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Arrebatamento cristão (escatologia)

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Escatologia cristã

Diferenças escatológicas

[Expandir]Os Julgamentos

[Expandir]O Milênio

[Expandir]Textos Bíblicos

[Expandir]Chave de Termos

[Expandir]Israel & A Igreja

Portal do cristianismo  v

 d

 e

Um na cama...
... Um no moinho...
... Um no campo
Ilustração de Jan Luyken, de três situações do arrebatamento descrito em Mt 24:40, por Bowyer
(1795).

“ Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como
também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe
para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas.”
Apocalipse 4.1
Arrebatamento é um conceito e termo escatológico cristão utilizado por muitos cristãos,
de várias confissões/denominações/ministérios, referindo-se — para os que o
concebem — ao biblicamente anunciado evento inicial do Fim dos Tempos, no qual
seguidores de Cristo, os então vivos e os já mortos, ambos selados com o Espírito Santo
por Javé Deus "subirão para o céu ao encontro do Senhor Jesus Cristo nos ares" [serão
arrebatados...]. Anunciam como base bíblica as passagens contidas em Daniel
9:27[1], Mateus 24:37-42; 25:14-23[2][3], Lucas 19:2-20[4], Romanos 14:10[5], 1 Coríntios 3:11-
15[6], 2 Coríntios 5:10[7], 1 Tessalonicenses 4:14-17[8], Hebreus 9:28[9], Apocalipse 1:7;
13:15[10][11].[12][13]). Muitos cristãos creem que o evento é suficientemente anunciado
por Paulo Apóstolo em 1 Tessalonicenses 4:17, na qual ele usa o termo grego
coiné ἁρπάζω (transliterado neolatino harpazo), que, via latim raptus, tem significado de
"captura", "rapto", "sequestro", "tomada à distância" (ou, ainda, "arrebatamento"). Outros,
porém, divergem desse entendimento e, com as mesmas bases bíblicas, apontam outras
interpretações. Não há, portanto, entendimento único e pacificado.
Considerados, como adiante se expõem, eventos no devir bíblico compondo um conjunto
harmônico e hermeneuticamente consistente, ainda assim, alguns questionamentos de
ordem geral colocam-se e podem, de modo sumarizado, ser assim expressos:

1. Os eventos estão corretos, vale dizer, são precisamente aqueles descritos, ou


serão doutra forma?
2. Haverá um arrebatamento da igreja de Cristo, como quer que seja?
3. Se houver o arrebatamento citado, será ele "antes da", "durante a", ou "após a"
"Grande Tribulação"?
4. Haverá, de fato, uma "Grande Tribulação? Ou ela já aconteceu?
5. Haverá uma batalha armada entre as forças do Bem e as do Mal no Vale de
Armagedom?
6. Haverá um Reino Milenar de Cristo na Terra?
7. Se houver o Reino Milenar de Cristo na Terra, após ele o que virá?
Apesar de ter sido utilizado de forma diferente no passado, o termo é frequentemente
utilizado por certos crentes para distinguir esse evento em particular da Segunda Vinda de
Jesus Cristo à Terra, em si, conforme expressa no Evangelho de Mateus, Primeira Carta
aos Coríntios, na Segunda Carta aos Tessalonicenses e no Apocalipse, geralmente,
definindo-o como que "evento precedente à Grande Tribulação, iniciando, pois, a primeira
fase da Segunda vinda de Jesus Cristo e seguido pelo Reino Milenar de Cristo.[14] Aqueles
que assim creem são, por vezes, chamados cristãos dispensacionalistas premilenaristas,
mas, mesmo entre eles, há diferentes pontos de vista sobre o tempo do alegado evento
(será "antes da", "durante a", ou "depois da" Grande Tribulação?), incerteza que atinge,
em geral, a todas as confissões, denominações ou ministérios cristãos .

Índice

 1Fundamentos escatológicos
 2Eventos no devir bíblico
o 2.1Enoque e Elias: arrebatados?
o 2.2Filipe e Paulo: arrebatados?
 3Etimologia
o 3.1Grega
o 3.2Latina
 4Traduções da Bíblia
o 4.1Traduções em inglês
o 4.2Traduções em português
 5História doutrinária
 6Variadas visões escatológicas
o 6.1Princípios bíblicos essenciais
o 6.2Presença? Uma ou duas fases?
o 6.3Destino dos arrebatados
 7Visões do tempo escatológico
o 7.1Visões pré-milenaristas
 7.1.1Pré-milenarismo pré-tribulacionista
 7.1.2Pré-milenarismo midi-tribulacionista
 7.1.3Pré-milenarismo pré-ira
 7.1.4Pré-milenarismo parcial
 7.1.5Pré-milenarismo pós-tribulacionista
 7.1.6Outras perspectivas
o 7.2Visões [não-]pré-milenaristas
 7.2.1Pós-milenarismo
 7.2.2Amilenarismo
 8Previsões de data do arrebatamento
o 8.1Previsões não confirmadas
 9Arrebatamento na cultura popular
 10Ver também
 11Referências
 12Ligações externas

Fundamentos escatológicos[editar | editar código-fonte]


A escatologia cristã tem seu foco tanto na vida, morte e ressurreição históricas de Jesus
Cristo, bem como em seu futuro retorno, ainda que lide com eventos futuros. Como afirma
Berkouwer: "Não é o desconhecimento do futuro, mas sim seu conhecimento que é
fundamental na reflexão escatológica. A verdadeira questão [que se coloca] é 'se as
expectativas bíblicas são certas ou incertas, duvidosas ou inevitáveis'." Eis uma verdade
com a qual quase todos os teólogos cristãos (católicos e evangélicos) concordam: Jesus
voltará. Os cristãos fundamentam sua esperança nesta promessa, que foi claramente
firmada por Cristo. Com efeito, tanto no sermão profético dos tempos do fim (Mt 24:27-31),
como nas parábolas dos dois servos (Mt 24:45-51), na das dez virgens (Mt 25:1-13) e na
dos talentos (Mt 25:14-30), Jesus assegurou que voltaria. Em Suas (de Jesus) próprias
palavras, Ele virá sobre as nuvens (Mt 26:64; Ap 1:7), à vista de todos (Mt 24:30), chegará
ao mesmo lugar do qual partiu (Zc 14:4; At 1:11) e "em um momento que apenas o Pai
conhece" (Mc 13:32). Embora os estudiosos normalmente concordem que Jesus voltará,
existem diferentes opiniões sobre os detalhes das circunstâncias que levarão ou se
seguirão ao retorno de Cristo. Estas diferentes opiniões estão relacionadas à sequência
dos eventos do fim, à Grande Tribulação, ao Milênio e ao futuro de Israel"[15]. Esses pontos
não receberam um entendimento único, pacificado.
Com efeito, há entendimentos divergentes entre os cristãos de diferentes confissões,
denominações ou ministérios cristãos, em relação ao tempo do retorno de Cristo, como:
(1) ele ainda acontecerá ou já aconteceu?; (2) se ainda estiver por acontecer, será em
uma ou duas etapas ou fases?; (3) se ainda estiver por acontecer, será antes da, durante
a, ou depois da Grande Tribulação? (4) qual é o significado de "encontro [com Jesus] nos
ares" descrito em 1 Ts 4:17?; (5) E a Grande Tribulação e o Armagedom, em si: como se
conciliam com o arrebatamento e o Juízo Final?. Em termos bíblicos, cabe provavelmente
bem aqui a admoestação de Jesus aos contemporâneos, conforme expressa em Mt 22:29:
"Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o
poder de Deus".[16] Muitos cristãos não aceitam o arrebatamento vinculado a pontos de
vista teológicos. Embora o termo "arrebatamento" derive do grego coiné ἁρπάζω (Versão
dos Setenta ou Septuaginta), transliterado neolatino harpazo, via latim clássico (Vulgata
latina) raptus, pelo latim medieval raptura e o francês antigo rapture, todos com o
significado de "captura", "rapto", "sequestro", "tomada à distância" (ou "arrebatamento"),
muitos cristãos como, por exemplo, Anglicanos , Católicos, Luteranos e Oriental,
Ortodoxos, bem como a maioria Calvinistas , em geral, não usam o termo
"arrebatamento" como tendo valor teológico, embora creiam no evento em si,
principalmente no sentido [genérico] de "os eleitos irem ao encontro com Cristo, no
Céu", após sua Segunda Vinda.[17][18][19] Essas denominações, todavia, não creem que um
grupo de pessoas venha a ser deixado para trás na Terra pelo período
denominado Grande tribulação, com duração de sete anos (dois períodos de tês anos e
meio, segundo a Bíblia, logo após os acontecimentos de 1 Ts 4:17)[20].
A teologia e a visão do arrebatamento pré-tribulação, embora seus defensores afirmem
estar em 1 Ts 4:17, firmaram-se no século XVII, com os pregadores puritanos Increase
e Cotton Mather, e foram, ainda, amplamente popularizados na década de 1830 por John
Nelson Darby[21][22] e os Irmãos de Plymouth,[23] e mais nos Estados Unidos pela ampla
circulação da Bíblia de Referência Scofield no início do século 20.[24] Alguns, inclusive
Grant Jeffrey, dizem que um documento anterior chamado Ephraem ou Pseudo-Ephraem
já apoiou um arrebatamento pré-tribulação[25].
A visão "pré-tribulacionista" para o arrebatamento afirma que o Senhor Jesus arrebatará
Sua igreja antes da "tribulação de sete anos" (Jo 14:1-3; 1 Ts 4:5). Segundo o
pregador estadunidenseTim LaHaye (1926 - 2016), aqueles que "interpretam a Bíblia
literalmente encontram fortes razões para crer que o arrebatamento será pré-tribulacional".
Ele ainda assevera que "O ensino a respeito do arrebatamento é uma doutrina
fundamental, porém — reforça ele conciliadoramente — o povo de Deus não precisa estar
dividido quanto a tal assunto. O importante é que Jesus Cristo voltará para buscar a sua
Igreja. Se, ou por nossa pouca dedicação ou por outra qualquer razão, nosso
entendimento (o das várias confissões cristãs, ou, mesmo, dos não-cristãos) não tem sido
suficiente para conhecer inequivocamente qual é a interpretação acertada, isso passa a
ser secundário, quando nos atemos à ordenança essencial do Senhor Jesus em Mt 24:11-
14 ("E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a
iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será
salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas
as nações, e então virá o fim."[26])"[27] Nesse sentido, pois, o essencial e precioso a todo o
que almeje ser achado digno da Salvação é a observância da Palavra de Deus em Jesus
Cristo (Jo 15",[28] Tg 1:27[29] e Ap 2:10;3:20-22[30][31]).

Eventos no devir bíblico[editar | editar código-fonte]


Embora haja interpretações variadas em certo grau e, especialmente, em sequência e em
temporalidade — por parte das várias confissões, denominações ou ministérios cristãos —
relativamente aos eventos bíblicos, notadamente os ainda por vir, até a Consumação dos
Séculos, referidos eventos bíblicos, desde a criação original, por Deus até a consumação
final em Deus, com os intermediários, podem ser apresentados como segue, com as
variações medianas notadas no evento "arrebatamento" (que recebem interpretações
diferenciadas):

Visões

"Visão pré- "Visão midi- "Visão pós-


Evento tribulacionista" tribulacionista" tribulacionista" Amilenarismo, ou
no Sequência de Sequência de Sequência de Nunc-milenarismo
devir eventos para o eventos para o eventos para o (Agora-
bíblico Arrebatamento Arrebatamento Arrebatamento milenarismo)
Pré-Tribulação Midi-Tribulação Pós-Tribulação
1.º Criação, por Deus Criação, por Deus Criação, por Deus Criação, por Deus

Queda Humana Queda humana Queda humana Queda humana


2.º
Original original original original

Era humana antes de Era humana antes de Era humana antes de Era humana antes
3.º
Jesus Cristo Jesus Cristo Jesus Cristo de Jesus Cristo

Plenitude dos Plenitude dos Plenitude dos Plenitude dos


4.º Tempos: a vinda de Tempos: a vinda de Tempos: a vinda de Tempos: a vinda de
Jesus Cristo Jesus Cristo Jesus Cristo Jesus Cristo

Era humana após Era humana após Era humana após ---> Milênio já está
5.º
Jesus Cristo Jesus Cristo Jesus Cristo em curso

---> Milênio já está


6.º Princípio das dores Princípio das dores Princípio das dores
em curso

Grande tribulação &


Arrebatamento da ---> Milênio já está
7.º arrebatamento da Grande tribulação
Igreja em curso
igreja

Arrebatamento da ---> Milênio já está


8.º Grande tribulação Grande tribulação
igreja em curso

---> Milênio já está


9.º Armagedom Armagedom Armagedom
em curso

Reino Milenar de Reino Milenar de Reino Milenar de ---> Milênio já está


10.º
Cristo Cristo Cristo em curso

Fim dos Tempos Fim dos Tempos Fim dos Tempos Fim dos Tempos
11.º
(Juízo Final) (Juízo Final) (Juízo Final) (Juízo Final)

Retorno a Deus Retorno a Deus Retorno a Deus Retorno a Deus


12.º ("Novo Céu e Nova ("Novo Céu e Nova ("Novo Céu e Nova ("Novo Céu e Nova
Terra") Terra") Terra") Terra")

As divergências ainda presentes na interpretação por parte das várias confissões,


denominações ou ministérios cristãos referem-se particularmente à ordem e à
temporalidade dos eventos (6.º e 7.º), havendo concordância nos demais. Sob o ponto de
vista estritamente contingencial e estratégico, pode-se considerar que a "visão pré-
tribulacionista" seja a mais conservadora e, pois, na dinâmica dos acontecimentos da
história humana, sob a perspectiva bíblica da Consumação dos Tempos, a mais
responsável e a mais segura das três visões, sem qualquer afetação de vaidade. Essa
constatação simples deve-se ao fato de imediata percepção de que — se o arrebatamento
da igreja for, como prenunciam eles, um evento anterior à Grande Tribulação (isto é, pré-
Tribulação), segue-se, então, que todos os demais colherão as consequências de não
haverem interpretado corretamente e, pois, necessariamente, participarão da Grande
Tribulação, posto que o "arrebatamento primeiro" ter-se-á consumado. Doutra sorte, se,
por razões que escapam à capacidade interpretativa humana, alguma das outras visões
("visão midi-tribulacionista" ou "visão pós-tribulacionista", ou, mesmo a "visão [a-
]milenarista" ) for a prevalente de fato e afinal", ainda assim, aqueles que tiverem
sustentado sua fé lastreados na primeira visão estarão, em princípio, salvaguardados, em
razão de haverem feito, a priori, uma escolha escatológica efetivamente "mais precavida",
tendo em vista a gravidade e a natureza finalística do mérito — o retorno à comunhão
perfeita com Deus.
Enoque e Elias: arrebatados?[editar | editar código-fonte]
O evento "arrebatamento da igreja na iminência do Fim dos Tempos" não deve ser
confundido com os eventos isolados e singulares acontecidos no Antigo Testamento,
nomeadamente com Enoque, o sétimo patriarca bíblico ("Enoque andou sempre em
comunhão com Deus e um dia desapareceu, porquanto Deus o arrebatou!" Gn 5:24[32]),
assim também com o Elias, o tisbita, profeta do Senhor Yahweh;[33] ("Enquanto estavam
caminhando e conversando, um carro de fogo, puxado por cavalos em chamas, separou-
os um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho." 2 Rs 2:11[34], ou, no todo, em 2 Rs
2:1-12[35]).
Essa cautela distintiva tem a seguinte explicação primordial: embora, em ambas as
situações (a do Antigo Testamento, com Enoque e Elias, e a do Novo Testamento em
iminência escatológica do Fim dos Tempos), "tenha ocorrido uma "inesperada, repentina e
súbita subida dos homens de Deus ao Céu, por ação da parte do próprio Deus", as
finalidades lá (Antigo Testamento) e a por vir (na iminência do Fim dos Tempos) são
diferentes quanto à consumação. Nalgumas traduções ou versões, termos como "não mais
se viu", "subiu", "fora tomado", "transladou" e, até mesmo, "arrebatou" ou "foi arrebatado"
são encontradas. Quando se cotejam as várias traduções com o original hebraico ( :‫ֹלהים‬ ִ ֱ‫א‬
‫ֹלהים חֲ נֹוְך וַיִ ְתהַ לֵּ ְך‬
ִ ֱ‫ הָ א‬-‫ לָ ַקח אֹתֹו וְאֵּ ינֶּנּו אֶ ת‬-‫ כִ י‬para Gn 5:24[36]) e ( ‫ בַ ְסעָ ָרה אֵּ ִליָהּו ַויַעַ ל ְשנֵּיהֶ ם בֵּ ין‬:‫הַ ָש ָמיִם‬
‫ ו ְִהּנֵּה ו ְַדבֵּ ר הָ לֹוְך הֹ ְלכִ ים הֵּ ָמה ַוי ְִהי‬-‫ ַוי ְַפ ִרדּו אֵּ ש וְסּוסֵּ י אֵּ ש ֶרכֶב‬para 2 Rs 2:11[37]) — e quando se
estuda a Bíblia Sagrada na sua totalidade, de modo complementar e integrado — essas
confusões desaparecem.
Filipe e Paulo: arrebatados?[editar | editar código-fonte]
No Novo Testamento, um "arrebatamento finalístico específico, local e temporal acha-se
relatado no livro de Atos dos Apóstolos, especificamente em At 8:39[38]:

 "(39) E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu
mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho. (40) E Filipe se achou em Azoto
e, indo passando, anunciava o evangelho."
Novamente, nessa passagem, vê-se tratar-se de um "arrebatamento" de um lugar e tempo
para outro lugar tempo, evidentemente com ação do Espírito Santo. Mas, não foi
"arrebatamento escatológico".
Ainda no Novo Testamento, na sua Segunda Carta aos Coríntios, 2 Co 12:1-4[39], o
Apóstolo Paulo descreve um "arrebatamento" (possivelmente seu próprio...):

 "(1) Considerando, pois, ser necessário que vos exponha minhas glórias, embora não
me seja vantajoso orgulhar-me, passarei às visões e revelações do Senhor.
 (2) Conheço um homem em Cristo que há quatorze anos foi arrebatado ao terceiro
céu. Se foi no corpo ou fora do corpo, não entendo exatamente, Deus o sabe.
 (3) Mas sei que esse homem, se isso ocorreu no corpo ou fora do corpo, não sei, mas
certamente Deus o sabe,
 (4) foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inexprimíveis, as quais não é concedido
ao homem comentar."
Semelhantemente, aqui se compreende que o "arrebatamento" citado foi, novamente,
temporário, finalístico e específico, também pelo Espírito Santo, embora não tenha sido
"arrebatamento escatológico".

Etimologia[editar | editar código-fonte]


"Arrebatamento" provém do termo grego coiné ἁρπάζω (Versão dos Setenta
ou Septuaginta), transliterado neolatino harpazo, via latim clássico (Vulgata
latina) raptus e latim medieval raptura e o francês antigo rapture, todos com o significado
de "captura", "rapto", "sequestro", "tomada à distância" (ou "arrebatamento").[40]
Grega[editar | editar código-fonte]
O grego Coinê de 1 Ts 4:17 usa o verbo ἁρπαγησόμεθα (harpagisometha), que significa
"seremos arrebatados" ou "tomados à distância", a dizer que será acontecimento
repentino. A forma dicionarizada do verbo grego é ἁρπάζω (harpazō). Esse uso se vê
também em textos como Atos 8:8-39, 2 Coríntios 12:2-4 e Apocalipse 12:5.
Latina[editar | editar código-fonte]
A Vulgata latina traduz o grego ἁρπαγησόμεθα como rapiemur [41] significando "nós somos
captados" ou "nós somos levados embora", a partir do verbo latino rapio, com o significado
"apanhar, pegar" ou "tomar para si".[42]

Traduções da Bíblia[editar | editar código-fonte]


Versões diferentes da Bíblia Sagrada, em idiomas diferentes, têm manifestado o conceito
de rapiemur de várias maneiras, algumas das quais se apresentam a seguir.
Traduções em inglês[editar | editar código-fonte]

 Bíblia Wycliffe (1395), traduzido da Vulgata latina, usa o termo "apressado".[43]


 Bíblia Tyndale (1525), Bíblia do Bispo [Bishop's Bible] (1568), Bíblia de
Genebra (1587) e Bíblia King James (1611) usam o termo "apanhado" para se
referirem ao "arrebatamento" de 1 Ts 4:17.[44]
 Bíblia online (1995-2005) traduz o grego de 1 Ts 4:17[45] por "apanhado de repente"
[com nota: "ou arrebatado"]. Como o verbo ἁρπάζω indica ação rápida ou súbita, o
termo adverbial "de repente" realça essa ideia apenas implícita, mas clara no texto
grego.
Traduções em português[editar | editar código-fonte]

 Bíblia Almeida: Bíblia Almeida (cristã não-católica, 66 livros), disponível nas versões
Revista e Corrigida (ARC) e Revista e Atualizada (ARA);
 Bíblia Ave Maria: Bíblia em versão católica (73 livros, incluídos os
considerados deuterocanônicos por outras confissões);
 Bíblia (de) Jerusalém:
 Bíblia King James:
 Bíblia (das) Testemunhas de Jeová:
Para mais versões, ver Traduções da Bíblia em língua portuguesa, bem como Traduções
da Bíblia em línguas indígenas do Brasil.
Há, ainda, várias versões, ou simples ou compostas, online, disponíveis na Internet:

 BibliaOnline: que exibe várias versões, em vários idiomas (seis em língua portuguesa
e quarenta versões múltiplas noutras línguas, cada qual, usualmente, com pelo menos
três subversões).
 Bíblia King James em português, online: com apresentação do texto bíblico em
português e possibilidade de recurso ao latim, grego ou hebraico, além do inglês.
 Tradução brasileira da Bíblia: a chamada Tradução
brasileira da Bíblia (originalmente Tradução Brazileira, também conhecida
como Versão brasileira, ou Edição brasileira) foi publicada no início do século XX,
visando a substituição da antiga versão Almeida. Entre suas características estão a
literalidade e a fidelidade ao texto base, com a colaboração de vários eruditos
brasileiros. O trabalho de tradução ocorreu de 1902 a 1914. A qualidade do literalismo
de seu texto valeu-lhe o apelido de Tira-Teima, sendo assim conhecida como TT.

História doutrinária[editar | editar código-fonte]


A Igreja Católica geralmente não considera haver profecia bíblica escatológica em textos
como Daniel e Apocalipse, referindo eventos estritamente futuros (quando vistos a partir
do ponto de vista dos tempos atuais). Contudo, em 1590 Francisco Ribera, um jesuíta,
professor de "futurismo cristão", ensinava que a maioria das ideias do Apocalipse é, sim,
sobre um futuro iminente (em vez de referir certas profecias que já se cumpriram nos
primeiros anos da igreja). Ele ensinava, também, que o evento de "encontro dos eleitos
com o Senhor Jesus [nos ares]" (semelhante ao que hoje é chamado de arrebatamento)
aconteceria 45 dias antes do término dos primeiros três anos e meio da Grande
Tribulação. Nesse sentido, pode-se considerá-lo como tendo, sido naquela ocasião, um
professo católico "midi-tribulacionista".
O conceito de arrebatamento em conexão com Pré-milenarismo foi expresso no século 17
pelos pregadores puritanos estadunidenses Increase e Cotton Mather. Eles sustentaram a
ideia de que os crentes seriam arrebatados no ar, seguido por juízos na terra, e, logo após,
pelo Milênio de Cristo .[46][47] Ainda no século 17, outros usos das expressões do
arrebatamento encontraram-se nos trabalhos de Robert Maton, Nathaniel Casas, John
Browne, Vincent Thomas, Henry Danvers, e William Sherwin.[48] O termo arrebatamento foi
ainda usado por Philip Doddridge[49] e John Gill[50] em seus "Comentários aos Novo
Testamento", com a ideia de que os crentes seriam "apanhados" (ou "arrebatados) antes
do julgamento na Terra e da Segunda vinda de Jesus Cristo.
Há, pelo menos uma referência no século 18, e duas no século 19, sobre o arrebatamento
pré-tribulação. Um ensaio publicado em 1788, na Filadélfia pelo batista Morgan Edwards,
que articulou o conceito de um arrebatamento pré-tribulação,[51] nos escritos do sacerdote
católico Manuel Lacunza, em 1812,[52] e por John Nelson Darby, em 1827.[53] Manuel
Lacunza (1731-1801), um padre jesuíta (sob o pseudônimo de "Juan Josafat Ben Ezra"),
escreveu uma obra apocalíptica intitulada La venida del Mesías en gloria y majestad (A
Vinda do Messias em Glória e Majestade), que veio a lume em 1811, 10 anos após a sua
morte. Em 1827, ele foi traduzido para o inglês pelo ministro escocês Edward Irving.
Dr. Samuel Prideaux Tregelles (1813-1875), um proeminente teólogo inglês e estudioso da
bíblia, escreveu um panfleto, em 1866, traçando o conceito do arrebatamento pelas obras
de John Darby de volta para Edward Irving.[54]
Matthew Henry, em Uma Exposição do Antigo e do Novo Testamento (1828), usa a
palavra "arrebatamento" para explicar 1 Ts 4:17.[55]
Apesar de não utilizar o termo "arrebatamento", a ideia foi mais plenamente desenvolvida
por Edward Irving (1792-1834). Em 1825,[56] Irving dedicou-se ao estudo de profecia
bíblica e, por fim, aceitou, da parte de James Henthorn Todd, Samuel Roffey Maitland,
Roberto Belarmino e Francisco Ribera, a ideia do Anticristo derradeiro como sendo um
homem, mas ele foi um passo além. Irving começou a ensinar a ideia do Retorno de
Cristo em duas fases, a primeira fase consistindo de um arrebatamento secreto antes da
manifestação do Anticristo. Edward Miller descreveu o ensino de Irving assim: "Há três
encontros: o primeiro, dos primeiros frutos da colheita, as virgens prudentes que seguem
o Cordeiro aonde quer que Ele vá; a seguir, a abundante colheita reunida depois por Deus;
e, por último, a reunião dos ímpios para o castigo".[57]
John Nelson Darby propôs pela primeira vez e popularizou o arrebatamento pré-tribulação
em 1827.[58] Esse ponto de vista foi aceito entre muitos outros movimentos "Irmãos de
Plymouth" na Inglaterra. Darby e outros proeminentes Irmãos faziam parte dos Movimento
dos Irmãos que impactou o Cristianismo estadunidense, especialmente com os
movimentos e ensinamentos associados à Escatologia Cristã e ao Fundamentalismo,
principalmente por seus escritos. Essas influências incluíram o Movimento Conferência
Bíblica, a partir de 1878, com a Conferência Bíblica Niágara. Essas conferências, que
foram inicialmente inclusivas de pré-milenaristas historiadores e futuristas, conduziu a uma
crescente aceitação de pontos de vista futuristas pré-milenaristas e o arrebatamento pré-
tribulação, especialmente entre
crentes Batistas, Congregacionalistas e Presbiterianos.[59] Livros populares também
contribuíram para a aceitação do arrebatamento pré-tribulação, incluindo Jesus está
voltando (William E. Blackstone, publicado em 1878),[60] que vendeu mais de 1,3 milhão de
cópias, e a Bíblia de Referência Scofield, publicada em 1909 e 1919 e revisada em
1967.[61]
A Igreja Católica Romana, a Igreja Ortodoxa Oriental,[62] a Comunhão Anglicana, a Igreja
Luterana e muitas denominações cristãs Calvinistas, não têm a tradição de um retorno
preliminar de Cristo. A Igreja Ortodoxa, por exemplo, rejeita o retorno preliminar, porque
isso, segundo ela, depende de uma interpretação milenar das escrituras proféticas, em
lugar das visões amilenarista ou pós-milenarista.[63]
Alguns defensores da visão pré-tribulação, tal como Grant Jeffrey,[64] afirmam que a mais
antiga e conhecida referência extra-bíblica para o arrebatamento pré-tribulação é um
tratado do século VII, conhecido como o "Apocalipse de Pseudo-Ephraem", o Sírio.
Diferentes autores têm proposto várias versões diferentes do texto de Ephraem como
autênticas e há opiniões divergentes quanto a saber se ele suporta a crença em um
arrebatamento pré-tribulação.[65][66] Numa versão do texto lê-se, "Porque todos os santos e
eleitos de Deus estão reunidos antes da tribulação que há de vir, e são levados para o
Senhor, para que não vejam a confusão que dominará o mundo, por causa dos nossos
pecados.".[67][68]
O aumento da crença no arrebatamento pré-tribulação é muitas vezes erroneamente
atribuído a uma garota visionária Escocês-Irlandês, em 1830, então com 15 anos,
chamada Margaret McDonald, que teria sido dos primeiros a receber um batismo espiritual
em um despertar Pentecostal na Escócia. Diz-se que, em 1830, ela teve uma visão do fim
dos tempos, que descreve uma visão pós-tribulação do arrebatamento, que foi publicado
pela primeira vez em 1840. Ele foi republicado em 1861, mas duas passagens
importantes, demonstrando uma visão pós-tribulação foram removidas para incentivar a
confusão sobre o tempo do arrebatamento. As duas passagens removidas foram: "Esta é a
ardente provação que há de nos tentar. Será para a limpeza e purificação dos verdadeiros
membros do corpo de Jesus" e "O julgamento da Igreja vem do Anticristo. É por ser cheios
do Espírito Santo que nós seremos mantidos".[69][70]
Em 1957, John Walvoord, um teólogo no Dallas Theological Seminary, escreveu um
livro, A Questão do Arrebatamento, que deu suporte teológico para o arrebatamento pré-
tribulação,[71] e vendeu mais de 65.000 cópias. Em 1958, J. Dwight Pentecosts autor de
outro livro de apoio ao arrebatamento pré-tribulação, O que está por Vir: Um Estudo da
Escatologia Bíblica, que vendeu 215.000 cópias.
Durante a década de 1970, a crença no arrebatamento tornou-se popular em círculos mais
amplos, em parte, porque os livros de Hal Lindsey, incluindo O Final do Grande Planeta
Terra, que já teria vendido entre 15 milhões e 35 milhões de cópias, e o filme Um Ladrão
na Noite, cujo título baseia-se na passagem bíblica de 1 Ts 5:2. Lindsey proclamou que o
arrebatamento é iminente, baseada em condições do mundo no momento.[72]
Em 1995, a doutrina do arrebatamento pré-tribulação foi mais popularizado pela série de
livros Deixados para trás, de Tim LaHaye, que venderam dezenas de milhões de
cópias,[73] além de terem originado vários filmes, bem como quatro jogos de vídeo com
estratégia de tempo real.

Variadas visões escatológicas

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