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Rev. Odo"t.

UNESP, São Paulo


13(1/2): t 23- t 29, t 984.

DESGASTE DE PATERSON - ANÁLISE DA CURVA DE


COMPENSAÇÃO COM VARIAÇÕES
NA REGIÃO ANTERIOR*

José Eduardo Junho de ARAÚJO**


Sunao Taga TAMAKI***
Tadachi TAMAKI***

RESUMO: Neste trabalho foram avaliadas as curvas de cOl11pensarüo ohtidas pela introdllç'üo de variá-
veis nos planos de cera. Para tanto, furam seleciunadus lO pacientes do sexo fel11inino. rara hl'U!1ca. idade 24
a 52 anos, nos quais procedeu-se as moldaRens anatômicas e fU!1cionais. realizarüo dos /Jlanos de cera supe-
rior e inferior (' 'a' '), e montaRem em articulador totalmente ajustável T. T. A partir destes, duas ré/J!icas "h"
e "c" foram confeccionadas e nestes realizou-se variações na re)!.ião anterior do /Jlano de cera. Nos /Jlanos de
cera "a ", "b" e "c" foram feitas canaletas e preenchidas COI11 abrasivo para execuç'Úo do des}.!,aste de P /1-
TERSON, para individualização das curvas de cUl11pensaçüu. A traves de ul11a l11elUdolo}.!,ia. desenvolvida pa-
ra este trabalho, foram mensuradas as variaçdes entre as curvas de (,o/llpenÇ(Jção,

UNITERMOS: Dentadura completa; uclusão; desf!.oste dI:' Paterson,

INTRODUÇÃO dades fisiológicas, os pontos de contacto


com o antagonista, sendo dois posteriores,
Um dos grandes desafios na confecção um de cada lado e um terceiro ponto ante-
de Próteses Totais é o estabelecimento da rior, sem nesta época sequer conhecer com
posição da mandíbula em relação à maxila profundidade os movimentos mandibulares.
nos planos vertical e horizontal. Tratando Nos primeiros estudos sobre oclusão,
desse assunto, já em 1939, dizia HART 13 uma série de autores acreditava na relação
com muita propriedade: "visualize a constante entre a curva oclusal dos dentes e a
madíbula como um tripé invertido, em que face anterior da superfície articular do côn-
os côndilos são os dois pés e os dentes quan- dilo ó.7.IO.JO.33.34.36.
do ocluídos são o terceiro. Remova os dentes Entretanto, em 1919, NAGAO 17, estu-
e se perdeu o terceiro tripé. O sucesso da res- dando crânios de animais e homens, não en-
tauração só pode ser novamente obtido controu correlação direta entre a curva de
quando restaurado mecanicamente para fun- compensação e a inclinação da parede ante-
cionar em harmonia com os movimentos rior da fossa gIenóide e também refutou a
mandibulares". Desafio este que data desde idéia de SPEE';'***'í' de que nos movimentos
1878, quando BONW I LL 2 ao reconstituir protrusivos, a trajetória condilar e a curva
aquela relação maxilo-mandibular já se de compensação estiveram numa mesma cur-
preocupava em dispor os dentes em curva as- va. Seus achados foram consubstanciados e
cendente para estábelecer, durante as ati vi- complementados por estudos realizados por

* Resumo da Tese apresentada no Curso de P6s-(jl'adll3s:üo em (,llnicas Odontológicas, lli\'d d\.' I\·ksll'ado. da I·a\.'llldad\.' ,k
Odontologia da Universidade de São Paulo,
Deparlamento de Materiais Odonlológicos e Prótese- !'acnldade de Odolllologia .-- LJNl-:SI' -12.200 - ':.. Iosc' d,h (-alllpos- SI',
DepartamenlO de rr6lese - Faculdade de Odontologia - USI' -- o~,,(,I~ - S;io I'anl,) - SI'.
CoorUenador do Curso de PÓs-Gradua\.'ão - Faculdade de OdOlllOlol!ia- USI' -- O",,(,X - S;io I'alllo - SI',
VON SPEE - Aptld Tamaki. '1',10 -

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ARAÚJO, .I.E . .!. de ef a/ii - Desgaste de Paterson - Análise da curva de compensaçào com variações na regiào ante-
rior. Rev. Odonl. lJNESP, São Paulo, 13( I 12):) 23-129. 1984.

CAREY & DNT4, DAWSONH, HALLII, dos, relação maxilo mandibular normal, e,
MONSONI6, NNEEDLESIH,19, SHILLING- como fator principal, possuíam um bom
BURG26 e WILLIAMS35. domínio muscular para executar os movi-
Em 1923, uma técnica para determina- mentos mandibulares, de protrusão e de late-
ção da curva de compensação individual foi ralidade sem dificuldades.
introduzida por PATERSON 21 e aperfei- Em linhas gerais, o trabalho constou
çoada pelo mesmo autor em 1928 22, que im- das fases abaixo descritas, obedecendo a téc-
primiu uma curva arbitrária antero posterior nica proposta por TAMAKPI.
ao invés de confeccionar planos paralelos,
para facilitar o desgaste das superfícies abra- Obtenção dos modelos anatómicos
sivas.
Uma grande maioria de autores na épo- Selecionada a moldeira de estoque T.
ca era concorde que através do desgaste de T., realizamos as moldagens, com godiva
Paterson conseguia-se estabilizar as próteses "godíbar", da maxila e da mandíbula. Os
totais, equilibrar a pressão de mordida, moldes foram depois vazados em gesso co-
adaptar corretamente as superfícies oclusais mum na proporção de 100 gr de pó para 50
dos planos de orientação superior e in ferior, mI de água, obtendo-se os modelos anatômi-
bem como uma superfície adequada para a coso
montagem dos dentes 5.12.15.
A técnica de Paterson teve muita aceita- Obtenção dos modelos funcionais
ção, a partir desta muitas outras surgiram
com algu'11as inovações I. J. 5. 'J. 14. 15.20.23.24. De posse dos modelos anatômicos, após
25. 27. 2~. 32
a delimitação da área chapeável e feitos os
Sabe-se que na confecção das próteses alívios necessários com cera rosa "dura-
totais a inclinação da mesa incisaI é conside- dent", procedeu-se a confecção das moldei-
rada a guia da desoclusão pela função de ras individuais em resina acrílica ativada qui-
grupo, e todos os pacientes desdentados micamente "c1assico". Uma vez pronta as
completos são assim tratados, quando sabe- moldeiras, estas foram ajustadas clinicamen-
mos que nos dentados há variações nos pro- te, na boca do paciente. A seguir, foram rea-
cessos de desoclusão. Por isso, o conheci- lizadas as moldagens funcionais, com a téc-
mento da exata curva individual de compen- nica sem compressão, utilizando a pasta zin-
sação da região anterior do plano oclusal nos coeugenólica "Iysanda". Os moldes obtidos
problemas de oclusão, articulação e balan- foram vazados em gesso pedra especial' 'vel-
ceio das próteses totais, é uma preocupação mix" na proporção de IOOgr de pó para 24
de todos os protesistas que militam nesse mI de água destilada, obtendo-se os modelos
campo. funcionais.
Assim, ocorreu-nos a idéia de estudar
com maior profundidade a obtenção da cur- Reprodução dos modelos de trabalho
va oclusal, especificamente da parte anterior
do plano-de-cera, a exemplo dos trabalhos Para realizarmos o presente trabalho, o
existentes que trataram da região posterior e modelo inferior de cada paciente foi molda-
estudaram a sua influência na curva de com- do duas vezes com hidrocolóide irreversível
pensação individual. "jeltrate" e vazados prontamente da mesma
maneira referida no item acima. Portanto,
MATERIAL E MÉTODOS de cada paciente obtivemos 4 modelos de
trabalho, sendo um superior e três inferio-
Para a elaboração deste trabalho foram res.
selecionados 10 (dez) pacientes desdentados
completos, do sexo feminino cor branca, cu- Bases-de-pro va
ja faixa etária variou de 24 a 52 anos.
Estes apresentavam as seguintes carac- Foram confeccionadas 3 bases-de-prova
terísticas: fibromucosa com resiliência mé- superiores e 3 inferiores para cada paciente,
dia, rebordos não excessivamente reabsorvi- prensadas a vácuo sobre os modelos funcio-

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nais, através de uma placa cristal de 1,5 mm, chamaremos de "b" e "c", sofreram trata-
pelo "Sistema Bio-art". mentos diferentes. Desse modo, os três
planos-de-cera de cada paciente apresenta-
P/anos-de-cera vam:

Os planos-de-cera foram confecciona- "a" - região de canino a canino, plano e


dos com cera rosa n. o 7. A altura da região horizontal, contactando com plano inferior;
anterior do plano-de-cera superior foi esta- "b" - região de canino a canino, sem con-
belecida com base no lábio superior do pa- tacto e nas demais partes contactando com o
ciente e a partir da região do canino, plano inferior;
imprimiu-se uma ligeira curvatura oclusal "c" - região de canino a canino com cur-
ascendente para posterior, arbitrariamente. vatura prévia, oclusal, no plano-de-cera in-
A face vestibular do plano-de-cera supe- ferior, contactando com o superior em toda
rior foi conformada com base na estética, extensão.
dando suporte adequado ao lábio superior e
a bochecha. Feito isso, foi acertada a largura
do plano-de-cera em 12 mm, recortando-se A bertura das cana/etas e preenchimento com
os excessos pelo lado palatino. abrasivo
O plano-de-cera inferior, por sua vez,
foi confeccionado, orientado pelo plano su- As canaletas foram preparadas nas su-
perior, obedecendo a dimensão vertical de perfícies oclusais dos planos-de-cera "a",
oclusão do paciente. "b" e "c", apresentando uma largura de 6
mm e uma profundidade de 5 mm em toda
extensão, onde foram preenchidas com uma
Reprodução dos p/anos-de-cera mistura abrasiva de gesso comum e pó de
carborundum (proporção de 3 de gesso para
Após a obtenl,.'ão dos planos-de-cera, foi 1 de abrasivo) manipulado com água, com
determinada a posição de relação central um excesso de 2 mm em altura em relação ao
através do registro intra-oral, e assim rela- plano oclusal.
cionados, os modelos foram montados em
articulador" New Simplex".
Montados os modelos no articulador, o Desgaste de PA TERSON dos p/anos-de-cera
plano-de-cera superior era mantido no arti-
culador e o plano-de-cera inferior substi- Levamos à boca do paciente os planos-
tuído por uma nova base-de-prova. Nestas se de-cera "a" e o orientamos para que execu-
adaptava o rolete de cera ainda na fase plás- tasse os movimentos de lateralidade e pro-
tica e reproduzia-se o plano-de-cera inferior, trusão. Dado um intervalo, os mesmos eram
mantendo a mesma dimensão vertical de retirados e removido todo o abrasivo desgas-
oclusão bem como a conformação das faces tado, e a seguir, os planos-de-cera retorna-
vestibular e lingual, de tal maneira que ficas- vam à boca e o desgaste continuava até que
se semelhante ao plano-de-cera original. os planos-de-cera retomassem a altura da di-
mensão vertical de oclusão, anteriormente
Esta operação foi repetida para a repro- estabclecida, formando desse modo, a curva
dução do plano-de-cera superior. Para isso, de compensação individual.
mantínhamos no articulador o plano-de-cera
inferior original e o plano-de-cera superior Após um intervalo de 30 minutos para
era substituído por uma nova base-de-prova. um descanso muscular, foi feito o desgaste
Nesta se adaptava o rolete de cera e dos planos-de-cera "b", seguindo a mesma
reproduzia-se o plano. seqüência do desgaste anterior. Repetiu-se o
Esta manobra foi realizada para obter- mesmo trabalho com os planos-de-cera "c".
mos de cada paciente 2 jogos de planos-de- Obtidas as curvas de compensação indi-
cera idênticos ao original. vidual nos três planos-de-cera, o passo se-
Para realizarmos a nossa pesquisa, as guinte foi a determinação da posição de rela-
superfícies oclusais dos planos-de-cera que ção central.

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Registro da relação central Para a obtenção desta placa de resina as


superfícies oclusais dos planos-de-cera fo-
Fixamos no plano-de -cera "a", infe- ram isoladas com vaselina sólida. De posse
rior, a plataforma de registro extra-oral do de resina acrílica ativada quimicamente, em
dispositivo de relação central e no superior fase plástica, esta era adaptada sobre o
correspondente, a pua inscrilora levados à plano-de-cera inferior "a", em seguida posi-
boca e através dos movimentos de protrusão cionávamos o ramo superior do articulador
e de lateralidade, o paciente registrou o arco com o respectivo plano-de-cera "b".
gótico. Depois a pua foi mantida na intersec- Ocorrida a polimerização, obtinha-se
ção das três linhas e os planos-de-cera foram uma placa de resina correspondente ao inter-
fixados entre si através de grampos. relacionamento do plano "b" superior com
o plano "a" inferior. Este procedimento era
Montagem dos modelos no articulador igualmente repetido entre o plano "a" infe-
rior e plano "c" superior. Portanto, para ca-
Foi utilizado o articulador "T. T. total- da paciente eram obtidas 2 placas para men-
mente ajustável". Por intermédio do arco suração, perfazendo um total de 20 placas de
facial, foram transportados para o articula- resina.
dor os planos-de-eera "a" e os respectivos Para que pudéssemos medir com um pa-
modelos foram então fixados com cera rosa químetro a espessura vestibular desta placa
nas bases-de-prova e em seguida montados de resina sempre na mesma posição para ca-
no articulador com gesso comum. Depois foi da caso, e também padronizá-los para os de-
realizada a regulagem do articulador, con- mais, estabelecemos 3 pontos anatômieos no
forme o manual de instruçã0 3 '. modelo superior: I ponto na papila incisiva,
Terminada esta operação, tínhamos os e 2 pontos direito e esquerdo imediatamente
modelos superior e inferior, de cada pacien- para trás da tuberosidade.
te, montados no articulador e três conjuntos Estabelecida a distância entre os pontos
e planos-de-cera com as curvas de compensa- demarcados do lado direito (D) e 3 terços do
ção individualizadas pelo desgaste de PA- lado esquerdo (E) sendo o início do primeiro
TERSON.
terço denominado (I), e do segundo terço
Cada conjunto de planos-de-cera deve- (PM) e do terceiro terço (M).
ria apresentar um perfeito contacto intero- Estes pontos foram transferidos para a
clusal em toda extensão dos planos, visto base do modelo, sendo projetados e marca-
que os mesmos foram desgastados pelo pró- dos na placa de resina quando posicionada
prio paciente. Por isso, quando não apresen- sobre o plano-de-eera (Fig. I).
tavam esta condição, eram examinados para Após a marcação destes pontos nas pla-
se constatar em que regiões ocorreram as cas de resina "b" e "c", estes foram medi-
fraturas do material abrasivo, sendo retoca- dos com paquÍmetro e anotados em uma fi-
das com cera rosa, refazendo-se os planos- cha para procedermos o estudo da variação
de-cera, perfeitamente. dos diferentes métodos de desgaste utiliza-
Mensuração dos planos-de-cera dos.

Para a determinação da variação dos RESULTADOS E DISCUSSÃO


planos-de-cera "b" c "c" em relação ao
plano-de-eera "a" foi estabelecida a seguin- Pela análise das Tabelas I e 2, relativas
te metodologia: às mensurações das curvas obtidas entre o
Com os modelos superior e inferior fi- padrão, que consistia de.um desgaste de PA-
xados ao articulador, era colocado em posi- TERSON utilizando uma curvatura conven-
ção o plano-de-cerca "a" inferior, cionaI nos roletes de cera, e de dois roletes
alternando-se a colocação dos planos supe- onde foram realizadas variações na região
riores "b" e "c" para confecção de uma pla- anterior, foi verificado um desgaste acentua-
ca de resina que seria medida, de maneira a do na região anterior dos planos "b" e "c",
possibilitar uma avaliação numérica das di- constatação esta que foi feita a partir do au-
ferenças. mento da medida de espessura das placas de

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FIG. I - Esquemas das placas de resina B e C respectivamente.

TABELA 1 - Relação dos valores para espessura das placas de resina "b" expressas em milímetros.
- - - --- -- ----------- ------------- --------------------

PLANOS "b" x "a"


PACIENTE IDADE
PM.D PM.E MD ME
------- - - ._---- ------- - ----_._----
L.L.S 52 0,70 0,67 0,60 0,54
M.R.S 37 0,40 0,74 0,74 0,56
N.C.M 34 0,34 0,32 0,00 0,6R
T.M.S 43 0,76 0,00 0,90 0,00
c.P.O 32 1,3R 0,2R 1,00 0,00
N.A.M 33 0,70 0,86 0,40 0,34
M.D.O 52 0,20 0,78 0,00 1,10
M.J.L 45 0,78 0,R2 0,64 0,58
I.C.M 24 0,60 0,70 0,48 0,00
M.C.A 29
------ --- -~~ ~? ~c.~ '. ~,_~.Q.

TABELA 2 - Relação dos valores para espessura das placas de resina "c" expressas em milímetros.

PLANOS "c" x "a"


PACIENTE IDADE
PM.D PM.E MO ME I
L.L.S. 52 1,40 1,00 1,10 0,00 1,3R
M.R.S. 37 0,44 0,44 0,68 0,00 1,20
N.C.M. 34 0,88 0,66 0,46 0,00 1,14
T.M.S. 43 0,34 0,60 0,60 0,00 0,80
c.P.O. 32 1,48 0,98 1,12 0,96 2,50
M.A.M. 33 0,84 0,62 0,00 0,00 I,OR
M.D.O. 52 0,80 0,48 0,00 0,88 2,10
M.J.L. 45 0,54 0,40 0,38 0,1-2 1,48
LC.M. 24 0,72 0,62 0,60 0,00 1,34
M.C.A. 29 0,98 0,92 0,00 0,00 1,42

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resina na região anterior convencionada por determinam a alteração da curva posterior


(P.M.). destas variáveis.
Embora este maior desgaste da região Pelos resultados obtidos, dos desgastes
anterior dos planos de cera tenha sido evi- dos planos de cera "b" e "c" que são discor-
dente, os contatos na região posterior, quan- dantes de "a", não temos subsídios suficien-
do do interrelacionamento dos planos "a" e tes para recomendá-los como um procedi-
"b" e "a" e "c", mantiveram COlttatos ora mento correto, em substituição ao desgaste
na região do tuber, ora na região dos mola- de PATERSON convencional "a".
res. Podemos ainda salientar que o proble-
Tal fato talvez tenha alguma correlação ma do estabelecimento das curvas de com-
com a observação clínica, onde nos dois ti- pensação, através do desgaste de PATER-
pos de variáveis "b" e "c" notou-se, quan- SON, ainda é uma questão em aberto, desde
do da realização de desgaste, principalmente que foram obtidas diferentes curvas de com-
com o plano "c",a dificuldade dos pacientes pensação para o mesmo paciente pelas alte-
que, por sua vez, aplicavam mais força na rações introduzidas na região anterior.
sua execução; o que provavelmente resulta- A solução deste problema, que daria
ria em quantidade maior de desgaste. ponderáveis subsídios à odontologia, só po-
Com a finalidade de se estabelecer derá ser conseguida com um aporte maior de
quantitativamente qual das duas variáveis conhecimentos da fisiologia mandibular e do
"b" e "c" sofreram maior desgaste da re- sistema Estomatognático, na tentativa d~ se
gião anterior, realizou-se uma análise das conhecer todos os verdadeiros determinantes
medidas obtidas dos planos "b" e "c" nas das curvas de compensação.
regiões de (P.M.) direita e esquerda e, atra-
vés da média aritmética, ficou constatado o CONCLUSÕES
maior desgaste no plano' 'c".
Extrapolando tais resultados, novamen- Através dos resultados obtidos, analisa-
te para as observações clínicas, notamos ser dos e discutidos, pode-se concluir que:
o plano "c" o que apresentou maiores difi-
culdades de movimentos. I - Nos dois tipos de planos de orientação
Uma análise das curvas produzidas pe- "b" e "c" houve um maior desgaste
las variáveis "b" e "c", mostrou que existe na porção anterior.
uma tendência à uniformidade na conforma-
2 - Entre os planos de orientação "b" e
ção geral das curvas, realizadas pelos pacien-
tes. "c" o desgaste na porção anterior foi
Corroborando com esta tendência ge- mais acentuado no plano de orientação
"c".
ral, os pacientes de n. o 2, 4, 7 produziram
curvas ascendentes para as variáveis "b" e 3 - Tanto no plano de orientação "b" co-
"c" . mo no plano de orientação "c" houve
Portanto, podemos supor que as variá- a mesma tendência de desgaste na con-
veis introduzidas no plano "b" e "c" não formação da curva individual.
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ARAÚJO, .J .E . .J. de el alii - Paterson's chew: compcl1sating curvc analysis wilh mandibular anterior wax
occ1usion modificalions. Rev. Odont. UNESP, São Paulo. 13(1/2):123-129, 19X4.

ABSTRACT: The aim of this study was the evalualion of compensatin~ curves obtained afler some mo-
difications in the original bite plates. Ten white fema/e edenlu/ous palienls, aged between 24-52 years were
selected; the anatomic and funliona/ impressions were processed, lower and upper bile p/ates confeccioned
and occluded in T. T. articulator "a". According to "a", Iwo differenl patlerns "b" and "c" were peljomed
with variations in the anterior parto The occluding bite plale surfaces were triml11ed out, lhe cenler filled with
abrasive mixture, and Paterson f!.rinding was processed to individualize the compensating curves. The diffe-
rences obtained in such curves were evaluated and compared.

KEY- WORDS: FuI/ denture; occlusion, Palerson's chew.


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ARAÚJO, .I .E ..I. de et alii - Desgaste de Paterson - Análise da curva de compensação com variações na região ante-
rior. Rev. OdonL UNESP, São Paulo, 13(1/2):123-121), 19R4.

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