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• modos em que ocorrem: elástica, plástica, por fratura ou através de mudanças na estrutura
do material.
A escolha quanto ao tipo e modo de falha geralmente recai sobre qual o modelo de
escoamento que deve ser adotado. Podem ser utilizados critérios estáticos, geralmente
originados no ensaio de tração uniaxial – critérios de Rankine, Tresca ou von Mises – ou
critérios dinâmicos oriundos da ocorrência de fadiga em baixo ou alto ciclo. Algumas vezes
também podem ser utilizados critérios que envolvam desgaste ou corrosão.
2-1
A grande maioria dos critérios envolvendo o projeto e dimensionamento de elementos
de máquinas tem como base teorias que utilizam tanto o ensaio de tração unidimensional
quanto o ensaio de fadiga em flexão rotativa. Os materiais utilizados como matéria prima para
os componentes das máquinas (eixos, parafusos, engrenagens, etc) são classificados pelos
projetistas em dúcteis ou frágeis.
Como esta classificação é mais ou menos arbitrária, ela permite a comparação entre o
comportamento de dois materiais mas não permite avaliar em termos absolutos qual é dúctil e
qual é frágil. Neste texto é adotado o seguinte critério de classificação:
• materiais dúcteis: são aqueles que apresentam grande deformação plástica após o
escoamento. Os materiais dúcteis tem a vantagem de absorver maior energia mecânica até
a ruptura do que um material frágil com aproximadamente o mesmo limite de escoamento.
Neste texto, são considerados materiais dúcteis aqueles que apresentam uma deformação
específica máxima observada no ensaio de tração uniaxial εmax for maior ou igual a 0,015.
• materiais frágeis: são aqueles que não apresentam grandes deformações após o
escoamento no ensaio de tração uniaxial. Tipicamente, materiais como o ferro fundido (com
exceção do maleável), aços de alto carbono e alguns aços ligados são considerados
materiais de construção mecânica frágeis. Um material é dito frágil quando a deformações
específica máxima observada no ensaio de tração uniaxial εmax for menor que 0,015.
2-2
• altos níveis de tensão, como é o caso de zonas de concentração de tensão,
• presença de tensões dinâmicas (por exemplo em flexão ou torção rotativa) e
• existência prévia de algum tipo de falha microscópica, indetectável, a princípio, pela
maioria dos ensaios não-destrutivos (magnaflux, líquido penetrante, raio x).
A importância das falhas por fadiga está relacionada à sua dificuldade de modelamento
e simulação computacional (por elementos finitos, por exemplo) e pelo fato da falha ser do tipo
súbito, que, no caso de materiais frágeis, ocorre sem qualquer tipo de aviso ou indicação,
causando a inutilização permanente do equipamento. Em materiais dúcteis, a falha por fadiga
geralmente é precedida de grandes deformações que indicam a iminência da ruptura, razão
pela qual estes materiais são preferidos nas situações em que carregamentos dinâmicos estão
presentes.
Do ponto de vista histórico, a causa de inúmeros acidentes ferroviários e aéreos já foi
estabelecida como tendo origem nos vários mecanismos de fadiga. Por exemplo, em 1842, em
Versalhes, um trem de passageiros sofreu um acidente devido a uma falha por fadiga no eixo
frontal da locomotiva. A quebra do eixo causou o descarrilamento do trem levando, inclusive, a
perda 200 vidas (Nicholas, 2006).
Talvez as falhas por fadiga mais espetaculares sejam as quedas das 3 aeronaves
britânicas COMET entre 1953-54. Os COMET estavam entre as primeiras aeronaves de
passageiros a terem a cabina pressurizada para voos em altitudes acima de 10.000m e em
altas velocidades. A fuselagem do aparelho fora projetada para uma pressão interna de 138
kPa, cerca de duas vezes e meia a pressão de serviço. Após a queda das aeronaves, uma
investigação demonstrou que uma região próxima às janelas formava uma zona de
concentração de tensão toda vez que o avião era pressurizado. Este ciclo contínuo de variação
da pressão interna ocasionou o surgimento de uma trinca que se propagou rapidamente pela
lateral do aparelho causando uma súbita descompressão e levando à queda.
figura 2.5: surgimento (1), propagação (2) e ruptura (3) de uma trinca por fadiga cíclica
2-4
2.1 Ensaio de Flexão Alternada
2-5
Foi verificado a partir de ensaios em materiais dúcteis que uma grande parte da vida do
corpo de prova é gasta durante a fase de nucleação, onde a trinca fica restrita ao contorno de
grão (e, portanto, muito difícil de se detectar por ensaios não-destrutivos) e uma parcela menor
do tempo total é gasta com a propagação da trinca além do contorno de grão. O ensaio de
flexão rotativa é, portanto, um ensaio de performance total, onde se mede o efeito combinado
de nucleação e propagação de trinca até a ruptura do CP.
No ensaio de R.R Moore, a tensão de flexão máxima ocorre na região do estreitamento
do corpo de prova. O layout da máquina de Moore é escolhido de maneira a eliminar as
tensões de cisalhamento transversal devidas à força cortante. Para a figura 2.6, a tensão de
flexão máxima no estreitamento é:
32Fa
σflexão = (2.1)
πd3
Quando vários corpos de prova idênticos são testados para diferentes cargas F, o
número de ciclos ou vida para cada um deles é diferente, fato que foi constatado pela primeira
vez pelo engenheiro alemão August Wöhler (Wöhler, 1855). De fato, Wöhler constatou que,
quanto maior a força F aplicada, menos rotações serão necessárias até a falha por fadiga.
Posteriormente descobriu-se que os planos de deslizamento surgirão mais rapidamente devido
à maior tensão e, portanto, a fase de nucleação se torna cada vez mais curta. Além disso,
quanto maior for a tensão atuante, mais rápida será a velocidade de propagação da trinca. Em
sua homenagem, a representação gráfica do ensaio de fadiga é chamada curva S-N ou curva
de Wöhler. Nas curvas S-N o valor da tensão alternada é colocado no eixo das ordenadas
enquanto que o número de ciclos até a fratura é colocado no eixo das abcissas.
Define-se a vida (N) do corpo de prova corresponde à quantidade de ciclos para que um
determinado corpo de prova ou peça falhe sob certo nível de tensão. A vida pode ser medida
em ciclos ou horas de funcionamento, se a velocidade de rotação do corpo de prova for
conhecida.
600
Equação de Basquim
Tensão normal alternada (MPa)
550
Dados Experimentais
500
450
400
baixo ciclo
300
Sn
vida infinita
250
1 2 3 4 5 6 7 8
10 10 10 10 10 10 10 10
Vida do corpo de prova (ciclos)
figura 2.8: Curva S-N típica para um aço carbono.
2-6
A curva S-N da figura 2.8 ilustra o comportamento de um corpo de prova de aço ABNT
1040 quando submetido ao ensaio de fadiga em flexão rotativa. Pode-se perceber que, abaixo
de certo valor de tensão (no caso, aproximadamente 300 MPa), não ocorre ruptura do corpo de
prova por fadiga. Uma consequência disso é que, se quisermos impedir a ocorrência de fadiga,
devemos manter a tensão em qualquer ponto do corpo de prova abaixo deste valor.
O valor de tensão abaixo da qual não ocorre a ruptura do corpo de prova é chamado
limite de resistência à fadiga e indicado por SnCP. O limite de resistência à fadiga para corpos
de prova de aço ocorre normalmente entre 106 ciclos e 107 ciclos.
Analisando o gráfico da figura 2.8 pode-se dizer ainda que o comportamento da curva
S-N para o aço e suas ligas varia dependendo da região considerada:
1. no intervalo entre 0 e 103 ciclos temos a chamada fadiga de baixo ciclo. Nesta
região o crescimento das trincas é melhor explicado em termos da deformação
ao invés da tensão pois o material é solicitado por tensões alternadas maiores
que a tensão limite de escoamento. Recomenda-se que qualquer previsão de
vida que ocorra entre 0 e 103 ciclos seja encarada com o devido cuidado.
2. no intervalo entre 103 e 106 ciclos ocorre a chamada fadiga de alto ciclo. A
maioria dos problemas de fadiga em componentes mecânicos ocorre nessa
região.
3. no intervalo acima de 106 ciclos para materiais ferrosos temos a região de vida
infinita. Neste caso não ocorre falha por fadiga e diz-se que N → .
Para materiais não-ferrosos (alumínio, cobre, magnésio, etc) e suas ligas, a resistência à
fadiga, para propósitos de cálculo, é escolhida como o valor de tensão que resulta em uma vida
de 5x108 ciclos para o corpo de prova no ensaio de flexão alternada.
2-7
2.3 Relação entre SnCP e demais propriedades mecânicas
150
100
experimentos
50 aproximação
figura 2.10: variação de SnCP com o limite de resistência para diversos tipos de aço
Observando-se a figura 2.10, podemos traçar uma relação experimental entre o valor de
SnCP e o limite de resistência dos aços conforme a equação abaixo:
Para outros materiais, as relações entre SnCP e R são dadas na tabela 2.1.
ou ainda:
σ = 10b . N −m (2.4)
1 0,9σR 0,81σ2R
m = log ( ) e b = log ( ) (2.5)
3 SnCP SnCP
É importante observar que as expressões 2.5 valem apenas para materiais ferrosos, cujo
limite de resistência à fadiga ocorre em torno de 106 ciclos. Para materiais não-ferrosos, onde
SnCP é definido em 5x108 ciclos, as coordenadas do ponto B na curva S-N devem ser
modificadas para (x,y) = (5x108, SnCP) e, dessa forma, os coeficientes m e b são:
1 0,9σR 0,85σ1,53
R
m= log ( ) e b = log ( 0,53 ) (2.6)
5,7 SnCP SnCP
A equação 2.4 pode ser utilizada tanto para materiais ferrosos como para não-ferrosos,
utilizando para isso m6 e b6 para materiais ferrosos ou m8 e b8 para não-ferrosos.
2-9
Exemplo: fadiga em flexão rotativa
Certo aço carbono foi ensaiado na máquina de flexão rotativa de R.R. Moore da figura 2.6. As
dimensões utilizadas são a=150mm e b=70mm. O ensaio utilizou um corpo de prova
normalizado de aço classe 6.8 com d=8mm na região do estreitamento. Pede-se:
SOLUÇÃO
1. propriedades do material
Para o aço 6.8 tem-se r = 600 MPa e e = 480 MPa. Uma vez que o limite de resistência é
menor que 1400 MPa, então, pela equação 2.2, tem-se SnCP = 0,5σR = 300 MPa.
Calculando-se em seguida os coeficientes m6 e b6 da equação de Basquin obtém-se:
1 0,9σR 1 0,9.600
m = m6 = log ( ) = log ( ) = 0,0851
3 SnCP 3 300
16Fb 32.300.70
σflexão = = = 417,8 MPa
πd3 π. 83
De maneira similar, para F = 200 N obtém-se σ = 278,5 MPa. Observa-se, entretanto que
este valor é inferior a SnCP, o que indica que N → ∞ quando F=200 N.
2 - 10
Por exemplo, se um engenheiro deseja analisar o comportamento à fadiga de uma peça
forjada, os dados do ensaio de flexão alternada com corpos de prova polidos não seriam de
grande ajuda, uma vez que existe influência do acabamento superficial no comportamento à
fadiga dos materiais metálicos.
Os fatores que diferenciam os dados dos ensaios de fadiga daqueles encontrados em
situações reais podem ser agrupados em seis categorias distintas: carregamento, fatores
estatísticos, acabamento superficial, fator de escala (tamanho), temperatura e fatores diversos,
tais como presença de tensões residuais, corrosão, tratamentos superficiais (ex. nitretação),
tamanho de grão e severidade de choques.
O limite de resistência à fadiga corrigido, indicado simplesmente por Sn é obtido em
função de SnCP através da equação de Marin:
Sn = CCARGA . CCONF . CDIV . CSUP . CTAM . CTEMP . SnCP (2.7)
onde:
Os coeficientes na equação 2.7 são chamados de corretores de Marin. Tais fatores são
obtidos através de ensaios de laboratório, com o objetivo de identificar a influência que um
determinado parâmetro tem no comportamento à fadiga de um certo material.
Por exemplo, suponha que você deseja saber qual a influência que o processo
termoquímico de anodização tem no limite de resistência à fadiga no aço AISI 1040.
Inicialmente prepara-se um conjunto A contendo CP´s idênticos, os quais são testados na
máquina de ensaio de flexão alternada, obtendo o valor de SnA por volta de 106 ciclos. Em
seguida, outro conjunto B contendo também CP´s idênticos aos do tipo A é preparado. O
conjunto B é anodizado testado na máquina de flexão alternada obtendo também o valor de
SnB por volta de 106 ciclos. No final da experiência os valores de SnA e SnB são comparados,
chegando-se à conclusão que SnB é, na média, 30% menor que SnA. Dessa forma, quando se
deseja obter o limite de resistência à fadiga de peças de aço AISI 1040 nitretadas, utiliza-se
CDiv = 0,70.
Os dados a seguir ilustram o trabalho de muitos pesquisadores e foram coletados
pacientemente ao longo de mais de 80 anos de experiências e são, ainda hoje, objeto de
estudo na área de tecnologia e ciência dos materiais.
2 - 11
solicitação mecânica CCARGA
flexão alternada 1,0
axial alternada 0,7
torção pura ou alternada 0,577
cisalhamento puro 0,577
fadiga multi-axial 1,0
TABELA 2.2 Fatores de correção para o tipo carregamento
Deve ser notado que, quando mais que um tipo de solicitação estiver presente, por
exemplo, flexão e torção ou cisalhamento e carregamento axial, tem-se o que se chama de
fadiga multiaxial. Neste caso, a experiência mostra que tanto a tensão equivalente de von
Mises quanto as tensões principais desempenham papéis importantes no surgimento e
propagação de trincas nos corpos de prova. Fadiga multiaxial é tratada no item 3.5.
O fato CDIV leva em conta outras situações para as quais ainda não existem dados
suficientes para uma resposta definitiva ou um fator cuja influência não é aplicável a todas as
situações práticas. Por exemplo, corrosão afeta principalmente peças de aço e ferro fundido
mas altera pouco as propriedades mecânicas do alumínio.
É o caso das tensões residuais de compressão induzidas por processos como
jateamento rolagem e usinagem. Também leva em conta a alteração das propriedades
mecânicas por tratamentos superficiais como niquelamento e zincagem. Também responde
pelo comportamento da carga no tempo, isto é, aplicação súbita ou suave do carregamento.
2 - 12
2.5.4 Fator de acabamento superficial CSUP
0.9
RETIFICADO
0.8
0.7
USINADO
0.6
0.5
0.4
LAMINADO A
0.3 QUENTE
0.2 FORJADO
0.1
0
400 600 800 1.000 1.200 1.400
sR (MPa) sR (MPa)
figura 2.12: variação de Csup com o limite de resistência para diversos tipos de aço
Para os demais materiais Csup deve ser considerado iguais a 1,0 uma vez que os limites
de resistência à fadiga para estes materiais já incluem a influência do tipo de acabamento. Daí
a necessidade de se obter, sempre que possível, dados experimentais quanto ao
comportamento à fadiga dos materiais não ferrosos. Pode-se perceber pela figura 2.12 que,
quanto maior for o limite de resistência, maior será a influência que a rugosidade superficial tem
no comportamento à fadiga.
2 - 13
2.5.5 Fator de escala CTAM
O fator de tamanho ou escala, CTAM, considera que, quanto maior a seção considerada,
maior a possibilidade de que ocorram fissuras que favoreçam o crescimento de trincas. Na
medida em que o tamanho da seção aumenta, maior é a quantidade de grãos sujeitos aos
mesmos níveis de tensão e, portanto, maior é a possibilidade de que pelo menos alguns deles
desenvolvam deslizamento em planos cristalinos menos favorecidos.
Para carregamento axial (tração, compressão e cisalhamento) considera-se geralmente
CTAM =1.00 pois não existe evidência experimental que o tamanho da seção transversal tenha
influência em Sn nestes casos de carregamento.
Para torção e flexão de peças de aço e ferro fundido valem as seguintes relações:
π 2 A95
A95 = [d − (0,9d)2 ] = 0,0766. d2 → d = √ (2.10)
4 0,0766
Para outras seções transversais o cálculo é feito por analogia, considerando a equação
2.10. A figura 2.14 indica o cálculo de A95 para outras seções transversais comuns.
2 - 14
A95 = 0,0766. d2 A95 = 0,0105. d2 (2.14a)
Uma vez que o efeito da temperatura sobre as propriedades mecânicas dos materiais de
construção mecânica é um fato bem conhecido, é de se esperar que a temperatura tenha
igualmente forte influência no limite de resistência à fadiga. Além disso, outros dados
envolvendo a temperatura tais como fatores cristalográficos (no aço carbono ocorre
transformação ferrita → austenita por volta de 723oC) e a redistribuição das fases por
tratamento térmico afetam igualmente o valor de Sn.
Portanto, como o limite de resistência à fadiga varia conforme a temperatura do corpo de
prova, Shigley e Mitchell (1982) utilizam, para o caso de materiais ferrosos:
Solução:
Inicialmente pode-se perceber que o esforço F aplicado pela mão do operador causa na seção
AA tensões de flexão devidas ao momento da força e tensões de cisalhamento devidas à força
cortante. Desprezando-se o efeito da cortante, o único esforço atuante na seção AA é,
portanto, devido ao carregamento de flexão variável no tempo. Tem-se, dessa forma:
Pela equação 2.2, o limite Sn do aço 4.8 é obtido aproximando-se Sn = 0,5.σR = 200MPa. Os
coeficientes da equação de Marin são:
e, portanto:
A
95
d = √0,0766 = 8,60mm → CTAM = 1,189. 8,60−0,097 = 0,965
2 - 16
F(t)
figura 2.16: força típicas no encaixe superior de uma suspensão tipo McPhearson
= +
figura 2.17: decomposição de uma tensão harmônica (1) em componentes alternada (2) e média (3)
Da figura 2.17, podemos extrair, a partir do gráfico de (t) a componente média (m ) e a
componente alternada (a ). Tem-se, portanto:
No entanto, uma vez que as tensões mostradas no gráfico não correspondem à tensão
real devido à presença de entalhes e concentradores de tensão, estas devem ainda ser
multiplicadas pelos respectivos fatores de concentração de tensão.
F F
figura 2.18: simulação pelo MEF das tensões normais (σX) nas vizinhanças de um concentrador de
tensão – chapa plana com entalhe em V submetida a carregamento axial.
onde KT aplica-se a tensões normais e KTS a tensões de cisalhamento. As tensões σnom ou τnom
são as tensões nominais, calculadas de acordo com as hipóteses da mecânica dos sólidos.
Quando as tensões nominais aplicadas σnom(t) ou τnom(t) variam no tempo tem-se:
σreal τreal
KF = e K FS = (2.18)
σnom (t) τnom (t)
onde KF e KFS são fatores de concentração dinâmicos, respectivamente, para tensões normais
e de cisalhamento.
Existem várias razões que explicam porque os fatores dinâmicos KF e KFS são distintos
dos fatores geométricos KT e KTS. Quando são aplicados carregamentos dinâmicos nos
componentes de máquinas é inevitável a propagação de ondas de tensão. Dessa forma, várias
características dos materiais que dificultam a propagação de ondas, tais como a ductilidade,
amortecimento interno, tamanho e orientação dos grãos e dimensões do concentrador de
tensão fazem com que as tensões reais calculadas pela equação 2.18 sejam em geral menores
que àquelas calculadas pela equação 2.17
Assim, a amplitude de tensão, σa e a tensão media σm, ambas tensões reais, podem ser
calculadas através das tensões nominais e do fator de concentração dinâmico KF através de:
2 - 18
dependem do material e do tamanho do concentrador, levou ao conceito de sensibilidade ao
entalhe, isto é, a característica que um material tem ao ser mais ou menos sensível à presença
de concentradores de tensão.
A sensibilidade ao entalhe q de um material é definida como (Peterson, 1951):
KF − 1
q= (2.20)
KT − 1
e, portanto,
K F = q. (K T − 1) + 1 (2.21)
1
q= (2.22)
√a
1+
√ρ
A utilização dos fatores de concentração geométricos KT e KTS para o cálculo dos fatores
KF e KFS pela equação 2.21 só pode ser feita considerando-se a fase elástica da curva de
2 - 19
tensão monotônica do material uma vez que a obtenção dos fatores geométricos pressupõe
que o material se comporte linearmente.
Dessa forma alguns autores (NORTON, 1998 e Dowling, 1998) argumentam que, após o
escoamento, a influência do concentrador de tensão diminui, pois, as tensões reais ficam
limitadas à tensão de escoamento, resultando em uma região plástica” onde não existe
concentração de tensão. O tamanho desta região plástica e o valor da tensão dependem da
ductilidade do material, de maneira que materiais perfeitamente plásticos (onde não ocorre
encruamento) tem regiões plásticas maiores. Para o caso elástico, isso pode ser observado na
simulação abaixo, onde a força F atuando na figura 2.18 foi aumentada fazendo o material
escoar na região do concentrador de tensão. Podemos perceber o surgimento de uma região
onde a tensão não se apresenta concentrada como é caso em que σX < σe.
figura 2.20: comparação da região do concentrador para σ X > σe (a esquerda) e σX < σe (a direita)
2 - 20
Figura 2.21: ciclos de histerese para R=-1 e comportamento bilinear
A figura 2.22 ilustra o ciclo de histerese para Fmin=-F e Fmax=F (carga alternada) com a
curva σ(ε) monotônica semelhante ao caso anterior. Durante o primeiro meio-ciclo, a curva σ(ε)
passa pelos pontos A→B→C→D com a nova tensão de escoamento sendo σesc = σC = σB + Δσ.
Entretanto, o acréscimo de tensão Δσ que ocorre no meio ciclo de tração deve ser subtraído no
meio-ciclo de compressão e, assim, para o meio-ciclo seguinte, a nova tensão de escoamento
é σesc = σE = σB – Δσ, ocorrendo encruamento a partir deste ponto. Este fenômeno é conhecido
como efeito Bauschinger (Dowling, 1998). A nova tensão de escoamento, para o meio ciclo de
compressão ocorre em σF = σE + Δσ = σB.
Dessa forma, para o caso em que Fmin= -F e Fmax= F, a curva σ(t) oscila entre σmin = σF e
σmax = σC. Neste caso, a tensão média e a tensão alternada são:
σF − σC ∆σ
σm = = + (2.23a)
2 2
σF + σC ∆σ
σa = = σesc + (2.23b)
2 2
2 - 21
carregamento simétrico, oscilando entre ±F somente produz tensões simétricas se o material
permanecer elástico.
No caso elastoplástico, um carregamento simétrico produz tensões assimétricas, com a
componente média variando entre ±Δσ/2 dependendo se o primeiro ciclo leva a tensões
positivas ou negativas. Uma vez que, na prática, é muito difícil predizer se o primeiro ciclo de
tensão é positivo ou negativo, geralmente ignora-se o acréscimo Δσ/2 em σa.
O valor das tensões reais σC e σF na figura 2.22 pode ser obtido de maneira semelhante
àquela empregada na equação 2.18, substituindo os fatores de concentração KF e KFS pelos
fatores de concentração elastoplásticos KPF e KPFS:
Existem vários métodos utilizados para o cálculo dos fatores KPF e KPFS, sendo o método
dos elementos finitos um dos mais utilizados. Alternativamente, pode-se utilizar o critério
Stowell-Hardrath-Ohman – SHO (Stowell, 1991):
ET GT
KPF = 1 + (K F − 1). e KPFS = 1 + (K FS − 1). (2.25)
E G
Através das figuras 2.21 e 2.22 é possível verificar que a influência dos concentradores
de tensão na região plástica da curva σ(ε) está relacionada à ductilidade do material. Materiais
dúcteis possuem taxas de encruamento menores, indicando que quando R=0 são necessários
mais ciclos até que a tensão plástica iguale o valor da tensão puramente elástica. Entretanto,
isso ocorre mesmo para valores pequenos da taxa de encruamento.
Materiais perfeitamente plásticos tais como os considerados por Norton (1998) e
Dowling (1998), por outro lado, não sofrem encruamento, indicando que a tensão plástica fica
sempre limitada ao valor da tensão de escoamento inicial. Isso pode ser verificado no critério
SHO pois, para materiais perfeitamente plásticos σR ≈ σe e, portanto, KPF ≈ 1, não havendo
concentração de tensão elastoplástica. No outro extremo, materiais perfeitamente elásticos não
apresentam encruamento, fazendo ET ≈ E e, consequentemente, KPF ≈ KF.
Considerando, então, a possibilidade de escoamento na tensão real de pico, seja
acontecendo no valor máximo e/ou no mínimo, tem-se os seguintes casos:
a) Casos em que o encruamento não ocorre ou que ocorre nos picos de tensão máxima
ou de tensão mínima, ou seja, se K F σmax < σe e/ou |K F σmin | ≤ σe
σmax,nom + σmin,nom
σm = K F = K F σm nom
2
σmax,nom − σmin,nom
σa = K F = K F σm nom
2
2 - 22
b) Caso em que o encruamento ocorre simultaneamente nos picos de tensão máxima e
mínima:
σmax,nom + σmin,nom
σm = KPF
2
σmax,nom − σmin,nom
σa = KPF
2
a) -500N.m e 500N.m
b) -500N.m e 900N.m
c) -900N.m e 900N.m
Solução:
Inicialmente são determinados os limites da tensão nominal considerando o carregamento
apresentado. Da fórmula da torção de seções circulares maciças tem-se:
T. r T
τnom = =
JP 0,20. d3
σe 300
τe = = = 173,2 MPa
√3 √3
O fator de concentração geométrico é obtido da figura A-3 com D/d = 1,33 e r/d = 0,05:
1 1
q= = = 0,73
√a 0,45
1+ 1+
√ρ √1,5
2 - 23
K FS = q. (K TS − 1) + 1 = 0,73. (1,7 − 1) + 1 = 1,51
Tmax 500x103
τmax = K FS . τmax,nom = 1,51. = 1,51. = 139,8MPa
0,20. d3 0,20. 303
Tmin −500103
τminl = K FS . τmin,nom = 1,51. = 1,51. = −139,8MPa
0,20. d3 0,20. 303
Como as tensões de pico são menores que a tensão de escoamento, não ocorre encruamento
e, portanto, as tensões calculadas correspondem ao valor real. As componentes média e
alternada são:
Tmax 900x103
τmax = K FS . τmax,nom = 1,51. = 1,51. = 251,7 MPa
0,20. d3 0,20. 303
Tmin −500x103
τmin = K FS . τmin,nom = 1,51. = 1,51. = −139,8 MPa
0,20. d3 0,20. 303
Neste caso, como apenas τmax,real é maior que a tensão de escoamento, ocorre encruamento e,
após alguns ciclos, a tensão elastoplástica desaparece, dando lugar a um comportamento
puramente elástico. Sendo assim, as tensões calculadas também correspondem ao valor real
(após alguns ciclos). As componentes média e alternada são:
Vale ressaltar que devido ao encruamento, existem agora duas tensões de escoamento para o
componente, correspondendo a τe+ = 251,7 MPa e τe− = 173,2 MPa
2 - 24
Portanto, devemos corrigir os valores das tensões levando em conta o comportamento
elastoplástico do material. O fator de concentração KPFS é calculado pelo critério SHO como:
τR − τe 500 − 300
GT = τe = = 1019,1 MPa
γmax − G 300
0,20 −
80x103
GT 504,7
KPFS = 1 + (K FS − 1). = 1 + (1,51 − 1). = 1,003
G 80𝑥103
e, dessa forma:
∆τ
τm = = 0,3 MPa
2
∆τ
τa = τe + = 173,2 + 0,3 = 173,5 Mpa
2
Fadiga simétrica é o processo de falha que ocorre devido à aplicação de tensões com
R= -1. Neste caso, pela própria definição do limite de resistência à fadiga, para que não ocorra
a falha é necessário que:
Sn Sn
≤ nF ou τa ≤ nF (2.27)
σa σa
2 - 25
Figura 2.23: Diagrama de Haigh
Uma tensão (t) ou (t) que varia harmonicamente é mostrada no diagrama de Haigh
através de um par ordenado (m, A) ou (τm, τA). No diagrama são assinalados alguns valores
críticos, como o limite de resistência R, o limite de escoamento E e o limite de resistência à
fadiga corrigido Sn.
A ideia por traz do diagrama de Haigh é a verificação experimental que a frequência e o
ângulo de fase do carregamento não influenciam a vida em fadiga dos corpos de prova de
materiais metálicos uma vez que esses materiais possuem baixo amortecimento interno.
Outros materiais, principalmente os poliméricos, apresentam alto índice de dissipação,
resultando em um aumento de temperatura do corpo de prova à medida que se aumenta a
frequência, o que pode influenciar as propriedades mecânicas desses materiais. Nesses casos
a frequência de aplicação de carregamento deve ser escolhida de modo a representar
aproximadamente a frequência de aplicação do carregamento.
É importante observar também que tensões não harmônicas podem ser representadas no
diagrama de Haigh com auxílio de uma expansão em série harmônica (Fourier). Este caso é
restrito apenas à região linear da curva tensão x deformação, onde cada estado de tensão
corresponde a um harmônico da série. Em outras palavras assume-se que, se o carregamento
puder ser representado como uma sobreposição de harmônicos, então as tensões resultantes
também podem ser representadas como séries de harmônicos.
Os critérios para fadiga assimétrica são baseados principalmente na análise de
experimentos. O objetivo é, principalmente, avaliar a influência das componentes média e
alternada na vida total dos corpos de prova e demais componentes mecânicos. A figura 2.24
ilustra diversos dados experimentais com CP´s de aço sob tensão normal σ(t). Os pontos
mostrados indicam ruptura dos CP´s e as linhas pontilhadas indicam o critério de falha por
resistência com σmax = σa + σm < σe
2 - 26
3.4.1 Critérios para σm > 0 ou τm > 0
A figura 2.24 mostra que o comportamento dos materiais à fadiga é distinto nos casos em
que σm > 0 ou σm < 0. Além disso, verifica-se que a influência de σm é maior quando σm > 0.
Neste texto serão utilizados os critérios mais utilizados na prática, Goodman, Soderberg e
Gerber. Os critérios podem ser utilizados para tensões normais ou de cisalhamento,
substituindo-se nas expressões seguintes (τm , τa) ao invés de (σm , σa), τe no lugar de σe e τR no
lugar de σR.
a) Critério de Goodman: Utilizado originalmente por J. Goodman (1899), este critério utiliza
a hipótese que a tensão de ruptura σR desempenha papel importante no comportamento
à fadiga. Experimentos tem demonstrado que seus resultados são melhor aplicados a
aços de baixo carbono, bronze, alumínio e demais materiais com maior ductilidade. Tem-
se, portanto:
σe − Sn σa σm 1
se σm ≤ Sn ( ) , então + ≤
σR − Sn Sn σR nG
(2.28)
σe − Sn σa + σm 1
se σm > Sn ( ) , então <
{ σR − Sn σe nG
σa σm 1
+ ≤ (2.29)
Sn σe nS
σa σm 2 1
+( ) ≤ (2.30)
Sn σR nGBR
Comparando os três critérios, observa-se que a maioria dos dados experimentais cai
entre os critérios de Gerber e Goodman enquanto que o critério de Soderberg é utilizado
apenas em situações que requerem maior segurança, como o projeto de eixos e demais
componentes de segurança cuja falha deseja-se evitar.
2 - 27
σa 1
se |σm | ≤ σe − Sn , então≤
Sn n
quando σm < 0 σa + |σm | 1 (2.31)
se |σm | > σe − Sn , então ≤
{ σe n
onde, neste intervalo, nG = nS = nGBR = n. A figura 2.25 compara os três critérios graficamente.
τa + |τm | 1
se |τm | > τe − Sn , então ≤
τe n
(2.32)
τa 1
{se |τm | ≤ τe − Sn , então Sn ≤ n
Observa-se, entretanto, que em problemas envolvendo fadiga por torção de seções não-
circulares ou mesmo de seções circulares abertas de paredes finas ou não, a componente
média da tensão deve ser levada em conta na análise do comportamento em fadiga. Nestes
casos são utilizadas as equações descritas no item 3.4.2.
2 - 28
3.4.4 Cálculo da vida para os casos em que σm ou τm ≠ 0:
Um problema prático que surge com certa facilidade é o cálculo da vida de CP´s e
componentes mecânicos submetidos a uma certa tensão média. Certamente não poderíamos
utilizar a equação de Basquin uma vez que a tensão média, conforme já se viu anteriormente
afeta a vida em fadiga.
σa σa ′ σe σa
= ou seja, σ′a = (2.33)
σR − σm σe σe − σm
A vida pode, então, ser calculada substituindo-se o estado (σm,σa) pelo estado
equivalente (0,σa’):
m 10b
N= √ (2.24)
σ′a
No critério de Morrow introduz-se o conceito de tensão real de fratura, σf’, que equivale a
tensão real de ruptura nos corpos de prova. Tal tensão é difícil de se obter experimentalmente
devido à estricção do corpo de prova, característico do ensaio de tração. Em materiais frágeis,
o valor de σf’ se aproxima de σR devido à reduzida ductilidade.
2 - 29
m σ′ − σ
m
N= √ f (2.25)
σa
Valores de σf’ típicos para alguns materiais também podem ser obtidos da tabela abaixo.
Observe que, quando dados experimentais não estiverem disponíveis, é possível aproximar:
Fadiga multiaxial é o processo de falha por fadiga que ocorre quando mais de uma
componente do tensor de tensões está presente. Por exemplo:
Neste ponto é importante fazer uma distinção entre carregamento proporcional e não
proporcional. Por exemplo, no caso de um vaso de pressão de parede fina sujeito a uma
pressão interna variável p, o estado de tensão é definido pelas tensões longitudinal σ X e
tangencial σY, definidas como (NORTON, 1998):
p p
σX = e σY = (2.26)
Rt 2Rt
TAP TAP
σX = e τXY = (2.27)
0,20. d. AS 0,40. d33
onde S1, S2 e S3 são tensões principais , σmi são tensões médias e σai são tensões alternadas.
a) critério das tensões octaédricas: é semelhante ao critério de von Mises utilizado com
tensões estáticas e é aplicável principalmente a materiais dúcteis. Neste caso as
componentes média e alternada do tensor de tensão são convertidas para as tensões
principais alternadas e as tensões equivalentes σa,eq e σm,eq são calculadas através de:
1
σa,eq = √(σa1 − σa2 )2 + (σa1 − σa3 )2 + (σa2 − σa3 )2 (2.29)
√2
1
σm,eq = √(σm1 − σm2 )2 + (σm1 − σm3 )2 + (σm2 − σm3 )2 (2.30)
√2
2 - 31
b) séries em frequência, principalmente através da aplicação de PSD´s (power spectral
densities). Neste caso o carregamento f(t) é substituído por F(ω), expresso no domínio
da frequência. A relação entre f(t) e F(ω) geralmente é feita através de transformadas
integrais (Laplace ou Fourier).
Seja o carregamento variável no tempo ilustrado na figura 2.28, formado pela junção de
diversos “blocos” de carregamento independentes. Neste caso, a tensão σ1(t) atua por n1
ciclos, a tensão σ2(t) atua por n2 ciclos etc. Sejam também as vidas totais calculadas pela
equação de Basquin ou pelo critério de Morrow N1, N2 ,..., Nn correspondendo respectivamente
aos carregamentos σ 1(t), σ2(t), ... , σn(t).
O dano (ou redução da vida) devido à aplicação da tensão σi(t) por ni ciclos é dado por:
ni
dano i =
Ni
A hipótese básica da regra de Miner é que a falha por fadiga ocorre quando a soma dos danos
parciais atinge um certo valor crítico C:
n
n1 n2 nn ni
+ + ⋯+ =∑ =C (2.32)
N1 N2 Nn Ni
i=1
log(0,9σR ) − log σ1
log Sn′ = log(0,9σR ) − 3 (2.33)
log(N1 − n1 ) − 3
2 - 32
figura 2.28: correção de Manson do critério de Miner-Palmgreen
Pede-se verificar:
a) qual a resistência à fadiga do componente depois de ensaiado e
b) qual a vida remanescente do corpo de prova
Solução:
Neste exemplo utilizaremos a equação de Basquin para o cálculo das vidas N1 e N2, uma vez
que os critérios de Morrow e Basquin coincidem quando σm = 0.
1 0,9σR 1 0,9.1000
m6 = log ( ) = log ( ) = 0,1174
3 Sn 3 400
m 10b
N1 = √ = 31623 ciclos
σ1
Passo 2: aplicação de σ2
Neste passo, o valor de Sn será corrigido pela equação 2.33 antes da aplicação da equação de
Basquin.
2 - 33
log(0,9.1000) − log 600
log Sn′ = log(0,9.1000) − 3 → Sn′ = 383,4 MPa
log(31623 − 5000) − 3
1 0,9σR 1 0,9.1000
m6 = log ( ) = log ( ) = 0,1235
3 Sn′ 3 383,4
m 10b
N2 = √ = 870950 ciclos
σ2
Após a aplicação dos dois carregamentos, a resistência à fadiga final do componente será,
portanto:
log(0,9.1000) − log 390
log Sn′ = log(0,9.1000) − 3 → Sn′ = 362,2 MPa
log(870950 − 300000) − 3
e o dano acumulado pela aplicação de σ1 e σ2 é calculado pelo critério de Miner-Palgreen:
n1 n2 5000 300000
dano = + = + = 0,16 + 0,34 = 0,50 = 50%
N1 N2 31623 870950
2 - 34
b) discretização: Nesta etapa, o carregamento f(t) é representado como uma sequência de
máximos e mínimos { f1 , f2 , f3 , ... , fn } onde f1 representa o maior valor de f(t) no
período ΔT.
A figura 2.29 ilustra uma situação onde um ciclo é identificado e outra onde não é
identificado.
d) exclusão do ciclo e reinício: após um ciclo ser identificado, os valores de f i e f i+1 são
excluídos da sequência e o processo é reiniciado a partir do início. O processo continua
até que todos os ciclos sejam identificados e todos os vales e picos tenham sido
excluídos da sequência inicial.
2 - 35
Solução:
Inicialmente periodizamos e discretizamos a curva de T(t) iniciando pelo maior valor absoluto,
Tmax = 250Nm.
2 - 36
que ∆TDE = 50Nm e ∆TEF = |150 − 100| = 50Nm, indicando que ∆TDE = ∆TEF e que o trecho
DE do gráfico representa um ciclo. O ciclo é registrado e os pontos D e E são excluídos do
gráfico.
Reiniciando o processo, vemos que ∆TAF = 150 Nm e ∆TFG = 50 Nm mostrando que o trecho
AF não representa um ciclo. Para o trecho seguinte temos ∆TFG = 50 Nm e ∆TGH = 300 Nm
indicando que o trecho FG representa um ciclo. Exclui-se portanto os pontos F e G e registra-
se os limites de torque do ciclo FG.
a) determine uma tensão alternada equivalente durante o ciclo Rainflow. Neste caso a
equivalência significa causar o mesmo dano por ciclo. Assim:
n1 n2 nn m
σeq = 10b ( + + ⋯+ ) (2.34)
N1 N2 Nn
onde εa,el representa a deformação alternada elástica e εa,pl a deformação alternada plástica.
Assumindo que durante a fase elástica o material se comporta de maneira linear e que a
tensão alternada atuante possa ser expressa pela equação de Basquin tem-se:
σa 10b N −m
εa,el = = (2.37)
E E
onde b e m são os coeficientes da equação de Basquin. Da mesma forma, para a fase plástica
tem-se:
2 - 39
εa,pl = εf ′(2N)−c (2.38)
10b N −m
εa,nom = εa,el + εa,pl = + εf ′(2N)−c (2.39)
E
A figura 2.29 mostra as componentes da deformação total εa. Verifica-se que, para N < Nf,
a abordagem LCF é dominante pois os resultados da equação 2.38 se aproximam da
deformação total. Nesta situação o comportamento dúctil/frágil através do coeficiente de
ductilidade εf’ desempenha papel dominante. Para a região onde N > Nf os resultados
experimentais favorecem a equação de Basquin, onde a resistência à fadiga Sn desempenha o
papel principal. Pode-se perceber que no intervalo entre 103 e 104 ciclos ambas as abordagens
apresentam deficiências. Sendo assim o valor de Nf representa um limite teórico entre as
abordagens LCF e HCF. Igualando as equações 2.37 e 2.38:
1
10b N −m −c
2−c ε′f E c−m
= εf ′(2Nf ) → Nf = ( ) (2.40)
E 10b
Manson(1966) percebeu que, para a maioria dos metais, εf’≈ εf e que o coeficiente c varia
entre 0,5 e 0,7. O coeficiente de ductilidade estático εf é calculado através da redução de área
transversal no ensaio de tração uniaxial (estricção), ou seja:
Ai
ε′f ≈ εf = ln ( ).
Ai − Af
σ′f − σm
εa = (2N)−m + εf ′(2N)−c (2.41)
E
2 - 40
onde σm é a tensão média nominal e σf’ é a tensão real de ruptura.
Analisando a figura 2.20, vemos que quando a tensão ultrapassa o limite de escoamento
nas vizinhanças de um concentrador de tensão, tendem a ocorrer dois fenômenos simultâneos:
um aumento significativo das deformações devido ao escoamento ao mesmo tempo em que as
tensões tendem a se tornar mais homogêneas devido ao encruamento.
Os campos de tensão média e alternada nas vizinhanças de um concentrador de tensão
são dados em função da tensão mínima e máxima pelas equações 2.19, com KF ou KFS sendo
fatores de concentração dinâmicos. De maneira similar, os campos de deformação podem ser
dados nas vizinhanças de um concentrador por:
εa = K ε εa,nom (2.43)
onde εa,nom é a deformação alternada nominal dada pelas equações 2.41 ou 2.42 e Kε é o fator
de concentrador de deformações. Este fator se relaciona com o fator de concentração de
tensões elastoplástico KPF através da regra de Neuber:
√K ε . KPF = K F (2.44)
K 2F
Kε = (2.45)
E
1 + (K F − 1). ET
A relação entre a tensão elastoplástica e a deformação total εa,nom pode ser aproximada
por (Neuber,1946):
1 2
σa,pl εa,nom = E (K F σa,nom ) (2.46)
2 - 41
σ
E. ε para ε < Ee
a) perfeitamente plástico, isto é, σ(ε) = { σe
σ(ε) = σe para ε ≥ E
σe
E. ε para ε < E
b) bilinear, isto é, σ(ε) = { E σe
Et . ε + σe (1 − t) para ε ≥
E E
σ σe
E
para ε <E
c) não-linear, geralmente Ramberg-Osgood, ϵ(σ) = {σ σ−𝜎𝑒 −n σe
E
+K( E
) para ε ≥ E
σ′f − σm,nom σa
(2N)−m + ε′f (2N)−𝑐 = (2.47)
E E
a) σe=480MPa , σR=600MPa , εmax = 0,05 , E=200 GPa (obtidos via teste de tração uniaxial)
b) εf’ = εf = 0,30 , σf’=1450 MPa , c=0,6 (obtidos através de teste de tração alternado)
c) R=10µm, temp. amb , CDIV=1,20 e índice de falha de 1:10000 (dados do projeto)
Pede-se:
2 - 42
b) dimensionar a barra para uma vida infinita com nf =1,5
Solução:
a) projeto para vida finita
Utilizando as equações de Marin e Basquin obtém-se:
SnCP = 300MPa , Sn = 150 MPa , m = 0,185 , b = 3,2876
indicando que, neste caso, N < Nf e a abordagem da fadiga em baixo ciclo deve ser
utilizada. Utilizando a equação 2.39 (carregamento simétrico) obtém-se:
1
√a = 0,37 mm0,5 e r = 2mm → q = = 0,80
√a
1+
√r
K F = q (K T − 1) + 1 = 0,80 (2,20 − 1) + 1 = 1,96
σe
Para o modelo perfeitamente plástico, σ(ε) = σe para ε > E
, ou seja σa,pl = σe = 480 MPa:
1 2 1 2
σa,pl εa = (K F . σa,nom ) → 480 . 0,0058 = 3 (1,96. σa,nom )
E 200x10
4Fmax 4Fmin
σmax,nom = e σ min,nom =
πd2 πd2
obtém-se:
2 - 43
σR − σe 600 − 480
ET = σ = = 2521 MPa
εmax − e 480
E 0,05 − 3
200x10
Et 2521
σa,pl = Et . εa + σe (1 − ) = 2521 . 0,0068 + 480 (1 − ) = 491,3 MPa
E 200x103
Finalmente, utilizando a equação 2.46 com σa,pl = 486,3 MPa temos:
1 2 1 2
σa,pl εa = (K F . σa,nom ) → 491,3 . 0,0068 = 3 (1,96. σa,nom )
E 200x10
ou seja:
σa,nom = 417,1 MPa
Sn
σa ≤ = 150 MPa
𝑛
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2 - 44
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NORTON, R.L., Machine Design: an integrated approach, Prentice-Hall, New Jersey, 1998.
2 - 45
ANEXO A
Fatores de concentração de tensão (Peterson, 2008)
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
2,00 1,01470 -0,30035
1,50 0,99957 -0,28221
1,20 0,99272 -0,25527
1,10 0,98450 -0,20818
1,05 1,00480 -0,17076
1,02 1,01220 -0,12474
Figura A-1: Fator KT para eixo cilíndrico com adoçamento de raio r sob carregamento axial
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
3,00 0,89334 -0,30860
2,00 0,90879 -0.28598
1,50 0,93836 -0,25759
1,20 0,97098 -0,21796
1,10 0,95120 -0,23757
1,05 0,98137 -0,19653
1,02 0,96048 -0,17711
Figura A-2: Fator KT para eixo cilíndrico com adoçamento de raio r sob flexão
2 - 46
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
2,00 0,86331 -0,23865
1,33 0,84897 -0,23161
1,20 0,83425 -0,21649
1,09 0,90337 -0,12692
Figura A-3: Fator KT para eixo cilíndrico com adoçamento de raio r sob torção
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
∞ 0,99372 -0,39352
2,00 0,99383 -0,38231
1,50 0,99808 -0,36955
1,20 1,01070 -0,33765
1,10 1,02720 -0,29484
1,05 1,02720 -0,25256
1,02 1,03790 -0,18755
Figura A-4: Fator KT para eixo cilíndrico com sangramento de raio r sob carregamento axial
2 - 47
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
∞ 0,94801 -0,33302
1,50 0,93894 -0,32380
1,20 0,94681 -0,30582
1,10 0,95454 -0,28268
1,05 0,98755 -0,24134
1,02 0,97753 -0,19793
Figura A-5: Fator KT para eixo cilíndrico com sangramento de raio r sob flexão
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
∞ 0,88126 -0,25204
2,00 0,89035 -0,24075
1,20 0,90182 -0,22334
1,10 0,92311 -0,19740
1,05 0,93853 -0,16941
1,02 0,96977 -0,12605
Figura A-6: Fator KT para eixo cilíndrico com sangramento de raio r sob flexão
2 - 48
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
2,00 1,09960 -0,32077
1,50 1,07690 -0,29558
1,20 1,03510 -0,25084
1,10 1,01300 -0,21535
1,05 0,98797 -0,13848
1,02 1,02590 -0,16978
Figura A-7: Fator KT para placa plana com adoçamento de raio r sob carregamento axial
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
3,00 0,90720 -0,33333
2,00 0,93232 -0,30304
1,20 0,99590 -0,23879
1,10 1,01650 -0,21548
1,05 1,02260 -0,19156
1,02 0,99528 -0,17013
Figura A-8: Fator KT para placa plana com adoçamento de raio r sob flexão
2 - 49
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
3,00 1,11390 -0,40923
2,00 1,11390 -0,38586
1,50 1,13260 -0,36592
1,20 1,14750 -0,31507
1,10 1,08510 -0,29997
1,05 1,09060 -0,24163
1,02 1,05400 -0,18879
Figura A-9: Fator KT para placa plana com sangramento de raio r sob carregamento axial
r b
K t = A. ( )
d
D/d A b
3,00 0,97194 -0,35047
2,00 0,96801 -0,34915
1,50 0,98315 -0,33395
1,20 0,99055 -0,31319
1,10 1,00710 -0,28379
1,05 1,02500 -0,24008
1,02 1,03740 -0,18428
Figura A-10: Fator KT para placa plana com sangramento de raio r sob flexão
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Figura A-11 Fator KT para placa plana com furo central de diâmetro d sob carregamento axial
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