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PATROCÍNIO
Defesa e desenvolvimento para o Brasil
Patrocínio
Odebrecht
Texto
Luciana Lana
Pesquisa iconográfica
Carmen Azevedo
Edilson Lima
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A Marinha do Brasil está vivendo um dos períodos mais importantes de sua história recente. Em 23 de dezembro
de 2008, a assinatura do acordo estratégico com a França, viabilizando o início do Programa de Desenvolvimento de
Submarinos (PROSUB), facultou a possibilidade do nosso Poder Naval avançar para um patamar ainda mais elevado.
Com a aprovação da Estratégia Nacional de Defesa naquele mesmo ano, o País passou a dispor de um instrumento legal
que permitiria a formulação de um planejamento de longo prazo, definindo não só a necessidade de transformação das
Forças Armadas, através de articulação e equipamento, como também a reestruturação da Base Industrial de Defesa.
Coerente com esse contexto, a Marinha vislumbrou, em sua nova configuração, possuir uma Força de Submarinos de
envergadura, dotada de unidades com propulsão convencional e nuclear. O PROSUB representou a consolidação dessa
proposta, permitindo transformar em realidade um sonho acalentado por mais de três décadas, pois, desde a sua cria-
ção em 1979, o Programa Nuclear da Marinha (PNM) tinha, como meta, o desenvolvimento de uma planta de propulsão
para submarinos.
Nas páginas deste livro, são relatados os principais marcos que pontuaram esse processo e a conjuntura em que, acer-
tadamente, foi decidida a criação do PROSUB.
Nesse ponto, cabe ressaltar que o País, em virtude de sua crescente presença no cenário internacional, vem desper-
tando a atenção mundial e tem, portanto, a obrigação de garantir os interesses nacionais, protegendo os cerca de
4,5 milhões de quilômetros quadrados de Águas Jurisdicionais, as quais são chamadas de “Amazônia Azul” em virtude
das dimensões, biodiversidade, incalculáveis riquezas nelas contidas e importância estratégica, em tudo comparável à
Floresta Amazônica.
Os submarinos com propulsão nuclear são importantes meios navais, capazes de contribuir, decisivamente, para a
dissuasão e de garantir, com maior eficiência, a negação do uso do mar a um possível inimigo. Apenas cinco países
no mundo possuem a capacidade de projetá-los, construí-los, mantê-los e operá-los: China, Estados Unidos, França,
Reino Unido e Rússia. Com o desenvolvimento do PROSUB, o Brasil pretende alcançar uma similar capacitação, o que
permitirá ser incluído nesse seleto grupo, tecnologicamente muito avançado.
Por meio dos empreendimentos que envolvem o PROSUB, a Marinha vem fomentando o desenvolvimento nas áreas
nuclear e de construção naval e, de forma muito ampla, tem contribuído com o crescimento da nossa indústria e com a
irrigação de recursos na economia. Isso ocorre devido a dois pilares fundamentais que alicerçam o Programa: a transfe-
rência de tecnologia e a nacionalização de sistemas e sobressalentes.
A inauguração da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), em março de 2013, no município de Itaguaí,
Rio de Janeiro, foi a primeira grande mostra do que o PROSUB tinha realizado até então. Por isso, a Marinha avalia como ex-
tremamente oportuno o lançamento deste livro, no momento da inauguração do Prédio Principal do Estaleiro de Construção
de Submarinos, representando o cumprimento de mais um importante marco desse grandioso empreendimento.
Soberania e
e 47% da América do Sul. É o quinto maior país
em extensão e em população — os brasileiros Quando foi publicada, em 2008, a Estratégia
Desenvolvimento
somam mais de 200 milhões, o que corresponde Nacional de Defesa (END) ponderou que o Brasil
a metade dos sul-americanos e 3,18% da popu- tem e pretende preservar uma identidade pa-
lação do planeta. Em termos econômicos, o País cífica, mas acrescentou que o País “desfruta, a
ocupa atualmente a sétima posição no ranking partir de sua estabilidade política e econômica,
mundial. Com esses números, junto aos Estados uma posição de destaque no contexto inter-
Unidos, Rússia, Índia e China, o Brasil forma um nacional, o que exige nova postura no campo
conjunto muito particular: o dos países que reú- da defesa”.
nem as maiores áreas, populações e economias
do mundo. Nos debates que precederam a elaboração do
documento, foi apontada a natureza cada vez
É o bastante para justificar que o País busque mais difusa das ameaças com que os países
manter condições de defesa suficientes para pro- lidam contemporaneamente — terrorismo, dis-
teger seu povo, suas fronteiras e todas as rique- puta por recursos naturais, pirataria, narcotrá-
zas encontradas em seu imenso território. Mas, fico, entre outras — e concluiu-se que, diante
não bastassem essas, há ainda outras conside- de tal diversidade, a defesa deve se pautar pelas
rações a serem feitas: privilegiado pela nature- vulnerabilidades, estando o aparato militar apto
za, o Brasil concentra 12% das reservas mundiais a reagir a qualquer ator que se volte contra elas.
de água doce e quase a metade de suas terras
são agricultáveis. É também autossuficiente em A dissuasão foi eleita como princípio norteador
energia, sendo renováveis 46% de sua matriz da atuação das Forças Armadas. Mas dissua-
energética. Assim, o País se revela uma potên- dir é estar devidamente equipado e preparado,
cia capaz de enfrentar três crises que vêm sendo tendo as capacidades operacionais necessárias
vislumbradas para o futuro: a de alimentos, a de para ações ofensivas. Então, determinou-se a
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reestruturação e o reaparelhamento da Marinha, Faz sentido, então, dotar a Marinha do Brasil de especiais a que os engenheiros navais brasileiros
do Exército e da Aeronáutica. “O Sistema de equipamentos modernos. Por sua capacidade necessitavam ter acesso.
O primeiro submarino do PROSUB Defesa Nacional deve dispor de meios que per- de ocultação, os submarinos cumprem exata-
receberá equipamentos e sistemas mitam o aprimoramento da vigilância; o contro- mente a função de dissuadir qualquer iniciativa A Estratégia Nacional de Defesa não deixa de
na Unidade de Fabricação de le do espaço aéreo, das fronteiras terrestres, do ofensiva. Qualquer país se vê desencorajado a destacar a importância do desenvolvimen-
Estruturas Metálicas (UFEM), território e das águas jurisdicionais brasileiras; atuar em águas estrangeiras quando admite a to da tecnologia nuclear. O Brasil é signatário
em Itaguaí (RJ) e da infraestrutura estratégica nacional”, diz o possibilidade de um revide inesperado vindo de do Tratado de Não Proliferação de Armas Nu
texto da END. A prerrogativa é de que os investi- um submarino não detectado. cleares e reafirma essa sua posição no texto
mentos na defesa do País devem ser diretamen- constitucional. Mas nada impede que faça uso
te proporcionais às riquezas a serem protegidas A propulsão nuclear, por sua vez, garante ainda pacífico da energia nuclear. Tanto assim que a
em seu território. uma série de vantagens, entre elas a velocidade. END orientou que o País produzisse combus-
O submarino com propulsão nuclear tem vasto tível nuclear em escala e desenvolvesse uma
De acordo com a END, a Marinha ficou incumbida alcance, sendo ideal para a dissuasão em águas planta de propulsão naval.
de focar na negação do uso do mar a forças inimi- profundas, mais distantes da costa. Sua principal
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as adaptações requeridas pela Marinha do Brasil. ram as primeiras obras para o programa. estaleiro de construção
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Técnicos e engenheiros de Janeiro, foi escolhido para abrigar a nova base trabalhadores que estarão empregados no pico
brasileiros foram capacitados naval e os estaleiros — o chamado PROSUB-EBN. das obras dos estaleiros e da base naval, calcula-se
para projetar e construir Desde então, a geração de empregos e a arreca- que mais de 70% serão residentes do município.
os submarinos do PROSUB dação municipal foram surpreendentes: mais de Outros 32 mil empregos indiretos serão gera-
R$ 7,3 milhões são lançados mensalmente no co- dos pelo PROSUB-EBN. A construção dos qua-
mércio da cidade e cerca de R$ 150 milhões são tro submarinos convencionais promete gerar
arrecadados em impostos. De um total de 9 mil cerca de 2 mil empregos diretos e 8 mil indiretos.
O submarino com propulsão nuclear — incluindo
a produção do combustível, do reator, a constru-
ção de instalações específicas nos estaleiros e na
base naval e do próprio submarino — representa
2 mil empregos diretos e 6 mil indiretos.
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Amazônia Azul
País de dimensões continentais com 8,5 mil qui- da Marinha do Brasil, batizou como “Amazônia
lômetros de costa, o Brasil tem o mar como uma Azul” a região marítima de aproximadamente
Nossa riqueza
forte referência em todo o seu desenvolvimen- 4,5 milhões de quilômetros quadrados contígua
to. É a fonte de riquezas minerais, de energia, de à costa brasileira. Ele alertava para a necessidade
alimentos. Está presente na cultura de 80% de de defesa desse patrimônio, afirmando que “toda
sua população — que se concentra nas cidades riqueza acaba por se tornar objeto de cobiça, im-
litorâneas, vivendo a menos de 200 quilômetros pondo ao detentor o ônus da proteção”.
da linha costeira. O mar também se apresenta
como a principal interface do País com o exterior: O Brasil pleiteava, na época, a extensão de
95% das operações de comércio internacional sua plataforma continental jurídica junto à
brasileiras se dão por via marítima e são as belas Organização das Nações Unidas. O que se bus-
praias tropicais o grande impulsionador da ativi- cava era a aprovação oficial da ONU para que as
dade turística brasileira. fronteiras marítimas do País fossem expandidas
em cerca de 960 mil quilômetros quadrados.
Fora isso, o ambiente marinho brasileiro é um
patrimônio natural pela sua biodiversidade — A soberania sobre áreas marítimas, bem como o
centenas de milhares de espécies habitam as uso de seus recursos integra um importante ca-
Águas Jurisdicionais Brasileiras. Trata-se de um pítulo do direito internacional. As Nações Unidas
tesouro, de riquezas comparáveis às da maior tentaram a primeira regulamentação sobre o
floresta tropical do mundo, e que é também vul- tema em conferência em 1958. Depois, em Nova
nerável como as matas amazônicas. Assegurar York, em 1973, na Terceira Conferência sobre
sua herança para as futuras gerações é um dos o Direito do Mar, 160 países aprovaram o texto
desafios que o Brasil tem enfrentado. de um tratado multilateral que, nove anos de-
pois, em Montego Bay, na Jamaica, foi celebrado
Não à toa, em 2004, o Almirante de Esquadra como a Convenção das Nações Unidas sobre o
Roberto de Guimarães Carvalho, Comandante Direito do Mar (CNUDM).
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O Brasil tem uma das mais É essa convenção que define os limites para o Exclusiva. O Brasil é o único país com direito de
extensas linhas costeiras do Mar Territorial (até 12 milhas náuticas), a Zona explorar economicamente os recursos existen-
mundo e, a partir dela, por Contígua (até 24 milhas náuticas), a Zona Eco tes nessa área, podendo, inclusive, usar cabos e
mais de 200 milhas náuticas, nômica Exclusiva (até 200 milhas náuticas) e o dutos submarinos.
há vastas riquezas para o País limite exterior da plataforma continental além
explorar com exclusividade das 200 milhas, conforme critérios específicos. Tudo isso de acordo com a CNUDM, que o Brasil
A Convenção também estabelece as regras acerca ratificou em dezembro de 1988. O assunto foi
da soberania dos Estados costeiros sobre as águas tratado internamente pela Lei 8.617, promul-
adjacentes, assim como as normas a respeito da gada em 1993. Nela consta que a soma do Mar
gestão dos recursos marinhos e do controle da Territorial com a Zona Econômica Exclusiva do
poluição. Por fim, a partir da Convenção, foi criado Brasil alcança cerca de 3,6 milhões de quilôme-
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das Nações Unidas deu mais cinco anos (até 2009) Na coordenação da CIRM estava a Marinha do extensão de 200 milhas náuticas, contadas a par-
para apresentação dos pedidos de extensão. Brasil, enquanto a Subcomissão para o LEPLAC tir de suas linhas de base e circunscritas em seus
AS RIQUEZAS DA AMAZÔNIA AZUL
ficou com o Ministério das Relações Exteriores. respectivos entornos. No arquipélago de São
O Brasil nem precisou dessa prorrogação: em Para o trabalho de pesquisa, a Marinha mobi- Pedro e São Paulo, localizado a 520 milhas náu-
Arquipélago de
2004, foi entregue ao Secretariado Geral da ONU a lizou quatro grandes navios oceanográficos. À ticas do litoral do Rio Grande do Norte, o Brasil São Pedro e
São Paulo
proposta brasileira de extensão de sua Plataforma Petrobras coube a responsabilidade de coor- mantém uma estação científica de pesquisas,
Continental e, em agosto, uma apresentação da denar e supervisionar as atividades relativas à operada pela Marinha e permanentemente guar- AP
proposta foi feita aos 21 integrantes da Comissão aquisição, ao processamento e à integração dos necida e habitada por pesquisadores brasileiros,
de Limites. O Brasil foi o segundo país a apresen- dados de sísmica multicanal, de gravimetria e de o que é um pré-requisito para que o arquipélago
tar proposta — a Rússia tinha feito o mesmo em magnetometria usados para a determinação da possa fazer parte da “Amazônia Azul”. Areia, cascalho
e calcário
2001, mas teve seu pedido recusado. espessura de sedimentos. O LEPLAC represen-
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faixa de cerca de 200 quilômetros de largura. tra no limite da Zona Econômica Exclusiva, mas muito demandados no Brasil, onde 90% dos fer- restritos ao meio acadêmico. Agora, esses estu- transações comerciais
São quase 150 mil quilômetros quadrados. Em foram também identificadas formações geoló- tilizantes ainda são importados. As jazidas se dos são incentivados pela indústria. A prospec- do Brasil com outros
toda essa área, a mais de 7 mil metros de pro- gicas semelhantes além da faixa das 200 milhas concentram na região marítima de Cabo Frio e ção biotecnológica para o desenvolvimento de países se dão pelo mar
fundidade, abaixo da camada de sal, podem ser náuticas, na área que o governo estabeleceu vêm sendo pesquisadas ainda no litoral do Ceará fármacos é um exemplo.
encontradas reservas de petróleo e gás natural. como Plataforma Continental brasileira. e no Rio Grande do Sul. Além da agricultura, a
Estima-se que essa formação se deu há mais de fosforita é usada na indústria química. Para uso na construção civil e na contenção da
140 milhões de anos quando, em decorrência O potencial econômico do subsolo marítimo bra- costa e recuperação de praias, são coletados na
brasileiro vai muito gás natural. e fosfatos entre outros minerais. Pelo menos
17 variedades são estudadas pelo REMPLAC,
elas o famoso coral-cérebro, só encontrado na-
quela região. É a área de maior biodiversidade
de Recursos Minerais (CPRM) indicam que as
jazidas carboniferas de Santa Catarina podem
entre outros minerais esse índice foi alcançado 16 anos após a primei-
ra descoberta. A expectativa da Petrobras é de As crostas cobaltíferas — ricas em minerais me-
que, até 2020, a produção do pré-sal chegue a tálicos, como cobalto, manganês, níquel, cobre e
2 milhões de barris/dia, representando 53% da terras-raras — estão sendo pesquisadas em todo
produção nacional de petróleo. o litoral do Espírito Santo até as ilhas de Trindade
e Martin Vaz (território brasileiro, a 1.200 quilô-
Com base nesses resultados, o Brasil figura entre metros da costa), no entorno do arquipélago de
os maiores exploradores de petróleo do mundo. Fernando de Noronha e no litoral nordestino.
A produção de gás natural também se destaca
— mais de 12 milhões de metros cúbicos são ob- O solo da “Amazônia Azul” é também rico no
tidos diariamente na região do pré-sal. que diz respeito a carbonatos, fosforitas e sais
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e do Rio Grande do Sul, foram detectados hidra- Também a pesca constitui uma atividade eco-
tos de gás — bolsões de gás natural congelados nômica importante na “Amazônia Azul”. Hoje,
sob a pressão do subsolo. o Brasil importa cerca de 60% dos pescados que
consome. É verdade que, em sua maior parte,
O grande desafio para o Brasil é desenvolver tec- o País é banhado por águas quentes e de baixa
nologia para exploração de todos esses minerais produtividade. Mas, no extremo sul, em função
em alto-mar. Um dos trunfos do País nessa dire- da corrente das Malvinas, e no Norte, pela
ção é a técnica de exploração de petróleo e gás deságua do rio Amazonas, há maior presença
desenvolvida pela Petrobras, que pode ser adap- de cardumes. A produção anual de pescados é
tada ao setor de mineração marinha. de 2 milhões de toneladas, mas o Ministério da
Pesca persegue uma meta ambiciosa: chegar a
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2.0
A marinha
Mais antiga das Forças Armadas brasileiras, a Aliança, o maior conflito armado internacional
Marinha tem papel preponderante na história do ocorrido na América do Sul, teve o seu curso
e a defesa
País. O próprio descobrimento do Brasil se deu influenciado pela Batalha Naval do Riachuelo,
pela mentalidade marítima dos portugueses, travada em 1865, num afluente do rio Paraná.
do brasil
que se aventuraram na cruzada atlântica. Desde Com nove navios de guerra, o Brasil aniquilou a
então, o mar sempre representou oportunida- Esquadra paraguaia, bloqueando o acesso ao rio
Das esquadras
des e ameaças. No período colonial, as principais Paraguai e à capital Assunção.
ameaças foram as invasões estrangeiras, sobre-
portuguesas
tudo dos franceses e holandeses. Por não ter agi- Ao final da Guerra da Tríplice Aliança, o Brasil
lidade para detectar a aproximação dos invasores tinha a maior Esquadra do continente e também,
e detê-los no mar, os portugueses combatiam em número de embarcações, a quinta maior do
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dreadnoughts, com forte blindagem e canhões de encomendar da Inglaterra três encouraçados
de grosso calibre, logo se tornaram símbolo de do tipo dreadnought. A supremacia naval brasi-
status militar, tendo sido considerados os mais leira, no entanto, durou pouco. Logo, Argentina
poderosos meios navais da época. e Chile também adquiririam dreadnoughts. O
Brasil também sofria a dependência dos estran-
No Brasil — depois de ter atuado como consul- geiros para a manutenção e reparos dos navios.
-geral em Liverpool e superintendente geral do Para completar, com o advento dos submarinos
Serviço de Emigração para o Brasil, na Alemanha e dos porta-aviões, navios como aqueles foram
— José Maria da Silva Paranhos Jr., o Barão do estigmatizados como “elefantes brancos”.
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O advento dos submarinos
Todo corpo mergulhado num fluido em repouso Unidos, contra o navio de guerra britânico “Eagle”.
sofre, por parte do fluido, uma força vertical para Tinha uma bomba fixada ao casco e foi batizado de
cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido “Turtle”, mas não teve êxito no ataque.
deslocado pelo corpo. Na Antiguidade Clássica, o
filósofo, matemático, físico, engenheiro, inven- O primeiro submarino do mundo que conseguiu
tor e astrônomo grego Arquimedes descobriu afundar com sucesso um navio de guerra inimigo
como calcular o empuxo e formulou o princípio foi o “Hunley”, também criado por um americano
Planta baixa do Ictineo, submarino
que mais tarde viria a ser usado na invenção e usado na Guerra Civil dos Estados Unidos, em
movido a vapor, uma criação
dos submarinos. 1864. O diferencial do “Hunley” era seu arma-
do espanhol Narciso Monturiol
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Força de Submarinos — operavam basicamente na baía de Guanabara,
com equipamentos ainda rudimentares. A co-
100 anos contribuindo para municação, por exemplo, era feita através de
rádio com ondas curtas. Eles ficavam submersos
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nacional de construção nagem — também uma novidade na época. Trinidad, no Caribe, e Florianópolis, no litoral sul.
Os alemães registram que os navios brasileiros
Em 1963, a Flotilha passou a se chamar Força
de Submarinos e ganhou outros dois fleet-type:
melhor detecção acústica e eletromagnética; e
um Sistema de Direção de Tiro computadoriza-
1929 O “Humayta”, da classe “Balila” 1937 O “Tamoyo”, da classe “Perla” 1963 O fleet-type “Rio Grande do Sul” 1970 O S12, modelo norte-americano “Guppy” 1977 O inglês “Tonelero”, da classe “Oberon” 1989 O “Tupi” (S30), em atividade até hoje
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e iniciou o programa nacional de construção preocupações da Marinha. Prova disso foi a cons- de Vargas, Osvaldo Aranha definia a estratégia
de submarinos, como parte do Programa de trução do Centro Hiperbárico, que formou muitos de modo simples: o Brasil apoiava os Estados
Reaparelhamento da Marinha (PRM). A ideia era marinheiros em técnicas de mergulho de satura- Unidos como potência mundial enquanto o go-
reduzir a dependência externa, dominar a tecno- ção, além de desenvolver a pesquisa em medicina verno norte-americano defendia a supremacia
logia e nacionalizar ao máximo os componentes, hiperbárica e realizar experimentos e testes hiper- brasileira no Atlântico Sul.
incentivando a indústria. Foi assinado, então, um báricos em materiais submarinos.
contrato entre o governo brasileiro e o consórcio O alinhamento não impediu, no entanto, grandes
alemão Ferrostaal/HDW prevendo a capacitação Mais que reproduzir no Arsenal da Marinha do Rio trocas comerciais com a Europa — acentuadas na
técnica brasileira para a construção do primeiro de Janeiro (AMRJ) o IKL-209-1400, os engenheiros segunda metade dos anos 1930, sobretudo com
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a peças de reposição, navios de apoio e equipa- principalmente. Mas, à medida que os anos 1960 dos de transferência de tecnologias. No ano se- de Marinha do Rio de Janeiro,
mentos obsoletos. avançavam, essa expectativa era frustrada. guinte, foi o chanceler alemão Helmut Schmidt nos anos 1940; e os alunos do
que veio ao Brasil para assinar mais compromissos curso de Engenharia Naval
Ainda no início da década de 1950, atenden- Ao assumir a presidência em 1967, o Marechal de cooperação financeira e transporte marítimo. em frente à Escola Politécnica
do aos reclames brasileiros, o governo norte- Artur da Costa e Silva mudou os rumos da políti- Daquela interação entre autoridades políticas, da Universidade de São Paulo
-americano vendeu para a Marinha do Brasil, ca externa brasileira, tendo rechaçado o concei- diplomáticas, científicas e empresariais da RFA e (USP), no final dos anos 1950
a preços módicos, os cruzadores “Barroso” e to de defesa coletiva. Ele apontava que a Guerra do Brasil é que surgiu a ideia da construção de um
“Tamandaré”. A iniciativa foi valorizada somente Fria congelava o poder entre Estados Unidos e submarino brasileiro com propulsão nuclear.
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A engenharia naval
A cerimônia de batismo do
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navios militares e civis; e consolidar uma cultura escritórios no campus da universidade. O desen-
tecnológica que estimulasse a indústria naval na- volvimento de sistemas de armas e comunicação
cional. Tais intuitos combinavam com a política ficava a cargo do IPqM, enquanto a parte estru-
do Presidente Juscelino Kubitschek, que havia tural e de plataforma estava sob a égide do ETCN.
lançado um ousado plano quinquenal para ace-
lerar o processo de industrialização e percebia no A Marinha, assim, atuou como fomentadora de
mar a grande interface do Brasil com o restante projetos, produção e nacionalização de sistemas
do mundo. e equipamentos da área naval com elevado ín-
dice de complexidade, reduzindo a dependência
do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Até 1960, a produção brasileira de petróleo era Gerais”, que chegou ao
Janeiro (UFRJ). E, com a USP, fundou o Escritório prospectada em terra e os estudos oceanográfi- Brasil no início do século XX
Técnico de Construção Naval (ETCN), que, poste- cos atendiam apenas às demandas do setor pes-
riormente, evoluiu para o Centro Tecnológico da queiro. Criado nos anos 1940, o Instituto Paulista
Marinha em São Paulo (CTMSP), ainda hoje com de Oceanografia se reportava à Secretaria da
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Agricultura. Não havia urgência no desenvolvimen- Brasileiras. Mas a Marinha do Brasil não tinha As intensas atividades
to tecnológico para aprimoramento das pesquisas. navios oceanográficos modernos para a missão. do Arsenal de Marinha
No fim da década de 1960, no entanto, o Brasil Apesar das dificuldades econômicas decorren- do Rio de Janeiro no
atentou para as questões de soberania e direito tes da crise energética internacional, o governo governo do Presidente
do uso dos mares, incluindo a exploração de seus brasileiro investiu na modernização dos navios, Vargas; e a plataforma
recursos. Internacionalmente, a indústria offshore destinou à Petrobras grandes quantias para apri- autoelevatória P1,
explorava as águas da Venezuela e do golfo do moramento tecnológico em produção, transporte construída para o poço
México e se expandia para o mar do Norte. A ONU e refino de petróleo e incentivou também o setor de Guaricema (SE)
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A energia
Grande parte do desenvolvimento da tecnologia O Brasil não tinha, na época, conhecimento do
nuclear no Brasil, desde seus primórdios, esteve potencial de suas reservas de urânio, mas ven-
Nuclear no
relacionado direta ou indiretamente à Marinha. dia aos Estados Unidos a areia monazítica, rica
Foi o Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva em tório. Cerca de 3 mil toneladas de monazita
país e o pnm
o pioneiro na defesa da pesquisa dos átomos eram exportadas anualmente, através de um
para produção de energia no Brasil. Logo após a acordo válido por três anos e prorrogável por
Primeiros
Segunda Guerra Mundial, o almirante reclamava dez triênios consecutivos, o que representaria
que os países possuidores de matérias-primas a saída de 110 mil toneladas do minério — mais
impulsos
nucleares não deveriam negociá-las apenas em do que o País havia inventariado. O Conselho de
troca de compensações financeiras, devendo Segurança Nacional pediu que o acordo fosse de-
exigir o fornecimento de reatores e outras ins- nunciado e, em 1947, o Presidente Gaspar Dutra
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programas científicos e tecnológicos. Seu objeti-
vo era reduzir a dependência brasileira em relação
conhecido como Acordo do Trigo, porque garan-
tia a troca de 5 mil toneladas de monazita, 5 mil
a 20%, para uso como combustível em reatores de
pesquisa adquiridos dos Estados Unidos. E, ainda,
Defensor da pesquisa
aos Estados Unidos. A tese das “compensações
específicas” passou a orientar toda a política de
toneladas de derivados de terras-raras e ainda
todo o tório resultante do beneficiamento, por
um programa conjunto foi criado para a identifica-
ção e avaliação das reservas de urânio brasileiras.
da energia nuclear
exportações de minérios atômicos do País. Entre
as atribuições do CNPq estava o controle das re-
100 mil toneladas do grão, de forma a ajudar
os norte-americanos a resolver seus problemas Quando Juscelino Kubitschek assumiu a presi-
no Brasil, o Almirante
servas de urânio e tório. com os excedentes agrícolas. dência, novamente se viram confrontadas as po-
sições do Itamaraty — buscando sempre manter
Álvaro Alberto
Em 1953, Vargas aprovou a implantação da in- O descontentamento com os acordos que con- as boas relações com o governo americano — e
conquistou, nos anos
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Na assinatura do acordo energético Juscelino queria usinas nucleares de pequeno O documento também sugeria a criação da pesquisadores surgiam no meio acadêmico com
entre Brasil e Estados Unidos, em porte aumentando a geração de energia elétri- Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o propostas que, mais tarde, seriam descartadas.
1957, o embaixador brasileiro Ernâni ca. Para tanto, nomeou uma comissão especial que ocorreu naquele ano de 1956, quando tam- Havia, por exemplo, a ideia de construção de um
do Amaral Peixoto, ladeado por Roy encarregada de desenvolver propostas de orga- bém foi criado o Instituto de Energia Atômica reator movido a urânio natural, o que reduziria
Rubotton Jr., Secretário Assistente de nização do setor nuclear. No primeiro ano do go- (IEA), ligado à Universidade de São Paulo (USP). a dependência do urânio enriquecido, até então
Estado para Assuntos Interamericanos verno, a comissão apresentou as Novas Diretrizes Presidida pelo Almirante Octacílio Cunha, a CNEN monopolizado pelos Estados Unidos.
dos Estados Unidos, e Lewis Strauss, Governamentais para a Política Nacional de estabeleceu estreita colaboração com os Estados
da AEC - Atomic Energy Comission Energia Nuclear, propondo o apoio à pesquisa e Unidos. Através de acordo de cooperação nucle- Em Belo Horizonte, no Instituto de Pesquisas, co-
beneficiamento de minerais e o controle gover- ar, dentro do programa Átomos para a Paz, o meçava a nascer o chamado Grupo do Tório, de-
Vislumbrando a instalação de centrais nucleares, João Goulart tomou várias medidas relativas ao
a CNEN lançou o Projeto Mambucaba, para es- setor nuclear, sempre com orientação nacionalis- Em 1959, o Presidente JK
tudos geográficos, demográficos, econômicos e ta. Em 1962, promulgou a Lei 4.118, assegurando visita o submarino “Humaitá”
energéticos de uma região entre Angra dos Reis o monopólio da União sobre a pesquisa e a lavra
e Paraty, no Rio de Janeiro — à margem do rio das jazidas de minerais nucleares. A lei também reator com componentes nacionais — à exceção
Mambucaba. garantia o comércio desses minérios, a produção do combustível. Foi chamado de Argonauta e en-
e industrialização de materiais nucleares. Ainda trou em operação dois anos depois.
Para diversificar os parceiros na área nuclear e conforme a Lei 4.118, a CNEN passou a ser uma
reduzir a dependência em relação aos Estados autarquia federal e foi reestruturada. A partir de 1964, o governo optou por adotar a
Unidos, Juscelino assinou acordos de coopera- linha norte-americana de reatores movidos a urâ-
ção para o uso pacífico da energia nuclear com a Acreditando no esgotamento do potencial hi- nio enriquecido. Em 1967, o Presidente Castelo
Itália, em 1958, com a Comunidade Europeia da dráulico do País — previsto para o período de Branco transferiu a CNEN para o Ministério das
Energia Atômica (Euratom) e com o Paraguai. 1975/80 — Jango recomendou a construção da Minas e Energia e a Comissão firmou um acordo
primeira central nuclear do País, usando o urânio para a construção da primeira central de geração
É fato que a década de 1950 e o início da de natural como combustível. Em 1963, o Instituto de energia nuclear. Nesse mesmo ano, o Brasil as-
1960 foram marcados por controvérsias na de Energia Nuclear, criado através de um con- sinou o Tratado de Tlatelolco, em que alguns pa-
área científica, pressões internacionais e dis- vênio da CNEN com a Universidade Federal do íses da América Latina comprometiam-se a não
putas político-ideológicas. Vários grupos de Rio de Janeiro (UFRJ), começou a construir um fazer uso do poder nuclear como arma militar.
74 75
No âmbito da América Latina, ficou estabeleci-
da, então, uma zona livre de armas nucleares.
Mas o mesmo não aconteceu no plano mundial.
Proposto pelas grandes potências nucleares —
Três propostas para Estados Unidos e União Soviética, o Tratado de
Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) vi-
o combustível nuclear sava conter iniciativas de outras nações na área
nuclear. Praticamente dividiria o mundo entre os
Na década de 1960, três grupos, sob o direcionamento da CNEN, lideravam as ativi- países que poderiam e os que não poderiam pro-
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de sondagens com a França e com a Inglaterra, foi de enriquecimento por jato-centrífugação —
com a República Federal da Alemanha que o presi- ainda não testada em escala industrial.
dente conseguiu o compromisso da transferência
de tecnologia. Assim, em junho de 1975, o presi- Para execução das atividades previstas no
dente surpreendeu a comunidade internacional Acordo, foi criada em 1974, a Nuclebrás — Em
ao anunciar o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. presas Nucleares Brasileiras S.A., subordinada
ao Ministério das Minas e Energia. A estatal in-
Pelo acordo, os alemães, liderados pela empresa corporava a Companhia Brasileira de Tecnologia
Kraftwerk Union (KWU) construiriam oito gran- Nuclear (CBTN), que havia sido criada três anos
Autoridades brasileiras minerais. Esse projeto daria origem a um primei- Com a crise do petróleo, a partir de 1973, aumen-
e alemãs em reunião, em ro Acordo de Cooperação entre Brasil e Alemanha tou a demanda interna dos norte-americanos pela
1975, para o acordo nuclear assinado em 1969. energia nuclear, o que levou a Comissão de Energia Depois do acordo com a
entre as duas nações; Atômica dos Estados Unidos a suspender novos
e o presidente Geisel, No governo seguinte, do General Gastarrazu contratos de fornecimento de urânio enriquecido. Alemanha, o presidente
na saída da Nuclebrás, Médici, foi feita a concorrência para a compra do Assim, em 1974, o Brasil foi informado de que não
após encontro com reator de Angra I — um PWR (Pressurized Water estava garantido o combustível para os reatores Geisel recorreu à
representantes do setor Reactor). A vencedora foi a norte-americana que a Westinghouse instalava no País. Todo o pro-
Westinghouse, subsidiária da General Electric. jeto de desenvolvimento de reatores a água leve e Marinha para promover,
Médici também assinou, em 1972, um novo urânio enriquecido ficou comprometido.
acordo com os Estados Unidos, para receber o de forma autônoma,
urânio enriquecido em troca de urânio natural. Nesse contexto é que assumiu a presidência da
Em 1971, foi estabelecida uma parceria entre a República o General Ernesto Geisel, bastante de- o desenvolvimento
CNEN e o Centro de Pesquisa Nuclear de Jülich, terminado a buscar parcerias estratégicas para
na Alemanha. capacitar o País com tecnologia nuclear. Depois na área nuclear
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As pressões do governo estadunidense, no en- instalação de um reator nuclear em bases mili- Nuclear Paralelo. O enriquecimento de urânio
tanto, impediram o repasse de tecnologia alemã tares despertaria desconfianças e pressões in- por ultracentrifugação foi o método que se
previsto no Acordo, especialmente para o ciclo ternacionais. Adquirindo um reator nuclear para mostrou mais viável e eficaz para a produção do
do combustível nuclear. Geisel chegou a firmar propulsão marítima por meio do Acordo Nuclear combustível nuclear e o Presidente Geisel optou
salvaguardas com a Agência Internacional de com a Alemanha, o Brasil subordinaria suas pelo projeto da Marinha, de responsabilidade do
Energia Nuclear (AIEA) para garantir aos orga- pesquisas à Agência Internacional de Energia Comandante Othon, para dar prosseguimento à
nismos internacionais que o Brasil não romperia Nuclear. Se, no entanto, declarasse sua opção capacitação do País na área nuclear. Mas os es-
com as finalidades pacíficas no uso da energia por construir um reator com tecnologia própria, tudos continuaram sendo feitos à margem do
atômica. No entanto, percebendo os limites do comprometeria as relações diplomáticas com oficial Programa Nuclear Brasileiro, assim como
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acordos com a Alemanha foram canceladas por
falta de recursos, mas o presidente manteve os
contratos para Angra II e III.
O início das obras do
e a conquista do arquipélago
da USP. Fora essas afinidades, o IPEN era o único propulsão nuclear num conflito armado com forte caráter naval. Com a presença de seus submarinos nucleares em
instituto brasileiro da área nuclear não vinculado volta das ilhas, os ingleses estabeleceram uma Zona de Exclusão Total (ZET) de 200 milhas marítimas. Um ataque do
à Nuclebrás; por isso, não estava sujeito às sal- submarino nuclear britânico “HMS Conqueror” — usando dois torpedos — afundou o cruzador “General Belgrano”,
vaguardas internacionais, como todas as demais com mais de 320 tripulantes. Em decorrência, a Armada argentina se recolheu nos portos e só o seu submarino IKL-
atividades contempladas no Acordo de 1975. 209, o “ARA San Luis”, permaneceu em operação.
Um ataque submarino
O programa contou com a participação de en- A projeção de poder do Reino Unido e a dissuasão causada pelos submarinos nucleares britânicos foram observadas
genheiros de diferentes instituições e empresas pelo General Figueiredo, que, então, se convenceu da importância de dotar a força naval brasileira de submarinos
nacionais. Em fevereiro de 1980, foram inicia- com propulsão nuclear.
dos os trabalhos e já em dezembro de 1981 ficou
pronta a primeira ultracentrífuga brasileira. Além O Brasil ainda estava no início de seu processo de enriquecimento de urânio. A Argentina, por sua vez, anunciou o
dos recursos vindos do orçamento da Marinha, o domínio do ciclo do combustível nuclear em 1983, três anos depois da assinatura, pelos dois países, do Acordo de
programa passou a contar também com aportes Cooperação para o Desenvolvimento e Aplicação dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear. Em 1985, os presidentes José
da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Sarney e Raúl Alfonsín assinaram um novo acordo de cooperação — a Declaração Conjunta sobre Política Nuclear,
conhecida como Declaração de Iguaçu.
O Presidente João Baptista Figueiredo concebia
os programas nucleares como resposta à cres- O amadurecimento do relacionamento entre Brasil e Argentina na área nuclear, com base na confiança mútua, por
cente demanda energética. Para ele, o desenvol- parte dos governos e da comunidade científica, ao longo das décadas de 1970 e 1980, resultou na criação da Agência
vimento e a construção do reator nuclear tinham Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle (ABACC), em 1991. A partir de então, a CNEN passou a inspecio-
a finalidade de produzir eletricidade. Só após a nar as instalações e tecnologias argentinas e a Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA) da Argentina fazia
Guerra das Malvinas, ele passou a considerar a o mesmo no Brasil. O acordo tripartite permitia ainda as inspeções da AIEA nas duas nações. Frente à comunidade
importância estratégica de um submarino com internacional, a ABACC fortaleceu não só os dois países como toda a região latino-americana.
propulsão nuclear.
82 83
A oficialização do Centro Experimental de Aramar foram consoli-
dadas, em 1986, na Coordenadoria para Projetos
Laboratório de Enriquecimento Isotópico (LEI),
o Centro Experimental de Aramar foi oficial-
As atividades desenvolvidas pela Marinha em viamente aprovados pelo Congresso Nacional. Nuclear (CNEN) e subordinada ao Ministério da Isotópico Álvaro Alberto, no
parceria com o IPEN, tanto na USP como no Em abril daquele ano, quando ficou pronto o Ciência e Tecnologia. Centro Experimental de Aramar
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As obras de Angra II, quase paralisadas na década amazônica; e o tráfico de drogas na Colômbia
de 1980 por falta de recursos, foram retomadas. O chamava a atenção internacional.
Programa Nuclear da Marinha passou a fornecer
tecnologia para a fábrica de pastilhas de combustí- Fortemente influenciada pelo Itamaraty, a PND
vel nuclear, em Resende, no Rio de Janeiro, e para de 1996 foi também centrada em ativa diploma-
a produção do combustível nuclear de Angra I e de cia voltada para a paz e em uma postura estraté-
O ciclo do combustível nuclear Angra II. O plano de construção do submarino com gica de caráter dissuasório. A Política teve como
propulsão nuclear ficou suspenso. efeito positivo comprovar a necessidade de um
Na natureza, o urânio é encontrado junto a outros elementos químicos, documento formal a respeito do tema, com ob-
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A ampliação da Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o
que permitiria aos inspetores da AIEA inspecio-
Diante da natureza difusa das ameaças, a PND
recomendou a cooperação com estados vizinhos,
petróleo na camada do quinas e métodos de fabricação. de emprego imediato e, ainda, a criação de uma
mentalidade de defesa na sociedade.
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O Prosub
“Quanto nós vamos gastar por não termos in- Sob o comando do Almirante de Esquadra Júlio
vestido no tempo certo, na hora certa, para ter- Soares de Moura Neto, a Marinha do Brasil
Um investimento
mos as coisas prontas no momento certo?” promovia uma intensa campanha chamando
a atenção da sociedade para a importância da
A indagação é do Presidente Lula, depois de sua “Amazônia Azul”. O Brasil pleiteava o exercício
industrial, naval, visita ao Centro Tecnológico da Marinha em São
Paulo (CTMSP), em julho de 2007. Não demorou
de soberania plena sobre os 960 mil quilômetros
quadrados, além das 200 milhas marítimas no
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deveria buscar a capacidade de projetar e fabricar empresa de capital misto — 75% pertencente ao
submarinos convencionais e com propulsão nucle- Estado francês e 25% ao Grupo Thales, especia-
ar, com investimentos e parcerias. lista em sistemas de informação.
cas para a construção do submarino nuclear. Naquela viagem à França, foram amarrados do Brasil, Luis Inácio Lula da
As conversações convergiram para França e vários pontos do acordo de cooperação militar Silva, com os ministros da
Rússia. Mas foi somente a França que concor- anunciado semanas depois, no encontro dos Defesa dos dois países, Herve
dou em transferir tecnologia para o Brasil nos presidentes Lula e Sarkozy, na Guiana Francesa. Morin e Nelson Jobim,
níveis requeridos. Os franceses já exportavam Os dois estiveram juntos em três outras ocasiões na assinatura dos acordos
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O acordo determina naquele 2008. Na última, em dezembro, no Rio
de Janeiro, assinaram um protocolo formal para
empresarial brasileiro, explicando como o
PROSUB proporcionaria oportunidades de
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Prazos rigorosos e
operações coordenadas
simultaneamente
O PROSUB é uma iniciativa de extrema relevân-
cia para o País, envolvendo mais de R$ 23 bi-
lhões. Rígido e muito intenso, seu cronograma
de atividades se estende até 2025, com várias
etapas desenvolvidas simultaneamente. E, de
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Estaleiros
Em 2010, com os contratos assinados e os primei- pressurizador para Angra 3. A empresa também
ros aportes financeiros da Marinha do Brasil, teve fabricou o primeiro reator nuclear naval e partici-
e base naval
início o licenciamento ambiental pelo Instituto pou do desenvolvimento da tecnologia de fabri-
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos cação de cascos resistentes para os submarinos
Sonho em
Naturais Renováveis (IBAMA) para as obras dos das classes Tupi e Tikuna.
Estaleiros de Construção e de Manutenção dos
concreto
Submarinos e da Base Naval (PROSUB-EBN), no Atualmente, a NUCLEP tem 95 mil metros qua-
município de Itaguaí, na chamada Costa Verde. drados de área construída e conta com um ter-
minal portuário privativo roll-on/roll-off para
Uma conjunção de fatores levou à escolha do cargas indivisíveis de até 1 mil toneladas. Bem ao
município — distante apenas 70 quilômetros da lado dessa estrutura — a menos de 2 quilôme-
capital — para abrigar o novo complexo: Itaguaí tros — foram iniciadas, em 2010, já no contexto
está equidistante dos limites norte e sul das do Prosub-EBN, as obras da UFEM (Unidade
bacias petrolíferas descobertas na costa atlân- de Fabricação de Estruturas Metálicas).
tica brasileira; a cidade desfruta da infraestru-
tura industrial do Rio de Janeiro; tem logística A proximidade entre as duas empresas é estra-
favorecida pela presença do Porto de Sepetiba; tégica: a NUCLEP é encarregada da mecânica
está próxima das três usinas nucleares do País pesada; com suas enormes prensas, calandras e
— localizadas em Angra dos Reis — e é onde se máquinas de corte e solda, molda chapas de aço,
encontra instalada a Nuclebrás Equipamentos formando anéis metálicos que são as subseções
Pesados S.A. (NUCLEP), indústria de base, cria- dos cascos dos submarinos. Em seguida, essas
da em 1975, no âmbito do Programa Nuclear subseções cilíndricas são alinhadas e unidas,
Brasileiro. dando origem às quatro seções que compõem o
o casco resistente do submarino. A UFEM é res-
Reconhecida internacionalmente como um cen- ponsável pelo “recheio do casco”, ou seja, pela
tro de excelência, a NUCLEP forneceu acumu- produção, instalação e montagem das estruturas
ladores e condensadores para a usina nuclear internas, tubulações, dutos, suportes, sistemas e
Angra 2, geradores de vapor para Angra 1 e um equipamentos nas seções.
110 111
Da NUCLEP, as seções passaram diretamente
para a UFEM. A fábrica foi inaugurada em 2013,
após dois anos e quatro meses de construção,
conforme estipulava o cronograma. Foi o primeiro
compromisso cumprido com êxito no âmbito do Revolucionando a engenharia
PROSUB-EBN.
Durante toda a obra de construção do PROSUB-EBN, a engenharia, a tecnologia e a
A UFEM é uma indústria de alta tecnologia que criatividade dos profissionais envolvidos são desafiadas. A montagem da maior prensa
reúne 5,5 mil toneladas de aço, 41 quilômetros de hidráulica da América Latina — com peso total superior a 1,2 mil toneladas e capacida-
tubulações, 345 quilômetros de cabos elétricos, de para 8 mil toneladas — foi uma das tarefas desafiadoras. A prensa é o equipamento
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Na cerimônia de inauguração da UFEM, a
Presidenta Dilma Rousseff reconheceu os esfor-
de 703 metros de comprimento e 14,5 metros
de largura — o suficiente para o transporte das
“O PROSUB mostra a
ços empreendidos e destacou a importância do
conteúdo local. Para Dilma, o PROSUB mostra a
enormes peças que sairão da UFEM para a mon-
tagem do submarino na área sul. Além de facili-
capacidade da empresa
capacidade da empresa privada brasileira, que
constrói um empreendimento de grande enver-
tar o transporte, o túnel permite melhor controle
de acesso e, consequentemente, maior seguran-
privada brasileira,
gadura; da Marinha, que o concebe; e de milha-
res de indústrias que fornecem equipamentos.
ça ao local em que serão construídos e operados
os submarinos.
que constrói um
A Presidenta também considerou que a UFEM,
que recebeu investimento de R$ 1,5 bilhão, re- A área sul ocupa 487 mil metros quadrados,
empreendimento de
114 115
docas secas, específicas para os submarinos A Base Almirante Castro e Silva, que abriga a
com propulsão nuclear. Há ainda uma unidade Força de Submarinos, desde 1941, na Ilha de
móvel, feita em estrutura metálica, totalmente Mocanguê, em Niterói, será aos poucos trans-
blindada, para acesso ao reator instalado dentro ferida para a nova Base Naval do PROSUB,
do submarino. em Itaguaí.
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Responsabilidade
Em suas múltiplas etapas, o Programa de De deles é o Programa Acreditar de Qualificação
volvimento de Submarinos (PROSUB) tem
sen Continuada, desenvolvido pela Organização
socioambiental
promovido uma série de benefícios sociais e Odebrecht e implantado em mais de 10 estados
ambientais. A geração de empregos e, principal- brasileiros e 11 países.
mente, a qualificação profissional são relevantes.
Trabalho, renda Grande contingente de profissionais de diversas O Acreditar foi criado em 2008, em Porto Velho,
áreas tem se capacitado para atuar em cada um Rondônia, com o intuito de oferecer qualificação
e preservação dos contratos do programa, inclusive nas indús-
trias fornecedoras de materiais e equipamentos.
de mão de obra para o setor da construção civil
pesada e suprir a necessidade de trabalhadores
para as obras da Usina Hidrelétrica Santo Antonio,
Para se ter ideia, no pico das obras dos estalei- no rio Madeira. Na capital e no entorno não havia
ros e da base naval, serão gerados cerca de 9 mão de obra qualificada para ocupar nem 30%
mil empregos diretos e 32 mil indiretos. Já para das vagas oferecidas pela usina. Com o progra-
construir os submarinos serão necessários apro- ma, foram capacitados 11 mil moradores de Porto
ximadamente 5.600 trabalhadores diretos e ou- Velho de modo a atender 80% da demanda.
tros 14.000 indiretos. Só essa oferta de empregos
vem desencadeando um processo de formação e Replicado em diversas localidades, o Acreditar se
qualificação de mão de obra sem precedentes. consagrou como uma das mais importantes fer-
ramentas da Organização Odebrecht para apoio
Acostumado à presença de indústrias e ao mo- ao desenvolvimento social, tendo recebido vá-
vimento do porto, o município de Itaguaí é palco rios prêmios, inclusive internacionais. O material
dessa transformação social. Isso porque gran- didático é elaborado pela Odebrecht e cerca de
de parte da mão de obra para o PROSUB-EBN R$ 12 milhões são investidos no programa anu-
foi contratada localmente e não são poucos os almente. Desde 2008, mais de 74 mil pessoas
programas de inclusão social e capacitação téc- foram capacitadas e quase 44 mil foram contra-
nica oferecidos aos moradores do município. Um tadas para atuar nos projetos da empresa.
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Em Itaguaí, o Programa Acreditar, em parceria o curso básico e uma centena se certificou no
com a Marinha do Brasil, foi implantado, no início curso de Excel. O Caia na Rede também é um
de 2010, e, em quatro anos, formou cerca de 450 programa da Organização Odebrecht, implan-
pessoas em diversas especialidades: solda, traço tado, com êxito, em vários estados brasileiros e
de corte, interpretação de desenho industrial, ins- no exterior.
trumentação e controle, instalações de sistemas
elétricos industriais, mecânica de manutenção, O Inglês num Click, por sua vez, é um programa
operação mantenedora, entre outras. Os cursos de educação básica no idioma, conduzido em par-
incluem aulas práticas e teóricas e a carga ho- ceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem
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e de suas embarcações, a COGESN promove Agrário e a Emater (Empresa de Assistência O programa Alimento
reuniões com a participação de representan- Técnica e Extensão Rural do Estado do RJ). Justo oferece assessoria
Rio de Janeiro e da Delegacia da Capitania dos O objetivo é capacitar o agricultor local para que rurais de Itaguaí e garante o
Portos em Itacuruçá. Estão previstos também, a trabalhe de forma autônoma e sustentável, au- escoamento dos produtos,
serem promovidos pela COGESN, cursos de ma- mentando sua renda familiar e sua qualidade que são adquiridos para o
ricultura para os pescadores artesanais da baía de vida. O programa tem ainda como resultado refeitório do PROSUB
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concentração de botos-cinza desde o Panamá,
na América Central, até Santa Catarina, no sul
de Energia Nuclear). Para atender às exigên-
cias da Comissão, o projeto da Base Naval e dos
Prevenção e segurança
brasileiro, está na baía de Sepetiba. Para garantir
que eles permaneçam na região, a área de Meio
Estaleiros sofreu mais de vinte alterações de
layout até obter todas as licenças.
no trabalho
Ambiente do Prosub-EBN fez uma parceria
com a organização não governamental Instituto A CNEN também acompanha os trabalhos fei- Cuidar do ambiente significa também cuidar
Boto-Cinza, que, desde 2009, vem pesquisan- tos no Centro Experimental de Aramar (CEA). das pessoas que dele fazem parte. Por isso, o
do a fauna marinha da baía. Durante as obras Lá, o Laboratório Radioecológico (LARE) tem a PROSUB dirige atenção especial às condições de
marítimas de dragagem e de enrocamento do responsabilidade pelo controle de efluentes, se- segurança e uma das mais importantes iniciati-
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tecnologia e
Desde 2010, cerca de quatrocentos brasileiros Itaguaí Construções Navais (ICN) e sessenta da
estiveram na França participando dos cursos e NUCLEP. Lá eles puderam se qualificar em diver-
nacionalização
programas de formação referentes ao PROSUB. sos serviços como soldagem, conformação de
São, em geral, oficiais da Marinha e funcionários peças, fabricação de estruturas, entre outros.
das empresas parceiras no programa — a Itaguaí
A transferência Construções Navais, principalmente. Vestindo Depois, como parte do acordo de transferên-
uniforme verde com a bandeira brasileira, eles cia de tecnologia para o Brasil, a DCNS inaugu-
de conhecimentos percorrem praticamente todas as áreas da
DCNS, acompanhando as diversas etapas da
rou uma Escola de Projeto de Submarinos em
Lorient. Foi onde 31 engenheiros militares e ser-
construção de um submarino. Também apren- vidores civis da Marinha do Brasil começaram a
dem como deve ser a estrutura de um estaleiro receber conhecimentos técnicos para projetar
e de uma base naval. Só não têm acesso ao que submarinos. Entre os exercícios, fizeram o pro-
é considerado tecnologia nuclear. O acordo entre jeto reduzido de um submarino convencional e
o Brasil e a França é muito claro nesse aspecto. de um com propulsão nuclear. Por dois anos, eles
Não há qualquer transferência de conhecimentos receberam treinamento teórico e prático. A École
na área. Assim, por exemplo, é vetado aos brasi- de Conception des Sous-marins, em Lorient,
leiros acompanhar nas dependências da DCNS a considera o que é feito na fábrica da DCNS em
evolução do projeto Barracuda, que lança a nova Cherbourg e tudo o que ocorre na base operacio-
classe de submarinos nucleares franceses, sendo nal da empresa em Île Longue, no porto de Brest,
o Suffren o primeiro deles. que fica na região francesa da Bretanha. Ainda
em Lorient, os franceses mostram como é a fa-
A maior parte dos treinamentos foi feita, inicial- bricação de estruturas de fibra de vidro utilizadas
mente, em Cherbourg, onde os brasileiros acom- em algumas partes dos submarinos.
panharam a construção das seções dianteiras
do primeiro submarino do PROSUB, o S-BR1. Os brasileiros também estão presentes nas ins-
O grupo reunia mais de duzentos profissionais talações da DCNS em Toulon, onde absorvem co-
— metade da Marinha do Brasil, quarenta da nhecimentos sobre os sistemas de combate; no
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parque tecnológico de Sophia-Antipolis, onde são surpreende os franceses por contar com capi-
fabricados sonares; em Ruelle, onde está a fábrica tal humano muito bem preparado para absorver
de equipamentos estratégicos; e, em Saint-Tropez, as informações.
onde se concentra a produção de torpedos.
Da primeira turma que foi à França para o trei-
De volta ao Brasil, depois da capacitação na namento na DCNS, a maior parte havia partici-
França, os engenheiros repassaram os conhe- pado da construção no Brasil, nas décadas de
cimentos adquiridos. Além de multiplicadores 1980 e 1990, dos cinco submarinos atuais da
dos conhecimentos, os engenheiros qualificados Marinha — experiência muito diferente e válida
passaram a trabalhar na elaboração do proje- atualmente para facilitar a apreensão dos novos
equipes, decorrente das visitas às instalações da Brasil e o maior programa de capacitação indus- as equipes brasileiras em
DCNS e do acompanhamento das atividades no trial e tecnológica da história da indústria da de- treinamento na França e o
CTMSP e em Itaguaí, tem sido primordial. O Brasil fesa brasileira. É também o maior contrato militar estaleiro da DCNS em Toulon
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A divisão de riscos já firmado pela França. Nas palavras do ministro
da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, o acordo
— espacial, nuclear, aeronáutica e de constru-
ção naval. Mas precisa de parcerias para garan-
aprenderam a
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nuclear. O compromisso ficou estabelecido em desenvolvida pela indústria nacional a partir Produtos e sistemas da
um dos sete contratos assinados entre a Marinha do programa, sob requisitos franceses e com a indústria nacional estão
as fases do PROSUB
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o que atrai o Para a construção da UFEM e do Estaleiro e Base
Naval (EBN), foram envolvidas mais de seiscen-
A lista dos fornecedores interessados em par-
ticipar do PROSUB é extensa. Até na área de
uma de suas várias finalidades a produção de
radioisótopos — base para os radiofármacos
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Os novos
O sonho de construir um submarino com propul- o desafio de fazer o seu primeiro submarino com
são nuclear é acalentado na Marinha do Brasil há propulsão nuclear. E isso, claro, requereria a ajuda
submarinos
mais de trinta anos. Nesse período, o País do- de parceiros tecnológicos externos. Um submari-
minou o ciclo do combustível e desenvolveu um no com propulsão nuclear é um tanto diferente
Força oculta
sistema de propulsão com tecnologia própria, de um submarino convencional. A começar pelo
adaptável a uma embarcação e capaz de promo- deslocamento, com cerca de 6 mil toneladas, en-
ver o seu deslocamento em velocidade adequada. quanto no diesel-elétrico fica em torno de 2 mil
toneladas. Só isso representa uma engenharia
O processo não foi fácil. Com a redução de recur- muito mais complexa.
sos, houve períodos de baixa produtividade. Mas
a Marinha e os cientistas envolvidos no projeto Do ponto de vista logístico, o submarino com
não desanimaram; ao contrário, as adversidades propulsão nuclear é o mais complexo meio já
foram encaradas como desafios. E o País acabou construído pelo homem. Para se ter ideia, a pro-
desenvolvendo, de forma independente, suas dução de um Boeing 777, pesando 254 tonela-
novas tecnologias. das, envolve cerca de 103 mil componentes e
pode consumir 50 mil horas de trabalho humano.
Com o combustível e o reator praticamente so- Um submarino com propulsão nuclear, com 6 mil
lucionados, faltava à Marinha se dedicar ao sub- toneladas, requer um total de 950 mil partes e 8
marino em si. A Força de Submarinos hoje conta milhões de horas de trabalho. Chega a ser mais
com a classe “Tupi” e o “Tikuna”, construídos no complexo que uma nave aeroespacial.
Brasil nas décadas de 1990 e 2000. Apesar das
modernizações por que passaram, esses sub- Os franceses da DCNS sabem projetar e construir
marinos serão naturalmente substituídos, com os dois tipos de submarinos e concordaram em
o fim de suas respectivas vidas úteis. transmitir conhecimentos aos brasileiros sobre
como construir os S-BR e projetar e construir os
A Marinha do Brasil retomaria, portanto, os tra- SN-BR. Os quatro submarinos convencionais do
balhos de construção, restando apenas encarar PROSUB seguirão o modelo francês Scorpène,
152 153
A propriedade que já foi exportado pela França para as mari-
nhas do Chile, da Índia e da Malásia. O Chile foi
Os submarinos brasileiros S-BR não serão cópias
exatas do Scorpène, que a França exporta para
Rubi, baseados em Toulon. Eles serão subs- No caso dos submarinos convencionais, a auto- submarino Scorpène, com
tituídos, nos próximos anos, pelos do Projeto ridade do projeto é a DCNS. Assim, a empresa é 60 metros de comprimento e
Barracuda, cujo primeiro será o Suffren, um sub- responsável pelo desempenho dos equipamen- 1.700 toneladas;
marino bem maior que os anteriores. Ele desloca tos, mesmo com as alterações feitas para aten- os brasileiros serão
4.700 toneladas na superfície, contra as cerca de der às exigências brasileiras. Havendo interesse ainda mais extensos
2.400 toneladas da classe Rubi. Com relação aos do Brasil na construção de outras unidades, será
convencionais, os franceses não operam esses necessária a autorização — e o pagamento de
submarinos desde 1998. royalties — aos franceses. Já a propriedade
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pastilha fornece muita energia. Com isso, a au- cias e velocidades que alcançam. Enquanto os é finalizado e
tonomia (tempo fora da base) dos submarinos submarinos convencionais se deslocam a uma preenchido na UFEM
com propulsão nuclear é limitada apenas pela velocidade média de 6 nós (aproximadamente
158 159
11 km/hora), os com propulsão nuclear chegam a acompanharam na França a fabricação de duas
35 nós — quase 65 km/hora. O emprego estraté- seções do S-BR1 — a proa e a vela.
gico dos submarinos diesel-elétricos fica limitado,
enquanto o do submarino com propulsão nuclear A construção do submarino é modular e se-
é vasto, pelo seu deslocamento veloz. Esses sub- quencial — outro aprendizado fundamental
marinos assumem posição de ataque, alcançando para os brasileiros. O acabamento interno do
áreas distantes em pouco tempo, e, em caso de casco é finalizado com a instalação de equipa-
reação, conseguem evadir também rapidamente. mentos. Muitos desses equipamentos internos
são montados sobre sustentações elásticas do
tipo shock-resistant moutings — são calços
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PERISCÓPIO
HÉLICES
SALA DE MAQUINAS
REATOR PARA
PROPULSÃO NUCLEAR
SALA DE CONTROLE
O SN-BR
SN-BR
Segundo a Marinha do Brasil, o primeiro sub-
marino com propulsão nuclear brasileiro terá Deslocamento 6 mil toneladas
cerca de 100 m de comprimento, diâmetro de Comprimento 100 metros
Tripulação 100 militares
9 metros, e uma capacidade de deslocamento de Diâmetro 9,8 metros
6 mil toneladas. Poderá mergulhar a 350 me- Altura Máxima 17 metros
Velocidade 25 nós (45 KM/hora)
tros de profundidade. Desenvolvido no Brasil, o
Profundidade 350 metros
reator PWR, de 48 MW térmicos, é equivalente Autonomia ilimitada
162 163
a maioria seja de fabricação nacional. Os torpe- Com a evolução tecnológica, também os torpe-
dos e mísseis virão da França. Tanto o submarino dos ganharam maior potência e os sistemas de
com propulsão nuclear como os convencionais combate são mais precisos. Assim, os submari-
serão dotados do mesmo tipo de armamentos. nos não têm que carregar tanto armamento.
Os torpedos F21, adquiridos da DCNS, têm velo-
cidade, alcance e muita eficiência na procura em O reflexo de todas essas mudanças se dá na
águas profundas. formação do submarinista. Ele assume mais e
maiores responsabilidades. Atenta à questão, a
Marinha do Brasil iniciou um extenso programa
de capacitação de pessoal para compor a tripula-
Evolução
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166
167
Aspectos da
O Brasil é um país historicamente voltado para a coexistência de potências tradicionais e potên-
a causa da paz. O último conflito armado inter- cias emergentes.
Estratégia
nacional em que esteve envolvido foi a Segunda
Guerra Mundial, há quase setenta anos. Suas Nos anos 2000, já se tinha em conta alguns
Naval
relações externas são regidas pelo princípio da efeitos da globalização e a natureza distinta das
não-intervenção e os brasileiros nunca alme- novas ameaças. Os atentados terroristas de se-
Brasileira
jaram a dominação de outros povos. O caráter tembro de 2001 nos Estados Unidos contribuíram
pacífico está contido na identidade nacional e é para que o mundo percebesse múltiplos focos
um valor a ser conservado. Talvez por isso, o País, de conflito. Tráfico de drogas e armas, pirataria
As Políticas de por muito tempo, não tenha promovido amplo e demanda crescente por recursos energéticos
debate sobre o tema da defesa. E só na década foram alguns tópicos abordados na PDN 2005.
Defesa Nacional de 1990 tenha sido elaborada a primeira políti-
ca nacional a respeito, documento inovador nas
De alguma forma, o documento mostrava uma
nova preocupação das autoridades civis e milita-
relações civis e militares, com diretrizes para a res com a estruturação da defesa do Brasil.
atuação das Forças Armadas em sintonia com a
política externa. No segundo governo do Presidente Lula, o
Ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o Ministro
Elaborada com forte apoio do Itamaraty, a Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Política de Defesa Nacional (PDN) de 1996 re- Presidência da República, Mangabeira Unger, se
forçava a característica pacífica do País e en- debruçaram sobre a questão tendo em vista um
fatizava o uso da diplomacia para a solução de aspecto considerado primordial: o destaque que
divergências e possíveis conflitos regionais. Em o Brasil vinha assumindo no cenário internacio-
2005, a segunda edição da PDN brasileira foi nal, não só pelo crescimento de sua economia,
bem mais contundente. Considerava o novo mas também por suas riquezas naturais e sua
panorama das relações internacionais e a com- posição estratégica. Foi quando, com a partici-
plexidade das ameaças surgidas após a Guerra pação dos três Comandantes das Forças, foi ela-
Fria, com o advento de uma ordem multipolar e borada a Estratégia Nacional de Defesa (END),
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lançada em 2008, com ações estratégicas para argumento, determina uma reorientação das
assegurar que os objetivos da defesa nacional Forças Armadas e a organização da indústria
pudessem ser atingidos. nacional de defesa, visando assegurar a auto-
nomia operacional da Marinha, do Exército e
Assim como as duas Políticas de Defesa da Aeronáutica.
Nacional, também a Estratégia reforça o cará-
ter pacífico do Brasil e de seu entorno, propõe De acordo com a END, as Forças Armadas devem
cooperação regional e descarta a possibilida- estar capacitadas a garantir a segurança do País
do Poder Naval de controle de áreas marítimas, hostis deve ser o principal foco
essa última seria prioritária. Negar o uso do mar Estratégia Nacional de Defesa
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A prioridade traz implicações para a reconfigura-
ção das forças navais.
O Atlântico Sul
Para assegurar a negação do uso do mar, o Brasil
e a cooperação
contará com força naval submarina de enverga-
dura, composta de submarinos convencionais e Com sua formação histórica, econômica e social
de submarinos com propulsão nuclear. O Brasil construída a partir do oceano, o Brasil tem no âm-
manterá e desenvolverá sua capacidade de pro- bito de sua regionalidade não apenas a América
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Panamá (1914), o movimento de embarcações
Cooperação O “Pré-sal” da mineração
pelo oceano foi um pouco reduzido e, depois, na
Guerra Fria, o Atlântico funcionou como um divi-
sor entre Ocidente e Oriente.
intercontinental Uma das regiões prioritárias que o Brasil pode pesquisar e explorar é a Elevação do Rio
Grande (ERG), monte submarino situado a cerca de 1,2 mil quilômetros da costa do Rio
O Brasil procurou aproximar-se dos africanos Autoridades brasileiras das áreas de Defesa e Grande do Sul. Trata-se de uma região rica em minerais como cobalto, níquel, platina,
e sul-americanos com a proposta de integra- Relações Exteriores apostam na cooperação manganês e terras raras, com relevante potencial científico e econômico, além de ro-
ção que deu origem à ZOPACAS (Zona de Paz e como a melhor forma de dissuasão. Assim, a chas sedimentares propícias à formação de petróleo. Essa região sempre despertou o
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O SisGAAz vai vigiar e proteger quase 14,5 mi-
lhões quilômetros quadrados, que incluem, além
tensões, contribuindo para a maior segurança de
todos. Funciona, portanto, como um instrumen-
dotada de submarinos
da “Amazônia Azul”, a área de responsabilidade
brasileira para operações de socorro e salvamen-
to também da área de relações internacionais.
com propulsão
to (SAR, do inglês Search and Rescue). Todo tipo
de embarcação — inclusive pesqueiros ilegais —,
No Brasil, as políticas externa e de defesa cami-
nham juntas e no próprio Livro Branco da Defesa
nuclear, A Marinha
CANADÁ
NORUEGA
SUÉCIA
RÚSSIA aeronaves, satélites, plataformas petrolíferas
serão identificados pelo sistema.
Nacional são consideradas complementares e
indissociáveis. A convergência das duas políticas
do Brasil poderá
REINO UNIDO POLONIA
com a capacidade
TURQUIA
EUA PORTUGAL
do para controle da poluição ambiental, avalia- o inimigo e evitar o conflito. A dissuasão requer
GRÉCIA JAPÃO
IRÃ CHINA
ISRAEL PAQUISTÃO ção meteorológica, pesquisa científica no mar, que as Forças Armadas estejam adequadamen-
nacional de dissuasão
COREA DO SUL
ARGELIA LIBIA EGITO e controle do patrimônio genético, entre outras te equipadas e adestradas para fazer com que a
INDIA TAIWAN
funções. E as informações serão compartilha- guerra não seja uma opção.
das com diversos órgãos governamentais como
VENEZUELA SINGAPURA MALÁSIA
Ibama, Polícia Federal e Receita Federal. A Marinha do Brasil exerce de forma relevante
COLOMBIA
o papel diplomático desejado pelo Itamaraty,
quando amplia sua presença no cenário inter-
PERU INDONESIA
BRASIL
nacional e participa de missões de paz. Mas
O Livro Branco poderá contribuir ainda mais com a capacidade
CHILE
nacional de dissuasão dispondo de submarinos
AUSTRALIA
Em 2012, ano em que foi lançado o SisGAAz, convencionais e principalmente com o de pro-
AFRICA DO SUL a Política Nacional de Defesa e a Estratégia pulsão nuclear. Essa foi uma das propostas que
ARGENTINA
Nacional de Defesa haviam sido atualizadas, ganhou o apoio da sociedade civil por ocasião do
FONTE: AGENCE IDÉ
com algumas poucas alterações, e foi lançado lançamento do Livro Branco. A publicação deu
Submarino nuclear lançador de mísseis balísticos 39
um novo documento com diretrizes bem explí- visibilidade à área da Defesa e ampliou os de-
Submarino nuclear de ataque 90 citas para as Forças Armadas brasileiras: o Livro bates. O Livro recebeu contribuições de várias
Branco da Defesa Nacional. Nele constam as organizações sociais. Programas que constam
Submarino nuclear lançador de mísseis 13 tarefas e objetivos da Marinha, do Exército e da de suas páginas ganharam o status de políticas
Aeronáutica, bem como os programas prioritá- de Estado e, por isso, o PROSUB se consolida
Submarino convencional 260
rios de cada Força. como uma estratégia prioritária não apenas para
a Marinha do Brasil, como também para todo o
A distribuição dos O lançamento do Livro Branco corresponde a plano de Defesa e de projeção do País no cenário
submarinos no uma tendência internacional, pois vários países internacional.
mundo: no hemisfério têm publicações semelhantes. É um documento
norte, a concentração que aumenta a transparência sobre as intenções
dos mais potentes dos governos, gera confiança mútua e reduz
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Desafios para
Desde a aprovação do Programa de Desenvol como determinante da soberania das nações.
vimento de Submarinos, em 2008, a Marinha do Desde o fim da Guerra Fria e da divisão geopolíti-
o futuro
Brasil vive um dos momentos mais marcantes ca do mundo em dois blocos ideológicos, países
de sua história. Por um lado, o PROSUB reflete o emergentes e periféricos ganham possibilida-
A gestão do
posicionamento assumido pelo País em relação de de construção de seus projetos nacionais de
a quaisquer ameaças externas — e justamente desenvolvimento e defesa. E a base para esses
conhecimento
um posicionamento vigoroso, que não admite a projetos não é outra que não o conhecimento.
possibilidade de arrefecimento. A complexidade
das atividades que vêm sendo desenvolvidas si- O Brasil soube constituir uma base científica
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O que se verifica, no entanto, é uma avalanche de capital 100% nacional com expertise nas áreas inclusive medicina, psicologia e educação. Para
de conhecimentos que vai muito além do propó- nuclear e naval. se ter ideia, por sugestão da Marinha, está sendo
sito básico do programa. São informações que desenvolvida na Universidade Federal do Rio de
vêm da França, combinam-se às experiências Fora isso, a absorção, o desenvolvimento e pro- Janeiro (UFRJ) uma tese de mestrado sobre aná-
brasileiras e multiplicam-se por inúmeros seto- fusão de tecnologias se dá, de forma muito mais lise de riscos operacionais decorrentes de falha
res industriais. Sem falar, no impulso dado es- ampla, no setor industrial. A Marinha se aproxi- humana. A pesquisa servirá para aprimorar o
pecificamente ao desenvolvimento nacional da mou das federações de indústrias para divulgar treinamento oferecido às tripulações dos sub-
tecnologia nuclear. A gestão desse conteúdo é o PROSUB e seus múltiplos efeitos. Conquistou marinos com propulsão nuclear.
uma tarefa complexa. a adesão e capacitação de inúmeras empresas
para fornecer produtos e serviços em todas as O vértice que precisa ser integrado de forma
dores do Laboratório de Geração Nucleo-elétrica das tecnologias que estão sendo adquiridas e rios às ações de defesa, especialmente aqueles Dilma, o Ministro da Defesa, Celso
(LABGENE) — a planta nuclear de geração de ener- desenvolvidas a partir do programa. Isso reque- utilizados para manter fluxos operacionais, tais Amorim, o Comandante da Marinha,
gia elétrica — e a primeira tripulação do SN-BR. rerá a triangulação entre Marinha, indústria e como peças de reposição e munições. Os países Almirante Julio Soares de Moura Neto,
pesquisa científica. que não possuem uma base industrial de defesa o Comandante do Exército, General
Outra medida fundamental para dar suporte à autônoma estão sujeitos a todo tipo de pressões Enzo Martins Peri, e o Comandante da
gama de atividades, ao grau de especialidade e ao A relação da Marinha com a área de pesquisa, externas e internas. Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar
conteúdo tecnológico desenvolvido no PROSUB como visto, existe há mais de quatro décadas e Juniti Saito atestaram o grande salto
foi a criação da Amazônia Azul Tecnologias de vem sendo intensificada desde a aprovação do No entanto, só as encomendas das Forças tecnológico promovido pelo PROSUB
Defesa S.A. (AMAZUL), empresa pública res- PROSUB e o renascimento do PNM. É comum Armadas nacionais não são suficientes — por
ponsável por agregar os recursos humanos do a Marinha encaminhar suas demandas direta- requerer vultosos investimentos em ciência,
programa — que extrapolam em muito o quadro mente para universidades e demais centros de tecnologia e desenvolvimento de produtos,
funcional e a folha de pagamentos da Marinha. produção de conhecimento científico. E não só a indústria de defesa tende a ser deficitária. O
Através de concursos públicos, a AMAZUL está para os cursos de engenharia naval, elétrica ou primeiro obstáculo a ser vencido para solucio-
recrutando e absorvendo profissionais altamente nuclear — o salto tecnológico que está sendo nar esse déficit é a distância que se verifica no
qualificados. Ela poderá ser a primeira empresa dado requer a pesquisa nas mais variadas áreas, Brasil entre os setores industrial e acadêmico.
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que se capacite para exportação. Segundo a é outro fator importante para potencializar a in-
Abimde, o País tem potencial para, em 2030, dústria nacional no segmento. A considerar o
exportar US$ 7 bilhões e atender o equivalente a exemplo da ODT, a empresa, já com mais de 1.300
US$ 4,4 bilhões no mercado interno. funcionários, se prepara para atender as três for-
ças simultaneamente. Para o PROSUB, desen-
A Odebrecht foi uma das empresas que aten- volve um Sistema Integrado para Gerenciamento
deram ao chamado do governo. Em 2011, foi de Plataformas (IPMS), que responde por diver-
criada a subsidiária ODT — Odebrecht Defesa e sas funções dos submarinos, como controle de
Tecnologia para atuar na produção e desenvol- navegação, profundidade, propulsão, qualidade
vimento de sistemas militares de conhecimen- e segurança a bordo, energia elétrica, entre ou-
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Contra Almirante José Roberto Bueno Junior, Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha Será a forma de acompanharmos e registrarmos
Destacamos a importante participação no Programa de Desenvolvimento de Submarinos de: as diversas etapas de um programa de longo
Contra Almirante (EN) André Luis Ferreira Marques – Superintendente do Programa Nuclear do CTMSP prazo, com enorme relevância para o país.
Almirante-de-Esquadra Airton Teixeira Pinho Filho
Capitão de Mar e Guerra Caio Victoriano Renaud Filho, Chefe do Estado-Maior do Comando da Força de Submarinos Almirante-de-Esquadra Luiz Guilherme Sá de Gusmão
Capitão de Fragata Horácio Cartier, Comandante do Submarino Tapajó Almirante-de-Esquadra José Alberto Accioly Fragelli
Capitão de Corveta Maurício Tinoco dos Santos Benvenuto, Centro de Instrução e Adestramento Almirante-de-Esquadra Marcos Martins Torres (in memoriam)
Almirante Áttila Monteiro Aché (CIAMA) Almirante-de-Esquadra Marcus Vinícius Oliveira dos Santos
Almirante-de-Esquadra Luiz Umberto de Mendonça
SC Márcia Prestes Tarft, Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) Almirante-de-Esquadra Arthur Pires Ramos
Almirante-de-Esquadra Eduardo Monteiro Lopes
Vice-Almirante (IM) Anatalício Risden Junior
Contra-Almirante Eurico Wellington Ramos Liberatti
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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAçÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Maurício Amormino Junior, CRB6/2422)
L243s
Lana, Luciana, 1970-
Miolo em papel couché matte 150g/m². Fontes utilizadas: Sero Pro e Kelson Sans.
200
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