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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS DE GURUPI

PROTOCOLO PARA INFLAMABILIDADE DE ESPÉCIES FLORESTAIS

2018
Coleta do Material em campo

O primeiro passo é a definição das espécies florestais que serão avaliadas, e também
de uma espécie que seja altamente inflamável como testemunha. Por exemplo, Souza (2015)
utilizou a gramínea Echinolaena inflexa (Poir.) Chase (Poaceae) como testemunha em seu
trabalho por ser comum no bioma cerrado e ser considerada de alta inflamabilidade1.
Em campo recomenda-se a divisão em duas equipes, sendo uma responsável pela
coleta do material para o teste de inflamabilidade no epirradiador, sendo necessário coletar
100 g de material combustível verde (folhas). Esse material precisará ser avaliado no
epirradiador em no máximo de duas (2) horas após a coleta, visto que após este período as
condições das amostras não estariam em condições naturais2.
A outra equipe será responsavel para coleta do material para determinação do teor de
umidade, sendo necessárias três amostras de 200 g de folhas e ramos com diâmetro inferior a
0,7 cm, excluindo folhas jovens e gemas apicais de cada espécie selecionada. Este material
previamente selecionado será pesado em campo com o axilio de uma balança de precisão a
fim de aferir massa úmida do combustível no momento da coleta (g) e após a pesagem deve-
se acondicionar e identificar em saco de papel kraft e levar a laboratorio para ser seco em
estufa (Soares & Batista, 2007).

Determinação do Teor de umidade

Em laboratório colocar os sacos de papel com 200 g do material de determinação do


teor de umidade em estura por 48 horas a 75ºC, para a determinação da massa seca do
material combustível.

1
Segundo Souza (2015), a espécie Echinolaena inflexa alcançou maior taixa de perda de massa e maior
temperatura, com as chamas consumindo 39% de sua massa, esses fatores conferiram às folhas dessa espécie
uma alta propagabilidade de fogo sendo classificada como altamente inflamavel.
2
Conforme metodologia proposta por Bruna Kovalsyki et al. (2016).

2
Instalação do aparelho

O epirradiador necessita de condições ideais para um bom funcionamento, como por


exemplo, local livre de corrente de ar, para garantir a homogeneidade das condições
meteorológicas durante o experimento. Ainda, o aparelho precisa estar ligado a tomada de 220
V (50 hertz) para que o disco central do epirradiador, que possui um diâmetro de 10 cm, possa
irradiar 7 W/cm2.
O epirradiador será acoplando a seu suporte na bancada do laboratório, sendo
necessária a existência de um bico de bunsen posicionado a 4 cm acima do centro do
epeirradiador. Ao fundo do epirradiador a uma distância de 32 cm deverá estar fixado sobre a
parede uma régua graduada de 1 em 1 centímetros até altura de 20 cm (Figura 1).
Quando for utilizar o bico de bunsen, deve-se fechar a entrada de ar e em seguida um
fosforo deve ser aceso perto do ponto mais alto da câmera de mistura. Após, a válvula de gás
será aberta dando origem a uma chama grande amarela que desprende fuligem. Esta chama
não tem uma temperatura sufuciente para o aquecimento de substância alguma, e assim, para
conseguir uma chama mais quente, a entrada de ar deve ser aberta até que se consiga uma
chama azul3.

Teste de Inflamabilidade

Leitura da temperatura

A câmera termal deve estar posicionada em cima da bancada com o foco no centro do
disco de epirradiador, durante a leitura das 50 amostras é importante que a temperatura não

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isto ocorre por que o oxigênio se mistura com o gás, tornando a queima deste mais eficiente.

3
varie mais do que 50 Cº. Neste nível constante, a temperatura do disco radiante está em torno
de 600 ºC. É nescessario que se afira a temperatura durante todas as leituras.
Amostragem de combustível e preparação

Para caracterizar corretamente a inflamabiliadade e reduzir valores de dispersão é


nescessario comparar dados coletados durante inúmeros testes e analisar suas médias, assim o
combustível deve ser o mais homogênio possivel.
Para cada espécie avaliada, deve-se realizar 50 repetições de queima no
epirradioador4. Cada queima será constituída de 1 ± 0,1 g de material combustível verde,
determinado com auxílio de uma balança de precisão. A pesagem do material e
acondicionamento do mesmo dentro do epirradiador deverá ser feito com o auxílio de uma
pinça a fim de evitar o contato direto com o material, para reduzir interferências em suas
propriedades.

Queima do material
É necessario aferir e anotar a temperatura do ambiente e no centro do epirradiador
(ºC), sendo que para isso será utilizado:

• Estação do tipo portátil para medição de umidade relativa do ar (UR %), e


velocidade do vento (m/s), no momento que antecede o início da queima.
• Câmera termal, para medição da temperatura do epirradiador.

Com o auxílio de uma filmadora- liga em 220v, será feita a filmagem de todo o
procedimento, em que cada amostra deve ser identificada falando-se a data e a espécie, ex:
03/08/2017 Sucupira 01; Sucupira 02…; Sucupira 50. O cronômetro é liberado quando a
amostra é colocada no disco radiante. Como, cada espécie terá cinquenta amostras, que
constituíra o experimento de inflamabilidade, a cada queima as cinzas serão removidas do
disco sem raspar o epirradiador, para possibilitar o uso na próxima queima.

Características analisadas
As seguintes características da combustão serão avaliadas, conforme proposto por
Petriccione (2006):

4
Conforme metodologia proposta por Bruna Kovalsyki et al. (2016).

4
• Tempo para Ignição (TI): com o axilio de um cronomero será medido o tempo
que o material leva para iniciar a combustão;
• Frequência de Ignição (FI): número de repetições em que ocorreu ignição,
considerando um TI máximo de 60 s, em queimas que ultrapassarem este
tempo serão classificadas como “queimas negativas”;
• Duração da Combustão (DC): tempo que a chama se mantém acesa;
• Índice de Combustão (IC): é a intensidade de combustão de cada queima,
sendo determinada através da média das alturas de chama, e posteriormente
classificadas segundo os índices apresentados no Tabela 1.
• Valor de Inflamabilidade (VI): atribuído de acordo com a FI e o TI (Tabela 2).
Tabela 1. Índices do valor de combustão
Índice de Comprimento da
Designação do IC
combustão (IC) chama (cm)
IC1 Muito baixa <1
IC2 Baixa 1a3
IC3 Média 4a7
IC4 Alta 8 a 12
IC5 Muito alta >12
Fonte: Petriccione (2006)

Tabela 2. Índices do valor de inflamabilidade.


FI
TI (s)
<25 25-38 39-41 42-44 45-47 48-50
>32,5 0 0 0 1 1 2
27,6-32,5 0 0 1 1 2 2
22,6-27,5 0 0 1 2 2 2
17,5-22,5 1 1 2 2 3 3
12,6-17,5 1 1 2 3 3 4
<12,6 1 2 3 3 4 5
Nota: FI- frequência de ignição e TI – tempo para ignição. O valor de inflamabilidade (VI)
será classificado em fução do número correspondente, em que: VI = 0 (fracamente
inflamável); VI = (pouco inflamável); VI = 2 (moderadamente inflamável); VI = 3
(inflámavel); VI = 4 (altamente inflamável) ou VI = 5 (extremamente inflamável). Fonte:
Valette (1992).

Verificação no vídeo
Após a queima das amostras, o vídeo será analisado, com uso das seguintes
interpretações:
• No primeiro momento, a água será vaporizada, fumaça branca em movimento
circular serão observados.

5
• No próximo passo a matéria orgânica é deteriorada, observa-se então formação de
fumaça em movimento circular azul ou preta.
• Quando começa a ocorrer faíscas, o tempo de ignição será anotado.
• O índice de combustão será avaliado de acordo com o tamanho da chama e a
intensidade de combustão.
• Quando as chamas se apagaerm, o tempo de combustão será anotado.

Referências

BATISTA, A. C. Incêndios florestais. Recife: Imprensa Universitária da UFRPE, 1990. 115


p.

KOVALSYKI, B.; TAKASHINA, I. K.; TRES, A.; TETTO, A. F.; BATISTA, A. C.


Inflamabilidade de espécies arbóreas para uso em cortinas de segurança na prevenção de
incêndios florestais. Pesquisa Florestal Barsileira, Colombo, v.36, n. 88, p. 387-391,
out./dez. 2016.

PETRICCIONE, M. Infiammabilità della lettiera di diverse specie vegetali di ambiente


Mediterraneo. 2006. 48 f. Tese (Doutorado em Biologia Aplicada) - Dipartimento di
Biologia Strutturale e Funzionale, Università Degli Studi Di Napoli Federico II, Napoli.

SOARES, R. V.; BATISTA, A. C. Incêndios florestais: controle, efeitos e uso do fogo.


Curitiba, 2007. 264 p.

SOUZA, A. S. Levantamento de plantas de baixa inflamabilidade em áreas queimadas


de cerrado no Distrito Federal e análise das suas propriedades físicas.2015. 107 f.
Disertação (Mestrado em Ciências florestais) - Departamento de engenharia florestal,
Faculdade de Tecnologia, Brasilia.

VALETTE, J. C. Inflammabilities of mediterranean species. Porto Carras: Research and


Development of the European Commission European School of Climatology and Natural
Hazards, 1992. 12 p. (Document PIF9208).

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Lista de materiais

Material de campo
• Alicate de poda e Podão
• Pincel ou etiqueta
• Saco de papel craft
• Balança de precisão
• Gabarito Diametrico (0,7 cm)
Laboratorio teor de Umidade
• Estufa
• Balança
Inflamabilidade com Epirradiador
• Régua Graduada
• Filmadora- liga em 220v
• Pinça
• Tesoura
• Luvas
• Balança digital- observar se o prumo está correto – para pesar 1,01…g do material
seco – 1º aferir a balança – pires zerar
• Cronômetro
• Câmera thermal (250 á 350 ºC) com tripé- 1,30 m – laboratório de incêndios florestais
• Fosforo ou Isqueiro
• Gás
• 2 formas de alumínio
• Termopares
• Estação meteorologica movel
• 1 colher
• 2 pires de porcelana
• 1 trena (5 m)
• 2 pares de luvas – látex
• 2 pinças

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FICHA DE DADOS PARA DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE
DATA
Nome do responsável pela coleta dos dados:

Outros componentes da equipe:

R Nome científico e popular da espécie Peso fresco (g) Peso Seco (g)

R = repetição;

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FICHA DE DADOS PARA DETERMINAÇÃO DE INFLAMABILIDADE
NO EPIRRADIADOR Horários
Nome científico e popular da espécie:
DATA: Início:
Nome do responsável:
Término:
Equipe:
R Massa (g) Posit/Negat TI (s) DC (s) Altura da chama (cm)
Velocidade do vento (m/s)
1
2 Início:
3 Término:
4
5
6 Temperatura (ºC)
7
8 Início:
9
Final:
10
11
12
13 Umidade Relativa (%)
14
15 Inicial:
16 Final:
17
18
19 Temperatura Epirradiador
20 (ºC)
21 Amostra n º T Horário
22 10
23 20
24
30
25
26 40
27
28
29 Legenda:
30 TI:Tempo para Ignição.
31 Posit/Negat: Positivo ou
32
33 Negativo
34 DC: Duração da chama
35
36 R: Repetição.
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39
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