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Primeiro Semestre de 2008 Nº 15

Uma publicação do Geoscience Research Institute (Instituto de Pesquisas em Geociências)


Estuda a Terra e a vida: sua origem, suas mudanças, sua preservação.

Edição em língua portuguesa patrocinada pela DSA da IASD com a colaboração da SCB

APRESENTAÇÃO DO DÉCIMO QUINTO NÚMERO DE


CIÊNCIAS DAS ORIGENS
TRADUZIDO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA
A Sociedade Criacionista Brasileira, Como sempre, ficam expressos os da Igreja Adventista do Sétimo Dia, na pes-
dentro de sua programação editorial, tem agradecimentos da Sociedade Criacionista soa de seu Presidente, Pastor Erton Koeh-
a satisfação de apresentar o décimo quinto Brasileira a todos os que colaboraram para ler, pela continuidade do apoio à publicação
número deste periódico (primeiro número possibilitar esta publicação em língua portu- deste periódico.
anual de 2008), versão brasileira de “Cien- guesa, e particularmente, a Roosevelt S. de
cia de los Orígenes”, editado originalmente Castro pelo excelente trabalho de editoração Ruy Carlos de Camargo Vieira
pelo “Geoscience Research Institute” (GRI) gráfica. Renovam-se também os agradeci- Diretor-Presidente da
nos E.U.A. mentos especiais à Divisão Sul-Americana Sociedade Criacionista Brasileira

A ORIGEM DA VIDA NA TERRA:


RAZÕES PELAS QUAIS OS MODELOS
NATURALISTAS SÃO IMPOSSÍVEIS
Raúl Esperante, PhD
Geoscience Research Institute, Loma Linda, Califórnia, EUA

INTRODUÇÃO
N2
O tema da origem da vida é de grande importância para
qualquer modelo relacionado com a história da vida na Ter- Vapor d'água
ra. Os cientistas criacionistas acreditam que Deus criou a Eletrodos
vida na Terra há vários milhares de anos durante a semana
da criação, segundo está descrito na Bíblia no livro de Gê- CH
nesis, capítulo 1. Por outro lado, os evolucionistas afirmam 4
NH3
que a vida surgiu de componentes inorgânicos, por meio de
reações químicas ao acaso que levaram à formação de mo- Condensador
léculas orgânicas simples. Estas moléculas teriam se po-
limerizado e formado as primeiras células que teriam sido
a base para os organismos multicelulares complexos que
vemos no registro fóssil e atualmente. A aceitação da tese Água fría
evolucionista entre a maioria dos cientistas desencadeou a
busca por um modelo naturalista para basear a sua hipó-
tese. No século XX foram planejados vários experimentos
para comprovar a viabilidade da origem inorgânica para as
moléculas orgânicas. Estas alternativas, porém, não es-
tão isentas de problemas. Neste artigo examinaremos os Água
Água resfriada contendo
compostos orgânicos
modelos naturalistas propostos para a origem da vida, as
pressuposições nas quais se baseiam os experimentos e
os modelos para a síntese de moléculas orgânicas, as su-
Calor
postas provas apresentadas a favor destes modelos e os
problemas que apresentam estes modelos naturalistas para
a origem da vida. Amostra para análise química
OS EXPERIMENTOS SOBRE A ORIGEM va, produzindo aminoácidos que poste- nas uma década após este experimento,
INORGÂNICA DA VIDA riormente teriam se precipitado sobre a os cientistas já questionavam a postulada
superfície da Terra. A evaporação teria composição da atmosfera da Terra primiti-
O cenário naturalista de concentrado os aminoácidos em poças va que baseou essas descobertas.
Oparin sobre rochas quentes da superfície. Este
O primeiro planejamento sério sobre calor teria facilitado as reações químicas PROBLEMAS COM
a origem naturalista da vida foi feito por ao acaso que ligaram vários aminoácidos OS EXPERIMENTOS
Aleksandr Oparin, graduado pela Uni- através de laços peptídicos que eventual-
versidade de Moscou. Depois que Louis mente formaram as primeiras proteínas. Os resultados químicos dos
Pasteur refutou a geração espontânea em As proteínas são os componentes es- experimentos
1864, Oparin tentou responder à pergunta senciais da vida e todas as células e teci- Os experimentos de Miller e de outros
feita pelos cientistas naturalistas: se um dos biológicos contêm milhares delas com usando uma atmosfera de metano, amônia
organismo vivo provém de outro organis- funções diversas e específicas. Oparin su- e água para reproduzir hipotéticas condi-
mo vivo, de onde veio o primeiro orga- geriu que essas proteínas deveriam ter-se ções da atmosfera primitiva produziram o
nismo? Para responder a esta pergunta, concentrado para formar glóbulos coloi- que se cria terem sido os compostos or-
em 1924 Oparin começou a desenvolver dais, que são agregados moleculares glo- gânicos precursores da vida nos oceanos
a sua teoria sobre a origem da vida, que bulares estabilizados por forças eletros- primitivos. Miller obteve vários aminoáci-
consiste na evolução química de molécu- táticas. Ele sugeriu que outras moléculas dos incluindo a glicina e a alanina, os dois
las com carbono em um caldo primitivo. orgânicas (que também teriam tido uma aminoácidos mais simples encontrados
As moléculas da vida são compostas origem inorgânica) incorporaram esses nas proteínas (Tabela 1).4 Estes resulta-
de carbono (C), hidrogênio (H), nitrogênio glóbulos, criando um ambiente propício dos pareciam promissores e se esperava
(N) e oxigênio (O), portanto qualquer ex- para certas reações químicas, as quais reconstruir com eles o cenário naturalista
perimento que procurar explicar como co- em seguida conduziram à auto-síntese para a origem da vida.
meçou a vida deve utilizar moléculas que das unidades agregadas. Oparin viu nes- Entretanto, há vários problemas com
contenham esses átomos. Não obstante, se processo o primeiro passo em direção esses resultados.
a presença de oxigênio livre pode des- à formação de células vivas. • Todos os aminoácidos obtidos nos
truir muitas moléculas orgânicas, pelo que experimentos de síntese de labora-
Oparin postulou que a atmosfera primitiva O experimento de Miller tório são quase ou totalmente racê-
era muito reduzida e rica em metano (CH4) A teoria de Oparin foi retomada em micos 5, isto é, ocorrem como mistu-
como fonte de carbono, hidrogênio (H2), e 1952 por Harold Urey, professor da Uni- ra de aminoácidos estereoisômeros
amônia (NH3) como fonte de nitrogênio. 1 versidade da Chicago, e seu aluno Stan- L e D, enquanto que as proteínas
Oparin sugeriu que a forte radiação ul- ley Miller. Urey havia aceito a sugestão das células são constituídas exclu-
travioleta e as descargas elétricas atmos- de Oparin de que a atmosfera primitiva sivamente com aminoácidos do tipo
féricas teriam acionado certas reações era rica em metano, hidrogênio, amônia e L. Isto é de fato um dos obstáculos
químicas na atmosfera redutora primiti- vapor d’água.2 Com esta pressuposição, mais importantes que apresentam
Miller preparou um aparato os experimentos naturalistas que
Tabela 1 de vidraria no laboratório tratam de reproduzir as supostas
Meteorito Experimentos de Urey (Figura 1) e ten- condições da atmosfera primitiva,
Aminoácido tou obter os blocos quími- porque o poder de auto-organização
Murchison de descarga
cos essenciais por meio de (ou de polimerização em macromo-
Glicina **** ****
experiências controladas. léculas mais complexas) e a função
Alanina **** **** Miller fez circular os gases baseiam-se nas características quí-
Ácido α-amino-N-butírico *** **** através de descargas elétri- micas, físicas e estereoquímicas
Ácido α-aminoisobutírico **** ** cas de alta voltagem que si- particulares das moléculas. Estas
Valina **** ** mulavam relâmpagos, e de- características não foram observa-
pois de alguns dias a água das em uma forma altamente orga-
Norvalina **** ***
tornou-se avermelhada e nizada em nenhuma das moléculas
Isovalina *** **
turva.3 A análise química do pré-bióticas obtidas nos experimen-
Prolina **** * “caldo” mostrou uma varie- tos de simulação.6
Ácido aspártico **** *** dade de compostos, incluin- • Alguns dos aminoácidos essenciais
Ácido glutâmico **** ** do alguns aminoácidos e das proteínas, tais como a lisina, a
β-Alanina ** ** outros produtos químicos histidina e a arginina não se obtêm
Sarcosina ** *** orgânicos (Tabela 1). em quantidades perceptíveis ou
O experimento de Miller úteis para a síntese de proteínas.7
N-Etilglicina ** ***
produziu o tipo de resul- • Muitos dos aminoácidos obtidos nos
N-Metilalanina ** ** tados que os naturalistas experimentos, incluindo a norvalina
Ácido Pipecólico * * desejavam para comprovar e a norleucina, não têm nenhuma
Ácido β-amino-N-butírico * * que a vida poderia ter uma função nas proteínas. Alguns des-
Ácido β–aminoisobutírico * * origem inorgânica sob con- tes aminoácidos não aparecem de
dições redutoras na suposta maneira natural na Terra.
Ácido γ–aminobutírico * **
atmosfera primitiva. O expe- • Experimentos como os de Miller
Tabela 1: Comparação entre os aminoácidos obtidos nos expe- rimento foi repetido muitas mostram que não é difícil produ-
rimentos com descargas elétricas em condições comprovadas
vezes por outros investiga- zir moléculas orgânicas a partir de
de laboratório e os encontrados na análise de meteoritos caídos
sobre a Terra. O número de asteriscos indica abundância relati-
dores utilizando pequenas componentes inorgânicos. Entretan-
va encontrada no meteorito ou a obtida no experimento. Dados variações na composição, to, os experimentos de Miller foram
obtidos de L. E. Orgel. 1994. “The origin of life on the earth”. e obtendo resultados simi- realizados sob condições controla-
Scientific American: 77-83. lares. Não obstante, ape- das de laboratório, que não se asse-

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melham às condições dos sistemas noácidos) que sejam similares às relação a essa pressuposição. Poucos
abertos na natureza. Para conseguir que estão nas células modernas; crêem que a atmosfera primitiva fosse
o que se supõe ter acontecido ori- essas moléculas têm que polime- fortemente redutora, ou rica em hidro-
ginalmente, os experimentadores rizar-se em compostos mais com- gênio. Segundo Tian et al., 12 as concen-
ajustaram o sistema com condições plexos (proteínas) e ninguém sabe trações de CH4 e NH3 teriam sido baixas
que também supuseram que existi- como poderia ter ocorrido isso no na atmosfera primitiva devido à rápida
ram, e então quando obtiveram os oceano primitivo. perda produzida pela radiação solar ul-
resultados previstos, os apresenta- • Os experimentos de simulação têm travioleta. A emissão vulcânica de CH4 e
ram como explicação mais provável sido diversos e às vezes inverossí- NH3 não teria sido suficiente para man-
para a origem da vida. Isto constitui meis. Assim, nesses experimentos ter altas concentrações desses gases. O
um círculo vicioso. controlados têm-se obtido muitos modelo que implica alta concentração de
• Além disso, ficou destacado que, compostos que teriam podido for- hidrogênio na atmosfera tem sido menos
embora seja fácil obter moléculas mar-se em condições supostamen- discutido, e é sustentado por aqueles que
orgânicas nesses experimentos te semelhantes às da Terra pré- pensam que a Terra primitiva conservou
controlados, o que é realmen- biótica, porém as condições físicas eficientemente o hidrogênio leve, 13 e é
te difícil (e não se conseguiu) é a e químicas de cada experimento rechaçado pelos que crêem que esse
produção de moléculas que sejam são diferentes. Não se encontrou gás teria escapado facilmente da atmos-
de suficiente baixa diversidade e ou sequer se sugeriu qualquer fera da Terra. 14
semelhantes às moléculas que modelo que proporcione todos os Outros geólogos e astrofísicos suge-
hoje existem nos organismos vi- compostos biogênicos necessários rem que a atmosfera no Arqueano devia
vos.8 Por que baixa diversidade? ao mesmo tempo e sem moléculas ser neutra, isto é, rica em dióxido de car-
Porque a grande diversificação “inapropriadas”.10 bono (CO2) e nitrogênio molecular (N2). 15
poderia ser um obstáculo para a Entretanto, este modelo apresenta um
polimerização, a transição de mo- A composição da atmosfera problema importante devido ao fato de
léculas auto-replicadoras e a for- primordial que a síntese de moléculas pré-bióticas
mação de células. O metabolismo Os modelos que se propõem para essenciais teria sido muito mais difícil na
das células funciona somente utili- a evolução atmosférica, desde o Pré- presença de CO2 do que em atmosferas
zando algumas centenas de molé- Cambriano, baseiam-se na hipótese da redutoras. Os experimentos de laborató-
culas pequenas que se utilizam na acumulação progressiva de gases des- rio demonstram que a produção de cia-
construção de diversos polímeros prendidos do interior da Terra e pelos neto de hidrogênio (HCN) e de formalde-
(macromoléculas), e funcionam em primeiros organismos (para a escala de ído (H2CO), assim como de aminoácidos,
vias metabólicas diversas. As en- tempo geológico segundo a concepção diminui consideravelmente em atmosfe-
zimas intervêm na polimerização evolucionista, ver a Tabela 2). O proble- ras ricas em CO2 em comparação com
das macromoléculas e nas reações ma principal desses modelos naturalistas atmosferas ricas em CH4, ou em monóxi-
bioquímicas subseqüentes. As en- é a quantidade de oxigênio e hidrogênio do de carbono (CO). 16 Os experimentos
zimas são específicas em sua ação no ar atmosférico antes da existência da demonstram que o cianeto de hidrogênio
e no reconhecimento da natureza e vida, porque o oxigênio destruiria as mo- (HCN) e o formaldeído (H2CO), que são
da estrutura da molécula a que se léculas orgânicas pelo processo de oxi- precursores essenciais das purinas e pi-
unem. Se aceitarmos a origem na- dação. Essa é precisamente a razão pela rimidinas, e dos aminoácidos e açúcares,
turalista das moléculas pequenas qual as células têm numerosos sistemas respectivamente, não se formariam em
(no caldo primordial ou no espaço para prevenir a oxidação de seus com- uma atmosfera rica em CO2 e N2.
exterior) então teremos que en- ponentes. Oparin e Miller sabiam que Devido às dificuldades que apresen-
frentar o problema de uma grande para obter as moléculas orgânicas com tam os modelos de atmosfera redutora e
variedade de moléculas, porque bombardeio de compostos inorgânicos neutra, alguns geólogos adotaram o ponto
algumas delas teriam estruturas no sistema fechado teriam que eliminar de vista de que a atmosfera primitiva de-
muito semelhantes. As enzimas o oxigênio livre do experimento. Foi as- via ser ligeiramente oxidante, isto é, com
teriam uma quantidade enorme de sim que se supôs que o oxigênio não baixo conteúdo de O2 e com conteúdo de
moléculas semelhantes sobre que teria podido estar presente na atmosfera CO2, N2 e H2O. 17 O oxigênio é produzi-
atuar, e poderiam terminar unindo- primitiva, porque destruiria qualquer mo- do principalmente pelas algas verdes nos
se às incorretas, impedindo assim lécula orgânica que se pudesse formar oceanos, especialmente as diatomáceas e
o processo enzimático correto. Por- por processos naturais. Portanto, Oparin os cocolitofóridos, e pelas plantas verdes
tanto, ainda que o caldo primordial e Miller assumiram a ausência de oxigê- terrestres. Entretanto, a ausência de algas
contivesse uma variedade de mo- nio nos seus modelos da atmosfera pri- fotossintéticas e de plantas terrestres não
léculas pequenas essenciais para mitiva, e Miller não incluiu esse gás no impede a formação de oxigênio na atmos-
a polimerização, também poderiam seu experimento. O oxigênio é produzido fera porque certas quantidades pequenas
estar presentes moléculas “inapro- por organismos fotossintéticos, porém de de oxigênio teriam sido geradas pela foto-
priadas”, que inibiriam o início da acordo com a concepção evolucionista, dissociação das moléculas de água a ele-
polimerização e do metabolismo. as plantas verdes e as algas não tinham vadas altitudes da atmosfera.18 Além dis-
Esta é a razão pela qual Danchin aparecido ainda no planeta, portanto, so, inclusive uma pequena quantidade de
indica que “nenhum cenário para a Oparin e Miller criam que se baseavam O2 pode danificar e destruir as moléculas
origem da vida pode ser imaginado em uma pressuposição confiável. 11 orgânicas. Deste modo, deve-se pergun-
além do ambiente organizado e se- Oparin e Miller propuseram que a at- tar quanto oxigênio esteve presente na at-
letivo, antes da formação das mo- mosfera do Arqueano Inferior (ver Tabela mosfera primitiva e se ele desempenhou
léculas que se utilizariam nas ma- 2) era redutora e rica em metano (CH4), algum papel nas reações químicas com
cromoléculas” (ênfase no original).9 amônia (NH3), e não continha nitrogênio relação à origem da vida. Para solucionar
Desta forma, não é suficiente obter molecular (N2) nem oxigênio (O2). Ora, a este enigma, os geólogos começaram a
algumas moléculas orgânicas (ami- opinião dos cientistas está dividida com estudar as rochas buscando pistas.

Nº 15 Ciências das Origens 3


Rochas Pré-Cambrianas e Tabela 2
oxigênio na atmosfera
A distribuição de alguns elementos Escala evolucionista do tempo geológico
e compostos químicos, incluindo o en- Sistema ou
Éon Era Época Idade (milhões de anos)
xofre, o nitrogênio e o carbono orgânico Período
depende em grande parte das condições Holoceno 0.0115
redox e diagenéticas primárias, isto é, da Pleistoceno 1.80
quantidade (ou pressão atmosférica) de Neógeno

Cenozóico
Plioceno 5.33
oxigênio disponível no ambiente. As ro-
Mioceno 23.03
chas registram as reações químicas que
ocorreram entre os gases atmosféricos Oligoceno 33.9 + - 0.1
e os elementos químicos, bem como ou- Paleógeno Eoceno 55.8 + - 0.2
tras condições ambientais que ocorreram Paleoceno 65.5 + - 0.3
na sedimentação e também os minerais Superior 99.6 + - 0.9
existentes no momento da precipitação Cretáceo
Inferior 145.5 + - 4.0
mineral e do resfriamento do magma.
Superior 161.2 + - 4.0

Mesozóico
Nesse sentido, os geólogos examinaram
algumas das rochas mais antigas conhe- Jurássico Médio 175.6 + - 2.0
cidas (na conceituação de tempo geológi- Inferior 199.6 + - 0.6
co padrão), e analisaram alguns depósi- Superior 228.0 + - 2.0
tos, minerais e estruturas que se acredita Triássico Médio 245.0 + - 1.5
terem se formado quando apareceram os
Inferior 251.0 + - 0.4
primeiros organismos. Examinaram tam-
bém várias características geológicas Lopingiano 260.4 + - 0.7
que poderiam proporcionar provas para Permiano Guadalupiano 270.6 + - 0.7
a presença de oxigênio na atmosfera Cisuraliano 299.0 + - 0.8
primitiva, incluindo certos minerais tais Superior 318.1 + - 1.3
Fanerozóico

como a uraninita e a pirita, camadas ro- Carbonífero


Inferior 359.2 + - 2.5
chosas basálticas, formações com cama-
Superior 385.3 + - 2.6
das de ferro em lâminas, concentrações
de ferro (Fe), carbono (C), enxofre (S) e Devoniano Médio 397.5 + - 2.7
o conteúdo isotópico nas rochas. Depois Inferior 416.0 + - 2.8
Paleozóico

de várias décadas de estudo, os resulta- Pridoli 418.7 + - 2.7


dos foram parciais e pouco conclusivos. Ludlow 422.9 + - 2.5
Muitos cientistas encontraram indícios Siluriano
Wenlock 428.2 + - 2.3
que sugerem a presença de oxigênio nas
rochas de cerca de 3,7 bilhões de anos, Llandovery 443.7 + - 1.5
enquanto outros afirmam não encontrar Superior 460.9 + - 1.6
provas da presença desse gás na atmos- Ordoviciano Médio 471.8 + - 1.6
fera até mais recentemente. Examinare- Inferior 488.3 + - 1.7
mos algumas dessas provas conforme Furongiano 501.0 + - 2.0
descritas na literatura científica.
Cambriano Médio 513.0 + - 2.0
Inferior 542.0 + - 1.0
As rochas mais antigas da Terra
As rochas mais antigas conhecidas pe- Neoproterozóico 1000
los geólogos são do período Arqueano In- Proterozóico Mesopoterozóico 1600
Pré-Cambriano

ferior (Tabela 2) e afloram parcialmente na Paleoproterozóico 2500


superfície em algumas áreas no Escudo Neoarqueano 2800
Canadense, Austrália, África, Groenlândia Mesoarqueano 3200
e na Fenoescandinávia, área que abran- Arqueano Paleoarqueano 3600
ge o norte da Escandinávia e o noroeste
da Rússia. Essas são rochas magmáticas Eoarqueano Limite inferior não definido
e metamórficas, datadas entre 2,5 e 3,8 Tabela 2: Escala de tempo geológico utilizada pelos cientistas evolucionistas. “Ciências das Ori-
bilhões de anos, segundo a escala de gens” não aceita a extensão de tempo de milhões de anos para a presença da vida na Terra, em-
tempo evolucionista. O Gneiss de Acasta, bora utilize a escala para facilitar a comunicação com os leitores. 
no Escudo Canadense, contém o mineral
zircão, que foi datado em cerca de 4,03 A presença de uraninita e pirita de substituição do carbono nos fósseis. A
bilhões de anos, e que se julga ser a rocha A uraninita é um mineral que se com- presença de uraninita e pirita nas rochas
terrestre mais antiga conhecida, segundo põe principalmente de dióxido de urânio do pré-cambriano médio é interpretada
a cronologia geológica padrão, com base (UO2) e quantidades menores de UO3 e geralmente como de procedência detríti-
em datações radiométricas. Uma rocha óxidos de chumbo (Pb), tório (Th), e outros ca, isto é, procedentes da erosão de ro-
potencialmente mais antiga foi encontra- elementos traços. A pirita é um sulfeto de chas anteriores, e altamente solúveis em
da no metaconglomerado de Jack Hills na ferro (FeS2), o mais comum dos minerais água com oxigênio. Portanto, a presença
Austrália Ocidental, com cristais de zircão de enxofre, geralmente associado com de uraninita e de pirita tem sido interpre-
datados em 4,4 bilhões de anos, porém há outros sulfetos e óxidos nas rochas sedi- tada por alguns cientistas como prova de
controvérsia a respeito dessa idade. mentares e metamórficas, e como mineral uma atmosfera inicial redutora, deficiente

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em oxigênio (com baixa pressão atmos- são semelhantes em extensão e es- Não tendo sido destruídos, teriam se man-
férica de oxigênio). Entretanto, a natureza pessura, e não se encontrou nenhum tido conservados nas rochas areníticas pré-
e a origem da uraninita e dos minerais da depósito maciço de pirita em seqüên- cambrianas e as rochas calcareníticas litorâ-
pirita são altamente discutíveis, e os dados cias sedimentares ou vulcânicas do neas depositadas sob condições isentas de
sugerem que os oceanos e a atmosfera do Arqueano. 22 oxigênio deveriam conter abundante carbo-
Pré-cambriano Inferior não seriam diferen- • As semelhanças não se limitam à na- no orgânico. A matéria betuminosa também
tes dos atuais. tureza e à distribuição das rochas se- deveria ser abundante nas rochas argilosas
Nos sedimentos atuais, a pirita se origina dimentares ricas em urânio e ferro de depositadas em ambientes da franja litorâ-
principalmente por meio de dois processos: todas as épocas, mas sim estendem- nea entre as marés alta e baixa. Contudo,
a redução do sulfato na água do mar pelas se às rochas ricas em carbono orgâni- os depósitos litorâneos pré-cambrianos não
bactérias e a produção de sulfeto durante a co e sulfeto em muitos locais. 23 Se as mostram essa alta concentração prevista de
decomposição de matéria orgânica. O sulfe- rochas primitivas do Pré-Cambriano óleos betuminosos, mas são muito seme-
to também tem duas origens de menor im- fossem depositadas sob uma atmos- lhantes aos sedimentos litorâneos formados
portância, que são as emissões vulcânicas fera isenta de oxigênio sua composi- nas condições atuais. 25
e a pirita detrítica. De que maneira a presen- ção química deveria ser notavelmen-
ça dos minerais de sulfeto em sedimentos te diferente com relação às que se Presença de biotita e feldspato
indica quais puderam ter sido as condições tivessem formado em uma atmosfera Os geólogos observaram que as ro-
oceânicas e atmosféricas num mundo pré- rica em oxigênio. chas do Proterozóico e do Fanerozóico
cambriano? são muito semelhantes em composição e
• Dimroth e Kimberley assinalam que Presença e distribuição do carbono or- mineralogia com relação à presença de mi-
não se encontrou pirita detrítica nas gânico nerais de biotita, feldspato e dos isótopos
rochas areníticas de origem fluvial e Toda a matéria orgânica oxida-se rapi- de carbono (C).
marinhas logo acima do Proterozóico damente nas condições atmosféricas atu- Os minerais biotita e feldspato aparecem
Inferior em Quebec, Canadá. 19 O re- ais, e essa é a razão pela qual as células nas rochas de todas as épocas. A biotita se
gistro geológico não mostra nenhuma estão equipadas com numerosos mecanis- oxida na presença de oxigênio, e portanto
diferença geoquímica fundamental mos para prevenir que esse processo de deveria haver sobrevivido na suposta at-
entre as rochas do Pré-Cambriano decomposição aconteça espontaneamente. mosfera pobre de oxigênio do Proterozóico.
(quando a atmosfera era suposta- A decomposição parcial da matéria orgâni- Entretanto, as provas geológicas indicam
mente livre de oxigênio) e as rochas ca produz carbono orgânico dissolvido na que a biotita não sobreviveu melhor no Pro-
ricas em ferro e urânio do Fanerozói- coluna de água e nos sedimentos, porém terozóico do que no Fanerozóico, quando
co. Posto que os geólogos crêem que esse carbono oxida-se facilmente sob a a atmosfera era rica em oxigênio. Os felds-
as rochas sedimentares registram atmosfera rica em oxigênio, um processo patos são suscetíveis à carbonatação, um
as condições ambientais contempo- que ocorre rapidamente em sedimentos de processo de desgaste pela ação atmosfé-
râneas no momento da deposição, granulação mais grosseira como o arenito, rica causada pelo dióxido de carbono na
conclui-se que a semelhança entre e mais lentamente em sedimentos argi- atmosfera. Uma atmosfera rica deste gás,
as rochas pré-cambrianas e do Fane- losos. 24 O carbono orgânico que se acu- segundo sugerido por alguns geólogos, de-
rozóico indica semelhança em condi- mula na areia das praias, deltas e dunas, veria ter eliminado a maior parte dos felds-
ções atmosféricas e oceânicas, e que oxida-se e desaparece em um tempo muito patos das rochas pré-cambrianas, mas este
portanto a atmosfera do Pré-cambria- curto. Os depósitos aluviais dos meandros mineral também sobreviveu.26 Estas provas
no devia ter sido similar ou igual à do abandonados, lagunas, estuários, oceanos mineralógicas indicam que muito provavel-
resto dos períodos geológicos. e lagos profundos podem apresentar com- mente as rochas pré-cambrianas se forma-
• Em sedimentos recentes 20 encontra- postos ricos em matéria orgânica por um ram sob condições atmosféricas muito se-
se sulfeto especialmente em asso- tempo maior, especialmente se mantêm-se melhantes às do Fanerozóico, e portanto às
ciação com xistos betuminosos. 21 isolados do oxigênio e da água, porém logo atuais, contradizendo assim a idéia de que
Este sulfeto é originado por bactérias se destroem devido à ação bacteriana. O a atmosfera Pré-Cambriana fosse pobre em
redutoras, que necessitam oxigênio que sucederia em ambientes semelhantes oxigênio.
para decompor a matéria orgânica. sob a suposta atmosfera isenta de oxigênio
As análises de xistos pré-cambrianos do Pré-Cambriano? Presença de Isótopos de Carbono
e fanerozóicos indicam a presença Segundo os modelos de Oparin e de Os paleontólogos têm estado sem-
de sulfeto, o que sugere que estas Miller, ter-se-iam formado numerosas molé- pre interessados em encontrar as provas
rochas teriam sido formadas sob culas orgânicas na atmosfera do Pré-Cam- mais antigas do metabolismo da célula,
condições similares nos oceanos, e briano. Estas moléculas orgânicas teriam e têm desenvolvido técnicas sofisticadas
que a redução bacteriana já se dava caído no oceano e teriam se mantido na sua para detectá-lo em amostras de rochas
durante a deposição dos sedimentos superfície, como se passa com os hidrocar- antigas. A atividade enzimática nas célu-
pré-cambrianos. bonetos que resultam da poluição dos oce- las deixa sinais bioquímicos específicos
• O sulfeto formado por atividade vul- anos modernos, os quais formam uma pelí- na matéria orgânica, que às vezes se
cânica oxida-se rapidamente sob as cula oleosa espessa na superfície da água. conserva nas rochas sob certas condi-
condições atuais, e os sulfetos de Estas substâncias oleosas envelhecem e ções. Os blocos constituintes da maté-
metais pesados formam-se somente se polimerizam rapidamente para formar o ria orgânica são C, S, H, O e N, que se
sob condições excepcionais. Seria de betume que comumente se encontra em al- apresentam em diversas variações iso-
esperar que nos oceanos pobres em gumas praias na franja entre as marés altas tópicas. Um destes sinais bioquímicos
oxigênio do Pré-Cambriano o sulfeto e baixas. Felizmente esses agentes conta- é o quociente isotópico 12C/13C (também
lançado pelos vulcões submarinos minadores betuminosos são destruídos pe- chamado δ13C/δ12C). Nos seres vivos o
formasse espessas acumulações de las bactérias sob as condições atmosféricas 12
C prevalece sobre o 13C, pelo que a ma-
pirita no fundo do mar. Entretanto, os atuais, mas não teriam sido destruídos em téria orgânica tende a ser pobre em 13C
depósitos vulcanogênicos de sulfeto um ambiente isento de oxigênio como aque- relativamente ao 12C. Os esforços que se
do Pré-Cambriano e do Fanerozóico le postulado para o Pré-Cambriano Inferior. têm desenvolvido para encontrar moléculas

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orgânicas ou os seus rastros isotópicos Vida surgindo de fontes E o professor Deamer complementou:
em rochas pré-cambrianas têm dado hidrotermais “Ainda não sabemos o que fazer
resultados polêmicos, e as idades obti- Alguns cientistas supõem que as pri- com isto, porém estes resultados pare-
das são discutíveis, porém as estruturas meiras moléculas orgânicas e as primei- cem eliminar algumas de nossas idéias
encontradas são úteis quando se com- ras células emergiram de emanações vul- sobre de onde poderia ter começado a
param com estruturas semelhantes em cânicas ou fontes hidrotermais no fundo vida. Uma possibilidade é que a vida
rochas mais recentes. Os exemplos são oceânico. Esta idéia foi proposta depois realmente começou em ‘uma pequena
abundantes. da descoberta da rica e diversificada fau- lagoa quente’, mas não em regiões vul-
• Button 27 e Nagy 28 encontraram mi- na associada às fontes hidrotermais no cânicas ou fontes hidrotermais subma-
crofósseis de algas cocóides e verde- fundo do oceano, a qual não depende do rinas.” 32
azuladas filamentosas nos estroma- sol como fonte de energia. Outros cientis-
tólitos dolomítico-cálcicos das rochas tas indicam que a vida pode ter surgido de Apesar de estar aumentando rapida-
sedimentares do grupo Wolkberg, lagoas termais associadas à atividade vul- mente em muitos campos o conhecimento
na África do Sul. A presença desses cânica. De fato, essa idéia havia sido pro- sobre como funciona o mundo, parece que
microfósseis levaria a idade mínima posta já por Charles Darwin, que sugeriu a resposta à pergunta sobre como começou
para a atmosfera com oxigênio para que a vida poderia ter começado em uma a vida na Terra continua sendo evasiva para
2,6 bilhões de anos. Os microfósseis “pequena lagoa termal”. A idéia de que a aqueles que sustentam um ponto de vista
encontrados nessas rochas sedimen- vida emergiu de lagoas hidrotermais em naturalista.
tares antigas são análogos às algas regiões vulcânicas foi investigada experi-
verde-azuladas modernas, o que in- mentalmente e os resultados foram apre- Uma fonte extraterrestre
dica que a complexidade bioquímica sentados em um simpósio internacional para a matéria orgânica
e funcional já estava presente muito realizado Royal Society de Londres, em Alguns cientistas têm concentrado sua
cedo na suposta evolução da vida, fevereiro de 2006. Antes de sua apresen- atenção no sentido da busca de provas para
questionando assim o lento processo tação, o professor David indicou que a existência de vida em rochas procedentes
de evolução e seu modelo abiogênico do espaço exterior. A relativa abundância de
para a origem da vida. “Vão já para 140 anos desde que matéria orgânica nos meteoritos e na poei-
• Domroth e Kimberley indicam que o Charles Darwin sugeriu que a vida ra cósmica suscitou o interesse de alguns
quociente entre o carbonato orgâ- poderia ter começado em ‘uma pe- cientistas desde que William Thomson (Lord
nico e inorgânico é semelhante nas quena lagoa quente’. Agora estamos Kelvin) propôs a idéia de que a vida na Terra
rochas sedimentares de todas as ida- pondo à prova se a idéia de Darwin procedeu dos meteoritos, e desde que a pa-
des, incluindo as rochas do período era boa, porém o fazemos nas ‘pe- lavra panespermia foi cunhada pelo biólogo
Arqueano. A constância dos quocien- quenas lagoas quentes’ associadas alemão Hermann Richter. Segundo essa
tes isotópicos do carbono orgânico às regiões vulcânicas de Kamchatka hipótese, as primeiras moléculas orgânicas
e inorgânico encontrados em rochas (Rússia) e do Monte Lassen (Cali- não se originaram na Terra, mas vieram do
sedimentares é uma indicação da fórnia). Os resultados são surpreen- espaço exterior. 33 A Tabela 3 mostra algu-
constância relativa da produção de dentes, e em alguns sentidos decep- mas das muitas moléculas orgânicas que se
oxigênio livre 30 e questiona a idéia de cionantes também. Parece que as têm detectado nos corpos interplanetários. 34
que a atmosfera primitiva fosse dife- águas ácidas termais que contêm ar- Foi Svante Arrhenius (1859-1927), ganhador
rente da atual. gila não proporcionam as condições do prêmio Nobel, quem desenvolveu essa
A análise das rochas mais antigas indica apropriadas para que os produtos idéia de uma maneira cientifica, sugerindo
que a atmosfera e os oceanos tiveram uma químicos possam combinar-se para que alguns micróbios poderiam ser lança-
composição química semelhante desde o formar os ‘organismos pioneiros’. dos ao espaço interplanetário por fortes tor-
período Arqueano há cerca de 2,4 a 4,0 bi- Verificamos que certos compostos mentas, e percorrer o espaço interplanetário
lhões de anos, segundo a escala de tempo orgânicos, como os aminoácidos e impelidos pela pressão de radiação (portan-
evolucionista. Portanto, se prevalecesse o as bases do DNA, que são os blocos to, os cometas e os meteoritos não seriam
ponto de vista naturalista, as moléculas e as constituintes da vida, aderiram for- necessários para o transporte). Nos anos 50
células orgânicas, teriam que ter surgido em temente à superfície das partículas do século XX, o astrônomo Otto Struve su-
condições ambientais não muito diferentes de argilas nas lagoas vulcânicas da geriu que certos seres inteligentes poderiam
da biosfera atual. Entretanto, os geólogos região de Kamchatka. O fosfato, ou- ter levado vida de um planeta a outro em
sabem que esse panorama é inverossímil tro ingrediente essencial para a vida, épocas passadas, embora não necessaria-
dentro do seu paradigma. também aderiu à superfície da argila. mente com um propósito. Nos anos poste-
Observamos o mesmo em uma la- riores, os físicos Wickramasinghe e Hoyle
MODELOS ALTERNATIVOS: SISTEMAS goa que fervia no monte Lassen. A encontraram o que consideraram rastros
HIDROTERMAIS E PROCEDÊNCIA razão pela qual isto é significativo é de vida na poeira estelar, e sugeriram que
EXÓGENA que havia sido proposto que a argila a vida não só se originou no espaço exterior
Devido a ser difícil produzir compostos catalisa interessantes reações quími- num passado distante, mas também que a
orgânicos utilizáveis e adequados por meios cas que conduzem à origem da vida. evolução terrestre continua sendo condu-
naturalistas em atmosferas redutoras, neutras Entretanto, em nossos experimen- zida pela entrada de material genético ex-
ou oxidantes, os cientistas têm explorado duas tos, os compostos orgânicos aderi- traterrestre através de uma chuva contínua
alternativas na investigação a respeito da ori- ram tão fortemente às partículas de de matéria orgânica, inclusive de germes.
gem da vida: 1) a síntese de moléculas orgâ- argila que não podiam experimentar Acredita-se que alguns dos meteoritos que
nicas em emissões hidrotermais submarinas nenhuma reação química. Além dis- caem na Terra procedem de Marte ou da
e 2) uma origem extra-terrestre para os com- so, quando introduzimos moléculas Lua 35 sugerindo que a transferência de ma-
postos orgânicos; cada uma dessas idéias su- semelhantes às do sabão nestas la- terial de certos corpos espaciais para a Ter-
postamente apoiada por provas particulares e goas não se formaram membranas, ra pode acontecer regularmente. Se nesses
baseadas em postulados muito improváveis. as quais são necessárias para for- corpos planetários existe alguma forma de
mar as células” 31 vida microbiana, esta poderia alcançar a su-

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perfície da Terra por meio do material caído. sólidas e muito questionáveis, e até sua polimerização, mas sim a sua incorpo-
Embora atrativa, essa idéia foi rechaçada agora todos esses exemplos foram ração em estruturas moleculares funcionais
pela maioria dos cientistas. desmentidos. e auto-reprodutoras.36 Ainda mais difícil de
Alguns meteoritos que foram encontra- • Epistemologicamente, a idéia da pa- solucionar é a origem e a polimerização dos
dos na superfície da Terra, em particular o nespermia também apresenta sérios ácidos nucléicos DNA e RNA, os portadores
meteorito Murchison, contêm muitos dos problemas, não somente porque não da informação genética dentro da célula. Os
aminoácidos que Miller obteve em seus proporciona uma boa explicação para ácidos nucléicos são longas estruturas que
experimentos de síntese (Tabela 1). Isso a origem da vida na Terra, mas tam- resultam da complexa e ordenada polime-
levou alguns cientistas a sugerir que a vida bém porque requer uma explicação rização de moléculas de açúcar (pentose),
ou as moléculas necessárias para iniciar independente para a origem da vida fosfato e de purinas e pirimidinas. Quatro
a vida poderiam ter procedido do espaço em outro local. De onde surgiram es- purinas – adenina, guanina, hipoxantina e
exterior. Esta idéia, entretanto, deparou-se ses microorganismos que se acham xantina, e uma pirimidina – uracila, foram
com numerosos problemas desde que foi nos meteoritos? Alguns cientistas afir- encontrados no meteorito Murchison (Ta-
inicialmente proposta, e apesar de que al- mam que, dada a imensa extensão bela 1). 37 Entretanto, estas moléculas por
guns físicos e astrônomos ainda a apóiem, do Universo inteiro, é altamente pro- si mesmas são inúteis, a menos que se
perdeu a sua credibilidade devido a sérios vável que em alguma parte exista (ou polimerizem e sirvam como portadoras de
inconvenientes. tenha existido) alguma forma de vida. informação codificada. Neste sentido, os in-
• Os meteoritos que haviam caído na Entretanto, não foi proporcionada ne- vestigadores encontraram muitas dificulda-
superfície da Terra teriam que ter so- nhuma prova científica para tal idéia, des ao tentar explicar a origem espontânea
brevivido ao calor causado pelo atrito e o modelo carece de dados que o dos ácidos nucléicos polimerizados, e não
com a atmosfera, e isto somente é apóiem, e mesmo que essas formas foi sugerido nenhum modelo plausível.
possível se o meteorito originalmente de vida extraterrestres existissem, Qualquer modelo naturalista para a ori-
tivesse um tamanho significativo. não há prova de que houvessem con- gem da vida não somente teria que explicar
• O espaço é um ambiente letal para tribuído para a origem da vida em ou- como foram polimerizadas as proteínas e o
qualquer forma de vida, porque a ra- tros corpos celestiais. DNA a partir de moléculas pequenas, mas
diação, os raios cósmicos e os ventos também como conectaram suas funções por
estelares alteram ou destroem muitas MUNDO DE RNA meio de um código, e qual delas deu origem
das moléculas orgânicas, incluindo o Os modelos naturalistas para a origem ao metabolismo. As proteínas são necessá-
DNA e o RNA. Não é provável que das moléculas orgânicas pré-bióticas fazem rias para fazer funcionar a informação ge-
qualquer organismo sobreviva na po- frente a numerosas dificuldades para expli- nética do DNA, e o DNA é necessário para
eira estelar ou ainda nos corpos me- car a sua formação nos supostos oceanos e formar as proteínas. Assim, pois, qual surgiu
teoríticos pequenos. atmosfera primitivos, quaisquer que fossem primeiro? Ambos os caminhos necessitam de
• Foram apontados vários exemplos as condições químicas desses ambientes. um código de expressão (o código genético
de meteoritos com supostas provas Não obstante, o problema mais sério não é universal), e se for suposto que trabalharam
da presença de microorganismos. a formação dos “blocos moleculares” (ami- em conexão nos primeiros tempos, como e
Entretanto, essas provas são pouco noácidos, carboidratos, purinas, etc.), nem de onde conseguiram o código?

TABELA 3
Moléculas interestelares e cometárias Fórmulas Monômeros resultantes e algumas propriedades
Hidrogênio H2 Agente redutor
Água H 20 Dissolvente universal
Amônia NH3 Catálise e aminação
Monóxido de Carbono CO (+H2) Ácidos graxos
Formaldeído CH2O Ribose e glicerol
Acetaldeído CH3CHO (+CH2O) Desoxirribose
Aldeído RCHO (+HCN e NH3) Aminoácidos
Sulfeto de hidrogênio H2S (+outros precursores) Cisteína e metionina
Tioformaldeído (interestelar) CH2S Cisteína e metionina
Cianeto de hidrogênio HCN Purinas e aminoácidos
Cianocetileno (interestelar) HC3N (+cianato) Pirimidinas
Cianamida (interestelar) H2NCN Agente condensante para a síntese de biopolímeros
Nitrito de fósforo (interestelar) PN Fosfatos e nucleotídeos
Fosfato (meteoritos e poeira interplanetária PO4 3-
Fosfatos e nucleotídeos
Tabela 3: Compostos bioquímicos presentes no espaço interestelar e em cometas. Com exceção do fosfato, todas as demais moléculas foram
detectadas nas nuvens interestelares, e muitas têm sido detectadas em cometas. As moléculas que foram detectadas somente nas nuvens intereste-
lares estão indicadas com a palavra interestelar. Dados obtidos de Oró J, Miller SL, Lazcano A. 1990. “The origin and early evolution of life on Earth”.
Annual Review of Earth. and Planetary Sciences 18:317-56.

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Sydney Altman em 1978 e Thomas R. mensionais ligeiramente diferentes). zido à origem espontânea de células vivas.
Cech em 1981 descobriram que um tipo Estes isômeros se relacionam uns Têm procurado reconstruir artificialmente a
particular de RNA mostrava capacidade com os outros, mas são quimicamen- vida em um “caldo primitivo”, onde estariam
enzimática, que é a capacidade de ativar e te não equivalentes, e nunca apare- presentes todos os componentes orgânicos
acelerar reações bioquímicas. Acharam que cem no RNA moderno porque os me- necessários. Entretanto, para fazer isso, têm
certos tipos de RNA reagiam como as en- canismos químicos das células não que provar que a matéria inorgânica poderia
zimas, fragmentando-se espontaneamente permitem a sua formação. Porém, em produzir essa “sopa orgânica primitiva”. Por-
em dois pedaços e tornando a unir-se mais um cenário primitivo como o postula- tanto, é necessário assumir as condições do
adiante. Esta classe de RNA recebeu o do pelos cientistas naturalistas, esses oceano e da atmosfera na Terra primitiva,
nome de ribozimas. Sob condições contro- açúcares teriam sido relativamente há uns 4 bilhões de anos, segundo a cro-
ladas em laboratório, estas ribozimas eram abundantes, resultando na inibição nologia evolucionista. É necessário também
capazes de catalisar sua própria síntese de formação das cadeias de RNA. 43 imaginar os possíveis cenários para a sínte-
sem a ação catalítica de proteínas enzimáti- • As quatro bases nucléicas (adenina, se de moléculas orgânicas complexas, mo-
cas. Esta descoberta levou alguns cientistas guanina, citosina e uracila) codificam léculas auto-replicantes com informações
a imaginar um planeta no qual a vida teria a informação genética por meio da or- genéticas, e também para a agregação de
surgido das moléculas de RNA, o chamado dem em que se estruturam ao longo moléculas orgânicas múltiplas em células
“mundo de RNA”. 38 da molécula do RNA. A adenina e a autônomas.
Seria viável esta idéia de um mundo de guanina são obtidas facilmente em Para explicar o aspecto inorgânico dos
RNA? Vários experimentos de laboratório experimentos de laboratório por uma primeiros organismos, Oparin, Miller e ou-
demonstraram que é possível obter peque- cascata de reações acionadas por luz tros sugeriram uma atmosfera redutora
nos polímeros de nucleotídeos por meio de ultra-violeta. Entretanto, alguns cien- (isenta de oxigênio) durante pelo menos o
catálise não biológica, obtendo nucleotídeos tistas se perguntam porque a evolu- período Pré-Cambriano Inferior. Estes or-
semelhantes aos naturais.39 Outros experi- ção teria selecionado essas bases ganismos teriam sido procariontes unice-
mentos mostraram a possibilidade de obter dentre milhares de outros compostos lulares, vivendo muito provavelmente em
cadeias auto-replicantes de nucleotídeos.40 semelhantes. 44 microambientes isolados no oceano. Alguns
Entretanto, estes experimentos apresentam • O modelo naturalista do mundo de experimentos realizados para simular a for-
vários problemas importantes e o modelo RNA deve explicar por que o fósfo- mação da matéria orgânica a partir de com-
do mundo de RNA tem sido questionado ro, um elemento raro na natureza, é postos inorgânicos basearam-se em mo-
em seu conjunto, mesmo por alguns de um componente essencial do RNA. delos de oceanos e atmosferas fortemente
seus primeiros proponentes.41 Apresentam- Yamagata et. al. Encontraram polifos- redutores, com metano e amônia, em lugar
se aqui algumas das suas dificuldades mais fatos em emissões vulcânicas, o que de CO2, O2 e N2. Outros têm sugerido uma
significativas tem sido ligado à origem das primeiras atmosfera intermediária, com CO2 e N2. Não
• Os compostos utilizados nos experi- moléculas orgânicas. 45 Não obstante, obstante, ainda que de um ponto de vista
mentos de síntese de RNA são nu- os polifosfatos se hidrolisariam (rom- químico o modelo de atmosfera redutora
cleotídeos ativados, que são mais periam) espontaneamente na água seja atrativo, ele carece virtualmente de
reativos que os naturais. As reações para formar fosfatos insolúveis, que apoio entre os cientistas devido à ausência
não ocorriam utilizando nucleotídeos se precipitariam para o fundo marinho de provas biogeoquímicas nas rochas, e das
normais. Em qualquer caso, o modelo para formar rochas sedimentares. contradições com a presença de fósseis em
do mundo de RNA teria que explicar • Devemos também considerar a pro- rochas antigas. Estes fósseis representam
a origem do caldo pré-biótico de nu- babilidade extremamente baixa de organismos complexos que não se teriam
cleotídeos. formação espontânea de enzimas desenvolvido em atmosferas redutoras. Se
• O ácido nucléico usado nos experi- e de RNA. O modelo do mundo de as primeiras moléculas orgânicas surgiram
mentos é o DNA, que é mais fácil de RNA requer a síntese espontânea de de matéria inorgânica no despontar da vida,
sintetizar do que o RNA, embora seja nucleotídeos a partir de componentes então devemos poder encontrar provas de
este o que se acredita ter-se formado mais simples, e de sua polimerização conteúdo orgânico nas rochas pré-cambria-
primeiro no oceano primitivo. subseqüente, em uma seqüência sig- nas. Entretanto, as rochas pré-cambrianas
• Alguns compostos replicadores utili- nificativa, tudo isso em um ambiente são muito semelhantes ao resto das rochas
zados nos experimentos agregam-se aquoso, no qual predomina a hidrólise da coluna sedimentar, incluindo o seu con-
no momento apropriado durante o – reação oposta à da polimerização. teúdo orgânico. Isto não é o que esperarí-
experimento. Isto é, a auto-replicação Como se originou então inicialmente amos se a atmosfera pré-cambriana fosse
se consegue com a ajuda do cientis- o RNA? Não é fácil sintetizar o RNA isenta de oxigênio.
ta que controla o experimento, o qual em experimentos de laboratório, nem As diversas propostas sugerem cenários
tem que intervir constantemente para sequer sob condições controladas, diversos que incluem o cosmos, a panes-
certificar-se de que as reações ocor- menos ainda nas supostas condições permia, as partículas de poeira interestelar,
ram na ordem desejada e o processo oceânicas pré-bióticas. o gelo cometário, o oceano primitivo, um pe-
não entre em colapso antes de alcan- queno lago ou lagoa, gretas rochosas e as
çar uma certa etapa estável. CONCLUSÕES fontes ou respiradores termais nos fundos
• O RNA se compõe de ribose (açúcar), Os cientistas evolucionistas tentam ex- oceânicos. Os evolucionistas também se
de uma base orgânica e de uma mo- plicar a origem da vida por meio de modelos perguntam sobre qual teria sido a fonte de
lécula de ácido fosfórico. O processo especulativos naturalistas, baseados em energia que esteve disponível para a origem
que produz a ribose também gera pressuposições materialistas para o Univer- naturalista da matéria viva, e têm sugerido
outros açúcares, cuja presença pode so, a Terra e a vida nela. Nestes modelos se que ela possa ter sido proveniente de des-
inibir a síntese do RNA. 42 Além dis- especula sobre a composição inicial da at- cargas elétricas na atmosfera, luz ultravio-
so, qualquer reação primordial teria mosfera, dos oceanos primitivos e das con- leta do sol, energia geotérmica, vulcanismo
formado uma mistura de isômeros da dições físicas da Terra em geral. Muitos têm ou mudança de temperatura. A respeito do
ribose (variedades da mesma molé- tentado reproduzir as condições hipotéticas tipo de Terra primitiva, os evolucionistas se
cula, mas com configurações tridi- na Terra primitiva que poderiam ter condu- dividem entre aqueles que crêem que a at-

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mosfera era redutora ou oxidante, os conti- 2. Urey H. 1952. “On the early chemical history 26. Dimroth e Kimberley 1976.
nentes completamente cobertos pelo oceano of the Earth and the origin of life”. Proceedings 27. Button A. 1973. “Algal stromatolites of the
ou parcialmente expostos, e com uma crosta of the National Academy of Sciences USA early Proterozoic Wolkberg Group, Transvaal
38:351-63. Sequence”. Journal of Sedimentary Research
principalmente basáltica ou argilosa. Quanto
3. Miller S. 1953. “A production of amino acids 43: 160-7.
à pergunta sobre o tipo de sistemas redox under possible primitive Earth conditions”. 28. Nagy LA. 1975. “Comparative micropaleon-
utilizados nas reações primitivas das células, Science 117:528-9. tology of a Transvaal stromatolite (approxima-
também não têm nenhuma resposta defini- 4. Orgel LE. 1994. “The origin of life on the earth”. tely 2,3.109 years old) and a Witwatersrand
da, com sugestões que vão desde associa- Scientific American: 77-83. carbon seam (approximately 2,6.109 years
ção ferro-fótons, oxigênio-água e a associa- 5. McClendon JH. 1999. “The origin of life”. old)”. Abstracts with Programs – Geological
ção sulfeto de ferro e sulfeto de hidrogênio. Earth-Science Reviews 47: 71-93. Society of America 7:1209-10.
Qual foi a enzima que catalisou a formação 6. Dose K. 1988. “The origin of life. More ques- 29. Dimroth e Kimberley 1975.
tions than answers”. Interdisciplinary Science 30. Watanabe Y, Naraoka H, Wronkiewicz DJ,
dos primeiros polímeros das proteínas e dos
Reviews 13:348-56. Condie KC, Ohmoto H. 1997. “Carbon, nitro-
nucleotídeos? Segundo alguns experimen- 7. Weber AL, Miller SL. 1981. “Reasons for the gen and sulfur geochemistry of Archean and
talistas, o RNA foi tanto o primeiro polímero occurrence of the twenty coded protein amino Proterozoic shales from the Kaapvaal Craton,
quanto a primeira enzima, outros crêem que acids”. Journal of Molecular Evolution 17:273- South Africa”. Geochimica et Cosmochimica
os minerais acionaram as reações bioquími- 84. Miller S. 1992. “The prebiotic synthesis of Acta 61:3441-59.
cas; outros sugerem que os oligopeptídeos organic compounds as a step toward the ori- 31. Segundo foi divulgado pela “Royal Society
aceleraram as reações químicas complexas, gin of life”. In Major events in the history of life, of London” em sua página na Internet,
e outros perguntam-se se o modelo de RNA ed. JW Schopf, pp. 1-28. United States: Jones http://royalsociety.org/news?asp=&id=4254.
and Barlett Publ. Boston, MA, United States. Acessado em 28 de dezembro de 2007.
não é parecido ao dilema de quem nasceu
8. Danchin A. 1988. “El origin de la vida”. Mundo O sabão apresenta um alto conteúdo de
primeiro, o ovo ou a galinha. Científico 8:934-42. lípídios e gorduras que, ao se solubilizarem
Foram propostos muitos modelos para a 9. Ibid. em águas termais formam pequenas bolhas
origem naturalista da vida, e tem-se levado 10. Aguilera JA. 1992. “Luces y sombras sobre ou membranas. Alguns cientístas propõem
a efeito numerosos experimentos para obter el origen de la vida”. Mundo Científico 13:508- que essas membranas poderiam atuar como
proteínas e DNA em condições controladas 19. precursoras das complexas membranas
de laboratório. Os resultados variam, porém 11. Esta é uma forma de raciocíno circular: par- celulares. Entretanto, as observações aqui
até agora somente se obtiveram cadeias ao tindo de uma concepção evolucionista, supu- apresentadas negam tal possibilidade.
seram que as plantas fotossintetizadoras não 32. Ibid.
acaso de aminoácidos (chamados de “pro-
haviam ainda aparecido sobre a terra, e con- 33. Anders E. 1989. “Pre-biotic organic mat-
teinóides”) e de ácidos nucléicos modifica- seqüentemente postularam que a atmosfera ter from comets and asteroids”. Nature
dos e não funcionais. Estes experimentos estava livre de oxigênio. 342:255-7.
têm demonstrado que é possível produzir 12. Tian F, Toon OB, Pavlov AA, De Sterck H. 34. Oró J, Miller SL, Lazcano A. 1990. “The ori-
moléculas orgânicas simples, assim como 2005. “A hydrogen-rich early Earth atmosphere”. gin and early evolution of life on Earth”. An-
algumas macromoléculas, proteínas e áci- Science 308:1014-7. nual Review of Earth and Planetary Sciences
dos nucléicos, sob condições controladas 13. Ibid. 18:317-56.
de laboratório. Depois de várias décadas 14. Catling DC. 2006. Comment on “A hydrogen- 35. Foi sugerido que os fortes impactos que
rich early Earth atmosphere”. Science 311. ocorrem nesses planetas poderiam expelir
de experimentos, a abordagem construti-
15. Chyba CF, Thomas PJ, Brookshaw L, Sagan pedaços de rochas da superfície pára o espa-
vista que busca proporcionar um provável C. 1990. “Cometary delivery of organic mole- ço exterior, os quais percorreriam distâncias
modelo naturalista para a origem da vida cules to the early earth”. Science 249:366-73. interplanetárias e finalmente cairiam em ou-
já alcançou o limite de suas possibilidades. 16. Ibid. tros planetas, inclusive a Terra.
Todos estes experimentos tentam aplicar 17. Ohmoto H. 1996. “Evidence in pre-2.2 Ga Pale- 36. Aguilera 1992.
observações químicas feitas no presente osols for the early evolution of atmospheric oxy- 37. McClendon 1999.
aos cenários do passado, porém carecem gen and terrestrial biota”. Geology 24: 1135-8. 38. Gilbert W. 1986. “The RNA world”. Nature
de fundamento científico para os avalizar. 18. Brinkman RT. 1969. “Dissociation of water 319:618.
vapor and evolution of oxygen in the terrestrial 39. Ferris JP, Ertem G. 1993. “Montmorillonite ca-
Como disse Horgan, “Mesmo que os cien-
atmosphere”. Journal of Geophysical Resear- talysis of RNA oligomer formation in aqueous-
tistas pudessem criar algo no laboratório ch 74:5355-68. solution - A model for the prebiotic formation
com propriedades semelhantes à vida, te- 19. Dimroth E, Côté R, Provost G, Rocheleau of RNA”. Journal of the American Chemical
riam ainda de perguntar a si mesmos: é as- M, Tassé N, Trudel P. 1975. “Preliminary Society 115:12270-5.
sim que aconteceu originalmente?”47 report on stratigraphic and tectonic work in 40. Li T, Nicolau KC. 1994. “Chemical self-re-
Os cientistas evolucionistas tentam de- Rouyn-Noranda area”. Quebec Department plication of palindromic duplex DNA”. Nature
monstrar que a origem abiogenética ou inor- Natural Resources, Open File Report: 40. 369:218-21.
gânica da vida é altamente provável, e que 20. Os geólogos utilizam o termo “recente” para 41. Uma excelente revisão dos problemas rela-
referir-se aos últimos 11.500 anos da história tivos ao modelo do mundo de RNA se encon-
a evolução darwiniana é um fato. Porém,
do planeta Terra, segundo a escala cronoló- tra em Mills GC, Kenyon D. 1996. “The RNA
estes experimentos mostram o contrário, gica evolucionista. world: a critique”. Origins & Design 17:9-14.
revelando as grandes dificuldades que exis- 21. Berner RA. 1970. “Sedimentary pyrite for- 42. Horgan J. 1991. “En el principio...” Investiga-
tem no postulado de que a vida pudesse ter- mation”. American Journal of Science 268:1- ción y Ciencia: 80-90.
se originado de materiais inertes. Mostram 23. 43. Waldrop MM. 1989. “Did life really start out in
também que os próprios resultados mais 22. Dimroth E, Kimberley MM. 1976. “Precam- an RNA world?” Science 146:1248-9.
simples podem ser obtidos somente sob brian atmospheric oxygen; evidence in the 44. Ibid.
condições controladas, o que indica que um sedimentary distributions of carbon, sulfur, 45. Yamagata Y, Watanabe H, Saitoh M, Namba
uranium and iron”. Canadian Journal of Earth T. 1991. “Volcanic production of polyphospha-
planejador inteligente deve estar envolvido.
Sciences 13:1161-85. tes and its relevance to prebiotic evolution”.
Nesse sentido, a alternativa da ação 23. Ibid. Nature 352:516-9. A hidrólise ou ruptura quí-
sobrenatural de Deus criando o Universo, a 24. Van Andel TH. 1964. “Recent marine se- mica dos polifosfatos nas águas oceânicas,
Terra e a vida, adquire um grande sentido. diments of the Gulf of California”. In Marine lacustres ou fluviais sería favorecida pelo fato
Geology of the Gulf of California, ed. TH Van de que a água está subsaturada nos fosfa-
REFERÊNCIAS Andel, GG Shor, pp. 216-310: American As- tos.
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Editores Mexicanos Unidos. 112 pp. 25. Dimroth e Kimberley 1975, 1976. 47. Horgan 1991.

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ABIOGÊNESE E EXOBIOGÊNESE
Raúl Esperante, PhD
Geoscience Research Institute, Loma Linda, Califórnia

As hipóteses atuais sobre a origem da vida na Terra podem ser resumidas em duas palavras: abiogênese e exobiogênese.
A abiogênese é a idéia de que a vida na Terra originou-se pela combinação casual de moléculas orgânicas simples que por
sua vez teriam surgido de reações químicas entre moléculas inorgânicas. O cientista russo Oparin foi o primeiro a formular esta
idéia, usando palavreado científico nos anos 30 do século XX, e foi seguido pela maioria dos geólogos e dos biólogos durante o
século XX. Em 1952, Miller realizou alguns experimentos para provar a viabilidade do modelo de Oparin para a origem inorgânica
da vida.
A exobiogênese é a idéia de que a vida na Terra ou suas moléculas constituintes vieram do espaço exterior. Exobiologia é um
termo que se refere ao estudo e à distribuição das formas de vida no Universo. Pode-se falar de três tipos de exobiogênese:
• A chegada à Terra de moléculas orgânicas simples e essenciais;
• A chegada à Terra de moléculas orgânicas complexas, e
• Chegada à Terra de organismos completos que se teriam originado em alguma outra parte. Esta idéia se chama panespermia.
Posto que os cometas, os asteróides carbonatados e a poeira interplanetária são relativamente ricos em moléculas orgânicas,
alguns cientistas especulam que esses materiais teriam podido contribuir para o conteúdo orgânico pré-biótico terrestre, e expli-
cam assim a origem da vida na Terra. A idéia da exobiogênese apresentou-se depois que os cientistas se deram conta da falta de
provas para a geração espontânea, na Terra, de moléculas orgânicas complexas que pudessem formar as células vivas.
Alguns partidários do modelo exobiogenético são Enrico Fermi, prêmio Nobel que projetou e desenvolveu a primeira bomba
atômica nos Estados Unidos, o biofísico húngaro e também prêmio Nobel Leo Szilard, os astrofísicos Fred Hoyle e Chandra
Wickramasinghe, Francis Crick, que foi prêmio Nobel e co-descobridor do DNA como molécula principal da herança biológica,
Leslie Orgel, biólogo pesquisador do Instituto Salk, o astrofísico da NASA Joan Oró, e muitos outros. Francis Crick e Leslie Orgel
criam mesmo que a vida na Terra havia se originado com microorganismos enviados em foguetes procedentes de outro planeta
de nossa galáxia, idéia que chamaram de “panespermia dirigida”.
A idéia da exobiogênese enfrenta problemas importantes:
• A ausência de qualquer evidência direta de que a exobiogênese realmente ocorreu alguma vez na Terra. As idéias da exo-
biogênese e da panespermia são pura especulação.
• A probabilidade extremamente baixa de que a vida extraterrestre tenha sido compatível com os ambientes naturais na
Terra.
• A probabilidade excessivamente baixa de que as moléculas ou as células extraterrestes sobrevivessem milhões de anos no
ambiente do espaço, que é extremamente hostil à vida. A severa radiação cósmica ultravioleta e de raios-X teria destruído
qualquer célula viva que vagasse pelo universo.
Por décadas os cientistas têm sido incapazes de propor uma explicação provável para a origem naturalista da vida. Agora,
muitos decidiram enviar este insuperável problema para o espaço. De fato, isso não solucionou o dilema.

O METEORITO MURCHISON
O principal objetivo dos cientistas naturalistas que estavam no meteorito antes de entrar na órbita da
estudam como surgiu a vida na Terra é encontrar a Terra ou se formaram-se depois de ele ter caído.
origem das várias moléculas orgânicas que são ne- A composição química deste e de outros mete-
cessárias para construir as moléculas complexas que oritos tem sido desafiada por alguns cientistas que
fazem funcionar as células. Os cientistas perguntam- asseguram que as rochas mostram indícios de con-
se se um bombardeio meteorítico sobre a Terra teria taminação durante o seu manejo e armazenagem.
podido trazer estas moléculas orgânicas essenciais. Mesmo os meteoritos que têm sido manejados e ar-
Uma forma para responder esta pergunta é estudar a mazenados cuidadosamente podem aparecer con-
composição química dos meteoritos. taminados após um certo prazo. O problema real é
O meteorito Murchison é um meteorito que caiu discernir se um meteorito se contaminou ou não.
em 1969 a cerca de 100 km ao norte de Melbourne, Para uma revisão do estado da investigação so-
Austrália. A análise de amostras interiores da rocha bre o meteorito Murchison e o problema da contami-
mostrou a presença de aminoácidos. Alguns desses nação, ver a página da internet da revista Astrobio-
aminoácidos estão presentes na Terra, porém outros logy Magazine intitulada “Murchison’s amino acids:
não. Mais de 50 dos aminoácidos encontrados no tainted evidence?” em http://www.astrobio.net/news/
meteorito não estão presentes na Terra. Entretanto, modules.php?op=modload&name=News&file=articl
os cientistas perguntam-se se esses aminoácidos e&sid=375.

10 Nº 15 Ciências das Origens


ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA
Comentário sobre seres humanos
de pequena estatura com aspecto arcaico
Publicação Original: Berger LR, Churchill mantém, e que o esqueleto pode ter entre lógicas dentro da variabilidade da mesma
SE, De Klerk B, Quinn RL. 2008. Small- aproximadamente 940 a 2890 anos antes herança genética. Têm sido interpretadas
bodied humans from Palau, Micronesia. do presente. Os espécimes de maior idade como adaptações gerais a determinados
PLoS ONE 3/3:e1780. doi: 10.1371/jour- têm um tamanho de distribuição compatí- regimes climáticos a forma do corpo e
nal.pone.0001780. vel com uma população de pequenos cor- as características morfológicas de outros
pos de Homo sapiens adultos, cuja média restos humanos que parecem ser diferen-
A descoberta. O arquipélago de Palau de massa corporal é estimada em cerca tes das populações humanas modernas
está situado no Oceano Pacífico aproxi- de 30 a 50 kg. Os indivíduos desta popula- (como Neandertais e antigos seres huma-
madamente a cerca de 600 quilômetros a ção parecem possuir uma série de carac- nos anatomicamente modernos de Israel).
leste das Ilhas Filipinas e ao norte de Pa- terísticas morfológicas (como o cérebro de O exemplo dos seres humanos de Palau
púa – Nova Guiné. Em 2006, uma explo- tamanho pequeno, arco supraorbital am- ilustra as limitações de uma focalização
ração preliminar de duas grutas nas ilhas pliado e ausência de barba), que seriam taxonômica baseada unicamente na mor-
menores do arquipélago levou o Dr. Lee considerados primitivos no gênero Homo. fologia, devido ao fato de que a variabilida-
Berger à descoberta de numerosos res- Berger e seus colegas interpretam o de observada nos restos humanos poderia
tos de esqueletos humanos conservados pequeno tamanho do corpo dos fósseis ser simplesmente o registro das diferentes
na superfície do material depositado na humanos da Ilha de Palau como resultado adaptações do mesmo grupo, ou o reflexo
gruta. As expedições subseqüentes, que de nanismo insular, semelhante ao obser- de certas divisões genéticas.
incluíram a escavação arqueológica piloto vado em outros locais desta ilha tropical É provável que o estudo dos fósseis de
num pequeno quadrado de dimensões 1m do sudeste da Ásia. Neste contexto, os au- Palau tenha também impacto sobre a in-
x 1m e 50 cm de profundidade, coletaram tores do documento explicam a existência terpretação dos restos recentemente des-
uma grande quantidade de material ósseo de características arcaicas dos esqueletos cobertos do chamado Homo floresiensis.
de várias dezenas de indivíduos. como aspectos derivados do desenvolvi- O esqueleto completo de H. floresiensis
Eram muito escassas partes ósseas mento de um pequeno tamanho corporal escavado em uma gruta na ilha de Flo-
associadas entre si, e os restos de se- nas populações pigmóides. res está datado em aproximadamente 18
res humanos que foram recuperados pa- Comentário. Os fósseis de corpos hu- mil anos, e ele é atribuído a uma pessoa
reciam estar alterados e redepositados manos de pequeno porte da ilha de Palau de 1 metro de estatura. Esta descoberta
(possivelmente por erosão e redeposição representam um impressionante exemplo paleontológica e sua interpretação atual-
de material já existente na gruta), duran- de plasticidade morfológica. As caracterís- mente são objeto de um grande debate
te chuvas intensas. Alguns restos de uma ticas peculiares desta população sugerem na comunidade científica, com alguns in-
espécie de caranguejo terrestre moderno que certas modificações fenotípicas de vestigadores propondo que o H. floresien-
foram encontrados também nos depósitos, elementos do esqueleto podem ser de- ses seja uma espécie humana distinta, e
e este organismo pode ter contribuído (por sencadeadas por condições ecológicas e outros argumentando que se trata de um
meio da bioperturbação dos sedimentos) ambientais específicas, em um breve perí- ser humano moderno com características
para a mobilização post mortem do con- odo de tempo, e sem que necessariamen- patológicas pertencentes a uma popula-
junto dos fósseis. te sejam geradas novas espécies. O apa- ção afetada por nanismo insular. Os par-
O material dos esqueletos extraídos recimento de características arcaicas nos tidários desta segunda teoria teriam agora
dos diferentes níveis na escavação piloto esqueletos da ilha de Palau mostra como um argumento mais forte, após o descobri-
foi datado através do método do radiocar- alguns atributos morfológicos (freqüente- mento dos restos humanos em Palau.
bono. As idades obtidas mostraram que, mente considerados suficientes para fazer
apesar da bioperturbação dos segmentos, distinção entre linhagens filogenéticas) po- Ronald Nalin, PhD.
a ordem estratigráfica dos depósitos se dem refletir adaptações às condições eco- Geoscience Research Institute

JORNADAS 2008 DE CRIAÇÃO,


EVOLUÇÃO E EDUCAÇÃO NA ARGENTINA
Por Marcos Paseggi e Roberto E. Biaggi
Universidad Adventista del Plata, Argentina

Organizado conjuntamente pelo Geos- Uruguai e Paraguai, bem como numerosos especialistas locais, bem como de membros
cience Research Institute (GRI), de Loma Lin- assistentes das localidades e redondezas, e do Geoscience Research Institute, de Loma
da, Califórnia, o Instituto de Investigações em se desenvolveu sob o lema “Um fórum para Linda, Califórnia (Foto 2). Entre estes últimos,
Geociência, Sede Sul-americana (na UAP), dialogar sobre a fé e a razão e seu impacto o encontro contou com a presença do Dr. L.
e os Departamentos de Educação da União sobre a educação” (Foto 1). James Gibson, diretor do GRI, que apresen-
Austral e da Divisão Sul-Americana da IASD, Durante os quatro dias do evento foram tou conferências como as seguintes: “Deus e
o encontro contou com quase 350 docen- realizadas mais de 25 apresentações, entre a natureza: uma aproximação bíblica a res-
tes adventistas provenientes da Argentina, elas várias conferências plenárias a cargo de peito das origens”, “Uma visão criacionista

Nº 15 Ciências das Origens 11


de vista das diversas áreas de sua expedição, onde além de buscar e comparar
especialidade. Entre eles o evento os restos fósseis de numerosos bivalves pu-
contou com a participação do Dr. deram escutar as explicações eruditas sobre
Roberto E. Biaggi, diretor do Insti- os estratos geológicos e a sedimentação de
tuto de Pesquisas em Geosciência fósseis na região, a cargo dos Drs. Biaggi,
(GRI, Sede Sul-americana) da Uni- Esperante, Nalin, bem como do Prof. Carlos
versidad Adventista del Plata, que Steger.
teve a seu cargo as apresentações Destacamos que cada dia das jornadas
“Evidências de projeto inteligente começou com uma reflexão temática a cargo
nas aparências dos organismos” e de vários expositores, o Dr. Victor Armenteros,
“Sobre o catastrofismo geológico”; o Pr. Néstor Alberro, o licenciado Daniel Blan-
a Dra. Heidi Schulz, que dissertou co e o Dr. Pedro Tabuenca, que nos fizeram
sobre “Os genes: a chave daquilo pensar na importância da adoração ao Cria-
que somos?”; e o Dr. René Smith, dor, da educação das mentes na verdade, e
que teve a seu cargo a apresen- do valor da redenção e restauração das espé-
Foto 1: Três dos conferencistas deste evento, da esquerda tação “O niilismo pedagógico na cies no mundo atual e futuro.
para a direita: o Prof. Carlos Steger, anterior diretor do GRI
teoria da evolução”. Na área es- Uma das seções incluiu apresentações
– sede UAP, o Dr. Raúl Esperante, paleontólogo e investiga-
dor no GRI – Loma Linda, e o Dr. Roberto Biaggi, paleontó- pecífica de aplicação à educação, de vários livros e materiais educativos pre-
logo e atual diretor do GRI – sede UAP. também se ouviram apresenta- parados pela Associação Casa Editora Sul-
ções sobre a influência do darwinismo sobre Americana para benefício da docência nos
da especiação e a mudança nas espécies” a educação (a cargo do licenciado Juan Car- diferentes níveis de educação das instituições
e “A integração da fé com a razão e o ensino los Priora), sobre o pensamento complexo, educacionais da União Austral. Um evento de
da biologia”; Dr. Raúl Esperante, que disser- a evolução e a educação cristã (pelo licen- particular interesse foi a dedicação e apre-
tou sobre o registro fóssil, a evolução teísta ciado Marcelo Falconier), e sobre o diagnós- sentação do novo livro do Dr. Leonard Brand
e suas diferenças com a cosmovisão bíblica tico de aprendizagem do conceito
e o processo que utilizam os cientistas para das origens em alunos de centros
passar dos dados às conclusões; e o Dr. Ro- educativos adventistas (resultados
nald Nalin, que apresentou as conferências de um trabalho de campo a cargo
plenárias “Rastros das glaciações no regis- da Profa. Silvia Schimpf). Assim, os
tro geológico” e “Grandes províncias ígneas. assistentes puderam desfrutar de
Evidência de atividade vulcânica excepcional várias apresentações sobre aspec-
na história da Terra”. Assim, o Dr. Esperante tos históricos e literários da proble-
ofereceu uma conferência especial para um mática, a cargo de professores da
grupo de docentes, profissionais e membros UAP: Dr. Victor Armenteros, Prof.
da comunidade de Libertador San Martin, na Marcos Paseggi, Dr. Carmelo Mar-
qual apresentou os resultados de suas fasci- tínes, e o Prof. Carlos F. Steger, ex-
nantes pesquisas sobre baleias fósseis em diretor do Instituto de Pesquisas em
estratos do Neógeno no deserto costeiro do Geosciência, Sede Sul-americana.
sul do Peru. Por sua vez, o licenciado Daniel Foto 3: O grupo de participantes do evento é fotografado
Os docentes e pesquisadores locais se Blanco abordou, na sua apresenta- junto com os conferencistas. A maioria dos assistentes era
ocuparam principalmente da realização de ção sobre a perspectiva da filosofia
de professores de nível primário e secundário de escolas
aproximações científicas ao tema, do ponto adventistas, mas também incluía administradores, estu-
da ciência, aspectos importantes da dantes universitários e outros interessados.
estrutura da teoria da
evolução por seleção (Loma Linda University, Califórnia), intitulado:
natural. “No princípio... A ciência e a Bíblia na busca
Além das atividades e dis- das origens”, recém-publicado, em edição
cussões acadêmicas, durante conjunta da Universidad Adventista del Plata
um dos dias das jornadas foi rea- e a Associação. Agradecemos à União Aus-
lizada uma expedição explorató- tral que tornou possível que cada participante
ria aos riachos próximos (Foto 3). do evento pudesse receber uma cópia desse
Cabe destacar que o campus da valioso livro, e ao GRI que doou uma cópia do
Universidad Adventista del Plata mesmo para cada uma das instituições edu-
e seus arredores encontram-se cacionais do território da União Austral.
situados sobre numerosos es- Os participantes expressaram seu apre-
tratos de sedimentos, de origem ço por essa iniciativa e chegaram ao fim do
principalmente marinha, pelo evento não só com novos conhecimentos
Foto 2: O grupo de participantes escutando uma breve con- que não é raro encontrar espé- sobre a matéria, mas também com a aqui-
ferência em um afloramento de rochas nas proximidades da cies marinhas fósseis nas encos- sição de novas ferramentas que os ajudarão
UAP. Os participantes do evento tiveram oportunidade de tas e alcantilados dos diversos a selecionar os argumentos e proposições
examinar de perto as camadas sedimentares que se mos- riachos que se situam na região. científicas e a avaliar as afirmações da ci-
tram no corte produzido pela erosão do rio. Estas camadas Um grupo de mais de duzentos ência à luz das Sagradas Escrituras. Assim,
de sedimentos foram depositadas no fundo do oceano que participantes, composto em sua
receberam informações e conselhos sobre
antigamente cobria essa região da América do Sul. Nela se
maior parte por docentes dos como transmitir diversos aspectos desse
encontram numerosos fósseis de vertebrados e invertebrados
marinhos. Especial atenção se deu às camadas de fósseis de colégios secundários e universi- apaixonante tema aos estudantes das di-
bivalves, que mostram deposição catastrófica de muitos orga- tários das instituições adventis- versas instituições adventistas da Argentina,
nismos, talvez produzida por uma tempestade marinha tas da região, tomou parte desta Paraguai e Uruguai.

12 Nº 15 Ciências das Origens


GENOMAS, GENES E DNA LIXO
Por Dr. Timothy G. Standish

Uma revolução está acontecendo na Uma das perguntas mais importan- os éxons 1, 2, 3, 5 e 6 é constituído o
maneira pela qual se entendem os geno- tes que surge a respeito do assombro- RNAm para o PITX2B, e os éxons 4, 5
mas dos organismos. Um dos progres- samente pequeno número de genes nos e 6 codificam para o PITX2C. A proteína
sos mais surpreendentes é a inesperada seres humanos e em outras criaturas resultante do PITX2 desempenha seu
descoberta de que o número de genes no “mais elevadas” é: “de onde procedem papel no desenvolvimento adequado da
genoma é pequeno. Pensava-se que um todas as proteínas?” De acordo com a cabeça, dos olhos e de outros órgãos
genoma que codificasse para algo tão idéia antiga sobre os genes, cada gene por meio de sua união com o DNA, e in-
complexo como um ser humano deveria codificaria uma proteína. Este é o con- fluencia a produção de outros genes. 8
estar constituído por cerca de 100 mil ge- ceito de “um gene, uma enzima” pelo O terminal C do PITX2 que se une ao
nes1, ou talvez mais. Não obstante, des- qual Beadle e Tatum receberam o prê- DNA está codificado nos éxons 5 e 6, de
de a publicação do genoma humano2, pa- mio Nobel em 1958 5. Devido ao fato de modo que todas as formas de PITX2 se
rece que os seres humanos teriam quase que os seres humanos produzem mais unem ao DNA.9 Se certas partes da pro-
o mesmo número de genes que os orga- de 100.000 proteínas, e parece haver teína se mudam em direção ao terminal
nismos mais simples – como os vermes menos que 25.000 genes 6, pelo me- N do gene, isso presumivelmente causa-
nematóides – provavelmente menos da nos alguns genes devem ser capazes rá um impacto na maneira como o PITX2
quarta parte das estimativas anteriores. de produzir mais de uma só proteína. interage com outras moléculas. 10
Esta nova idéia sobre o número de ge- O mecanismo para fazer isto é seme- As variações da proteína do PITX2
nes no genoma agravou um problema que lhante ao mecanismo que se conhece na realidade são mais complexas do que
já havia sido apresentado pela geração para a geração das proteínas da imu- isso. Enquanto que as isoformas A, B e
anterior de cientistas: se existem tão pou- noglobulina (os anticorpos) 7. Neste me- C estão amplamente distribuídas entre
cos genes, por que os seres humanos e canismo, certos segmentos diferentes os animais vertebrados, uma quarta va-
muitos outros organismos têm tanto DNA do DNA que codifica proteínas podem riação, o PITX2D, só se encontra em se-
em seus genomas? Dizia-se que somente ser acondicionados juntos, de diversas res humanos. 11 Tanto o PITX2C como o
3% dos 3 bilhões de nucleotídeos no ge- maneiras, para fazer literalmente bi- D são feitos a partir de um RNA trans-
noma humano codificava realmente para lhões de proteínas diversas de anticor- crito que começa no meio do gene do
a produção de proteínas. Assim, a maio- pos. Sabe-se que alguns mecanismos PITX2, mas no RNAm do PITX2D é eli-
ria de nosso genoma codificava para semelhantes operam em outros genes, minada uma parte do éxon 4 juntamente
nada, ou pelo menos parecia que era embora não se conheça nenhum que com o íntron 3. Existem outras variações
assim. Este DNA que não codifica pro- seja capaz de produzir as milhões de da proteína PITX2 que não foram men-
teínas foi codificado como sendo “DNA variações exigidas pelo sistema genéti- cionadas aqui. A idéia deste exemplo é
lixo”, e alguns proeminentes darwinistas co que gera os anticorpos. esclarecer que um único gene pode ser
e seus seguidores se atrelaram ao carro A maioria dos genes nos seres hu- usado para fazer múltiplas proteínas. Se
do “DNA lixo” afirmando que era exata- manos e outros eucariontes (assim esse é o caso, então é necessário que
mente o que predizia o processo de evo- como alguns genes em procariontes) existam mecanismos reguladores para
lução darwiniana. 3 compõem-se de segmentos de DNA assegurar que as proteínas adequadas
Embora melhor, porém de nenhuma chamados “éxons” separados por seg- sejam sintetizadas pelos genes apro-
maneira chegando perto de ser com- mentos chamados “íntrons”. Quando se priados.
pleto, o conhecimento dos genomas vai produzir uma das proteínas codifica- O que isso tem a ver com o “DNA
aumentou, e estes parecem ser muito das pelo gene, a primeira coisa a ser fei- lixo”? O recente avanço no conhecimen-
mais elegantes do que originalmente foi ta é uma cópia (transcrição) do DNA do to do que é realmente o gene mostra
considerado e predito por alguns darwi- gene. Então, este RNA transcrito é pro- que o genoma e os próprios genes são
nistas. Entretanto, este projeto tão evi- cessado para retirar os íntrons e arru- muito mais dinâmicos do que inicialmen-
dente no genoma, pode ser disfarçado mar os éxons de forma contígua em uma te imaginávamos. Não obstante os ge-
da mesma maneira que são disfarçados molécula de RNA mensageiro (RNAm). nes serem menos numerosos do que se
pelo Darwinismo outros indícios de pro- É o RNAm que leva a informação para esperava, são muito mais complexos em
jeto, chamando-o de “projeto aparente” fora do núcleo da célula, para as fábri- sua estrutura, expressão e sistemas de
em vez de “verdadeiro projeto”. Não cas produtoras de proteínas chamadas controle associados. A informação que
obstante, a descoberta de função no de ribossomos, as quais traduzem a controla como eles se expressam tem
“DNA lixo” questiona a contribuição mais informação do RNAm para uma prote- de proceder de alguma outra parte. Par-
importante de Richard Dawkins para a ína específica. O arranjo de diferentes te da informação parece estar incluída
teoria da evolução, ou seja, a hipóte- éxons permite a formação de diversos nos próprios genes, porém grande par-
se do “gene egoísta”. 4 Além disso, as RNAm, resultando na produção de gran- te parece estar fora dos genes, no DNA
elucubrações naturalistas parecem me- de diversidade de proteínas. considerado como lixo resultante do pro-
nos capazes de explicar os sistemas de O gene PITX2 do ser humano ilus- cesso de evolução. Para a surpresa de
controle existentes nos genomas do que tra como funciona o processamento do muitos, grande parte do que uma vez foi
explicar os produtos do gene em forma RNAm para criar várias proteínas dife- rejeitado como “DNA lixo” sabe-se agora
de proteína. Se o Darwinismo explica a rentes a partir de um só gene. O gene que desempenha um papel vital na fun-
funcionalidade do “DNA lixo” do mesmo PITX2 compõe-se de seis éxons sepa- ção normal do sistema genético.
modo que explica a carência de função rados por cinco íntrons (Figura 1). Ao Nos últimos anos, o “DNA lixo” pro-
do DNA, então é razoável concluir que, juntar os éxons 1, 2, 5 e 6, é formado o porcionou um tesouro de informações
pelo menos em alguns casos, tanto pre- RNAm para uma versão do PITX2 cha- sobre como operam os genomas. Os
diz tudo como explica nada. mada “isoformaA”, ou PITX2A. Ao juntar complexos sistemas que ajudam a con-

Nº 15 Ciências das Origens 13


trolar os éxons parecem estar envolvidos genuinamente surpreendente para muita cados no “DNA lixo” são tão importantes
em seqüências que ocupam pelo menos gente familiarizada com eles, e mostra o como os genes que controlam, e que os
um terço do genoma humano. 12 Isso é muito que ainda nos falta aprender. Se seres humanos junto com os demais se-
muito mais do que os 3% do genoma hu- os pseudogenes exercem de fato fun- res viventes são na realidade “formidá-
mano que há apenas alguns anos atrás ções vitais, então isso questiona a lógica veis e maravilhosos”. 17
se pensava que eram funcionais. Parece usada ao se invocar os pseudogenes e
que vários fragmentos de RNA de trans- o “DNA lixo” como provas de um ances- REFERÊNCIAS
crição intervêm na regulação de cada tral comum, particularmente entre seres 1. Lewin B. 2000. “Genes VII”. Oxford Univer-
etapa na produção de proteínas. Estas humanos e símios. Isto também revela a sity Press. p. 75.
cadeias curtas de RNA parecem pro- imprudência de crer que as coisas se ba- 2. Human Genome Sequencing Consortium.
2001. “The sequence of the human geno-
ceder de todas as partes do genoma, e seiam, de alguma maneira, naquilo que
me”. Science 291:1304-1351.
não somente de zonas codificadoras de pensamos que seja correto acerca do 3. Para uma discussão detalhada da história
genes. De fato, está-se descobrindo que mundo, em vez de comprovar o que ob- deste argumento e porquê, desde a pers-
pelo menos 70% do genoma é transcri- servamos para ver se o que cremos que pectiva darwinista ele é fraco, ver: Standish
to em RNA 13 e que ambas as cadeias seja verdade na realidade está ou não in- T. G. 2002. "Rushing to Judgment: Funcio-
da dupla hélice da molécula de DNA são serido na categoria de realidade. nality in Non-Coding or Junk DNA". Origins
transcritas, e não somente a cadeia que Resulta ser difícil manter os velhos 53:7-30.
codifica uma proteína. 14 argumentos contra um Deus criador, 4. Dawkins R. 2000. "El Gene Egoísta". Salvat
Editores, Barcelona.
Uma das descobertas recentes mais sábio e bom, com base na falsa pres-
5. Observe-se que George W. Beadle e Edward
surpreendentes indica que para a for- suposição de que os genomas são so- L. Tatum receberam, cada um, um quarto do
mação do ovo fecundado em ratos é bretudo restos de lixo resultantes do prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em
necessário um RNA transcritor de um processo evolutivo. Outros argumentos 1958. A outra metade do prêmio foi para
pseudogene. 15 Os pseudogenes são mais sutis baseiam-se nas quantidades Joshua Lederberg pelas suas descobertas
uma forma de “DNA lixo” que se podem de DNA, muito menores do que tanto os relacionadas com a recombinação genética
dividir em duas classes: “processados” e criacionistas quanto os darwinistas po- bacteriana.
“não processados”. Os pseudogenes não deriam aceitar, que não desempenham 6. Observe-se que apesar da publicação do
genoma humano, o número de genes no
processados parecem ser genes normais nenhuma função no genoma. Com efei-
genoma ainda é uma estimativa, e não uma
que foram rompidos. 16 Os pseudogenes to, a pressuposição de falta de função contagem do número real de genes. Estas
processados se parecem com o RNAm deve ser vista sempre com ceticismo. estimativas baseiam-se em certas pressu-
que foi transcrito de volta para DNA. A Não que haja razões teológicas para posições que podem ou não ser válidas.
maioria das pessoas, tanto as que crê- não esperar que existam algumas im- Para um exemplo recente da estimativa do
em que Deus criou os seres humanos perfeições no genoma, mas sim por esta número de genes, partindo de certas pres-
como as que não crêem, estaria de acor- pressuposição ser incompatível, em suposições evolutivas e que chega a um nú-
do com o fato de que os genes rompidos grande escala, com aquilo que antes era mero marcantemente baixo, ver: Clamp M,
Fry B, Kamal M, Xie X, Cuff J, Lin MF, Kellis
não constituem surpresa, e se o RNA considerado como “DNA lixo”. As novas
M, Lindblad-Toh K, Lander ES. 2007. "Dis-
revertesse ocasionalmente a DNA mui- revelações científicas sobre o funciona- tinguishing protein-coding and noncoding
tos não objetariam, desde que os dados mento do genoma inspiram surpresa e genes in the human genome". Proceedings
apoiassem essa afirmação. A descoberta admiração sobre o seu projeto. Resulta of the National Academy of Sciences USA
de que esses pseudogenes têm função é que os mecanismos de controle codifi- 104(49):19428-19433.

Cromosoma Humano 4

Éxon 1 Éxon 2 Éxon 3 Éxon 5 Éxon 6 Pitx2b

Éxon 1 Éxon 2 Éxon 3 Éxon 4 Éxon 5 Éxon 6

Éxon 4 Éxon 5 Éxon 6 Pitx2c

Éxons do gene PITX2 que são transcritos e


processados para constituir o RNAm Éxon 1 Éxon 2 Éxon 5 Éxon 6 Pitx2a
Partes dos RNAm do gene PITX2 que não
são transcritos para proteínas

Partes dos RNAm do gene PITX2 que são


traduzidas para proteínas PITX2

14 Nº 15 Ciências das Origens


7. Susumu Tonegawa recebeu o prêmio No- transcription factor 2 (PITX2): Generation Transcription in the Mammalian Trans-
bel em Fisiologia e Medicina em 1987 por by alternative translation initiation and criptome". Science 309:1564-1566.
descobrir o mecanismo genético responsá- RNAm splicing. BMC Molecular Biology 15. Tam OH, Aravin AA, Stein P, Girard A,
vel pela diversidade de anticorpos. 9(1):31. Murchison EP, Cheloufi S, Hodges E, An-
8. Gage PJ, Suh H, Camper SA. 1999. "The 11. Cox CJ, Espinoza HM, McWilliams B, ger M, Sachidanandam R, Schultz RM,
boicod-related Pitx gene family in develop- Chappell K, Morton L, Hjalt TA, Semina Hannon GJ. 2008. "Pseudogene-derived
ment". Mammalian Genome 10:197-200. EV, Amendt BA. 2002. "Differential Re- small interfering RNAs regulate gene ex-
9. À medida que são construídas as proteí- gulation of Gene Expression by PITX2 pression in mouse oocytes". Nature. Pu-
nas, os aminoácidos vão se agregando à Isoforms". Journal of Biological Chemis- blicado na internet em 10 April 2008 doi:
crescente cadeia de peptídeos por reações try 277(28): 25001-25010. 10.1038/nature06904
de desidratação entre o grupo carboxila e 12. Zhang C, Li W-H, Krainer AR, Zhang 16. Os pseudogenes não processados po-
o último aminoácido agregado à amina do MQ. 2008. "RNA landscape of evolution dem dividir-se em dois grupos. Os pseu-
aminoácido que é acrescentado. Isto dá for optimal exon and intron discrimina- dogenes unitários são genes individuais
lugar a um laço peptídico. Devido a que tion". Proceedings of the National Aca- que foram desativados, enquanto que
os aminoácidos se juntam sempre na ex- demy of Sciences USA 105(15):5797- os pseudogenes duplicados são mem-
tremidade da proteína que tem um grupo 5802. bros das famílias dos genes. Enquanto
carboxila, as proteínas crescem pela extre- 13. Pheasant M, Mattick JS. 2007. "Raising que outros membros das mesmas famí-
midade que tem uma amina a descoberto, the estimate of functional human sequen- lias dos genes produzem proteínas, os
extremo chamado de terminal N, crescen- ces". Genome Research 17:1245-1253. pseudogenes duplicados não. Eles são
do até o extremo com o grupo carboxila, 14. RIKEN Genome Exploration Research interpretados como genes que foram du-
chamado terminal C. Group and Genome Science Group (Ge- plicados e mais tarde mutados de modo
10. Lamba P, Hjalt TA, Bernard DJ. 2008. nome Network Project Core Group) e o que já não possuem nenhuma função.
"Novel forms of Paired-like homeodomain" FANTOM Consortium. 2005. "Antisense 17. Salmo 139:14.

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“CIÊNCIAS DAS ORIGENS” é uma publicação semestral do
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