Você está na página 1de 53

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

ENGENHARIA MECÂNICA

EM12 – CIÊNCIA DOS MATERIAIS

AULA 17
TRATAMENTOS TÉRMICOS
(PARTE 2)

Profa.: Dra. Alexandra de Oliveira França Hayama

2013/1
 Tratamentos térmicos

 Têmpera
 Revenimento
 Têmpera superficial
 Martêmpera
 Austêmpera
 Envelhecimento
TÊMPERA
 Têmpera: tratamento térmico que consiste em resfriar o aço, após
austenitização, a uma velocidade suficientemente rápida para evitar
que ocorram as transformações perlíticas e bainíticas na peça em
questão. Deste modo, obtém-se a martensita.

 Como na têmpera o
constituinte final desejado é a
martensita, os objetivos dessa
operação, sob o ponto de vista
de propriedades mecânicas,
são o aumento da dureza do
aço e de sua resistência
mecânica.

 Lembrando que para o aço


eutetóide (0,76%p C) a
temperatura de austenitização
é 727°C.
TÊMPERA
 A dureza martensítica aumenta com o teor de carbono. Os aços
carbono para têmpera apresentam um teor de carbono maior do que
0,3%p, pois abaixo deste teor o efeito endurecedor provocado pela
têmpera seria muito pequeno.

Variação da dureza martensítica em


função do teor de carbono dos aços
carbono
TÊMPERA
 No aço ABNT 4340 as  No aço ABNT 1050 é mais difícil
transformações perlítica e bainítica obter uma estrutura martensítica,
têm seu início retardado pela mesmo com resfriamento
presença de elementos de liga, extremamente rápido, pois o
facilitando a têmpera. “joelho” da curva TTT situa-se muito
próximo ao eixo vertical. O
resultado é uma estrutura formada
por perlita e martensita.

Curva TTT do aço ABNT 4340 Curva TTT do aço ABNT 1050
TÊMPERA
Vídeo: Têmpera em
óleo

Temperatura e taxa de
resfriamento (°C/s) medida
no centro de uma barra de
25 mm de diâmetro:

Estágio A: formação
de filme de vapor. Estágio B: bolhas de Estágio C:convecção
Para aliviar este vapor, formação de e condução. A taxa de
problema, pode-se pontos moles. Para resfriamento diminuirá
agitar a peça durante evitar esses pontos, é com o aumento da
o início da têmpera importante a agitação viscosidade do meio.
para romper o filme do meio de têmpera.
de vapor.
TENSÕES NA TÊMPERA
 Devido a severidade com que ocorre a têmpera, surgem
gradientes de temperatura bastante acentuados entre o centro e a
superfície da peça (temperatura do centro maior do que a
temperatura da superfície da peça).
 Para uma mesma peça, estes gradientes serão tanto maiores
quanto mais severo for o meio da têmpera. A presença destes
gradientes de temperatura na peça faz surgir tensões internas
associadas a:
→ Mudanças bruscas de seção e outros concentradores de
tensão.
→ Contração do aço durante o resfriamento.
→ Expansão associada com a
transformação martensítica
(estrutura CFC → estrutura
TCC (tetragonal de corpo CFC TCC
a=b=c a=b≠c
centrado)). α = β = γ = 90° α = β = γ = 90°
TENSÕES NA TÊMPERA
1° Estágio 2° Estágio
Austenitizado (800°C) 1s após imersão em água

Superfície ~ 400°C
Núcleo ~ 650°C

Temperatura homogênea Gradiente de temperatura


Expansão uniforme Contração superficial maior que no núcleo

3° Estágio 4° Estágio
5s após imersão 25s após imersão

Superfície ~ 80°C Superfície ~ 25°C


(CFC TCC) Núcleo ~ 80°C
Núcleo ~ 450°C (CFC TCC)

Superfície começa a se transformar e o Superfície fria e imóvel, centro começa a


centro continua a se contrair se transformar e expandir
TENSÕES NA TÊMPERA
 Efeito do diâmetro da barra e do meio refrigerante nas curvas de
resfriamento do aço ABNT 1045. As curvas referem-se ao centro das
barras.
AUSTENITA RETIDA OU RESIDUAL

 Um aço com 0,8%p C resfriado bruscamente até a


temperatura ambiente apresentará, aproximadamente, 80% de
martensita e 20% de austenita não transformada, chamada
austenita retida.

 Para que essa austenita transforme-se em martensita, é


necessário abaixar a temperatura em que material é resfriado,
muitas vezes para temperaturas abaixo de 0°C, para isso pode-
se utilizar nitrogênio líquido (-196°C) neste tratamento,
denominado tratamento subzero.

→ Observação: Mesmo no tratamento subzero não é


garantida a formação de 100% de martensita.
AUSTENITA RETIDA OU RESIDUAL
 Com o aumento do teor de carbono do aço, diminuem as
temperaturas de início e fim de formação da martensita.
Diagrama TTT do aço Diagrama TTT do aço
ABNT 1020 (0,2%p C) ABNT 1080 (0,8%p C)

Mi~ 450°C Mi ~ 210°C


M90 ~ 390°C M90 ~ 110°C
AUSTENITA RETIDA OU RESIDUAL

Micrografia de aço
temperado: martensita. Os grãos com formato de agulha
Ampliação: 1000x são a martensita, enquanto as
regiões em branco representam a
austenita que não se transformou
durante o processo têmpera.
Ampliação 1220x
ENDURECIBILIDADE
 Endurecibilidade: Uma medida da profundidade até a qual uma
liga ferrosa específica pode ser endurecida pela formação de
martensita mediante uma têmpera a partir de uma temperatura acima
de sua temperatura crítica.

 A endurecibilidade não é o mesmo que “dureza”


→ Dureza é a medida da resistência de um material a uma
deformação plástica localizada;
→ A endurecibilidade é uma medida da taxa segundo a qual a
dureza cai em função da distância ao se penetrar no interior de
uma amostra como resultado do menor teor de martensita.

 Uma liga de aço que possui uma endurecibilidade elevada é uma


liga que endurece, ou forma martensita, não apenas na sua
superfície, mas em elevado grau também ao longo de todo o seu
interior.
ENDURECIBILIDADE – Ensaio Jominy

 Um procedimento padrão amplamente utilizado para


determinar a endurecibilidade consiste no ensaio Jominy da
extremidade temperada (norma ASTM A255 - Standard Test
Methods for Determining Hardenability of Steel).

 Com esse procedimento, à exceção da composição da liga,


todos os demais fatores que podem influenciar a profundidade
até a qual uma peça endurece (o tamanho e a forma da
amostra) são mantidos constantes.
ENDURECIBILIDADE – Ensaio Jominy

 Descrição do ensaio Jominy

→ Um corpo de prova cilíndrico com 25,4 mm (1 polegada) de diâmetro e


aproximadamente 100 mm (4 polegadas) de comprimento é austenitizado a
uma temperatura predeterminada durante um período de tempo
predeterminado, de acordo com a norma ASTM A255.

→ Após a remoção do forno, ele é rapidamente montado sobre um suporte.


→ A extremidade inferior é resfriada rapidamente mediante a ação de um
jato de água com vazão e temperatura específicas.

→ Após a peça ter resfriado até a temperatura ambiente, chanfros


achatados com no mínimo 0,4 mm de profundidade são cortados ao longo
do comprimento do corpo de prova, e são realizadas medições de dureza
Rockwell C em intervalos pré-determinados.

→ Uma curva de endurecibilidade é produzida quando a dureza é plotada


como uma função da posição a partir da extremidade temperada.
ENDURECIBILIDADE – Ensaio Jominy

Equipamento para Ensaio


Jominy Diagrama esquemático de um corpo de
prova para ensaio Jominy montado
durante a têmpera
ENDURECIBILIDADE – Ensaio Jominy

Corpo de prova para ensaio


Distâncias de acordo com
Jominy após ensaio de
norma ASTM A255
dureza a partir da
extremidade temperada ao
longo de um trecho plano e
polido.
Vídeo: Ensaio Jominy
ENDURECIBILIDADE – Ensaio Jominy

 A extremidade temperada é resfriada mais rapidamente e


exibe maior dureza, devido à maior quantidade de martensita
formada.

 A taxa de resfriamento diminui em função do aumento da


distância a partir da extremidade que é resfriada mais
rapidamente e a dureza também diminui.
→ Isso é devido ao maior tempo disponível para a difusão
do carbono e consequentemente há a formação de uma
maior quantidade de perlita misturada com a martensita e
que possui dureza inferior à esta.

 Um aço que é muito endurecível irá reter grandes valores de


dureza ao longo de distâncias relativamente longas; um aço
pouco endurecível não irá reter grandes valores de dureza.
ENDURECIBILIDADE – Ensaio Jominy

Gráfico típico da
Curvas Jominy para dois aços: A e B.
endurecibilidade; dureza
os dois aços têm a mesma dureza
Rockwell C em função da
superficial, mas o aço A tem maior
distância até a extremidade
temperabilidade que o aço B, pois
temperada
há menor queda nos valores de
dureza.
ENDURECIBILIDADE – Ensaio Jominy
Composições aproximadas (%peso): Série 8600: Composição aproximada
(%peso): (0,55 Ni; 0,50 Cr; 0,20 Mo)
Aço ABNT 4340 (1,85 Ni; 0,80 Cr e 0,25 Mo)
Aço ABNT 4140 (1,0 Cr e 0,20 Mo)
Aço ABNT 8640 (0,55 Ni; 0,50 Cr e 0,20 Mo)
Aço ABNT 5140 (0,85Cr) Aço
Aço ABNT 1040 é um aço carbono sem
elementos de liga

Curvas de endurecibilidade para quatro ligas


da série 8600 contendo a concentração de
carbono indicada.
Curvas de endurecibilidade para cinco
Quanto maior a concentração de carbono,
ligas de aço diferentes, cada uma
maior a endurecibilidade.
contendo 0,4%p C.
 Tratamentos térmicos

 Têmpera
 Revenimento
 Têmpera superficial
 Martêmpera
 Austêmpera
 Envelhecimento
REVENIMENTO
 Revenimento: Aquecimento de um aço martensítico até uma
temperatura abaixo da temperatura eutetóide (727°C) durante um
intervalo de tempo específico.

 Normalmente o revenimento é
realizado em temperaturas entre
250 e 650°C.

O tratamento térmico de
revenimento permite, através de
processos de difusão, a formação
da martensita revenida, de acordo
com a reação:

Martensita Martensita revenida


(TCC, monofásica) (fases α (CCC) + Fe3C (Estrutura ortorrômbica)
REVENIMENTO
 O revenimento é o tratamento térmico que normalmente
acompanha a têmpera, pois além de aliviar ou remover as
tensões internas, corrige excessivas dureza e fragilidade do
material, aumentando sua ductilidade e resistência ao choque.

 No estado “como temperado”, a martensita, além de ser muito


dura, é tão frágil que não pode ser usada para a maioria das
aplicações.

 As molas são exemplos de


peças que podem ser
temperadas e revenidas para
obterem propriedades
adequadas ao uso.
REVENIMENTO
 A microestrutura da martensita revenida consiste em partículas de
cementita extremamente pequenas e uniformemente dispersas, embutidas no
interior de uma matriz contínua de ferrita. Essa microestrutura é semelhante à
microestrutura da cementita esferoidizada, exceto pelo fato que as partículas
de cementita são muito menores.
Cementita Ferrita α

Aço com estrutura de cementita Micrografia da martensita revenida a


esferoidizada em matriz de ferrita. 594°C. Estrutura de cementita em matriz
Ampliação: 1000x ferrita α. Ampliação: 9300x
REVENIMENTO
 A martensita revenida pode ser quase tão dura e resistente
quanto a martensita, porém é mais dúctil que esta.
REVENIMENTO
 Com o aumento da temperatura do revenimento há o aumento no
tamanho das partículas da martensita revenida, consequentemente,
resultando em um material mais macio e mais fraco.

Aço ABNT 4340 temperado Aço ABNT 1080 temperado em água.


em óleo.
 Tratamentos térmicos

 Têmpera
 Revenimento
 Têmpera superficial
 Martêmpera
 Austêmpera
 Envelhecimento
TÊMPERA SUPERFICIAL
 Têmpera superficial: consiste em produzir uma têmpera localizada
apenas na superfície das peças de aço, que assim irá adquirir as
propriedades e características típicas da estrutura martensítica.

 Produz peças com alta dureza superficial e, por consequência, com


maior resistência ao desgaste, com um núcleo mais macio e dúctil.

 É o caso de engrenagens, por exemplo, em que se deseja alta


resistência ao desgaste na superfície para suportar o atrito de metais,
e um núcleo dúctil, para acomodar os possíveis impactos recebidos
durante sua operação.
TÊMPERA SUPERFICIAL
 Algumas vantagens do endurecimento superficial em relação ao
endurecimento total:
→ Dificuldade, sob os pontos de vista prático e econômico, de
tratar peças de grandes dimensões nos fornos de tratamento
térmico convencionais.
→ Possibilidade de endurecer apenas áreas de determinadas
peças, como por exemplo, dentes de grandes engrenagens.
→ Possibilidade de controlar o processo, de modo a produzir, se
desejável, variações na profundidade de endurecimento ou da
dureza, em seções diferentes das peças.
→ Investimento de capital médio, no caso de adotar-se
endurecimento superficial por indução e bem menor, no caso de
endurecimento por chama.
→ Diminuição dos riscos de aparecimento de fissuras originadas
durante o resfriamento.
AQUECIMENTO
 Para promover um aquecimento da superfície da peça
pode-se utilizar:
→ Aquecimento indutivo.
→ Aquecimento por chama.

 Aquecimento indutivo: O aquecimento da peça é


provocado por indução eletromagnética, por meio de bobinas
apropriadas.
→ Nestas bobinas circula uma corrente alternada, o que
gera um campo eletromagnético à sua volta.
→ O campo magnético gerado depende da corrente e do
número de voltas da bobina.
→ Ao ser colocada uma peça neste campo, são geradas
corrente, que provocam o aquecimento da peça por efeito
Joule.
AQUECIMENTO INDUTIVO

Região
aquecida
Região
aquecida
AQUECIMENTO INDUTIVO
 O resfriamento da peça pode ser feito com:
Mergulho da peça em um tanque Spray proveniente da própria espira
com líquido (água ou óleo) logo de indução
após o aquecimento

Spray caminhando junto com a


espira de indução

Vídeo: Aquecimento
indutivo
AQUECIMENTO POR CHAMA
Aquecimento por chama: neste caso o aquecimento resulta da
combustão de gases, tais como, acetileno, propano, gás natural, etc.

 As vantagens que este processo apresenta são:


→ Pode ser utilizado em peças grandes, em que o aquecimento
em fornos ou por indução seria impraticável.
→ Pode ser utilizado em áreas pequenas e localizadas.
→ É mais econômico para pequenos lotes de peças que o
processo por indução, pois o investimento é menor.

 As desvantagens que este processo apresenta são:


→ Em comparação com o aquecimento indutivo, o aquecimento
por chama apresenta equipamento de menor custo, porém
demanda maior manutenção (principalmente devido aos
queimadores).
→ É um processo mais lento.
AQUECIMENTO POR CHAMA
 Diferentes dispositivos de têmpera superficial por chama:
 Tratamentos térmicos

 Têmpera
 Revenimento
 Têmpera superficial
 Martêmpera
 Austêmpera
 Envelhecimento
MARTÊMPERA
 A peça é aquecida em temperatura acima da transformação
austenítica, em seguida é resfriada, sendo que o resfriamento é
interrompido por alguns instantes a uma temperatura pouco
superior ao Mi (temperatura de início de transformação
martensítica), de modo a eliminar ou diminuir os gradientes
térmicos, prosseguindo em seguida para a formação da
martensita.

 Objetivo da martêmpera:
diminuir parcialmente o
problema das tensões de
resfriamento na têmpera.

 Após a martêmpera é
comum se realizar o
revenimento.
MARTÊMPERA
 Comparação entre têmpera convencional e martêmpera:
Têmpera convencional Martêmpera

Vantagem: A martêmpera permite um maior controle dimensional


sobre os lotes de peças do que a têmpera convencional.
Ocorre na martêmpera uma menor perda de peças por
trincas e empenos.
Desvantagem: Apresenta custo maior do que a têmpera convencional.
 Tratamentos térmicos

 Têmpera
 Revenimento
 Têmpera superficial
 Martêmpera
 Austêmpera
 Envelhecimento
AUSTÊMPERA
 Sequência de operações na austêmpera:
→ Aquecimento a uma temperatura dentro da faixa austenítica;
→ Resfriamento a uma temperatura constante, geralmente entre 260 e
400°C;
→ Permanência a essa temperatura, para ter-se a transformação
isotérmica da austenita em bainita;
→ Resfriamento até a temperatura ambiente.

 Objetivos da austêmpera:
→ Obter produtos com alta
ductilidade e resistência ao impacto,
sem muita perda de dureza.

→ Reduzir a perda de peças por


trincas e empenos, bem como
melhorar a precisão dimensional.
AUSTÊMPERA
 Exemplo de aplicação: anéis elásticos, pinos elásticos,
alguns tipos de molas e peças pequenas, que necessitam de
boa tenacidade (capacidade em armazenar energia sem se
romper. Área sob a curva tensão x deformação no campo
elástico + plástico.).

→ Anel elástico: é usado para


impedir o deslocamento axial de eixos
e também para posicionar ou limitar o
curso de uma peça que desliza sobre
um eixo.

→ Pino elástico: pode ser


assentado em furos com
variação de diâmetro.
RESUMO – Têmpera e Revenimento; Martêmpera; Austêmpera

Martêmpera
Objetivo: diminuir
parcialmente o problema
das tensões de
resfriamento na têmpera

Austêmpera
Objetivo:

Têmpera e revenimento: - Produtos com alta


ductilidade e resistência ao
Martensita revenida
impacto, sem muita perda de
dureza.
- Reduzir a perda de peças
por trincas e empenos, bem
como melhorar a precisão
dimensional.
 Tratamentos térmicos

 Têmpera
 Revenimento
 Têmpera superficial
 Martêmpera
 Austêmpera
 Envelhecimento
ENVELHECIMENTO OU ENDURECIMENTO POR PRECIPITAÇÃO

 Mais conhecido e aplicado nas ligas leves, como por


exemplo, nas ligas de alumínio, em algumas ligas de cobre, em
algumas ligas de titânio podendo ser utilizado também em
alguns tipos de aços, como nos aços inoxidáveis.

 Exemplo de aço inoxidável martensítico endurecível por


precipitação:

→ ASTM XM12 (Nome comercial: 15-5 PH):


 Composição química (%peso): 0,07% C; 15% Cr; 4,5%
Ni; 3,5% Cu; 0,45% Nb+Ta
 Aplicação: Componentes para indústrias aeronáutica,
química e petroquímica. Exemplo: correntes,
engrenagens, molas.
ENVELHECIMENTO OU ENDURECIMENTO POR PRECIPITAÇÃO

 Definição: endurecimento e aumento de resistência de uma liga


metálica através de partículas extremamente pequenas e
uniformemente dispersas que se precipitam de uma solução sólida
supersaturada; algumas vezes chamado de endurecimento por
envelhecimento, em virtude da forte dependência com o tempo.

→ Solução sólida supersaturada: apresenta excesso de soluto


em relação ao máximo de solubilidade.

 A precipitação é uma transformação de fase que leva o material de


um estado mais estável a um estado metaestável.

 Essa transformação de fase é realizada no estado sólido e, como


visa aumentar a resistência mecânica do material, é provocada por
meio de tratamento térmico, após se obter uma peça com forma e
dimensões finais.
ENVELHECIMENTO OU ENDURECIMENTO POR PRECIPITAÇÃO

 Duas características obrigatórias devem ser exibidas pelos


diagramas de fases dos sistemas de liga para que ocorra o
endurecimento por precipitação:

1 - Deve haver uma solubilidade máxima apreciável de um


componente no outro.

2 – Deve haver um limite de solubilidade que diminua


rapidamente com a concentração do componente principal
em função de uma redução na temperatura.
ENVELHECIMENTO OU ENDURECIMENTO POR PRECIPITAÇÃO

Gráfico esquemático da temperatura em


função do tempo mostrando tanto o Diagrama de fases hipotético para
tratamento térmico de solubilização como uma liga endurecível por precipitação
o de precipitação para o processo de com composição C0.
endurecimento por precipitação.
ENVELHECIMENTO OU ENDURECIMENTO POR PRECIPITAÇÃO
 Quando a solução sólida α supersaturada é aquecida até uma
temperatura intermediária T2, localizada dentro da região bifásica α +
β, e abaixo da linha solvus, a fase β precipitada começa a se formar
na forma de partículas finamente dispersas com composição Cβ, em
um processo que é algumas vezes conhecido por envelhecimento.
EXEMPLO: LIGA Al-4%Cu

(1) Solução sólida homogênea


(2) Solução sólida supersaturada,
com excesso de cobre em
relação ao máximo de
solubilidade Parte rica em alumínio do
diagrama Al-Cu
(3) Os átomos de Cu em excesso
difundem para locais de Solução sólida: uma fase cristalina
nucleação e os precipitados homogênea que contém dois ou mais
crescem componentes químicos.
SUPERENVELHECIMENTO
 Uma vez obtidos os precipitados da segunda fase com dispersão e
tamanho adequados, que conferem as propriedades requeridas, a peça
deve ser resfriada para evitar crescimento excessivo desses precipitados
com a consequente deterioração das propriedades obtidas.

 Esse crescimento ocorre pelo aumento das partículas maiores


incorporando átomos de partículas menores que, em consequência, tendem
a desaparecer. Quando a liga é submetida ao tratamento por um tempo
excessivo diz-se que houve superenvelhecimento.

Representação esquemática das transformações de segunda fase nas


etapas de solubilização e precipitação, incluindo o superenvelhecimento.
EXERCÍCIOS

1 - Uma pequena mola helicoidal é confeccionada com arame de 0,9 mm de


diâmetro de aço ABNT 1076. Após ser enrolada no formato desejado, a mola
deve ter sua resistência mecânica aumentada por tratamento térmico. Duas
opções de tratamento são dadas:
Opção 1: a mola é aquecida a 800°C por 20 minutos e resfriada em água,
garantindo que toda a seção transversal do arame atinja a temperatura
ambiente em menos de 1 segundo.
Opção 2: a mola é aquecida a 800°C por 20 minutos, e na sequência é
resfriada até 400°C em menos de 1 segundo e mantida nessa temperatura
por 960 segundos (16 minutos) e é em seguida resfriada ao ar.
Utilize o diagrama TTT a seguir e responda com justificativas:
a) Descreva as microestruturas obtidas após as duas opções de
tratamentos térmicos.
b) A microestrutura obtida no tratamento térmico indicado na Opção 1 não é
a mais adequada para uma mola. Descreva qual tratamento térmico
complementar deve ser realizado.
EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS

2 – Em que consiste o tratamento térmico de envelhecimento ou


endurecimento por precipitação?

3 – Os resultados mostrados na tabela a seguir foram obtidos mediante


tratamento térmico de têmpera, para isso amostras do aço ABNT 1040 e do
aço ABNT 4140 foram aquecidas a 900°C por 30 min e em seguida
resfriadas em água e em óleo.

Responda:
a) Por que os valores de dureza das amostras dos aços ABNT 1040 e
ABNT 4140 temperadas em água são maiores do que os valores de
dureza das amostras das mesmas ligas que foram temperadas em
óleo?
b) Por que a dureza do aço ABNT 4140 temperado tanto em água como
em óleo é maior do que do aço ABNT 1040 nas mesmas condições?
EXERCÍCIOS

4 – Defina:
a) Têmpera
b) Têmpera superficial
c) Martêmpera
d) Austêmpera

Você também pode gostar