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CAPA

FOLHA DE ROSTO
RESUMO

A obesidade é uma doença crônica, que envolve fatores sociais,


comportamentais, ambientais, culturais, psicológicos, metabólicos e genéticos.
Caracteriza-se pelo acúmulo de gordura corporal que é o resultado do
desequilíbrio energético prolongado, que pode ser causado pelo excesso de
consumo de calorias e/ou inatividade física. Nesse sentido, este artigo tem por
objetivo abordar o caráter multifatorial da obesidade, envolvendo a ampla
variedade de fatores ambientais e genéticos implicados na sua etiologia a partir
de estudos secundários provenientes do trabalho de revisão da literatura nas
principais bases de dados e bibliotecas especializadas. Atualmente, a
obesidade tem sido considerada a mais importante desordem nutricional nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento, devido ao aumento da sua
incidência. Sendo assim, o trabalho visa contribuir com a prática da educação
física, da promoção de exercícios físicos levando saúde através de informação
para os estudantes da área, pacientes, profissionais e demais público.

Palavras-Chave: Alimentação. Exercícios. Gordura. Nutrição. Obesidade.


ABSTRACT

Obesity is a chronic disease that involves social, behavioral, environmental,


cultural, psychological, metabolic and genetic factors. It is characterized by the
accumulation of body fat that is the result of prolonged energy imbalance, which
can be caused by excess calorie consumption and / or physical inactivity. In this
sense, this article aims to address the multifactorial nature of obesity, involving
the wide variety of environmental and genetic factors involved in its etiology,
based on secondary studies from literature review work in the main databases
and specialized libraries. Currently, obesity has been considered the most
important nutritional disorder in developed and developing countries, due to the
increase in its incidence. Therefore, the aim of the work is to contribute to the
practice of physical education, the promotion of physical exercises, bringing
health through information to students in the area, patients, professionals and
other public.

Keywords: Feeding. Exercises. Fat. Nutrition. Obesity


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................5
2. REVISAO DA LITERATURA..................................................................................9
2.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES...................................................................9

2.2 FATORES DE RISCOS............................................. ......................................10

3. OBESIDADE................................................................................. ..................11

3.1 TIPOS DE OBESIDADE..................................................... ............................12

3.2 PREVENÇÃO E TRATAMENTO............................................................... ..14


4. ATIVIDADE FISICA X OBESIDADE ..................................................................15

4.1 A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FISÍCA NO COMBATE


A OBESIDADE.....................................................................................................15

4.2 BENEFÍCIOS, QUALIDADE DE VIDA E OBJETIVOS DA ATIVIDADE


FÍSICA.........................................................................................................................17

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................19

REFERENCIAS ........................................................................................................20
1. INTRODUÃO

A obesidade é conhecida como uma doença crônica, considerada pela


organização Mundial de Saúde (OMS), como um problema que integra o grupo
de doenças e agravos não transmissíveis (DANTS).
As DANTS podem ser caracterizadas por doenças com história natural
prolongada, múltiplas fatores de risco, interação de fatores etiológicos,
especificidade de causa desconhecida, ausência de participação, ou
participação polêmica de microrganismos entre os determinantes, longo
período de latência, longo curso assintomático, curso clínico em geral lento,
prolongado e permanente, manifestações clínicas com períodos de remissão e
de exacerbação, lesões celulares irreversíveis e evolução para diferentes graus
de incapacidade, ou para a morte (PINHEIRO, 2004).
O número de pessoas com excesso de peso já se encontra acima de 1
bilhão, dos quais 300 milhões são avaliados como obesos. No Brasil existe um
número bastante expressivo e assustador, são mais de mais de pelo menos 3
milhões de crianças com idade inferior a 10 anos diagnosticadas obesas,
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A obesidade é um dos principais problemas de saúde pública no
mundo, sendo considerada doença que preocupa por razões de ordem social,
psicológica e metabólica. Está atrelada ao desenvolvimento de comorbidades
que podem, inclusive, levar à morte. (Pinheiro A, Freitas S, Corso A).
O resultado excessivo de gordura corporal é derivado de um
desequilíbrio energético positivo e crônico, sendo que este pode ter origem
multifatorial, ou seja, várias causas com diferentes contribuições
proporcionando esse acúmulo de gordura, sendo que os principais fatores são:
os fatores ligados ao estilo de vida inativo ou sedentarismo do indivíduo, os
índices de desequilíbrios nutricionais e os problemas genéticos .
Já há 3 milhões de anos, ancestrais do homem se deslocavam pelas
florestas em busca de alimentos. Mudanças na oferta de alimentos
influenciaram fortemente nossos ancestrais, assim, em um sentido evolutivo,
somos o que comemos (BARBOSA, 2004).
Segundo as Organizações das Nações Unidas, fisiologicamente, a
obesidade é uma condição corporal caracterizada pelo excesso de tecido
adiposo no organismo. Já é de consenso na literatura que a obesidade trata-se
de uma doença resultante de um desequilíbrio nutricional provocado por um
balanço energético positivo que se dá, por sua vez, na medida em que o sujeito
ingere mais energia do que é capaz de gastar. Assim, tem se um acúmulo de
energia que, por ação do hormônio insulina, é convertida a gordura.
Segundo Nahas (1999), (...) “é preciso oportunizar a prática regular de
atividades físicas, melhorando o ambiente físico e modificando leis ou normas
que dêem ao cidadão comum o direito a atividade física regular em seu lazer” .
A recomendação geral de atividade física para saúde é a de acumular
pelo menos 30 minutos de atividades moderadas no mínimo cinco dias na
semana, de preferência todos os dias. Já no caso de objetivo de perda e
controle de peso em indivíduos com excesso de peso e obesidade o mínimo
por dia passa a ser de 60 minutos, de preferência 90 minutos por dia, pelo
menos cinco das na semana, de forma continua ou acumulada.
A obesidade, enquanto não tratada, pode levar ao desenvolvimento de
patologias, como diabetes, hipertensão, dislipidemia e síndrome metabólica.
Além disso, a longo prazo, a baixa autoestima e consequências psicológicas
(ABRANTES et al., 2003 ).
Indivíduos que apresentam índice de massa corporal (IMC) acima de
40 m/kg² são considerados obesos de grau 3, mórbidos ou severos. Neste
grau, cresce os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares, diabete,
alguns tipos de câncer, hipertensão arterial, dificuldades respiratórias,
distúrbios do aparelho locomotor e dislipidemias além de transtornos
psicopatológicos como a depressão e compulsão alimentar (Pinheiro A, Freitas
S, Corso A).
Além dessas patologias muitas crianças e jovens também são alvos do
estresse sintoma causado, por exemplo, pela preocupação em semanas de
prova na escola ou pela tensão do vestibular, entre outras rotinas de pessoas
dessa faixa etária. A ansiedade desencadeia uma compulsiva vontade de
comer, mesmo sem a criança estar sentindo fome.
WILMORE e COSTILL (2001) afirmam que a atividade física é
importante tanto para a prevenção como para o controle da obesidade. Além
das calorias gastas durante a atividade física ocorre um gasto substancial de
calorias durante período pós-exercício.
Conjugado, o exercício físico e as dietas hipocalóricas geram
diminuição da gordura corporal, o aumento da massa magra e a
enfraquecimento das comorbidades geradas pelo excesso de gordura,
compondo o tratamento clínico da obesidade juntamente com o uso de
fármacos específicos.
A cirurgia bariátrica é outra forma de tratamento que vem aumentando
em todo o mundo. É considerada em longo prazo mais eficiente que o
tratamento clínico. Entretanto, tanto antes quanto após o processo cirúrgico, o
exercício físico deve ser parte integrante do programa de tratamento cirúrgico
multidisciplinar (Marcon E, Gus I, Neumann C).
Sartório et al.realizou uma comparação entre homens e mulheres que
desempenhavam exercícios físicos cinco dias por semana durante três
semanas. Sendo que cada sessão consistia de treinamento aeróbio com 10
minutos de bicicleta ergométrica pedalando a 50-60 RPM, 20 minutos de
caminhada em esteira com inclinação de 0-3% e cinco minutos de
cicloergômetro de braço.
A intensidade para todos os exercícios era de 50% do VO2máx durante
a primeira semana e 60% nas outras duas. Realizavam também três exercícios
isotônicos de força: legpress, supino e tração vertical com 15 repetições cada a
40% da força máxima na primeira semana e 50% e 60% durante a segunda e
terceira semana, respectivamente.
Recebiam em todas as sessões educação nutricional e consulta
psicológica. Entre as benesses referentes a composição corporal foi observada
a redução do IMC em ambos os gêneros, com a massa corporal sendo mais
acentuada nos homens e a massa gorda em mulheres; nas mulheres houve
manutenção da massa livre de gordura. Houve acréscimo da força isotônica
máxima (1RM) em ambos os gêneros, da produção de força por unidade de
massa livre de gordura em mulheres, sendo que nos homens só houve
aumento em números absolutos.
O estudo realizado por Sartório dos que utilizaram exercícios de força
na intervenção foi o único selecionado a investigar homens e mulheres
separadamente. Essa abordagem trouxe contribuições importantes ao mostrar
resultados diferentes quanto à composição corporal, corroborando haver
maiores dificuldades dos homens em manter a massa livre de gordura. No
entanto, a força muscular foi mantida em ambos os sexos.
Com relação entre a diferença de alimentos de origem vegetal e animal
é que o alimento de origem vegetal é menos prejudicial e faz bem ao
organismo e o alimento de origem animal é mais perigoso, pois, causa o
entupimento de veias e artérias. Nos dias modernos e, os problemas da
obesidade, incididos com os avanços da tecnologia, ganham enormes
proporções. Guedes e Guedes falam sobre isto:

Com a mecanização do trabalho e a introdução da robótica e da


informática no controle dos sistemas têm produzido a necessidade de
o homem moderno se expor a esforços físicos de algum significado
na realização de suas tarefas profissionais. A necessidade de
locomoção atualmente é atendida por eficiente sistema de transporte
onde o gasto energético é minimizado para a maioria das pessoas. A
difusão de atividades de lazer envolvendo prioritariamente diversões
eletrônicas e a ocupação de tempo livre com atividades sedentárias
são fortes contribuintes ao abandono de práticas lúdicas que exijam
esforços físicos mais intensos (1998).

Portanto, em vários momentos, considerou-se que a obesidade fosse


causada por hormônios, doenças endocrinológicas, a gula ou a inatividade
física, mas hoje sabemos que podem ser resultantes da combinação de vários
deles (BARBOSA, 2004, p. 13).
Contudo, ao mesmo tempo em que se ganha em conforto e novos
sabores a todo instante, perde-se muito em qualidade de vida e saúde física.
Nesse sentido, este artigo tem por objetivo a orientação aos indivíduos obesos,
a fim de desenvolver a necessidade de hábitos saudáveis, a prática regular de
exercícios físicos, efetivando a promoção e a prevenção à saúde através de
mudanças na rotina diária.
2. REVISÃO DE LITERATURA

2 .1 – DOENÇAS CARDIOVASCULARES

As doenças cardiovasculares, conhecidas como DCV, segundo a Fundação


Portuguesa de Cardiologia - FPC (2006) aludem a “qualquer doença que
pode comprometer o coração e os grandes vasos”, como por exemplo, a
hipertensão arterial (HA), a doença das artérias coronárias, a doença
cérebro-vascular, entre outras doenças. Estas correspondem ao maior
número de causas de morte em vários países do mundo, onde se destaca
Portugal (Instituto Nacional de Estatística - INE, 2002). No ano de 2000,
registraram 105 813 óbitos, dos quais 40.994 foram motivados por DCV
(38,7%). O sexo feminino foi o mais atingido, com 54% de óbitos
(INE, 2002).
Com as modificações acontecidas no estilo de vida da população,
houve aumento na incidência de doenças cardiovascular. Essas modificações
são derivadas de mudanças nos hábitos alimentares e da falta de atividade
física, influenciados pela disponibilidade de alimentos com alto valor energético
e pelo aumento do sedentarismo (Nunes Filho JR, Debastiani D, Nunes AD,
Peres KG)

As doenças na categoria não transmissíveis estão se elevando cada


vez mais no Brasil, tornando-se a principal causa de morte em adultos. A
obesidade é um dos fatores de maior risco, por isso a prevenção e diagnóstico
precoce são cruciais para redução da morbidade e a ascensão da saúde.

A obesidade e o sobrepeso são fatores importantes, não apenas por


seu efeito nocivo a saúde de forma isolada, mas também por estarem
relacionados ao desenvolvimento de cardiopatias causa de morte em adultos.
A obesidade é um dos fatores de maior risco, por isso a prevenção e
diagnóstico precoce são importantes para redução da morbidade e a promoção
da saúde.

A obesidade e o sobrepeso são fatores importantes, não apenas por


seu efeito nocivo a saúde de forma isolada, mas também por estarem
relacionados ao desenvolvimento de cardiopatias. A atividade física é um
elemento importante na vida diária da pessoa por gerar benefícios psíquicos,
físicos e cognitivos à saúde, independente da idade e gênero, podendo ser
praticada em forma de desporto ou lazer. Matsudo e Matsudo afirmam que a
prática regular de atividade física auxilia a perda de peso corporal por causar a
redução ou, manutenção da gordura corporal e conservação ou acréscimo da
massa magra, o que colabora de forma positiva na redução de doenças.

2.2 FATORES DE RISCOS

Um fator de risco é aquele que aumenta o risco cardiovascular, ou seja,


aumenta a perspectiva de sofrer uma doença cardiovascular. Os fatores de
risco podem ser divididos em duas grandes categorias: fatores de risco
modificáveis e fatores de risco não modificáveis.

Fatores de risco modificáveis:

• Açúcar elevado no sangue (diabetes)


• Colesterol elevado
• Triglicérides elevados
• Hipertensão arterial
• Excesso de peso e obesidade
• Hábito de fumar
• Abuso de bebidas alcoólicas
• Sedentarismo

Fatores de risco não modificáveis

 Idade
 Sexo
 Genética
3. OBESIDADE

A obesidade não é uma doença singular, mas um grupo heterogêneo


de condições com múltiplas causas que, em última análise, refletem no fenótipo
obeso (Jebb, 1999). O balanço energético positivo que ocorre, quando o valor
calórico ingerido é superior ao gasto, é uma das causa mais importantes para o
desenvolvimento da obesidade, causando aumento nos estoques de energia e
peso corporal (Martinez 2000).
O artifício de modernização e transição econômica, ressaltados na
maioria dos países, têm promovido alterações na industrialização da produção
alimentícia, que colabora para o consumo de dietas ricas em proteína e
gordura e baixa em carboidratos complexos (Mahan e Krause 1998).
Existe maior quantidade de alimentos disponíveis, enquanto a
demanda energética da vida moderna tem caído drasticamente.
A obesidade é considerada uma epidemia mundial (OMS 1998, Popkin
e Doak 1998). No Brasil, as mudanças demográficas, sócio-econômicas e
epidemiológicas, ao longo do tempo, permitiram que ocorresse a denominada
transição nos padrões nutricionais, com a diminuição progressiva da
desnutrição e o aumento da obesidade (Monteiro et al. 1995).

Friedman (2000, cit. por Nunes, 2004) define-a como um significante


aumento de peso em relação ao peso ideal. Por sua vez, o sobrepeso é
definido como uma proporção relativa de peso maior que a desejável para a
altura (CFNI, 2005; Oliveira e col., 2003).
Na literatura, existe um consenso de que a etiologia da obesidade é
bastante complexa, apresentando um caráter multifatorial. A obesidade tem
sido considerada a mais importante desordem nutricional nos países
desenvolvidos e em desenvolvimento, devido ao aumento da sua incidência.
Nos países da América, a obesidade vem aumentando, para ambos os
gêneros, tanto em países desenvolvidos quanto nas sociedades em
desenvolvimento. Na Europa, verificou-se num decênio um incremento entre
10% a 40% da obesidade na maioria dos países. Na região Oeste do Pacífico,
compreendendo a Austrália, o Japão, Samoa e China, também nota-se a
elevação da prevalência da obesidade.

No entanto, a China e o Japão, apesar do aumento da obesidade em


comparação com outros países desenvolvidos, apresentam as menores
prevalências mundiais. Nos continentes africano e asiático, a obesidade é
ainda relativamente incomum, sendo que sua prevalência é mais elevada na
população urbana em relação à população rural. Mas nas regiões
economicamente avançadas destes continentes, a prevalência pode ser tão
alta quanto nos países desenvolvidos (World Health Organization).

3.1 TIPOS DE OBESIDADE

A obesidade pode ser classificada quanto às circunstâncias em que


ocorre; ao consumo e gasto de energia; ao número de células gordas; e à
distribuição da gordura no corpo (Gasparini, cit. por Ballone, 2003).

Algumas circunstâncias em que ocorre:

De acordo com Viñaspre (2002), a obesidade (hiperplásica ou


hipertrófica) está relacionada com uma resposta do organismo a um
desequilíbrio entre o que se ingere e a necessidade calórica. Neste sentido,
durante a fase de crescimento do indivíduo, é importante manter o equilíbrio
para evitar chegar à idade adulta com um grande número de células de
tecido adiposo. Nesta fase da vida (idade adulta), geralmente, o processo de
hiperplasia deixa de funcionar e o indivíduo engorda devido ao aumento do
tamanho das células adiposas.
No entanto, nos casos em que a ingestão calórica é muito superior às
necessidades, a determinada altura as células do tecido adiposo deixam de
ser capazes de armazenar mais gordura, sendo novamente ativado o
processo hiperplásico (Viñaspre, 2000).

a) Distribuição da gordura no corpo:

A forma como o organismo decide em que zona se armazena a


gordura é regulada pela lipoproteína lípase, uma enzima que ativa a entrada
de ácidos gordos no tecido adiposo. Este fenômeno explica, em parte, a
razão pela qual as gorduras se acumulam em diferentes zonas do corpo
em função do sexo e dos indivíduos (Viñaspre, 2000). Existem dois
tipos de distribuição de gordura no corpo, designada de (Ballone, 2003):

I. Obesidade ginóide, obesidade em forma de pêra ou obesidade


subcutânea: concentração da gordura na região subcutânea (abaixo da
pele), particularmente da cintura para baixo (glúteos e coxas). É mais
frequente no sexo feminino, porque tem a enzima lipoproteína lípase
elevada na zona das ancas e glúteos ao mesmo tempo que
apresentam uma atividade lipolítica (acesso a estas reservas de
gordura) reduzida (Viñaspre, 2000).

II. Obesidade Androide, obesidade em forma de maçã ou obesidade


visceral: a gordura acumula-se na metade superior do corpo, sobretudo
no abdômen e profundamente entre as vísceras. Surge com mais
frequência no sexo masculino. Ainda que seja mais fácil de eliminar do
que a obesidade ginóide, é mais perigosa para a saúde (Viñaspre,
2000). Vários estudos chegam mesmo a referir que existe uma
associação forte entre esta e as DCV (Mota e Sallis, 2002; Viñaspre,
2000; Buckley e col., 1999).
3.2 PREVENÇÃO E TRATAMENTO

O mais adequado tratamento para obesidade é a prevenção, para que


isto ocorra, é necessário equilibrar o dispêndio energético com a ingestão de
alimentos. Ou seja, se o consumo calórico for maior que o gasto acarretará em
aumento de peso, se o gasto for maior que a ingestão ocorrerá perda de peso
e se os dois fatores forem iguais, o peso corporal não se modificará (AÑES,
2002; KATCH & MACARDLE, 1996).
Caso a obesidade já esteja instalada faz-se necessária a adesão a um
programa multidisciplinar, com a elaboração completa de um programa de
exercícios físicos por um profissional capacitado, o acompanhamento de um
nutricionista e se necessário de um fisioterapeuta, um médico e/ou um
psicólogo (NIEMAN, 1999; GUEDES & GUEDES, 1998; KATCH &
MACARDLE, 1996).
 Caso a obesidade esteja em um estágio inicial, pode, num primeiro
momento, ser tratada através de exercícios físicos, restrição da ingestão
calórica e de uma modificação de hábitos (POLLOCK & WILMORE, 1993;
GUEDES & GUEDES, 1998; NIEMAN, 1999; POWERS & HOWLEY, 2000;
BERLEY et al., 2000; FLEGAL et al., 2001; CHOPRA et al., 2002).
Contudo, se o indivíduo possuir um grau de obesidade avançado,
possivelmente seja necessário o tratamento com acompanhamento de
psicólogo, cirúrgico e/ou uso de medicamentos (AÑES, 2002; NHLBI, 2000).
No caso de um tratamento não cirúrgico, para a redução da massa
gordurosa é preciso um balanço energético negativo, isto significa que o
indivíduo estará consumindo menos energia do que gasta, fazendo com que
sejam utilizadas as reservas energéticas do organismo para a sustentação dos
processos metabólicos (FRANCISCHI et al, 2000).
4. ATIVIDADE FISICA X OBESIDADE

4.1 A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FISÍCA NO COMBATE


A OBESIDADE

A obesidade é um dos mais importantes problemas de Saúde Pública e


atinge indivíduos de diferentes classes sociais.
A atividade física bem orientada por profissionais de educação física
representa uma importante arma para melhoria da qualidade de vida de obesos
a ajudar na perda de gordura corporal (ROBERTSON 2007). Resultados de
pesquisas (ANDREOTTI & OKUMA 1999; COLBERG, 2003; RAMOS, 2000),
citados por katzer (2007) indicam que a atividade física tanto melhora a
capacidade muscular como pode melhorar a resistência, o equilíbrio, a
mobilidade articular, a agilidade, a velocidade da caminhada e a coordenação
geral.
Segundo Powers e Howley (2000), a atividade física constitui a parte
mais variável do lado do gasto energético, representando de 5% a 40% do
gasto calórico total diário. A combinação de exercício físico com restrição
calórica representa um meio flexível e efetivo de conseguir uma redução
ponderal.
O exercício melhora a mobilização e o catabolismo de gorduras,
acelerando a perda de gordura corporal. A prática regular de exercícios físicos
pode contribuir também para a redução do peso corporal mediante ao aumento
da taxa metabólica de repouso, posterior a sua utilização. Oliveira (2005)
comenta que as alterações na taxa metabólica de repouso podem persistir por
até 12 horas após o término da atividade.
Além disso, indivíduos fisicamente ativos apresentam menor peso
corporal, a gordura corporal esta mais bem distribuída pelo corpo. Com a
atividade física, a perda de peso se classifica de melhor qualidade, pois é
favorável na manutenção de massa corporal magra e na perda de tecido
adiposo, em relação às dietas com restrições severas alimentares, sem
associação com atividades físicas.

    Dentro das rotinas de exercícios físicos, o procedimento mais indicado, de


acordo com Grubbs (1993), citado por Oliveira (2005), para provocar um
impacto positivo no controle da massa corporal consiste na participação de
esforços que envolvam grandes grupos musculares, e que possam ativar todo
o sistema orgânico de oxidação para captar-se energia (atividade aeróbica). A
atividade física é de vital importância, tanto para a perda de peso, como para a
manutenção de peso. Pronk e Wing (1994) ,e Pavlou et al (1989) , citados por
Bouchard (2003), concluíram que o exercício físico é um determinante para a
manutenção do peso em longo prazo.
Para indivíduos obesos, com restrição articular e dificuldades para
fazer atividade física, exercícios aeróbicos de baixa intensidade e longa
duração são os mais indicados.
Além disso, a mobilização de gordura em baixas intensidades de
exercício acontece para fornecimento de substrato de energia. Powers e
Howley (2000) e Dipietro et al (1998) , citado por Bouchard (2003) , num
estudo longitudinal sobre atividade aeróbica concluíram que as melhoras no
condicionamento cardiorrespiratório atenuam o ganho de peso relacionado com
o avanço da idade, em homens e mulheres.
       Crianças com gordura corporal excessiva, submetidas a um período de
treinamento de 4 meses, com sessões diárias de 40 minutos de exercícios
aeróbicos, 5 dias por semana, sem qualquer restrição alimentar, acumularam
menos tecido adiposo visceral do que aquelas que não se exercitavam
(McARDLE 2003).
 A atividade física diminui o risco de doenças cardiovasculares em
obesos (efeito hipotensor), além de aumentar a concentração do HDL-
colesterol e diminuir a concentração do LDL-colesterol. Verifica-se também
aumento da ação da insulina, importante fator para a prevenção da Diabetes
Tipo II (KATZER 2007, BOUCHARD 2003, McARDLE 2003, POWERS e
HOWLEY 2000).

4.2 BENEFÍCIOS, QUALIDADE DE VIDA E OBJETIVOS DA ATIVIDADE


FÍSICA

McArdle (2003) considera que o número de sessões semanais de


exercício varia de três a quatro vezes. Exercitar apenas duas vezes por
semana não modifica significativamente o peso e gordura corporal. Exercitar-se
está intimamente ligado também ao aumento do bem-estar e da melhora do
humor.
Essas alterações alteram positivamente quadros de depressão e
ansiedade. Sinais afetivos negativos são com frequência os que disparam à
alimentação excessiva ou o comer compulsivamente. A imagem corporal
positiva é outra variável psicológica capaz de ser intensificada pela atividade
física, influenciando as atitudes de controle de peso e os comportamentos.
Uma melhor imagem corporal atribuída ao exercício, pode-ser
estimulantes e levar a aderência a sua prática em longo prazo, além de alterar
no individuo sua confiança de realizar alterações positivas em relação ao seu
corpo e ao peso corporal (BOUCHARD 2003, KATZER 2007).
A atividade física está associada a vários benefícios físicos,
psicológicos e sociais que sustentam a importância da inclusão da mesma
como estratégia fundamental da prevenção e tratamento dos casos de excesso
de peso e obesidade em qualquer etapa da vida.
Além das atividades físicas aeróbicas de intensidade moderada como
caminhar, pedalar, nadar, ou atividades físicas vigorosas como trotar ou correr,
os exercícios de resistência e as mudanças do estilo de vida tornam-se
essências junto com a reeducação alimentar no combate a epidemia do
excesso de peso e a obesidade.
Além do efeito da atividade física no controle do peso, redução de
gordura corporal, prevenção no reganho do peso corporal e manutenção da
massa magra, a atividade física está associada com melhora no perfil lipídico e
diminuição de risco de doenças associadas à obesidade como diabetes,
hipertensão, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares e como
consequência menor risco de morte.
O sedentarismo e os distúrbios alimentares são hoje, os principais
fatores predisponentes para a obesidade. Obesidade é uma condição na qual a
quantidade de gordura ultrapassa os níveis desejáveis. Mas pode ocorrer
também um excesso de peso, onde o peso corporal total excede determinados
limites, pelo aumento da massa magra. A obesidade é geralmente definida
como a condição de pesar 20% ou mais acima do seu peso ideal que pode ser
verificado em uma tabela de peso. Nos Estados Unidos, cerca de um a cada
cinco homens e uma a cada três mulheres são obesos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obesidade é uma doença crônica que se desenvolve pela


combinação de genes, dietas calóricas e falta de exercícios físicos, entretanto o
consumo de uma dieta não balanceada e a ausência de atividades físicas pode
atenuar a obesidade em pessoas geneticamente propensas ou não.
Nos últimos 10 anos o peso da população aumentou de forma
expressiva. O sedentarismo é apontado como o principal fator do crescimento
da obesidade. O corpo não desperdiça energia, cada caloria ingerida em
abundância será armazenada em forma de gordura.
Embora o exercício físico contribua para a regularização dos hábitos
alimentares e aumente o consumo de calorias, para que haja uma perda
significativa e estável de peso, o exercício deve ser acompanhado por uma
dieta baixa em calorias.
O aumento do sedentarismo trouxe consigo o aumento da incidência
da obesidade na população, e hoje sabemos que isso não é somente um
problema estético, e sim uma patologia.
Ações no âmbito coletivo devem envolver políticas públicas que
promovam a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida das populações onde a
parceria entre o governo e a sociedade civil seria um caminho bastante
promissor na prevenção e tratamento da obesidade, por meio da
responsabilização e do autocuidado, permitindo que a comunidade participe do
processo de promoção da saúde.
Como visto, para o controle eficaz da obesidade são necessárias ações
multissetoriais e integradas que vão desde a prevenção até o tratamento da
obesidade. Iniciativas do Governo devem formar a base que, somada a outras
ações desenvolvidas por outras áreas da sociedade, irão ajudar no controle
deste problema de saúde pública.

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