Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2009
Em 17 de Janeiro de 2008, o Comité Económico e Social Europeu decidiu, nos termos do n.o 2 do
artigo 29.o do Regimento, elaborar um parecer de iniciativa sobre a
Reestruturação e evolução do sector dos electrodomésticos na Europa (produtos brancos) e suas consequências para o
emprego, as alterações climáticas e os consumidores.
Foi incumbida da preparação dos correspondentes trabalhos a Comissão Consultiva das Mutações Indus-
triais, que emitiu parecer em 10 de Setembro de 2008, sendo relatora Anna Maria DARMANIN e co-relator
Enrico GIBELLIERI.
1.4.1 Seria vantajoso para a sustentabilidade que a UE pres- produtos brancos, condição essencial para garantir a penetração
sionasse também outros países a adoptarem as mesmas normas da indústria europeia neste novo mercado de elevado potencial.
elevadas que ela está a adoptar para o mercado interno, por- No entanto, há que não descurar a possibilidade de, futura-
quanto daí resultaria uma poupança potencial de energia a nível mente, essas fábricas não se limitarem a servir o mercado na-
mundial. cional, mas exportarem a sua produção para a Europa, se esta
não for capaz de encontrar uma solução para os principais
problemas do seu mercado.
2.7 Para além dos electrodomésticos mais antigos, os fabri- ecológica dos aparelhos eléctricos, constitui um importante
cantes europeus estão ainda mais preocupados com as impor- ponto de partida. A Comissão Europeia não necessita de rein-
tações de electrodomésticos potencialmente perigosos, não efi- ventar os seus instrumentos políticos, mas sim de aperfeiçoar
cientes do ponto de vista energético e que não inspiram con- aqueles que já existem. O que se aplica também à actual etiqueta
fiança. Preocupam-nos, sobretudo, as importações pagas em energética e de consumos. Num contexto de agravamento da
numerário, que rapidamente se esgotam nos mercados da UE. crise energética e com a redução das matérias-primas, a Comis-
são deverá completar esta rotulagem com uma medida obriga-
tória para a colocação de produtos no mercado. No futuro,
apenas se deveria permitir a venda de electrodomésticos no
mercado interno europeu às empresas que fabriquem produtos
2.7.1 Em consequência, as necessidades domésticas de energia de elevada qualidade: esta deveria ser a razão de ser de uma
representam 25 % da procura energética total na UE, sendo os legislação que obrigue as empresas a fabricar electrodomésticos
aparelhos domésticos responsáveis pelo aumento mais significa- de elevada qualidade e sustentabilidade.
tivo do consumo de energia nos últimos anos devido à intro-
dução de novos electrodomésticos e produtos.
3.1.1 Como garantir que a indústria não se transfira para torno de investimento, pelo que o mercado continua a optar
países fora da União Europeia? A indústria tem uma clara ten- principalmente pelos produtos A+. Os incentivos podem variar,
dência para se deslocalizar, pelo que importa combater a e já existem alguns casos nos Estados-Membros e fora da Eu-
ameaça prevista e real de perder essa indústria em favor de ropa que se podem considerar boas práticas (1).
países terceiros.
3.3.4 Um diálogo social sectorial contínuo e eficiente a nível 3.5 A situação no que respeita ao ambiente
europeu juntamente com a fiscalização do mercado e o reforço
das normas em toda a Europa constituem as medidas essenciais 3.5.1 O CESE reconhece que este sector pode contribuir de
para que a perda de emprego seja menor. forma particular para a preservação do ambiente, a redução das
emissões de CO2 e a diminuição das alterações climáticas. Rei-
tera, pois, a posição adoptada no parecer de iniciativa sobre
produção respeitadora do ambiente (1), em que evidencia a
3.4 A situação do consumidor oportunidade de crescimento de um mercado verde no mercado
interno e também as especificidades relacionadas nomeadamen-
3.4.1 O consumidor necessita de ter a garantia de que os te com a rotulagem e o ciclo de vida dos produtos.
produtos têm desempenhos de qualidade e são eficientes a nível
energético, pelo que a informação qualitativa a disponibilizada
ao consumidor deve ser simples, exacta e eficaz.
3.5.2 Deverá ser concedido um prazo de aproximadamente 5
anos a todos os produtos abaixo da «norma considerada boa»
de forma a atingir o nível desejado. Por exemplo, na opinião do
3.4.2 O sistema de rotulagem tem de ser mais dinâmico, com Comité, os frigoríficos que não atinjam um limiar específico no
um sistema que evolua e seja actualizado em função da inova- fim desse prazo deverão deixar de ser comercializados no mer-
ção no sector. Além disso, os rótulos deverão reproduzir de cado europeu. O que está de acordo com o Plano de Acção
modo exacto as normas aplicáveis aos electrodomésticos e os para a Eficiência Energética apresentado pela Comissão Europeia
testes deverão ser mais rigorosos e precisos. em 24 de Outubro de 2006 («Os produtos que não satisfizerem
os requisitos mínimos aprovados não poderão ser colocados no
mercado»). Estas propostas estão também em sintonia com a
Directiva Concepção Ecológica e o Regulamento relativo ao
3.4.3 A fiscalização do mercado em todos os Estados-Mem-
Rótulo Ecológico.
bros é muito importante para assegurar que o aparelho corres-
ponde ao anunciado e que os consumidores obtêm aquilo a que
têm direito.
3.5.3 Além disso, é importante que a legislação sobre a con-
cepção ecológica seja aplicada o mais cedo possível a todos os
grandes electrodomésticos e que a legislação relativa ao rótulo
3.4.4 É importante referir os possíveis efeitos negativos que a energético seja revista permitindo o rápido desenvolvimento de
compra de novos electrodomésticos pode ter no ambiente se os produtos altamente eficientes: será este o cenário legislativo, que
consumidores mantiverem os antigos e os novos electrodomés- exigirá que as empresas fabriquem electrodomésticos de longa
ticos criando desta forma um «efeito de boomerang». duração e de elevada qualidade.
3.4.5 Os testes independentes feitos a consumidores consti- 3.5.4 No que respeita à actual política energética da UE e
tuem a melhor forma de promover electrodomésticos eficazes e tendo em consideração que o mecanismo da rotulagem não é
eficientes. Esses testes garantirão a qualidade e nível geral do em si suficiente para atingir os objectivos energéticos estabele-
electrodoméstico, assegurando que o produto realiza a sua fun- cidos pela UE, o CESE encoraja a Comissão a considerar novos
ção básica correctamente. instrumentos jurídicos para atingir esses objectivos.
O Presidente
do Comité Económico e Social Europeu
Mario SEPI
(1) Parecer CESE (JO C 224 de 30.8.2008, p. 1), de que foi relatora
Anna Maria DARMANIN.