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DEUSES DO
ESPAÇO
Antigos astronautas
e o mito de Cthullu
na ficção e no fato
JASON COLAVITO
Tradução: Nouah Caroline L. Batista
Igor M. Buogo
I
Alienígenas nos mitos
Uma das mais dramáticas ideias encontradas no mito de Cthlullu é a sugestão de que
seres extraterrestres chegaram à Terra em um passado distante, foram responsáveis por
antigos monumentos arquitetônicos de pedra, e inspiraram as primeiras mitologias e
religiões da humanidade. Em 1970, essa premissa básica foi ressuscitada como a teoria
dos antigos astronautas, uma hipótese que ganhou popularidade generalizada graças ao
livro do hoteleiro suíço Erich Von Däniken, Chariots of the Gods? (Eram os deuses
astronautas?) (1968) e sua adaptação televisiva, In search of ancient astronautas (1973),
estrelado por Rod Serling, famoso por The Twilight Zone. De acordo com a pesquisa
feita por Kenneth L. Feder, no auge da popularidade de Von Däniken em 1970 e 80, um
em cada quatro universitários aceitavam a teoria dos antigos astronautas, mas 20 anos
após, eram menos que dez por cento (1978). Embora a ciência do mainstream não
reconheça intervenção extraterrestre na história humana, a teoria continua a receber
exposição em documentários de televisão a cabo, em revistas, e em uma infinidade de
livros.
Muitos críticos de Lovecraft notaram que sua visão dos mitos mudou
através do tempo, com o divino e o semi-sobrenatural Ctulhu de O chamado de Cthulhu
gradualmente dando caminho para alienígenas totalmente materiais em Nas Montanhas
da Loucura. Muitos escritores de mitos, começando com August Derleth, ficaram
desanimados com as contradições da escrita de Lovecraft (e.x, Cthulhu é um dos
Antigos em Call of Cthulhu, mas meramente um primo deles em The Dunwich Horror;
os Antigos mudaram de identidades muitas vezes também), e eles estiveram tentados à
sistematizar os mitos. No entanto, os escritos de Lovecraft refletem a maneira real como
os mitos se desenvolvem, com mudanças e contradições e anomalias. Isto é composto
pelo fato de que Lovecraft não escrevia como um narrador onisciente, mas preferia
apresentar seus mitos através dos olhos de estudiosos e escritores que tinham somente
parte da história, e assim sendo não poderiam apresentar a verdade inteira. Mesmo em
Necronomicon, Abdul Alhazed (implicitamente) estava a par apenas de sugestões e
rumores e interpretações dos mitos através das mitologias do Oriente Próximo que ele
conhecia. Em outras palavras, os contos de mito de Lovecraft mostram para nós uma
fragmentada, inconstante e incerta visão dos seres alienígenas refletidas através de
preconceitos e dos limites mentais de todos que os encontraram.
RESUMO
“Estas massas viscosas eram sem dúvida o que Abdul Alhazred murmurou
sobre os Shoggoths em seu assustador Necronomicon, apesar de mesmo
aquele louco árabe não ter sugerido que algum existisse na terra exceto nos
sonhos daqueles que mastigaram certa erva alcalóide.”
A ideia de que a vida possa existir em outros mundos não foi única de Lovecraft, é
claro, e o conceito tem uma longa história datando dos primeiros filósofos gregos que
especularam sobre a natureza das coisas nos outros mundos. Anaxagoras (c. 500 – 428
A.E.C) propôs que a vida começou de ‘‘sementes’’ que se espalharam pelo universo;
Anaxarchus (c. 340 AEC) pensou que devia haver uma infinidade de mundos, e Epicuro
(341 – 270 AEC) sentiu existência de vida em muitos planetas ao longo da vastidão do
espaço. Estes filósofos, contudo, não propuseram a visita desses alienígenas à terra.
RESUMO
RESUMO
“As posições ocupadas pelos seres divinos de Venus são naturalmente aquelas de
governantes, instrutores religiosos, e professores de artes, e é nesta última capacidade
que uma referência às artes ensinadas por eles veio à nossa ajuda em consideração à
história dessa primeira raça”. (W. Scott-Eliot, The Lost Lemuria (1904) (RUIM!)
H.P. Lovecraft leu tanto The Book of the Damned como Scott-Elliot, no
volume compilado The Story of Atlantis and Lost Lemuria (1925), e destas ideias
fragmentadas sobre visitantes alienígenas na pré-história imaginou (mais-ou-menos)
alienígenas de carne e sangue chegando à terra no passado distante e tudo o mais que
este fato implicou.
III
ANTIGOS ASTRONAUTAS APÓS LOVECRAFT
Manhã dos Mágicos tornou-se uma das mais importantes fontes para Erich
Von Däniken, o escritor suiço cujo Chariots of the Gods trouxe o que até agora tem sido
uma teoria conhecida somente para teosofistas, aficionados por Lovecraft e teóricos da
cultura do mainstream. Von Däniken não mencionou Pauwels e Bergier em seus
trabalhos, no entanto, só até uma ação judicial forçá-lo a divulgar as fontes que ele
parafraseou em Chariots. Depois disso a bibliografia de Chariots listou os escritores
franceses de livros na tradução alemã de 1962. Dezenas de milhares de cópias de
Chariots e suas seqüências são vendidas, e a teoria dos antigos astronautas se torna um
fenômeno cultural, aparecendo em filmes, no programa do Johnny Carson, na Playboy,
e em praticamente qualquer lugar as pessoas estavam falando sobre o passado.
Então o que faz com que tantos acreditem que alienígenas visitaram nossos
ancestrais?
IV
AS EVIDÊNCIAS DOS ALIENÍGENAS
A teoria dos antigos astronautas, desenvolvida pelas mãos de Pauwels e Bergier, von
Daniken, e outros, utiliza uma combinação sugestiva de evidências arqueológicas,
mitológicas e artísticas. Embora os crentes interpretem cada parte da história antiga
como defesa da teoria dos antigos astronautas, em resumo, as mais importantes
evidências são as seguintes:
Evidência arqueológica
Os crentes sustentam que cidades e monumentos antigos espalhados por
todo o mundo demonstram três importantes propriedades que se relacionam às suas
origens não-humanas. Em primeiro lugar, a maioria é composta de rochas que pesam o
suficiente a ponto de parecer impossível que humanos ordinários as tenham movido. Por
exemplo, os blocos que sustentam a Grande Pirâmide do Egito pesam tanto quanto
cinqüenta toneladas cada, e as pedras das fortalezas Incas de Sacsayhuaman pesam
aproximadamente duas toneladas cada. Além disso, os crentes sustentam que esses
sítios antigos estão dispostos e construídos com uma precisão que é incomparável às
mais modernas construções contemporâneas. A Grande Pirâmide, por exemplo, é dito
que foi erguida numa base com 0,049 polegadas; suas laterais são orientadas às direções
cardinais com três minutos de arco, algo incomparável nas mais novas construções
modernas. Diz-se que este tipo de engenharia só seria possível com ajuda alienígena,
sejam como os próprios construtores ou como professores que concederam o
conhecimento para tais técnicas de construção.
Em segundo lugar, os crentes argumentam que locais e artefatos antigos
contem dados científicos que deveriam ser desconhecidos para as pessoas da Idade da
Pedra. A Grande Pirâmide, para pegar um exemplo familiar, é dita ser um modelo em
escala acurada do hemisfério norte da Terra milhares de anos antes de Eratóstenes
estimar a circunferência do planeta. É também dito que ela está construída no exato
centro do continente terrestre. A monumental pirâmide de Teotihuacan na antiga cidade
do México é também dita ser uma modelo em escala do sistema solar.
Em terceiro lugar, artefatos anômalos representam tecnologia avançada das
possíveis origens não-humanas. A famosa ‘‘bateria de Bagdá’’ é um jarro pequeno que
pode ter tido eletrodos que poderiam ter produzido uma pequena descarga elétrica
quando expostos no vinagre. Pequenas estátuas de abelhas douradas no México podem
ter sido representações de astronaves antigas. Uma vela de ignição elétrica pode ter sido
encontrada dentro de uma rocha de bilhões de anos conhecido como o ‘‘artefato Coso’’.
Evidência mitológica
Antigos mitos e lendas recordam a chegada dos alienígenas e seus atos
sobre a terra. Os crentes na teoria dos antigos astronautas são um unidos em suas
crenças de que mitos e livros sagrados são relatos factuais de eventos que aconteceram
no mundo real. O apócrifo Livro de Enoque é um dos favoritos, junto com a lenda do
profeta judeu ascendendo ao céu numa carruagem de fogo. A visão bíblica de Ezequiel,
que viu uma aparição de rodas interligadas em chamas, é relacionada com a
representação de um encontro com um disco voador. A destruição de Sodoma e
Gomorra por fogo e enxofre é sugestivamente o relato de alienígenas derrubando uma
bomba atômica. Em outro lugar, aparições mitológicas de deuses salvadores como
Oannes na Suméria, Osiris no Egito, Quetzcalcoatl no México, e Viracocha, no Peru,
são pensadas como sendo relatos factuais de alienígenas antropomórficos trazendo
civilização à tribos antigas e ignorantes. A mitologia Hindu é uma fonte de provas
especialmente rica por conta de suas descrições de máquinas voadoras, armas de raio, e
explosões que lembram detonações atômicas.
Evidência artística
A arte antiga mostra imagens de alienígenas e suas tecnologias avançadas,
de acordo com os crentes. Arte aborígene em cavernas na Austrália retrata seres com
círculos ao redor de suas cabeças, obviamente os capacetes dos alienígenas espaciais.
Similarmente, antigas estátuas japonesas de monstros rotundos na verdade mostram
alienígenas em grossos trajes espaciais. Dizem que pintura medievais contem imagens
de círculos que voam ou carruagens aerodinâmicas que lembram discos voadores e
foguetes. A tampa da tumba do rei maia de Palenque (Pakal, o Grande) não mostra o rei
no submundo, mas sim o retrata no controle de um instrumento tecnológico,
possivelmente um foguete. A imagem de uma flor de lótus no templo egípcio de
Dendera é na verdade uma representação de uma lâmpada elétrica, completa com poder
e filamento. Acredita-se que mapas antigos mostram a) a Terra como se fosse
representada através do espaço, b) o mundo como ele era na Idade do Gelo antes da
civilização humana, c) a Antártida séculos antes de sua descoberta em 1818
V
A CIÊNCIA
Arqueológica:
Mitos antigos não tem correlação direta com eventos do passado distante. Ao invés
disso, eles são uma complexa rede de simbolismos, crenças religiosas, eventos históricos, e
imaginação. Pode haver alguma verdade distorcida por trás dos mitos (como a descoberta de
Tróia), mas eles não podem ser interpretados como relatos literais de acontecimentos históricos.
Nem mesmo os mitos são consistentes ao longo do tempo. O mito de Jasão e o Velocino de
Ouro, por exemplo, mostra mudanças significativas de seus eventos mais importantes entre suas
formas primárias de registro e a versão mais conhecida, escrita por Apollonius de Rodes muitos
séculos depois. Nas primeiras formas do mito, é incerto se mesmo o Velocino de Ouro estava
presente – muito diferente destes como Robert Temple ou Erich von Daniken que assumem que
uma só versão do mito se manteve por todo o tempo, poderia ser considerada a definitiva, e
poderia ser literalmente interpretada como evidencia de intervenção alienígena. A mitologia
deve ser vista em seu contexto cultural, e qualquer interpretação deve considerar as mudanças,
distorções, e mutações que se acumularam ao longo do tempo como uma história oral que é
recontada, vem em contato com histórias de outras terras e culturas, e eventualmente ganha uma
forma escrita. Isto não é diferente das variantes contradições das lendas dos Mitos encontrados
nas próprias histórias de Lovecraft.
Artística:
Novamente, a arte dos ancestrais não deve ser vista como um registro literal de
eventos que aconteceram antes dos artistas. Muitos trabalhos de arte pré-histórica, como as
pinturas nas cavernas, retratam xamãs engajados em rituais designados à lhes atribuir poder do
mundo dos mortos e de seus animais espirituais. Estas não podem ser vistas literalmente mas
sim no contexto cultural e nos termos de visão de estranhas formas e silhuetas humanas quando
vistas no estado de transe do xamã. Outras peças de arte dos ancestrais, como a lâmpada elétrica
de Dendera ou a tampa do caixão de Palenque, devem ser vistas à luz de outras representações
artísticas do período, não por si mesmas, no intuito de compreender o simbolismo e as
convenções artísticas usadas no trabalho. Nem parece muito com antigas representações de
tecnologia quando comparadas à outras representações egípcias da flor de lótus, ou da arte
funeral maia. Nenhum pedaço existe em isolamento, e uma interpretação baseada apenas
naquilo que algo “se parece” ao invés de seu local no amplo quadro cultural irá levar a
correlações equivocadas.
VI
CONCLUSÕES