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ALISTAMENTO ELEITORAL

CONCEITO

Alistamento eleitoral é um procedimento administrativo-eleitoral pelo qual o eleitor se credencia


perante a Justiça Eleitoral, de modo a ser reconhecido seu direito de votar, desde que preenchidos os
requisitos legais e constitucionais. Por meio do alistamento, a pessoa passa a fazer parte do Cadastro
Nacional de Eleitores da Justiça Eleitoral e adquire, na acepção jurídica, a qualidade de cidadão. A partir
daí pode participar ativamente da condução do destino de seu País, quer votando, quer sendo votado.
Válido destacar que o alistamento eleitoral é fruto da democracia representativa, que pressupõe um
corpo eleitoral bem estruturado.

ESPÉCIES DE ALISTAMENTO

Alistamento Obrigatório Alistamento Facultativo Alistamento Vedado

Maior de 18 anos; Maior de 16 e Menor de 18 anos; Estrangeiros;


Menor de 70 Anos. Menor de 70 anos; Conscritos.
Analfabetos.

a) Alistamento Obrigatório: o alistamento é obrigatório para o brasileiro alfabetizado que tenha mais
de 18 anos e menos de 70 anos. Igualmente, estão obrigados ao alistamento eleitoral os índios
integrados. Os demais, sujeitos ao regime tutelar da FUNAI, podem alistar-se facultativamente. O
brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos, ou o naturalizado que não se alistar até um ano depois
de adquirida a nacionalidade, ficará sujeito a multa cobrada no ato da inscrição.

Não se aplica a referida multa àquele que requerer sua inscrição eleitoral até o 151º dia anterior à eleição
subsequente à data em que completar 19 anos. Ex. Imagine que Antônio, brasileiro nato, morador do DF,
completou 19 anos em 01/02/2007, vindo a solicitar sua inscrição eleitoral somente em 01/02/2010. Pela regra
do art. 8º do CE, o brasileiro nato deve se alistar até os 19 anos, sob pena de multa. Porém, nesse caso, a Antônio
não foi cominada nenhuma multa, visto que ele solicitou sua inscrição antes do 151º dia anterior à eleição
presidencial de 2010, que é subsequente ao seu aniversário, já que no DF não houve eleições em 2008 por se
tratar de uma eleição para cargos municipais.

b) Alistamento Facultativo: o alistamento é facultativo para os analfabetos, os maiores de 16 e


menores de 18 anos, e para os maiores de 70 anos. Se o analfabeto deixar de sê-lo, deverá requerer
sua inscrição eleitoral, não se sujeitando à multa.

É facultado o alistamento, no ano em que se realizarem as eleições, do menor que completar 16 anos até a data
do pleito. No entanto, o título emitido nessas condições somente surtirá efeitos com o implemento da idade de
16 anos. Ex. Suponha que Maria completará 16 anos no mesmo dia das eleições presidenciais de 2014. Desse
modo, poderá ela requerer seu alistamento, no ano de realização das eleições, mesmo que não tenha ainda
completado 16 anos.

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c) Alistamento Vedado (inalistabilidade): são inavistáveis aos estrangeiros, durante o período militar
obrigatório, os conscritos (brasileiro que, no ano em que completa dezoito anos, é selecionado para
prestar o serviço militar obrigatório, dentre outras hipóteses).
Quanto aos estrangeiros há uma exceção ao caso do português equiparado. Havendo reciprocidade em Portugal,
aos portugueses com residência habitual no Brasil há mais de três anos é permitido o alistamento eleitoral,
mesmo sem naturalização. Cabe aqui lembrar que o gozo de direitos políticos no Estado de residência importa na
suspensão do exercício dos mesmos direitos no Estado da nacionalidade. Assim, o português que se alistar no
Brasil não pode exercer, enquanto se beneficiar da reciprocidade, o mesmo direito em Portugal. Quanto aos
conscritos é valido destacar que mesmo que já tenham se inscrito não podem exercer direitos políticos. Ex. Um
jovem entre os 16 e 18 anos requereu com sucesso seu alistamento eleitoral. Passados dois anos, o jovem
completou 18 anos e foi selecionado para cumprir o serviço militar obrigatório, ou seja, tornou-se um conscrito.
Durante esse período de serviço militar, se sobrevier uma eleição, não pode o conscrito exercer o direito de votar.

QUALIFICAÇÃO E INSCRIÇÃO

O alistamento eleitoral compreende dois momentos específicos. O primeiro deles é da


qualificação, em que o nacional deverá demonstrar que satisfaz os requisitos legais mínimos para que
ostente um título de eleitor. O segundo é o da inscrição que representa a efetiva inclusão do nacional
no cadastro de eleitoral; na lista de eleitores de uma determinada zona. Deferido o alistamento,
considerar-se-á “cidadão”.

a) Qualificação: o indivíduo deverá a nacionalidade brasileira, a idade mínima exigida, o domicílio


eleitoral e, se do sexo masculino, quitação com suas obrigações militares e a prova do domicílio
eleitoral.

b) Inscrição: o alistamento apenas se torna possível mediante requerimento do interessado. Para


realizar o alistamento, basta o pretenso eleitor dirigir-se ao cartório eleitoral ou posto de alistamento de
seu domicílio eleitoral, no prazo de até 150 dias anteriores à data da eleição, com a documentação. O
requerimento de inscrição será submetido a apreciação do juiz eleitoral, quem em 48 horas poderá
deferi-lo, indeferi-lo ou transforma-lo em diligência.

I. Deferimento do requerimento de alistamento eleitoral: da decisão de deferimento,


poderá recorrer ao TRE qualquer delegado de partido político no prazo de 10 dias. O prazo
será contado da colocação da listagem à disposição dos partidos.

II. Indeferimento do requerimento de alistamento eleitoral: as decisões de indeferimento


da inscrição eleitoral, juntamente com as deferidas e as em diligências, são publicadas por
meio de edital nos dias 1º e 15º de cada mês. A partir da publicação do edital, o eleitor
poderá, no prazo de 5 dias, recorrer ao TRE da decisão de indeferimento de sua inscrição.
Terá 10 dias para recurso o representante do MPE.

III. Diligência do requerimento de alistamento eleitoral: ao apreciar o requerimento, o juiz


poderá, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre qualquer outro
requisito para o alistamento, converter o requerimento em diligência para que o solicitante
esclareça ou complete a prova, fixando prazo razoável para tanto. Cumprida a diligência, se

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houver, e deferido o requerimento de inscrição eleitoral, o juiz eleitoral viabilizará a
publicidade dessa decisão por meio de edital publicado quinzenalmente.

A participação dos partidos políticos no processo de inscrição eleitoral não se restringe a tentar impedir a
inscrição do alistando por meio de recursos ou impugnações. Há ainda a possibilidade de os partidos políticos, por
meio dos seus delegados, assumirem a defesa do eleitor, cuja inscrição esteja sendo questionada.
SIGILO DO CADASTRO DE ELETORES

Para o alistamento, o eleitor fornece à Justiça Eleitoral uma série de dados que ficam armazenados
no chamado cadastro de eleitores. O cidadão tem o direito de não ser importunado e o direito de
preservar sua intimidade. Diante dessa lógica, ao mesmo tempo em que admite o acesso das
informações constantes do cadastro eleitoral a instituições públicas e privadas e a pessoas físicas, a
legislação assegura, no art. 29 da Resolução nº 21.538/2003, que no “resguardo da privacidade do
cidadão, não se fornecerão informações de caráter personalizado”. Nos termos do § 3º do mesmo
artigo, excluem-se dessa proibição os pedidos relativos a procedimento previsto na legislação eleitoral e
os formulados: pelo eleitor sobre seus dados pessoais; por autoridade judicial e pelo Ministério Público,
vinculada à utilização das informações obtidas, exclusivamente, às respectivas atividades funcionais; por
entidades autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, desde que exista reciprocidade de interesses.

DOMICÍLIO ELEITORAL

Código Eleitoral define domicílio eleitoral, para efeito de inscrição, o lugar de residência ou
moradia do requerente e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer
uma delas. Esse conceito, um tanto restrito, foi, no entanto, elastecido pela jurisprudência, os quais
passaram a admitir como prova de domicílio não só a moradia, mas também outros vínculos, tais como
negócios, propriedades, atividades políticas, atividades sociais, vínculos de afetividade etc.

TRANSFERÊNCIA ELEITORAL

A transferência consiste na mudança de domicílio eleitoral do eleitor. Para o deferimento do


pedido de transferência, deve-se observar os seguintes requisitos: Pedido até 150 dias antes da data da
eleição; Residência mínima de 3 meses no novo domicílio; Prova da quitação eleitoral com a Justiça
Eleitoral; Decurso de prazo de pelo menos 1 ano do alistamento ou da última transferência.

CANCELAMENTO E EXCLUSÃO ELEITORAL

A exclusão é um processo administrativo desenvolvido perante o juiz eleitoral para avaliar se o


eleitor incide em uma das hipóteses de cancelamento. Já o cancelamento é uma decisão judicial que
determina a retirada do eleitor do rol de eleitores do Brasil. Para que o juiz eleitoral possa emitira sua
decisão de cancelamento da inscrição eleitoral exige-se um processo de exclusão. O Juiz manda autuar a
petição ou a portaria e publica edital, com prazo de 10 dias para ciência dos interessados; interessados
podem contestar no prazo de 5 dias; Produção de provas, no prazo de 5 a 10 dias; Juiz decide em 5 dias;
Da decisão cabe recurso ao TRE em 3 dias. As hipóteses de cancelamento e exclusão são:

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a) Infração dos artigos 5º e 42 do Código Eleitoral: alcança apenas o eleitor que infringir o disposto no
art. 5º, III, CE, ou seja, aquele que tenha insistido no alistamento mesmo privado temporária ou
definitivamente dos direitos políticos – conscritos e estrangeiros –, bem assim aquele se alistou fora do
seu domicílio (art. 42, CE).

b) Casos de perda ou suspensão dos direitos políticos: elencadas no art. 15 da CF, tais como a
incapacidade civil absoluta (art. 15, II, CF); a condenação criminal transitada em julgado (art. 15, III, CF);
a recusa em cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (art. 15, IV, CF); e a
condenação por ato de improbidade administrativa (art. 15, V, CF).

c) Possuir mais de uma inscrição eleitoral: a verificação dessa irregularidade, com o objetivo de
expurgar possíveis duplicidades ou pluralidades de inscrição, dá-se por meio do procedimento de
batimento ou cruzamento das informações cadastrais, realizado pelo TSE, em âmbito nacional.

Uma vez detectada a duplicidade/pluralidade de inscrições em uma mesma zona eleitoral, a competência para
solucionar a pendência na esfera administrativa é do juiz eleitoral da respectiva Zona. Quando essa irregularidade
administrativa se verificar em inscrições de zonas eleitorais diversas de uma mesma circunscrição, a competência
desloca-se para a Corregedoria-Regional Eleitoral; e quando a pluralidade se verificar em zonas eleitorais de
circunscrições diversas, a competência é da Corregedoria-Geral Eleitoral. Da decisão da autoridade competente
acerca das duplicidades/pluralidades de inscrição eleitoral caberá, no prazo de 3 dias, recurso para: Juiz eleitoral
da sua circunscrição (Corregedor Regional) ou Corregedor Regional Eleitoral (Corregedor-Geral).

d) Falecimento do eleitor: a ocorrência importa, obviamente, no cancelamento da sua inscrição


eleitoral.

e) Deixar de votar em três eleições consecutivas: no que se refere a essa causa de cancelamento, o TSE
possui o seguinte entendimento: “Assegurado pela Constituição ao eleitor maior de 70 anos o exercício
facultativo do voto, não se pode impor, por resolução, ao eleitor com idade superior a 80 anos
obrigação visando preservar a regularidade de sua inscrição eleitoral.”

Juiz manda Interessado


Produção de Recurso em 3
autuar a Publica-se Edital Contesta em 5 Decisão
Provas dias
petição/portaria dias

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