assinalado pela
incerteza. As interrogações se estendem desde quanto tempo resta por viver, até quem
sobreviverá a quem. De qualquer maneira, o ritmo e o modo de envelhecer acontecem
seguindo particularidades de cada pessoa. E isso toma bastante difícil diferenciar o que
corresponde ao envelhecimento fisiológico e o que é causado por uma patologia.
1. Antecedentes
Desde os tempos antigos, o homem vem buscando, com afã, drogas, alimentos,
substâncias diversas, com a finalidade de prolongar a vida sexual, de curar a ejaculação
precoce, de provocar a ereção e de controlar o impulso em relação ao sexo oposto. Num
livro sobre sexualidade masculina, não pode faltar um capítulo sobre o tema, embora nos
vejamos obrigados a antecipar que não há ainda nada mágico, nada espetacular, nada que
possa ser qualificado de fonte de rejuvenescimento erótico. Mas observe-se que dissemos
"não há nada ainda", o que implica esperanças sempre renovadas nesse campo.
2. Alimentos afrodisíacos
Contudo, qualquer pessoa com muita confiança pode chegar a sentir efeitos benéficos
sobre sua saúde em geral e sobre sua vida erótica em particular. Pelo menos por algum
tempo. O comentário sobre o alimento que produziu tão maravilhoso efeito correrá, em
forma de lenda, de boca em boca, provocando emoções intensas, de acordo com a
credulidade e com a necessidade de cada um. No que se refere à comida, a única coisa
comprovada é que os indivíduos desnutridos (por causa da pobreza, ou de uma guerra) têm
um franco desinteresse erótico. As causas são complexíssimas e não apenas atribuíveis à
falta de proteínas na dieta. Apesar das advertências, o público continuará acreditando no
poder de algumas substâncias. Talvez não se consiga grande coisa, sob o ponto de vista
erótico, mas uma substanciosa comida, adornada com as delícias da ilusão.
3. Afrodisíacos farmacológicos
O mais famoso e antigo estimulante farmacológico (também, a rigor, poderia ser colocado
entre os alimentos) é o álcool. Já mencionamos sua ação de "dois gumes". Em pequenas
quantidades, afrouxa as inibições e pode, por via indireta, ser iniciador do desejo e facilitar
a ereção. Mas por um curtíssimo lapso de tempo, já que, depois, constitui um potente
depressor de todo o sistema nervoso, dificultando a comunicação e, por certo, o desejo e a
ereção. Com um agravante: para obter os mesmos efeitos de facilitação é necessária cada
vez maior ingestão de álcool.
Outra droga muito comum é a ioimbina, que é extraída do ioimbé, uma árvore oriunda da
África Central. Provoca efeitos irritantes e vasodilatadores, parecidos com os produzidos
pela cantaridina, embora menos intensos. Há preparados nas farmácias, associados com
hormônio masculino. Não tem nenhum efeito comprovado sobre a sexualidade humana.
As vitaminas são essenciais para o metabolismo, mas, até esta data, não há nenhuma
específica para o estímulo sexual. Só a vitamina E (Alfatocoferol) é usada como "vitamina
erótica". Na verdade, sua prescrição como medicamento se baseia no escasso
conhecimento que se tem sobre sua ação específica em seres humanos. Foram feitos
alguns experimentos com animais. Admite-se algum tipo de melhora no estado da pele e
das mucosas, e talvez tenha alguma ação sobre o metabolismo do colesterol, mas
nenhuma em relação à fisiologia erótica.
Através da história, o homem tem recorrido a diversos meios para conseguir a ereção ou
incrementar o prazer sexual, incluídos os meios mecânicos artificiais. Atualmente, existem
pênis artificiais, quase sempre de borracha ou de outro material sintético, com a finalidade
de alongar e dar consistência ao pênis. Esses aparelhos, aparentemente inócuos, podem
ser fonte de irritação, quando não de compressão venosa, com as imagináveis
conseqüências perigosas.
Outro aparelho que é vendido, anunciado como capaz de dar mais grossura e comprimento
ao pênis, consiste numa bomba de vidro, com compressor de borracha, que cria um vácuo
ao redor do pênis, bombeando ar para fora. Há versões elétricas do mesmo mecanismo.
Sua utilidade ainda não está comprovadamente demonstrada. Também há à venda anéis
compressores da base do pênis. São de borracha e contêm um pedaço de material
semiduro e flexível. Adaptam-se à base do pênis, uma vez alcançada a ereção. Seu uso
provoca a redução do retomo sangüíneo e - só em alguns casos - pode prolongar a ereção.
Seu uso implica o risco de uma lesão nos tecidos penianos, por falta de sangue, que pode
chegar até à gangrena.
Resumindo: ainda não foi descoberto nem o alimento, nem o medicamento, nem a droga,
nem o aparelho capaz de proporcionar prazer intenso e duradouro. O único afrodisíaco
válido é o amor, a compreensão e a tolerância de uma companheira carinhosa, a
conservação e a preservação, com práticas saudáveis, do organismo, a prática regular e
contínua da sexualidade. Não há muito mistério nisso.
CAPÍTULO 15
1. O diagnóstico certo na disfunção sexual masculina. Psicológico ou orgânico?
3. Perguntas fundamentais
Uma vez alcançada certa confiança na relação com o profissional - uma confiança absoluta
é impossível até mais adiante -, o paciente deve responder a certas perguntas que
orientarão o diagnóstico. A primeira coisa que o médico deve determinar é se o problema
de que se queixa o paciente é verdadeiramente sexual. Muitas vezes, o suposto paciente
pensa que seus "apenas dois coitos a cada três dias" são insuficientes e decide consultar.
Obviamente, aqui há um problema, mas, certamente, não é sexual.
Sabemos que, quando um indivíduo sonha, seus olhos se movimentam sob as pálpebras,
horizontal e verticalmente. Esses períodos são chamados de movimento ocular rápido, ou
REM (rapid eye movement). A grande maioria das ereções noturnas é produzida durante os
períodos REM.
Quando o homem tem um sonho erótico, não só pode ocorrer a ereção como também uma
ejaculação. Talvez surpreenda, mas um homem adulto normal pode chegar a ter até cinco
ereções por noite e cada uma delas de uma duração de aproximadamente 20 a 40 minutos.
A ereção matutina não tem nada que ver com o enchimento da bexiga, mas com o resto do
período dos sonhos com imagens (sonhos REM). Como, às vezes, coincide com ele e às
vezes não, há manhãs em que um homem pode observá-Ias, e em outras, não.
Em 1970, o Dr. Ismet Karacan, da Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, fez um
experimento sobre a aplicação do estudo e registro das ereções noturnas para diferenciar
os distúrbios eréteis psicógenos dos orgânicos. Demonstrou, claramente, que há uma
alteração evidente nos pacientes portadores de uma disfunção orgânica, enquanto, nos
predominantemente psicológicos, o registro é normal, quer dizer, conservam as ereções
noturnas, tanto em quantidade como em qualidade. Essa conclusão é importantíssima, até
para informar ao paciente que os estímulos psicológicos provocadores dos distúrbios
eréteis não atuam durante o sono. Enquanto está desperto, inconscientemente, o indivíduo
vê bloqueados os estímulos capazes de provocar uma ereção. Se a causa é orgânica, a
ausência de ereção se mantém, ainda que ele esteja dormindo. Não há dúvida de que essa
descoberta foi muito significativa. E continua sendo. Muitos homens, quando chegam à
conclusão de que sua mente bloqueia ou impede o estímulo por mecanismos que ele não
pode governar, ficam decepcionados, com raiva e tendem à rebelião. Não foi outra coisa
que Freud demonstrou há mais de 80 anos.
A exatidão do método, até o momento, embora não seja de 100%, está muito próxima
disso. Existem, é claro, casos em que o diagnóstico é duvidoso, como com qualquer outro
método.
A rigor, a ereção se compõe de duas partes: uma delas é a tumescência (expansão dos
corpos cavernosos penianos) e a outra é a rigidez (firmeza do corpo cavernoso, por
retenção sangüínea). Por isso, foram projetados um pequeno aparelho, capaz de registrar a
expansão peniana (tumescência) e outro, capaz de constatar a rigidez.
Quando há uma ereção, o pênis, ao inchar-se, estica as tiras elásticas sensíveis, e isso é
refletido no registro, mediante uma elevação proporcional da agulha. Como o papel é
milimetrado, é possível medir o grau de ereção e a sua duração na inscrição deixada pela
agulha sobre o papel.
Em qualquer das duas noites, é possível acordar o paciente durante a ereção máxima e
registrar seu grau de rigidez.
Nas primeiras entrevistas, o médico efetuará análise de rotina e exames físico e urogenital
correspondentes. Os exames de rotina compreendem o hemograma, a uremia, a glicemia e
um completo de urina. Quando os antecedentes diabéticos são acentuados, aconselha-se
efetuar uma curva de tolerância à glicose. As análises hormonais já estão entrando também
na rotina e, pelo menos, se solicita uma dosagem de testosterona e outra de prolactina no
sangue. Quando o senso clínico indicar, podem ser aplicadas outras dosagens hormonais.
1. Tentar pensar que todo homem tem alguma falha erétil em sua vida, ou um transtorno
ejaculatório. Quem diz que nunca teve é excepcional ou está mentindo.
2. Quando falhar, não tentar mais nada, do ponto de vista erótico. Tentar falar com a
mulher. Talvez "o corpo seja sábio" e esteja dando sinais da necessidade de comunicar-se
com ela. Sobretudo, profundamente.
3. Tentar evitar a relação genital durante uma semana pelo menos. Falar sobre isso com a
companheira.
4. Aproveitar esse período para trocar carícias, "descobrir-se" um ao outro.
5. Não tomar nenhum medicamento.
6. Se sentir angústia, culpa ou mal-estar indefinido e se for religioso, procurar um sacerdote
compreensivo e confiável.
7. Procurar um urologista.
8. Fazer-se acompanhar pela parceira nos exames de laboratório e clínico. Se isso não for
possível, comunicar-lhe, ao fim do dia, tudo o que foi conversado com os médicos.
9. Não ter dúvida, quanto a solicitar a opinião de outros médicos, mas observar as
seguintes indicações:
b) Desconfiar do profissional que, rapidamente e sem tempo para uma avaliação clínica,
receite medicamentos.
c) Embora todos os indícios indiquem que se trata de um distúrbio funcional de origem
claramente psicológica, se continuar por algum tempo, não deixar de consultar um
urologista. * Ele poderá descartar, com toda segurança, o problema orgânico, contribuindo
para sua tranqüilidade.
2.1 Quando o problema da disfunção sexual de origem psicológica demora muito tempo
É importante assinalar - embora vamos repeti-Io no capítulo seguinte - que a terapia sexual
tem aplicação não só nos transtornos disfuncionais de origem predominantemente
psicológica. Também se aplica, e com êxito, nos distúrbios orgânicos; mas não como
solucionador do problema, o que seria um absurdo, mas como acompanhante necessário,
como complemento indispensável dos tratamentos médicos e cirúrgicos, como terapia de
reabilitação no caso de pacientes que tenham sofrido cirurgia na zona genital, ou em
qualquer caso em que se tome imperiosa a necessidade de recuperar a função erótica
perdida, total ou parcialmente, por qualquer causa. Os iniciadores desse tipo moderno de
tratamento foram os pesquisadores americanos W. Masters e V. Johnson, em Saint Louis,
há duas décadas. Eles formaram numerosos discípulos, entre os quais, no momento, se
destaca a nova-iorquina Helen S. Kaplan, que adaptou modelos de tratamentos flexíveis e
adequados a cada disfunção e a cada caso.
Os pacientes costumam fazer perguntas, digamos, prototípicas. Respondamos a algumas
delas:
Um bom conselho, quando um homem tem um problema sexual, é dirigir-se a seu médico
de confiança. Se não o tem, procurar um serviço de urologia hospitalar. Embora custe a
crer-se, um título não dá carta livre para tratar de qualquer coisa e muito menos de qualquer
maneira. Muitos médicos não tratam problemas sexuais. Atenção: não tratam problemas
sexuais como os relatados neste livro, tais como os problemas eréteis e ejaculatórios. É
importante esse esclarecimento, porque existem muitíssimos médicos e especialistas que
se anunciam como especializados em enfermidades sexuais, mas se referem a doenças
venéreas, como blenorragia ou sífilis, e que não têm nada que ver com as disfunções
sexuais.
Para garantir-se, o paciente tem todo o direito de perguntar ao médico se ele trata de
problemas sexuais, ou problemas de ereção e/ou ejaculação. Uma pergunta franca e
aberta, como esta, obriga o médico a responder da mesma maneira. Ambos se sentirão
bem. O médico poderá responder que não e o encaminhará a um especialista de sua
confiança. Ou, o que é uma opção, lhe fará todos os exames correspondentes, tratará de
chegar ao diagnóstico de disfunção sexual predominantemente orgânica ou
predominantemente psicológica e lhe indicará o caminho a seguir de forma correta. Aqui,
ninguém perdeu tempo e o vínculo foi honesto e sincero de ambas as partes.
5.1 A acupuntura
Prática curativa de mais de cinco mil anos, originária da China e difundida no Ocidente,
muito lentamente, há pouco mais de um século.
Há muito poucos modos de correlacionar os mecanismos de ação da acupuntura com a
fisiologia e a patologia ocidentais. O certo é que, em muitíssimos casos, em particular os
funcionais, alivia os sintomas rebeldes de um paciente. O campo de aplicação e utilização
clínica é vasto e não cabe aqui analisá-lo. Diremos, simplesmente, que conseguiu êxito em
dores crônicas, como as reumáticas, como calmante e relaxante nos quadros de ansiedade
e tensão, em cefaléias e enxaquecas.
Em certa ocasião, havia muitas expectativas sobre sua utilização nas disfunções sexuais.
De fato, muitas melhoram, por serem de origem psicológica, e a maioria por ação sedativa
e ansiolítica do método. Sua prática exige paciência, capacidade de estudar muito
detidamente o paciente e de estudar uma matéria alheia ao modo de pensar tradicional
ocidental, o que não é suficiente para invalidá-Ia. Assim como a homeopatia, recebe
permanentes ataques por parte de alguns médicos, que ignoram totalmente de que se trata.
Na pior das hipóteses, a acupuntura é inócua, não melhora, não faz nada, mas não intoxica,
o que já é bastante.
5.2 Homeopatia
Com uma tradição de mais de 300 anos, e iniciada na Alemanha com Hahnemann, essa
prática, muito arraigada entre os povos de nossos países latino-americanos, tem seus
principais detratores não só na medicina tradicional, empenhada em ignorá-Ia, mas também
entre alguns médicos que a praticam, a serviço da comercialização de seus produtos, que
têm de homeopatas apenas o nome. A homeopatia segue, em tudo, a tradição hipocrática:
"Não há enfermidades, mas enfermos." Destina-se, através dos sintomas, especialmente
psíquicos, do paciente, a identificar, do modo mais preciso possível, um ou dois
medicamentos adequados para esse caso em particular.
A homeopatia tem um campo de ação mais amplo do que a acupuntura, mas como ela, no
que se refere à disfunção sexual, os resultados são incertos. Alguns transtornos, em
particular os de origem psicológica e não todos, se beneficiam com o tratamento
homeopático. Sua ação se deve a uma melhora do estado geral, ao poder de relaxamento
evidente da maioria dos produtos vegetais e minerais de que se nutre a farmacopéia
homeopática e, sobretudo, à sua clara ação desintoxicante.
É preciso saber que tipo de homeopatia é conveniente ou não. Uma visita a um verdadeiro
homeopata não pode durar menos de 30 a 45 minutos; às vezes, muito mais. Examinar a
íris e diagnosticar por ela não tem nada que ver com a prática homeopática. Praticar
homeopatia, por outro lado, implica dar alta importância ao interrogatório/detalhado, mas
isso não quer dizer não examinar o paciente, não tomar-lhe a pressão arterial ou não
recomendar-Ihe alguma análise de sangue ou de urina ou alguma radiografia, se
necessário. E, por último, consultar um médico homeopata não significa sair da consulta
com uma receita em que há seis ou sete frascos para tomar em gotas, acompanhados de
uma ou duas caixas de nome estranho cheias de comprimidos, pois tudo isso custa, em
dinheiro, o mesmo que dois medicamentos comuns, do tipo antibiótico.
O ser humano tem buscado de todas as maneiras, desde os tempos antigos, solucionar os
transtornos sexuais. Não apenas com drogas diversas, ervas e chifres de rinoceronte, como
foi explicado no capítulo correspondente; a história da medicina registra também tentativas
cirúrgicas de dar uma solução definitiva - e, como veremos, às vezes única - no tratamento
da ausência de ereção. Os problemas ejaculatórios são mais simples e têm tratamentos
muito menos complicados.
No início do século, uma das teorias mais importantes foi a que supunha que quase todos
os distúrbios eréteis eram produzidos pela má circulação sangüínea venosa. Por isso,
durante algum tempo se ligaram, cirurgicamente, algumas veias testiculares. Por certo,
pouco depois, as esperanças se desvaneceram. A partir dos anos 20, anunciavam-se
"curas espetaculares" com implantes de testículos bovinos sob a pele do abdome, que,
segundo se dizia, também prolongavam a juventude. Uma nova decepção aguardava os
pesquisadores.
2. As próteses penianas
Em tal sentido, devemos dizer que o primeiro objeto implantado foi um pedaço de costela
humana. Só muito poucas intervenções deram resultado funcional satisfatório. E isso foi
antes dos anos 40.
Em 1977, o urologista R.P. Finney anunciou uma prótese a que chamou Flexi- Rod, a qual
possui a interessante variável de ser dobrável, parcialmente, em seu terço próximo ao
abdome, como se tivesse uma dobradiça, o que significou um avançQ notável em
comodidade de uso. Além disso, pode ser dirigida em qualquer direção desejada.
Posteriormente, apareceu no mercado um produto com novos progressos da engenharia
médica, a chamada prótese de borracha, com tecnologia alemã, fabricada com silastic e em
cujo centro corre um fio flexível de prata. Na Argentina, usa-se uma variação interessante,
posta no mercado por uma representante da firma fabricante nos Estados Unidos. Trata-se
de cilindros semiflexíveis de material sintético, recobertos por uma película de silicone,
removível na sala cirúrgica. Permite acrescentar-lhe uma ponta cônica, do mesmo material,
numa das extremidades, para adequar o tamanho a cada caso.
O uso dessa prótese é muito confortável. Instalando-a no ângulo adequado, pode ser usada
sob a roupa e passa despercebida na grande maioria dos casos. Quando se vai ter uma
relação sexual, ela é dirigida com a mão e colocada em posição reta, podendo ser
introduzida no conduto vaginal sem inconvenientes.
Quando o estado geral do paciente não é bom, ou a disfunção já existe há muito tempo, os
tecidos não se distendem o suficiente e os incômodos tendem a aumentar. Os analgésicos
comuns e a lenta adaptação à função recuperada fazem o resto.
Não é qualquer paciente que pode receber uma prótese. Como todo ato médico-cirúrgico,
tem suas indicações precisas, que devem ser respeitadas se se deseja ter êxito em sua
aplicação.
Em primeiro lugar, qualquer disfunção erétil orgânica irreversível pode ser solucionada
mediante a aplicação de uma prótese. Mas, como mencionaremos mais adiante, é preciso
avaliar corretamente se o indivíduo está em condições psicológicas de recebê-Ia, ou se não
tem conflitos graves com sua parceira. A segunda grande indicação é na disfunção de
origem psicológica, mas somente quando as tentativas com outros meios, como a terapia
sexual, tenham fracassado, depois de um período de aplicação e espera. Em qualquer
caso, é preciso um período prévio de aS5essoramento psicossexual especializado, tanto
para o paciente como para sua parceira.
Quanto mais tempo seja empregado para avaliar corretamente um paciente, maior será a
probabilidade de evitar complicações de todo tipo, posteriores à colocação de uma prótese.
As implicações psicológicas e em relação ao casal são tais que não é possível decidir nm
implante protético sem tomar todos os cuidados. A operação em si é relativamente simples:
a decisão de efetuá-Ia, não. Para chegar à possibilidade de colocar uma prótese de pênis é
preciso que haja alguma das afecções descritas no capítulo 4: um problema diabético num
homem de mais de 40 anos, uma enfermidade de La Peyronie, * ou uma ferida ou
traumatismo na pélvis ou no aparelho genital. Algumas vezes, trata-se de problemas
circulatórios por arteriosclerose ou problemas nervosos por enfermidades da medula
espinhal.
É preciso instruir o paciente tanto sobre os benefícios do implante como sobre algumas
conseqüências inevitáveis. Por exemplo: o paciente já não terá mais corpos cavernosos.
Isso quer dizer que não terá ereções espontâneas, porque a locação dos dois pequenos
cilindros de silicone semiflexíveis ocupam o lugar dos corpos cavernosos, normalmente
vazios, ou cheios de sangue. É possível, posteriormente, extrair-se, também
cirurgicamente, a prótese, mas o pênis, em tal caso, ficará flácido. * Se se deseja uma nova
colocação, outro tipo de prótese, por exemplo, pode ser feita sem nenhum inconveniente,
mediante outro ato cirúrgico. As próteses penianas foram uma revolução no campo da
sexologia, não há dúvida; além disso, possibilitaram a continuidade da vida sexual de
homens e casais antes condenados a viver sem ela. Mas isso não significa que pode ser
indicada de modo indiscriminado e maciço.
Os pacientes costumam consultar profissionais que se promovem com anúncios que falam
de "solução total", que não é nada mais do que a colocação de uma prótese. Se forem
respeitadas as indicações precisas, tanto médicas como cirúrgicas, para sua aplicação, e
tomados todos os cuidados médicos, psicológicos e matrimoniais, a solução será, na
verdade, a mais próxima do máximo que a atualidade científica permite.
Então, não é mais necessário tocar uma mulher ou ser tocado por ela?
Pelo contrário. Se a pergunta se refere à necessidade de ser tocado para ter uma ereção,
isso não é necessário, porque, ao sair da sala de operação, o pênis estará rígido, com ou
sem toque. Mas, como ficou estabelecido ao longo deste livro, sexualidade, erotismo, não
significa pênis duro. E o assessoramento sexológico também se destina a esclarecer esse
tipo de coisa. Homem e mulher, garantida a ereção, têm agora a liberdade de dedicar-se
intensamente às carícias, a incrementar o prazer 'e o orgasmo. Dentro de todo esse jogo
amoroso, a penetração pode ocorrer em qualquer momento, mas não pode haver
penetração sem erotismo, sem desejo, sem uma participação entusiasmada e ativa da
mulher. Pelo contrário, o que se tenta evitar é o uso mecânico e agressivo do pênis.
Uma mulher que não tenha sido informada de que o homem tem uma prótese peniana será
capaz de perceber que ela existe?
Na maioria dos casos, não. Sua adequação e adaptação são tão perfeitas que,
esteticamente, é muito difícil distinguir-se um pênis, ereto naturalmente, de outro em que se
tenha instalado a prótese. Mas devemos assinalar que essa pergunta é muito relativa,
porque já dissemos que a companheira deve participar de todas as etapas que compõem o
processo de implante e também do assessoramento pós-implante.
É possível a fecundação?
Sim. O aparelho genital, no que se refere a todas as suas
propriedades reprodutoras, não é tocado por ocasião da colocação de uma prótese.
7. A prótese inflável
Muitos pacientes que precisam de uma prótese não podem fazê-Ia porque seu custo é
elevado. Mas é possível conseguir que a Previdência Social e associações sindicais
paguem as despesas.
Para isso, normalmente, é preciso apresentar o histórico clínico e urológico, com os exames
correspondentes, que justifiquem o implante. Quanto mais completa essa documentação,
mais provável será a obtenção do benefício.
Desde tempos muito primitivos, os genitais foram tão valorizados em relação a qualquer
outra parte do corpo, que foram elevados à categoria de símbolo. O pênis representa a
virilidade, o poder, o êxito, a fecundidade; qualquer afecção se converte, para o paciente,
em uma redução notável dos atributos que ele simboliza historicamente. A perda da
capacidade erétil significa, para um homem, muito mais que a simples aparência. Na
ereção, o homem põe seu orgulho, sua ostentação de macho, sua confiança, sua
segurança... É totalmente equivalente aos seios de uma mulher ou até a seu útero, ambos
símbolos da maternidade. E apenas símbolos, porque uma mulher sem seios pode,
perfeitamente, ser mãe, ou até sem útero, como demonstram centenas de mulheres, mães
exemplares de filhos adotados.
Pensemos, além disso, que a função erétil é também símbolo de vínculo, de relação, já que
o pênis ereto é o que permite e facilita o mais importante (não o único) meio de união
corporal profunda do casal, além de possibilitar a fecundação e garantir a descendência.
Tudo isso permitirá a uma mulher entender, facilmente, as bruscas mudanças de humor e,
provavelmente, o desespero de um homem que falha ocasional ou definitivamente. Os
comentários agressivos só acentuarão a depressão e a angústia. Contudo, o que mais
constrange uma mulher não é a falha erétil em si, mas o fato de ser utilizada como um
instrumento de experimentação. Nesses casos, a mulher sente que o pênis tem muito mais
importância do que ela, portanto não será surpresa se tiver má vontade em colaborar para
que funcione.
Mas, se uma mulher adota uma conduta agressiva ou exigente, aprofundará mais a
incomunicação e, por certo, não contribuirá para a recuperação da função erétil perdida. O
homem, por sua parte, embora recuperado parcialmente, mostra-se hipersensível. Vai
interpretar como um possível sinal de desaprovação qualquer comentário, sorriso ou gesto
de sua mulher. Isso pode causar mais de uma falha prolongada por muito tempo. Daí a
importância de incluir a companheira em todo tipo de tratamento que for realizado.
Com o tempo, esse tipo de relação se deteriora e depois é muito difícil recompô-lo. Uma
mulher pode e deve, chegado o momento em que o desespero do marido é evidente,
solicitar-lhe carinho erótico capaz de satisfazê-Ia plenamente, com orgasmo incluído. Não
são poucas as vezes em que o companheiro descobre a existência do erotismo
extrapeniano. O resultado pode chegar a ser espetacular: a função se recupera, para
surpresa dele". Mesmo que isso não aconteça, esse tipo de satisfação chega a tranqüilizar
o homem o suficiente para aprofundar a comunicação com sua parceira. Isso só pode
beneficiar a ambos em todos os sentidos.
Não é fácil superar os obstáculos de vergonha e anos de repressão educacional. Ler a dois
publicações sobre o tema, inclusive este livro.. pode chegar a ser o começo da luz num
túnel escuro.
O PROBLEMA DA AIDS
Conhecida por diversos e alarmantes nomes, "A Peste do Século", "O problema n. o 1 de
saúde", "O complô virótico", e outros mais, a AIDS (Síndrome de Deficiência Imunológica
Adquirida), transformou-se num problema sem precedentes.
Afecção de causa identificada, mas conhecida há muito pouco tempo, apenas seis ou sete
anos, já provocou muitas mortes, sobretudo em indivíduos jovens ou de meia-idade.
Por essa razão fundamental se estabeleceu uma corrida científica contra o tempo. Há
milhões de dólares investidos na identificação e isolamento dos vírus produtores da AIDS,
estudo experimental e clínico de sua transmissão, mecanismos de ação dentro das
pessoas, estudo de drogas eficazes e, principalmente, a pesquisa de uma vacina capaz de
imunizar a população.
Como qualquer outra doença contagiosa, a AIDS não respeita idade, condição social, ou
raça. Tem, contudo - até agora - um sinal diferencial de outras afecções similares: o doente
é quase um condenado à morte.
Os próximos anos serão de febril atividade para os cientistas: será destacada a importância
daqueles que se dedicam ao estudo do sistema imunológico humano e sua aplicação
clínica.
" Deficiência imunológica", implica uma diminuição total ou parcial dos mecanismos de
defesa habituais contra as doenças infecciosas.
É muito importante assinalar que atualmente qualquer pessoa pode ser infectada pelos
vírus da AIDS. No entanto, há determinados grupos de pessoas que, por suas
características de vida, pelo uso de determinadas substâncias, ou por já sofrerem de
afecções específicas, estão mais expostos que outros. Conhecemos esses grupos como
grupos de risco.
3. Grupos de risco
A cuidadosa observação dos grupos de risco detectados com maior precisão até o presente
sugere que a AIDS se transmite por:
a) Transfusão de sangue de uma pessoa contaminada a outra sadia.
b) Passagem do sangue de mãe contaminada, através de vias placentárias, ao filho no
útero.
c) Saliva. Embora a presença ativa dos vírus na saliva seja pouco expressiva, não se
conhece o mecanismo de ação patogênica, isto é, em tal condição, pode ou não ser capaz
de infectar.
O risco toma-se maior se o relacionamento sexual não for constante, isto é, se for
promíscuo, com vários parceiros.
Já em 1984, outro importante grupo de pesquisadores, dirigido pelo Dr. Robert Gallo. do
laboratório celular do National Cancer Institute, em Bethesda, Maryland, Estados Unidos,
comunicam a "clonagem" do vírus responsável pela AIDS. "Clonar", em linguagem de
laboratório, é quase sinônimo de identificar, fazendo porém uma espécie de retrato
minucioso de sua íntima estrutura genética. A denominação técnica do vírus produtor da
AIDS é HTL V-III: Vírus Leucêmico de células T humanas, e o número III indica a série,
visto que dois já tinham sido pesquisados anteriormente.
A disputa entre franceses e norte-americanos continua até hoje. Graças a ela, foi possível
descobrir os mecanismos complexos e íntimos da ação do vírus, a que se deu o nome de
"retrovírus". Um retrovírus (e o HTLV-III o é) é um agente virótico capaz de penetrar na
chave genética das células, integrando-se à. sua própria estrutura. A parasitose é total.
É importante assinalar que nem toda pessoa com teste de anticorpos positivo será passível
de desenvolver a AIDS.
Por falar em anticorpos, o fenômeno da AIDS leva os cientistas a refletirem sobre um certo
erro histórico cometido por eles. Algo como um excessivo otimismo, baseado nas
descobertas efetuadas a partir de fins do século XIX.
Desde Pasteur, tem sido contínuo o progresso em tomo dos agentes causadores de
infecções. O aparecimento dos desinfetantes, as normas de assepsia cirúrgica e o
surgimento do microscópio eletrônico permitiram consideráveis avanços. Apareceram
vacinas para agentes viróticos, produtores de verdadeiras calamidades.
O progresso foi aumentando, e a descoberta das sulfamidas e antibióticos fez pensar que a
batalha tinha sido ganha e, mesmo que a guerra não tivesse acabado, seus perigos
maiores estavam afastados.
Os antibióticos mais potentes destroem os germes, embora por outro lado produzam
desequilíbrios "ecológicos" no sistema orgânico. Tudo isso permite a emergência de novas
enfermidades, exigindo não somente o aperfeiçoamento de armas de ataque ao agente,
mas também a pesquisa sobre "quem", "onde" e "quando" esses agentes atacam. A
pesquisa moderna no campo da imunologia está ciente disso.
5. O sistema defensivo
Com finalidade didática, diremos que quando um vírus entra no corpo de uma pessoa é
detectado por uma espécie particular de glóbulos brancos chamados" macrófagos", que
vivem normalmente no fígado e nos pulmões. Os macrófagos atuam como receptores e
informam a outros glóbulos brancos, denominados Linfócitos T, glóbulos brancos
superespecializados que, atuando como mensageiros intermediários, estimulam a produção
de Linfócitos B.
Se foi bem compreendido o modo como atua o agente agressor, será possível entender que
esses vírus em geral se alojam nos gânglios do sistema linfático, que é onde habitam os
linfócitos especializados.
A permanência do vírus nos gânglios de uma pessoa infectada (ou enferma) pode ser muito
prolongada: meses ou anos, talvez cinco ou seis. Ignora-se o número exato de pessoas
infectadas e que exata porcentagem delas irá desenvolver ou não li enfermidade nos
próximos anos. Daí a importância de se detectar a infecção, a fim de evitar, pelo menos,
que a pessoa com o vírus em seu sistema defensivo linfático se converta em transmissora
da enfermidade.
Esta etapa é somente detectável através de provas de laboratório. Observa-se aqui uma
anemia persistente, diminuição de glóbulos brancos, aumento de substâncias do sistema
imunológico, como as gamaglobulinas.
Em muitos casos, encontram-se gânglios inflamados e pouquíssimos outros sintomas
transitórios e de pouca importância. Na grande maioria dos casos, a AIDS as sintomática
evolui de maneira favorável, e em outros, lamentavelmente, apresenta a seguinte evolução:
Deve-se observar que um grupo mínimo de pacientes infectados chega a este quadro grave
e que, além de tudo, para tal demoram alguns meses ou vários anos.
Os sintomas descritos na fase anterior (C.R.S.) se agravam e tomam-se mais intensos.
Agregam-se novos grupos de gânglios inflamados (linfoadenopatias) e várias infecções por
germes e fungos. O sistema defensivo foi superado e surgem tumores na pele e em outros
órgãos (sarcoma de Kaposi).
O H P A - 23, droga produzida originariamente na França, e que foi aplicada no ator Rock
Hudson. Este remédio impede a adaptação do vírus ao Linfócito T e impede a expansão da
enfermidade. Suspendendo-se a droga, o vírus se reativa e torna a atuar.
O interferon é uma proteína natural, produzida pelo organismo, que impede a multiplicação
dos vírus, aumenta a produção de Linfócitos T e ajuda na ação das outras drogas. Existem
vários tipos de interferons agindo de forma inespecífica.
Têm sido utilizados hormônios do timo, inclusive transplantes deste órgão, e estimulantes
específicos dos Linfócitos T, como a interlenuína 2.
É de suma importância consignar que as pessoas não correm nenhum risco de se infectar
com o vírus da AIDS através de contatos sociais comuns e/ou casuais. Pode-se
cumprimentar, dar a mão ou acariciar uma pessoa com AIDS, andar com ela em um
elevador ou em transporte público. O contágio não existe nestes casos.
As relações anais ainda podem ser mantidas, se houver a precaução de usar preservativo.
Ninguém está livre de ter um pequeno corte na gengiva ou nos lábios ou de sofrer de uma
infecção simples e comum no tecido mole dentário (paradentose); por isso, ejacular na boca
de uma pessoa sã pode constituir risco de infecção, quando se desconhece o estado físico
do parceiro.
O uso de preservativos, ainda que não proteja 100%, é considerado um modo muito seguro
de se evitar a infecção, além de ser barato e bastante acessível. É sempre recomendável o
uso de preservativos novos e, se possível, guardados e protegidos da umidade e do calor.
Deve ser colocado quando o pênis está em ereção, desenrolando totalmente o
preservativo.
Terminado o ato sexual, ao retirar o pênis da vagina deve-se comprimir sua base, onde se
encontra o preservativo, evitando que este se solte e permaneça agarrado no conduto
vaginal. O preservativo deve ser imediatamente jogado fora. É bom evitar relações sexuais
com pessoas incluídas nos denominados "grupos de risco": homossexuais, bissexuais,
toxicômanos, hemofílicos. Quando isso não é possível, é preciso tomar medidas de
prevenção e usar preservativos. É importante também jamais utilizar agulhas ou seringas
usadas.
Não usar escovas de dentes ou outros objetos que possam implicar contato sangüíneo.
9. Conseqüências psicossociais
Parece um tanto paradoxal que em um livro dedicado à sexualidade feliz, seja abordado um
tema tão angustiante. Entretanto devemos ser realistas. A felicidade não é uma aspiração
utópica mas um compromisso com a possível realidade.
Por que prevenir a AIDS pela televisão e não promover erotismo, sexualidade responsável
e sadia, além de informações psicofisiológicas e sexuais?
ANSIOLÍTICO: Tudo aquilo que desfaz ou elimina a ansiedade. Pode ser um medicamento,
ou qualquer outro procedimento: uma palavra, uma ação determinada.
CASTRAÇÃO: Sob o ponto de vista psicológico, designa-se por este termo um complexo
totalmente imaginário, sem existência real-concreta, mediante o qual o menino varão teme
perder seus genitais, porque vê uma menina (que pode ser sua irmãzinha, uma amiguinha
ou, em última análise, qualquer mulher ou fêmea) a quem falta um pênis, enquanto ele, é
claro, o possui.
Na menina, acontece um processo similar. Ao ver uma criança do sexo masculino, ela
acredita que perdeu o pênis e deseja que o reponham. A castração constitui-se assim no
símbolo (ver) de toda perda.
CIO, PERÍODO DE: Desejo sexual ou reprodutivo nos animais. Refere-se a urna época ou
período, em geral na primavera, no qual as diferentes espécies se acasalam. Dependendo
da duração da prenhez, as crias nascem em bom clima: final da primavera ou pleno verão.
CÓLON: Segunda porção do intestino grosso. Para a sexologia (ver), oferece interesse a
sua última parte, o chamado cólon descendente ou ileopélvico, com a última porção, o
cólon sigmóide. Algumas intervenções cirúrgicas praticadas nessa porção do cólon podem
lesar os nervos destinados à ereção (ver) e causar urna disfunção sexual erétil.
COXAL: Osso da bacia. É também denominado osso iliaco. Sendo dois, os ossos coxais
unem-se na parte anterior, chamada sínfise ou união púbica (ver), por meio de um forte
ligamento. No homem, por baixo da região púbica, passam a uretra e o pênis (ver), e na
mulher a vagina.
D
DEPRESSÃO: Distúrbio da afetividade, caracterizado por tristeza, cansaço e abatimento
geral. Pode ser acompanhada de ansiedade (ver). É uma das causas mais freqüentes de
disfunção sexual (ver).
DESEJO (SEXUAL): É um impulso, semelhante a uma necessidade imperiosa, que põe em
ação processos mentais complexos de nível consciente e, em proporção muito maior,
inconsciente. Os desejos sexuais têm uma raiz ou fonte biológica, uma meta ou finalidade
que é a satisfação, e um objeto que é o lugar ou o fragmento de pessoa ou corpo por meio
do qual o desejo se realiza ou se satisfaz.
O desejo humano aspira apenas a libertar-se de uma tensão interior que, ao procurar
alcançar essa libertação, chega ao gozo ou prazer (ver).
DIÁLISE RENAL: Método efetuado por meio de um aparelho complexo, cuja função é
depurar o sangue de indivíduos que sofrem de nefrite renal crônica (ver). Faz as vezes de
um rim e por isso é também denominada "rim artificial"; também se lhe dá o nome de
hemodiálise.
DISFUNÇÃO SEXUAL PRIMÁRIA: Distúrbio sexual que sempre foi assim e nunca
apresentou melhoria.
DOPPLER, EFEITO: Transmissão da onda cardíaca que percute sobre as paredes das
artérias e é registrada por um aparelho especial de ultra-sons. É utilizado, entre outras
coisas, para medir a pressão arterial do pênis (ver).
E
EPIDÍDIMO: Pequeno órgão situado na parte superior do testículo, formado pela reunião de
pequenos cilindros, canais que transportam os espermatozóides desde o testículo até as
vesículas seminais e destas à uretra. Pode inflamar-se (epididimite) (ver).
EREÇÃO: Processo pelo qual o pênis se eleva e fica rígido, duro, apto para a penetração
vaginal (ver). A ereção é um reflexo (ver) e, internamente, consiste em os corpos
cavernosos (ver) se encherem de sangue. o estado oposto é a flacidez (ver).
EREÇÃO MATINAL OU MATUTINA: Ereção que o homem constata certas manhãs ao
despertar. Crê-se erroneamente que é de origem mecânica, devida ao acúmulo de urina na
bexiga. Na realidade, é produzida por mecanismos .cerebrais. "Ereção matinal" é um
sinônimo perfeito de "ereção noturna" (ver).
EREÇÃO NOTURNA: Ereção que se produz quando o homem está dormindo. Produz-se
por ação cerebral cujo movimento nervoso é cíclico, com períodos de sono com imagens
(períodos REM) e períodos de sono sem imagens (não-REM). A ereção noturna é atribuída
aos períodos E.EM cerebrais.
FIMOSE: O prepúcio, que é uma dobra da pele do pênis que normalmente cobre a glande,
estica-se ou corre para trás, pondo-a a descoberto. Quando há uma fimose, esse
deslizamento não se pode efetuar com comodidade, seja de forma total ou parcial por ter
abertura muito estreita, ou por ser excessivamente curto. Esse quadro pode provocar
moléstias nos bebês e dificultar o ato sexual nos adultos. Uma das possibilidades é a
produção de parafunose (ver). A fimose e a parafunose são eliminadas cirurgicamente,
praticando-se a circuncisão (ver).
GINECOLOGISTA: Médico especializado nos distúrbios dos genitais (ver) femininos. Pode
ser um cirurgião, especializado ou não em sexologia; indiscutivelmente, é um dos
especialistas mais consultados pelas mulheres para resolver seus distúrbios sexuais ou
eróticos.
HETEROSSEXUAL, RELAÇÂO: Coito (ver) com uma pessoa do sexo oposto. É o oposto
de relação homossexual (ver).
INSULINA: Hormônio segregado pelo pâncreas, cuja falta produz o diabetes (ver). Sua
presença é vital para o metabolismo dos açúcares e das gorduras. Pode ser injetada por via
subcutânea ou intramuscular.
IRA: Sinônimo de raiva (ver) ou inquietação afetiva intensa. Juntamente com a raiva, é uma
das causas psicológicas mais freqüentes de disfunção sexual, tanto nos homens como nas
mulheres.
K
KINSEY, RELATÓRIO: Nome pelo qual se conhecem os estudos realizados e publicados
por Alfred Ch. Kinsey (1894-1956) e colaboradores da Universidade de Indiana, Estados
Unidos, em 1948 e 1953.
Esses relatórios derrubaram cientificamente, pela primeira vez, muitos mitos (ver) sexuais.
Demonstrou-se que o que se qualificava como "perversão", e que se supunha praticado por
uma reduzida porcentagem da população, não era realmente assim. Esses estudos
representaram uma verdadeira revolução no conhecimento científico da sexualidade e
continuam sendo de consulta indispensável para os estudiosos.
LEIGO: Termo que nesta obra é empregado na acepção de alguém que desconhece
alguma coisa.
MEDULA ESPINHAL: Parte integrante do sistema nervoso central (ver), cuja importância
reside, entre outras coisas, em ser a sede dos centros reflexos da ejaculação (ver) e da
ereção (ver).
PARCEIRO: Termo que designa uma pessoa, geralmente do sexo oposto, a quem se
escolheu para conviver afetiva e corporalmente.
POTENCIAIS EVOCADOS: Teste que se efetua por meio de um aparelho especial, para
medir o tempo que o estímulo nervoso leva para percorrer os nervos que governam a
ereção e a ejaculação.
Permite a descoberta de lesões, particularmente provocadas por diabetes (ver) ou por
distúrbios da medula espinhal (ver).
PREPÚCIO: Pequena dobra de pele que cobre a glande ou cabeça do pênis. Tem
normalmente a capacidade de retrair-se deslizando para trás, descobrindo a glande.
Quando sua extremidade é muito apertada, o deslizamento se faz de maneira imperfeita,
dando lugar à fimose (ver). Quando se infecciona (postite, ver), toma necessária uma
pequena intervenção cirúrgica, denominada circuncisão (ver).
PSICÓLOGO: Pessoa com diploma que a habilita a exercer a psicologia, ciência que se
ocupa de tudo o que se refere ao pensar, ao sentir e ao agir de cada indivíduo humano.
Pode praticar a psicoterapia, a psicanálise e a terapia sexual. Todas essas atividades - e
cada uma delas em particular exige, por sua vez, uma especialização posterior.
PÚBIS: Área anterior e baixa da pelve, limite inferior onde termina o abdome. Sobre o
púbis, acumula-se uma pequena almofada de gordura, que é o lugar onde, na penetração
profunda durante o coito (ver), ambas as regiões (púbicas) se põem em intenso contato.
RADIAÇÕES: Entende-se por este termo genérico uma série de ações de ordem física
(raios X, cobalto, radioisótopos, etc.) produzida por diversos agentes radiantes, destinados
a impedir o desenvolvimento de determinados processos patológicos no organismo. São
utilizadas como tratamento exclusivo ou complementar de algumas cirurgias e,
lamentavelmente, muitas vezes responsáveis pelo aparecimento de disfunções sexuais.
RESOLUÇÃO, FASE DE: Última fase da resposta sexual, tanto masculina (ver) como
feminina (ver). Caracteriza-se por um relaxamento intenso, pois é a fase posterior ao
orgasmo (ver).
RIGIDEZ: Firmeza e dureza adquirida pelo pênis, logo após a tumescência (ver). Juntas,
tumescência e rigidez constituem a ereção peniana (ver). Isso quer dizer que um pênis
pode ter tumescência, sem apresentar rigidez.
RIGIDÔMETRO: Pequeno aparelho desenhado pelo Dr. W. Furlow, da Clínica Mayo, dos
Estados Unidos, para medir a rigidez peniana (ver). Usa-se em combinação com o Monitor
de Tumescência Peniana Nortuna (ver) e permite detectar as falhas eréteis de origem
orgânica.
S
SEDATIVOS MAIORES: Psicofármacos (ver) utilizados no tratamento de determinadas
doenças, particularmente as alterações profundas da personalidade: psicoses, estados
maníacos, delírios, etc. Alguns deles, utilizados de forma prolongada, podem provocar
disfunção sexual.
SEXO: Designa-se habitualmente com este nome a diferença entre indivíduos da mesma
espécie, quanto às diferentes maneiras de participar do fenômeno da reprodução.
Curiosamente, o sexo aparece tarde na história da vida. As primeiras centenas de milhões
de anos da evolução foram assexuadas com as formas vivas inferiores. Considera-se que
existe sexo quando duas unidades vivas se conjugam para combinar o material genético
que cada uma leva consigo. A palavra sexo costuma ser também utilizada para designar o
aparelho sexual que cada indivíduo possui, ou seja, os seus genitais.
A palavra sexo pode também ser utilizada em outras acepções: sexo genético, sexo civil,
sexo psicológico, sexo social, etc.
SÍNDROME DO VIÚVO: Conjunto de situações num homem que, tendo perdido a esposa
há algum tempo, ao querer reiniciar a vida sexual ativa, vê-se às voltas com um problema
de disfunção sexual, de natureza erétil ou ejaculatória. Essa síndrome ocorre geralmente
após o período depressivo habitual pela perda da companheira e o homem experimenta
uma grande surpresa e preocupação, porquanto já não se sente deprimido. À parte os
problemas orgânicos concomitantes que o indivíduo possa ter - diabetes, arteriosclerose,
etc. -, o distúrbio disfuncional aparece mais como uma falha decorrente da "falta de uso" da
função sexual. Impõe-se uma investigação urológica e sexual profunda.
SOCIOLOGIA: Estudo científico e objetivo dos fatos e fenômenos sociais, dos grupos
pequenos, grandes e compactos, das instituições e das relações entre si e das diferentes
formas de incidência no deslocamento de comunidades e nas estruturas que as compõem.
TOQUE RETAL: Exame digital de uma cavidade, no caso, do reto. Indispensável como
parte do exame urológico e essencial para determinar o tamanho e a consistência da
glândula prostática (ver).
URETRA: Canal membranoso que comunica a bexiga com o exterior. Mede cerca de 15 ou
16 cm no homem adulto e apenas 4 ou 5 cm na mulher adulta. Desemboca na extremidade
da glande (ver).
URETRITE: Inflamação da uretra, que é o canal que liga a bexiga ao exterior. Pode estar
associada a uma cistite (ver) e apresentar quase os mesmos sintomas.
VÁLVULA: Dobra num vaso sangüíneo ou num canal, que impede o refluxo dos líquidos
em circulação. Funciona como uma comporta, acionada pelo sistema nervoso autônomo
(ver). Sua existência nas artérias penianas é, por enquanto, hipotética.
VESÍCULAS SEMINAIS: São duas pequenas glândulas, situadas por trás e acima da
próstata (ver). São glândulas secretoras, que contribuem com quase 80% do líquido
seminal.