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Mata Atlântica

Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas


Mata Atlântica
Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas

Editado por
Carlos Galindo-Leal e
Ibsen de Gusmão Câmara

Fundação SOS Mata Atlântica


Conservação Internacional

Centro de Ciências Aplicadas à Biodiversidade

Belo Horizonte
2005
Título original: The Atlantic Forest of South America: biodiversity status,
threats, and outlook. Washington: Island Press, Center for Applied Biodiversity
Science at Conservation International. 2003.
Copyright © 2003 por Conservation International

Copyright da tradução © 2005 por Fundação SOS Mata Atlântica e Conser-


vação Internacional

Aliança para Conservação da Mata Atlântica


Conservação Internacional Fundação SOS Mata Atlântica
Presidente: Angelo B. M. Machado Presidente: Roberto Luiz Leme Klabin
Vice-presidentes: José Maria C. da Silva Vice-presidente: Paulo Nogueira-Neto
Carlos A. Bouchardet Diretoria de Gestão do
Programa Mata Atlântica: Conhecimento: Márcia M. Hirota
Luiz Paulo S. Pinto (Diretor) Diretoria de Captação de
Adriana Paese, Adriano P. Paglia, Recursos: Adauto T. Basílio
Ivana R. Lamas, Lúcio C. Bedê, Diretoria de Mobilização: Mario Mantovani
Mônica T. Fonseca

Coordenação da tradução: Ivana R. Lamas


Tradução: Edma Reis Lamas
Revisão técnica: Lívia Vanucci Lins
Revisão de texto: Ana Martins Marques e Marcílio França Castro

Editoração e arte-final: IDM Composição e Arte


Capa: Ricardo Crepaldi
Fotos: Andrew Young (capa), João Makray (p. 1, 25), Haroldo Palo Jr. (p. 137),
Russel Mittermeier (p. 265, 353) e Haroldo Castro (p. 457)

Ficha catalográfica: Andrea Godoy Herrera CRB 8/2385


M41 Mata Atlântica : biodiversidade, ameaças e perspectivas / editado por
Carlos Galindo-Leal, Ibsen de Gusmão Câmara ; traduzido por Edma
Reis Lamas. – São Paulo : Fundação SOS Mata Atlântica — Belo
Horizonte : Conservação Internacional, 2005.
472 p. : il., mapas, grafs, tabelas ; 25,2 x 17,8 cm.
(State of the hotspots, 1)
Título original: The Atlantic forest of South America: biodiversity
status, threats, and outlook
ISBN: 85-98946-02-8 (Fundação SOS Mata Atlântica)
85-98830-05-4 (Conservação Internacional)
1. Mata Atlântica 2. Diversidade biológica I. Galindo-Leal, Carlos
II. Câmara, Ibsen de Gusmão III. Título
Sumário

Apresentação da edição brasileira ............................................................... ix


Angelo B. M. Machado e Roberto Klabin
Apresentação da edição original ................................................................. xi
Gordon E. Moore
Prefácio .................................................................................................xiii
Gustavo A. B. da Fonseca, Russell A. Mittermeier e Peter Seligmann
Agradecimentos .................................................................................... xvii

I. INTRODUÇÃO
1. Status do hotspot Mata Atlântica: uma síntese .............................. 3
Carlos Galindo-Leal e Ibsen de Gusmão Câmara
2. Estado dos hotspots: a dinâmica da perda de biodiversidade ...... 12
Carlos Galindo-Leal, Thomas R. Jacobsen,
Penny F. Langhammer e Silvio Olivieri

II. BRASIL
3. Dinâmica da perda da biodiversidade na Mata Atlântica
brasileira: uma introdução ...................................................... 27
Luiz Paulo Pinto e Maria Cecília Wey de Brito
4. Breve história da conservação da Mata Atlântica ...................... 31
Ibsen de Gusmão Câmara
5. Estado da biodiversidade da Mata Atlântica brasileira ............... 43
José Maria Cardoso da Silva e Carlos Henrique M. Casteleti
6. Monitoramento da cobertura da Mata Atlântica brasileira
Márcia Makiko Hirota ............................................................... 60
7. Prioridades de conservação e principais causas da perda de
biodiversidade nos ecossistemas marinhos ................................. 66
Silvio Jablonski
8. Espécies ameaçadas e planejamento da conservação ................... 86
Marcelo Tabarelli, Luiz Paulo Pinto, José Maria Cardoso da Silva
e Cláudia Maria Rocha Costa
vi Sumário

9. Passado, presente e futuro do mico-leão-dourado e de


seu hábitat ................................................................................. 95
Maria Cecília M. Kierulff, Denise M. Rambaldi
e Devra G. Kleiman
10. Causas socioeconômicas do desmatamento na
Mata Atlântica brasileira .......................................................... 103
Carlos Eduardo Frickmann Young
11. Os Corredores Central e da Serra do Mar na
Mata Atlântica brasileira .......................................................... 119
Alexandre Pires Aguiar, Adriano Garcia Chiarello,
Sérgio Lucena Mendes e Eloina Neri de Matos
12. Iniciativas políticas para a conservação da
Mata Atlântica brasileira .......................................................... 133
José Carlos Carvalho

III. ARGENTINA
13. Dinâmica da perda da biodiversidade na Mata Atlântica
argentina: uma introdução ...................................................... 139
Alejandro R. Giraudo
14. Breve história da conservação da Floresta do Paraná ............... 141
Juan Carlos Chebez e Norma Hilgert
15. Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da
Argentina ................................................................................. 160
Alejandro R. Giraudo, Hernán Povedano, Manuel J. Belgrano,
Ernesto R. Krauczuk, Ulyses Pardiñas, Amalia Miquelarena,
Daniel Ligier, Diego Baldo e Miguel Castelino
16. Ameaças de extinção das espécies-bandeira da
Mata Atlântica de Interior ....................................................... 181
Alejandro R. Giraudo e Hernán Povedano
17. Perspectivas para a conservação de primatas em Misiones ....... 194
Mario S. Di Bitetti
18. A perda da sabedoria Mbyá: desaparecimento de um
legado de manejo sustentável ................................................... 200
Angela Sánchez e Alejandro R. Giraudo
19. Raízes socioeconômicas da perda da biodiversidade em
Misiones .................................................................................. 207
Silvia Holz e Guillermo Placci
Sumário vii

20. Capacidade de conservação na Floresta do Paraná ................... 227


Juan Pablo Cinto e María Paula Bertolini
21. Análise crítica das áreas protegidas na Mata Atlântica da
Argentina ................................................................................. 245
Alejandro R. Giraudo, Ernesto R. Krauczuk,
Vanesa Arzamendia e Hernán Povedano
22. Última oportunidade para a Mata Atlântica ............................ 262
Luis Alberto Rey

IV. PARAGUAI
23. Dinâmica da perda da biodiversidade na Mata Atlântica
paraguaia: uma introdução ...................................................... 267
José Luis Cartes e Alberto Yanosky
24. Breve história da conservação da Mata Atlântica de Interior ... 269
José Luis Cartes
25. Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior do
Paraguai ................................................................................... 288
Frank Fragano e Robert Clay
26. Aspectos socioeconômicos da Mata Atlântica de Interior ........ 308
Ana Maria Macedo e José Luis Cartes
27. O aqüífero Guarani: um serviço ambiental regional ............... 323
Juan Francisco Facetti
28. Capacidade de conservação na Mata Atlântica de Interior
do Paraguai .............................................................................. 326
Alberto Yanosky e Elizabeth Cabrera

V. QUESTÕES TRINACIONAIS
29. Dinâmica da perda da biodiversidade: uma introdução
às questões trinacionais ............................................................ 355
Thomas R. Jacobsen
30. Espécies no limiar da extinção: vertebrados terrestres
criticamente em perigo ............................................................ 358
Thomas Brooks e Anthony B. Rylands
31. Reunindo as peças: a fragmentação e a conservação
da paisagem ............................................................................. 370
Carlos Galindo-Leal
viii Sumário

32. Florestas em perigo, povos em desaparecimento:


diversidade biocultural e sabedoria indígena ............................ 379
Thomas R. Jacobsen
33. Visitas indesejadas: a invasão de espécies exóticas .................... 390
Jamie K. Reaser, Carlos Galindo-Leal e Silvia R. Ziller
34. Extração e conservação do palmito .......................................... 404
Sandra E. Chediack e Miguel Franco Baqueiro
35. Impacto das represas na biodiversidade da Mata Atlântica ...... 411
Colleen Fahey e Penny F. Langhammer
36. Povoando o meio ambiente: crescimento humano,
densidade e migrações na Mata Atlântica ................................ 424
Thomas R. Jacobsen
37. O Mercosul e a Mata Atlântica: um marco regulatório
ambiental ................................................................................. 434
María Leichner
38. Um desafio para conservação: as áreas protegidas da
Mata Atlântica ......................................................................... 442
Alexandra-Valeria Lairana

VI. CONCLUSÃO
39. Perspectivas para a Mata Atlântica ........................................... 459
Carlos Galindo-Leal, Ibsen de Gusmão Câmara e
Philippa J. Benson

Sobre os colaboradores ............................................................................ 467


PARTE III
Argentina
Capítulo 15

Status da biodiversidade da Mata Atlântica


de Interior da Argentina
Alejandro R. Giraudo, Hernán Povedano, Manuel J. Belgrano,
Ernesto Krauczuk, Ulyses Pardiñas, Amalia Miquelarena,
Daniel Ligier, Diego Baldo e Miguel Castelino

A Mata Atlântica de Interior estende-se por aproximadamente 825.000km2


no nordeste da Argentina, no Paraguai e no sudeste do Brasil (Laclau, 1994;
Morello e Matteucci, 1999) (ver Capítulo 5). Conhecida na Argentina como
Floresta do Paraná ou de Misiones, a Mata Atlântica de Interior pertence a um
grupo de florestas tropicais úmidas da América do Sul e é reconhecida como uma
área de alto endemismo e diversidade, tanto na região neotropical como glo-
balmente (ICPB, 1992; Laclau, 1994; Stotz et al., 1996). A Mata Atlântica de
Interior é uma floresta tropical semidecídua sazonal com duas estações climáticas,
incluindo uma estação tropical, com intensas chuvas de verão, e uma estação
subtropical sem período seco. As temperaturas de inverno podem cair abaixo de
15°C e causar uma seca fisiológica (Veloso et al., 1991). A Mata Atlântica de
Interior é geralmente considerada uma subdivisão da Mata Atlântica, que se
estende nas encostas orientais da serra do Mar ao longo da costa até o nordeste
do Brasil e recebe chuvas mais abundantes e regulares que qualquer outro lugar
(Martínez Crovetto, 1963; Sick, 1984; Stotz et al., 1996). As duas florestas têm
um número significativo de espécies em comum (Martínez Crovetto, 1963), mas
cada uma tem também suas características distintivas (Cabrera e Willink, 1973)
(ver Figura 5.1).
A Mata Atlântica de Interior sofreu profundas modificações e grande
desmatamento nos últimos 80 anos. Na verdade, 94% da área original de floresta
foi perdida ou drasticamente fragmentada, e os 6% restantes apresentam
diferentes graus de modificação (Laclau, 1994). Acredita-se que esse ecossistema
seja agora um dos mais ameaçados do mundo, e a província de Misiones, na
Argentina, retém uma das porções mais contínuas e menos impactadas da Mata
Atlântica de Interior (ver Figura 19.1).
A grande e não fragmentada área florestal de Misiones desempenha um papel
crucial na conservação da Mata Atlântica de Interior, porque oferece

160
Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da Argentina 161

oportunidades reais para a preservação de áreas extensas, a criação de corredores e


reservas e a promoção do desenvolvimento sustentável em áreas não protegidas.
Entretanto, os fatores responsáveis pela perda e fragmentação da floresta –
incluindo o desmatamento e o crescimento populacional, com a conseqüente
pressão sobre os recursos – não diminuíram (Laclau, 1994; Dalmau, 1995) (ver
Capítulo 19). Neste capítulo, apresentamos uma revisão detalhada do status dos
ecossistemas florestais e da diversidade e distribuição das espécies na Mata
Atlântica da Argentina. No entanto, os inventários aqui mostrados representam
apenas uma parte da informação de que os pesquisadores e os responsáveis pela
elaboração de políticas públicas precisam para construir ações efetivas para
conservar a biodiversidade remanescente nessa valiosa região. Por essa razão,
concluímos discutindo a necessária, porém difícil, tarefa de selecionar indicadores
sólidos para monitorar a biodiversidade e outros desafios que devem ser vencidos
para proteger a Mata Atlântica de Interior.

Formações biogeográficas
Muitos pesquisadores reconhecem duas regiões fitogeográficas em Misiones:
o Distrito das Florestas Mistas e o Distrito dos Campos (Cabrera, 1976). O
Distrito das Florestas Mistas apresenta quatro subdivisões, enquanto o Distrito
dos Campos não é subdividido (Tabela 15.1 e Figura 15.1).
O Distrito das Florestas Mistas inclui árvores sempre verdes, que variam em
altura de 20 a 50m, com um estrato de árvores menores e um denso sub-bosque
de bambus ou samambaias arborescentes. Predominam as espécies das famílias
Lauraceae (Ocotea e Nectandra), Fabaceae (Lonchocarpus, Schizolobium e
Parapiptadenia, por exemplo), Myrtaceae e Meliaceae, mas nenhuma espécie é
dominante, porque 50 ou mais espécies arbóreas dividem o espaço em densidades
que variam em razão de pequenas diferenças de solo ou microclima. Outras
espécies comuns incluem o cedro (Cedrella fissilis), o guatambu (Balfourodendron
riedelianum), a canela-preta (Nectandra megapotamica), a canjerana (Cabralea
canjerana), o angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), o pau-d’arco-roxo
(Tabebuia ipe), o ipê-da-praia (Tabebuia pulcherrima), a jerivá (Syagrus
romanzoffiana) e 200 outras, de tamanhos variados, que constituem pelo menos
três estratos diferentes. Um elemento importante nessas florestas são as taquaras,
incluindo Chusquea, Guadua e Merostachys. Nesse quadro geral do Distrito,
quatro formações com características especiais adicionais podem ser distinguidas
(Tabela 15.1).
Os rios de Misiones, com suas águas claras, canais cheios de pedras,
corredeiras e cachoeiras, e o profundo solo aluvial de suas margens também são
determinantes de algumas particularidades da flora e da fauna da região.

Extensão e status da cobertura florestal


Originalmente, a Mata Atlântica de Interior em Misiones cobria uma área de
cerca de 25.700km2 (Laclau, 1994), ou 86% da província. Incluindo as ilhas de
Tabela 15.1. Subdivisões biogeográficas da Mata Atlântica de Interior em Misiones, na Argentina.

Formações
Distribuição Características Espécies Status de conservação
(Extensão)
Floresta de Localizada no extremo norte de Originalmente caracterizada pela Várias espécies de plantas são endêmicas desse tipo Parcialmente protegida
Peroba-rosa Misiones, no pediplano dos rios abundância de peroba-rosa de floresta, incluindo Begonia descoleana, Cyperus pelo Parque Nacional
e Palmito Paraná e Iguaçu (Figura 15.1). (Aspidosperma polyneuron) e andreanus var. yguazuensis, Peperomia misionense e Iguazú, mas altamente
(2.300 Sua divisa sul segue palmito (Euterpe edulis), embora Podostemum comatum. Há também alguns animais impactada na região leste.
km2 ) aproximadamente o rio Urugua-í. atualmente apenas populações encontrados exclusivamente ou mais
residuais dessas espécies sejam freqüentemente nesse tipo de formação, entre eles
encontradas em algumas áreas do várias serpentes, como Chironius exoletus,
Parque Nacional Iguazú, Urugua-í Oxyrhopus petola, Sibynomorphus mikanii e Bothrops
e em áreas vizinhas. moojeni, e algumas aves, como sabiá-cica (Triclaria
malachitacea), catraca (Hemitriccus obsoletus) e
zidedê (Terenura maculata).
Floresta de Localizada no pediplano do rio Embora o guatambu Espécies do Chaco úmido e da região do Pantanal As florestas das planícies
Canelas e Paraná, nas porções central e (Balfourodendrum riedelianum) e as foram registradas, como as serpentes Sybinomorphus são caracterizadas pela
Guatambu norte de Misiones, unindo-se canelas (Nectandra spp.) sejam turgidus e Eunectes notaeus (sucuri-amarela) e as extensa influência do rio
(3.200 com as Florestas de Peroba-rosa e abundantes, eles também são pererecas Hyla raniceps e H. nana (Giraudo, obs. Paraná (vários
km2 ) Palmito em uma complexa comuns em outras formações. pess., 2001). A taquara (Guadua paraguayana) e a quilômetros para o
transição, ao norte (Figura 15.1.) Portanto, a Floresta de Louro e saboneteira (Sapindus saponaria) são tipicamente interior) e pela presença
A oeste, é dividida pelo rio Guatambu poderia, mais encontradas ao longo das margens do rio Paraná e de solos vermelhos
Paraná, pelas montanhas, ao apropriadamente, ser chamada de grandes afluentes (Iguaçu) (J. Herrera, com. pess., profundos. O seu estado
leste, e pelo Distrito dos Floresta Mista (Placci e Giorgi, 2001). Cerca de 30 espécies de aves nativas do rio de conservação é precário,
Campos, ao sul. 1993). Engloba as ravinas e vales Paraná e seus afluentes foram documentadas já que o rio Paraná foi
alagados do rio Paraná e serve (Martínez Crovetto, 1963). Várias espécies, como uma das primeiras rotas
como um corredor para espécies o uirapuru-laranja (Pipra fasciicauda), são de assentamentos em
tropicais e também para espécies de encontradas exclusivamente ou mais Misiones e sofreu
ambientes abertos que habitam os freqüentemente nessa formação. desmatamento
campos inundáveis que se formam significativo. Essa área
no seu vale de inundação. possui os melhores solos
da província para
agricultura e, portanto,
sofreu maior pressão
populacional do que
outras partes de Misiones.
Floresta As porções centro-leste e As formações florestais dessa região Várias espécies parecem ser encontradas As samambaias
Montana nordeste de Misiones são são similares às Florestas de Louro exclusivamente ou mais freqüentemente nessa arborescentes foram
(15.970 caracterizadas por colinas e e Guatambu, com alguns formação, incluindo serpentes (Xenodon neuwiedi e afetadas pela proximidade
km2) montanhas (serras Central ou elementos distintos e uma Oxyrhopus clathratus) (Giraudo 2001), aves (tovaca- de Oberá. Além disso, as
Misiones, Imán e Morena e abundância de samambaias de-rabo-vermelho, Chamaeza ruficauda) (Castelino, samambaias são
Victoria) e vales escarpados com arborescentes conhecidas obs. pess., 2001) e espécies da flora (Nothoscordum exploradas como plantas
encostas íngremes (gradientes localmente como xaxim moconense e Cyperus burkartii, Dyckia spp). ornamentais e são
variando de 10 a mais de 30%). (Trichipteris, Alsophyla e Dicksonia). Algumas espécies de aves também parecem estar afetadas por práticas
Essa subunidade é a maior Por essa razão, a área foi limitadas ou serem mais comuns nas encostas das florestais destrutivas
formação florestal em Misiones e denominada Distrito das montanhas ao longo do rio Uruguai, entre elas o disseminadas. No
também a maior área Samambaias Arborescentes quete (Poospiza lateralis), o bico-grosso (Saltator momento, elas são
remanescente da Mata Atlântica (Martínez Crovetto, 1962). maxillosus) e o sanhaço-frade (Stephanophorus encontradas
(Figura 15.1.). diadematus) (Castelino, Krauczuk e Giraudo, obs. principalmente no leste
pess., 2000). Alguns peixes, como o Astyanax de Misiones, na Reserva
ojiara, também são exclusivos do rio Uruguai da Biosfera Yabotí, em
(Azpelicueta e Garcia, 2000). terras Guarani e nos
parques provinciais
Moconá e Piñalito.

Floresta Ocupa a região nordeste, que é a É caracterizada pela presença da As duas espécies de "pinheiros" mencionadas e As florestas montanas de
Montana de parte mais alta da província araucária (Araucaria angustifolia) e algumas espécies animais são exclusivas dessa araucária foram dizimadas
Araucária (Figura 15.1). Essa formação é do pinheiro-bravo (Podocarpus formação, como o grimpeiro (Leptasthenura setaria) devido ao valor
(2.100km2) parcialmente transicional entre as lambertii). Estes não são pinheiros e a cotiara (Bothrops cotiara). Aves da família econômico da araucária.
Florestas Mistas e as Florestas de verdadeiros (Família Pinaceae), mas Rhinocryptidae que habitam essa formação, como Hoje, restam apenas umas
Araucária do planalto brasileiro são localmente conhecidos por esse o tapaculo-pintado (Psilorhamphus guttatus) e o poucas centenas de
(Martínez Crovetto, 1963; nome. tapaculo-preto (Scytalopus speluncae), estão hectares de florestas
Cabrera, 1976). relacionadas com as linhagens da Patagônia andina altamente fragmentadas e
(Sick, 1984). isoladas.

Continua
Tabela 15.1. Subdivisões biogeográficas da Mata Atlântica de Interior em Misiones, na Argentina.

Formações
Distribuição Características Espécies Status de conservação
(Extensão)

Distrito dos Esse distrito estende-se do sul de A área é caracterizada por savanas, O Distrito dos Campos é altamente diversificado, Algumas espécies de
Campos Misiones até o nordeste da que se alternam com bosques e e inclui bosques, florestas de pau-ferro, diversos plantas exclusivas da
(3.800km2) província vizinha de Corrientes e florestas de pau-ferro (Astronium tipos de campos e cerrado, áreas úmidas, pequenos Argentina que aparecem
forma uma transição gradual balansae), uma espécie característica bosques de butiá-do-campo e buri (Butia yatay nessa formação são o buri
entre as províncias biogeográficas do Chaco úmido. O pau-ferro subsp. paraguayensis e Allagoptera campestris). Cerca (Allagoptera campestris), o
do Chaco e do Paraná (Cabrera, coloniza os campos que são de 1.074 espécies de plantas foram registradas no butiá-do-campo (Butia
1976) queimados esporadicamente. Os distrito, assim como 700 espécies e subespécies de yatay subsp.
limites da distribuição de espécies vertebrados terrestres (anfíbios, répteis, aves e paraguayensis), Qualea
da Mata Atlântica, do Chaco e dos mamíferos), que juntos representam cordata (Vochysiaceae),
Pampas convergem nesse distrito aproximadamente 40% de todas as formas de vida Agarista paraguayensis
(Giraudo, 2001). As formações conhecidas na Argentina, embora a área do (Ericaceae) e Parodia
florestais tomam a forma de Distrito dos Campos corresponda a menos de schumanniana
pequenas ilhas, ou capões, e de 0,7% da área total do país (Krauczuk, 1996; (Cactaceae). No caso da
galerias ao longo das margens dos Fontana, 1998, 2000; Giraudo, 1996, 2001). fauna, as espécies
cursos d'água, em uma vasta matriz Cinqüenta e nove espécies de serpentes vivem no exclusivas incluem as
de pastagens ou savanas, distrito, duas vezes o número encontrado em várias serpentes (Rachidelus
conhecidas localmente como das formações de Florestas Mistas, que varia entre brazili e Clelia quimi), o
campos, dominantes em termos de 25 e 33 espécies (Giraudo, 2001). cágado-cabeçudo
área. (Phrynops vanderhaegei) e
aves como a saíra-amarela
(Tangara cayana) e o
bacurauzinho (Chordeiles
pusillus) (Krauczuk,
2000). Recentemente, três
novas espécies foram
documentadas: a serpente
Apostolepis quirogai
(Giraudo e Scrocchi,
1998) e dois anfíbios, um
sapinho (Melanophryniscus
sp.) (Baldo e Basso, 2000)
e uma perereca (Scinax
sp.) (Faivovich e Baldo,
com. pess., 2001).
Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da Argentina 165

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Figura 15.1. Limites aproximados das formações biogeográficas de Misiones (adaptado de


Giraudo, 2001).

floresta no nordeste de Corrientes, a área total seria de cerca de 26.450km2


(Morello e Matteucci, 1999). Estimativas da área remanescente da Mata
Atlântica de Interior em Misiones variam de 11.000 a 17.000km2, dependendo
do critério aplicado e das fontes de informação (Laclau, 1994; Morello e
Matteucci, 1999; Perucca e Ligier, 2000). Holz e Placci (ver Capítulo 19)
recentemente apresentaram uma estimativa de 11.303,04km2, o que representa
57,5% da área original. Esta talvez seja a estimativa mais confiável, porque se
baseia em fontes de informação mais recentes. Aproximadamente 7.000km2
(entre 41 e 55%) de florestas foram objeto de corte seletivo (Morello e
Matteucci, 1999; Perucca e Ligier, 2000).
166 ARGENTINA

Dois grandes blocos de floresta em Misiones são de importância-chave para a


ampla conservação da Mata Atlântica, tanto em razão do seu tamanho
substancial como pela possibilidade da manutenção de corredores entre eles. O
primeiro bloco localiza-se no setor centro-norte da província e abrange uma área
de 5.500 a 6.000km2 (Figura 15.2). O segundo bloco florestal (o bloco leste) é a
região da Reserva da Biosfera Yabotí, que cobre uma área florestal de cerca de
3.000km 2. Essas áreas abrigam populações significativas de espécies que
necessitam de grandes áreas (ver Capítulo 16).
A heterogeneidade da Mata Atlântica em Misiones é resultante do relevo, da
altitude, dos tipos de solos, da influência dos cursos d’água (rios e córregos), dos

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Dados de cobertura florestal segundo a Fundación Vida Silvestre Argentina (1999).

Figura 15.2. Distribuição dos remanescentes florestais na província de Misiones (a partir de


Perucca & Ligier, 2000). Áreas escuras indicam florestas em melhor estado de conservação.
Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da Argentina 167

microclimas e de fatores sujeitos a uma ampla variação espacial na paisagem


diversa e irregular. Além disso, diferentes intervenções de manejo, como o corte
seletivo de cerca de 40 espécies arbóreas, influenciaram a composição da floresta.
De fato, quase todas as florestas localizadas em áreas naturais protegidas em
Misiones já foram submetidas, anteriormente, a cortes seletivos. Mesmo assim
elas continuam a abrigar uma grande diversidade (Protomastro, 2001) e a manter
populações de espécies silvestres ameaçadas e raras. Recentemente, 8.940,2km2
(30,3%) da cobertura florestal de Misiones, distribuídos em blocos que variam
de 0,09ha a 1.321,50km2, foram classificados como floresta em bom estado de
conservação. Os 7.171,19km 2 (24,3%) restantes consistem em floresta
empobrecida, distribuída em blocos de 0,09ha a 513,61km2 (Perucca e Ligier,
2000). As florestas conservadas e as alteradas fundem-se em mosaicos. Uma
fragmentação significativa ocorreu em várias regiões, sendo que as Florestas de
Canelas e Guatambu, Montanas e Montanas de Araucária sofreram as maiores
destruições (Tabela 15.1).

Diversidade de espécies, endemismo e padrões de


distribuição
Os grupos mais bem conhecidos da Mata Atlântica de Interior e dos campos
associados são o das plantas vasculares e o dos vertebrados, que juntos atestam a
excepcional biodiversidade da região. Embora cubra apenas 1,1% da área total da
Argentina, Misiones é a ecorregião mais diversificada do país, abrigando 3.148
táxons de plantas vasculares e 1.124 de vertebrados, sendo 52 táxons de plantas
vasculares e 9 de vertebrados exclusivos da Argentina (Tabela 15.2). Esses núme-
ros mostram a importância da Mata Atlântica de Interior como uma área de
megadiversidade na Argentina e também no mundo.

Tabela 15.2. Número de táxons de plantas vasculares e de vertebrados na Mata Atlântica de


Interior da Argentina e sua proporção em relação à Argentina continental (Galliari et al.,
1996; Zuloaga et al., 1999; Lavilla et al., 2000; Straneck e Carrizo, 1992; Miquelarena, com.
pess., 2002).
Endêmicos
Exclusi-
exclusivos
Mata % de vos dessa
Total % do Endêmicos da Mata
Atlântica endêmicos ecorre-
Grupo Argen- total da da Mata Atlântica
de Interior da Mata gião da
tina Argentina Atlântica de Interior
da Argentina Atlântica Argen-
da
tina
Argentina
Plantas 3.148 10.8- 29% Sem dados Sem dados 792 52
vasculares 06
Vertebrados 1.124 2.226 50% Sem dados Sem dados 342 13
Peixes 274 450 61% Sem dados Sem dados 51 9
Vertebrados 850 1.776 48% 190 23% 291 4
terrestres
Anfíbios 66 172 38% 24 38% 31 2
Répteis 114 313 36% 41 36% 37 1
Aves 546 1.000 55% 102 19% 187 –
Mamíferos 124 291 43% 23 18% 36 1
168 ARGENTINA

Plantas vasculares
Dos 3.148 táxons de plantas vasculares encontrados em Misiones
(considerando espécies e táxons infraespecíficos), 792 são encontrados apenas
nessa província (7,33% da flora da Argentina). Misiones partilha com o Paraguai
e o Brasil um grande número de táxons que não são encontrados em nenhum
outro lugar da Argentina (Tabela 15.3).

Tabela 15.3. Famílias e gêneros de plantas exclusivos e quase exclusivos da Mata Atlântica de
Interior de Misiones, na Argentina.

Famílias de plantas Famílias de plantas


Gêneros de plantas
exclusivas ou quase melhor representadas Distribuição disjunta
exclusivos (Família)
exclusivas (número de espécies)
Dicksoniaceae Poaceae (353) Geissomeria Araucariaceae
(Acanthaceae) (Araucaria)
Dilleniaceae Asteraceae (339) Xylopia (Annonaceae) Podocarpaceae
(Podocarpus); Podocarpus
lambertii é também um
importante elemento nas
Florestas de Yungas em
altitudes de 1.000 a
1.700m.
Eriocaulaceae Fabaceae (273) Acisanthera, Ossaea, Winteraceae (Drimys),
Pterolepis e que também é
Rhynchanthera encontrado nas florestas
(Melastomataceae) subantárticas.
Maratiaceae Orchidaceae (134) Trigonia (Trigoniaceae)
Marantaceae Cyperaceae (144) Caesaera (Vivianiaceae)
Ochnaceae Euphorbiaceae (104) Qualea (Vochysiaceae)
Trigoniaceae Rubiaceae (77) Websteria (Cyperaceae)
Triuridaceae Verbenaceae (73) Sphenostigma
(Iridaceae)
Vochysiaceae Solanaceae (72) Colanthelia e Mesosetum
(Poaceae)
Xyridaceae Malvaceae (63) Faramea, Schenckia,
Ixora e Coccocypselum
(Rubiaceae)
Allagoptera e Euterpe
(Arecaceae)
Warrea, Wullschlaegelia,
Warmingia, Vanilla,
Phloeophila, Octomeria,
Miltonia, Isabelia,
Ligeophila e Gomesa
(Orchidaceae)
Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da Argentina 169

Vertebrados
De todas as espécies e subespécies de vertebrados encontradas na Argentina
(1.124), 50% estão em Misiones: 274 espécies de peixes, 66 de anfíbios, 114 de
répteis, 546 de aves e 124 de mamíferos (Figura 15.3).

Figura 15.3. Número de espécies de vertebrados em cada subdivisão biogeográfica da Mata

Peixes
Misiones tem 274 espécies de peixes – 272 nativas e 2 introduzidas -, o que
constitui cerca de 61% das espécies de peixes de água doce da Argentina.
Enquanto os rios Paraná, Iguaçu e Uruguai têm sido mais amplamente
estudados, a importante rede hidrográfica do interior de Misiones não tem sido
suficientemente examinada, como demonstram as recentes descobertas de novas
espécies de peixes (Tabela 15.4).
Embora os principais rios coletores, como o Paraná, respondam por uma
parte significativa da biodiversidade de Misiones, o setor de maior interesse, no
que diz respeito aos peixes, são as bacias superiores dos rios Iguaçu e Urugua-í
(Gómez e Chebez, 1996). As altas quedas d’água e cachoeiras nas bacias desses
rios criam condições de isolamento que favorecem o endemismo. Por exemplo, as
espécies de grandes predadores, como o dourado (Salminus maxillosus), o
piraputanga (Brycon orbygnianus), o surubim (Pseudoplatystoma coruscans) e
outros, são notavelmente ausentes nas partes altas dos rios. As mais proeminentes
dessas quedas d’água são as Cataratas do Iguaçu.
A construção da represa de Urugua-í, que aconteceu entre 1989 e 1991, fez
do rio Urugua-í um dos cursos d’água do interior mais estudados da história da
Argentina e resultou na descrição de diversas espécies novas (Tabela 15.4).
Infelizmente, o impacto da represa sobre essas espécies não tem sido monitorado
de forma consistente, o que reforça a necessidade de amostragens sistemáticas e
intensas dos cursos d’água importantes de Misiones, como um pré-requisito para
o adequado monitoramento do status da biodiversidade da região.
170 ARGENTINA

Tabela 15.4. Espécies de peixes recentemente descritas ou potencialmente novas, conhecidas


em apenas poucos córregos de Misiones. Localidade-tipo é o local onde as espécies foram
coletadas para sua descrição.

Espécies Comentários Fonte


1. Astyanax ojiara Conhecido apenas na localidade-tipo: córrego Azpelicueta e García,
Yabotí, afluente do rio Uruguai. 2000
2. Astyanax sp. A. Córrego Cuñapirú. Espécie relacionada com A.
fasciatus.
3. Bryconamericus Espécie relacionada com B. iheringi. Descrita Braga, 1999
sylvicola para os córregos das regiões do alto e médio rio
Urugua-í, tributário do rio Paraná.
4. Bryconamericus sp. Espécie em descrição para os córregos Urugua-í
e Cuñapirú.
5. Cichlasoma tembe Espécie nova, anteriormente conhecida apenas Casciotta, Gómez e
na localidade-tipo: córrego Urugua-í, acima da Toresani, 1995
cachoeira. Novas localidades incluem tributários
do rio Uruguai.
6. Gymnogeophagus che Espécie descrita apenas no córrego Urugua-í, na Casciotta, Gómez e
bacia do rio Paraná. Toresani, 2000
7. Hemiancistrus sp. Primeira referência ao gênero na Argentina, em
um tributário do rio Uruguai.
8. Oligosarcus menezesi Conhecido apenas na localidade-tipo: córrego Miquelarena e
Urugua-í. Protogino, 1996
9. Rhamdella sp. nov. Córregos Cuñapirú, Urugua-í e Horqueta. Miquelarena e
Bockman, 2000

Anfíbios
Até hoje, 66 espécies de anfíbios foram reconhecidas em Misiones e no
nordeste de Corrientes: 38% do número total de espécies da Argentina (Tabela
15.2). Dessas, 24 são exclusivas da Mata Atlântica e 30 são encontradas apenas
na ecorregião de Misiones. Os anfíbios anuros são o grupo mais bem
representado, com 60 espécies no total. Na Argentina, os gimnofionos, anfíbios
conhecidos como cobras-cegas, são encontrados somente na Mata Atlântica de
Interior, e três das quatro espécies (Luetkenotyphlus brasiliensis, Siphonops
paulensis e S. annulatus) são encontradas somente na região de Misiones.
A tendência global de declínio das populações de anfíbios ressalta, mais uma
vez, a necessidade de monitoramento da Mata Atlântica argentina. No entanto, até a
taxonomia desse grupo é pouco conhecida na região. Das 66 espécies conhecidas,
5 ainda estão sendo descritas, 3 têm problemas taxonômicos e pelo menos 20
foram descritas ou sofreram mudanças de nomenclatura nos últimos dez anos.

Répteis
A Mata Atlântica de Interior da Argentina abriga 114 espécies e subespécies
de répteis, o que representa 36% dos táxons conhecidos no país (Tabela 15.2). O
Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da Argentina 171

maior grupo é o das serpentes, com 83 táxons, que representam 73% dos répteis
e 84% de todas as serpentes conhecidas na Argentina. Das espécies e subespécies
de répteis registradas, 41 (36% do total) são endêmicas da Mata Atlântica de
Interior e 36 táxons (32%) são exclusivos da região de Misiones.

Aves
As aves são o grupo mais diversificado de vertebrados na região: Misiones e
as áreas vizinhas de Corrientes possuem 546 espécies (Tabela 15.2). A província
de Misiones abriga mais da metade dos táxons conhecidos da Argentina, dos
quais 103 espécies ou subespécies (19%) são endêmicas da Mata Atlântica (como
um todo) e das savanas relacionadas. Algumas aves identificadas como nativas da
região Atlântico-Pampas (Stotz et al., 1996), como a saíra-preciosa (Tangara
preciosa), o quete (Poospiza lateralis), o sanhaço-frade (Stephanophorus
diadematus) e o azulinho (Cyanoloxia glaucocaerulea), são, de fato, espécies
endêmicas da Mata Atlântica que migraram para os Pampas seguindo as florestas
de galeria ao longo dos rios ou outras áreas favoravelmente úmidas. Na verdade,
diversas espécies de aves da Mata Atlântica voam quilômetros para dentro do
Cerrado através das florestas de galeria (Silva, 1996).

Mamíferos
Um total de 124 espécies de mamíferos foi registrado na Mata Atlântica de
Interior argentina (Tabela 15.2), respondendo por 43% dos mamíferos da
Argentina continental. Desses, 46 táxons (37%) e 2 famílias (ratos-de-espinho,
Echymidae, e a paca, Agoutidae) são nativos dessa ecorregião. O grupo mais
diversificado é o dos morcegos (38 espécies, 31%) e roedores (34 táxons, 25%).
Outras ordens bem representadas são os carnívoros (18 espécies) e os marsupiais
(15 espécies). No entanto, são necessários mais inventários de pequenos
mamíferos, especialmente em ambientes florestais e em áreas pouco estudadas,
como o sudeste de Misiones.

O status de conservação das espécies de Misiones


Das 850 espécies e subespécies de anfíbios, répteis, aves e mamíferos da Mata
Atlântica de Interior da Argentina, 20% (163 táxons) estão ameaçadas ou quase
ameaçadas de extinção em nível nacional (Fraga, 1996; Lavilla et al., 2000; Díaz
e Ojeda, 2000) (Tabela 15.5). Desse grupo de espécies ameaçadas ou quase
ameaçadas, 64 (39%) são endêmicas da Mata Atlântica.
Diversos grandes mamíferos e aves estão ameaçados em Misiones e na
Argentina em geral (Chebez, 1994) (ver Capítulo 16). O status de conservação
de muitas espécies na Argentina, e possivelmente na América do Sul, não pode
ser considerado definitivo, porque não estão disponíveis dados precisos sobre
população, hábitat ou outros parâmetros críticos. Embora 14 espécies de
mamíferos tenham sido classificadas como vulneráveis e 30 outras como quase
ameaçadas, os pesquisadores não têm informações suficientes para definir o status
172
ARGENTINA
Tabela 15.5. Número e percentual de espécies de vertebrados terrestres ameaçados, quase ameaçados e insuficientemente conhecidos da Mata Atlântica de
Interior da Argentina, de acordo com as categorias nacionais (Fraga, 1996; Lavilla et al., 2000; Díaz e Ojeda, 2000).

Número
Ameaçadas e quase Quase Insuficientemente
total de Ameaçadas Extintas
ameaçadas ameaçadas conhecidas
espécies

Critica-
mente em Quase
Total % perigo Ameaçada Vulnerável ameaçada Total % Total %
Anfíbios 66 11 17% 1 10 10 15

Répteis 114 34 30% 4 7 23 13 11


Aves 546 66 12% 3 17 26 20 43 8 1 0,20%

Mamíferos 124 55 44% 1 9 14 31 14 11


Totais 850 166 20% 8 34 73 51 80 9 1 0,10%
Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da Argentina 173

de conservação de muitos outros pequenos mamíferos florestais (Tabela 15.5).


Entre os anfíbios, somente a perereca-de-vidro Hyalinobatrachium uranoscopum,
que é encontrada apenas nas Florestas de Araucária e é muito rara (Lavilla et al.,
2000), é classificada como ameaçada. A necessidade de mais dados sobre a fauna
regional é ainda mais evidente diante do fato de que 80 espécies de vertebrados
terrestres estão incluídas na categoria “dados insuficientes”. Do mesmo modo,
nem os peixes nem as plantas, na Argentina, foram completamente categoriza-
dos. Contudo, existem leis que protegem algumas espécies de plantas em Misio-
nes. Por exemplo, a maioria das espécies de orquídeas, uma das famílias mais
bem representadas na província, é considerada seriamente ameaçada, em razão da
destruição ou da alteração de seus hábitats e, em menor grau, devido à extração
ou coleta maciças de espécimes com propósitos comerciais (Johnson, 2001).

Perda de populações únicas


A Mata Atlântica de Interior da Argentina constitui o extremo sul do bioma
e o começo de uma transição para outras formações biogeográficas, como o
Distrito dos Campos. As populações das áreas marginais de distribuição
provavelmente diferem geneticamente daquelas das áreas centrais, em
conseqüência de seu isolamento completo ou parcial durante as mudanças
climáticas do Pleistoceno. Essas florestas “extratropicais”, localizadas nas bordas
ou a alguma distância dos trópicos, abrigam espécies de linhagem tropical
dotadas de valiosa carga genética, porque se tornaram resistentes às mais
extremas condições climáticas (Brown et al., 1993; Lomolino e Channel, 1995).
Portanto, a floresta de Misiones, no limite sul da Mata Atlântica, pode ser um
refúgio importante para muitas espécies ameaçadas.

Seleção de indicadores para o monitoramento da


biodiversidade
A seleção de indicadores para o monitoramento da biodiversidade na Mata
Atlântica de Interior é difícil, tanto porque a região é extremamente diversificada
como porque há pouca informação consistente disponível para a maioria das
espécies e processos. Um conjunto sólido de indicadores teria de incluir
comunidades representativas, grupos de espécies (isto é, grupos tróficos) e
espécies individuais. Vários pesquisadores (Noss, 1990; Mills et al., 1993; Stotz
et al., 1996) propuseram quatro tipos de espécies que podem ser úteis como
potenciais indicadores da biodiversidade:
• espécies-chave, ou seja, espécies que influenciam uma grande parcela da
comunidade (Bond, 1993; Mills et al., 1993). O palmito-juçara (Euterpe
edulis), por exemplo, é um bom candidato a espécie-chave, porque produz
frutos comestíveis em abundância nos períodos de escassez do inverno
(Placci et al., 1992) (ver Capítulo 34);
• espécies ou grupos indicadores, ou seja, espécies que fornecem informa-
ções sobre as condições de muitas outras espécies com necessidades
semelhantes;
174 ARGENTINA

• espécies guarda-chuva, ou seja, espécies com necessidades ecológicas


amplas que englobam as necessidades de outras espécies;
• espécies-bandeira, ou seja, espécies carismáticas que captam a atenção do
público e estimulam o apoio e a participação públicos para a sua conservação.
A seleção de indicadores adequados para o monitoramento da biodiversidade
é extremamente importante, porque eles constituem ferramentas fundamentais
para os pesquisadores e planejadores avaliarem os progressos na consecução dos
principais objetivos conservacionistas. Os indicadores podem ser utilizados, por
exemplo, para avaliar a preservação de áreas grandes e interconectadas, que
representam vários hábitats e sua biodiversidade, ou para avaliar a eficiência dos
esforços de preservação de elementos raros da paisagem e das espécies a eles
associadas. O monitoramento de indicadores apropriados pode orientar os
esforços para proteger hábitats críticos e espécies ameaçadas e também ajudar a
limitar a introdução e a dispersão de espécies exóticas ou não nativas. Os
indicadores podem ainda ser usados para apoiar práticas de manejo sustentáveis e
compatíveis com o potencial natural da área e para avaliar o impacto das decisões
conservacionistas locais em um contexto regional. Finalmente, os indicadores
podem ser úteis para o monitoramento de alterações e impactos inesperados de
longo prazo e para a avaliação e integração dos principais atores envolvidos na
conservação e na utilização sustentável da biodiversidade. Alguns indicadores
potenciais para a Mata Atlântica de Interior são apresentados na Tabela 15.6.
Diversos indicadores podem mostrar-se úteis para o monitoramento dos
ecossistemas ou hábitats remanescentes e do grau de conectividade entre eles na
Mata Atlântica. Em primeiro lugar, é necessário fazer uma medição concreta e
periódica dos ecossistemas remanescentes, para avaliar a extensão, a porcentagem
e a taxa de modificação da área dos ecossistemas ou hábitats que restam em
relação à área original.
As informações sobre tamanho, freqüência, forma, distribuição e grau de
isolamento de fragmentos de hábitats naturais também podem servir como
indicadores de monitoramento, de várias formas. Acredita-se que fragmentos
grandes têm menos efeito de borda, permitem a conservação de populações
maiores de um maior número de espécies e contêm uma variedade maior de
hábitats (ver Capítulo 31). Embora não existam estudos sobre fragmentação em
Misiones, as observações indicam que vários mamíferos e aves de rapina de
grande porte realmente desapareceram dos fragmentos pequenos (Tabela 15.6)
(Giraudo, obs. pess., 2000) (ver Capítulo 31). Entretanto, os fragmentos
pequenos podem proteger certas espécies. Por exemplo, os pequenos Parques
Provinciais de Cruce Caballero (5,22km2) e Piñalito (37,96km2) conservaram
populações significativas do bugio (Allouatta guariba) (Krauczuk, obs. pess.,
2000) (ver Capítulo 17) e uma grande quantidade de samambaias arborescentes.
O Parque Provincial Araucária, que é extremamente pequeno (0,92km2), tem
populações importantes do papagaio-do-peito-roxo (Amazona vinacea) e do
cisqueiro (Clibanornis dendrocolaptoides) (Krauczuk, obs. pess., 2000), ambas
espécies ameaçadas que não estão presentes ou são muito raras em áreas
protegidas maiores (Tabelas 15.7 e 15.8).
Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da Argentina 175

Tabela 15.6. Indicadores potenciais para a Mata Atlântica de Interior de Misiones, na Argentina.

Foco do monitoramento Indicador

Extensão dos ecossistemas e dos Ecossistemas remanescentes


hábitats remanescentes ou Tamanho, forma, qualidade e status de conservação ou
conectividade prioridade dos fragmentos
Grau de isolamento
Grau de conectividade por meio de corredores

Comunidades, grupos e espécies Estrutura e composição das comunidades


Status de conservação e tendências de espécies-foco

Resposta social à perda de Áreas protegidas (extensão e porcentagem)


biodiversidade Grau de implementação e efetividade das áreas protegidas

Tabela 15.7. Algumas características e qualidade dos fragmentos da Mata Atlântica,


relacionadas com a extensão.

Extensão Características Qualidade


2
1km Extinção local de grandes mamíferos e aves de rapina e de algumas Em alguns
espécies especialistas (frugívoros, como tucanos e papagaios). casos moderada
Desaparecimento de espécies susceptíveis ao impacto antrópico. (ver texto)
Elevado efeito de borda, abundância de espécies de borda e
generalistas. Diminuição de espécies de florestas primárias e daquelas
afetadas pelas bordas.
10km2 Dependência extrema de proteção. Baixa probabilidade de presença Baixa a
de grandes mamíferos e aves de rapina e de algumas espécies moderada, de
especialistas. Desaparecimento de espécies caçadas pelo homem. As acordo com a
comunidades de aves podem ser muito diversificadas. proteção
100km2 Alta dependência do grau de manejo e de proteção. Não pode Moderada a
sustentar populações viáveis de grandes mamíferos e aves de rapina alta, de acordo
(onças-pintadas ou gaviões-reais), a menos que haja manejo ou com a proteção
corredores. Alto impacto da caça. Uma grande proporção de aves
florestais permanece.
1.000km2 Dependência moderada de proteção. Pode conservar a maioria das Alta a muito
espécies e dos processos. Algumas espécies podem ser afetadas pela alta, de acordo
caça, mas não fortemente, especialmente sob proteção. Pode manter com a proteção
grandes predadores (onça-pintada, gaviões-reais), mas a sua
sobrevivência a longo prazo pode requerer manejo ou proteção.
10.000km2 Menor dependência de proteção. Alta possibilidade de ocorrência de Muito alta
populações viáveis de grandes mamíferos e aves de rapina.
Manutenção de padrões e processos ecológicos.

Outros indicadores precisam ser desenvolvidos para monitorar as alterações


nas comunidades biológicas, nos grupos e nas espécies. Para monitorar a
estrutura e a composição de comunidades biológicas, por exemplo, pesquisadores
e planejadores precisam observar o estado da estrutura e da composição de
comunidades alteradas em relação a comunidades-controle (comunidades pouco
alteradas) para avaliar o grau de deterioração daquelas. Eles também precisam
176 ARGENTINA

Tabela 15.8. Sistema de classificação para análise do valor relativo dos ecossistemas
remanescentes e para o estabelecimento de prioridades. Os valores são subjetivos e indicativos
(adaptado de Laurance et al., 1997).

Valor de conservação
Critérios Alto Médio Baixo
Representatividade da região, da <5% em áreas 5-30% em áreas >30% em áreas
sub-região biogeográfica ou dos protegidas protegidas protegidas
hábitats em áreas protegidas
Espécies endêmicas >1 presente 1 presente Nenhuma
Espécies ameaçadas >1 presente 1 presente Nenhuma
Distúrbios Maioria sem distúrbio Alterado Degradado
Tipo de matriz Hábitats naturais Hábitats naturais e Hábitats
alterados alterados
(agricultura,
urbano)
Isolamento em relação a outros Conectados ou Entre 100m e >1.000m
hábitats ou florestas similares <100m 1.000m
Conectividade Conectado para a Conectado para Não conectado
maioria das espécies algumas espécies para a maioria
das espécies
Tamanho >100km2 Entre 100 e 1km2 <1km2
Forma Circular Intermediária Irregular
Diversidade de hábitat Alta (>3 hábitats) Moderada (entre 3 Baixa (1 hábitat)
e 2 hábitats)

inspecionar o status, as tendências e a demografia das espécies-chave, indicadoras,


ameaçadas, endêmicas e exploradas, bem como dos grupos introduzidos.
Finalmente, os pesquisadores precisam identificar e monitorar os indicadores
de resposta da sociedade à perda da biodiversidade. Isso deveria incluir a
avaliação do estado das áreas protegidas em cada sub-região biogeográfica
(extensão e porcentagem) e a inspeção do grau de implementação e efetividade
das áreas protegidas, por meio de uma avaliação qualitativa e quantitativa dos
pontos fortes, das falhas e das ameaças às áreas protegidas (Chalukian, 1999,
2000) (ver Capítulos 5 e 21).

Principais lacunas de informações


A pesquisa sobre a biodiversidade em Misiones tem realizado, principal-
mente, a descrição de padrões (listas de espécies, questões taxonômicas,
distribuição de espécies, dados isolados sobre história natural), mas poucos
avanços têm sido feitos no estudo dos processos causais subjacentes a tais
padrões. Um maior conhecimento desses processos é necessário, no entanto, para
predizer as tendências em face das crescentes modificações do ambiente e para
identificar as ações prioritárias necessárias para conservar a biodiversidade. Em
relação à paisagem, uma prioridade é a atualização da classificação das práticas
Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da Argentina 177

atuais de uso do solo e da qualidade dos ambientes naturais remanescentes, para


o estabelecimento de práticas racionais de uso do solo, condizentes com as
estratégias de desenvolvimento sustentável. Os inventários biológicos também
são necessários em várias áreas (Chavez, com. pess., 2001), porque fornecem
informações essenciais para estudos subseqüentes de ecologia e biogeografia e
para o estabelecimento ou a melhoria dos planos de conservação e uso sustentável
dos recursos. Além disso, são necessárias pesquisas para esclarecer as complexas
relações entre a biodiversidade e os fatores socioculturais e econômicos, bem
como mais estudos sobre manejo sustentável. Finalmente, são necessárias
políticas transparentes nas esferas acadêmica, governamental e privada, para
fortalecer os laços de colaboração entre os profissionais dessas áreas, entre os
quais, atualmente, há pouca interação.

Conclusões e recomendações
Dada a urgência de conservação da biodiversidade na Mata Atlântica da
Argentina, as principais prioridades para um programa de monitoramento na
Mata Atlântica de Interior do país deveriam incluir as seguintes ações:
• mapear e quantificar a área dos remanescentes de Mata Atlântica e de
outros hábitats importantes (por exemplo, campos nativos, palmeirais,
áreas úmidas);
• avaliar a extensão da fragmentação do ecossistema;
• avaliar a qualidade dos remanescentes e dos fragmentos e identificar as
áreas prioritárias para conservação ou manejo sustentável;
• medir a taxa de perda de hábitat e identificar suas principais causas;
• fortalecer as áreas protegidas existentes e criar novas em locais onde a
biodiversidade não esteja sendo adequadamente protegida;
• criar um banco de dados que compile toda a informação existente sobre a
Mata Atlântica, o qual deveria ser acessível a todos;
• financiar e facilitar os estudos sobre a biodiversidade, dando-se prioridade
para inventários e estudos de processos-chave no funcionamento dos
ecossistemas e incluindo-se fatores biológicos, culturais e socioeconômicos,
com vistas a garantir o manejo sustentável dos recursos;
• desenvolver mais programas educacionais com o objetivo de envolver
habitantes nativos e rurais e a sociedade em geral na conservação e no
manejo dos recursos naturais;
• facilitar e promover uma implementação mais efetiva de todos os aspectos
do Corredor Verde (ver Capítulos 20 e 22);
• fomentar a colaboração e as trocas com outros países para ações e
pesquisas conjuntas;
• criar diretrizes claras e processos de auto-avaliação e avaliação externa para
modificar objetivos, ações e planos quando necessário;
• garantir a continuidade do programa de monitoramento ao longo do
tempo, independentemente de fatores ou mudanças políticas ou
socioeconômicas.
178 ARGENTINA

Essas atividades formarão as bases do desenvolvimento de planos para o


manejo e a conservação da Mata Atlântica na Argentina, os quais devem ser
construídos com o envolvimento dos setores político, social e cultural e devem ter
objetivos de curto e longo prazos.

Agradecimentos
Agradecemos a Carlos Galindo-Leal, Igor Berkunsky, Julián Alonso, Vanesa
Arzamendia, Marcelo Almirón, Karina Schiaffino, Justo Herrera, Hugo Chavez,
Fernando Zuloaga, Guillermo Placci, Andrés Bortoluzzi, Marylin Cebolla Badie,
Mario Di Bitteti, Jorge Protomastro, Alejandro Garello, José Benitez, Juan Pablo
Cinto, Paula Bertolini, Hugo López, Norma Hilgert e Juan Carlos Chebez, por
sua contribuição com informações, publicações, correções e sugestões.

Referências
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