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Edição em língua portuguesa patrocinada pela DSA da IASD com a colaboração da SCB
INTRODUÇÃO
N2
O tema da origem da vida é de grande importância para
qualquer modelo relacionado com a história da vida na Ter- Vapor d'água
ra. Os cientistas criacionistas acreditam que Deus criou a Eletrodos
vida na Terra há vários milhares de anos durante a semana
da criação, segundo está descrito na Bíblia no livro de Gê- CH
nesis, capítulo 1. Por outro lado, os evolucionistas afirmam 4
NH3
que a vida surgiu de componentes inorgânicos, por meio de
reações químicas ao acaso que levaram à formação de mo- Condensador
léculas orgânicas simples. Estas moléculas teriam se po-
limerizado e formado as primeiras células que teriam sido
a base para os organismos multicelulares complexos que
vemos no registro fóssil e atualmente. A aceitação da tese Água fría
evolucionista entre a maioria dos cientistas desencadeou a
busca por um modelo naturalista para basear a sua hipó-
tese. No século XX foram planejados vários experimentos
para comprovar a viabilidade da origem inorgânica para as
moléculas orgânicas. Estas alternativas, porém, não es-
tão isentas de problemas. Neste artigo examinaremos os Água
Água resfriada contendo
compostos orgânicos
modelos naturalistas propostos para a origem da vida, as
pressuposições nas quais se baseiam os experimentos e
os modelos para a síntese de moléculas orgânicas, as su-
Calor
postas provas apresentadas a favor destes modelos e os
problemas que apresentam estes modelos naturalistas para
a origem da vida. Amostra para análise química
OS EXPERIMENTOS SOBRE A ORIGEM va, produzindo aminoácidos que poste- nas uma década após este experimento,
INORGÂNICA DA VIDA riormente teriam se precipitado sobre a os cientistas já questionavam a postulada
superfície da Terra. A evaporação teria composição da atmosfera da Terra primiti-
O cenário naturalista de concentrado os aminoácidos em poças va que baseou essas descobertas.
Oparin sobre rochas quentes da superfície. Este
O primeiro planejamento sério sobre calor teria facilitado as reações químicas PROBLEMAS COM
a origem naturalista da vida foi feito por ao acaso que ligaram vários aminoácidos OS EXPERIMENTOS
Aleksandr Oparin, graduado pela Uni- através de laços peptídicos que eventual-
versidade de Moscou. Depois que Louis mente formaram as primeiras proteínas. Os resultados químicos dos
Pasteur refutou a geração espontânea em As proteínas são os componentes es- experimentos
1864, Oparin tentou responder à pergunta senciais da vida e todas as células e teci- Os experimentos de Miller e de outros
feita pelos cientistas naturalistas: se um dos biológicos contêm milhares delas com usando uma atmosfera de metano, amônia
organismo vivo provém de outro organis- funções diversas e específicas. Oparin su- e água para reproduzir hipotéticas condi-
mo vivo, de onde veio o primeiro orga- geriu que essas proteínas deveriam ter-se ções da atmosfera primitiva produziram o
nismo? Para responder a esta pergunta, concentrado para formar glóbulos coloi- que se cria terem sido os compostos or-
em 1924 Oparin começou a desenvolver dais, que são agregados moleculares glo- gânicos precursores da vida nos oceanos
a sua teoria sobre a origem da vida, que bulares estabilizados por forças eletros- primitivos. Miller obteve vários aminoáci-
consiste na evolução química de molécu- táticas. Ele sugeriu que outras moléculas dos incluindo a glicina e a alanina, os dois
las com carbono em um caldo primitivo. orgânicas (que também teriam tido uma aminoácidos mais simples encontrados
As moléculas da vida são compostas origem inorgânica) incorporaram esses nas proteínas (Tabela 1).4 Estes resulta-
de carbono (C), hidrogênio (H), nitrogênio glóbulos, criando um ambiente propício dos pareciam promissores e se esperava
(N) e oxigênio (O), portanto qualquer ex- para certas reações químicas, as quais reconstruir com eles o cenário naturalista
perimento que procurar explicar como co- em seguida conduziram à auto-síntese para a origem da vida.
meçou a vida deve utilizar moléculas que das unidades agregadas. Oparin viu nes- Entretanto, há vários problemas com
contenham esses átomos. Não obstante, se processo o primeiro passo em direção esses resultados.
a presença de oxigênio livre pode des- à formação de células vivas. • Todos os aminoácidos obtidos nos
truir muitas moléculas orgânicas, pelo que experimentos de síntese de labora-
Oparin postulou que a atmosfera primitiva O experimento de Miller tório são quase ou totalmente racê-
era muito reduzida e rica em metano (CH4) A teoria de Oparin foi retomada em micos 5, isto é, ocorrem como mistu-
como fonte de carbono, hidrogênio (H2), e 1952 por Harold Urey, professor da Uni- ra de aminoácidos estereoisômeros
amônia (NH3) como fonte de nitrogênio. 1 versidade da Chicago, e seu aluno Stan- L e D, enquanto que as proteínas
Oparin sugeriu que a forte radiação ul- ley Miller. Urey havia aceito a sugestão das células são constituídas exclu-
travioleta e as descargas elétricas atmos- de Oparin de que a atmosfera primitiva sivamente com aminoácidos do tipo
féricas teriam acionado certas reações era rica em metano, hidrogênio, amônia e L. Isto é de fato um dos obstáculos
químicas na atmosfera redutora primiti- vapor d’água.2 Com esta pressuposição, mais importantes que apresentam
Miller preparou um aparato os experimentos naturalistas que
Tabela 1 de vidraria no laboratório tratam de reproduzir as supostas
Meteorito Experimentos de Urey (Figura 1) e ten- condições da atmosfera primitiva,
Aminoácido tou obter os blocos quími- porque o poder de auto-organização
Murchison de descarga
cos essenciais por meio de (ou de polimerização em macromo-
Glicina **** ****
experiências controladas. léculas mais complexas) e a função
Alanina **** **** Miller fez circular os gases baseiam-se nas características quí-
Ácido α-amino-N-butírico *** **** através de descargas elétri- micas, físicas e estereoquímicas
Ácido α-aminoisobutírico **** ** cas de alta voltagem que si- particulares das moléculas. Estas
Valina **** ** mulavam relâmpagos, e de- características não foram observa-
pois de alguns dias a água das em uma forma altamente orga-
Norvalina **** ***
tornou-se avermelhada e nizada em nenhuma das moléculas
Isovalina *** **
turva.3 A análise química do pré-bióticas obtidas nos experimen-
Prolina **** * “caldo” mostrou uma varie- tos de simulação.6
Ácido aspártico **** *** dade de compostos, incluin- • Alguns dos aminoácidos essenciais
Ácido glutâmico **** ** do alguns aminoácidos e das proteínas, tais como a lisina, a
β-Alanina ** ** outros produtos químicos histidina e a arginina não se obtêm
Sarcosina ** *** orgânicos (Tabela 1). em quantidades perceptíveis ou
O experimento de Miller úteis para a síntese de proteínas.7
N-Etilglicina ** ***
produziu o tipo de resul- • Muitos dos aminoácidos obtidos nos
N-Metilalanina ** ** tados que os naturalistas experimentos, incluindo a norvalina
Ácido Pipecólico * * desejavam para comprovar e a norleucina, não têm nenhuma
Ácido β-amino-N-butírico * * que a vida poderia ter uma função nas proteínas. Alguns des-
Ácido β–aminoisobutírico * * origem inorgânica sob con- tes aminoácidos não aparecem de
dições redutoras na suposta maneira natural na Terra.
Ácido γ–aminobutírico * **
atmosfera primitiva. O expe- • Experimentos como os de Miller
Tabela 1: Comparação entre os aminoácidos obtidos nos expe- rimento foi repetido muitas mostram que não é difícil produ-
rimentos com descargas elétricas em condições comprovadas
vezes por outros investiga- zir moléculas orgânicas a partir de
de laboratório e os encontrados na análise de meteoritos caídos
sobre a Terra. O número de asteriscos indica abundância relati-
dores utilizando pequenas componentes inorgânicos. Entretan-
va encontrada no meteorito ou a obtida no experimento. Dados variações na composição, to, os experimentos de Miller foram
obtidos de L. E. Orgel. 1994. “The origin of life on the earth”. e obtendo resultados simi- realizados sob condições controla-
Scientific American: 77-83. lares. Não obstante, ape- das de laboratório, que não se asse-
Cenozóico
Plioceno 5.33
oxigênio disponível no ambiente. As ro-
Mioceno 23.03
chas registram as reações químicas que
ocorreram entre os gases atmosféricos Oligoceno 33.9 + - 0.1
e os elementos químicos, bem como ou- Paleógeno Eoceno 55.8 + - 0.2
tras condições ambientais que ocorreram Paleoceno 65.5 + - 0.3
na sedimentação e também os minerais Superior 99.6 + - 0.9
existentes no momento da precipitação Cretáceo
Inferior 145.5 + - 4.0
mineral e do resfriamento do magma.
Superior 161.2 + - 4.0
Mesozóico
Nesse sentido, os geólogos examinaram
algumas das rochas mais antigas conhe- Jurássico Médio 175.6 + - 2.0
cidas (na conceituação de tempo geológi- Inferior 199.6 + - 0.6
co padrão), e analisaram alguns depósi- Superior 228.0 + - 2.0
tos, minerais e estruturas que se acredita Triássico Médio 245.0 + - 1.5
terem se formado quando apareceram os
Inferior 251.0 + - 0.4
primeiros organismos. Examinaram tam-
bém várias características geológicas Lopingiano 260.4 + - 0.7
que poderiam proporcionar provas para Permiano Guadalupiano 270.6 + - 0.7
a presença de oxigênio na atmosfera Cisuraliano 299.0 + - 0.8
primitiva, incluindo certos minerais tais Superior 318.1 + - 1.3
Fanerozóico
TABELA 3
Moléculas interestelares e cometárias Fórmulas Monômeros resultantes e algumas propriedades
Hidrogênio H2 Agente redutor
Água H 20 Dissolvente universal
Amônia NH3 Catálise e aminação
Monóxido de Carbono CO (+H2) Ácidos graxos
Formaldeído CH2O Ribose e glicerol
Acetaldeído CH3CHO (+CH2O) Desoxirribose
Aldeído RCHO (+HCN e NH3) Aminoácidos
Sulfeto de hidrogênio H2S (+outros precursores) Cisteína e metionina
Tioformaldeído (interestelar) CH2S Cisteína e metionina
Cianeto de hidrogênio HCN Purinas e aminoácidos
Cianocetileno (interestelar) HC3N (+cianato) Pirimidinas
Cianamida (interestelar) H2NCN Agente condensante para a síntese de biopolímeros
Nitrito de fósforo (interestelar) PN Fosfatos e nucleotídeos
Fosfato (meteoritos e poeira interplanetária PO4 3-
Fosfatos e nucleotídeos
Tabela 3: Compostos bioquímicos presentes no espaço interestelar e em cometas. Com exceção do fosfato, todas as demais moléculas foram
detectadas nas nuvens interestelares, e muitas têm sido detectadas em cometas. As moléculas que foram detectadas somente nas nuvens intereste-
lares estão indicadas com a palavra interestelar. Dados obtidos de Oró J, Miller SL, Lazcano A. 1990. “The origin and early evolution of life on Earth”.
Annual Review of Earth. and Planetary Sciences 18:317-56.
As hipóteses atuais sobre a origem da vida na Terra podem ser resumidas em duas palavras: abiogênese e exobiogênese.
A abiogênese é a idéia de que a vida na Terra originou-se pela combinação casual de moléculas orgânicas simples que por
sua vez teriam surgido de reações químicas entre moléculas inorgânicas. O cientista russo Oparin foi o primeiro a formular esta
idéia, usando palavreado científico nos anos 30 do século XX, e foi seguido pela maioria dos geólogos e dos biólogos durante o
século XX. Em 1952, Miller realizou alguns experimentos para provar a viabilidade do modelo de Oparin para a origem inorgânica
da vida.
A exobiogênese é a idéia de que a vida na Terra ou suas moléculas constituintes vieram do espaço exterior. Exobiologia é um
termo que se refere ao estudo e à distribuição das formas de vida no Universo. Pode-se falar de três tipos de exobiogênese:
• A chegada à Terra de moléculas orgânicas simples e essenciais;
• A chegada à Terra de moléculas orgânicas complexas, e
• Chegada à Terra de organismos completos que se teriam originado em alguma outra parte. Esta idéia se chama panespermia.
Posto que os cometas, os asteróides carbonatados e a poeira interplanetária são relativamente ricos em moléculas orgânicas,
alguns cientistas especulam que esses materiais teriam podido contribuir para o conteúdo orgânico pré-biótico terrestre, e expli-
cam assim a origem da vida na Terra. A idéia da exobiogênese apresentou-se depois que os cientistas se deram conta da falta de
provas para a geração espontânea, na Terra, de moléculas orgânicas complexas que pudessem formar as células vivas.
Alguns partidários do modelo exobiogenético são Enrico Fermi, prêmio Nobel que projetou e desenvolveu a primeira bomba
atômica nos Estados Unidos, o biofísico húngaro e também prêmio Nobel Leo Szilard, os astrofísicos Fred Hoyle e Chandra
Wickramasinghe, Francis Crick, que foi prêmio Nobel e co-descobridor do DNA como molécula principal da herança biológica,
Leslie Orgel, biólogo pesquisador do Instituto Salk, o astrofísico da NASA Joan Oró, e muitos outros. Francis Crick e Leslie Orgel
criam mesmo que a vida na Terra havia se originado com microorganismos enviados em foguetes procedentes de outro planeta
de nossa galáxia, idéia que chamaram de “panespermia dirigida”.
A idéia da exobiogênese enfrenta problemas importantes:
• A ausência de qualquer evidência direta de que a exobiogênese realmente ocorreu alguma vez na Terra. As idéias da exo-
biogênese e da panespermia são pura especulação.
• A probabilidade extremamente baixa de que a vida extraterrestre tenha sido compatível com os ambientes naturais na
Terra.
• A probabilidade excessivamente baixa de que as moléculas ou as células extraterrestes sobrevivessem milhões de anos no
ambiente do espaço, que é extremamente hostil à vida. A severa radiação cósmica ultravioleta e de raios-X teria destruído
qualquer célula viva que vagasse pelo universo.
Por décadas os cientistas têm sido incapazes de propor uma explicação provável para a origem naturalista da vida. Agora,
muitos decidiram enviar este insuperável problema para o espaço. De fato, isso não solucionou o dilema.
O METEORITO MURCHISON
O principal objetivo dos cientistas naturalistas que estavam no meteorito antes de entrar na órbita da
estudam como surgiu a vida na Terra é encontrar a Terra ou se formaram-se depois de ele ter caído.
origem das várias moléculas orgânicas que são ne- A composição química deste e de outros mete-
cessárias para construir as moléculas complexas que oritos tem sido desafiada por alguns cientistas que
fazem funcionar as células. Os cientistas perguntam- asseguram que as rochas mostram indícios de con-
se se um bombardeio meteorítico sobre a Terra teria taminação durante o seu manejo e armazenagem.
podido trazer estas moléculas orgânicas essenciais. Mesmo os meteoritos que têm sido manejados e ar-
Uma forma para responder esta pergunta é estudar a mazenados cuidadosamente podem aparecer con-
composição química dos meteoritos. taminados após um certo prazo. O problema real é
O meteorito Murchison é um meteorito que caiu discernir se um meteorito se contaminou ou não.
em 1969 a cerca de 100 km ao norte de Melbourne, Para uma revisão do estado da investigação so-
Austrália. A análise de amostras interiores da rocha bre o meteorito Murchison e o problema da contami-
mostrou a presença de aminoácidos. Alguns desses nação, ver a página da internet da revista Astrobio-
aminoácidos estão presentes na Terra, porém outros logy Magazine intitulada “Murchison’s amino acids:
não. Mais de 50 dos aminoácidos encontrados no tainted evidence?” em http://www.astrobio.net/news/
meteorito não estão presentes na Terra. Entretanto, modules.php?op=modload&name=News&file=articl
os cientistas perguntam-se se esses aminoácidos e&sid=375.
Organizado conjuntamente pelo Geos- Uruguai e Paraguai, bem como numerosos especialistas locais, bem como de membros
cience Research Institute (GRI), de Loma Lin- assistentes das localidades e redondezas, e do Geoscience Research Institute, de Loma
da, Califórnia, o Instituto de Investigações em se desenvolveu sob o lema “Um fórum para Linda, Califórnia (Foto 2). Entre estes últimos,
Geociência, Sede Sul-americana (na UAP), dialogar sobre a fé e a razão e seu impacto o encontro contou com a presença do Dr. L.
e os Departamentos de Educação da União sobre a educação” (Foto 1). James Gibson, diretor do GRI, que apresen-
Austral e da Divisão Sul-Americana da IASD, Durante os quatro dias do evento foram tou conferências como as seguintes: “Deus e
o encontro contou com quase 350 docen- realizadas mais de 25 apresentações, entre a natureza: uma aproximação bíblica a res-
tes adventistas provenientes da Argentina, elas várias conferências plenárias a cargo de peito das origens”, “Uma visão criacionista
Uma revolução está acontecendo na Uma das perguntas mais importan- os éxons 1, 2, 3, 5 e 6 é constituído o
maneira pela qual se entendem os geno- tes que surge a respeito do assombro- RNAm para o PITX2B, e os éxons 4, 5
mas dos organismos. Um dos progres- samente pequeno número de genes nos e 6 codificam para o PITX2C. A proteína
sos mais surpreendentes é a inesperada seres humanos e em outras criaturas resultante do PITX2 desempenha seu
descoberta de que o número de genes no “mais elevadas” é: “de onde procedem papel no desenvolvimento adequado da
genoma é pequeno. Pensava-se que um todas as proteínas?” De acordo com a cabeça, dos olhos e de outros órgãos
genoma que codificasse para algo tão idéia antiga sobre os genes, cada gene por meio de sua união com o DNA, e in-
complexo como um ser humano deveria codificaria uma proteína. Este é o con- fluencia a produção de outros genes. 8
estar constituído por cerca de 100 mil ge- ceito de “um gene, uma enzima” pelo O terminal C do PITX2 que se une ao
nes1, ou talvez mais. Não obstante, des- qual Beadle e Tatum receberam o prê- DNA está codificado nos éxons 5 e 6, de
de a publicação do genoma humano2, pa- mio Nobel em 1958 5. Devido ao fato de modo que todas as formas de PITX2 se
rece que os seres humanos teriam quase que os seres humanos produzem mais unem ao DNA.9 Se certas partes da pro-
o mesmo número de genes que os orga- de 100.000 proteínas, e parece haver teína se mudam em direção ao terminal
nismos mais simples – como os vermes menos que 25.000 genes 6, pelo me- N do gene, isso presumivelmente causa-
nematóides – provavelmente menos da nos alguns genes devem ser capazes rá um impacto na maneira como o PITX2
quarta parte das estimativas anteriores. de produzir mais de uma só proteína. interage com outras moléculas. 10
Esta nova idéia sobre o número de ge- O mecanismo para fazer isto é seme- As variações da proteína do PITX2
nes no genoma agravou um problema que lhante ao mecanismo que se conhece na realidade são mais complexas do que
já havia sido apresentado pela geração para a geração das proteínas da imu- isso. Enquanto que as isoformas A, B e
anterior de cientistas: se existem tão pou- noglobulina (os anticorpos) 7. Neste me- C estão amplamente distribuídas entre
cos genes, por que os seres humanos e canismo, certos segmentos diferentes os animais vertebrados, uma quarta va-
muitos outros organismos têm tanto DNA do DNA que codifica proteínas podem riação, o PITX2D, só se encontra em se-
em seus genomas? Dizia-se que somente ser acondicionados juntos, de diversas res humanos. 11 Tanto o PITX2C como o
3% dos 3 bilhões de nucleotídeos no ge- maneiras, para fazer literalmente bi- D são feitos a partir de um RNA trans-
noma humano codificava realmente para lhões de proteínas diversas de anticor- crito que começa no meio do gene do
a produção de proteínas. Assim, a maio- pos. Sabe-se que alguns mecanismos PITX2, mas no RNAm do PITX2D é eli-
ria de nosso genoma codificava para semelhantes operam em outros genes, minada uma parte do éxon 4 juntamente
nada, ou pelo menos parecia que era embora não se conheça nenhum que com o íntron 3. Existem outras variações
assim. Este DNA que não codifica pro- seja capaz de produzir as milhões de da proteína PITX2 que não foram men-
teínas foi codificado como sendo “DNA variações exigidas pelo sistema genéti- cionadas aqui. A idéia deste exemplo é
lixo”, e alguns proeminentes darwinistas co que gera os anticorpos. esclarecer que um único gene pode ser
e seus seguidores se atrelaram ao carro A maioria dos genes nos seres hu- usado para fazer múltiplas proteínas. Se
do “DNA lixo” afirmando que era exata- manos e outros eucariontes (assim esse é o caso, então é necessário que
mente o que predizia o processo de evo- como alguns genes em procariontes) existam mecanismos reguladores para
lução darwiniana. 3 compõem-se de segmentos de DNA assegurar que as proteínas adequadas
Embora melhor, porém de nenhuma chamados “éxons” separados por seg- sejam sintetizadas pelos genes apro-
maneira chegando perto de ser com- mentos chamados “íntrons”. Quando se priados.
pleto, o conhecimento dos genomas vai produzir uma das proteínas codifica- O que isso tem a ver com o “DNA
aumentou, e estes parecem ser muito das pelo gene, a primeira coisa a ser fei- lixo”? O recente avanço no conhecimen-
mais elegantes do que originalmente foi ta é uma cópia (transcrição) do DNA do to do que é realmente o gene mostra
considerado e predito por alguns darwi- gene. Então, este RNA transcrito é pro- que o genoma e os próprios genes são
nistas. Entretanto, este projeto tão evi- cessado para retirar os íntrons e arru- muito mais dinâmicos do que inicialmen-
dente no genoma, pode ser disfarçado mar os éxons de forma contígua em uma te imaginávamos. Não obstante os ge-
da mesma maneira que são disfarçados molécula de RNA mensageiro (RNAm). nes serem menos numerosos do que se
pelo Darwinismo outros indícios de pro- É o RNAm que leva a informação para esperava, são muito mais complexos em
jeto, chamando-o de “projeto aparente” fora do núcleo da célula, para as fábri- sua estrutura, expressão e sistemas de
em vez de “verdadeiro projeto”. Não cas produtoras de proteínas chamadas controle associados. A informação que
obstante, a descoberta de função no de ribossomos, as quais traduzem a controla como eles se expressam tem
“DNA lixo” questiona a contribuição mais informação do RNAm para uma prote- de proceder de alguma outra parte. Par-
importante de Richard Dawkins para a ína específica. O arranjo de diferentes te da informação parece estar incluída
teoria da evolução, ou seja, a hipóte- éxons permite a formação de diversos nos próprios genes, porém grande par-
se do “gene egoísta”. 4 Além disso, as RNAm, resultando na produção de gran- te parece estar fora dos genes, no DNA
elucubrações naturalistas parecem me- de diversidade de proteínas. considerado como lixo resultante do pro-
nos capazes de explicar os sistemas de O gene PITX2 do ser humano ilus- cesso de evolução. Para a surpresa de
controle existentes nos genomas do que tra como funciona o processamento do muitos, grande parte do que uma vez foi
explicar os produtos do gene em forma RNAm para criar várias proteínas dife- rejeitado como “DNA lixo” sabe-se agora
de proteína. Se o Darwinismo explica a rentes a partir de um só gene. O gene que desempenha um papel vital na fun-
funcionalidade do “DNA lixo” do mesmo PITX2 compõe-se de seis éxons sepa- ção normal do sistema genético.
modo que explica a carência de função rados por cinco íntrons (Figura 1). Ao Nos últimos anos, o “DNA lixo” pro-
do DNA, então é razoável concluir que, juntar os éxons 1, 2, 5 e 6, é formado o porcionou um tesouro de informações
pelo menos em alguns casos, tanto pre- RNAm para uma versão do PITX2 cha- sobre como operam os genomas. Os
diz tudo como explica nada. mada “isoformaA”, ou PITX2A. Ao juntar complexos sistemas que ajudam a con-
Cromosoma Humano 4
A OPINIÃO
“CIÊNCIAS DAS ORIGENS” é uma publicação semestral do
Geoscience Research Institute, situado no
Campus da Universidade de Loma Linda, Califórnia, U.S.A.
DO LEITOR A Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia provê recursos para que
esta edição em português de "Ciências das Origens" chegue gratuitamente a professores
de cursos superiores interessados no estudo das origens. Interessados no recebimento
Na revista Ciências das Origens de números anteriores, em forma impressa, ainda disponíveis, deverão solicitá-los
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já traduzidas encontram-se disponibilizadas no site www.scb.org.br em formato PDF.
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colaboração para possíveis artigos. Os Conselho Editorial
Diretor Editor Ben Clausen James Gibson Secretária
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Roberto Biaggi Timothy Standish
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