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MKT-MDL-05

Versão 00

Tecnologia Metalúrgica
Aula 11: Diagramas TTT e CCT
Efeito Da Velocidade De Resfriamento
Sobre A Transformação Da Austenita

• O diagrama de equilíbrio estudado e, portanto, a localização da


zona crítica são para condições de resfriamento muito lento.
• Os constituintes resultantes da transformação da austenita —
ferrita, cementita e perlita — de acordo com
sua quantidade relativa, permitem uma variação nas propriedades
mecânicas dos aços.

A decomposição da austenita
Resfriamento Lento X Resfriamento Rápido
Efeito Da Velocidade De Resfriamento
Sobre A Transformação Da Austenita

• Se for aumentada a velocidade de


resfriamento da austenita, ou seja se o aço
for esfriado mais rapidamente, não haverá
tempo suficiente para uma completa
movimentação atômica e as reações de
transformação da austenita se modificam,
podendo mesmo deixar de formar-se os
constituintes normais — como a perlita — e
surgirem novos constituintes de grande
importância para a aplicação dos aços.
Transformação Isotérmica

• Curva TTT ou em C
• Os fenômenos que ocorrem quando o aço é resfriado a diferentes
velocidades de resfriamento são melhor compreendidos pelo estudo da
transformação isotérmica da austenita em perlita, em diversas
temperaturas abaixo de 727 °C mantendo-se a seguir essa temperatura
constante até que toda a transformação da austenita se processe.
Transformação Isotérmica

• Curva TTT ou em C
• A transformação em perlita
obedecerá a uma curva de
reação isotérmica, como a
indica da na figura 16, na
qual se considerou um
resfriamento brusco da
austenita a 600 °C, por
exemplo.
Transformação Isotérmica

• Para facilitar o estudo, pode-se considerar inicialmente um aço


eutetóide, visto que para ele só existe uma temperatura de
transformação — 727 °C — e resulta somente um produto de
transformação— a perlita.
• Tomando corpos de prova desse aço, depois de convenientemente
austenizados, são eles mergulhados bruscamente num banho de
chumbo a uma temperatura de, por exemplo, 680°C e aí
mantidos durante tempo determinado, 10, 100, 200, 500, etc.
• Como houve um resfriamento brusco da temperatura de
austenitização a 680°C, a austenita permaneceu estável, mas ela
tenderá a transformar-se no seu produto de transformação —
perlita, no caso em estudo — com o tempo.
Representação
esquemática do
progresso da
transformação da
austenita, a uma
temperatura constante
abaixo da crítica.
Transformação Isotérmica

• Decorrido o tempo desejado, os corpos de prova são mergulhados


em água ou salmoura e as propriedades são medidas ou a
estrutura observada para verificar o andamento da
transformação.
• No caso do exame de estrutura, a transformação é acompanhada
ao microscópio pela avaliação do produto resultante da
transformação normal da austenita, isto é, pela avaliação da
quantidade de perlita presente.
• Verifica-se que a formação da perlita à temperatura
considerada é progressiva, isto é, as amostras resfriadas em
água depois de mantidas a 680 °C, durante tempos diferentes,
mostram quantidades crescentes de perlita para tempos
crescentes de permanência a essa temperatura.
Transformação Isotérmica

• Repetindo-se a experiência, isto é, mergulhando-se novas


amostras do mesmo aço depois de convenientemente
austenitização, em banhos de chumbo fundido mantidos a outras
temperaturas, tem-se uma série de tempos os quais marcam,
para as várias temperaturas, o início e o fim da transformação.

• Pode-se assim construir um diagrama "temperatura-tempo" onde,


para cada temperatura, se tem uma indicação da porcentagem de
transformação em função do tempo. Esse diagrama é chamado de
"transformação isotérmica ou "a temperatura constante".
Transformação
Isotérmica
Transformação
Isotérmica
Transformação Isotérmica

• O exame dessas curvas, para o aço eutetóide em estudo, revela o


seguinte:
• a) a linha horizontal, na parte superior do diagrama, representa a
linha inferior da zona crítica, isto é, a linha A1 à temperatura
de 727°C;
• b) a linha em forma de C marcada I define o tempo necessário
para que a transformação da austenita em perlita se inicie;
• c) a linha também em forma de C e marcada F define o tempo
necessário para que a transformação da austenita em perlita se
complete;
Transformação Isotérmica

• d) a transformação demora para se iniciar e para se


complementar, à temperatura logo abaixo da crítica; em outras
palavras, a velocidade de transformação é baixa inicialmente;
• e) a demora para a transformação se iniciar e se completar é
cada vez menor à medida que decresce a temperatura, até que, a
cerca de 550°C, tem-se o mais rápido início de transformação;
• f) abaixo de 550 °C, aumenta novamente o tempo para que a
transformação se inicie, ao mesmo tempo que a velocidade de
transformação decresce.
Transformação Isotérmica

• g) finalmente, à temperatura de cerca de 200°C, a linha M, e


mais abaixo da linha Mi indicam o aparecimento de outro tipo
de transformação, a qual tem lugar instantaneamente, indepen-
dente, portanto, do tempo. A faixa de temperaturas entre as
quais ocorre essa transformação, totalmente diferente da
indicada pelas curvas em C, é de Mi a Mf.
• Assim, a cerca de 200 °C, um novo constituinte, chamado
martensita, aparece instantaneamente, em porcentagens
crescentes, a partir de Mi, até constituir, à temperatura
correspondente a Mf, a totalidade do produto de transformação!
• A formação de martensita, em forma de agulhas através de uma
reação chamada comumente de "reação martensítica" dá-se por
cisalhamento em certas regiões do cristal do constituinte
original e não depende de um movimento extenso de átomos,
como nos fenômenos de difusão.
Constituintes resultantes da
transformação

• a) Logo abaixo de A1, zona em que a velocidade de


transformação é muito baixa, forma-se perlita lamelar, de
granulação grosseira e de baixa dureza (Rockwell C de 5 a 20)
• b) à medida que a temperatura cai, nas proximidades do cotovelo
da curva, em torno de 550°C, a perlita que se forma adquire
textura cada vez mais fina e dureza cada vez mais elevada,
Rockwell C de 30 a 40, ou cerca de 400 Brinell. Para diferenciá-lo
de perlita lamelar normal, esse constituinte é chamado de
perlita fina. É a forma mais dura da perlita e a que apresenta as
lamelas mais finas. A espessura das lamelas é tão pequena, que
dificilmente elas são perceptíveis ao microscópio;
Constituintes resultantes da
transformação

• c) à temperatura entre 550 °C e 200 °C, novamente há


necessidade de um tempo mais longo para se iniciar a
temperatura da austenita. Nessa faixa de temperaturas o produto
de transformação resultante varia de aspecto, desde um agregado
de ferrita em forma de pena e carboneto de ferro muito fino, em
torno de 450 °C, até um constituinte em forma de agulhas com
coloração escura (em torno de 200 °C). Todas essas estruturas
são hoje designadas com o nome de bainita) e sua dureza varia
de 40 a 60 Rockwell C;'
• d) finalmente, na faixa de temperaturas de Mi, (em torno de
200°C) a Mf (em torno de 100°C) forma-se um constituinte novo,
totalmente diverso dos anteriores, a martensita. Sua aparência e
forma são semelhantes às da bainita, isto é, apresenta-se em
agulhas, mas com coloração mais clara. Devido a esse aspecto é
frequentemente chamada acicular.
Constituintes resultantes da
transformação

• Em vista do exposto, essa alta dureza da martensita pode ser


atribuída entre outros, aos seguintes fatores:
— precipitação de partículas submicroscópicas de carboneto de
ferro da solução sólida gama e retenção dessas partículas na forma
de uma solução sólida supersaturada no reticulado do ferro alfa
(formado no esfriamento) onde impedem o escorregamento;
— distorção do reticulado;

— tensões internas;

— tamanho de grão muito pequeno.


Transformação Isotérmica
Curvas TTT

• Aços Hipoeutetóide e
Hipereutetóide
Curvas TTT

• Aços Hipoeutetóide e
Hipereutetóide
Curvas TTT

• Aços Hipoeutetóides e
Hipereutetóides
Transformação em resfriamento
contínuo

As transformações que mais


interessam são as que
se verificam quando a temperatura
decresce continuamente, visto que
a maioria das operações de
tratamento térmico envolve
transformações que ocorrem em
resfriamento contínuo.
Transformação em resfriamento
contínuo
Efeito da seção da peça
MKT-MDL-05
Versão 00

Tecnologia Metalúrgica
Aula 11 e 12: Aços e Ligas Especiais
Classificação
Classificação
Propriedades Mecânicas dos Aços

• Os elementos de liga podem modificar as propriedades do material!


Propriedades Mecânicas dos Aços

• Relembrando que:
• A deformação elástica é resultado de um pequeno alongamento ou
contração das células cristalinas na direção da tensão aplicada: tração
ou compressão (os átomos podem se deformar ou se afastar um pouco
uns dos outros). Vale a Lei de Hooke!
• O módulo de elasticidade corresponde à rigidez ou uma resistência do
material à deformação elástica.
• O módulo de elasticidade está ligado diretamente às forças das
ligações interatômica. Quanto maior a força, maior o módulo.
Propriedades Mecânicas dos Aços

• Relembrando que:
• A deformação plástica resulta da quebra de ligações entre átomos; e
formação de novas ligações em seguida;
• A deformação plástica ocorre mediante um processo de
escorregamento (cisalhamento) de planos cristalinos uns sobre os
outros na estrutura, através do movimento de discordâncias.

Daí, novos materiais com propriedades


diferentes são conseguidos com adição de
elementos de liga!
Aços Estruturais

• Para a maioria das aplicações consideradas, a importância da


resistência mecânica é, de certo modo, relativamente pequena,
do mesmo modo que o fator peso não é primordial. Assim sendo,
os aços-carbono comuns, simplesmente laminados, sem
quaisquer tratamentos térmicos, são plenamente satisfatórios e
constituem porcentagem considerável dentro do grupo de aços
estruturais.
Aços Estruturais

• Em outras aplicações, entretanto, exige-se uma relação


resistência/peso mais satisfatória. É o caso da indústria de
transporte onde o equipamento utilizado—devido às condições
próprias do serviço, deve caracterizar-se por peso relativamente
baixo e alta resistência, por estar sujeito a esforços severos e
choques repentinos, além de resistência à corrosão adequada,
visto que nas secções mais leves, a perda de resistência por ação
corrosiva, poderia ser fatal.
• Nestas aplicações, os aços indicados são os de baixo teor em liga,
conhecidos como "de alta resistência e baixo teor de liga”.
Aços Estruturais

• Aços-carbono para estruturas — Os requisitos fundamentais a que


devem obedecer esses aços são os seguintes:
• ductilidade e homogeneidade;
• valor elevado da relação entre limite de resistência e limite de
escoamento;
• Boa soldabilidade;
• suscetibilidade de corte por chama, sem endurecimento;
• resistência razoável à corrosão.
Com exceção da resistência à corrosão, todos os outros requisitos são satisfeitos
em maior ou menor grau pelos aços-carbono, de baixo a médio carbono, obtidos
por laminação, cujos limites de resistência à tração variam de 40 a 50 kgf/mm2
(390 a 490 MPa) e cujo alongamento gira em torno de 20%.
Aços Estruturais

• Finalmente, a resistência à corrosão só é alcançada com adição


de pequenos teores de cobre, elemento que, adicionado em
teores muito baixos, da ordem de 0,25%, melhora aquela
propriedade de mais ou menos duas vezes em relação ao mesmo
aço sem cobre.
Aços Estruturais

• Aços de alta resistência e baixo teor de liga


a) aumentar a resistência mecânica, permitindo um acréscimo da
carga unitária da estrutura ou tornando possível uma diminuição
proporcional da secção, ou seja o emprego de secções mais leves;
b) melhorar a resistência à corrosão atmosférica. Esse é um fator
importante e considerar, por que a utilização de secções mais finas
pode significar vida mais curta da estrutura, a não ser que a
redução da secção seja acompanhada por um aumento
correspondente da resistência à corrosão do material;
c) melhorar a resistência ao choque e o limite de fadiga;
d) elevar a relação do limite de escoamento para o limite de
resistência à tração, sem perda apreciável da ductilidade.
Aços Estruturais

• Aços de alta resistência e baixo teor de


liga (ARBL)
• Aplicações em estruturas fixas de
edifícios, pontes, reservatórios ou
empregos semelhantes e em estruturas
móveis, no campo do transporte (indústria
automobilística, ferroviária, aeronáutica
etc.)
Aços para Trilhos

• Os trilhos são materiais sujeitos a


condições de serviço relativamente
severas.
• Além dos choques e esforços de
flexão, verifica-se desgaste da
superfície de trabalho.
• As extremidades, por outro lado,
estão sujeitas a um amassamento
devido ao golpe produzido pelo
choque das rodas das composições
quando estas atravessam as juntas
dos trilhos.
Aços para Trilhos

• O manganês, em teores relativamente elevados, contribui para


melhorar a resistência ao desgaste e garantir a ausência total da
"fragilidade a quente" (causado pelo FeS), o que é fundamental visto
que esses aços são laminados a quente.
Aços De Usinagem Fácil

• A usinabilidade é um dos característicos mais complexos dos tais,


podendo ser definida de "uma propriedade relacionada com a
facilidade com que um metal pode ser cortado, de acordo com as
dimensões, forma e acabamento superficial requeridos
comercialmente".

• Um fator metalúrgico predominante que influencia na


usinabilidade é a dureza.
• O segundo fator metalúrgico a ser considerado — e o que de fato
melhor caracteriza a usinabilidade — é a microestrutura .
Aços De Usinagem Fácil

• Os aços de usinagem fácil são aqueles em que se introduzem, de


modo controlado, inclusões não metálicas.
• Essas inclusões são de sulfeto de manganês e são obtidas pela
introdução de enxofre em quantidade suficiente para combinar-
se com o manganês e com o ferro.
Aços De Usinagem Fácil
Aços de Elevada Resistência ao
Desgaste

• Um dos maiores problemas nas indústrias, independente do ramo,


costuma ser o desgaste de peças e equipamentos. Ele ocorre
quando essas estruturas estão em movimento, como por exemplo
em eixos, válvulas, engrenagens, matrizes e pistões.
• Um famoso exemplo de material com essa propriedade é o aço
Hadfield. Trata-se de um aço-manganês austeníticos que tira
proveito da metaestabilidade de sua austenita para que, durante
o uso, possa transformar sua microestrutura. Assim, o aço torna-
se mais resistente contra a ação do desgaste à medida que ele
ocorre, aumentando a durabilidade da estrutura.
Aços de Elevada Resistência ao
Desgaste

• Os aços-manganês austeníticos possuem um mecanismo no qual


basicamente fases metaestáveis absorvem energia e alteram suas
estruturas cristalinas.
• No caso desses materiais, acontece uma transformação da fase
austenítica para martensítica, desencadeada por solicitação
mecânica do material.
Aços de Elevada Resistência ao
Desgaste

• Para isso, é necessário adicionar aos aços um elevado teor de


manganês, em torno de 10 a 14%, já que é um elemento que
favorecerá a estabilização da fase austenítica.
• Com isso, o manganês em elevadas quantidades ocasiona aos aços
resistência ao magnetismo, e devido à transformação
martensítica, também durabilidade, alta dureza e resistência ao
desgaste, mantendo ao mesmo tempo uma boa tenacidade, já
que apenas as partes solicitadas são transformadas.
Aços de Elevada Resistência ao
Desgaste
Aços de Elevada Resistência ao
Desgaste

• Para produzir um material com essas características, a liga


necessita primeiramente ser aquecida ao campo austenítico, a
aproximadamente 1000°C, e então resfriada rapidamente em
água para evitar a precipitação de carbetos.
• A austenita formada é metaestável. Assim, ao sofrer o efeito das
condições de serviço, o aço é encruado e sua dureza aumenta
devido à formação de martensita, aumentando também sua
resistência ao desgaste.
Aços de Elevada Resistência ao
Desgaste

• A resistência ao desgaste propriamente dita não é característica


de um material, mas sim de um par de materiais em movimento
em um determinado meio, um sistema.
• No entanto, um aumento de dureza é normalmente associado a
um aumento considerável à resistência ao desgaste por abrasão,
já que partículas mais duras são capazes de danificar e remover
partes de materiais menos duros quando atritadas contra eles.
• Nesse caso, o aumento da dureza do material torna-o menos
suscetível a esse tipo de efeito danoso.

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