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M A NUA L DE PROTEÇ ÃO E DEFESA CI V IL:

A POLÍTICA NACIONAL DE
PROTEÇÃO
E DEFESA CIVIL
MANUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL:
A POLÍTICA NACIONAL
DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Brasília, 2017
Ministro da Integração Nacional
FICHA TÉCNICA
Antônio de Pádua
Título:
Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Renato Newton Ramlow
Autor:
Diretora do Departamento de Prevenção e Preparação (DPP) Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – SEDEC
Adelaide Maria Pereira Nacif

Coordenação e Supervisão Técnica


Adelaide Maria Pereira Nacif
Lamartine Vieira Braga
Maria Cristina Dantas

Elaboração do Projeto
Maria Cristina Dantas

Equipe de Revisão Técnica


Adelaide Maria Pereira Nacif
Cristhian Andres Aguiar Reyes Moreira
Lamartine Vieira Braga
Maria Cristina Dantas

Projeto de Cooperação Técnica BRA/IICA/13/001 – Projeto de Desenvolvimento do


Setor de Água – lnteráguas
Banco Mundial
IICA/Brasil
Consórcio GITEC BRASIL, GITEC GmbH & CODEX REMOTE ENGENHARIA LTDA.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) © 2017. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – SEDEC/Ministério da Integração Na-
cional. Todos os direitos autorais de propriedade pertencerão a Secretaria Nacional de Proteção
e Defesa Civil (SEDEC/MI), definitivamente, por tempo indeterminado, em âmbito nacional e
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Entendendo a política nacional de proteção e defesa civil no Brasil / Ministério da Inte- divulgação, publicação, exportação, modificação, atualização, entre outros, nos termos dos art.
gração Nacional, Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, Departamento de Prevenção e 49 a 52 da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. A responsabilidade pelo conteúdo e ima-
Preparação. - Brasília : Ministério da Integração Nacional, 2017. gens desta obra é do(s) respectivo(s) autor(es). A citação desta obra em trabalhos acadêmicos
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ISBN (978-85-68813-04-1)
previstas no Código Penal, art. 184, Parágrafos 1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabí-
1. Proteção e Defesa Civil. 2. Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. 3. Políticas veis à espécie.
públicas. 4. Legislação. 5. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. I. Título. II. Série.
CDU: CDU 351.862(81)
Apresentação....................................................................................................................................... 17

1. A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC................................................................ 23

1.1. Fundamentos e Natureza da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil..................................................................... 23

1.2. Evolução da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil............................................................................................... 27

1.3. As Conferências Nacionais e as Agendas Internacionais................................................................................................ 29

1.3.1. As Conferências Nacionais........................................................................................................................................................... 29

1.3.2. As Agendas Internacionais de Redução de Riscos de Desastres............................................................................................... 31

1.4. Princípios, Diretrizes, Objetivos e Instrumentos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil................................. 39

1.4.1. Princípios a serem considerados pela Política Nacional de Proteção e Defesa Civil............................................................... 39

1.4.2. Diretrizes da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil........................................................................................................ 42

SUMÁRIO 1.4.3. Objetivos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil........................................................................................................ 45

1.5. Competências da União, Estados e Municípios.............................................................................................................. 47

1.5.1. Competência da União.................................................................................................................................................................. 47

1.5.2. Competências Comuns................................................................................................................................................................. 48

1.6. Instrumentos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil....................................................................................... 49

1.6.1. Instrumentos de Planejamento e Gestão.................................................................................................................................... 51

1.6.2. Instrumentos de Implementação................................................................................................................................................ 58

1.6.3. Instrumentos Financeiros............................................................................................................................................................ 59

1.7. A Situação de Emergência e o Estado de Calamidade Pública......................................................................................... 63

1.7.1. Os Efeitos da Declaração de Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade Pública................................................. 65

1.7.2. Medidas Decorrentes da Situação de Emergência ou do Estado de Calamidade Pública...................................................... 66


2. A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e as Demais Políticas Públicas.................................. 71 4. A Política de Proteção e Defesa Civil nos Municípios....................................................................... 99

2.1. Desenvolvimento Regional............................................................................................................................................ 71 4.1. Competência dos Municípios na Gestão de Riscos de Desastres.................................................................................... 99

2.2. Política Ambiental.......................................................................................................................................................... 72 4.1.1. Execução da Política no Âmbito Local.......................................................................................................................................101

2.3. Política Nacional de Mudanças do Clima............................................................................................................................................... 73 4.1.2. Inserção das Questões de Redução de Riscos de Desastres no Planejamento Municipal....................................................102

2.4. Política Nacional de Recursos Hídricos................................................................................................................................................... 74 4.1.3. Gerenciamento das Áreas de Risco............................................................................................................................................104

2.5. Política Nacional de Segurança de Barragens......................................................................................................................................... 75 4.1.4. Adoção de Medidas de Preparação para os Desastres..............................................................................................................105

2.6. Ordenamento Territorial.......................................................................................................................................................................... 76 4.1.5. Atuação em Situações de Desastre............................................................................................................................................105

2.7. Política Urbana.......................................................................................................................................................................................... 77 4.2. Gestão dos Riscos de Desastres em Municípios Incluídos no Cadastro Nacional............................................................................106

2.8. Política de Habitação de Interesse Social................................................................................................................................................ 78 4.2.1. Exigências para os Municípios Integrantes do Cadastro Nacional.........................................................................................106

2.9. Política Nacional de Saneamento Básico................................................................................................................................................ 79 4.2.2. Conteúdo do Plano Diretor........................................................................................................................................................108

2.10. Política Nacional de Resíduos Sólidos.................................................................................................................................................. 80 4.2.3. Articulação Intermunicipal para a Gestão de Riscos de Desastres.........................................................................................109

2.11. Política Nacional de Saúde..................................................................................................................................................................... 80 5. O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC............................................................ 113

2.12. Política Nacional de Educação............................................................................................................................................................... 82 5.1. Princípios e Objetivos do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil...........................................................................................114

2.13. Política Nacional de Assistência Social................................................................................................................................................. 82 5.2. Os Integrantes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil........................................................................................................116

2.14. Ciência e Tecnologia............................................................................................................................................................................... 83 6. O SINPDEC nos Estados e nos Municípios..................................................................................... 127

2.15. Geologia................................................................................................................................................................................................... 83 6.1. SINPDEC nos Estados............................................................................................................................................................................127

3. A Política de Proteção e Defesa Civil nos Estados............................................................................. 89 6.2. O SINPDEC nos Municípios..................................................................................................................................................................129

3.1. Competências dos Estados............................................................................................................................................. 89 7. Os Agentes de Proteção e Defesa Civil........................................................................................... 137

3.1.1. Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil.................................................................................................................................. 92 Legislação e Referências Bibliográficas.............................................................................................. 140

3.1.2. Identificação e Monitoramento das Áreas de Risco................................................................................................................... 93 Legislação.......................................................................................................................................... 141

3.1.3. Apoio aos Municípios e à União................................................................................................................................................... 93 Referências Bibliográficas.................................................................................................................. 145

3.2. Regionalização da Política de Proteção e Defesa Civil.................................................................................................... 93


Figura 1- Ciclo da gestão de riscos de desastres................................................................................... 43

Figura 2. Esferas de planejamento sobre o mesmo território municipal.............................................. 51

Figura 3. Organograma da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil - SEDEC.......................... 119

LISTA DE FIGURAS
Quadro 1. Evolução da agenda internacional relativa á redução dos riscos de desastres................... 33
Quadro 2. Objetivos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Segundo os Componentes da Gestão de Risco de Desastres.............................................................. 46
Quadro 3. Instrumentos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil.......................................... 50
Quadro 4 Objetivos do Programa 2040 dos PPAs 2012-2015 e 2016-2019...................................... 55
Quadro 5. Relação Entre Instrumentos da PNMA (Lei nº 6.938/1981)
e a Gestão de Riscos de Desastres..................................................................................................... 72

LISTA DE QUADROS
ANA – Agência Nacional de Águas
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CEMADEN – Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social
CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CEPDEC – Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil
CIEVS – Centro de Informações Estratégicas em Vigilância de Saúde
CONPDEC – Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil
CORPDEC – Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil
CPDC – Cartão de Pagamento da Defesa Civil

LISTA DE SIGLAS CEPED – centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres


CPRM – Companhia de Pesquisas e Recursos Naturais
CEPRODEC – Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil
CPTEC – Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos
CBM – Corpo de Bombeiros Militar
DIRDN – Década Internacional para a Redução de Desastres Naturais
EIRD – Estratégia Internacional para a Redução de Desastres
ESP – Evento de Saúde Pública
FUNCAP – Fundo Especial para Calamidades Públicas
GEACAP – Grupo Especial para Assuntos de Calamidade Pública
GM/MI – Gabinete do Ministro / Ministério da Integração Nacional
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPCC – Painel Internacional de Mudanças de Clima (em inglês)
MME – Ministério de Minas e Energia
PAE – Plano de Ações de Emergência
PMRR – Plano Municipal de Redução de Riscos
PNDR – Política Nacional de Desenvolvimento Regional
PNMA – Política Nacional de Meio Ambiente
PNPDEC – Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
PSB – Plano de Segurança de Barragens
RDC – Regime Diferenciado de Contratações
RRD – Redução dos Riscos de Desastres
SDR – Secretaria de Desenvolvimento Regional
SINDEC – Sistema Nacional de Defesa Civil
SINPDEC – Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil
SNISB – Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens
SUAS – Sistema Único de Assistência Social
SUDAM – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
SUS – Sistema Único de Saúde
ZEE – Zoneamento Ecológico Econômico
Os Manuais de Proteção e Defesa Civil, ora apresentados, são um referencial técnico, doutrinário-
-legal e de gestão para todo o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, englobando seus respec-
tivos conceitos, marco legal e atividades relacionadas ao tema, de forma a apoiar a implementação
da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, fornecendo subsídios para o estudo do campo, para
a gestão das atividades a ela relacionadas e para a formação e a capacitação continuada dos agentes
de proteção e defesa civil, além de prover informações para a sociedade como um todo.

Elaborados por iniciativa da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – SEDEC, do Ministé-
rio da Integração Nacional, no cumprimento de seu papel institucional de órgão central do Siste-
ma Nacional de Proteção e Defesa Civil- SINPDEC, pretendem contribuir para o aperfeiçoamento
das ações interfederativas de proteção e defesa civil, apoiando os técnicos e os gestores em suas
tarefas diárias de promoção da segurança e do bem-estar da população.

O conjunto de Manuais dá sequência ao processo de aperfeiçoamento da política nacional e da


doutrina de proteção e defesa civil, iniciado em 1995, com a publicação, entre outros, dos Manuais
APRESENTAÇÃO de Planejamento em Defesa Civil, do Manual de Desastres – Volume I, do Manual de Desastres
Naturais e dos Manuais de Desastres Humanos de Natureza Tecnológica, de Natureza Social e
de Natureza Biológica, e de Desastres Mistos, além da Apostila sobre Implantação e Operacio-
nalização de Coordenadorias Municipais de Defesa Civil- COMDECs, fruto da resposta brasileira
ao Decênio Internacional para Redução de Desastres Naturais, instituído pela Organização das
Nações Unidas.

Com a aprovação da Lei Federal nº 12.608, em 2012, que dispõe sobre a Política e o Sistema Na-
cional de Proteção e Defesa Civil, fez-se necessário editar novo conjunto de Manuais, abrangendo
tanto a perspectiva técnica e a doutrinário-legal, como da gestão da Política Nacional de Proteção e
Defesa Civil. Este conjunto de Manuais foi concebido à luz do mais recente paradigma em relação
aos conceitos e orientações consolidados no âmbito internacional, observadas as características
da realidade brasileira sobre o tema, com abordagem de caráter mais preventivo do que reativo,
ancorada na gestão dos riscos de desastres.
Os Manuais de Proteção e Defesa Civil compreendem cinco volumes, sendo três volumes de
MANUAIS DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
referência, um Guia e um Glossário, a saber:

• A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil no Brasil

• Riscos de Desastres no Brasil

• Gestão de Riscos de Desastres no Brasil

• Guia para Atores Locais

• Glossário de Proteção e Defesa Civil no Brasil RISCOS DE


DESASTRES
Os Manuais tratam, de forma articulada, de distintos aspectos da Política Nacional de Prote- NO BRASIL
A POLÍTICA
ção e Defesa Civil, como os temas ligados ao arcabouço jurídico e doutrinário da proteção e NACIONAL DE
defesa civil e das respectivas instituições por ela responsáveis (A Política Nacional de Pro- PROTEÇÃO E
DEFESA CIVIL
GUIA PARA
teção e Defesa Civil no Brasil); ao conhecimento das ameaças e das vulnerabilidades que NO BRASIL
ATORES LOCAIS
caracterizam os riscos de desastre (Riscos de Desastres no Brasil); e aos procedimentos de
gestão desses riscos, relativos aos vários componentes: conhecimento, prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação (Gestão de Riscos de Desastres no Brasil).
GESTÃO DE
O Guia para Atores Locais aborda os temas essenciais, no âmbito municipal, numa abor- RISCO DE
dagem prática e simplificada, de forma a orientar os gestores sobre as medidas necessárias à DESASTRES
NO BRASIL
implantação dos órgãos municipais, sobretudo na fase inicial de consolidação das medidas de
proteção e defesa civil no município.

Por fim, o Glossário de Termos Afins de Proteção e Defesa Civil no Brasil reúne os concei- GLOSSÁRIO DE PROTEÇÃO
E DEFESA CIVIL
tos utilizados na área de proteção e defesa civil, agrupando-os didaticamente, a fim de emba-
sar suas respectivas ações, bem como promover a equalização do entendimento das referidas
definições. Fonte: SEDEC/MI

O Ministério de Integração Nacional, através da SEDEC, objetiva, com estas publicações, con-
tribuir para o aperfeiçoamento das ações de proteção e defesa civil, apoiando os gestores em O Manual Entendendo a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil no Brasil apresenta o
suas tarefas diárias de promover a segurança e o bem-estar da população brasileira. marco normativo e institucional das atividades de proteção e defesa civil, com base na Lei
Federal nº 12.608, de 2012, e legislação correlata.

Boa leitura!
PNPDEC
20 21

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
1
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil 1.1 Fundamentos e Natureza Para efetivar os direitos assegurados pela
– PNPDEC compreende os objetivos e diretri- Constituição, cabe à União estabelecer a po-
da Política Nacional de
zes a serem adotados para a redução dos riscos lítica nacional de proteção e defesa civil, a ser
de desastres, de forma a garantir a segurança e Proteção e Defesa Civil observada por todas as instâncias governa-
o bem-estar da população e a promover o de- mentais, bem como exercer, privativamente,
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
senvolvimento sustentável do País. a competência de legislar sobre defesa civil
encontra seus fundamentos na Constituição
(artigo 22 da Constituição Federal).
A Política e o Sistema Nacional de Proteção Federal, que garante a todos a inviolabilidade
e Defesa Civil, bem como o sistema de infor- do direito à vida, à liberdade, à igualdade, Trata-se de uma política pública, ou seja, o
mações e monitoramento de desastres, foram à segurança e à propriedade, nos termos do conjunto de princípios, objetivos, diretrizes e
instituídos pela Lei Federal nº 12.608, de 10 artigo 5º. O direito à segurança inclui a pre- estratégias orientadores da atuação do Poder
de abril de 2012, à qual se soma a legislação Público e de suas relações com a sociedade,
servação da ordem pública e da incolumidade
relativa aos recursos destinados à proteção visando a garantir a proteção e segurança
das pessoas e do patrimônio.
e defesa civil e a temas correlatos, que serão da sociedade frente aos riscos de desastres.
abordados ao longo deste Manual. Ao tratar da segurança pública, a Constituição É implementada por meio de planos, progra-

Federal faz menção aos Corpos de Bombei- mas e projetos, com a necessária destinação

ros Militares, atribuindo-lhes a execução das de recursos orçamentários ou de outras fon-


tes de financiamento.
atividades de defesa civil (artigo 144 § 5º).
Assim sendo, os fundamentos dessa política É, por natureza, uma política complexa, mul-
podem ser encontrados no âmbito da segu- tidisciplinar, ou seja, demanda a atuação de
rança pública, do direito à vida, do bem-estar órgãos e entidades responsáveis por distintos
da população e do desenvolvimento nacional. temas. Envolve diversas facetas, no que diz

23

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


respeito à natureza dos desastres, à sua impre- para reduzir ou evitar as consequências do de Proteção e Defesa Civil. Esse é o sentido da • Consagra-se a abordagem da gestão dos
CONCEITOS BÁSICOS – Instrução Normativa do Ministério da Integração Nacional nº
visibilidade e diversidade, aos órgãos e entida- risco de desastre. instituição do Sistema Nacional de Proteção e 02/16 – Anexo VI riscos de desastres que compreende
des envolvidos, aos meios necessários para sua Defesa Civil, do qual fazem parte a União, Es- dois importantes aspectos:
As ações de preparação são as medidas de- Desastre: resultado de eventos adversos, naturais, tecnológicos ou de origem antrópica, sobre
efetiva gestão e à necessidade da conscientiza- tados, Distrito Federal e Municípios, as insti-
um cenário vulnerável exposto a ameaça, causando danos humanos, materiais ou ambientais e
senvolvidas para otimizar as ações de respos- tuições que tratam de políticas setoriais, em • Gestão dos riscos, que diz respeito às me-
ção e envolvimento da sociedade. consequentes prejuízos econômicos e sociais (item VII)
ta e minimizar os danos e as perdas decorren- todas as instâncias governamentais, e demais didas preventivas destinadas à redução
tes do desastre. Evento adverso: desastre natural, tecnológico ou de origem antrópica ( item XXI)
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil atores relevantes. dos riscos de desastres, suas consequên-
compreende as ações de prevenção, mitiga- Vulnerabilidade: exposição socioeconômica ou ambiental de um cenário sujeito à ameaça do cias e à instalação de novos riscos (Anexo
As ações de resposta dizem respeito às me- Em suma, a Política Nacional de Proteção e impacto de um evento adverso natural, tecnológico ou de origem antrópica (item XI)
ção, preparação, resposta e recuperação, de VI da IN 02, item XIII);
didas emergenciais, realizadas durante ou Defesa Civil tem como principal caracterís-
forma articulada com as demais políticas pú- Ameaça: evento em potencial, natural, tecnológico ou de origem antrópica, com elevada
após o desastre, que visam ao socorro e à as- tica ser de natureza sistêmica, demandando possibilidade de causar danos humanos, materiais e ambientais e perdas socioeconômicas Gestão dos desastres, que compreende o pla-
blicas (artigo 3º da Lei nº 12.608/12).
sistência à população atingida e ao retorno a atuação integrada e articulada de todos públicas e privadas (item X) nejamento, a coordenação e a execução das
As definições de prevenção, mitigação, dos serviços essenciais. os atores responsáveis, para que se obtenha ações de resposta e de recuperação (Anexo VI
Dano: resultado das perdas humanas, materiais ou ambientais infligidas às pessoas,
preparação, resposta e recuperação, bem uma efetiva gestão dos riscos de desastres, já comunidades, instituições, instalações e aos ecossistemas, como consequência de um desastre da IN 02, item XIV).
As ações de recuperação são as medidas
como de proteção e defesa civil, constam que o principal objetivo da Política Nacional é (item XXV)
desenvolvidas após o desastre para retornar Esta orientação retrata a evolução do trata-
da Instrução Normativa nº 021, do Minis- o de reduzir os referidos riscos e suas conse- Prejuízo: medida de perda relacionada com o valor econômico, social e patrimonial de um
à situação de normalidade, que abrangem a mento dos desastres, no plano internacional,
tério da Integração, editada em 20 de de- quências. determinado bem, em circunstâncias de desastre (item XXVI)
reconstrução de infraestrutura danificada ou que avançou para a gestão integral do risco
zembro de 2016, em seu Anexo VI. Risco de desastre: potencial de ocorrência de evento adverso sob um cenário vulnerável (item XII)
destruída, e a reabilitação do meio ambiente de desastres. Os desastres resultam, em últi-
Proteção e defesa civil é o conjunto de ações e da economia, visando ao bem-estar social. ma instância, da combinação de ameaças, de
de prevenção, mitigação, preparação, respos- condições de vulnerabilidade e da insuficien-
Partindo do pressuposto de que são neces- A Lei nº 12.608/12 estabelece que é dever da §1º. As medidas previstas no caput poderão
ta e recuperação destinadas a evitar desastres te capacidade de reduzir as possíveis conse-
sárias ações preventivas e mitigadoras (ava- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos ser adotadas com a colaboração de entidades
e minimizar seus impactos sobre a população quências negativas dos riscos. O desastre,
liação dos riscos de desastres, diminuição da Municípios adotar as medidas necessárias à
e a promover o retorno à normalidade social, públicas ou privadas e da sociedade em geral. portanto, é uma combinação de fatores ou
vulnerabilidade e aumento da resiliência), redução dos riscos de desastre, com a colabo-
econômica ou ambiental. condições, nem sempre controláveis, mas
ações de preparação para emergências e de- ração de entidades públicas ou privadas e da Portanto, a redução dos riscos de desastres
que podem ser minimizados.
São ações de prevenção as medidas e ativi- sastres, de resposta (socorro, assistência às sociedade em geral. (RRD) é determinante para a Política Nacional
dades prioritárias destinadas a evitar a insta- populações vitimadas e restabelecimento dos
de Proteção e Defesa Civil, devendo orientar a As comunidades deparam-se com perigos
Art. 2º. É dever da União, dos Estados, do
lação de riscos de desastres. serviços essenciais), assim como de recupera-
atuação de todos os integrantes do Sistema Na- naturais, principalmente quando ocupam lu-
Distrito Federal e dos Municípios adotar
ção, conclui-se que será necessária a partici-
cional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC. gares mais vulneráveis. Ocupações em áreas
as medidas necessárias à redução dos ris-
As ações de mitigação compreendem as me- pação de uma pluralidade de órgãos e insti-
cos de desastre. inadequadas ou a degradação ambiental aca-
didas e atividades imediatamente adotadas tuições para a execução da Política Nacional
bam por agravar a exposição das populações
1
Texto integral da Instrução Normativa n° 02: http:// www. mi. gov. br/ web/ guest/ defesacivil/ legislacoes aos riscos. Se ações de prevenção tivessem

24 25

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
sido adotadas, certamente as comunidades determinações da legislação de proteção e de- Portanto, conclui-se que as medidas para a 1.2 Evolução da Política governo federal, um Grupo de Trabalho para Ao longo dos anos, a estrutura administra-
estariam mais seguras. fesa civil, até as medidas que, no seu âmbito de redução de riscos de desastres deverão ser elaborar o Plano de Defesa Permanente con- tiva e o marco legal da Defesa Civil foram
Nacional de Proteção
atuação, se fizerem necessárias. adotadas, necessariamente, pelas autorida- tra Calamidades Públicas (Decreto nº 64.568, alterados, de forma a responder, mais ade-
Os temas ligados ao risco e à gestão dos riscos des competentes, uma vez que são determi- e Defesa Civil de 22 de maio). Dessa iniciativa resultou a quadamente, a grandes desastres naturais,
de desastres são tratados, respectivamente, no O dever de atuar na redução dos riscos im- nadas na legislação. instituição do GEACAP - Grupo Especial para
A atividade de Defesa Civil, em diversos paí- de repercussão nacional, tais como as inun-
Manual de Proteção e Defesa Civil - Entenden- plica que os Estados e Municípios tratem da Assuntos de Calamidades Públicas, ligado
ses, entre eles o Brasil, teve início na década dações de 1966, no Rio de Janeiro, os incên-
do os Riscos de Desastres no Brasile no Manual proteção e defesa civil no âmbito de seus ter- Essas medidas têm de ser tomadas continu- ao Ministério do Interior, para promover a
de quarenta, como forma de encontrar res- dios urbanos, na década de 70, em São Paulo,
de Proteção e Defesa Civil - Entendendo a Ges- ritórios, estabeleçam estratégias e ações prio- amente, independentemente da situação de articulação interministerial no combate às
posta a ameaças bélicas, da Segunda Guerra as grandes inundações de 1982 e 1983, em
tão de Riscos de Desastres no Brasil. ritárias, respeitados os princípios e as diretri- anormalidade quando da ocorrência dos de- calamidades públicas (Decreto nº 67.347, de
Mundial. Posteriormente, evoluiu para res- Santa Catarina, as inundações que atingiram
zes da política nacional, assim como criem sastres, conforme o inciso V do Art. 5o da Lei 5 de outubro de 1970). O GEACAP era inte-
Com base nesse entendimento, a legislação posta a desastres naturais de grande inten- 20% dos municípios brasileiros, em 2004, as
os órgãos de proteção e defesa civil para n° 12.608/12. grado por órgãos ministeriais que atuavam
brasileira de proteção e defesa civil exige que sidade e extensão territorial, principalmente inundações em Pernambuco e Alagoas, em
compor o Sistema Nacional de Proteção e De- em ações de defesa civil, não somente na res-
os gestores públicos adotem as ações ne- Art. 5º.  São objetivos da PNPDEC: enchentes e secas. 2010, e os deslizamentos, em 2010 e 2011,
fesa Civil, de forma articulada e integrada aos posta, mas também na previsão orçamentá-
cessárias à redução dos riscos de desastres, na região serrana do Rio de Janeiro.
demais órgãos e instituições. ria e no planejamento estratégico nacional.
devendo, para tanto, atuar em conjunto com V - Promover a continuidade das ações de pro- Em 1960, o governo brasileiro reconheceu a
teção e defesa civil. Propôs a criação dos órgãos de defesa civil em A instituição do Decênio Internacional para
a sociedade e com o setor privado. Ao estabe- Segundo a doutrina administrativa, os pode- necessidade de ressarcir os prejuízos causa-
todo o território nacional. Somente após a a Redução dos Desastres Naturais – 1990 a
lecer que se trata de dever da União, dos Es- res e deveres do administrador público são os dos por grave seca no Nordeste (Lei nº 3.742,
A Política de Proteção e Defesa Civil, em to- criação de todas as defesas civis estaduais, foi
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, expressos em lei, os exigidos pelo interes- de 4 de abril de 1960). Em 1966, foi estabe- 2000, pela Assembléia Geral da ONU, foi um
das as instâncias governamentais, deve ser possível instituir o Sistema Nacional de Defe-
indica que o administrador público não se da coletividade e os impostos pela mo- lecido o salário mínimo regional para atender importante marco de referência para a políti-
consagrada como um dos componentes do sa Civil- SINDEC.
pode deixar de tomar as medidas voltadas ralidade administrativa. Portanto, cabe à lei às frentes de trabalho voltadas à assistência ca nacional de defesa civil, ao enfatizar, como
desenvolvimento sustentável, ou seja, enten-
a reduzir os riscos, que compreendem um rol determinar, para cada atividade pública, os das populações vitimadas por uma grande principais eixos de atuação a identificação, a
dida como a que, de forma perene, atua para O Fundo Especial para Calamidades Públicas
de ações e atividades, desde a observância das deveres e os poderes de quem os exerce. enchente no Sudeste (Decreto nº 59.124, de análise e o mapeamento de riscos; a adoção
que os riscos de desastres sejam eliminados (FUNCAP) foi instituído nessa mesma época,
25 de agosto). O Estado da Guanabara, parti- de medidas de prevenção; o planejamento
ou reduzidos. por meio do Decreto-Lei nº 950, de 13 de ou-
cularmente afetado, elaborou o Plano Diretor para situações emergenciais e a importância
tubro de 1969.
de Defesa Civil e instituiu a Comissão Central das informações públicas e do treinamen-
“Se, no Direito Privado, o poder de agir é uma faculdade, no Direito Público é uma
imposição, um dever para o agente que o detém, pois não se admite a omissão de Defesa Civil do Estado, a primeira defesa A organização sistêmica da Defesa Civil no to. Como o objetivo central era a redução de
da autoridade diante de situações que exigem sua atuação” Brasil deu-se pela criação do Sistema Nacio- perdas de vidas, de danos e transtornos só-
civil estadual do País (Decreto Estadual nº
(Meirelles, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, 26ª. edição, página 97). nal de Defesa Civil (SINDEC), em 1988, con- cio-econômicos, especialmente provocados
1.373, de 19 de dezembro de 1966).
solidando a atuação da Defesa Civil em todo por desastres naturais, o Sistema Nacional
Em 1967, foi criado o Ministério do Interior o território nacional (Decreto nº 97.274, de de Defesa Civil (SINDEC) elaborou a Políti-
com a competência de assistir as populações 1988). O SINDEC foi reorganizado em 1993 ca Nacional de Defesa Civil. Para promover
atingidas por calamidades públicas em todo e atualizado em 2005 (Ver Decreto nº 5.376, sua implementação, foi editado um conjun-
território nacional. Em 1969, foi criado, no de 17.02.2005). to de publicações, os denominados Manuais

26 27

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Técnicos de Defesa Civil, que consolidaram as As principais inovações em relação à legisla- consagrando a existência de uma política na- vulnerabilidades, que podem ser vulnerabi- 1.3 As Conferências Nacionais Os debates e conclusões da 1a Conferência
bases da doutrina nacional e apoiaram a exe- ção anterior, são as seguintes: cional de proteção e defesa civil. Apesar de lidades estruturais (alto nível de pobreza, giraram em torno de 3 eixos temáticos:
e as Agendas Internacionais
cução das medidas de defesa civil em todas as proteção e defesa terem significados muito concentração de pobres em determinadas
instâncias governamentais. • Integração com as diversas políticas públi- áreas, falta de acesso a serviços básicos, de- 1.3.1 As Conferências Nacionais • Desafios para a efetivação da Defesa Civil
próximos, há que se distinguir, mesmo que
cas, tendo em vista a promoção do desen- semprego etc.) ou vulnerabilidade transi- no século XXI: Estado, sociedade, clima,
de forma sutil, as peculiaridades dessa nova
A partir de 2010, na esteira de eventos adver- volvimento sustentável; Para a evolução da Política e do Sistema Na- desigualdade e desenvolvimento;
abordagem. tória (condições naturais ou climáticas – ter-
sos muito graves, como o da região serrana cional de Proteção e Defesa Civil, consagra-
remotos, inundações, secas, furacões, pragas,
do Rio de Janeiro, foram editados importan- • Instituição de Planos Nacional e Estaduais dos na Lei nº 12.608, em 2012, certamente • Políticas públicas de atenção integral ao
Historicamente, a defesa civil teve, como epidemias, entre outras).
tes diplomas legais, para fortalecer a Política de Proteção e Defesa Civil e de Planos de contribuíram o aumento da conscientização cidadão: o paradigma da assistência hu-
principal foco, o desastre e ações relacionadas
Nacional de Proteção e Defesa Civil, como a Contingência, em nível municipal; O termo proteção civil leva em consideração a respeito da gravidade dos desastres, assim manitária;
com as situações emergenciais, contemplan-
Lei Federal nº 12.340, de 1º de dezembro de a vulnerabilidade e as ameaças, o que traz como a disseminação do debate, no âmbito
• Criação do Sistema Nacional de Informa- do o atendimento direto à população atingida, • Mobilização e participação da sociedade na
2010, com a redação dada pela Lei nº 12.608, para o centro da Política Nacional de Prote- nacional, estimulado pela realização de duas
ções e Monitoramento de Desastres; provendo o necessário apoio para fazer face prevenção e no controle social sobre a efe-
de 10 de abril de 2012, ambas dispondo so- ção e Defesa Civil a ênfase na redução dos Conferências Nacionais, em 2010 e 2014,
aos impactos dos eventos adversos. Por sua tivação da política pública de Defesa Civil.
bre as transferências de recursos da União • Profissionalização e qualificação permanen- riscos. A denominação trazida pela Lei nº com expressiva participação de representan-
vez, o termo proteção traz uma conotação
para os Estados e Municípios, e sobre o Fun- te dos agentes de proteção e defesa civil; 12.608/12, de política de proteção e defesa tes dos estados e municípios. Com o propósito de dar sequência à 1a Con-
mais voltada às pessoas afetadas por eventos
do Nacional de Proteção e Defesa Civil, com civil, portanto, é indicativa de que o principal ferência Nacional de Defesa Civil e Assistên-
adversos, com ênfase às ações de prevenção, Para saber mais sobre os eventos nacionais,
vistas às ações de prevenção e de resposta e • Estabelecimento de Cadastro Nacional de foco dessa política, ao lado da gestão do de- cia Humanitária, realizou-se, em novembro
à semelhança da política de proteção social, ver www.mi.gov.br/x-forum-nacional-de-de-
recuperação. Municípios com áreas suscetíveis à ocor- sastre, é a gestão dos riscos de desastres, de 2014, a 2a Conferência Nacional de Prote-
que são “ações para (a) ajudar pessoas, famílias fesa-civil
rência de deslizamentos de grande impac- com o objetivo de promover a sua redução. ção e Defesa Civil. Cerca de 1.400 delegados
Em 10 de abril de 2012, foi editada a Lei nº e comunidades a gerir melhor o risco, e (b) pres-
to, inundações bruscas ou processos geo- Defesa e proteção não são excludentes; ao estaduais e municipais participaram nesta
tar apoio aos extremamente pobres”2. A 1a Conferência Nacional de Defesa Civil e
12.608/12, que institui a Política e o Sistema lógicos ou hidrológicos correlatos; contrário, complementam-se e passam a
Assistência Humanitária foi realizada de 23 nova conferência, cujo tema foi “Proteção e
Nacional de Proteção e Defesa Civil e autoriza compor o campo de atuação da Política Na-
A proteção social inclui um conjunto de polí- a 25 de março de 2010, com a participação Defesa Civil: novos paradigmas para o Siste-
a criação do sistema de informações e moni- • Inclusão dos princípios da proteção e de-
ticas, programas e normas destinadas a redu- cional de Proteção e Defesa Civil. ma Nacional”. Já pela definição do tema, que
de 1.495 delegados de estados e municípios,
toramento de desastres, entre outras dispo- fesa civil e a educação ambiental nos cur-
zir a probabilidade da ocorrência de riscos para referendar proposições para reformular incorpora a palavra “proteção”, percebe-se a
sições. Essa Lei representa um importante rículos do ensino fundamental e médio.
e de desastres (eventos que prejudiquem o a defesa civil brasileira. evolução do entendimento sobre os assuntos
avanço, ao estabelecer diretrizes e objetivos
Reflexo da mudança de abordagem trazida bem-estar das famílias, como uma inundação envolvidos. Na 2a Conferência foram debati-
para a política nacional de proteção e defesa
pela legislação é o fato de ter sido alterada ou uma recessão). Inclui ações para “mitigar” dos 4 eixos temáticos, que orientaram a defi-
civil, dando ênfase à redução dos riscos de de-
a denominação da política nacional. À de- os riscos, ou seja, reduzir as consequências nição e priorização dos diferentes princípios
sastres e às atividades de prevenção.
nominação anterior, defesa civil, a Lei nº negativas a eles associadas. A proteção social e diretrizes aprovados:

12.608/12 acrescentou o termo proteção, avalia a existência de fontes de riscos e de

2
Proteção Social - A. Coudouel, K. Ezemenari, M. Grosh e L. Sherburne-Benz, Banco Mundial 2000; Disponível em: http://siteresources.worldbank.org/, acesso em: 09 de janeiro de 2017.

28 29

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
• Eixo 1 - Gestão integrada de riscos e res- • Criar mecanismos legais que garantam aos • A Proteção e Defesa Civil deve fazer parte 1.3.2 As Agendas Internacionais de A década de 90 teve como marco fundamen- e) Glossário de Defesa Civil, Estudos de Ris-
posta a desastres municípios a implementação das Defesas do currículo escolar em todos os níveis de Redução de Riscos de Desastres tal o Decênio Internacional para a Redução cos e Medicina de Desastres;
Civis municipais, estruturando, fortale- ensino dos Desastres Naturais – 1990 a 1999, cam-
• Eixo 2 - Integração de políticas públicas re- cendo e incentivando o Sistema Munici- No plano internacional, o Sistema das Na- panha instituída pela Assembleia Geral da f) Manuais de Desastres Naturais, Humanos
lacionadas à Proteção e Defesa Civil pal de Proteção e Defesa Civil • Criar, estimular, implantar e garantir me- ções Unidas vem adotando, há décadas, uma ONU em 1989, cujas linhas de ação eram as de Natureza Tecnológica, de Natureza Social
canismos de convivência com o semiári- série de iniciativas para apoiar os países no seguintes: e de Natureza Biológica, e Mistos;
• Eixo 3 - Gestão do conhecimento em Pro- • Garantir recursos financeiros nas três es- do, dirigindo ações da Política Nacional aperfeiçoamento de suas políticas de redução
teção e Defesa Civil feras de governo para as ações de Proteção de Proteção e Defesa Civil ao polígono a) Identificação, análise e mapeamento de riscos; g) Manual de Medicina de Desastres;
de riscos de desastres.
e Defesa Civil, com dotação orçamentária das secas.
• Eixo 4 - Mobilização e promoção de uma b) Medidas de prevenção; h) Manual de Planejamento em Defesa Civil
própria garantida nos Planos Plurianuais Em função de grandes terremotos na década
cultura de Proteção e Defesa Civil na bus- Segundo esses princípios e eixos temáticos, – Volumes I, II, III e IV;
(PPA) e Lei de Diretrizes Orçamentárias de 60, a Assembleia Geral da ONU instituiu
ca de cidades resilientes. foram aprovadas, ainda, 30 diretrizes para a c) Planejamento para situações emergenciais; e
(LDO), e Lei Orçamentária Anual (LOA) a Assistência em casos de desastres naturais.
i) Manual para Decretação de Situação de
implementação da política de proteção e de- Na década de 70, as Resoluções da ONU evo-
Foram aprovados os seguintes princípios: d) Informações públicas e treinamento. Emergência ou Estado de Calamidade Pública
• Garantir, por lei, o repasse de 1% do orça- fesa civil no País. luíram e as recomendações passaram a envol-
– Volumes I e II;
• Garantir a profissionalização, qualificação mento da União para ações de prevenção, ver os planejamentos nacionais pré-desastre Como o objetivo central da Campanha era a
mitigação e preparação, por intermédio Ver: 2ª. Conferência Nacional de Proteção e
e valorização dos agentes de Proteção e sob o tema “Importância Vital”, a fim de dimi- redução de perdas de vidas, danos e trans- j) Política Nacional de Defesa Civil;
de fundos municipais de proteção e defe- Defesa Civil: “Proteção e Defesa civil: novos
Defesa Civil nuir o impacto dos desastres; a dar assistên- tornos socioeconômicos, em especial aqueles
sa civil, para municípios que estejam em paradigmas para o Sistema Nacional”. Re- k) Redução das Vulnerabilidades a Desastres
cia aos países mais propensos a catástrofes: provocados por desastres naturais, o Sistema
• Implantar o Sistema Único de Proteção e conformidade com a legislação, com o ob- latório final: princípios, diretrizes e moções. e Acidentes na Infância;
às medidas preventivas; ao planejamento de Nacional de Defesa Civil (SINDEC) buscou
Defesa Civil jetivo de torná-los resilientes Brasília, janeiro de 2015 - www.mi.gov.br;
contingências ante desastres e à preparação. elaborar a Política Nacional de Defesa Civil e
l) Segurança Global da População;
É criado o Escritório das Nações Unidas para priorizar a edição das seguintes publicações:
• A Política Nacional de Proteção e Defesa • Criar Fundos de Proteção e Defesa Civil,
Socorro em Caso de Desastre (UNDRO). m) Simbologia dos Desastres; e
Civil deve ser integrada às demais políti- nas esferas municipal, estadual e federal, a) Apostila sobre Implantação e Operaciona-
cas públicas e setoriais, nos três níveis de em todo o País lização de COMDECs; n) Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC.
governo
b) Cartilha de Avaliação de Danos – Pergun- Em 2005, foi criado o Escritório das Nações
• Criar, institucionalizar e estruturar as or- tas e Respostas; Unidas para a Redução do Risco de Desastres
ganizações de Proteção e Defesa Civil (Fe-
(UNISDR), tendo sido aprovado o Marco de
deral, Estadual e Municipal) c) Conferência Geral sobre Desastres;
Ação de Hyogo, com vistas à redução de ris-

d) FUNCAP – Fundo Nacional para Calami- cos, por um futuro mais seguro. Em 2015, foi

dades Públicas; adotado o Marco de Sendai para a Redução


do Risco de Desastres.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Três importantes conferências mundiais fo- Quadro 1. Evolução da agenda internacional relativa à redução dos riscos de desastres.
ram realizadas, nos últimos vinte anos, que
1990 / 1999 - Decênio Internacional para a Redução dos Desastres Naturais
muito contribuiram para o aperfeiçoamento
da política nacional de proteção e defesa civil: Documentos
Período Conferência Diretrizes, Estratégias e Plano de Ação
aprovados
Objetivo
• Primeira Conferência Mundial sobre De-
Salvar vidas humanas e proteger os bens materiais
sastres Naturais, realizada em Yokohama
(Japão), de 23 a 27 de maio de 1994. Princípios
• A avaliação dos riscos é indispensável para a adoção de adequada política de redução de desastres;
• A prevenção e a preparação para o desastre são fundamentais para reduzir a necessidade de socorro, em
• Segunda Conferência Mundial sobre Re-
casos de desastres;
dução de Desastres, em Kobe (Japão), de • A prevenção e a preparação para o desastre devem ser partes integrantes do planejamento do
Primeira
18 a 22 janeiro de 2005. Conferência desenvolvimento, nos planos nacional, regional e internacional;
Mundial sobre • A capacidade para prevenir e reduzir os desastres, e para mitigar seus efeitos, é prioridade para se criar
Desastres uma base sólida para as atividades posteriores;
• Terceira Conferência Mundial para a Re-
Naturais Estratégia de • O alerta antecipado e a divulgação de informações, por distintos meios, são fundamentais para a
dução de Riscos de Desastres, em Sen- prevenção e para a preparação para os desastres;
1990 /1999 Yokohama para um
dai (Japão), de 14 a 18 março de 2015. Yokohama Mundo mais Seguro • As medidas preventivas são mais eficazes quando incorporadas a todos os planos, tanto os locais como
(Japão), os regionais, nacionais e internacionais;
O Marco de Ação de Sendai foi aprovado,
• A vulnerabilidade pode ser reduzida mediante a adoção de métodos e projetos apropriados, bem como
para o período de 2015 a 2030, dando de modelos de desenvolvimento orientados a grupos beneficiários, da educação e da capacitação
23 a 27 de maio
continuidade aos avanços obtidos pelo de 1994 adequadas de toda a sociedade;
• A comunidade internacional reconhece a necessidade de compartilhar tecnologias para prevenir e
Marco de Ação de Hyogo.
reduzir desastres e mitigar seus efeitos;
• A proteção do meio ambiente e o combate à pobreza, componentes do desenvolvimento sustentável,
Os objetivos, prioridades e metas definidas são essenciais para prevenir os desastres naturais e mitigar seus efeitos;
por essas Agendas (Quadro 1) revelam a evo- • Cada país tem a responsabilidade de proteger sua população, infraestrutura e bens, dos efeitos dos
desastres naturais. A comunidade internacional deve mobilizar recursos adequados para a redução dos
lução do entendimento sobre a gestão dos
desastres naturais, sobretudo para os países em desenvolvimento.
riscos de desastres.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Documentos Documentos
Período Conferência Diretrizes, Estratégias e Plano de Ação Período Conferência Diretrizes, Estratégias e Plano de Ação
aprovados aprovados
Objetivo
Estratégia de Aumentar a resiliência dos países e das comunidades para se alcançar, até 2015, uma redução considerável
Yokohama para um Orientação para os países quanto às ações a serem adotadas, no plano nacional, regional e internacional das perdas ocasionadas pelos desastres, em vidas humanas, bens sociais, econômicos e ambientais.
Mundo mais Seguro
Objetivos Estratégicos:
Medidas: • Integração dos riscos de desastres nas políticas, planos e programas de desenvolvimento sustentável,
• Desenvolvimento de cultura de prevenção, componente essencial do planejamento integrado da redução em todos os níveis, com ênfase na prevenção, mitigação, preparação e redução da vulnerabilidade;
Segunda Marco de Ação de
de desastres; • Fortalecimento de instituições e de atividades que aumentem a resiliência frente às ameaças, em todos
Conferência Hyogo - MAH
• Educação e formação em prevenção e preparação para desastres e mitigação de seus efeitos; os níveis, sobretudo nas comunidades
Mundial sobre
• Fortalecimento dos recursos humanos e da capacidade das instituições de pesquisa em matéria de • Incorporação sistemática de critérios de redução de riscos nos projetos e programas de preparação,
Redução de Construindo a
redução e mitigação dos desastres; resposta, recuperação e reconstrução de comunidades afetadas.
2005/2014 Desastres, resiliência dos
• Identificação de centros de excelência e formação de redes, para o desenvolvimento das ações de Kobe (Japão), países e das Prioridades de Ação:
Primeira prevenção, mitigação e redução dos desastres; 18 a 22 de comunidades frente • Fortalecer a capacidade institucional: Atribuir prioridade nacional e local à redução de riscos de
Conferência • Aumento da conscientização das comunidades vulneráveis, através do melhoria da informação sobre a janeiro de 2005 aos desastres desastres, com base institucional adequada para sua implementação.
Mundial sobre redução de desastres; • Conhecer os riscos: Identificar, avaliar e monitorar os riscos de desastres e melhorar os alertas e alarmes.
Desastres • Participação ativa da população nas atividades de prevenção e preparação para os desastres; • Promover o conhecimento e a sensibilização; utilizar o conhecimento, a inovação e a educação para criar
1990 /1999 Naturais, • Adoção de planos e programas de base comunitária para reduzir as vulnerabilidades; uma cultura de segurança e resiliência, em todos os níveis.
Yokohama • Melhoria na avaliação e no monitoramento dos riscos, e ampliação do alerta precoce; • Reduzir riscos: Reduzir os fatores subjacentes ao risco por meio do planejamento do uso e ocupação do
(Japão), 23 a Plano de Ação de • Adoção de política integrada de prevenção, preparação e resposta em relação aos desastres naturais e solo, e de medidas ambientais, sociais e econômicas;
27 de maio de Yokohama aos tecnológicos e biológicos; • Estar preparado e pronto para agir: Fortalecer a preparação para desastres, para uma resposta efetiva
1994 • Coordenação e cooperação entre organismos nacionais e internacionais de pesquisa, universidades e em todos os níveis.
outras instituições científicas;
• Aperfeiçoamento da legislação e da atuação da administração pública; atribuição de prioridade às
decisões políticas;
• Prioridade para a obtenção e troca de informações sobre a redução de desastres naturais, fortalecendo
os mecanismos de comunicação;
• Fomento à cooperação regional entre países expostos aos mesmos riscos naturais;
• Utilização da tecnologia existente no campo da redução de desastres;
• Integração do setor privado às atividades de redução de desastres, mediante a promoção de oportunidade
de negócios;
• Fomento à participação de organizações não governamentais no manejo dos riscos naturais, em
particular os relacionados ao meio ambiente;
• Fortalecimento do Sistema das Nações Unidas para ajudar a reduzir as perdas de vidas em desastres.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Documentos O Marco de Ação de Hyogo, importante do-
Período Conferência
aprovados
Diretrizes, Estratégias e Plano de Ação Construindo cidades resilientes
cumento aprovado durante a Segunda Confe-
rência Mundial, orienta a adoção de políticas A campanha internacional "Construindo Cidades Resilientes" foi lançada em 2010 pelo Escritório
Objetivo:
Prevenir novos riscos e reduzir os existentes, através de medidas econômicas, estruturais, sociais, de saúde,
das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres - UNISDR/ONU, embasando os 10
nacionais de gestão de risco de desastres.
culturais, educacionais, ambientais, tecnológicas, legais e politico-institucionais, integradas e inclusivas, passos essenciais para aumentar a resiliência a desastres, em nível local, a serem implantados em
que previnam e reduzam a exposição a ameaças e a vulnerabilidade a desastres, assim como fortaleçam a cinco fases:
Devido à importância das ações em nível lo-
preparação, resposta e a recuperação, de forma a aumentar a resiliência.
cal, foi lançada, em 2010, a Campanha “Cons- • Passo 1: Quadro Institucional e Administrativo
Prioridades:
• Compreensão dos riscos de desastres; truindo Cidades Resilientes: Minha Cidade • Passo 2: Recursos e Financiamento
• Fortalecimento da governança do risco de desastres;
Terceira está se preparando”, para dar orientações prá-
• Investimentos na redução do risco de desastres, de forma a aumentar a resiliência; • Passo 3: Avaliações de Risco e Ameaças Múltiplas – Conheça seu Risco
Conferência ticas visando a aumentar a resiliência urbana.
• Melhoria na preparação, na resposta eficaz, na recuperação e reconstrução, objetivando a “reconstruir
Mundial das • Passo 4: Proteção, Melhoria e Resiliência de Infraestrutura
melhor". Um grande número de municípios brasileiros
Nações Unidas
para Redução Marco de Ação de aderiu a essa Campanha, tornando o Brasil o • Passo 5: Proteção de Serviços Essenciais: Educação e Saúde
2015/ 2030 Metas:
de Riscos de Sendai país com maior número de adesões.
• Reduzir a mortalidade global; reduzir a média de mortalidade, com base em 100.000 habitantes, entre • Passo 6: Elaboração de Normas e Planos de Uso e Ocupação do Solo
Desastres –
2020-2030, em comparação com 2005-2015;
Sendai (Japão), • Passo 7: Treinamento, Educação e Sensibilização Pública
• Reduzir o número de pessoas afetadas em todo o mundo; reduzir a média global, com base em 100.000
14 a 18 de
habitantes, entre 2020-2030, em comparação com 2005-2015; • Passo 8: Proteção Ambiental e Fortalecimento dos Ecossistemas
março de 2015
• Reduzir as perdas econômicas devidas a desastres, em relação ao PIB global;
• Reduzir os danos causados à infraestrutura e à interrupção de serviços básicos, como unidades de saúde • Passo 9: Preparação, Sistemas de Alerta e Alarme, e Respostas Efetivas
e educação, inclusive por meio de apoio para aumentar sua resiliência;
• Aumentar o número de países com estratégias nacionais e locais de redução dos riscos de desastres, até • Passo 10: Recuperação e Reconstrução de Comunidades
2020;
Saiba mais em: http://www.unisdr.org/files/26462_guiagestorespublicosweb.pdf
• Intensificar a cooperação internacional com os países em desenvolvimento;
• Aumentar a disponibilidade e o acesso da população a sistemas de alerta antecipado para vários perigos
e às informações e avaliações sobre o risco de desastres. Observa-se que a redução do risco de desas- Além disso, a forte inter-relação entre mu-
tres está presente em todas as iniciativas in- danças do clima, desenvolvimento sustentá-
ternacionais promovidas pelas Nações Uni- vel, condições de moradia e os desastres faz
das, desde a Década Internacional de Redução com que outras agendas, como a Agenda Ha-
de Riscos de Desastres Naturais (DIRDN) até bitat, sobre o desenvolvimento sustentável
o Marco de Sendai, passando pela Estratégia dos assentamentos humanos, adotem dire-
de Yokohama, a Estratégia Internacional de trizes e estratégias convergentes com as pro-
Redução de Desastres (EIRD) e o Marco de postas para a redução dos riscos de desastres.
Ação de Hyogo.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
A Nova Agenda Urbana, aprovada na Confe- É importante dotar o país de infraestrutura sobre a complementaridade entre a política 1.4 Princípios, Diretrizes, A importância de se determinar princípios 1.4.1. Princípios a serem considera-
rência das Nações Unidas sobre Habitação e resiliente e eficiente, capaz de reduzir o im- urbana nacional e a de proteção e defesa civil. norteadores para a política de proteção e de- dos pela Política Nacional de Prote-
Objetivos e Instrumentos da
Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habi- pacto dos desastres, assim como promover a fesa civil vem sendo reiterada pela doutrina ção e Defesa Civil
tat III), realizada em Quito, Equador, de 17 reabilitação, a reforma e a melhoria das habi- Links importantes: Política Nacional de Proteção internacional, para que haja uma base dura-
A implementação da Política Nacional de Pro-
a 20 de outubro de 2016, é uma importante tações, sobretudo nos assentamentos huma-
UNISDR global: http://www.unisdr.org/ e Defesa Civil doura e sólida para a gestão de riscos de de-
referência internacional no tocante à políti- nos informais. sastres. Estes princípios, aqui apresentados, teção e Defesa Civil deve ser orientada pelos
Políticas públicas fundamentam-se em prin- princípios doutrinários a seguir mencionados.
ca de proteção e defesa civil, uma vez que dá UNISDR nas Américas (Panamá):  http:// de natureza doutrinária, estão explícita ou
Outro compromisso em relação à proteção cípios, estabelecem objetivos, diretrizes e
ênfase à questão da redução de riscos de de- eird.org/americas/index.html implicitamente contemplados na legislação
e defesa civil é o de adotar uma abordagem instrumentos, determinam as competências I - Princípio da precaução
sastres na obtenção de cidades mais susten- sobre proteção e defesa civil (como os da pre-
mais proativa, baseada nos riscos de desas- Campanha Cidades Resilientes: http://www. dos órgãos e entidades responsáveis por sua
táveis e resilientes. caução, da prevenção e da informação, igual- O princípio da precaução, consagrado inter-
tres, envolvendo todos os atores sociais, o unisdr.org/campaign/resilientcities/ elaboração e implementação.
mente contemplados pelo Direito Ambien- nacionalmente na “Declaração do Rio Ja-
Entre os compromissos adotados pela Nova que implica aumentar a consciência da socie- tal), enquanto outros estão embasados em
Um princípio pode ser definido como uma neiro”, aprovada na Conferência das Nações
Agenda Urbana vale destacar o fortaleci- dade, fazer investimentos para prevenir os Guia para Gestores Locais: Minha Cidade
verdade fundamental ou uma regra geral, princípios constitucionais ou do Direito Ad- Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvol-
mento da resiliência das cidades e dos as- riscos e desenvolver a resiliência. está se preparando.: http://www.unisdr.org/
utilizado para orientar ações práticas, para se ministrativo (participação social, coordena- vimento, em 1992, deve ser amplamente ob-
sentamentos humanos, através de: files/26462_guiagestorespublicosweb.pdf
“realizar algo” ou para determinar a “forma ção). Por se tratar de disciplina em formulação servado pelos Estados, para preservar o meio
O planejamento do espaço urbano, das cons-
de agir”. Princípios, portanto, são normas ge- e que contempla uma pluralidade de temas e ambiente. De acordo com este princípio,
• Melhor qualidade da infraestrutura e do truções, da infraestrutura e dos serviços deve
rais, abstratas, não necessariamente mencio- disciplinas, a gestão de riscos de desastres re- “quando houver ameaça de danos sérios ou irre-
planejamento territorial, por meio de po- levar em conta as questões de resiliência e do
nadas expressamente na legislação. ge-se por uma variedade de princípios, ainda versíveis, a ausência de absoluta certeza científi-
líticas e planos integrados com uma abor- clima. A cooperação e a articulação entre os
não consolidados, de forma unânime, tanto ca não deve ser utilizada como razão para adiar
dagem ecossistêmica, de acordo com o vários setores, bem como a capacitação das
no âmbito nacional como internacional. medidas eficazes e economicamente viáveis para
Protocolo de Sendai 2015-2030; autoridades locais, é essencial para a gestão
dos riscos de desastres. A formulação de pla- prevenir a degradação ambiental”.
• Desenvolvimento de sistemas de dados e nos adequados de contingência e procedi-
de gestão sobre redução de riscos de de- mentos de evacuação são essenciais.
sastres;
Como se observa, há a incorporação, na agen-
• Redução das vulnerabilidades e dos riscos, da urbana internacional, de importantes di-
especialmente em áreas de risco, em as- retrizes e mecanismos relativos à redução de
sentamentos formais ou informais; riscos de desastres, o que assinala a conver-
gência entre a política de proteção e defesa
• Capacitação de famílias, comunidades,
civil e a política urbana. Pode-se afirmar que,
instituições e serviços para se preparar,
no Brasil, há importantes avanços nesse sen-
responder, adaptar, e rapidamente se re-
tido, conforme se poderá observar no item
cuperar dos efeitos de desastres.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
No âmbito da política de proteção e defesa O princípio da precaução está ligado à impre- II - Princípio da prevenção derá ser configurada sua omissão, ou seja, de desastres. Trata-se de princípio essencial volver o Poder Público, o setor privado e a
civil, significa que, mesmo havendo pouca visibilidade dos desastres. Portanto, a incer- sua responsabilidade em relação a eventuais para a implementação das ações de proteção sociedade.
probabilidade de ocorrer um desastre, mes- teza em relação aos riscos de ocorrência do O princípio da prevenção, igualmente pre-
danos ou prejuízos que venham a ocorrer. e defesa civil, com o apoio da população, em
mo não havendo plena certeza científica a desastre não justifica o não planejar, mas, ao visto na Declaração do Rio Janeiro- Rio - 92, O planejamento e a gestão devem ser feitos
todas as etapas da gestão de riscos de desas-
respeito da possibilidade de ocorrência fu- contrário, exige a atenção diuturna, para sua aprovada na Conferência das Nações Unidas III - Princípio da informação com a participação da população, a ser en-
tres. Nesse sentido, a Lei nº 12.608/12 deu
tura ou dos possíveis efeitos decorrentes de identificação, avaliação e controle, requeren- sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, volvida em todas as etapas, uma vez que os
grande ênfase ao sistema de informações e
está ancorado na legislação nacional de pro- O princípio da informação, de que trata a De-
sua concretização, ainda assim devem ser do, ainda, considerá-los desde a concepção de monitoramento, para integrar as informa- bons resultados só podem ser alcançados por
teção e defesa civil, pois a Lei nº 12.608/12, claração do Rio de Janeiro – Rio 92, aprovada
consideradas e planejadas ações para evitá-lo demais políticas públicas, planos, programas ções e divulgá-las a todos os integrantes do meio da ação integrada de todos os segmen-
expressamente, dispõe ser a prevenção uma na Conferência das Nações Unidas sobre o
ou mitigá-lo, ou seja, de minimização desses e projetos. Todavia, na aplicação deste princí- Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil tos representativos da sociedade organizada.
diretriz a ser observada, além de um dos com- Meio Ambiente e o Desenvolvimento, entre
possíveis riscos. pio deve-se observar a proporcionalidade dos e a possibilitar o adequado nível de conheci-
ponentes da gestão de riscos de desastres, ao outras fontes, proclama o direito à informa- A participação social é relevante nos órgãos
riscos, ou seja, o potencial lesivo deve ser le- mento dos riscos de desastres por parte da
Esse princípio está claramente consagrado na lado da mitigação, preparação, resposta e re- ção de todos os cidadãos interessados como colegiados, como os Conselhos de Proteção
vado em conta - quanto mais graves os efeitos população.
Lei Nacional de Proteção e Defesa Civil, no cuperação, conforme será mencionado, a se- sendo a melhor maneira de lidar com as ques- e Defesa Civil, em todas as instâncias gover-
esperados, maior a relevância de sua mitiga-
artigo 2º, § 2º: ção. Quanto mais graves as espécies de danos guir, no item 1.4.2. tões ambientais, contribuindo para maior IV- Princípio da participação social namentais, pois são fóruns de decisão e fis-

e resultados danosos em jogo (mesmo como conscientização social a respeito da proteção calização das atividades de proteção e defesa
O princípio da prevenção significa que a me- O princípio da participação social fundamen-
expectativa futura), tanto mais real ele deve dos recursos naturais. civil. Igualmente relevante é a participação,
lhor forma de proteger as populações é tentar ta-se no disposto na Constituição Federal,
ser considerado. no plano comunitário, nos Núcleos Comu-
evitar o desastre, ou seja, adotar as medidas A importância de uma eficiente informação ao estabelecer as bases da democracia parti- nitários de Defesa Civil. Não se trata apenas
necessárias a prevenir eventuais impactos sobre o risco a que está sujeita uma popula- cipativa, mediante a instituição de mecanis- de motivar a população a participar. É preciso
causados por desastres. Este princípio é apli- ção, assim como sobre todas as situações que mos de ampla participação da sociedade na que fique claramente entendida a importân-
“A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá óbice para a adoção das medidas cável quando os riscos são conhecidos e previ- envolvam a ocorrência de um desastre, é ine- formulação e implementação de políticas pú- cia da atitude proativa da população, pois
preventivas e mitigadoras da situação de risco”. síveis, sendo possível, com segurança, estabe- gável para a política de proteção e defesa civil. blicas, a exemplo dos órgãos colegiados, das a ela cabe papel importante nas ações preven-
lecer os nexos de causalidade para identificar Trata-se de assegurar que a população tenha conferências, audiências e consultas públicas, tivas, como forma de garantir a autodefesa e
os impactos futuros mais prováveis. acesso à informação, de forma a se conscien- entre outros. Encontra seus fundamentos, a proteção das comunidades.
tizar a respeito das ameaças e vulnerabilida- igualmente, na doutrina ambiental interna-
Por serem riscos conhecidos, geram para a Ad-
des, bem como a adotar medidas e atitudes cional (como na Declaração do Rio de Janeiro V - Princípio da coordenação
ministração o dever de atuar, de exigir do res-
necessárias para se prevenir e se preparar – Rio 92) e no direito ambiental brasileiro, ao
ponsável pela atividade a adoção de medidas
A coordenação é princípio do Direito Admi-
para fazer face a um desastre. ser considerado elemento essencial da prote-
acautelatórias que eliminem ou minimizem
nistrativo, tal como estabelecido no Decreto-
ção e preservação ambiental.
os danos.  O fato de não serem adotadas
O acesso à informação é relevante para pro- -Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que
as medidas necessárias para prevenir os
mover a mobilização da população, assim O princípio da participação social remete à dispõe sobre a organização da Administração
riscos pode trazer importantes consequ-
como para promover sua participação na to- noção de que a proteção e defesa civil é res- Federal, aplicável a todas as instâncias gover-
ências para os agentes públicos, já que po-
mada de decisões sobre a redução de riscos ponsabilidade de todos; portanto, deve en- namentais, determinando que as atividades

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da Administração Pública e a execução de pla- insuficiência de atuação de uma instância me- 1.4.2. Diretrizes da Política Nacional 2ª) Abordagem sistêmica das ações de pre- CICLO DA GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES
nos e programas sejam objeto de permanente nor. Ou seja, as atividades e as decisões não de Proteção e Defesa Civil venção, mitigação, preparação, resposta e re-
coordenação. deverão ser exercidas por um poder de nível cuperação
superior, como a União, desde que possam ser A Lei nº 12.608/12, que institui a Política Na-
A coordenação das ações é essencial para que realizadas pelos Estados ou Municípios. cional de Proteção e Defesa Civil, estabelece Por esta diretriz, nenhum dos componentes
haja a integração das ações voltadas à prote- seis diretrizes para sua implementação, a se- da Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- Recuperação

ção e defesa civil, de natureza multidiscipli- Em se tratando de competências comuns às vá- rem respeitadas pela União, Estados, Distrito vil – prevenção, mitigação, preparação, res-
Prevenção
nar, de forma a articular a atuação dos vários rias instâncias governamentais, cabe à instân- Federal e Municípios, segundo suas esferas de posta e recuperação - deve ser tratado isola-
órgãos e entidades governamentais, em todas cia mais elevada intervir para suprir, em nome atuação. Enquanto no nível federal, elas de- damente, uma vez que a gestão de riscos de
as instâncias de governo, do setor privado e da realização do interesse geral, a falta de condi- vem ser tratadas de forma doutrinária e estra- desastres é complexa e abrangente. Ações de
da sociedade. Por esse princípio as diversas ções demonstrada pela instância menor. tégica, nos níveis estadual e municipal passam mitigação ou recuperação, por exemplo, em
políticas públicas devem ser implementadas a ter cunho mais tático ou operacional. certa medida, também fazem a prevenção de
No caso da Política Nacional de Proteção e Conhecimento
de forma integrada e articulada, nos três ní- futuros desastres. A preparação e a resposta e avaliação
veis de governo, para que se assegure a abor- Defesa Civil, a responsabilidade primeira, São as seguintes as diretrizes da Política Na- andam juntas, uma vez que parte da prepa-
do risco

dagem sistêmica da política de Proteção e em relação ao atendimento aos desastres, é cional de Proteção e Defesa Civil: ração ocorre simultaneamente à resposta. Na Resposta

Defesa Civil. do Município, cabendo ao Estado e à União verdade, esses componentes criam um ciclo Mitigação
atuar complementarmente para atender às 1ª) Atuação articulada entre a União, os Es-
de gestão com fases interligadas, comple-
VI - Princípio da subsidiariedade necessidades da população. Este princípio tados, o Distrito Federal e os Municípios para
mentares e, muitas vezes, continuadas.
não se aplica quando se tratar de competên- redução de desastres e apoio às comunidades
O princípio da subsidiariedade, fundamenta- cias que sejam exclusivas de cada instância atingidas Cabe destacar que além dos cinco componen-
do na Constituição Federal, ao tratar da or- governamental. tes explicitados na Lei nº 12.608/12, é im-
ganização das competências e atribuições de Atuar de forma articulada significa estabe- Preparação
portante ter em conta o conhecimento e a
cada instância governamentais, no âmbito lecer canais de comunicação e integração de
avaliação do risco, que deve ser entendido
da Federação, significa que as instâncias su- ações entre os diferentes níveis de governo,
como premissa básica para todos esses com-
periores atuarão apenas quando se constate a com vistas a ampliar a capacidade de prevenir
ponentes da gestão de riscos.
riscos, de reduzir desastres e de dar melhor
resposta, no caso de ocorrência de desastres. Para maiores informações consultar o Manu-
Essa articulação é importante para a raciona- al Entendendo a Gestão de Riscos de Desas-
lização e otimização de recursos, bem como tres no Brasil.
para melhor avaliação dos riscos, posto que
muitas vezes o risco de desastre extrapola os
limites territoriais de Municípios ou Estados.

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3ª) Priorização das ações preventivas rela- mento e implementação de ações conjuntas Para maiores informações acessar o Manual 1.4.3. Objetivos da Política É essa integração que torna possível a pre-
cionadas à minimização de desastres. para todos os componentes da proteção e de- Entendendo a Gestão de Risco de Desastres Nacional de Proteção e Defesa Civil venção dos riscos por meio de estudos, do
fesa civil, particularmente aquelas voltadas à no Brasil. monitoramento, da integração de informa-
A Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- prevenção. A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil ções, do ordenamento do uso e ocupação do
vil atribui fundamental importância às ati- 6ª) Participação da sociedade civil. estabelece quinze objetivos, a serem alcança- solo, da conscientização da população acerca
vidades de prevenção, a serem priorizadas, 5ª) Planejamento com base em pesquisas dos mediante a atuação dos integrantes do dos riscos de desastres.
deixando de ter como único foco a ocorrência e estudos sobre áreas de risco e incidência de Uma vez que evitar os desastres é responsa-
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci-
do desastre. Em outras palavras, ainda que desastres no território nacional bilidade compartilhada do Poder Público, do Entre os objetivos, há alguns de natureza es-
vil - SINPDEC, relacionados aos cinco com-
alguns fenômenos naturais não possam ser setor privado e da sociedade, é fundamental o tratégica e outros, de cunho operacional, de
ponentes da gestão de riscos de desastres:
controlados, o ideal é que não causem danos, Como o conhecimento e avaliação dos riscos comprometimento de todos na gestão do ris- forma a permitir o planejamento e a gestão
prevenção, mitigação, preparação, resposta
ou que os danos sejam os menores possíveis. de desastres deve ser a premissa básica para co de desastres. A participação da sociedade das ações necessárias à proteção e defesa civil,
e recuperação. Some-se a esses componen-
Portanto, a política nacional dá forte ênfase o planejamento das ações da política de pro- será mais efetiva se houver conscientização nos seus diversos componentes. Enquanto os
tes o conhecimento e a avaliação de riscos de
às ações preventivas, reduzindo as causas de teção e defesa civil, é importante o desen- acerca dos riscos, ameaças e vulnerabilidades, objetivos estratégicos estão mais direciona-
desastres, que deve fundamentá-los e prece-
desastres e promovendo ações que tornem a volvimento de estudos e pesquisas que fun- bem como o comprometimento de todos com dos à formulação de políticas para a proteção
dê-los, levando em consideração as caracte-
população cada vez menos vulnerável aos de- damentem esse conhecimento e avaliação. a proteção e defesa civil. Neste sentido, a edu- e defesa civil, implicando os três níveis de go-
rísticas físicas, socioeconômicas, culturais,
sastres absolutamente inevitáveis. Informações sobre o regime pluviométrico, cação é muito relevante como forma de capa- verno, os objetivos operacionais são voltados
políticas e ambientais de cada local.
características dos cursos de água, caracterís- citar a população para o seu importante papel para a atuação local, onde podem ocorrer os
4ª) Adoção da bacia hidrográfica como ticas geomorfológicas do solo, ventos, cober- nas atividades de proteção e defesa civil. Vários desses objetivos relacionam-se a mais desastres; portanto, mais relacionados com a
unidade de análise das ações de prevenção tura vegetal, secas prolongadas, queimadas e de um componente da gestão de riscos de atuação primeira dos municípios ou, se for o
de desastres relacionados a corpos d’água incêndios, entre outros, além de dados sobre desastres. Mais ainda, muitos deles trans- caso, dos estados.
as intervenções antrópicas, usos inadequa- cendem a proteção e defesa civil, pois têm
Como boa parte dos desastres naturais está dos, ocupações irregulares do território, in- Para facilitar a visualização, os objetivos po-
relação com outras políticas públicas a ela ar-
relacionada com os cursos de água e estes se fraestrutura e obras inapropriadas, podem le- dem ser agrupados segundo sua correlação
ticuladas, compondo o leque de políticas vol-
estendem para além das divisas dos territó- var ao melhor conhecimento e à avaliação dos com os componentes da gestão de riscos de
tadas para o desenvolvimento sustentável.
rios municipais, a gestão do risco do desastre riscos de desastres. Diversas organizações desastres (Quadro 2).
não pode ficar limitada ao município. É de estudam fenômenos naturais e fatores que
fundamental importância considerar a bacia aumentam a vulnerabilidade do território,
ou as microbacias hidrográficas na análise como as universidades, centros de pesqui-
dos riscos de desastres para se ter melhor sa, ONGs ambientais, instituições públicas
compreensão dos problemas a serem trata- e privadas. Esses estudos podem subsidiar a
dos. Esta abordagem requer esforços de arti- tomada de decisões no tocante à proteção e
culação intermunicipal e entre os municípios defesa civil.
e as outras esferas de governo no planeja-

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Quadro 2. Objetivos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil Segundo os Componentes da Gestão de Risco de Desastres. 1.5 Competências da União, • Coordenar o Sistema Nacional de Proteção c) No referente à geração de conhecimento:
e Defesa Civil - SINPDEC, em articulação
Objetivos - Lei nº 12.608/12 - Art. 5º ** Prevenção Mitigação Preparação Resposta Recuperação Estados e Municípios • Promover estudos referentes às causas e
com os Estados, o Distrito Federal e os
I Reduzir os riscos de desastres - E X X X A implementação da política nacional de Municípios (inciso II); possibilidades de ocorrência de desastres
II Prestar socorro e assistência às populações atingidas por desastres – O X proteção e defesa civil cabe à União, aos Es- de qualquer origem, sua incidência, ex-
III Recuperar as áreas afetadas por desastres – O X tados, Distrito Federal e Municípios. A Lei • Apoiar os Estados, o Distrito Federal e os tensão e consequência (inciso III);
nº 12.608/12 define as atribuições de cada Municípios nas ações de prevenção, miti-
Incorporar a redução do risco de desastre e as ações de proteção e
IV defesa civil entre os elementos da gestão territorial e do planejamento X X gação, preparação, resposta e recuperação • Apoiar os Estados, o Distrito Federal e os
das políticas setoriais – E instância de governo, bem como estabelece
(parte do inciso IV); Municípios no mapeamento das áreas de
competências comuns a todas.
V Promover a continuidade das ações de proteção e defesa civil – E X X X risco, nos estudos de identificação de ame-
Estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos 1.5.1. Competência da União • Instituir o Plano Nacional de Proteção e aças, suscetibilidades, vulnerabilidades e
VI X X X
sustentáveis de urbanização - E
Defesa Civil (inciso VI); risco de desastre (parte do inciso IV);
Promover a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades A competência da União refere-se às ativida-
VII e vulnerabilidades a desastres, de modo a evitar ou reduzir sua X X X
des ligadas à formulação e implementação da b) No referente ao Sistema de Informações e • Incentivar a instalação de centros univer-
ocorrência - O
política nacional, em termos da fixação de Monitoramento: sitários de ensino e pesquisa sobre desas-
Monitorar os eventos meteorológicos, hidrológicos, geológicos,
normas e diretrizes gerais, de apoio aos Es- tres e de núcleos multidisciplinares de
VIII biológicos, nucleares, químicos e outros potencialmente causadores de X X • Instituir e manter sistema de informações
desastres – O tados e Municípios, de coordenação de ações, ensino permanente e a distância, destina-
e monitoramento de desastres (inciso V); dos à pesquisa, extensão e capacitação de
Produzir alertas antecipados sobre a possibilidade de ocorrência de com vistas ao fortalecimento do Sistema Na-
IX X
desastres naturais – O
cional de Proteção e Defesa Civil, assim como recursos humanos, com vistas no geren-
• Realizar o monitoramento meteorológico,
do sistema de informações e monitoramento, ciamento e na execução de atividades de
Estimular o ordenamento da ocupação do solo urbano e rural, tendo hidrológico e geológico das áreas de risco,
X em vista sua conservação e a proteção da vegetação nativa, dos X X
além de ações específicas, voltadas ao conhe- proteção e defesa civil (inciso XI);
recursos hídricos e da vida humana – E bem como dos riscos biológicos, nuclea-
cimento e à pesquisa sobre gestão de riscos res e químicos (inciso IX),
Combater a ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis e de risco e • Fomentar a pesquisa sobre os eventos de-
XI
promover a realocação da população residente nessas áreas – O
X X de desastres, entre outras. É o que dispõe o
flagradores de desastres (inciso XII);
artigo 6º da Lei nº 12.608/12. • Produzir alertas sobre a possibilidade de
Estimular iniciativas que resultem na destinação de moradia em local ocorrência de desastres, em articulação
XII X • Apoiar a comunidade docente no desenvol-
seguro – E
Art. 6º. Compete à União: com os Estados, o Distrito Federal e os
XIII Desenvolver consciência nacional acerca dos riscos de desastre – E X X
vimento de material didático­pedagógico
Municípios (inciso IX). relacionado ao desenvolvimento da cultu-
Orientar as comunidades a adotar comportamentos adequados
a) No referente à Política e ao Sistema Nacio-
XIV de prevenção e de resposta em situação de desastre e promover a X X X nal de Proteção e Defesa Civil: ra de prevenção de desastres (inciso XIII);
autoproteção – E

Integrar informações em sistema capaz de subsidiar os órgãos do • Expedir normas para implementação e
XV SINPDEC na previsão e no controle dos efeitos negativos de eventos X X X
adversos sobre a população, os bens e serviços e o meio ambiente – O execução da Política Nacional de Proteção
Fonte: Elaboração com base na Lei n° 12.608/12. e Defesa Civil – PNPDEC (inciso I);
** E = Estratégico O = Operacional

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d) Demais competências: Art. 9o Compete à União, aos Estados e aos No que se refere à União, com vistas a apoiar 1.6. Instrumentos da Política O Plano de Contingência, o Plano de Implan-
Municípios: as atividades produtivas atingidas por desas- tação de Obras e Serviços, assim como os Pla-
• Instituir e manter cadastro nacional de mu- Nacional de Proteção
tres, é autorizada a abertura de linha de crédi- nos de Resposta e de Recuperação, incluem-se
nicípios com áreas suscetíveis à ocorrência  I - Desenvolver cultura nacional de prevenção
to, em agências financeiras de fomento, des- e Defesa Civil em uma subcategoria dos instrumentos de
de deslizamentos de grande impacto, inun- de desastres, destinada ao desenvolvimento
tinada ao capital de giro e a investimentos de Para a implementação da política nacional planejamento, como instrumentos de imple-
dações bruscas ou processos geológicos ou da consciência nacional acerca dos riscos de
empresas, de empresários individuais, bem de proteção e defesa civil, a Lei 12.608/12 mentação, ou operacionais. Apesar de serem
hidrológicos correlatos (inciso VI); desastre no País;
como de pessoas físicas ou jurídicas instala- estabelece um Sistema Nacional de Proteção denominados planos, têm distinta natureza
das em municípios que tiverem a situação de e Defesa Civil e instrumentos de distinta na- dos demais, já que são voltados à preparação
• Instituir e manter sistema para declaração  II - Estimular comportamentos de prevenção
emergência ou o estado de calamidade públi- tureza (Quadro 3), inter-relacionados e con- para a resposta, implementação de ações re-
e reconhecimento de situação de emer- capazes de evitar ou minimizar a ocorrência
ca reconhecido pelo governo federal. É o que vergentes, de forma a garantir um processo lativas a obras de engenharia e demais obras
gência ou de estado de calamidade públi- de desastres;
dispõe o artigo 15 da Lei nº 12.608/12. permanente de gestão de riscos de desastres. e serviços destinados a prevenir desastres ou
ca (inciso VII);
 III - Estimular a reorganização do setor pro- reconstruir infraestrutura e edificações atin-
• Estabelecer critérios e condições para a de- dutivo e a reestruturação econômica das áreas Os instrumentos de planejamento e gestão gidas por desastres.
claração e o reconhecimento de situações atingidas por desastres; são os utilizados para implementar os objeti-
vos, diretrizes e ações da Política Nacional de Na categoria Instrumentos Financeiros são
de emergência e estado de calamidade pú-
 IV - Estabelecer medidas preventivas de se- Proteção e Defesa Civil, no âmbito da União, tratados os recursos, de distintas fontes, que
blica (inciso X).
gurança contra desastres em escolas e hospi- dos Estados, Distrito Federal e dos municí- deverão ser alocados pela União, Estados e
1.5.2. Competências Comuns tais situados em áreas de risco; pios. Enquadram-se nessa categoria os pla- Municípios. No caso dos recursos da União,

nos elaborados no âmbito nacional, regional, há mecanismos estabelecidos na legislação


O artigo 9º da Lei nº 12.608/12 estabelece  V - Oferecer capacitação de recursos huma- sobre os procedimentos de transferência aos
estadual, em microrregiões ou associações de
seis competências comuns à União, aos Esta- nos para as ações de proteção e defesa civil; e Estados e Municípios (Ver capítulo: 1.6.3.
municípios, e o sistema de informações e mo-
dos e aos Municípios, com ênfase ao fortale- Instrumentos Financeiros).
VI - Fornecer dados e informações para o nitoramento de desastres.
cimento de uma cultura de prevenção, assim
sistema nacional de informações e monitora-
como à adoção de medidas específicas de se-
mento de desastres.
gurança em áreas de risco. Pelo fato de serem
competências comuns, cabe a cada instância
governamental adotar as ações necessárias,
no âmbito de suas atribuições.

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Quadro 3. Instrumentos da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil Além dos instrumentos específicos da políti- Os resultados só serão alcançados se for es- É importante destacar que as transformações
ca nacional de proteção e defesa civil, instru- tabelecido um processo de planejamento pretendidas pelo processo de planejamento
Instrumentos da política nacional de proteção e Defesa Civil mentos de outras políticas públicas contri- e gestão. A simples elaboração dos planos e gestão dos riscos de desastres ocorrem em
Nível de governo buem para o alcance dos seus objetivos, tais não garante as mudanças pretendidas. São um território determinado, seja ele um mu-
Natureza Instrumento como o Plano Diretor Municipal, os planos necessários o detalhamento dos planos em nicípio, uma região, um estado ou um país.
Federal Estadual Municipal
setoriais de habitação de interesse social, de programas e projetos, a sua execução, o mo- Assim, a redução dos riscos de desastres deve,
Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil X saneamento básico, de gestão de resíduos só- nitoramento para eventuais ajustes duran- forçosamente, ser considerada em todos os
Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil X
lidos, de bacias hidrográficas, entre outros. te o processo e a avaliação dos resultados e planos e programas setoriais, das diferentes
Instrumentos de Plano Municipal X X
Planejamento e Gestão impactos causados, que retroalimentarão o esferas de governo, e nas iniciativas promovi-
Sistema de Informações e Monitoramento de Desastres X X X
1.6.1. Instrumentos de processo para o replanejamento, de forma das pelos setores privado e comunitário inci-
Cadastro Nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande
impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos
X X X Planejamento e Gestão continuada. dentes sobre esse território (Figura 2).
Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil X X X
Instrumentos de Plano de Resposta X X O planejamento e gestão devem ser entendi-
Implementação
(Operacionais) Plano de Implantação de Obras e Serviços X X X dos como um processo de transformação da Figura 2. Esferas de planejamento sobre o mesmo território municipal
Plano de Recuperação X X realidade que, no caso da política nacional de
Recursos Orçamentários da União, Estados e Municípios X X X
Instrumentos proteção e defesa civil, corresponde à elabo- ESFERAS DE PLANEJAMENTO
Fundos de Proteção e Defesa Civil da União, dos Estados e dos Municípios X X X SOBRE O (MESMO) TERRITÓRIO MUNICIAL
Financeiros
ração, implementação, monitoramento e ava-
Transferência de recursos da União X
liação dos resultados e impactos de planos,
Fonte: SEDEC/MI
programas e projetos, em todo o território Planes/programas
nacionales
nacional, nos três níveis de governo.

Planes/ Planes/
programas Municipio programas
regionales estaduales

Planeación Municipal

Fonte: SEDEC/MI

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Dessa forma, a política nacional de proteção e dãos que hoje habitam áreas de risco; ademais, Plano Nacional do-as segundo as diversidades observadas
defesa civil é implementada por meio de pla- visam fortalecer as medidas de prevenção, nas distintas porções do território nacional
nos, programas e projetos, com a necessária sem descuidar dos procedimentos necessários O Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, e as diferentes realidades observadas à época
destinação de recursos orçamentários ou de de resposta, de socorro e de recuperação. segundo o art. 6o, § 1o da Lei no 12.608/12, de sua elaboração ou atualização.
outras fontes de financiamento. conterá, no mínimo, as diretrizes de ação go-
Enquanto, no nível nacional, o planejamento vernamental de proteção e defesa civil, no Os prazos para a elaboração e a revisão do
A atual política nacional de gestão de riscos tem um caráter predominantemente estraté- âmbito nacional e regional, além da identifi- Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil se-
de desastres está expressa no Plano Nacional gico, de detalhamento e implementação das cação dos riscos de desastres nas regiões geo- rão regulamentados em decreto.
de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres diretrizes da política nacional e articulação gráficas e nas grandes bacias hidrográficas do
Naturais - PNGRD3, lançado em 2012, no com as demais políticas públicas, no plano A implementação do Plano Nacional de Ges-
País. Deverá conter, ainda, diretrizes e deter-
Programa 2040 - Gestão de Riscos e Respos- estadual ele ganha uma feição tático-opera- tão de Riscos de Desastres está contemplada
minações relativas à rede de monitoramento
ta a Desastres, que integra o Programa Mais cional, porquanto traz para a escala estadu- no PPA 2016-2019, por meio do Programa
meteorológico, hidrológico e geológico e dos
Brasil (Plano Plurianual 2012-2015) e no al as orientações da política nacional, apoia “Gestão de Riscos de Desastres”, com os obje-
riscos biológicos e tecnológicos, incluindo os
Programa 2040 – Gestão de Riscos e de De- municípios e articula ações intermunicipais tivos de “Aprimorar a coordenação e a gestão
nucleares, além das relativas à produção de
sastres, que integra o Plano Plurianual 2016- de proteção e defesa civil. Já no nível munici- das ações de preparação, prevenção, mitiga-
alertas antecipados das regiões com risco de
2019. Todos envolvem diversos ministérios. pal, o planejamento passa a ser predominan- ção, resposta e recuperação para a proteção
desastres.
temente operacional, mesmo tendo em mira e defesa civil por meio do fortalecimento do
O Plano Nacional de Gestão de Riscos de De- os cinco componentes da gestão de riscos de O Plano Nacional, portanto, refere-se a uma Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil –
sastres prevê investimentos federais em ações desastres. escala territorial ampla, em nível nacional, SINDPEC, inclusive pela articulação federati-
de prevenção, mapeamento de áreas de risco, de macro ou mesorregião, ou de abrangência va e internacional” e “Promover ações de res-
monitoramento, alerta e resposta a desastres. interestadual, levando em consideração as di- posta para atendimento à população afetada
Trata-se de ações, no âmbito legislativo e ad- ferenças regionais, significativas no País, uma e recuperar cenários atingidos por desastres,
ministrativo, que objetivam salvar vidas e pro- vez que os riscos de desastres não são homo- especialmente por meio de recursos financei-
teger a integridade e a propriedade dos cida- gêneos em todo o território nacional. ros, materiais e logísticos, complementares à
ação dos Estados e Municípios”.
Em função da sua abrangência e, principal-
mente, das grandes diferenças regionais, nos O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento
aspectos climáticos, nos regimes pluviomé- previsto no art. 165 da Constituição Federal,
tricos, nos graus de vulnerabilidade, em suas de programação orçamentária, de forma que
diferentes matizes e, consequentemente, nas o governo organize sua atuação, do ponto de
ameaças, o Plano Nacional deverá orientar as vista financeiro, com vistas à implementação
ações do Governo Federal nos cinco compo- das políticas públicas, destinando recursos
nentes da proteção e defesa civil, distinguin- para o período de quatro anos.
3
Disponível em: http://www.pac.gov.br/pub/up/relatorio/d0d2a5b6f24df2fea75e7f5401c70e0d.pdf

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Quadro 4- Objetivos do Programa 2040 - PPA 2012-2015 e PPA 2016-2019
Plano Plurianual (PPA) 2016-2019

O PPA 2016-2019 tem 28 diretrizes estratégicas, que orientaram a concepção e a implementação No PPA 2012-2015 PPA 2016-2019
da dimensão tática do Plano, representada por 54 Programas Temáticos, organizados nas mesmas
Expandir o mapeamento das áreas de risco com foco em municípios
quatro áreas de políticas como o PPA anterior. O Programa 2040, já existente no PPA 2012-2015, 0587 recorrentemente afetados por inundações, erosões marítimas e fluviais,
enxurradas e deslizamentos, para orientar as ações de defesa civil.
passa a ser intitulado Gestão de Riscos e de Desastres

Uma das diretrizes estratégicas do PPA 2016-2019 trata das questões de proteção e defesa civil:
Expandir e difundir o mapeamento geológico-geotécnico com foco nos
Identificar riscos de desastres naturais por meio da elaboração de mapeamentos em
‘Ampliação das capacidades de prevenção, gestão de riscos e resposta a desastres e de mitigação 0602 municípios recorrentemente afetados por inundações, enxurradas e
municípios críticos
deslizamentos, para orientar a ocupação do solo
e adaptação às mudanças climáticas’. Esta diretriz estratégica orienta os seguintes programas
temáticos:
Promover a prevenção de desastres com foco em municípios mais
• 2040 - Gestão de Riscos e de Desastres; 
 suscetíveis a inundações, enxurradas, deslizamentos e seca, por meio
Apoiar a redução do risco de desastres naturais em municípios críticos a partir de
0169 de instrumentos de planejamento urbano e ambiental, monitoramento
planejamento e de execução de obras
• 2084 - Recursos Hídricos; 
 da ocupação urbana e implantação de intervenções estruturais e
emergenciais.
• 2021 - Ciência, Tecnologia e Inovação; 


• 2062 - Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes; e 
 Aumentar a capacidade de emitir alertas de desastres naturais por meio do aprimoramento
Promover a estruturação do sistema de suporte a decisões e alerta de
0173 da rede de monitoramento, com atuação integrada entre os órgãos federais, estaduais e
desastres naturais.
municipais.
• 2063 - Promoção e Defesa dos Direitos de Pessoas com Deficiência.


Para cada programa temático há objetivos, metas e ações a serem realizadas. Observa-se que, Induzir a atuação em rede dos órgãos integrantes do Sistema Nacional
Aprimorar a coordenação e a gestão das ações de preparação, prevenção, mitigação,
resposta e recuperação para a proteção e defesa civil por meio do fortalecimento do Sistema
como no PPA anterior, esses programas não contemplam desastres biológicos e tecnológicos. 0172 de Defesa Civil, em apoio às ações de defesa civil, em âmbito nacional e
Nacional de Proteção e Defesa Civil, inclusive pela articulação federativa e internacional.
internacional, visando a prevenção de desastres.
A evolução do PPA 2012-2015 para o PPA 2016-2019 pode ser verificada no Quadro 4.

Promover ações de resposta para atendimento à população afetada e recuperar cenários


Promover ações de pronta resposta e reconstrução de forma a
atingidos por desastres, especialmente por meio de recursos financeiros, materiais e
0174 restabelecer a ordem pública e a segurança da população em situações
logísticos, complementares à ação dos Estados e Municípios.
de desastre em âmbito nacional e internacional.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Plano Estadual Ainda que se reconheça a predominância dos Plano Municipal Apesar de não ser exigido pela Lei federal no
desastres de causa hidro-meteorológica-geo- 12.608/12, alguns estados preveem, em lei
O Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil lógica, razão pela qual devem ser necessaria- A Lei no 12.608/12 não institui um Plano estadual, a elaboração do Plano Municipal de
tem seu conteúdo mínimo definido na Lei no mente considerados nos planos estaduais, há Municipal de Proteção e Defesa Civil, mas Proteção e Defesa Civil, a exemplo do Paraná.
12.608/12: outros tipos de desastres que não podem ser estabelece, no inciso III do Art. 8o, que o mu- Independentemente de norma legal, alguns
desconsiderados. É preciso que sejam con- nicípio deve “incorporar as ações de proteção municípios têm elaborado o Plano Municipal.
Art. 7o  Compete aos Estados: e defesa civil no planejamento municipal”. O
templados todos os tipos de riscos de desas-
tres possíveis no âmbito de cada estado, bem mesmo Art. 8o, nos seus incisos XI e XIV, de- Como os desastres ocorrem sempre no territó-
Parágrafo único.  O Plano Estadual de Prote-
como a sua espacialização, pois os riscos não fine outras competências para o município, rio municipal, seja de um ou mais municípios,
ção e Defesa Civil conterá, no mínimo:
obrigatoriamente distribuem-se uniforme- relacionadas ao planejamento e gestão: é importante que cada município tenha o seu
I - a identificação das bacias hidrográficas mente pelo território. plano local de proteção e defesa civil, articu-
Art. 8o  Compete aos Municípios lado com os demais instrumentos de planeja-
com risco de ocorrência de desastres; e
Em função disso, os Planos Estaduais de Pro- mento municipal. O plano local possibilitará
XI - realizar regularmente exercícios simula-
  II - as diretrizes de ação governamental de teção e Defesa Civil devem considerar todo ao município atuar de forma mais efetiva e efi-
dos, conforme Plano de Contingência de Pro-
proteção e defesa civil no âmbito estadual, em o território do Estado, eventuais diferenças caz na gestão dos riscos de desastres, de forma
teção e Defesa Civil;
especial no que se refere à implantação da rede de natureza ou grau dos riscos em distintas autônoma ou articulada com outros municí-
de monitoramento meteorológico, hidrológico porções do território, bem como as possíveis XIV - manter a União e o Estado informados pios e com as demais esferas de governo.
e geológico das bacias com risco de desastre. escalas de regionalização que favoreçam a de- sobre a ocorrência de desastres e as atividades
senvolvimento das atividades, a integração Sistema de Informações e Monitoramen-
de proteção civil no Município.
entre as diferentes ações e a articulação com to de Desastres

as demais políticas públicas e entre as dife- A determinação do inciso III deixa claro que
Para o processo de planejamento e gestão da
rentes regiões. o processo de planejamento municipal deverá
proteção e defesa civil ter sucesso, é indis-
incorporar as questões de proteção e defesa
pensável um bom sistema de informações
civil nos seus instrumentos, planos, progra-
que forneça dados concretos, confiáveis e
mas e projetos, sempre com ênfase na pre-
atualizados sobre as áreas suscetíveis a de-
venção dos desastres. Em outras palavras, a
sastres, a natureza dos riscos existentes, as
redução dos riscos de desastres deve ser uma
probabilidades de ocorrência do desastre, sua
matéria transversal a todo o processo de pla-
abrangência e possíveis impactos, as popula-
nejamento municipal.
ções a serem porventura afetadas, os danos
ambientais, entre outros.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Todos esses dados devem ser projetados sobre Informações e Monitoramento de Desastres, 1.6.2. Instrumentos de Implantação de Obras e Serviços permite ao 1.6.3. Instrumentos Financeiros à prevenção de riscos de desastres. A partir
bases cartográficas adequadas, tais como car- tendo sido disciplinado pela Portaria nº 526, Implementação município programar as obras de infraestru- do PPA 2012-2015, os recursos destinados à
tas geotécnicas ou mapas de vulnerabilidade. disponível no sítio oficial do Ministério da In- tura e serviços urbanos necessários à pre- Os recursos financeiros destinados à proteção prevenção são implementados por outros ór-
tegração Nacional. Os instrumentos de implementação incluem venção dos riscos de desastres, a exemplo de e defesa civil provêm de recursos orçamen- gãos setoriais.
Entre as competências da União, está a de os planos de natureza operacional, ou seja, os obras de drenagem, contenção de encostas, tários da União, Estados, Distrito Federal e
“instituir e manter sistema de informações Para maiores informações consulte o Manual voltados à execução de ações, como os Planos desassoreamento de cursos de água, cons- municípios, de Fundos Nacional, Estaduais e Com a evolução trazida pela Lei Federal nº
e monitoramento de desastres” (artigo 6º, V Entendendo a Gestão de Riscos de Desastres de Contingência de Proteção e Defesa Civil, trução de cisternas, entre outros. Já o Plano Municipais de Proteção e Defesa Civil. 12.608, de 2012, priorizando as ações de
da Lei nº 12.608/12). Nesse sentido, o artigo ou https://s2id.mi.gov.br/. os Planos de Resposta, de Implantação de de Recuperação é voltado à programação de prevenção como diretriz da política nacional,
13 da Lei nº 12.608/12 autoriza a “criação de Obras e Serviços e os de Recuperação. As condições e procedimentos para a trans- amplia-se a possibilidade de transferência de
obras de reconstrução e reabilitação de áreas
sistema de informações de monitoramento • Cadastro Nacional de Municípios com ferência de recursos da União para Estados, recursos da União para os Estados e Muni-
afetadas por desastres.
de desastres, em ambiente informatizado, áreas suscetíveis à ocorrência de desliza- Plano de Contingência de Proteção Distrito Federal e Municípios constam das cípios que adotem medidas de prevenção de
que atuará por meio de base de dados com- mentos de grande impacto, inundações e Defesa Civil Além de possibilitarem o atendimento às áre- Leis nº 12.608, de 2012, e especificamente riscos de desastres. É o que dispõe a nova
partilhada entre os integrantes do SINPDEC bruscas ou processos geológicos ou hidro- as afetadas e a programação de obras e servi- da Lei nº 12.340, de 2010, com nova redação ementa da Lei Federal nº 12.340, com a re-
lógicos correlatos. O Plano de Contingência de Proteção e Defe- dada pela Lei nº 12.983, de 2014.
visando ao oferecimento de informações atu- ços no município, estes planos são conside- dação dada pela Lei nº 12.983/14: “ dispõe
sa Civil, de acordo com a definição do Anexo
alizadas para prevenção, mitigação, alerta, rados essenciais para a obtenção de recursos sobre as transferências de recursos da União
O Cadastro Nacional de municípios com áreas VI da Instrução Normativa nº 02, de 20 de de- Até 2012, anteriormente à Lei nº 12.608/12,
resposta e recuperação em situações de de- junto ao governo federal. aos órgãos e entidades dos Estados, do Dis-
suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de zembro de 2016, é o documento que registra cabia à SEDEC a responsabilidade de transfe-
sastre em todo o território nacional”. trito Federal e dos Municípios são para a
grande impacto, inundações bruscas ou pro- o planejamento elaborado a partir da percep- O Ministério das Cidades instituiu o Plano rir recursos da União para os Estados e Mu-

O Sistema de Informações e Monitoramen- cessos geológicos ou hidrológicos correlatos ção do risco de determinado tipo de desastre Municipal de Redução de Riscos - PMRR, nicípios que apresentassem projetos visando

to de Desastres, portanto, tem uma ampla foi criado para identificar os municípios onde e estabelece os procedimentos e responsabili- no âmbito do Programa de Urbanização, Re-
abrangência, compreendendo vários subsis- reconhecidamente ocorrem esses fenômenos dades. Visa, portanto, a preparar o município gularização e Integração de Assentamentos
temas operativos, adotados pelos diferentes e possibilitar a adoção de medidas voltadas para promover uma eficiente gestão de riscos Precários. Este Plano foi concebido como um “execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e recuperação
à redução dos riscos de desastres. De acordo de desastres. De natureza operativa, deve ser em áreas atingidas por desastres”.
órgãos que atuam, de forma coordenada, no instrumento de planejamento, para o diag-
âmbito do SINPDEC, preferencialmente em com a legislação que o instituiu, a inscrição submetido à avaliação e à prestação de con- nóstico do risco e a proposição de medidas,
meio digital. no referido Cadastro deve ser de iniciativa tas anual, por meio de audiência pública, com estruturais e não estruturais, para a sua re-
do município, ou por indicação dos Estados, ampla divulgação. dução, com estimativa de custos e critérios
O Sistema Integrado de Informações sobre segundo critérios a serem estabelecidos em para priorização das medidas. O PMRR, na
Desastres - S2ID – tem por objetivo promo- regulamento Plano de Resposta, de Implantação de
prática, tem tido a mesma função do Plano
ver a integração dos dados e informações Obras e Serviços, e de Recuperação
de Implantação de Obras e Serviços.
gerenciais de múltiplas fontes e sistemas, vi- Maiores informações no Capítulo: 4.2.1.
Exigências para os Municípios Integrantes do O Plano de Resposta cuida das atividades
sando à pronta resposta, à redução de riscos
Cadastro Nacional, deste Manual. necessárias ao atendimento imediato da po-
atuais e à prevenção de novos riscos. O S2ID,
pulação afetada por desastres. O Plano de
portanto, é parte integrante do Sistema de

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Cada um dos componentes da gestão de ris- É assegurada a ampla divulgação, em meio tária e financeira para os repasses, assim A obtenção de recursos federais para a pre- as de socorro, de assistência às vítimas e de Reconstrução
cos de desastres – prevenção, mitigação, pre- digital, por meio de portal4 na Internet, a ser como o cumprimento de regras estabelecidas venção exige a elaboração de Planos de Tra- restabelecimento dos serviços essenciais.
paração, resposta e recuperação - implica uma disponibilizado pelos gestores beneficiários na legislação pertinente. balho, observados os procedimentos de pres- As transferências de recursos voltadas à exe-

série de ações, que exigem recursos financei- dos recursos, em cada instância governamen- tação de contas, de fiscalização, entre outros. Como se trata de situações de emergência, cução de ações de reconstrução estão su-

ros, em maior ou menor grau. Esses recursos tal, das ações que impliquem obras ou empre- Prevenção que exigem uma rápida intervenção, foi cria- jeitas à exigência de apresentação prévia de

poderão ser fornecidos por fontes financeiras endimentos custeados com recursos federais, Resposta do um mecanismo ágil de atendimento às ne- Plano de Trabalho, pelo ente beneficiário, no
As medidas de prevenção envolvem va-
federais, estaduais e municipais. De acordo com especial atenção às metas estabelecidas, cessidades da população, ou seja, o Cartão de prazo e na forma regulamentar.
riadas ações, de distinta natureza, ligadas à As ações de resposta compreendem, entre Pagamento da Defesa Civil – CPDC, vincula-
com o princípio da subsidiariedade, cabe ao aos valores envolvidos, às empresas contrata-
redução dos riscos de desastres. Seu planeja- outras, as de socorro, de assistência às vítimas Cabe à União estabelecer as diretrizes, bem
município atender, em primeira instância, das e ao estágio de execução. do à conta específica do ente beneficiário. Por
mento e execução são de “responsabilidade de e ao restabelecimento de serviços essenciais. como aprovar os Planos de Trabalho, também
às necessidades decorrentes de eventos ad- meio do Cartão será feito o pagamento das
Pelo fato de serem mais complexas e exigirem todos os órgãos integrantes do Sistema Nacional aplicáveis no caso das ações de prevenção. Os
versos, cabendo ao Poder Executivo Federal despesas realizadas, com os recursos trans-
de Proteção e Defesa Civil, assim como dos de- Como regra geral, para que se solicite o apoio
ação imediata ou a curto prazo, as ações mais feridos pelo Ministério da Integração Nacio- repasses de recursos serão realizados de acor-
apoiar, de forma complementar, os Estados financeiro do governo federal, após a ocor-
onerosas são as de resposta e as de recupera- mais órgãos da Administração Pública federal, do com o previsto nos referidos Planos, que
e os Municípios. (Decreto nº 7257, de 04 de nal. Assim, o Cartão é um instrumento de
estadual e municipal que, setorialmente, execu- rência de um desastre, é essencial haver o re-
ção. São as que, invariavelmente, necessitam pagamento, emitido em nome do órgão ou conterão, entre outros elementos, as metas
agosto de 2010, artigo 1º). conhecimento da situação de emergência
intervenção e apoio financeiro dos Estados e tem ações nas áreas de saneamento, transpor- físicas. O cumprimento do Plano de Trabalho
da entidade do Estado ou do Município be-
te, habitação, e outras áreas de infraestrutura” ou do estado de calamidade pública.
Independentemente da destinação, a transfe- da União. neficiário, a ser utilizado exclusivamente será fiscalizado pela União.

rência de recursos da União para os Estados, (artigo 12 do Decreto Federal nº 7.257, de 4


Todavia, quando se tratar, exclusivamente de pelo portador nele identificado.
Recursos financeiros para a prevenção, de agosto de 2010). Os Estados e Municípios, no processo de
Distrito Federal e Municípios deverá observar socorro e assistência às vítimas, o governo fe-
resposta e recuperação Na utilização dos recursos transferidos pela solicitação de recursos para as ações de re-
regras e procedimentos de acompanhamento deral poderá, mediante solicitação motivada
Os recursos destinados às ações de preven- cuperação, bem como de prevenção, deverão
e fiscalização por parte do órgão responsável União, são vedados:     
As transferências de recursos para as ações de ção de riscos de desastres estão no âmbito de e comprovada, por parte do ente beneficiário,
demonstrar a necessidade dos recursos solici-
pelas transferências e pelos órgãos de contro- prestar apoio prévio ao reconhecimento fede-
prevenção em áreas de risco de desastres atuação de vários órgãos e entidades federais, I. A aceitação de qualquer acréscimo no valor tados, a constar do Plano de Trabalho. Tam-
le, aos quais os gestores beneficiários deverão ral de situação de emergência ou de estado de
e de resposta e recuperação em áreas atin- como o Ministério das Cidades, Ministério da despesa decorrente da utilização do Car- bém deverão ser apresentadas as estimativas
apresentar relatórios comprovando as despe- calamidade pública. De toda forma, o ente be-
gidas por desastres são consideradas obriga- das Minas e Energia (CPRM) ou da Ciência tão de Proteção e Defesa Civil; dos custos necessários à execução das ações
sas em prol do interesse público, de acordo neficiário fica responsável pela apresentação
tórias (Lei federal nº 12.340, de 2010, com e Tecnologia, por exemplo, no que se refere à previstas, que servirão de base para a defini-
com prazos e condições estabelecidas em re- da documentação e das informações exigidas II. A utilização do Cartão no exterior;      
redação dada pela Lei nº 12.983, de 2014 e identificação, mapeamento e monitoramento ção do montante a ser transferido pela União.
gulamento. O não cumprimentos dessas exi- para o reconhecimento de situação de emer-
pela Lei nº 12608, de 2012). Todavia, a trans- de riscos, ameaças e vulnerabilidades locais.
gências implica sanções aos gestores, como gência ou de estado de calamidade pública. III. A cobrança de taxas de adesão, manuten- Os Estados poderão apoiar a elaboração de
ferência e o valor dos recursos dependerão de A transferência de recursos, nesses casos,
devolução dos recursos repassados e demais ção, anuidades ou quaisquer outras despesas Termos de Referência, de Planos de Trabalho
condicionantes, cabendo aos órgãos respon- observará outros procedimentos, como a
penalidades cabíveis. Com base nas informações obtidas e consi- decorrentes da obtenção ou do uso do CPDC;       e de projetos, assim como a cotação de pre-
sáveis avaliar a disponibilidade orçamen- celebração de convênios.
derando a disponibilidade orçamentária e fi-
ços, a fiscalização, acompanhamento e pres-
nanceira, o Ministério da Integração Nacional IV. A realização de saque em dinheiro por
tação de contas de municípios com população
definirá o montante de recursos a ser transfe- meio do CPDC.     
4
Em nível federal, o Portal da Transparência, mantido pelo Ministério da Fiscalização, Transparência e Controle (antiga Controladoria Geral da União), divulga todos os recursos repassados inferior a 50.000 habitantes.
pela União aos Estados e Municípios. rido para a execução das ações de resposta –

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Fundos de Proteção e Defesa Civil O FUNCAP tem natureza contábil e financei- A transferência de recursos entre o FUNCAP 1.7. A Situação de Emergência e A definição de situação de emergência e de es- O que distingue a situação de emergência do
ra e é vinculado ao Ministério da Integração e os fundos estaduais e municipais dar-se-á, tado de calamidade pública consta da Instru- estado de calamidade pública são, de um lado,
O Fundo Nacional para Calamidades Públi- o Estado de Calamidade Pública
Nacional. Seus recursos provêm de dotações no caso de ações de recuperação, após o reco- ção Normativa nº 02, de 20 de dezembro de a intensidade, a gravidade e os danos e preju-
cas - FUNCAP, instituído em 1969, tinha o orçamentárias anuais, de créditos suplemen- A caracterização da situação de emergência e 2016, do Ministério da Integração Nacional, ízos que o desastre provoca e, de outro, a ca-
nhecimento federal da situação de emergên-
objetivo de apoiar financeiramente as ações tares, de doações e recursos de outras fontes. do estado de calamidade pública é fundamen- Anexo VI, itens VIII e IX, e do Decreto federal pacidade de resposta de Estados e Municípios
cia ou de calamidade pública, e, no caso de
de resposta, como as de socorro, assistência à tal para a política de proteção e defesa civil, nº 7.257, de 04 de agosto de 2010, artigo 2º, para atender às necessidades da população.
prevenção, após a identificação da ação como
população e a reabilitação de áreas atingidas pois traz importantes consequências, em re- incisos III e IV:
necessária para prevenir desastres.
por desastres. lação às ações a serem adotadas para atender Dano é o resultado de perdas humanas,
Ao estabelecer a possibilidade de haver trans- Os procedimentos a serem utilizados nos re- • Situação de emergência é a situação materiais ou ambientais infligidas às
às necessidades da população atingida por
Atualmente, sob a denominação de Fundo ferência de recursos entre Fundos, a legisla- anormal, provocada por desastres, cau- pessoas, comunidades, instituições,
passes de recursos por meio dos FUNCAP se- desastres, e aos aspectos administrativo e fi-
Nacional para Calamidades Públicas, Prote- ção indica que esta deve ser uma orientação instalações e aos ecossistemas, como
rão estabelecidos em regulamentação, o que nanceiro, pois abre caminho para a adoção de sando danos e prejuízos que impliquem
ção e Defesa Civil – FUNCAP, não contempla a ser seguida pelos Estados e Municípios, ou consequência de um desastre.
ainda não ocorreu. uma série de medidas, a seguir apresentadas. o comprometimento parcial da capa-
mais as ações de resposta, que passaram a ser seja, que instituam Fundos destinados às cidade de resposta do Poder Público do Prejuízo é a medida da perda relacionada
apoiadas por meio de outro procedimento, ações de proteção e defesa civil. Os Fundos A informação é essencial para o controle e com o valor econômico, social e patrimonial
A Lei nº 12608/2012 dispõe: ente federativo atingido;
o do depósito em conta específica. Acompa- estaduais e municipais, à semelhança do Fun- a participação social. Nesse sentido, a legis- de um determinado bem, em circunstâncias
de desastre.
nhando a evolução da Política Nacional de do Nacional, deverão ter como objeto precí- lação de proteção e defesa civil exige que os Art. 6o  Compete à União: • Estado de calamidade pública é a situ-
Proteção e Defesa Civil, que prioriza as ações puo a execução de ações de prevenção de entes beneficiados por recursos deverão “dar ação anormal, provocada por desastres, Perda é a privação ao acesso de algo que
…….. possuía ou a serviços essenciais.
de prevenção e de mitigação, o Fundo Nacio- riscos de desastres e as de recuperação de ampla divulgação, inclusive por meio de portal causando danos e prejuízos que impli-
Fonte: Instrução Normativa nº 02, de 2016, Anexo VI
nal, segundo o disposto na Lei nº 12.983, de áreas atingidas por desastres. na Internet, às ações inerentes às obras ou em- quem o comprometimento substancial
VII - Instituir e manter sistema para declara-
2014, passou a custear, no todo ou em parte: preendimentos custeados por recursos federais, da capacidade de resposta do Poder Pú-
ção e reconhecimento de situação de emergên-
Os recursos serão transferidos diretamente destacando-se o detalhamento das metas, valo- blico do ente federativo atingido.
cia ou de estado de calamidade pública;
• Ações de prevenção em áreas de risco de para os Fundos Estaduais e Municipais, sen- res envolvidos, empresas contratadas e estágio
desastre do dispensada qualquer outra formalidade, de execução”. (§ 9º do artigo 1-A da Lei nº X - Estabelecer critérios e condições para a
como a celebração de convênio ou outro ins- 12.340/10 e suas alterações). declaração e o reconhecimento de situações de
• Ações de recuperação de áreas atingidas trumento jurídico.
emergência e estado de calamidade pública.
por desastres

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Ocorrido o desastre, que poderá causar maio- Desastres de nível I são aqueles em que há Desastres de nível III são aqueles em que 1.7.1. Os Efeitos da Declaração de dade de auxílio federal e a especificação dos específicas da legislação trabalhista, previ-
res ou menores danos e prejuízos, há que se somente danos humanos consideráveis e que os danos e prejuízos não são superáveis e su- Situação de Emergência ou de Esta- benefícios federais solicitados. Os procedi- denciária, tributária, de desapropriação, de
verificar a capacidade de atendimento das a situação de normalidade pode ser restabele- portáveis pelos governos locais e o restabele- do de Calamidade Pública mentos a serem seguidos para a solicitação licitações, entre outras.
necessidades da população, ou seja, a capaci- cida com recursos mobilizados em nível local cimento da situação de normalidade depen- de reconhecimento constam da Instrução
dade de resposta, por parte do Poder Público. ou complementados com o aporte de recur- de da mobilização e da ação coordenada das A declaração situação de emergência ou de Os procedimentos de transferência de recur-
Normativa nº 02, de 2016.
Esse é o critério para se determinar a existên- sos estaduais e federais. três esferas de atuação do Sistema Nacional calamidade pública cabe aos Prefeitos ou aos sos da União para os Estados, Distrito Fede-

cia de uma situação de emergência ou do es- de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) e, em Governadores estaduais e do Distrito Federal, Os procedimentos a serem realizados devem ral e Municípios, necessários para fazer face

tado de calamidade pública. Desastres de nível II são aqueles em que alguns casos, de ajuda internacional. por meio de decreto devidamente fundamen- ser realizados por intermédio do Sistema Inte- aos desastres, assim como às atividades de
os danos e prejuízos são suportáveis e supe- grado do Informações sobre Desastres- S2ID. prevenção, são regulamentados pela Lei Fe-
tado em parecer técnico do órgão de proteção
A Instrução Normativa nº 02/16 – IN 02 es- ráveis pelos governos locais e a situação de Esse tipo de desastre caracteriza-se pela con- deral nº 12.340, de 2010, com a redação dada
e defesa civil.
tabelece procedimentos e critérios para a de- normalidade pode ser restabelecida com os comitância de óbitos, do isolamento de popu- Quando, reconhecidamente, a intensidade do pela Lei Federal nº 12.983, de 2014, e pela
cretação de situação de emergência ou estado recursos mobilizados em nível local ou com- lação, da interrupção de serviços essenciais, O parecer técnico deverá mencionar os danos desastre e seus impactos sociais, econômicos Lei Federal nº 12.608, de 2012.
de calamidade pública pelos Municípios, Es- plementados com o aporte de recursos esta- da interdição ou destruição de unidades ha- causados pelo desastre, de forma a funda- e ambientais demandarem, poderá haver reco-
tados e Distrito Federal, e para o reconheci- duais e federais. bitacionais, da danificação ou destruição de mentar a decretação, devendo ser observados nhecimento sumário, por parte da Secretaria
mento das situações de anormalidade decre- instalações públicas prestadoras de serviços os critérios fixados pela Instrução Normativa Nacional de Proteção e Defesa Civil, da situa-
tadas pelos entes federativos. Nesse tipo de desastres, deve haver, ao me- essenciais e obras de infraestrutura pública nº 02, de 2016. ção de emergência ou do estado de calamidade
nos, dois danos, um deles obrigatoriamente
pública, tendo como base apenas o Decreto e o
Os desastres, segundo a IN 02, são classifi- considerado como dano humano que cause Os desastres de nível I e II ensejam a de- Em se tratando de desastres que atingirem requerimento da autoridade competente, para
cados segundo sua intensidade como de pe- prejuízo econômico público ou prejuízo eco- cretação de Situação de Emergência. Os
mais de um município, resultantes de um agilizar as providências cabíveis.
quena intensidade (nível I), média inten- nômico privado, afetando a capacidade do desastres de nível III ensejam a decreta-
mesmo evento adverso, cabe ao governador
sidade (nível II) ou de grande intensidade poder público local em responder e gerenciar ção de Estado de Calamidade Pública. Para maiores informações sobre esses proce-
do Estado a decretação de situação de emer-
(nível III). a crise instalada. dimentos, consultar o Manual de Proteção e
gência ou de calamidade pública.
Defesa Civil: A Gestão de Riscos de Desastres
A declaração terá validade de 180 (cento e oi- no Brasil.
tenta dias), contados a partir da data de sua
publicação. A declaração e o correspondente reconheci-
mento, pelo Ministério da Integração Nacio-
Uma vez decretada a situação de emergência nal, da situação de emergência ou do estado
ou de calamidade pública, o Prefeito ou Go- de calamidade pública são atos administrati-
vernador do Estado ou do Distrito Federal, vos importantes para o adequado gerencia-
poderá solicitar o reconhecimento federal, mento dos desastres, já que possibilitam a
por meio de requerimento que justifique as adoção de medidas financeiras, como a so-
razões para tal reconhecimento, a necessi- licitação de recursos da União, e de normas

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
1.7.2. Medidas Decorrentes da Situ- necessidade pessoal, cuja urgência e gravida- Também poderá ser antecipado, mediante da intempérie ou calamidade (Decreto Deve-se observar que a legislação de proteção
ação de Emergência ou do Estado de de decorram de desastre natural (Decreto opção do beneficiário, o valor correspon- nº 84.685/1980, que trata da redução do e defesa civil (Lei nº 12.983, de 2014, artigo
Calamidade Pública nº 5113, de 22 de junho de 2004, que regula- dente a uma renda mensal do benefício Imposto Territorial Rural nos casos de in- 15-A) estendeu o Regime Diferenciado de
menta a Lei nº 8036, de 11 de maio de 1990, devido, excetuados os temporários. Nesse tempérie ou calamidade). Contratações – RDC, às licitações e contra-
A legislação de proteção e defesa civil esta- dispondo sobre o Fundo de Garantia do Tem- caso, o valor antecipado será ressarcido de tos destinados às ações de prevenção em áre-
belece algumas medidas, em função do reco- Ver: Ministério da Fazenda Secretaria da Re- as de risco de desastres, e de resposta e recu-
po de Serviço – FGTS). forma parcelada (Decreto nº 7.223, de 29
nhecimento da situação de emergência ou do ceita Federal do Brasil imposto sobre a pro- peração em áreas atingidas por desastres.
de junho de 2010, que alterou o artigo 169
estado de calamidade pública. São elas: A liberação dos recursos do FGTS restringe- priedade territorial rural (itr) perguntas e
do Regulamento da Providência Social-
-se às hipóteses de desastre natural, que respostas - em http://idg.receita.fazenda.gov. Ver:https://www.comprasgovernamentais.
Decreto nº 3048, de 06 de maio de 1999);
• Proibição da cobrança de juros de mora, compreendem, além dos eventos relativos ao br/orientacao/tributaria) gov.br/arquivos/micro-e-pequenas-empre-
por estabelecimentos bancários e institui- excesso de chuvas, ou outras condições me- • Redução do Imposto sobre Propriedade sas/regime-diferenciado-de-contratacoes-
ções financeiras, sobre títulos de qualquer • Dispensa de licitação, cabível somente -29out2014.pdf
teorológicas adversas, os eventos ligados às Territorial Rural - ITR Aplicável apenas
para “os bens necessários ao atendimento
natureza, cujo vencimento se dê durante condições climatológicas que causam escas- nos casos de estado de calamidade públi-
da situação emergencial ou calamitosa e • Desapropriação por utilidade pública,
o período de suspensão de atendimen- sez ou exaurimento hídrico, tais como a seca ca, decretada até 31 de dezembro do ano
para as parcelas de obras e serviços que tanto pelos Municípios, como pelos Es-
to ao público em suas dependências, em e a estiagem. Ademais, os riscos biológicos anterior ao fato gerador do imposto, com
possam ser concluídas no prazo máximo tados e União, para facilitar as ações de
razão de desastres, desde que sejam qui- também estão inclusos no rol dos desastres o reconhecimento do Governo Federal, de 180 (cento e oitenta) dias, consecuti- resposta a desastres e as de reconstru-
tados no primeiro dia de expediente nor- naturais, segundo a Classificação e Codifica- e desde que tenha havido, comprovada- vos e ininterruptos, contados da ocorrên- ção, com fundamento no Decreto-Lei n.
mal, ou em prazo superior, definido em ção Brasileira de Desastres (Cobrade). mente, destruição de pastagens e planta- cia da emergência ou calamidade, vedada 3.365, de 21 de junho de 1941, que, ao
norma específica (Lei Federal nº 12.340,
ções, frustração de safra ou colheita, em a prorrogação dos respectivos contratos”. dispor sobre os casos de desapropriação
de 1º de dezembro de 2010, artigo 15). É também considerado como natural, para
decorrência do evento extremo. Os even- É o que dispõe a Lei Federal nº 8.666, de por utilidade pública, menciona: “o socor-
fins de liberação dos recursos do FGTS, o
tos extremos referem-se à prolongada 1993, no artigo 24, item IV, que dispensa ro público, em caso de calamidade” (alí-
• Doação de estoque público de alimen- desastre decorrente do rompimento ou
estiagem, inundação, granizo, vendaval, a licitação em caso de: nea “c” do artigo 5º).
tos, pelo Governo Federal, às populações colapso de barragens que ocasione movi-
entre outros. O Ministro da Agricultura
atingidas por desastres, mediante propos- mento de massa, com danos a unidades resi-
poderá determinar um percentual de re- “Emergência ou calamidade pública, quando
ta conjunta do Ministério da Agricultura, denciais.  Esta hipótese foi incluída pelo De-
dução do ITR, de até 90%, desde que o caracterizada urgência de atendimento de si-
Pecuária e Abastecimento, do Ministério creto nº 8.572, de 2015.
imóvel tenha sido efetivamente atingi- tuação que possa ocasionar prejuízo ou com-
da Integração Nacional e da Casa Civil da
prometer a segurança de pessoas, obras, ser-
• Antecipação do pagamento de benefí- do pelas causas determinantes daquela
Presidência da República, (Lei nº 12.340,
viços, equipamentos e outros bens, públicos
cios de prestação continuada, previdenci- situação. Esse percentual será calculado
de 1º de dezembro de 2010, artigo 16).
ou particulares”.
ária e assistencial, da Previdência Social, com base em dados do ano anterior ao da
• Liberação de Fundo de Garantia por em caráter excepcional, mediante ato do ocorrência ou fixado genericamente para
Tempo de Serviço – FGTS, para o titular de Ministro da Previdência Social, enquanto todos os imóveis que, comprovadamente,
conta residente no município, por motivo de perdurar o estado de calamidade pública. estejam situados na área de ocorrência

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Demais políticas públicas
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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
2
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e as Demais Políticas Públicas

Ao estabelecer que a Política Nacional de Essas políticas interpenetram-se, em mui- 2.1. Desenvolvimento Regional
Proteção e Defesa Civil deve se integrar às tos de seus aspectos, não se podendo, por
A Política Nacional de Desenvolvimento Re-
políticas de ordenamento territorial, desen- vezes, traçar uma clara linha de delimitação
gional (PNDR) tem por finalidade reduzir as
volvimento urbano, saúde, meio ambiente, entre elas. Todavia, há que se considerar que
desigualdades regionais, conforme determi-
mudanças climáticas, gestão de recursos hí- são políticas regidas por diretrizes, normas e
na a Constituição Federal, ativar os poten-
dricos, geologia, infraestrutura, educação, instrumentos específicos e envolvem uma sé-
ciais de desenvolvimento das regiões brasilei-
ciência e tecnologia e às demais políticas rie de órgãos e instituições, no nível federal,
ras, mediante a dinamização de sua imensa
setoriais, tendo em vista a promoção do de- estadual e municipal. Promover a articulação
diversidade, e a melhor distribuição das ativi-
senvolvimento sustentável (art. 3º, parágra- institucional, a organização e a coordenação
dades produtivas no território.
fo único), a Lei Federal nº 12.608/12 indica para construir esta atuação intersetorial é,
que a gestão dos riscos de desastres é tema talvez, o maior dos desafios para a implemen- A PNDR promove projetos regionais de de-
transversal às políticas públicas. A política de tação efetiva da Política Nacional de Proteção senvolvimento, envolvendo os entes fede-
proteção e defesa civil, portanto, deve ser ela- e Defesa Civil. rados, os setores produtivos e a sociedade.
borada e implementada de forma coordenada Regulados a partir de um referencial nacio-
e articulada às demais políticas. nal comum, consideradas as peculiaridades
regionais, tais projetos objetivam a redução
das desigualdades e da pobreza extrema, o
que contribui para a diminuição da vulnera-
bilidade de populações expostas a precárias
condições de vida.

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A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A Secretaria de Desenvolvimento Regional Quadro 5. Relação Entre Instrumentos da PNMA (Lei nº 6.938/1981) 2.3. Política Nacional A análise da vulnerabilidade dos municípios • Ações de adaptação implicam em melho-
(SDR), do Ministério da Integração Nacional, e a Gestão de Riscos de Desastres. brasileiros aos impactos do clima é feita pelo ria no funcionamento da sociedade e da
de Mudanças do Clima
é a responsável pela condução dos programas Ministério do Meio Ambiente, em parceria qualidade de vida humana, resultado de
Instrumento da PNMA
Relação com a Gestão de Riscos de Desastres Componente
e projetos de promoção do desenvolvimento (Lei nº 6.983/1981) Os níveis de ameaça causados pela mudança com a Fundação Oswaldo Cruz, no âmbito políticas públicas específicas, que devem
regional nas escalas macro, micro e sub-re- do clima têm se modificado, tanto nas con- das ações do Plano Nacional de Adaptação ao ocorrer mesmo na ausência de qualquer
Zoneamento Ambiental Permite a identificação de áreas potencialmente expostas
gionais. Entre suas ações, merecem destaque: / Zoneamento Ecológico- a ameaças e dos recursos, infraestruturas e população dições climáticas médias quanto no aumento Clima. Da associação entre indicadores de vá- ameaça climática;
Econômico potencialmente em perigo
a promoção do desenvolvimento da faixa de do número de eventos extremos, devido a va- rias naturezas (sociais, ambientais, de saúde,
fronteira, o apoio à estruturação dos arranjos riações da temperatura, da precipitação e do demográficos, institucionais) e cenários cli- • O atual acúmulo de gases de efeito estu-

produtivos locais nas regiões menos desen- nível do mar, ampliando o risco de desastres máticos municipalizados, é obtido um índice fa na atmosfera alta já é suficiente para
Licenciamento de atividades Assegura que os empreendimentos produtivos considerem
poluidoras os riscos que sua instalação pode trazer ao meio ambiente determinar uma desregulação do sistema
volvidas, a elaboração de planos regionais de naturais. É bem possível que tempestades, municipal de vulnerabilidade. A análise com-
desenvolvimento, o observatório do desen- furacões e secas e estiagens tornem-se cada parativa dos índices municipais, no conjunto climático global. Prevê-se, portanto, um

volvimento regional e o programa Água para Possibilita o ordenamento do uso e ocupação do solo vez mais frequentes. de municípios, possibilita o reconhecimento aumento no nível das ameaças, sobre as
Criação de espaços territoriais
e a redução dos riscos pela manutenção dos serviços Prevenção
Todos, do Plano Brasil Sem Miséria. ambientalmente protegidos
ecossistêmicos de regulação hídrica e climática dos fatores predominantes para a vulnerabili- quais a sociedade não tem controle. Por-
O Painel Intergovernamental de Mudanças tanto, a capacidade de os serviços de me-
dade, orientando as políticas públicas de pro-
Cadastro Técnico Federal de do Clima (IPCC) é a principal fonte de in- teorologia fazerem previsões de tempo
Fornece informações sistematizadas e atualizadas sobre teção social, em relação às ameaças do clima.
atividades potencialmente
poluidoras e/ou utilizadoras
potenciais fontes de ameaças, possibilitando a redução dos formações sobre os cenários e modelos cli- com maior nível de certeza e a capacidade
2.2. Política Ambiental dos recursos ambientais
riscos de desastres
máticos globais, originados de instituições A preparação do País para a adaptação à mu- de os sistemas de proteção e defesa civil
A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), de pesquisa na Europa, Japão e América dança do clima deve, inicialmente, focar na atuarem efetiva e tempestivamente, re-
Fornece informações sobre potenciais impactos diretos
instituída pela Lei Federal nº 6.938/81 e Lei Avaliação de Impacto
ou indiretos, bem como sobre as medidas mitigadoras, do Norte. Os cenários são “regionalizados” redução da vulnerabilidade aos impactos do duzindo os danos, tornam-se altamente
Ambiental (EIA / RIMA)
importantes para a gestão dos riscos de desastres
Complementar nº 140/12, contempla os (downscaling), sendo mais detalhados para clima, causado pelos efeitos de aumentos relevantes para a redução dos impactos. 

princípios, objetivos e instrumentos com vis- certas áreas. No Brasil, este processo é feito súbitos de temperatura (ondas de calor), ex-
tas à proteção da flora, da fauna e da biodi- pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos tremos de precipitação (tempestades ou se-
versidade, ao controle da poluição e da degra- Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de cas) e suas repercussões. A necessidade de se
dação ambiental, e à gestão das relações entre Pesquisas Espaciais (INPE). O último cenário concentrar as ações de adaptação na redução
as atividades das populações humanas e seus regionalizado para o Brasil foi produzido no desta vulnerabilidade se dá por duas razões: 

efeitos potenciais no ambiente, com reflexos início de 2015.
diversos na gestão do risco de desastres.

Alguns dos instrumentos da Política Nacio-


nal do Meio Ambiente têm uma clara relação
com a gestão de riscos de desastres, parti-
cularmente com as atividades de prevenção
(Quadro 5).

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
2.4. Política Nacional curso hídrico. É deste recurso econômico que As medidas referentes ao terceiro objetivo - 2.5. Política Nacional A Lei Federal nº 12.334, de 2010 instituiu a A Lei nº 12.334, de 2012, definiu também
basicamente trata a política de recursos hídri- “prevenção e defesa contra eventos hidrológi- Política Nacional de Segurança de Barragens. instrumentos para a gestão da segurança,
de Recursos Hídricos de Segurança de Barragens
cos, ao criar instituições e instrumentos para cos críticos de origem natural ou decorrentes Em 2012, a Resolução nº 143 do Conselho segundo o sistema de classificação por cate-
A Política Nacional de Recursos Hídricos e o definir regras para o uso da água por parte do uso inadequado dos recursos naturais” Existem no Brasil barramentos de diversas Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) es- goria de risco e de dano potencial associado,
Sistema Nacional de Gerenciamento dos Re- dos múltiplos usuários. podem fazer parte dos planos de bacias hi- dimensões e destinados a diferentes usos, tabeleceu critérios gerais de classificação de tais como o Plano de Segurança de Barragens
cursos Hídricos, responsável pela gestão dos drográficas, com medidas estruturais subme- tais como barragens de infraestrutura para barragens e as Resoluções ANA nº 91/12 e nº (PSB), o Plano de Ações de Emergência (PAE)
recursos hídricos no Brasil, foram instituídos A Política Nacional de Recursos Hídricos tem tidas a critérios de outorga específicos. Sen- acumulação de água, geração de energia, 742/11 estabeleceram critérios para o Plano e a revisão periódica de segurança. Previu
pela Lei Federal nº 9.433, de 1997, alterada três objetivos: do assim, esses planos são o instrumento de aterros ou diques para retenção de resíduos de Segurança da Barragem (PSB) e as inspe- também a criação de um Sistema Nacional de
pela Lei nº 9.984, de 2000, que criou a Agên- gestão mais apropriado para estabelecer uma industriais, barragens de contenção de rejei- ções de segurança regulares. Esse aparato Informações sobre Segurança de Barragens
• Assegurar à atual e às futuras gerações a
cia Nacional de Águas (ANA). articulação com a Política Nacional de Prote- tos de mineração, entre outros. A diversidade normativo dispôs sobre as responsabilidades (SNISB), e o Relatório Anual de Segurança de
necessária disponibilidade de água, em
ção e Defesa Civil, em termos de prevenção de dimensões e usos dos barramentos refle- relacionadas à segurança das barragens no Barragens.
Entre as principais diretrizes dessa política, padrões de qualidade adequados aos res-
de riscos hidrológicos. te-se nas condições de manutenção dessas Brasil, reforçando a responsabilidade legal do
a bacia hidrográfica é indicada como a unida- pectivos usos; A definição das diretrizes para implementação
estruturas. Muitas delas estão envelhecendo empreendedor em manter as condições de
de territorial para sua implementação e para O Programa Nacional de Apoio à Captação de e levam a discussões sobre sua segurança. desses instrumentos foi atribuída ao Conse-
• A utilização racional e integrada dos recur- segurança de sua barragem, e definiu o res-
a atuação do Sistema Nacional de Gerencia- Água de Chuva e Outras Tecnologias Sociais Barragens de terra apresentam a maior taxa lho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH),
sos hídricos, incluindo o transporte aqua- pectivo órgão fiscalizador, sempre o outor-
mento de Recursos Hídricos. Observe-se de Acesso à Água - Programa Cisternas, insti- de falha. Como a Engenharia de Barragens, enquanto a regulamentação do Plano de Segu-
viário, com vistas ao desenvolvimento gante do direito do uso dado ao barramento.
que a referência à bacia hidrográfica, como tuído pela Lei nº 12.873, de 24 de outubro de ainda que bem evoluída, não consegue elimi- rança de Barragens (PSB) e de seus componen-
sustentável;
unidade de atuação, consta, igualmente, das 2013, tem a finalidade de promover o aces- nar completamente o risco de um acidente ou Quando a finalidade for de acumulação de tes coube aos órgãos fiscalizadores.
diretrizes da Política Nacional de Proteção • A prevenção e a defesa contra eventos hi- so à água para o consumo humano e animal incidente, a segurança de barragens deve ser água, exceto para fins de aproveitamento
e Defesa Civil. Nesse sentido, há uma clara e para a produção de alimentos por meio de hidrelétrico, a fiscalização no âmbito federal A articulação mais imediata entre a Política
drológicos críticos de origem natural ou a prioridade máxima em todas as fases desde
complementariedade entre essas duas políti- implementação de tecnologias sociais, desti- compete à Agência Nacional de Águas; quan- Nacional de Segurança de Barragens e a Polí-
decorrentes do uso inadequado dos recur- o planejamento, projeto e construção até a
cas, até porque as questões hidrológicas estão nadas às famílias rurais de baixa renda atin- do a finalidade é a geração hidrelétrica, a fis- tica Nacional de Proteção e Defesa Civil pode
sos naturais. operação e manutenção.
na base da ocorrência de muitos desastres na- gidas pela seca ou por falta regular de água. calização cabe à Agência Nacional de Energia dar-se por meio dos instrumentos de plane-
turais, como enchentes, inundações, ou devi- Os dois primeiros são orientados a regular os O rompimento de barragens tem relação com Elétrica; quando a finalidade é a disposição jamento, o plano de segurança de barragens
do a estiagens prolongadas. usos, assegurar água para todos e promover o É prevista a dispensa de licitação para a con- a idade, tipo e altura da barragem, fundações, de rejeitos minerários, a fiscalização cabe ao e o plano de contingência, consideradas as
desenvolvimento sustentável, pela utilização tratação de entidades privadas sem fins lucra- deslizamentos para dentro do reservatório Departamento Nacional de Produção Mine- barragens localizadas território municipal
É importante diferenciar a água como bem integrada e racional do recurso. Para tanto, tivos, na implantação de cisternas ou outras e falta de equipamento de monitoração. As e aquelas localizadas na bacia hidrográfica a
ral; quando a finalidade é a disposição de re-
ambiental, protegido pela legislação ambien- são usados diversos instrumentos: planos de tecnologias sociais de acesso à água para con- estatísticas referentes a falhas em barragens montante do município.
síduos industriais a fiscalização compete ao
tal, da água como recurso econômico ou re- recursos hídricos, outorga pelo uso da água, sumo humano e produção de alimentos, para indicam que o galgamento devido a ondas de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Re-
enquadramento dos corpos d´água em clas- beneficiar famílias rurais de baixa renda atin- cheia é a principal causa de rompimento. cursos Naturais Renováveis.
ses de qualidade (estabelecidas pela legisla- gidas pela seca ou falta regular de água (Lei nº
ção ambiental) e cobrança pelo uso da água. 12.873, art. 16, que dá nova redação à Lei nº
8.666, de 1993).

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
2.6. Ordenamento Territorial Esses instrumentos têm como fundamento a tendo as medidas de prevenção e controle de turais, a erosão do solo ou a modificação do 2.7. Política Urbana O planejamento municipal tem no Plano Di-
competência da União, estabelecida no artigo riscos geotécnicos e de inundações (Art. 64) regime climático e se o crime é cometido em retor o seu instrumento mais importante, já
O ordenamento territorial é fundamental A Política Urbana foi estabelecida nos artigos
21 da Constituição Federal, a saber: para a regularização fundiária de interesse época de seca ou inundação. que, de acordo com a Constituição Federal,
para a gestão de riscos de desastres, pois é 182 e 183 da Constituição Federal. De acordo
social de assentamentos irregulares em Áre- art. 182 § 1º: “o plano diretor é o instrumen-
por meio dele que se estabelecem os possí- Art.21- Compete à União: O ordenamento territorial, na escala local, com o art. 182, essa política “tem por objeti-
as de Preservação Permanente. Determina, to básico da política de desenvolvimento e de
veis usos do solo de um território (municipal, segundo a Constituição Federal, artigo 30, vo ordenar o pleno desenvolvimento das fun-
igualmente, que a regularização ambiental de expansão urbana”.
metropolitano, micro ou mesorregional) e as ........... ções sociais da cidade e garantir o bem-estar
projetos de regularização fundiária deve ser compete aos municípios:
restrições a usos danosos ao ambiente, con- de seus habitantes”. O Estatuto da Cidade dispõe que “o Plano
IX - elaborar e executar planos nacionais e re- instruída com uma avaliação dos riscos am-
sideradas as características e fragilidades físi- Artigo 30: Compete aos Municípios: Diretor é parte integrante do processo de
gionais de ordenação do território e de desen- bientais (Art. 65). A Lei Federal nº 10.257, de 2001 - Estatuto
co-ambientais e as vulnerabilidades. planejamento municipal, devendo o plano
volvimento econômico e social. ......... da Cidade, regulamentou o capítulo da Cons-
A Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012, plurianual, as diretrizes orçamentárias e o
É ainda por meio do ordenamento territorial tituição Federal referente à política urbana
As mudanças no uso e ocupação do solo no que alterou a Lei Federal nº 12.651, de 2012, VIII - promover, no que couber, adequado or- orçamento anual incorporar as diretrizes e
que podem ser (re)conhecidas as áreas a se- nacional, dispondo sobre as diretrizes gerais
Brasil têm levado ao desmatamento e à perda autoriza a continuidade das atividades agros- denamento territorial, mediante planejamen- prioridades nele contidas” (§ 1º do art. 40) e
rem preservadas ou recuperadas, os biomas e os instrumentos para sua implementação.
de florestas ciliares e de cabeceiras de redes silvopastorís, de ecoturismo e de turismo ru- to e controle do uso, do parcelamento e da ocu- que “o Plano Diretor deverá englobar o terri-
existentes ou seus remanescentes e a neces- A Lei nº 12.608/12, que aprovou a Política
de drenagem, contribuindo para o incremen- ral em áreas de preservação permanente loca- pação do solo urbano. tório do Município como um todo” (§ 2º do
sidade de articulação entre diferentes Muni- Nacional de Proteção e Defesa Civil, inseriu,
to de erosão de solos, inundações bruscas e lizadas em zonas rurais consolidadas até 22 Art. 40). Todos os demais planos setoriais
cípios ou deles com os Estados, uma vez que como diretriz geral de política urbana, a
movimentos gravitacionais de massa em en- de julho de 2008, cabendo ao Poder Público municipais devem respeitar as diretrizes es-
as áreas suscetíveis não necessariamente se redução dos riscos de desastres.
costas. verificar a existência de risco de agravamen- tabelecidas pelo Plano Diretor, uma vez que
ajustam às divisas territoriais.
to de processos erosivos ou de inundações e Portanto, no processo de ordenamento e con- ele é o instrumento básico do ordenamento
A partir de 1990, a legislação ambiental re- determinar a adoção de medidas mitigadoras territorial e da política urbana.
O ordenamento territorial pode ser efetivado trole do uso e ocupação do solo no municí-
gulamentou alguns temas específicos que, de que garantam a estabilidade das margens e a
em diversas escalas geográficas, desde as de pio, segundo estabelecido na lei nacional de
certa forma, orientam o ordenamento terri- qualidade da água (art. 61-A). Assim sendo, há uma importante relação entre
âmbito macrorregional, regional ou sub-re- política urbana, exige-se que seja evitada a
torial e se relacionam com a gestão de riscos a política de proteção e defesa civil, sobretudo
gional, como o constante dos instrumentos exposição da população aos riscos de desas-
de desastres. A Lei nº 9.605/1998, que dispõe sobre san- em termos de ações de prevenção e de mitiga-
de planejamento regional – planos de desen- tres. Observe-se que essa diretriz de política
ções penais e administrativas derivadas de ção de desastres, e o disposto no Plano Dire-
volvimento regional; zoneamento ecológico- A Lei nº 12.651, de 2012, que dispõe sobre urbana é considerada de ordem pública, ou
condutas e atividades lesivas ao meio am- tor. Deve-se recordar que dois dos objetivos da
-econômico (ZEE), gerenciamento costeiro, a proteção da vegetação nativa, considera de seja, deve ser necessariamente observada
biente, estabelece como circunstâncias agra- política nacional de proteção e defesa civil têm
zoneamento ambiental, entre outros. Esse preservação permanente as áreas cobertas por todas as instâncias governamentais.
vantes da pena, quando não constituem ou relação direta com o Plano Diretor, a saber:
tipo de ordenamento territorial é bastante com florestas ou outras formas de vegetação qualificam o crime ambiental (art. 15), o fato
genérico, devido à escala geográfica em que destinadas a conter a erosão do solo e miti- de o agente ter cometido a infração em épo-
é elaborado. gar riscos de enchentes e deslizamentos de cas de seca ou inundações; e que penas são
terra e de rocha (art. 6º). Estabelece, ainda, a aumentadas de um sexto a um terço (art. 53)
necessária elaboração de estudo técnico con- se do fato resultar a diminuição de águas na-

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
• Incorporar a redução do risco de desastre e 2.8. Política de Habitação A Lei Federal nº 11.124, de 2005, dispõe so- 2.9. Política Nacional Todos os serviços que integram o saneamen- a fixação dos direitos e deveres dos usuários.
as ações de proteção e defesa civil entre os bre o Sistema Nacional de Habitação de Inte- to básico têm uma clara relação com a pro- Certamente, o Plano de Saneamento Básico é
de Interesse Social de Saneamento Básico
elementos da gestão territorial e do pla- resse Social, cria o Fundo Nacional de Habi- teção e defesa civil, pois são essenciais para o instrumento adequado para a interface com
nejamento das políticas setoriais; A Constituição Federal, em seu artigo 6º, es- tação de Interesse Social e institui o Conselho A Lei Federal nº 11.445, de 2007, dispõe so- reduzir a vulnerabilidade da população. A a política de proteção e defesa civil.
tabelece que a moradia é um direito social. Gestor do referido Fundo. bre a política federal de saneamento básico, drenagem e a limpeza urbana são particular-
• Estimular o ordenamento da ocupação do Em muitos casos, o não atendimento a esse entendido como o conjunto de serviços, in- mente importantes para reduzir riscos de en- A Política de Saneamento Básico, integrante
solo urbano e rural, tendo em vista sua direito fundamental é o responsável pela Um importante instrumento de implemen- fraestruturas e instalações operacionais de chentes urbanas. da política urbana, é gerida, no plano nacio-
conservação e a proteção da vegetação na- ocupação habitacional em áreas de risco, com tação dessa política é o Plano Local de Ha- abastecimento público de água potável; cole- nal, pela Secretaria Nacional de Saneamento
tiva, dos recursos hídricos e da vida huma- alta vulnerabilidade e consequente ocorrên- bitação de Interesse Social, cujo objetivo é ta, tratamento e disposição final dos esgotos Embora a cobertura dos serviços de sanea- Ambiental, do Ministério das Cidades, com o
na (Lei nº 12.608, Art. 5°, incisos IV e X). cia de desastres. As moradias destruídas ou diagnosticar as necessidades do município sanitários; limpeza urbana e manejo de resí- mento tenha avançado nos últimos anos, a objetivo de promover, no menor prazo pos-
danificadas tornam-se grandes desafios para em termos de demanda por habitações de in- duos sólidos; drenagem e manejo das águas carência ainda é muito grande no País. Além sível, a universalização do abastecimento de
A atenção com a redução dos riscos de desastres teresse social e estabelecer as medidas para a disso, o acesso aos serviços é fortemente as- água potável, do esgotamento sanitário (co-
os gestores públicos, tanto na resposta quan- pluviais urbanas.
deve estar presente no Plano Diretor, por ser o melhoria das condições habitacionais. Nesse sociado às condições socioeconômicas dos leta, tratamento e destinação final), da gestão
to na recuperação das áreas afetadas. É por
principal instrumento de planejamento muni- sentido, há uma clara relação entre o disposto Entre os princípios que regem essa política, domicílios; as maiores carências são verifica- de resíduos sólidos urbanos (coleta, trata-
isto que a “reconstrução melhor” é um impor-
cipal, no qual são fixadas as diretrizes e normas nesse Plano e os objetivos da gestão de riscos mencione-se o da “ articulação com as políti- das nas áreas mais pobres. Da mesma forma, mento e disposição final), além do adequado
tante elemento constitutivo da redução dos
gerais do uso e ocupação do solo no município. de desastres, ou seja, evitar assentamentos cas de desenvolvimento urbano e regional, de são observadas desigualdades regionais no manejo de águas pluviais urbanas, com o con-
riscos de desastre.
Deve ser observada também na elaboração de precários em áreas de risco, relocar a popu- habitação, de combate à pobreza e de sua er- acesso aos serviços. sequente controle de enchentes.
planos setoriais, como o plano municipal de A política de habitação de interesse social, lação residente nessas áreas ou que tenham radicação, de proteção ambiental, de promo-
habitação de interesse social, de saneamento, coordenada pela Secretaria Nacional de Ha- sido desalojadas por desastres. ção da saúde e outras de relevante interesse Entre os instrumentos da Política de Sanea- Ver: http://www.capacidades.gov.br/downlo-
de resíduos sólidos, de transportes e mobilida- bitação do Ministério das Cidades, relaciona- social voltadas para a melhoria da qualidade mento Básico estão a elaboração dos planos ad/NTc20
de, enfim, em todas as peças de planejamento -se com a política de proteção e defesa civil O programa habitacional denominado “Mi- de vida, para as quais o saneamento básico de saneamento básico, a definição da forma
que tragam consequências no ordenamento ao apoiar iniciativas de implantação de mo- nha Casa Minha Vida”, instituído pela Lei seja fator determinante”. de prestação dos serviços, a indicação dos
territorial e urbano do município. radia em locais seguros, priorizar a relocação Federal nº 11977, de 2009, estabelece como entes responsáveis pela regulação e fiscali-

de comunidades atingidas e de moradores em prioritário o atendimento a moradores de zação, o estabelecimento de mecanismos de


Ao alterar o Estatuto da Cidade e demais leis áreas de risco, insalubres ou que tenham sido participação e controle social, a estruturação
áreas de risco, conceder incentivos ao aumen-
urbanísticas, a Lei Federal nº 12.608/12 con- desabrigados. e manutenção do sistema de informações e
to da oferta de terras urbanizadas, em local
tém importantes dispositivos que tratam da
adequado, para a instalação de habitações de
relação entre a gestão de riscos de desastres e
interesse social.
a política urbana municipal.

(Ver capítulo: 4.1.2. Inserção das Questões de


Redução de Riscos de Desastres no Planeja-
mento Municipal).

78 79

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
2.10. Política Nacional dos, e a descontaminação de áreas contami- 2.11. Política Nacional privados, em todo o território nacional, se- Esses eventos são coordenados pelo Centro saúde. O Centro é responsável por lidar com
nadas. Foi instituído o Cadastro Nacional de gundo determina a Portaria nº 1.271, de 6 de Informações Estratégicas em Vigilância situações de crise, organizando o acompa-
de Resíduos Sólidos de Saúde
Operadores de Resíduos Perigosos e o Siste- de junho de 2014, do Ministério da Saúde, em Saúde (CIEVS), instituído no âmbito da nhamento dos agravos que apresentem ele-
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reú- ma Nacional de Informações sobre a Gestão O Código de Saúde, instituído pela Lei nº incluindo doenças infecciosas e parasitárias Secretaria de Vigilância em Saúde (Portaria vado potencial de disseminação ou riscos à
ne o conjunto de princípios, diretrizes, obje- dos Resíduos Sólidos. 8.080, de 1990, regula, em todo o território com potencial epidêmico. nº 30, de 2005). Cabe ao CIEVS fomentar a saúde pública.
tivos, instrumentos, metas e ações adotados nacional, as ações e serviços de saúde. Esta- captação de notificações, buscar e analisar da-
pelo Governo Federal, isoladamente ou em No que se refere ao planejamento dos resídu- belece que o conjunto de ações e serviços de Dentre os eventos de notificação compulsó- dos e informações relevantes para a vigilância Com o objetivo de ampliar a capacidade de
cooperação com Estados, Distrito Federal e os sólidos, foram previstos planos em todas saúde, prestados por órgãos e instituições ria nacional, está o Evento de Saúde Pública em saúde, detectar, monitorar e coordenar a vigilância e resposta, em todo o território na-
Municípios ou com entidades particulares, as instâncias governamentais, ou seja, plano públicas federais, estaduais e municipais, da (ESP), de importância estadual, nacional ou resposta aos Eventos de Saúde Pública, junto cional, está sendo fortalecida a Rede de Infor-
com vistas à gestão integrada e ao gerencia- nacional, estadual, de região metropolitana e administração direta e indireta e das funda- internacional, como tal considerado: com as secretarias estaduais e municipais de mações Estratégicas e Respostas em Vigilância
mento ambientalmente adequado dos resí- de aglomeração urbana, microrregional, in- ções mantidas pelo Poder Público, constitui o em Saúde, composta por unidades de monito-
duos sólidos. Foi instituída pela Lei Federal termunicipal, em municípios consorciados, Sistema Único de Saúde (SUS). ramento nos estados. Essa rede integra a Rede
nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. municipal, plano de gerenciamento de resí- “ Situação que pode constituir potencial ameaça à saúde pública, como a ocorrência de Nacional de Alerta e Resposta às Emergências
duos perigosos. Os dois últimos, os planos O SUS tem normas próprias para a atuação surto ou epidemia, doença ou agravo de causa desconhecida, alteração no padrão clínico- em Saúde Pública, composta pelas Secretarias
A política nacional de resíduos sólidos trouxe na gestão do risco de desastres, estabelecidas epidemiológico das doenças conhecidas, considerando o potencial de disseminação, a
municipais e os de gerenciamento de resídu- de Saúde; Secretaria de Vigilância em Saúde;
magnitude, a gravidade, a severidade, a transcendência e a vulnerabilidade, bem como
diversas inovações, como a responsabilidade os perigosos são os mais relevantes para a in- pelo Ministério da Saúde, dispondo sobre as epizootias ou agravos decorrentes de desastres ou acidentes”. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN-
compartilhada, a logística reversa, a coleta tegração com a Política Nacional de Proteção responsabilidades, diretrizes para execução VISA), dentre outros órgãos.
seletiva, a organização de catadores, reconhe- e Defesa Civil. e financiamento das ações de vigilância em
cendo o valor econômico dos resíduos sóli- saúde, no âmbito do Sistema Nacional de Vi- Desde 2013, a Secretaria de Vigilância Sani-
gilância em Saúde e do Sistema Nacional de tária adota planos de preparação e resposta
Vigilância Sanitária. para os principais problemas de saúde públi-
ca, sendo de sua competência “ a coordenação
Entende-se por Vigilância em Saúde o proces- da preparação e resposta das ações de vigilância
so contínuo e sistemático de coleta, consoli- em saúde, nas emergências de saúde pública de
dação, análise e disseminação de dados sobre importância nacional e internacional, bem como
eventos relacionados à saúde, visando ao pla- a cooperação com Estados, Distrito Federal e
nejamento e a implementação de medidas de Municípios” na resposta a essas emergências.
saúde pública, para a prevenção e controle de Nesse sentido, são elaborados Planos de Con-
riscos, agravos e doenças. tingência específicos, com o detalhamento de
ações e atividades de acordo com cada nível
É necessária a notificação compulsória de
de resposta e competência institucional, ali-
doenças, agravos e eventos de saúde pública,
nhados ao Plano de Resposta às Emergências
abrangendo os serviços de saúde públicos e
em Saúde Pública.

80 81

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
2.12. Política Nacional A educação ambiental é regulamentada em 2.13. Política Nacional Nos serviços de proteção social de alta com- 2.14. Ciência e Tecnologia 2.15. Geologia
legislação própria, a Lei n° 9.795, de 1999, plexidade está incluído o “serviço de prote-
de Educação de Assistência Social No âmbito da ciência e tecnologia, uma impor- O Ministério de Minas e Energia (MME) é o
que institui a Política Nacional de Educação ção em situação de calamidade pública e de
tante contribuição para a gestão dos riscos de órgão formulador de políticas públicas de ge-
A Lei Federal nº 9.394, de 1996, que estabele- Ambiental, de acordo com linhas gerais a se- A desigualdade social, principalmente devido emergências”, mediante a oferta de aloja-
desastres está ligada às atividades de pesquisa ologia, recursos minerais e energéticos. Como
ce as diretrizes e bases da educação nacional, rem observadas, no ensino formal. A partir à pobreza, torna as populações de menor ren- mentos provisórios e provisão de materiais,
científica, tecnológica e de inovação nas áreas determinadas atividades são inerentes à ava-
teve um parágrafo acrescido ao seu artigo 26, da orientação dada pela nova redação da Lei da as mais expostas aos riscos de desastres, conforme as necessidades. O serviço desti-
de meteorologia, recursos hídricos, geologia, e liação dos riscos de desastres, o Ministério de
pela lei nacional de proteção e defesa civil. O de Diretrizes e Bases da Educação, princípios portanto necessitadas de ações de proteção, na-se aos atingidos com perdas parciais ou
desastres naturais. Essas pesquisas enfatizam Minas e Energia tem importante papel em
referido artigo 26 trata dos currículos da edu- da proteção e defesa civil, de redução do ris- em boa parte do âmbito da Assistência Social. totais de moradia, objetos ou utensílios pes-
a preparação, prevenção e mitigação do impac- programas de gestão do risco de desastres.
cação infantil, do ensino fundamental e do co de desastres e da autoproteção, devem ser soais, que se encontram temporária ou defi-
A Política Nacional de Assistência Social (art. to dos eventos adversos em bacias hidrográfi-
ensino médio, estabelecendo as regras gerais oferecidos no âmbito do trabalho de educa- nitivamente desabrigados, e aos removidos
cas urbanas e rurais, e integram dados e pes- A Companhia de Pesquisa e Recursos Mine-
a serem adotadas, em âmbito nacional. Entre 203 da Constituição Federal, regulamenta-
ção ambiental nas escolas. de áreas consideradas de risco, por prevenção rais (CPRM) é uma empresa pública vinculada
da pela Lei Orgânica de Assistência Social quisas multi e interdisciplinares que levem ao
essas regras gerais, está a base nacional co- ou determinação do Poder Judiciário. Abarca
desenvolvimento de técnicas inovadoras para ao Ministério das Minas e Energia, cabendo-
mum, a ser complementada, em cada sistema Os Ministérios do Meio Ambiente e da Edu- - Lei nº 8.742, de 1993, alterada pela Lei nº
a segurança de sobrevivência a riscos circuns- -lhe gerar e difundir o conhecimento geoló-
cação, coordenadores da política nacional de 12.435, de 2011), relaciona-se com a Política a modelagem desses eventos.
de ensino, e em cada estabelecimento escolar, tanciais, a segurança de acolhida e a seguran- gico e hidrológico necessário para o desen-
por uma parte diversificada, de acordo com as educação ambiental, aprovaram, em 2014, a Nacional de Proteção e Defesa Civil, particu-
ça de convívio ou vivência familiar, comuni- O Centro de Monitoramento e Alertas de volvimento sustentável do Brasil. São de sua
características regionais e locais, da cultura, 4a edição do Programa Nacional de Educação larmente nos casos de pós-impacto.
tária e social. Desastres Naturais (CEMADEN), ligado ao competência, entre outras atividades, elabo-
da economia e dos educandos (redação dada Ambiental, contendo diretrizes curriculares
A Resolução do Conselho Nacional de Assis- Ministério da Ciência, Tecnologia e Inova- rar sistemas de informações, cartas e mapas
pela Lei nº 12.796, de 2013). Traz uma série nacionais, possibilitando a integração com A coordenação da Política Nacional de Assis-
tência Social (CNAS) nº 109, de 2009, dis- ção, criado pelo Decreto Federal nº 7.513, de que traduzam o conhecimento geológico e
de indicações a respeito dos currículos esco- objetivos da política nacional de proteção e tência Social está a cargo do Ministério do
põe sobre a tipificação de serviços sócio-as- 2011, tem por objetivo manter um sistema hidrológico nacional, colaborar em projetos
lares, algumas facultativas e outras, obrigató- defesa civil, a saber: Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
sistenciais e organiza a política por níveis de de previsão de ocorrências de desastres na- de preservação do meio ambiente, em ação
rias, como a inclusão dos “princípios da pro- A gestão é organizada sob a forma de sistema
IV- Incorporar a redução do risco de de- complexidade, conforme o grau de vulnera- turais em áreas suscetíveis de todo o Brasil, complementar à dos órgãos federal, estadual
teção e defesa civil e a educação ambiental descentralizado e participativo, denominado
sastre e as ações de proteção e defesa civil bilidade de seus demandantes, quais sejam: auxiliando na prevenção, na identificação de e municipal, realizar pesquisas e estudos re-
de forma integrada aos conteúdos obrigató- Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
entre os elementos da gestão territorial e serviços de proteção social básica e servi- vulnerabilidades no uso e ocupação do solo, lacionados com os fenômenos naturais, tais
rios” no ensino fundamental e médio. cujas ações têm por objetivo a proteção à fa-
do planejamento das políticas setoriais; ços de proteção social especial de média e ne planejamento urbano e de implantação de como terremotos, deslizamentos, enchentes,
mília, à maternidade, à infância, à adolescên-
alta complexidade. infraestrutura. secas, desertificação e outros, dar apoio téc-
É importante que a educação formal inter- cia e à velhice, tendo o território como base
XIII- Desenvolver consciência nacional nico e científico aos órgãos da Administração
nalize e trate das questões relevantes para a de organização. O SUAS é integrado pelos
acerca dos riscos de desastre, sobretudo Entre os serviços de proteção social básica Alertas sobre riscos são emitidos pelo CE- Pública federal, estadual e municipal (Lei Fe-
conscientização sobre a redução dos riscos de entes federativos, pelos conselhos de assis-
porque a maioria os riscos prevalentes são estão os benefícios eventuais, suplementares MADEN por meio de protocolos específicos, deral nº 8.970, de 1994).
desastres, como forma de ampliar a capacita- tência social nacional, estaduais, distrital e
os de desastres naturais”. e provisórios, mas suficientes para garantir conforme disposto na Portaria nº 314, da
ção de todos os atores envolvidos nas ativida- municipais, e por entidades e organizações
com qualidade as necessidades geradas pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, de 17 de
des de proteção e defesa civil. de assistência social.
fragilidade, a exemplo do aluguel social. outubro de 2012.

82 83

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
A CPRM desenvolve o “Programa Geologia
Dois Programas de interesse para os municípios vêm sendo desenvolvidos pela CPRM:
do Brasil”, que abrange mapeamentos geoló-
gicos, geoquímicos e atividades voltadas para a) Cartas municipais de suscetibilidade com o objetivo de cartografar áreas suscetíveis a
movimentos gravitacionais de massa e inundação, em municípios brasileiros priorizados pelo
a aplicação do conhecimento geológico para
Governo Federal. Entre 2012 e 2016 foram elaboradas 327 cartas de suscetibilidade;
o meio ambiente e para a prevenção de riscos
geológicos. Este Programa possui duas fren- b) Cartas geotécnicas de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais, programa
desenvolvido em parceria com o Ministério das Cidades. Esse mapeamento dá sequencia às Cartas
tes: levantamentos geológicos e geofísicos; e
Municipais de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações.
levantamentos hidrogeológicos.
O objetivo é avaliar o território municipal, do ponto de vista geológico-geotécnico, determinando
Ao realizar o levantamento geológico e geofí- a aptidão de áreas para a ocupação urbana, quanto à probabilidade de ocorrência dos desastres
naturais, abrangendo as áreas no entorno de áreas urbanizadas, que sejam possíveis vetores
sico, a CPRM produz relatórios geotécnicos,
de expansão urbana. Esse documento pretende orientar os técnicos municipais em relação ao
laudos, vistorias e pareceres técnicos, a partir
planejamento do uso e ocupação do território, indicando as áreas mais favoráveis à expansão
de demandas dos municípios, em geral da De- urbana e evitando, assim, a instalação de novas áreas de risco de ocorrência de desastres naturais.
fesa Civil, do Estado ou do Ministério Público

Quanto aos levantamentos hidrogeológicos,


no tocante às águas superficiais, a CPRM
opera a Rede Hidrometeorológica Nacional,
da ANA, desenvolve e opera sistemas de aler-
ta contra cheias em áreas críticas (por exem-
plo, Manaus e Pantanal), além de desenvolver
estudos em áreas específicas.

84

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Defesa civil nos estados
3
A Política de Proteção e Defesa Civil nos Estados

A Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- 3.1. Competências dos Estados  V - Realizar o monitoramento meteorológico,
vil, por conter medidas e ações de natureza hidrológico e geológico das áreas de risco, em
A Lei nº 12.608/12 atribui aos Estados as se-
distinta, envolver todas as instâncias gover- articulação com a União e os Municípios;
guintes competências:
namentais e uma pluralidade de agentes, em
todas as etapas da gestão de risco de desas-  VI - Apoiar a União, quando solicitado, no reco-
Art. 7º. Compete aos Estados:
tres – prevenção, mitigação, preparação, res- nhecimento de situação de emergência e estado

posta e recuperação, deve ser implementada  I - Executar a política nacional de proteção e de calamidade pública;

de forma sistêmica e coordenada. defesa civil em seu âmbito territorial;


 VII - Declarar, quando for o caso, estado de cala-

Relembrando a determinação de que é dever  II - Coordenar as ações do Sistema Nacional midade pública ou situação de emergência;

dos Estados, assim como da União e dos de Proteção e Defesa Civil em articulação com
 VIII - Apoiar, sempre que necessário, os Municí-
Municípios, adotar as medidas necessárias a União e os Municípios;
pios no levantamento das áreas de risco, na ela-
à redução de riscos de desastres, aos Esta-
 III - Instituir o Plano Estadual de Proteção e boração dos Planos de Contingência de Proteção
dos cabe, de acordo com suas peculiaridades,
Defesa Civil; e Defesa Civil e na divulgação de protocolos de
em termos de seus arranjos administrativos e
prevenção e alerta e de ações emergencial.
institucionais, promover a implementação das
 IV - Identificar e mapear as áreas de risco e
medidas indicadas na política nacional. As competências do Distrito Federal, por sua
realizar estudos de identificação de ameaças,
suscetibilidades e vulnerabilidades, em arti- característica de indivisibilidade territorial,

culação com a União e os Municípios; equiparam-se, conforme o caso, às dos Esta-


dos e às dos Municípios, inclusive no que diz
respeito à política de proteção e defesa civil.

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A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Entre as atribuições dos Estados há a de “exe- Deverá dispor sobre a elaboração e imple-
A Lei estadual nº 9.500, aprovada em 24 de julho de 2015, institui a Política Estadual de Proteção e Defesa Civil do Estado do Paraná, com base nas
cutar a política nacional em seu território”, mentação do Plano Estadual de Proteção e
diretrizes, objetivos, competências e normas estabelecidas na lei nacional de proteção e defesa civil. Em linhas gerais, a lei paranaense dispõe sobre:
o que significa fixar os objetivos, diretrizes e Defesa Civil, complementando o conteúdo
mecanismos de atuação para proteção e defe- mínimo estabelecido na Lei nº 12.608/12, • O Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil, responsável pela execução da política, com a finalidade de coordenar as medidas de natureza
sa civil. Não se trata de definir uma política adequando-o às características do Estado. permanente, para prevenir ou minimizar as consequências danosas de eventos anormais e adversos, previsíveis ou não, e socorrer e assistir as
independente, distinta da nacional, mas de Deverá abordar as questões relativas ao sis- populações e áreas atingidas;
adequar os objetivos e diretrizes nacionais às tema de monitoramento e de alerta, além do
peculiaridades de cada Estado, assim como sistema de informações, no âmbito do Esta- • A composição do Sistema Estadual: órgão colegiado: Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil – Ceprodec; órgão central: Coordenadoria Es-
de estabelecer as estratégias e mecanismos de do, entre outros dispositivos. tadual de Proteção e Defesa Civil – Cepdec; órgãos regionais: Coordenadorias Regionais de Proteção e Defesa Civil – Corpdec; órgãos municipais:
atuação, segundo suas peculiaridades. órgãos de coordenação de proteção e defesa civil no município; órgãos setoriais das três esferas de governo; órgão de assessoramento: Centro de
A institucionalização da política no Estado Estudos e Pesquisas sobre Desastres – Ceped/PR, da Casa Militar;
É importante que haja a institucionalização estabelece o marco referencial para a atuação
da política, aprovada em lei estadual, indican- administrativa dos órgãos estaduais de pro- • A natureza das ações de proteção e defesa civil, de caráter permanente, nas situações de normalidade como de anormalidade, compreendendo as ati-
do, com clareza: teção e defesa civil, assim como dos demais vidades de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação.
integrantes do SINPDEC no Estado (órgãos
• As competências e as formas de articula- • O apoio, a ser prestado aos municípios, sempre que necessário, no levantamento das áreas de atenção e de risco, na elaboração dos Planos de
setoriais, de apoio, setor privado, entidades
ção do Estado e dos Municípios relativas Contingência de Proteção e Defesa Civil, na divulgação de protocolos de prevenção e alerta e de ações emergenciais, bem como na realização de
comunitárias). Estabelece as grandes linhas
às atividades de proteção e defesa civil; exercícios simulados;
de atuação da política de proteção e defesa
civil no âmbito do Estado, suas diretrizes,
• Os órgãos e instituições que deverão atu- • A necessidade de se manter operantes a Coordenadoria Estadual e as Coordenadorias Regionais, utilizando-se da estrutura institucional de pes-
objetivos e prioridades, as formas de plane-
ar, ou seja, a composição do Sistema de soal, operacional e administrativa do Comando do Corpo de Bombeiros, de forma a apoiar os municípios na realização das ações de proteção e
jamento e implementação das ações, com
Proteção e Defesa Civil em nível estadual; defesa civil, promovendo a integração entre a coordenação estadual e os municípios;
vistas à redução dos riscos de desastres e ao
• A forma de atuação dos órgãos de proteção atendimento das situações de desastre. • A execução, sob coordenação da Coordenadoria Estadual, de ações de proteção e defesa civil, por meio do Comando do Corpo de Bombeiros, res-
e defesa civil; peitadas suas atribuições legais;
Vários Estados aprovaram leis estaduais ins-
• Os mecanismos de articulação com os ór- tituindo as políticas de proteção e defesa ci- • O apoio aos municípios na criação e fortalecimento do órgão e do Conselho municipal de proteção e defesa civil, bem como na implementação e
gãos setoriais; vil, a exemplo do Estado do Paraná. operação de sistemas locais de alerta precoce;

• As formas de participação da população. • A instalação dos Conselhos Municipais de Gestão de Riscos e Desastres ou de Proteção e Defesa Civil para auxiliar na elaboração e revisão de
planos, bem como no acompanhamento e fiscalização da implementação das políticas estadual, nacional e municipal de Proteção e Defesa Civil;

• A atuação permanente das Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil, promovendo a integração com as demais instituições públicas
locais;

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
• O conteúdo do Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil, que deve conter as atribuições setoriais específicas dos planos setoriais de proteção e
3.1.2. Identificação 3.1.3. Apoio aos Municípios 3.2. Regionalização da Política
defesa civil; e Monitoramento das e à União de Proteção e Defesa Civil
Áreas de Risco As demais competências do Estado, listadas O evento adverso poderá ter impacto em
• A elaboração do Plano Municipal de Proteção e Defesa Civil contendo as principais diretrizes para a gestão de riscos e desastres, promovendo a
na Lei nº 12.608/12, podem ser agrupadas áreas geográficas de maior ou menor abran-
participação de representantes da sociedade civil organizada e de lideranças sociais; Uma importante atribuição do Estado é a
como atividades de apoio aos Municípios gência, e, com frequência, os desastres não se
identificação e mapeamento de áreas de ris-
• A elaboração do Plano de Implantação de Obras e Serviços para a redução de riscos de desastres, conforme orientações da Coordenadoria Es- e à União. O apoio aos Municípios, quando limitam ao território de um único município,
co. Nesse sentido, a Lei nacional determina
tadual de Proteção e Defesa Civil; solicitado, será para a elaboração dos Planos podendo abranger uma região inteira ou até
que os Estados, em articulação com a União
de Contingência de Proteção e Defesa Civil e mesmo mais de um estado. Portanto, as polí-
e os Municípios, promovam a identificação e
• O planejamento integrado visando à redução do risco de desastres em regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas. para a divulgação de protocolos de prevenção ticas e planos a serem adotados deverão levar
mapeamento dessas áreas, assim como das
e alerta e para as ações emergenciais. em conta distintos recortes espaciais, como
ameaças, suscetibilidades e vulnerabilidades,
Observe-se que a lei paranaense institui o 3.1.1. Plano Estadual II - As diretrizes de ação governamental de para possibilitar a adoção de medidas de pre- as regiões metropolitanas, as aglomerações
Na ocorrência de desastres, o Estado poderá
Plano Municipal de Proteção e Defesa Civil, proteção e defesa civil no âmbito estadual, em venção e mitigação. Cabe ao Estado, de igual urbanas ou as microrregiões.
de Proteção e Defesa Civil ser solicitado a apoiar a União no reconheci-
que deverá conter, no mínimo, a definição de especial no que se refere à implantação da rede forma, prestar apoio aos municípios para a
O Plano Estadual é o instrumento de plane- mento da situação de emergência ou estado de O Estado pode adotar diferentes formas de re-
diretrizes, metas e ações próprias ou a serem de monitoramento meteorológico, hidrológico avaliação das áreas de risco existentes.
jamento das atividades de proteção e defesa calamidade pública, ou declará-los, por inicia- gionalização para obter maior capilaridade das
desenvolvidas pelos órgãos setoriais, a mé- e geológico das bacias com risco de desastre.
civil e deverá ter, como conteúdo mínimo, se- tiva própria, dependendo das circunstâncias. ações de proteção e defesa civil, segundo crité-
dio e longo prazos. Também dispõe sobre o Ao Estado cabe realizar o monitoramento me-
gundo a Lei nº 12.608/12: Além desse conteúdo mínimo, cada Estado teorológico, hidrológico e geológico das áreas rios bem definidos de contiguidade territorial,
Plano Municipal de Contingência que deverá
poderá estabelecer conteúdo complementar de risco, assim como dos riscos biológicos e características geográficas, similitude de fenô-
conter, pelo menos, o cadastro das áreas de
Artigo 7º, parágrafo único: para o seu Plano de Proteção e Defesa Civil, menos observados, tipo de riscos encontrados
atenção, de abrigos, de recursos, ações opera- químicos, de forma articulada com a União
em função das características dos riscos de e os Municípios. Os Estados devem produzir ou gestão descentralizada já adotada para a
cionais, organização dos exercícios simulados I - A identificação das bacias hidrográficas
desastres mais recorrentes em seu território. alertas sobre a possibilidade de ocorrência implementação das diversas políticas públicas.
e localização dos centros de recepção de ajuda com risco de ocorrência de desastres;
de desastres, também em articulação com a Para viabilizar as ações de proteção e defesa
humanitária.
União e os Municípios. civil nesses diferentes recortes territoriais, o
Estado poderá criar órgãos regionais específi-
cos ou apoiar-se em organismos já existentes
de gestão descentralizada.

92 93

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Proteção e Defesa Civil em Regiões os critérios adotados pela Fundação Instituto restrições à urbanização visando à prote-
La Región Metropolitana de Campinas, que comprende 20 municipios, es administrada por la
Metropolitanas e Aglomerações Urbanas Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. ção do patrimônio ambiental ou cultural,
Agencia Metropolitana (Agemcamp), agencia estadual vinculada a la Secretaría Estadual de
bem como das áreas sujeitas a controle es-
Uma forma de regionalização relevante para Aglomeração urbana: unidade territorial Economía y Planeación, con el fin de promover la organización, planificación y ejecución de las
pecial pelo risco de desastres naturais, se
a Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- urbana constituída pelo agrupamento de 2 funciones públicas de interés general en el área metropolitana. Su tarea consiste en establecer
existirem. ” (Artigo 12, § 1º, inciso V da Lei nº
(dois) ou mais Municípios limítrofes, carac- objetivos, planes, programas y proyectos de interés común metropolitanos y fiscalizar la imple-
vil é a referente às Regiões Metropolitanas 13.089, de 2015).
terizada por complementaridade funcional mentación de las directrices y normas metropolitanas. Cuenta con el Consejo para el Desarrollo,
e Aglomerações Urbanas, já que são figuras
e integração das dinâmicas geográficas, am- Observa-se, pois, a importância atribuída ao de naturaleza deliberativa y política, integrado por los alcaldes de la región y los representantes
institucionalizadas, dotadas de competências
bientais, políticas e socioeconômicas. planejamento territorial de âmbito regional, del Estado. El Consejo opera a través de Cámaras Temáticas, entre ellas la de Defensa Civil,
especificas e formas de administração dos as-
com a clara determinação das áreas de risco, creada en menos de seis años, con la misión de identificar, analizar y proponer al Consejo las
suntos de interesse comum.
O Plano de Desenvolvimento Urbano In- como forma de se adotar medidas de preven- cuestiones relacionadas con la protección y defensa civil; para adaptar la legislación municipal a

O Estatuto da Metrópole (Lei Federal nº tegrado é de elaboração obrigatória, sendo ção e de mitigação de desastres. É muito im- las directrices de la política nacional y regional de protección y defensa civil; para establecer, or-

13.089, de 12 de janeiro de 2015) tem como aprovado por lei estadual, devendo ser revis- portante a participação dos órgãos de prote- ganizar y promover la adopción de procedimientos comunes para todos los municipios miembros

objetivo promover a integração de ações en- to a cada 10 anos e abranger todos os muni- ção e defesa civil, juntamente com os órgãos de la zona metropolitana y para adquirir el equipamiento necesario.

tre os municípios de uma metrópole ou aglo- cípios integrantes da região metropolitana ou responsáveis pelo planejamento urbano, nes-
La Región Metropolitana de Campinas cuenta con recursos del Fondo de Desarrollo de la
aglomeração urbana, abrangendo suas áreas sa etapa de identificação das áreas de risco.
meração urbana, em parceria com os gover-
Región Metropolitana, o FUNDOCAMP, establecido en 2006 con fondos estaduales (80%) y
urbanas e rurais.
nos estadual e federal. Trata do planejamento
As questões de proteção e defesa civil devem de los municipios metropolitanos (20%) para financiar los programas y actividades de interés
e da gestão das regiões metropolitanas e aglo- metropolitano.
Os Planos Diretores municipais deverão ser ser consideradas nas regiões metropolitanas
merações urbanas, mediante o Plano de De-
compatibilizados com o Plano de Desenvolvi- e aglomerações urbanas por serem as mais
senvolvimento Urbano Integrado e a estrutu- La creación de sistemas municipales de protección y defensa civil fue una de las primeras accio-
mento Urbano Integrado, que será elaborado urbanizadas do País, onde as ameaças são
ração de órgãos responsáveis pela governança nes de la Cámara Temática de Defensa Civil, que ha prestado apoyo para la creación de organis-
no prazo de 3 anos. Há sanções pelo não cum- recorrentes, tanto em relação aos desastres
regional, também aplicável, no que couber, às mos municipales de defensa civil y la actualización de la legislación municipal, proporcionando
primento dessas exigências constantes do naturais como aos tecnológicos e biológicos.
microrregiões instituídas pelos Estados, com una acción sistémica, a nivel municipal y regional.
Estatuto da Metrópole, pois os governadores O objetivo é inserir redução dos riscos de de-
características predominantemente urbanas, ou os agentes responsáveis, assim como os sastres como um tema transversal ao planeja- El Agemcamp tiene como norma de gestión la formalización de los procedimientos a ser adop-
para tratar das funções de interesse comum. Prefeitos, poderão incorrer em improbidade mento e gestão dessas unidades territoriais. tados, por medio de instrumento legal o reglamentario. La legislación permite el seguimiento
administrativa, caso descumpram o prazo de
Região metropolitana: espaço urbano com de la eficacia de las acciones en los municipios, inclusive para responsabilizar a aquellos que no
elaboração ou de compatibilização dos Planos Um bom exemplo da gestão de riscos de de-
continuidade territorial que, em razão de sua respeten o no cumplan las normas establecidas.
Diretores. sastres é o da região metropolitana de Cam-
população e relevância política e socioeconô- pinas, São Paulo.
mica, tem influência nacional ou sobre uma O Plano de Desenvolvimento Urbano Inte-
região que configure, no mínimo, a área de grado deverá contemplar, entre seus requisi-
influência de uma capital regional, conforme tos mínimos, “a delimitação das áreas com

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Municípios
4
A Política de Proteção e Defesa Civil nos Municípios

O Município é o responsável primeiro pelas 4.1. Competência dos • Inserção das questões ligadas à gestão de
ações de redução dos riscos de desastres em riscos de desastres no planejamento mu-
Municípios na Gestão de Riscos
seu território, devendo coordenar a imple- nicipal (inciso III);
mentação da Política Nacional de Proteção e de Desastres
Defesa Civil em todos os seus componentes, • Gerenciamento das áreas de risco existen-
A Lei nº 12.608/12, no artigo 8º, trata das
com ênfase para a prevenção. Para tanto, os tes em seu território, por meio de medi-
competências dos Municípios, tanto nos as-
gestores municipais devem integrá-la às de- das como:
pectos gerais da política de proteção e defesa
mais políticas públicas e trabalhar articulada- civil - planejamento e gestão-, como nos as- - Identificar e mapear essas áreas (inciso
mente com as outras esferas de poder, com pectos específicos, relacionados às etapas da IV);
vistas ao bem-estar da população. gestão de riscos de desastres: prevenção, mi-
tigação, preparação, resposta e recuperação. - Fiscalizar o uso e ocupação dessas áreas,
impedindo novas ocupações nesses lo-
Cabe ao município, portanto, adotar uma sé- cais (inciso V);
rie de medidas, tais como:
- Identificar, fiscalizar, por meio de visto-
• Implementação da política municipal de rias, as edificações e as áreas de risco, o
proteção e defesa civil (inciso I); que poderá resultar em intervenção, de
forma preventiva, assim como em eva-
• Coordenação dos órgãos integrantes do
cuação da população das áreas de alto
Sistema de Proteção e Defesa Civil, no
risco ou das edificações vulneráveis (in-
âmbito local, de forma articulada com o
ciso VII);
Estado e a União (inciso II);

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Adoção de medidas de prevenção e prepara- - promover a coleta, a distribuição e o verá internalizar o princípio da prevenção e órgãos municipais e estaduais de proteção e 4.1.1. Execução da Política A política municipal está baseada nos mesmos
ção para o desastre, como: controle de suprimentos em situações da precaução, bem como da informação, em defesa civil. princípios e diretrizes da política nacional, ou
no Âmbito Local
de desastre (inciso XII); todas as ações da Administração local. Para seja, tem como objetivo central reduzir os ris-
- organizar e administrar abrigos provi- • Fornecer dados e informações para o sis- A política de proteção e defesa civil é execu- cos de desastres. Como já mencionado neste
isso, deverá:
sórios para assistência à população em - proceder à avaliação de danos e prejuí- tema nacional de informações e monito- tada no plano local, pois é no território mu- Manual, a redução dos riscos é dever do Mu-
situação de desastre, em condições ade- zos das áreas atingidas por desastres • Estimular a reorganização do setor produ- ramento de desastres. nicipal que os desastres acontecem, cabendo nicípio, assim como da União e do Estado.
quadas de higiene e segurança (inciso (inciso XIV); tivo e a reestruturação econômica das áre- ao Poder Público local adotar medidas para a Não cabe, pois, ao administrador local decidir
VIII); as atingidas por desastres, ou seja, adotar, Trata-se de manter atualizados os dados do
prevenção, mitigação, preparação, resposta e pela conveniência, ou não, de adotar uma po-
- estimular a participação de entidades no âmbito de sua competência, as medi- Sistema Nacional de Informações e Monito-
recuperação, com o apoio das demais instân- lítica de proteção e defesa civil, já que é uma
- manter a população informada sobre privadas, clubes de serviços, organiza- ramento de Desastres, e, em especial, o Sis-
das de apoio e incentivo às atividades eco- cias governamentais. obrigação legal, tocando-lhe dotar o municí-
áreas de risco e ocorrência de eventos ções não governamentais, associações tema Integrado de Informações sobre Desas-
nômicas impactadas por desastres. pio das condições necessárias para tanto. Sob
extremos, bem como sobre protocolos de classe e comunitárias; promover o tres – S2ID, instituído pelo governo federal, Um aspecto relevante para a efetiva implemen-
pena de omissão, as medidas voltadas à redu-
de prevenção e alerta e sobre as ações treinamento de associações de volun- • Estabelecer medidas preventivas de segu- que não pode prescindir do fornecimento tação da política nacional de proteção e defesa
ção de riscos de desastres, enfeixadas numa
emergenciais em circunstâncias de de- tários para atuação conjunta com as co- rança contra desastres em escolas e hospi- de dados e informações atualizadas e perió- civil, é a existência de uma sólida base institucio-
política local, no âmbito da política nacional,
sastres (inciso IX); munidades (inciso XV); tais situados em áreas de risco. dicas voltadas à gestão dos riscos de desas- nal, de forma a promover a atuação coordenada
devem necessariamente ser adotadas.
tres. Cabe, portanto, ao município informar das três esferas de governo, além de estimular a
- mobilizar e capacitar os radioamadores - prover solução de moradia temporária Como essas medidas têm relação com o or- todos os eventos e os desastres ocorridos em participação de todos os atores relevantes para A formulação de uma política municipal de
para atuação na ocorrência de desastre às famílias atingidas por desastres (in- denamento territorial, competência do mu- seu território e não apenas nas ocasiões que a redução dos riscos de desastres. proteção e defesa civil, portanto, significa
(inciso X); ciso XVI). nicípio, cabe-lhe atentar para as condições de demandem o reconhecimento dos desastres, traduzir, no âmbito local, as diretrizes e es-
segurança contra desastre em relação à insta- pela União, de forma a se pleitear recursos. A política municipal de proteção e defesa ci-
- realizar regularmente exercícios simu- Além das competências supramencionadas, tratégias de atuação para a redução dos riscos
lação e funcionamento dos equipamentos de vil é a concretização, no plano local, das di-
lados, conforme Plano de Contingência deve-se relembrar que há competências co- de desastres; estabelecer os mecanismos de
educação e saúde em áreas vulneráveis. Maiores referências: ver Manual A Gestão de retrizes e normas da política nacional, ou
de Proteção e Defesa Civil (inciso XI); muns aos Municípios, aos Estados e União, inserção da redução de riscos de desastres no
Riscos de Desastres no Brasil. seja, consolida o comprometimento das au-
a saber: • Oferecer capacitação de recursos humanos planejamento territorial e urbano e na execu-
Atuação em situação de desastre, por meio toridades municipais, de forma a assegurar
para as ações de proteção e defesa civil. ção de projetos de infraestrutura; adotar os
das seguintes medidas: • Promover a cultura nacional de prevenção, a visão sistêmica e coordenada da Política de
instrumentos de proteção e defesa civil, como
visando à maior conscientização acerca A atuação dos órgãos municipais de proteção Proteção e Defesa Civil. Nesse sentido, a Lei
o plano de contingência, de redução de riscos
- declarar situação de emergência ou es- dos riscos de desastres e estimular com- Federal nº 12.608/2012 dispõe que cabe ao
e defesa civil é muito importante no que se de desastres, entre outros; definir os órgãos
tado de calamidade pública (inciso VI); portamentos de prevenção, para evitar ou refere à capacitação de recursos humanos, município “executar a política nacional em
responsáveis, e suas atribuições, pela imple-
minimizar a ocorrência de desastres. envolvendo todos os agentes de proteção e âmbito local”, além de “coordenar as ações
- manter a União e o Estado informados mentação das ações de proteção e defesa civil
defesa civil, sejam eles públicos ou privados. do SINPDEC no âmbito local, em articula-
sobre a ocorrência de desastres e as ati- (integrantes do Sistema Municipal de Prote-
O município deverá adotar medidas que Programas de capacitação de recursos hu- ção com a União e os Estados”.
vidades de proteção civil no Município ção e Defesa Civil); estabelecer as formas de
promovam a conscientização da população manos têm sido amplamente adotados em
(inciso XIV); acerca dos riscos de desastres, ou seja, de- numerosos municípios, sob o comando dos

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
articulação entre os órgãos setoriais do mu- 4.1.2. Inserção das Questões de • A política urbana e a gestão de riscos de volvimento e expansão urbana”. É o principal das as áreas de risco, as expostas a ameaças Nesse sentido, estabelece a Lei nº 12.608/12:
nicípio e destes com os das demais instâncias desastres instrumento do planejamento municipal, no e vulneráveis, o que possibilitará a adoção de
Redução de Riscos de Desastres no Art. 23.  É vedada a concessão de licença ou
governamentais, bem como com os demais qual são fixadas as diretrizes e normas gerais propostas de uso e ocupação do solo que pre-
atores relevantes para a redução de riscos no Planejamento Municipal Como já mencionado neste Manual (Item do uso e ocupação do solo no município. Suas vinam a ocorrência de desastres. alvará de construção em áreas de risco indica-

município – comunidade, sociedade civil or- 2.8. Política de Habitação de Interesse Social) determinações devem ser observadas por to- das como não edificáveis no plano diretor ou
A redução dos riscos de desastres é um tema
ganizada, entidades privadas, entidades de o Estatuto da Cidade – Lei Federal nº 10.257, dos os demais planos setoriais, já que cabe • A legislação urbanística e as áreas de risco legislação dele derivada.
transversal a ser considerado nas políticas de
acadêmicas e de pesquisa; adotar os mecanis- de 2001, trata das diretrizes gerais e dos ins- ao Plano Diretor determinar a “função social
meio ambiente, habitação, saneamento, edu- Não basta tratar da redução de riscos no Trata-se de norma de extrema importância
mos a serem utilizados para a conscientiza- trumentos da política urbana nacional, den- da cidade e da propriedade urbana”. Planos
cação, assistência social, saúde, e, em especial, âmbito do Plano Diretor. É essencial que a para a gestão de riscos de desastres nas áreas
ção e para a mobilização da sociedade, entre tre eles o Plano Diretor Municipal. Entre as setoriais como os de habitação de interesse
no que se refere ao ordenamento territorial, legislação municipal, como as leis de parcela- urbanas, já que veda a possibilidade de cons-
outros aspectos. diretrizes gerais, trata da ordenação e con- social, de saneamento, de resíduos sólidos,
já que a distribuição da população e ativida- mento do solo urbano, de uso e ocupação do trução em áreas de risco. Uma vez que tenha
trole do uso do solo, que deve evitar, entre de transportes e mobilidade, enfim, todas as
des econômicas no território municipal pode solo urbano, ou lei de zoneamento urbano, e sido verificada a vulnerabilidade de determi-
Trata-se de institucionalizar a proteção e outros, a “exposição da população a riscos de
gerar riscos, em função da vulnerabilidade de peças de planejamento que tragam consequ-
defesa civil, como uma política pública, tor- desastres” (artigo 2º, VI, h). o Código de Obras e Edificações estabeleçam nada área, ou seja, havendo risco de desas-
determinados locais. ências no ordenamento territorial e urbano
nando-a uma atividade perene, dotada de re- normas para reduzir os riscos de desastres e, tre, a Administração municipal, através do
do município devem observar suas diretrizes
conhecimento político, com objetivos claros, Portanto, no processo de ordenamento e con- em especial, determinem em que áreas a ocu- órgão responsável pela concessão de licença
Portanto, os órgãos de proteção e defesa civil e estratégias.
instrumentos de atuação e recursos adequa- trole do uso e ocupação do solo urbano, exi- pação é permitida ou não. de construção (Secretaria de Urbanismo, por
devem ter um maior protagonismo junto aos
dos à sua efetiva implementação, mediante a ge-se que seja evitada a exposição da popu- A Política Nacional de Proteção e Defesa Ci- exemplo) deverá negar a licença de constru-
órgãos de planejamento urbano, de habita- Nem sempre o disposto nos Planos Diretores
edição de lei municipal. lação, ou seja, reitera-se a necessidade de se vil corretamente alinhou-se ao Plano Diretor ção (e o respectivo alvará de construção). Essa
ção, saneamento, transportes, entre outros, é observado, pois a legislação urbanística, ne-
atuar para reduzir os riscos de desastres. Essa para alcançar dois de seus objetivos: “incor- prerrogativa decorre do fato de essas áreas
para garantir a não ocupação das áreas de cessária para sua implementação, não existe,
Alguns municípios já institucionalizaram a diretriz, considerada de ordem pública, deve porar a redução do risco de desastre e as ações serem consideradas não edificáveis, ou seja,
risco ou vulneráveis. O papel da proteção e está desatualizada ou em desacordo com o
política e o sistema de proteção e defesa civil ser necessariamente observada, sob pena de não são passiveis de ocupação, desde que o
defesa civil é contribuir nas ações de preven- de proteção e defesa civil entre os elementos
por meio de legislação municipal. sanções, conforme disposto no Estatuto da disposto no referido Plano Diretor. Portan- Plano Diretor ou a correspondente legislação
ção e mitigação, a cargo de outros órgãos da da gestão territorial e do planejamento das
Cidade. Essa exigência deve ser cumprida por to, é fundamental que as leis urbanísticas se- urbanística assim tenha determinado.
Prefeitura, e não apenas atuar nas ações de políticas setoriais” e “estimular o ordenamen-
todos os municípios, independentemente de jam atualizadas, e reflitam a real situação de
preparação e resposta. to da ocupação do solo urbano e rural, ten-
estarem ou não incluídos no Cadastro Nacio- uso e ocupação do solo no município. Cabe Portanto, é fundamental que o município
do em vista sua conservação e a proteção da
nal de municípios com áreas de risco de des- a essa legislação determinar onde e em que tenha um Plano Diretor atualizado, no qual
Nesse sentido, a Lei nº 12.608/12 estabele- vegetação nativa, dos recursos hídricos e da
lizamentos, inundações ou outros processos condições é possível edificar. Portanto, as constem as áreas de risco (com base no ma-
ce uma série de diretrizes e normas, a seguir vida humana” (Lei 12.608/12, Art. 5o, inci-
geológicos ou hidrológicos correlatos. áreas vulneráveis, sujeitas a inundações, a peamento e nas cartas geotécnicas de aptidão
analisadas. sos IV e X).
deslizamentos ou a outros tipos de ameaças, à urbanização), assim como leis de uso e ocu-
Entre os instrumentos de política urbana e de Nesse sentido, os órgãos de proteção e defesa devem ser consideradas como não edificáveis pação do solo urbano, na qual estejam indi-
ordenamento territorial, o Estatuto da Cidade civil têm um importante papel na formulação nas leis de uso e ocupação do solo. cadas, com clareza, as áreas vulneráveis e de
dispõe sobre o Plano Diretor, definido como do planejamento territorial e urbano do mu- risco, caracterizando-as como não edificáveis.
o “instrumento básico da política de desen- nicípio, de forma que possam ser determina-

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
A Lei nº 12.608/12 alterou a redação da lei gência adicional, ou seja, a apresentação 4.1.3. Gerenciamento A Lei nº 12.608/12 menciona, também, a 4.1.4. Adoção de Medidas 4.1.5. Atuação em Situações
de parcelamento do solo urbano, que tra- de projeto de parcelamento, à Prefeitura, competência do município para reconhecer,
das Áreas de Risco de Preparação para os Desastres de Desastre
ta do loteamento e do desmembramento, Lei observados os requisitos mencionados na mediante vistoria técnica (uma forma de pro-
Federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979 carta geotécnica de aptidão à urbanização. • O gerenciamento das áreas de risco exis- mover a fiscalização), riscos iminentes, de alto As medidas de preparação para o desastre são Na ocorrência de um desastre, cabe ao mu-
(artigo 12). Duas determinações importantes tentes no território municipal deve ser grau de periculosidade em edificações, com- as diretamente afetas à atuação direta ou às nicípio (ou ao Estado, dependendo do porte
devem ser observadas em relação à aprovação Com essa providência, assegura-se que a Ad- feito por meio de: prometendo a segurança e a saúde dos ocu- atividades de coordenação realizadas pelos e da abrangência do desastre), declarar a si-
de loteamentos e desmembramentos: ministração municipal estará amparada em pantes. Esse fato justifica a adoção de medidas órgãos de proteção e defesa civil. O rol de ati- tuação de emergência ou o estado de calami-
critérios técnicos, constantes da carta geotéc- • Identificação e mapeamento dessas áreas vidades demandadas na preparação para os dade pública, tema tratado no item 1.7 deste
emergenciais, como a interdição do local e das
• Em todos os municípios, é vedada a nica, para aprovar novas ocupações urbanas, edificações vulneráveis, assim como a remoção desastres exige a participação de demais ór- Manual.
• Fiscalização do uso e da ocupação dessas
aprovação de projeto de loteamento e evitando, assim, a criação de áreas de risco de preventiva da população desses locais. gãos, o que será previsto no Plano de Contin-
áreas, impedindo novas ocupações nesses Na ocorrência de desastre, o município deve
desmembramento em áreas de risco, desastres. gência e objeto de exercícios simulados, para
locais manter informados a União e o Estado sobre
definidas como não edificáveis, no Plano A fiscalização do uso e ocupação do solo deve verificar o grau de preparação do município
Diretor ou em legislação dele derivada. Cabe mencionar a importância, além das leis ser exercida pelos agentes municipais, de a situação e providências tomadas, por meio
• Fiscalização, por meio de vistorias, das em caso de desastre.
urbanísticas, do Código de Obras e Edifica- acordo com as atribuições de cada órgão. do Sistema Integrado de Informações sobre
edificações e das áreas de risco, o que po-
Esta norma complementa a que veda a apro- ções, contendo normas e requisitos que ga- Como cabe à proteção e defesa civil tratar, A administração dessas atividades requer Desastres – S2ID.
derá resultar em intervenção, de forma
vação de edificações em áreas de risco (aci- rantam construções resilientes, capazes de preponderantemente, das questões relativas protocolos com definição clara das atribui-
preventiva, assim como em evacuação da Para maiores informações, consultar o Manu-
ma mencionada), pois também é proibida a fazer face às ameaças e riscos de desastres. à gestão dos riscos de desastres, a fiscalização ções de cada órgão ou entidade
população das áreas de alto risco ou das al Entendendo a Gestão de Riscos de Desas-
aprovação de loteamento ou desmembra- O projeto técnico a ser observado, a qualidade deve contar com a participação de agente de
edificações vulneráveis Para maiores informações, consultar o Manu- tres no Brasil.
mento de imóveis situados em áreas de risco, dos materiais utilizados e demais exigências proteção e defesa civil.
consideradas como não edificáveis. para edificações e obras mais seguras devem al A Gestão de Riscos de Desastres no Brasil.
Cabe ao município identificar e mapear as Outras ações de competência do municí-
constar do Código de Obras e Edificações do áreas de risco que deverão constar do Plano Recomenda-se que cada município, ao tratar
Em suma, o fato de uma área ser considera- A participação da sociedade e dos atores rele- pio, necessárias à prestação de socorro e de
município, como importante medida para a Diretor e da legislação urbanística municipal, das atribuições dos órgãos locais do sistema
da como de risco pelo Plano Diretor ou pela vantes para a preparação para os desastres é atendimentos às necessidades da população,
redução dos riscos de desastres. com o apoio da União e do Estado. As áreas de proteção e defesa civil, especifique a quem
legislação municipal traz como consequência também uma importante ação a ser promovi- são a coleta, distribuição e controle de supri-
de risco devem ser fiscalizadas para evitar cabe as atribuições de fiscalização das áreas
a impossibilidade de a Administração muni- da pelo município, envolvendo as entidades mentos, a provisão de moradia temporária às
A existência de legislação urbanística e ocupações indevidas. A fiscalização somen- de risco de desastres, observado o disposto
cipal aprovar qualquer loteamento, desmem- privadas, organizações não governamentais, famílias desalojadas. A avaliação dos prejuí-
edilícia atualizada é essencial para que a te será efetiva se houver determinação le- na Lei nº 12.608/2012.
bramento ou construções. Essas áreas não associações de classe e comunitárias, e vo- zos e danos causados no território municipal
Administração municipal exerça o controle e gal que a ampare. Trata-se do exercício do
são passíveis de serem ocupadas. luntários. Através de ações de capacitação também se inclui na competência municipal.
a fiscalização da ocupação do solo urbano. poder de polícia do município, cabendo à fis- e treinamento, a comunidade poderá contar
• Nos municípios inseridos no Cadastro calização atestar o cumprimento das normas com o apoio de uma ampla gama de pessoas
Nacional, a aprovação de loteamentos e urbanísticas e edilícias. preparadas para prestar apoio em caso de de-
desmembramentos, em áreas passíveis de sastres.
serem ocupadas, dependerá de uma exi-

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
4.2. Gestão dos Riscos de 4.2.1. Exigências para Nacional de Municípios com áreas suscetíveis à As cartas geotécnicas estabelecem diretrizes • Criar mecanismos de controle e fiscalização • Observar critérios para a remoção de popu-
ocorrência de deslizamentos de grande impacto, urbanísticas voltadas para a segurança dos lação de áreas de risco de desastre
Desastres em Municípios os Municípios Integrantes Os mecanismos de controle e a fiscalização da
inundações bruscas ou processos geológicos ou hi- novos parcelamentos do solo urbano e para
Incluídos no Cadastro Nacional do Cadastro Nacional drológicos correlatos”. o aproveitamento de agregados para a cons- ocupação das áreas de risco, com o objetivo A remoção de população, quando necessária,

trução civil. de evitar novas edificações em áreas suscetí- deverá observar alguns critérios:
O Cadastro Nacional de municípios com áre- Os Municípios integrantes do Cadastro Na-
A elaboração do Plano Diretor nesses municí- veis à ocorrência de deslizamentos de grande
as suscetíveis à ocorrência de deslizamentos cional podem contar com o apoio da União e • Realizar vistoria no local e elaboração de
pios deverá levar em consideração o plano de A elaboração do mapeamento e das cartas ge- impacto, inundações bruscas ou processos
de grande impacto, inundações bruscas ou dos Estados para o cumprimento das exigên- laudo técnico que demonstre os riscos da
recursos hídricos, de acordo com o disposto otécnicas são pressupostos para a indicação geológicos ou hidrológicos correlatos, são
processos geológicos ou hidrológicos correla- cias estabelecidas, a seguir descritas: ocupação para a integridade física dos
na legislação nacional de recursos hídricos. O das áreas de risco, e para o estabelecimento de uma exigência legal. Os órgãos de proteção e
tos foi instituído pela Lei nº 12.608/12, que ocupantes ou de terceiros
• Instituir órgãos municipais de defesa civil, conteúdo do Plano Diretor para esses municí- diretrizes e normas urbanísticas necessárias à defesa civil devem atuar em conjunto com os
alterou a Lei nº 12.340, de 2010.
de acordo com os procedimentos estabele- pios observará determinações legais, confor- adequada ocupação do território municipal. órgãos municipais responsáveis pelo ordena-
• Notificar a remoção aos ocupantes, acom-
A inscrição no Cadastro é feita por iniciativa cidos pelo órgão central do Sistema Nacio- me mencionado no item 4.2.2. Conteúdo do mento territorial e urbano.
• Elaborar o Plano de Implantação de panhada de cópia do laudo técnico e,
do Município ou mediante indicação dos de- nal de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC Plano Diretor.
Obras e Serviços para a redução de riscos Trata-se de monitorar a ocupação dessas áre- quando for o caso, de informações sobre
mais entes federados. as alternativas oferecidas pelo Poder Pú-
Trata-se de dotar o município de condições, • Elaborar o Plano de Contingência de Pro- de desastre as sob risco de desastres, com o apoio dos
teção e Defesa Civil. Estados. O governo federal tem a responsabi- blico para assegurar seu direito à mora-
Aos municípios incluídos no Cadastro Nacio- do ponto de vista administrativo, para de-
Por se tratar de municípios onde, reconheci- lidade de publicar, periodicamente, informa- dia.  Na hipótese de remoção de edifica-
nal é dado tratamento específico, em função sempenhar as atividades ligadas à gestão de
O Plano de Contingência de Proteção e Defesa damente, há áreas vulneráveis, que deman- ções, deverão ser adotadas medidas que
das características dos desastres a que estão riscos de desastres exigidas pela legislação, ções sobre a evolução dessas ocupações nos
Civil será elaborado no prazo de 1 (um) ano, dam a adoção de medidas de prevenção e de impeçam a reocupação da área.
sujeitos. Isso configura, na realidade, uma pelo fato de integrar o Cadastro Nacional. Na municípios integrantes do Cadastro Nacional
sendo submetido à avaliação e à prestação de mitigação dos riscos de desastres, o Plano de
estratégia de ação da política nacional, uma realidade, todos os municípios devem contar (Lei no 12.340, Art. 3-A, § 4º, com a redação
contas anual, por meio de audiência pública, Implantação de Obras e Serviços deve cuidar Os programas habitacionais da União, dos
forma de enfeixar um rol de ações a serem com órgãos de proteção e defesa civil, mas, dada pelo art. 22 da Lei no 12.608 de 2012).
com ampla divulgação (Lei no 12.340, Art. da melhoria da infraestrutura necessária para Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
adotadas no caso de desastres geohidromete- no caso em questão, essa exigência é reitera- devem priorizar a relocação de comunidades
3-A, § 6º, com a redação dada pelo art. 22 da combater a vulnerabilidade dessas áreas. Confirmando a importância atribuída pela
orológicos. da pela lei nacional de proteção e defesa civil, atingidas e de moradores de áreas de risco.
Lei no 12.608, de 2012). política nacional de proteção e defesa civil ao
Lei nº 12.608/12.
Essas medidas compreendem exigências em controle dessas áreas, as referidas informa-
• Elaborar o mapeamento e a carta geotéc- Fica a União autorizada a conceder incentivo
relação à gestão dos riscos de desastres, co- • Elaborar o Plano Diretor ções serão encaminhadas, para conhecimen-
nica de aptidão à urbanização ao Município que adotar medidas voltadas ao
nhecimento dos riscos, medidas especificas to e providências, aos Poderes Executivo e
aumento da oferta de terra urbanizada para
A lei nacional de proteção e defesa civil deu Legislativo dos respectivos Estados e Muni-
de prevenção e mitigação, atuação integrada O mapeamento deve conter as áreas suscetí- utilização em habitação de interesse social.
nova redação ao artigo 41 do Estatuto da Ci- cípios e ao Ministério Público.
das três instâncias governamentais, medidas veis à ocorrência de deslizamentos de grande Esse incentivo inclui a transferência de recur-
dade, acrescentando, ao rol dos municípios
de monitoramento e condicionantes para a impacto, inundações bruscas ou processos sos para a aquisição de terrenos destinados
que, originalmente, eram obrigados a ela-
elaboração do Plano Diretor Municipal e para geológicos ou hidrológicos correlatos. a programas de habitação de interesse social.
borar ou revisar o Plano Diretor, no prazo
a aprovação de parcelamento do solo urbano
máximo de 5 anos, os “incluídos no Cadastro

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
4.2.2. Conteúdo do Plano Diretor • Proposta de ações de intervenção preven- • Diretrizes para a regularização fundiária 4.2.3. Articulação Intermunicipal
A AZONASUL - Associação de Municípios da Região Sul, associação existente há 60 anos, reúne
tiva e a realocação de população de áreas de assentamentos urbanos irregulares;
O Plano Diretor para os municípios integran- para a Gestão de Riscos 23 municípios do Estado do Rio Grande do Sul, incluindo o Município de Rio Grande. Como re-
de risco de desastre
tes do Cadastro Nacional deverá conter: Como cabe ao Plano Diretor promover a de Desastres sultado da conferência municipal de proteção e defesa civil, a Associação decidiu por uma atuação

Equivale à formulação de estratégias, progra- função social da propriedade e da cidade, as de apoio mútuo no que se refere às atividades de defesa civil. Mediante a constatação de que os
• Parâmetros de parcelamento, uso e ocupa- Com frequência, os desastres ultrapassam
mas de ação e previsão de áreas seguras para diretrizes e ações voltadas à regularização municípios da região se encontravam em diferentes estágios de implementação das ações de defe-
ção do solo urbano; os limites do território municipal, o que exi-
fundiária, quando for o caso, são importan- sa civil, o colegiado desses municípios definiu o apoio mútuo em 3 eixos principais: a) diagnóstico
reassentamento de população vivendo em
ge atuação articulada entre os municípios
tes para solucionar questões ligadas à posse da situação dos municípios, com levantamento dos principais riscos; b) medidas mitigatórias; c)
O Plano Diretor deverá conter orientações áreas de risco, quando necessário, ou para
afetados. Diversas formas de articulação
e propriedade em assentamentos irregulares, criação dos núcleos de apoio às emergências.
gerais sobre o parcelamento, uso e ocupação melhorias nas áreas vulneráveis, de forma a intermunicipal são possíveis, a exemplo de
mitigar ou prevenir a ocorrência de desastres. geralmente os mais expostos aos riscos e vul-
do solo urbano, para subsidiar o estabeleci- associações ou consórcios de municípios, es- Outro exemplo bem-sucedido é o da Oficina Regional Permanente de Proteção e Defesa Civil
É importante o conhecimento sobre os tipos neráveis.
mento de parâmetros e índices urbanísticos tabelecimento de microrregiões homogêneas do Vale do Paranhana, Região das Hortênsias e Alto Sinos, que teve início em 2009, quando da
pelas leis de parcelamento do solo urbano, de de riscos de desastres existentes no municí- ou agrupamento em torno de uma microba- realização da Conferência Municipal de Defesa Civil, em Taquara, o primeiro município brasileiro
• Previsão de áreas para habitação de inte-
uso e ocupação do solo urbano, ou lei de zo- pio, para que o Plano Diretor proponha me- cia hidrográfica. a realizá-la. A partir de então, foram realizadas Oficinas de Planejamento e Diagnóstico quinze-
resse social por meio da demarcação de
neamento urbano. didas adequadas a lidar com suas característi- nais, encontros regionais anuais, trocas de experiências entre os operadores de defesa civil dos 8
Zonas Especiais de Interesse Social e de
cas. É relevante a participação dos órgãos de Têm sido observados inúmeros arranjos ins-
outros instrumentos de política urbana. municípios participantes - Taquara, Parobé, Igrejinha, Três Coroas, São Francisco de Paula, Cará,
• Mapeamento com as áreas suscetíveis à proteção e defesa civil no processo de elabo- titucionais entre municípios para a gestão
Riozinho e Rolante. Em 2012 foi publicada a Política Regional de Proteção e Defesa Civil, docu-
ocorrência de deslizamentos de grande ração das propostas do Plano Diretor. Cabe ao Plano Diretor oferecer alternativas dos riscos de desastres, com o estabelecimen-
mento que consolida as diretrizes e orientações adotadas pelos referidos municípios.
impacto, inundações bruscas ou proces- mais seguras para a localização da população to de programas que definem diretrizes, es-
sos geológicos ou hidrológicos correlatos; • Indicação de medidas de drenagem urbana em áreas de risco, por meio da demarcação tratégias, prioridades e ações comuns para a
necessárias à prevenção e à mitigação de Zonas Especiais de Interesse Social, ou de ou- atuação integrada dos municípios envolvidos.
O mapeamento de áreas de risco é essencial impactos de desastres; Podem ser citados os exemplos da Associação
tros instrumentos previstos no Estatuto da
para o conhecimento das áreas vulneráveis de Municípios da Região Sul- AZONASUL e
Cidade para maior oferta de habitações em
do território municipal, de forma a orientar Como uma das principais causas de enchen- da Política Regional do Vale do Paranhana, Re-
áreas seguras.
a proposta de ordenamento territorial do tes nas áreas urbanas é a inexistência ou insu- gião das Hortênsias e Alto Sinos”, no Rio Gran-
município e de suas áreas urbanas. O mape- ficiência da drenagem, o Plano Diretor poderá de do Sul.
amento é essencial para a indicação das áre- estabelecer ações, programas e projetos para
as não edificáveis, em função dos riscos de viabilizar obras de drenagem urbana. A con-
desastres, e demais providências para impe- tribuição da proteção e defesa civil às propos-
dir sua ocupação ou prevenir riscos futuros. tas do Plano Diretor, em relação à drenagem
Esse mapeamento deverá levar em conta urbana, pode ser na determinação das áreas
as cartas geotécnicas de aptidão à urbani- com prioridade de atendimento, em função
zação. dos riscos de desastres.

108 109

Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
SINPDEC
5
O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC

A Lei nº 12.608/12 trata do Sistema Nacional Parágrafo único. O Sistema Nacional de Pro- cípios e diretrizes dessa política, através de
de Proteção e Defesa Civil, em termos de sua teção e Defesa Civil tem por finalidade contri- programas, projetos e ações.
composição e finalidade, segundo o disposto buir para o processo de planejamento, articu-
no artigo 10: lação, coordenação e execução dos programas, Pelo fato de a política de proteção e defe-

projetos e ações de proteção e defesa civil. sa civil envolver uma pluralidade de atores,
Art. 10. O Sistema Nacional de Proteção e De- órgãos e entidades, tanto do setor público
fesa Civil é constituído pelos órgãos e entidades Segundo a Lei nº 12.608/12, à União cabe como privado, além de demandar a participa-
da Administração pública federal, dos Estados, coordenar o Sistema Nacional de Proteção e ção social e comunitária, requer a adoção de
do Distrito Federal e dos Municípios e pelas en- Defesa Civil, em articulação com os Estados, uma estrutura de gestão capaz de promover
tidades públicas e privadas de atuação signifi- Distrito Federal e Municípios (artigo 6º, II); a integração, a articulação e a coordenação
cativa na área de proteção e defesa civil. aos Estados cabe coordenar as ações do SINP- das atividades voltadas à redução dos riscos
DEC em articulação com a União e os Muni- de desastres e a garantir adequada resposta e
cípios (artigo 7º, II) e aos Municípios cabe recuperação no pós-desastre.
coordenar as ações do SINPDEC no âmbito
local, em articulação com a União e os Esta- A atuação coordenada e integrada dos vários

dos (artigo 8º, II). agentes de proteção e defesa civil, no âmbito


do Sistema, faz-se necessária tanto no de-
O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci- correr do processo de planejamento como na
vil é o arranjo organizacional que dá suporte execução e avaliação dos programas, projetos
à implementação da política nacional de pro- e ações de proteção e defesa civil.
teção e defesa civil e traduz em ação os prin-

113

A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Ao estabelecer que o Sistema Nacional é 5.1. Princípios e Objetivos do ma em seu âmbito de atuação, de forma arti- recortes espaciais que se façam necessários Deve-se mencionar, ademais, a importân- Entre os objetivos do Sistema Nacional de
composto por órgãos e entidades da Admi- culada com as demais esferas de governo. nas distintas regiões do País. Descentralizar cia da participação de todos os integrantes Proteção e Defesa Civil podem ser citados os
Sistema Nacional de Proteção e
nistração federal, estadual e municipal, há o é redistribuir poder e responsabilidades en- do SINPDEC na formulação das diretrizes seguintes:
pressuposto de que os referidos órgãos serão Defesa Civil É importante ressaltar que o Sistema Nacio- tre os três níveis de governo. Ao se tratar da e estratégias da política de proteção e defe-
criados, em todas as instâncias governamen- nal de Proteção e Defesa Civil rege-se pelo descentralização, faz-se necessário pensar sa civil, que se observa através da realização a) Promover a articulação, a modernização e
Os princípios a serem observados pelo Siste-
tais, sob pena de não se viabilizar seu efeti- princípio da unicidade, assim como se ob- na regionalização, cujo objetivo é promover de Conferências Nacionais, com a expressiva sua permanente atualização, em todo o ter-
ma Nacional de Proteção e Defesa Civil são os
vo funcionamento, tal como concebido esse serva em outros sistemas, como o Sistema o funcionamento mais eficiente e a distribui- mobilização da população, atestando o prin- ritório nacional e nos três níveis de governo;
mesmos estabelecidos para a política nacional,
Sistema. Isto significa que os Estados e Mu- Único de Saúde, ou seja, atribui-se a um úni- ção mais racional dos recursos entre as regi- cípio da participação social como norteador
já apresentados no item 2.4.1 deste Manual, b) Difundir técnicas de planejamento e de
nicípios deverão, necessariamente, tomar co Sistema a responsabilidade pelo planeja- ões, de acordo com as características inter e do SINPDEC.
em especial os da informação, participação so- gestão de riscos de desastres e de gestão de
as medidas para a instituição dos órgãos de mento, articulação, coordenação e gestão das intraregionais.
cial, coordenação e articulação, subsidiarieda- desastres;
proteção e defesa civil. atividades de proteção e defesa civil, em todo As Conferências Nacionais são o ponto cul-
de, aos quais se soma o da unicidade. A atuação descentralizada prioriza o protago- minante de um processo de ampla consulta e
o território nacional. A noção de unicidade c) Difundir normas e procedimentos relacio-
O efetivo funcionamento do Sistema Nacio- significa, ademais, que todos os integrantes nismo das instituições locais, assim como a participação das bases, mediante a realização
De especial importância é o princípio da nados com a redução dos desastres e com a
nal de Proteção e Defesa Civil depende da do Sistema devem seguir os mesmos princí- importância da participação da comunidade, de conferências municipais, intermunicipais,
coordenação, pois o Sistema Nacional foi garantia da segurança global da população;
atuação permanente dos órgãos que o cons- pios e diretrizes, observar a mesma doutrina no que se refere à gestão de riscos de desastres. estaduais, livres e virtual. Nas etapas muni-
legalmente concebido como um conjunto
tituem, ou seja, os órgãos municipais e e a mesma forma de organização. Nesse sentido, o Sistema Nacional deve estimu- cipal e estadual são eleitos delegados para a d) Contribuir para o reaparelhamento, a mo-
de órgãos multissetoriais, de natureza sistê-
estaduais devem ser perenes, atuantes o lar a criação e o fortalecimento de órgãos muni- etapa nacional, o que proporciona a integra- dernização e a interiorização de órgãos seto-
tempo todo, e não apenas nas circunstâncias mica, cuja atuação se dá a partir do conceito O Sistema de Proteção e Defesa Civil, portan- cipais de proteção e defesa civil, em todo o País, ção de pessoas que desempenham funções riais, responsáveis pelo desenvolvimento de
de desastre, já que as atividades de preven- matricial, com dinâmica vertical e horizontal, to é um sistema único, cabendo-lhe promo- devido à importância da atuação integrada com distintas na área da Defesa Civil. Destaque- ações relacionadas com a minimização de de-
ção, mitigação são tão relevantes quanto às determinando atribuições e responsabilida- ver a defesa permanente contra os desastres as instituições locais. De igual sorte, os Nú- -se que é facultada a participação de todo e sastres e com o restabelecimento da situação
desenvolvidas em situações de emergência. des para possibilitar um funcionamento co- e garantir a segurança global da população cleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil qualquer cidadão. de normalidade, com prioridade para os ór-
É o que determina a Lei nº 12.608/12: ordenado, articulado e integrado. contra desastres, mesmo que atue de forma têm por objetivo garantir uma reação articulada gãos especializados no controle e no combate
descentralizada. Nesse sentido, em que pese e oportuna das administrações locais, em cir- Da 2ª. Conferência Nacional, realizada em de sinistros;
Art. 5º São objetivos da Política Nacional de Segundo a teoria dos sistemas, tão importan-
a denominação de sistemas estaduais ou mu- cunstâncias de desastres, assim como a elabora- 2014, participaram 2.292 municípios; foram
Proteção e Defesa Civil: te quanto os órgãos que o compõem são as e) Contribuir para a implementação dos pro-
nicipais de proteção e defesa civil, trata-se, ção de um minucioso planejamento preventivo. realizadas 460 Conferências Municipais e In-
relações estabelecidas entre seus componen- gramas e projetos constantes da política na-
na realidade de um mesmo Sistema, cujo co- termunicipais, com participação de mais de
V - promover a continuidade das ações de pro- tes, característica que revela a importância da Cabe, finalmente, mencionar o papel dos
mando foi atribuído à União. 31.500 pessoas, assim como 25 Conferên- cional de proteção e defesa civil em todo o
teção e defesa civil.   articulação intersetorial do Sistema Nacional Conselhos de Proteção e Defesa Civil, impor- cias Estaduais e 18 Conferências Livres. A 1ª. território nacional;
de Proteção e Defesa Civil. É imprescindível Para que se assegure um bom funcionamento tantes para promover os objetivos gerais do Conferência Virtual de Proteção e Defesa Ci-
uma boa articulação entre os órgãos de um do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci- Sistema Nacional, em especial no que tange f) Promover o desenvolvimento de órgãos
vil contou com 415 participantes, e 1639 pes-
mesmo nível e entre os diferentes níveis de vil, sua atuação é descentralizada, mediante a à participação da sociedade civil e demais técnicos dotados de equipes capacitadas e al-
soas estiveram presentes na Etapa Nacional.
governo. Nesse sentido, cabe a cada esfera atores relevantes para a gestão de riscos de tamente motivadas;
instituição de sistemas nos níveis estadual e
governamental coordenar as ações do Siste- municipal, e regionalizada, de acordo com os desastres.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
g) Promover o aperfeiçoamento, a constante atu- A articulação horizontal trata das relações 5.2. Os Integrantes do Sistema a) Órgão Consultivo - Conselho Nacional centes, gestantes, idosos e pessoas com Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil.
alização e a difusão da doutrina de defesa civil. no mesmo nível de governo, estão sob um co- de Proteção e Defesa Civil – CONPDEC necessidades especiais.
Nacional de Proteção O Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos
mando central único e se baseiam nas com-
  Para atingir seus objetivos, o Sistema Nacio- petências e responsabilidades de cada órgão, e Defesa Civil O Conselho Nacional de Proteção e Defesa b) Órgão Central – Secretaria Nacional de e Desastres – CENAD é órgão integrante da Se-
nal de Proteção e Defesa Civil articula-se no assim como em procedimentos formalmente Civil, vinculado ao Ministério da Integração Proteção e Defesa Civil cretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.
Os integrantes do Sistema Nacional de Prote-
sentido vertical e no sentido horizontal. definidos, estabelecidos por lei. Nacional, tem sua composição e funciona-
ção e Defesa Civil são os seguintes: O Ministério da Integração Nacional, órgão O Ministério da Integração Nacional conta,
mento regulamentados por Decreto. Segun-
Entende-se por articulação vertical a esta- da Administração federal direta, desempenha ainda, em sua estrutura, com o Conselho Na-
a) Órgão Consultivo: Conselho Nacional de do a Lei nº 12.608/12, o Conselho deve ter
belecida entre diferentes níveis governamen- um amplo rol de atividades, direta e indireta- cional de Proteção e Defesa Civil, órgão cole-
Proteção e Defesa Civil -CONPDEC; representantes da União, dos Estados, do
tais. Deve ser orientada pelos princípios e O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci- mente ligadas à proteção e defesa civil. giado, considerado como o órgão consultivo
Distrito Federal, dos Municípios e da socie-
diretrizes da política nacional e possibilitar vil articula-se externamente, com: b) Órgão Central Federal: Ministério da Inte- do Sistema Nacional de Proteção e Defesa
dade civil organizada, incluindo-se represen- É o que dispõe o artigo 1º do Decreto nº 8.
a otimização dos recursos disponíveis com gração Nacional, representado pela Secretaria Civil- SINPDEC.
• Organizações internacionais, relacionadas tantes das comunidades atingidas por desas- 980, de 1º de fevereiro de 2017, a saber: VIII-
vistas à obtenção de melhores resultados na Nacional de Proteção e Defesa Civil
com a redução de desastres e com a moni- tre, e por especialistas de notório saber. proteção e defesa civil; IX- obras contra as se- São autarquias, vinculadas ao Ministério, a
gestão de riscos de desastres.
torização global de fenômenos adversos e c) Órgãos Regionais, Estaduais, do Distrito cas e de infraestrutura hídrica; X- formulação Superintendência do Desenvolvimento da
De caráter consultivo, cabe ao Conselho
As relações derivadas da articulação vertical, pela previsão de desastres; Federal e Municipais de Proteção e Defesa e condução da política nacional de irrigação; Amazônia - SUDAM; a Superintendência do
Nacional:
a exemplo do que ocorre com os órgãos se- Civil XI- ordenação territorial Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE;
toriais, são regidas pelos instrumentos e prá- • Sistemas de proteção e defesa civil de ou- a Superintendência do Desenvolvimento do
• Auxiliar a formulação e implementação do
ticas tradicionais da Administração Pública, tros países; d) Órgãos Setoriais dos 3 (três) âmbitos de Integram a estrutura organizacional do Mi- Centro-Oeste – SUDECO; o Departamento
Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil;
como os protocolos, os acordos de coopera- governo. nistério da Integração Nacional a Secreta- Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS.
• Organizações não-governamentais - ONGs,
ção e os convênios ou, ainda, pela instituição ria Nacional de Proteção e Defesa Civil- A Companhia de Desenvolvimento dos Vales
• Propor normas para a implementação da
relacionadas com a redução de riscos de O Sistema pode contar com voluntários, con-
de mecanismos de articulação, a exemplo SEDEC, a de Desenvolvimento Regional, a de do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF
Política Nacional de Proteção e Defesa Civil;
desastres; forme determina o parágrafo único do Art.
da participação em fóruns colegiados, como Infraestrutura Hídrica, a de Irrigação e a de tem a natureza de empresa pública, também
11 da Lei nº 12.608/12: • Estabelecer procedimentos para imple- Fundos Regionais e Incentivos Fiscais.
conselhos, comitês, entre outros. • Clubes de serviço e organizações comuni- vinculada ao Ministério da Integração Nacional.
tárias; mentação e monitoramento da Política
Parágrafo único. Poderão participar do SINP- Cabe à Secretaria Nacional de Proteção e De-
Nacional de Proteção e Defesa Civil; À SEDEC é atribuído um papel central em re-
DEC as organizações comunitárias de caráter fesa Civil “ coordenar o Sistema Nacional de
• Instituições de ensino, pesquisa e extensão; lação ao Sistema Nacional de Proteção e De-
voluntário ou outras entidades com atuação • Acompanhar o cumprimento das disposi- Proteção e Defesa Civil, em articulação com os fesa Civil, cabendo-lhe, nos termos do artigo
• Agências financiadoras de projetos, nacio- significativa nas ações locais de proteção e de- ções legais e regulamentares de proteção Estados, o Distrito Federal e os Municípios”, 13 do Decreto nº 8980, de 02 de fevereiro de
nais, internacionais e estrangeiras. fesa civil. de acordo com o disposto no artigo 13, inciso
e defesa civil; 2017, as atribuições abaixo mencionadas.
II, do Decreto nº 8980, de 1º de fevereiro de
Propor procedimentos para atendimento 2017, que aprova a estrutura regimental do
de grupos específicos, em situações de Ministério da Integração Nacional. Portanto,
desastres, a exemplo das crianças, adoles- a SEDEC tem a função de órgão central do

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Figura 3. Organograma da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil - SEDEC
Atribuições da secretaria nacional de proteçao e defesa civil

I – Formular, orientar e conduzir a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC;


SEDEC - ORGANOGRAMA

II - Coordenar o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

SECRETARIA NACIONAL DE
III - Participar da formulação da Política Nacional de Desenvolvimento Regional; PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

IV - Promover o planejamento das ações de proteção e defesa civil e sua aplicação por meio de planos diretores, preventivos, de contingência, de ope-
SERVIÇO DE APOIO COORDENAÇÃO DE
ração e plurianuais; ADMINISTRATIVO ADMINISTRAÇÃO E
E PROTOCOLO ASSESSORAMENTO

V - Estabelecer estratégias e diretrizes para orientar as ações de prevenção e redução de desastres;

VI - Promover a capacitação e o treinamento de recursos humanos para ações de prevenção e redução de desastres;

CENTRO NACIONAL DE DEPARTAMENTO DEPARTAMENTO DEPARTAMENTO DE DEPARTAMENTO DE


VII - Coordenar e promover, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a realização de ações conjuntas dos órgãos integrantes GERENCIAMENTO DE DE ARTICULAÇÃO DE PREVENÇÃO REABILITAÇÃO E DE OPERAÇÕES DE
RISCOS E DESASTRES E GESTÃO E PREPARAÇÃO RECONSTRUÇÃO SOCORRO EM DESASTRES
do SINPDEC;

VIII – Promover e orientar, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a organização e a implementação de órgãos de proteção
e defesa civil; COORDENAÇÃO-GERAL COORDENAÇÃO-GERAL COORDENAÇÃO-GERAL COORDENAÇÃO-GERAL COORDENAÇÃO-GERAL
DE MONITORAMENTO DE ARTICULAÇÃO DE PREVENÇÃO E DE REABILITAÇÃO E DE OPERAÇÕES
E OPERAÇÃO E GESTÃO PREPARAÇÃO DE RECONSTRUÇÃO DE SOCORRO
IX - Instruir processos para o reconhecimento, pelo Ministro de Estado, de situação de emergência e de estado de calamidade pública;
Fonte: Adaptado do Decreto nº 8980/2017.
X - Operacionalizar o CENAD;

XI - Manter equipe técnica multidisciplinar, mobilizável a qualquer tempo para atuar nas ações de proteção e defesa civil;

XII - Promover o intercâmbio técnico entre organismos governamentais internacionais de proteção e defesa civil e participar como membro represen-
tante da Proteção e Defesa Civil brasileira;

XIII - Exercer as atividades de Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC;

XIV - Presidir o Conselho Diretor do Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil – Funcap;

XV- Coordenar os projetos de cooperação técnica celebrados com organismos internacionais em sua área de atuação.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
c) Órgãos Regionais, Estaduais
A SUDAM- Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, criada pela Lei Complementar • Apoiar, instituir e manter sistemas de informações e monitoramento de riscos e desastres, e promover a criação, implantação e interligação de
e Municipais
nº 124, de 03 de janeiro de 2007, regulamentada pelo Decreto nº 8.275, de 27.06.2014, com a fi- centros de operações; apoiar, prioritariamente, as ações preventivas e as demais relacionadas com a gestão de riscos e respostas a desastres em
nalidade de promover o desenvolvimento includente e sustentável, atua em toda a Amazônia Legal, conformidade com a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil;
Orgãos Regionais
integrada pelos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, To-
• Apoiar os estados e municípios inseridos na área de atuação da SUDAM, no mapeamento das áreas de risco, nos estudos de identificação de ame-
São considerados órgãos regionais os esta- cantins e a parcela do Estado do Maranhão que se situa a oeste do meridiano 44° de longitude oeste.
aças, suscetibilidade, vulnerabilidade e risco de desastre e nas demais ações de prevenção, mitigação e preparação;
belecidos no âmbito das macrorregiões ou
de mesorregiões, como os que integram as Como integrante do Gabinete do Superintendente, a Coordenação Regional de Defesa Civil
• Analisar, emitir parecer técnico, aprovar e acompanhar a execução física dos processos relacionados a contratos de repasse, convênios, termos de
Superintendências Regionais de Desenvolvi- - Cordec, desenvolve atribuições de natureza regional, entre outras:
cooperação e instrumentos congêneres, na sua área de atuação.
mento, que, como já mencionado, são autar-
• Coordenar, orientar e avaliar, em nível regional, as ações desenvolvidas pelos órgãos integran-
quias vinculadas ao Ministério da Integração Outro exemplo de atuação regionalizada é o CODESUL - Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul, formado pelos Estados do Paraná, Santa Ca-
tes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil;
Nacional. tarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, cujos Governadores são seus membros, foi criado para facilitar o intercâmbio entre os Estados do Sul,
• Articular e consolidar os planos e programas estaduais de Proteção e Defesa Civil, para elabo- com vistas ao desenvolvimento econômico, social, político, etc., além da adoção de medidas comuns nas áreas de saúde, defesa civil, polícia, entre outros.
ração do plano regional de Proteção e Defesa Civil em consonância com as políticas públicas O Conselho de Defesa Civil do CODESUL, criado em 19 de janeiro de 1996, pela Resolução nº 590/96, é integrado pelas Coordenadorias
nacionais e regionais; Estaduais dos Estados do CODESUL. Promove reuniões trimestrais para avaliar os problemas comuns, traçando planos e metas a serem atingidos,
aprimorando assim a colaboração técnica e operacional entre os Estados.
• Apoiar os municípios na elaboração e a implementação dos Planos de Gestão de Riscos de De-
sastres, dos Planos de Contingência de Proteção e Defesa Civil; • Entre os seus objetivos pode-se mencionar:

• Apoiar a implementação de órgãos municipais de proteção e defesa civil e de Núcleos Comuni- • Estabelecer procedimentos comuns no campo de defesa civil, na prevenção de eventos adversos naturais e provocados;
tários de Proteção e Defesa Civil;
• Estabelecer procedimentos comuns no campo de defesa civil, no controle do transporte rodoviário de produtos perigosos;
• Propor ao Ministério da Integração Nacional o reconhecimento de situações de emergência ou
• Estimular o constante intercâmbio entre as instituições de Defesa Civil dos estados membros e dos países do MERCOSUL, principalmente no
estado de calamidade pública;
campo da pesquisa e das operações de defesa civil;
• Coordenar o apoio técnico e logístico, em casos de desastres, em articulação com o Ministério
• Promover a integração de informações e de comunicações;
da Integração Nacional e informar sobre as ocorrências de desastres e atividades de proteção
e de defesa civil; • Identificar, buscar e otimizar recursos humanos, materiais e financeiros necessários ao cumprimento das metas estabelecidas pelo Conselho.

• Apoiar a capacitação de recursos humanos;

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Orgãos estaduais uma secretaria municipal, ou de Secretaria riscos de desastres, pois contam com pessoal proteção e defesa civil, dotando-a de pro-
Municipal de Proteção e Defesa Civil, com o técnico e equipamentos que lhes permitem a fissionais capacitados para atuar em to-
Os órgãos estaduais e municipais de proteção mesmo nível hierárquico das demais secreta- das as atividades relacionadas à redução
geração de conhecimento e informações im-
e defesa civil são órgãos centrais do Sistema rias municipais, ou outra natureza, de acordo dos riscos de desastres;
portantes para a tomada de decisões. Nesse
Nacional de Proteção e Defesa Civil, no âmbi- com a organização de cada município. sentido, são muito relevantes como apoiadores
to de seus respectivos territórios, e deverão • Formar multiplicadores, necessários para
dos responsáveis pela formulação e implemen-
promover a articulação e o gerenciamento d) Órgãos Setoriais a divulgação de conhecimentos relativos à
tação da política nacional de proteção e defesa
das ações de proteção e defesa civil, para o gestão de risco de desastres.
São órgãos setoriais os órgãos públicos da Ad- civil, em todas as instâncias governamentais.
efetivo funcionamento do Sistema Nacional.
ministração direta e indireta e entidades, das Os Centros Universitários de Estudos e Pes-
Convém lembrar que uma das diretrizes da
São órgãos estaduais do Sistema Nacional, os três esferas de governo, que desempenhem quisas sobre Desastres - CEPEDs, devem atu-
Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
instituídos pelos Estados, e podem ter natu- atividades relevantes para a proteção e defe- ar de forma articulada, em rede.
é o planejamento com base em pesquisas e
reza administrativa distinta, de acordo com sa civil. Os órgãos setoriais de todas as ins-
estudos sobre áreas de risco e incidência de Cabe salientar o papel da União e dos Estados
a organização administrativa de cada Estado. tâncias governamentais deverão considerar,
desastres no território nacional. Portanto, é como apoiadores dos gestores municipais na
no seu planejamento e atuação, as questões
Em alguns Estados são órgãos ligados dire-
importante a aproximação dos órgãos for- obtenção e utilização desses conhecimentos
ligadas aos riscos de desastres e as ações de
tamente ao Chefe do Poder Executivo, por
muladores da política com as instituições de e experiências, uma vez que grande parte dos
proteção e defesa civil. Nesse sentido, faz-se
exemplo, Coordenadoria vinculada à Casa
estudos e pesquisas, de forma a garantir a municípios brasileiros conta com pouca ou
necessário promover a articulação interseto-
Militar do Governador, exercendo as funções nenhuma equipe técnica e escassos recursos.
tomada de decisões a partir de bases atuali-
rial de vários órgãos governamentais.
de coordenação e articulação das ações de
zadas de dados e informações sobre eventos
proteção e defesa civil, a partir do órgão de De igual sorte, o intercâmbio com a iniciativa
Demais integrantes do Sistema climáticos, geológicos, geomorfológicos, hi-
decisão política administrativa do Estado. É privada é relevante para promover as ativida-
drológicos, com vistas à redução do risco de
o caso dos Estados do Paraná, de São Paulo, Além dos órgãos e entidades públicos, é mui- des de segurança contra desastres, particu-
desastres.
entre outros. Em outros Estados, são Secre- to relevante a participação de entidades pri- larmente os tecnológicos, já que as empresas
tarias Estaduais de Proteção e Defesa Civil, vadas, da sociedade civil organizada e das A contribuição dos Centros Universitários adotam procedimentos e programas voltados
integrantes da estrutura administrativa esta- organizações comunitárias. Nesse rol estão de Estudos e Pesquisas sobre Desastres - à gestão de riscos de desastres, sobretudo em

dual, ao lado do demais órgãos setoriais. incluídas as associações de moradores, núcle- CEPEDs, pode ser no sentido de: empreendimentos e distritos industriais, edi-
os comunitários de proteção e defesa civil e ficações com grandes densidades de usuários,
Orgãos municipais demais formas de organização da população, • Promover estudos e pesquisas sobre riscos instalações de mineração, em empreendi-
elemento fundamental para as atividades de de desastres, sobretudo os mais recorren- mentos agropecuários, comerciais e presta-
Órgãos municipais de proteção e defesa civil
redução de riscos de desastres. tes no País; dores de serviços.
são os criados no âmbito da Administração
municipal, podendo, de igual sorte, ter natu- As universidades e centros de pesquisa têm • Contribuir para a formação e aperfeiçoa-
reza de Coordenadoria, parte integrante de importante papel na formação em gestão de mento de recursos humanos na área de

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Estados e nos municípios
6
O SINPDEC nos Estados e nos Municípios

6.1. SINPDEC nos Estados Órgão Consultivo tituições importantes para o funcionamento
do Sistema, sediadas no território do Estado.
Cabe aos governos estaduais implementar e Trata-se do Conselho Estadual de Proteção e
supervisionar o funcionamento do Sistema Defesa Civil, com constituição e atribuições Órgão Central em nível estadual
Nacional de Proteção e Defesa Civil no nível semelhantes, mas não conflitantes com as do
estadual e promovê-lo em nível municipal Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil O órgão estadual de proteção e defesa civil é
para garantir a segurança global da popula- - CONPDEC. o responsável pela articulação, coordenação e
ção, particularmente em situações de desas- gestão técnica do SINPDEC, em nível estadual.
tres, assegurar a defesa permanente contra O Conselho Estadual pode ter atribuições de
conselho deliberativo e de conselho consul- Observada a autonomia dos Estados em esta-
desastres de maior prevalência, reduzir os
tivo. Na condição de conselho deliberativo, belecer sua estrutura administrativa, é aconse-
riscos de desastres por meio de programas
suas atribuições são complementares às do lhável que o responsável pelo órgão estadual
e projetos de prevenção e adotar medidas de
CONPDEC. Na condição de conselho con- tenha acesso direto ao Governador do Estado,
preparação para emergência de desastres, res-
sultivo o Conselho Estadual contribui para capacidade de articulação e delegação de com-
posta e reconstrução.
a articulação do Órgão Central com os órgãos petência para decidir, em nome do governo,
Face à característica do Sistema Nacional, de setoriais e facilita a coordenação das ações em situações de crise. É aconselhável, tam-
sistema único, é desejável que o SINPDEC, sistêmicas. bém, que a direção do órgão seja exercida por
em nível estadual, se organize em coerência profissionais de grande capacidade técnica e
com a estrutura matricial desenvolvida em É aconselhável que os órgãos setoriais do Sis- experiência em redução de riscos de desastres.
âmbito nacional. Por esse motivo, preconiza- tema, de nível federal, sejam representados
-se que o SINPDEC, em nível estadual, seja no Conselho Estadual, quando tiverem ins-
constituído pelos seguintes órgãos:

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A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


Entre as principais atribuições do órgão es- • Preparar e manter equipe técnica multi- • Promover e apoiar os órgãos municipais Orgãos setoriais estaduais 6.2. O SINPDEC Órgão consultivo
tadual de proteção e defesa civil, segundo se disciplinar, mobilizável a qualquer tempo, de proteção e defesa civil, mantendo, caso
Os órgãos setoriais estaduais com atribuições nos Municípios Trata-se do Conselho Municipal de Prote-
conclui do disposto na legislação nacional de para atuar em situações críticas; necessário, estrutura capaz de suprir as
proteção e defesa civil, pode-se mencionar as carências das defesas civis municipais; relacionadas à gestão de risco de desastres Cabe aos municípios a responsabilidade pri- ção e Defesa Civil, podendo exercer funções

seguintes, observada a legislação estadual es- • Articular com parceiros locais a instalação são, em geral, as secretarias relacionadas a meira pela gestão dos riscos de desastres no deliberativas e consultivas. Na condição de

pecífica: de centros universitários de ensino e pes- • Prestar apoio técnico aos municípios, para obras públicas ou infraestrutura, saúde, meio seu território. Os Prefeitos Municipais são os conselho deliberativo, suas atribuições são
quisa sobre desastres e de núcleos multi- elaboração dos documentos necessários a ambiente e desenvolvimento ou assistência principais responsáveis, em suas respectivas complementares às dos conselhos de nível
Coordenar a implementação da Política Na- disciplinares de ensino permanente sobre solicitação de repasse de recursos estadu- social. Na ausência de um Plano Estadual de áreas de jurisdição, pela garantia da seguran- superior e não devem ser conflitantes com
cional de Proteção e Defesa Civil em seu âm- proteção e defesa civil; ais e federais para as ações de proteção e Proteção e Defesa Civil, esses órgãos atuam ça global da população, especialmente contra as daqueles órgãos. Na condição de conselho
bito territorial; defesa civil; de acordo com suas atribuições principais o risco de desastres e pela promoção da defe- consultivo, o Conselho Municipal facilita a
• Fomentar a inclusão dos princípios de articulação e a coordenação com os órgãos se-
ou por demanda específica, no caso da ocor- sa permanente contra os desastres de maior
Organizar, coordenar e gerenciar as ações do proteção e defesa civil, nos currículos es- • Encaminhar à SEDEC os documentos re- toriais e de apoio ao Sistema e com os órgãos
rência de um desastre, ou seja, na resposta. prevalência no Município. Cabe-lhes promo-
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Ci- colares da rede estadual de ensino médio ferentes à transferência de recursos para de articulação dos escalões superiores.
Por essa razão, é importante que os Estados ver a implementação do SINPDEC, em nível
vil em nível estadual, em articulação com a e fundamental; atendimento do desastre e as solicitações e o Distrito Federal elaborem seus respecti- municipal, sendo apoiados, para tanto, pela
União e municípios; de reconhecimento de situação de emer- É aconselhável que órgãos setoriais, de nível
vos Planos Estaduais de Proteção e Defesa Defesa Civil Estadual, além de supervisionar
• Elaborar Planos de Contingência para as gência ou estado de calamidade pública, estadual e federal, sediados no Município, se-
Civil, estabelecendo atribuições e responsa- o Sistema, no âmbito do Município. Também
Instituir, elaborar, implementar, acompa- regiões metropolitanas e aglomerações jam representados no Conselho Municipal.
devidamente aferidos. bilidades para a implementação das ações de
nhar, avaliar e revisar o Plano Estadual de urbanas com base nos principais tipos de é da competência municipal garantir a articu-
prevenção, mitigação, preparação, resposta e lação do Órgão de Coordenação do Sistema,
Proteção e Defesa Civil; risco de desastres; Órgãos Regionais Órgão Central em nível municipal
recuperação. em nível municipal, com os órgãos setoriais
Identificar, mapear áreas de risco e realizar • Apoiar, sempre que necessário, os municí- Para se promover, de forma mais efetiva e e com os órgãos de coordenação, nos níveis Como já dito anteriormente, o município deve
estudos de identificação de ameaças, susce- pios no levantamento das áreas de risco, descentralizada, a implementação da políti- A estrutura matricial adotada pelo Sistema definir o arranjo institucional adequado para a
estadual e federal.
tibilidades e vulnerabilidades, em articulação na elaboração dos Planos Municipais de ca de proteção e defesa civil, podem ser ins- Nacional deve ser observada pelos Estados e implementação da Política Nacional de Prote-
com a União e os Municípios; Proteção e Defesa Civil e Planos de Con- tituídas Coordenadorias Mesorregionais de Municípios, assegurando que haja a necessá- É essencial, portanto, que seja criado um ór- ção e Defesa Civil no âmbito local. Os órgãos
tingência de Desastre, e na divulgação de Proteção e Defesa Civil e Coordenadorias ria articulação horizontal e vertical de seus gão local encarregado da proteção e defesa ou entidades participantes desse arranjo ins-
• Controlar e fiscalizar as atividades capazes protocolos de prevenção, de alerta e de integrantes, envolvendo todas as instâncias civil, sendo desejável que se organize em coe- titucional serão parte integrante do Sistema
Microrregionais de Defesa Civil, com atribui-
de provocar desastres; ações emergenciais; governamentais. Nesse sentido, é importan- rência com a estrutura matricial, desenvol- Nacional de Proteção e Defesa Civil. O órgão
ções de articulação, coordenação e gerência
técnica do SINPDEC, em nível mesorregional te e recomendável que, no âmbito estadual, vida em âmbito nacional e estadual. municipal de proteção e defesa civil, que pode-
• Propor, por meio de parecer técnico, a de- • Manter a SEDEC informada sobre as ocor- e microrregional, e pelo apoio de planejamen- sejam instituídos os órgãos componentes do rá ser uma Coordenadoria, ou uma Secretaria
claração de situação de emergência ou de rências de desastres e sobre as atividades Por esse motivo, preconiza-se que o SINDEC,
to aos municípios que necessitarem. SINPDEC no Estado, salvaguardada a com- Municipal, ou outro formato administrativo,
estado de calamidade pública; relevantes de proteção e defesa civil reali- em nível municipal, seja constituído pelos se-
petência dos Estados em estabelecer a sua a critério do município, é responsável pela ar-
zadas em seu território; estrutura administrativa. guintes órgãos:
• Manter programa permanente de capaci- ticulação, coordenação e operacionalização do
tação de recursos humanos; SINPDEC, em nível municipal.

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Manual de Proteção e Defesa Civil: Entendendo a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
O Órgão Central Municipal de Proteção e De- ma que se possa garantir a continuidade e a • Coordenar a execução da PNPDC em âm- • Promover a capacitação de recursos hu- • Manter a população informada sobre áre- Nos municípios de maior porte, justifica-se a or-
fesa Civil é responsável pelo planejamento e qualificação técnica no exercício dessa função bito local manos visando a uniformizar o conheci- as de risco e ocorrência de eventos extre- ganização de um centro de comunicações, com
coordenação das ações de proteção e defesa de grande importância para a segurança glo- mento e capacitar técnicos e voluntários mos, bem como protocolos de prevenção plantão de 24 horas, para receber informações
civil no município. Para isso, deve conhecer e bal da população • Coordenar e gerenciar as ações do SINP- a atuarem nas ações de proteção e defesa e alerta e sobre ações emergenciais em sobre ocorrências de desastres e de acidentes,
espacializar em mapas apropriados os riscos DEC em nível municipal, em articulação civil de forma eficaz e eficiente circunstâncias de desastres por intermédio do telefone 199, e providenciar
de desastres no território municipal. A partir O órgão central municipal de proteção e de- com a União e Estado e demais integran-
os deslocamentos da equipe operativa e de ou-
desse conhecimento, deve preparar-se para fesa civil poderá criar Distritais de Proteção tes do Sistema sediados no município • Articular a inclusão dos princípios de pro- • Adotar o Protocolo Nacional para Prote- tros recursos para o local do desastre.
a necessidade de enfrentamento de eventos e Defesa Civil, ou órgãos correspondentes, teção e defesa civil nos currículos escola- ção Integral das Crianças e Adolescentes,
como parte integrante de sua estrutura, e • Articular em âmbito local com as demais
adversos, por meio de Planos de Contingên- res da rede municipal de ensino e apoiar à Idosos e Deficientes Físicos em situação Núcleos Comunitários de Proteção e
estabelecer suas atribuições para articular e áreas setoriais a incorporação das ações
cia, definindo o quê, como e quando fazer, comunidade docente no desenvolvimen- de desastres Defesa Civil
executar as ações de proteção e defesa civil de proteção e defesa civil no planejamen- to de material pedagógico-didático para
bem como os responsáveis pelas atividades
no território. to municipal, inclusive no orçamentário esse fim • Coordenar, mobilizar, cadastrar e capa- A criação dos Núcleos Comunitários de Pro-
previstas, no caso de ocorrência de desastres.
citar o voluntariado para participar do teção e Defesa Civil atende a uma clara dire-
Os órgãos municipais de proteção e defesa ci- • Elaborar e implementar planos, progra- • Fundamentar tecnicamente a decretação SINPDEC em nível local
A atuação do órgão central deve cobrir todos triz da política nacional, qual seja a da parti-
vil deverão exercer, na sua jurisdição, o contro- mas e projetos relacionados a gestão de de situação de emergência ou de estado
os componentes da proteção e defesa civil e cipação da sociedade civil – Lei nº 12.608/12,
le, a fiscalização, o monitoramento e quando riscos de desastres de calamidade pública e coordenar a ava- • Incentivar a mobilização comunitária por
envolver os demais órgãos da Administra- artigo 4º, VI.
necessário, a intervenção preventiva das áreas liação de danos e prejuízos (perdas) das meio dos Núcleos Comunitários de Defe-
ção municipal, setores privado e comunitá- • Promover o conhecimento dos riscos de
e atividades capazes de provocar desastres. áreas atingidas por desastres. sa Civil ou entidades correspondentes. Os Núcleos Comunitários de Proteção e De-
rio para uma atuação integrada e articulada. desastres, mediante, entre outros proce-
fesa Civil, responsáveis pela articulação entre
Para exercer com eficácia suas atribuições, é dimentos, a identificação, o mapeamento,
Para o cumprimento continuado das ativida- o Governo e as comunidades, são essenciais
recomendável que este órgão esteja vinculado a fiscalização e o monitoramento da ocu-
des de proteção e defesa civil os órgãos muni- para promover a conscientização da população
diretamente ao Gabinete do Prefeito, favore- pação e das edificações em áreas de risco
cipais de proteção e defesa civil devem contar
cendo a articulação com todos os atores en- de desastre
com quadro próprio de servidores.
volvidos na proteção e defesa civil no muni-
cípio. É aconselhável que o responsável pelo Entre as principais atribuições do órgão mu- • Orientar a ocupação e desocupação de edi-
órgão municipal de proteção e defesa civil nicipal de proteção e defesa civil, segundo se ficações e de áreas de risco de desastre
seja um profissional experiente e com reco- conclui do disposto na legislação nacional de
• Manter o órgão estadual de proteção e de-
nhecida capacidade técnica, com acesso dire- proteção e defesa civil, pode-se mencionar as
fesa civil e quando solicitado, a Secretaria
to ao Prefeito, grande capacidade de articula- seguintes, observado o estabelecido na legis-
Nacional de Proteção e Defesa Civil, infor-
ção e delegação de competência para tomar lação de cada município e respeitadas as ca-
mados sobre a ocorrência de desastres e
decisões em situações de crise. É importante racterísticas locais:
áreas de riscos
que a escolha não leve em consideração so-
mente questões político-partidárias, de for-

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Manual de Proteção e Defesa Civil: Entendendo a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
acerca dos riscos de desastres, para mobilizar
O fortalecimento do SINPDEC no âmbito
os esforços da comunidade no desempenho
municipal é, portanto, um elemento essencial
das atividades de proteção e defesa civil, seja
para que a política nacional de proteção e de-
no que se refere à prevenção, como à mitiga-
fesa civil seja implementada. Pode-se afirmar
ção, à resposta e à recuperação, assim como
que esse é um objetivo estratégico da política
para promover a participação da população na
nacional, para o quê é fundamental o compro-
formulação e implementação da política nacio-
metimento das autoridades locais.
nal de proteção e defesa civil. São importantes
elementos de debate sobre os problemas locais
De acordo com dados do IBGE, em 2014, ape-
e sobre medidas para aumentar o nível de se-
nas 50,4% dos municípios brasileiros possu-
gurança global da população, a redução dos de-
íam um órgão de coordenação das atividades
sastres de maior prevalência nos locais e sobre
de proteção e defesa civil. Os municípios com
a melhoria dos padrões de bem-estar social.
mais de 100.000 habitantes apresentavam
Nesse sentido, deve ser incentivada a criação melhor estrutura, contando com coordena-
dos núcleos comunitários, o que pode asse- ção de proteção e defesa civil (mais de 80%),
gurar uma resposta eficiente às situações de unidades do Corpo de Bombeiros Militares-
riscos de desastres. Devem ser apoiados e -CBM (mais de 75%) e Núcleos Comunitários
acompanhados pelo órgão local de proteção e de Proteção e Defesa Civil (mais de 26%).
defesa civil para facilitar a participação quali-
Menos de 50% dos municípios com até
ficada nas atividades de planejamento e exe-
100.000 habitantes possuíam uma estrutu-
cução das ações de proteção e defesa civil.
ra administrativa de proteção e defesa civil;
menos de 20% contavam com uma unidade
do CBM e menos de 10% tinham Núcleos Co-
munitários de Proteção e Defesa Civil (IBGE/
MUNIC, 2010) .

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Manual de Proteção e Defesa Civil: Entendendo a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
Os agentes
7
Os Agentes de Proteção e Defesa Civil

Um dos principais desafios da política nacio- A Lei nº 12.608/12 define os agentes de pro- IV- Os agentes voluntários, vinculados a entida-
nal é a profissionalização de seus quadros téc- teção e defesa civil: des privadas ou prestadores de serviços voluntá-
nicos, dotando os órgãos de proteção e defesa rios que exercem, em caráter suplementar, servi-
civil de servidores efetivos, devidamente ca- Art. 18.  Para fins do disposto nesta Lei, con- ços relacionados à proteção e defesa civil.
pacitados, ou seja, que seja institucionalizada sideram-se agentes de proteção e defesa civil:

a carreira de proteção e defesa civil. Parágrafo único. Os órgãos do SINPDEC ado-


I- Os agentes políticos da União, dos Estados, tarão, no âmbito de suas competências, as
Deve-se registrar que, entre as diretrizes do Distrito Federal e dos Municípios respon- medidas pertinentes para assegurar a profis-
aprovadas na 2ª Conferência Nacional de sáveis pela direção superior dos órgãos do sionalização e a qualificação, em caráter per-
Proteção e Defesa Civil, figura, em primeiro SINPDEC; manente, dos agentes públicos referidos no
lugar, portanto, com inequívoco destaque, inciso III.
II- Os agentes públicos responsáveis pela co-
“garantir a profissionalização, qualificação e a
ordenação e direção de órgãos ou entidades São considerados agentes de proteção e defesa
valorização dos agentes de Proteção e Defe-
públicas prestadores de serviços de proteção e civil todos os que prestem ou executem ser-
sa Civil, por meio da criação da carreira por
defesa civil; viços considerados de proteção e defesa civil,
ingresso através de concurso público nas três
esferas de governo”. Assim sendo, todos os independentemente da natureza jurídica do
III- Os agentes públicos detentores de cargos,
integrantes do SINPDEC, em suas esferas de seu vínculo com a Administração direta, in-
emprego ou função pública, civis ou militares,
jurisdição, deverão tomar as medidas neces- direta ou fundacional, ou das atribuições que
com atribuições relativas à prestação ou exe-
sárias ao fortalecimento dos quadros técni- exerçam. Neste rol também estão incluídos os
cução dos serviços de proteção e defesa civil;
cos dos órgãos de proteção e defesa civil, de agentes vinculados à iniciativa privada ou que

forma a valorizar a carreira de agente de pro- sejam prestadores de serviços voluntários.

teção e defesa civil.

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A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


A Lei nº 12608/12 distingue três tipos de avocam o encargo de tutelar bens, serviços e Deve-se considerar que poderão participar ou no Tribunal do Juri), possuem vínculo com A Lei nº 12.608/12 acrescentou, à regulamen-
agentes: os agentes políticos; os agentes pú- interesses da coletividade em circunstâncias do SINPDEC de forma a contribuir para as o Poder Público e são remunerados. tação do Serviço Alternativo (Art. 3º, § 4o):
blicos e os agentes voluntários. de calamidade ou em casos extremos, como ações de prevenção, mitigação, preparação,
O serviço militar é obrigatório, nos termos do § 4o O Serviço Alternativo incluirá o treina-
na ocorrência de desastres. Deve-se ressaltar resposta e recuperação, as organizações co-
Os agentes políticos, que podem ser consi- artigo 143 da Constituição Federal, regula- mento para atuação em áreas atingidas por
que o agente voluntário deve ser cadastrado munitárias de caráter voluntário, devidamen-
derados na categoria de agentes públicos, se- mentado pela Lei nº 8.239, de 04 de outubro desastre, em situação de emergência e estado
e capacitado pelo órgão local de proteção e te capacitadas, bem como demais entidades
gundo a doutrina do Direito Administrativo, de 1991. Entretanto, esse serviço pode ser de calamidade, executado de forma integrada
defesa civil, com vistas às atividades que irá com reconhecida atuação nas ações locais de
são os que desempenham funções típicas de prestado de outra forma, por meio de Servi- com o órgão federal responsável pela implan-
proteção e defesa civil, conforme critérios de-
desempenhar.
governo, como o chefe do Poder Executivo - ço Alternativo ao Serviço Militar Obrigatório tação das ações de proteção e defesa civil
finidos pelos órgãos centrais das respectivas
Prefeito, Governador, Presidente da Repúbli- (artigo 3º da Lei nº 8.239), entendido como
A Lei nº 9608, de 18 de fevereiro de 1998, esferas de governo. A contribuição a ser pres-
“o exercício de atividades de caráter adminis- Para tanto, a União deverá se articular com os
ca. No caso da proteção e defesa civil, são os tada, em ações de resposta aos desastres e de
com a redação dada pela Lei nº 13.297, de Estados e o Distrito Federal para promover o
que ocupam cargos de direção superior dos trativo, assistencial, filantrópico ou mesmo
2016, dispõe sobre o serviço voluntário, recuperação das áreas atingidas, exige o pré-
produtivo, em substituição às atividades de referido treinamento.
órgãos de proteção e defesa civil e desempe- vio cadastramento das organizações comuni-
como tal considerado:
nham funções de coordenação e direção de caráter essencialmente militar”.
tárias e demais entidades, junto aos órgãos Em síntese, são agentes da proteção e defesa
órgãos ou entidades que prestem serviços de “a atividade não remunerada prestada por centrais de proteção e defesa civil, devendo civil todos os que, civis ou militares, do setor
proteção e defesa civil, como os responsáveis pessoa física a entidade pública de qualquer ser mobilizadas e acionadas, de acordo com a público ou privado, integrantes do serviço
por secretarias, coordenadorias, departa- natureza ou a instituição privada de fins não necessidade, pelo referido órgão central e sob público, sob distintas formas, ocupantes de
mentos ou divisões. lucrativos que tenha objetivos cívicos, cultu- sua coordenação. cargos de maior ou menor hierarquia, volun-
rais, educacionais, científicos, recreativos ou tários, todos que desempenhem atividades
São, também, considerados agentes públicos Serviço voluntário de grande relevância é o
de assistência à pessoa.” relativas à proteção e defesa civil, seja no que
os que prestam ou executam serviços de prote- dos Núcleos Comunitários de Proteção e De-
se refere à prevenção, à mitigação, à prepara-
ção e defesa civil, abrangendo os ocupantes de fesa Civil, organizados em um distrito, bair-
O serviço voluntário será exercido mediante a ção, à resposta ou à recuperação.
cargos, emprego ou função, civis ou militares. ro, rua, edifício, associação comunitária, en-
celebração de termo de adesão entre a entida-
tidades, entre outros, para participarem das
Os agentes voluntários desempenham im- de, pública ou privada, e o prestador do servi-
atividades de proteção e defesa civil.
portantes atividades no que se refere à polí- ço voluntário, dele devendo constar o objeto

tica de proteção e defesa civil, como os que e as condições de seu exercício. O prestador Além dessas três categorias, agentes políticos,
atuam como radioamadores ou prestando do serviço voluntário poderá ser ressarcido públicos e voluntários, a proteção e defesa ci-
serviços humanitários em situações de desas- pelas despesas que comprovadamente reali- vil pode contar, ainda, com os requisitados.
tre. São todos aqueles que assumem o ônus zar no desempenho das atividades voluntá- Incluem-se nessa categoria os agentes convo-
da execução de uma função pública por livre rias. As despesas a serem ressarcidas deverão cados para o serviço militar obrigatório, que,
e espontânea vontade, em regra, em circuns- estar expressamente autorizadas pela entida- à exceção de outros requisitados (como os cha-
tâncias de emergência. São particulares que de a que for prestado o serviço voluntário. mados para atuar como mesários, nas eleições,

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
LEGISLAÇÃO

BRASIL. Congresso Nacional. Lei Federal nº 11.124, de 16 de junho de 2005. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse
Social – SNHIS. Cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS – e institui o Conselho Gestor do FNHIS. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11124.htm

-----. Lei Federal nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm

-----. Lei Federal nº 11.977, de 07 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária
de assentamentos localizados em áreas urbanas. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11977.htm

-----. Lei Federal nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

-----. Lei Federal nº 12.334, de 20 de setembro de 2010. Estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação
de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais. Cria o Sistema Nacional de

LEGISLAÇÃO E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Informações sobre Segurança de Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4  da Lei nº 9.984,
de 17 de julho de 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12334.htm

-----. Lei Federal nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010. Dispõe sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos Esta-
dos, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de recuperação em áreas
atingidas por desastres e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12340.htm

-----. Lei Federal nº 12.435, de 06 de julho de 2011. Altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assis-
tência Social. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12435.htm

-----. Lei Federal nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC. Dispõe sobre o Sistema
Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil – CONPDEC. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm

-----. Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm

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Manual de Proteção e Defesa Civil: A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil


-----. Lei Federal nº 12.727, de 17 de outubro de 2012. Altera a Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegeta- -----. Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formula-
ção nativa. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12727.htm ção e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm

-----. Lei Federal nº 12.796, de 04 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da -----. Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a orga-
educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Disponível em: http://www.planalto. nização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm L8080.htm

-----. Lei Federal nº 12.873, de 24 de outubro de 2013. Autoriza a Companhia Nacional de Abastecimento a utilizar o Regime Diferenciado -----. Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações
de Contratações Públicas - RDC, instituído pela Lei no 12.462, de 4 de agosto de 2011, para a contratação de todas as ações relacionadas à e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm
reforma, modernização, ampliação ou construção de unidades armazenadoras próprias destinadas às atividades de guarda e conservação de
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