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Universidade Federal do Espírito Santo

Centro Tecnológico
Departamento de Engenharia Mecânica

Processamento térmico de ligas


metálicas

Prof. Antônio César Bozzi


Por que estudar o processamento térmico de ligas
metálicas?
• É importante compreender que técnicas de processamento
térmico, além das vistas anteriormente e do ponto vista aplicado,
estão disponíveis para a produção de ligas metálicas, com certas
propriedades mecânicas que são exigidas para aplicações
específicas.
• Também, é essencial uma compreensão dos mecanismos, das
dependências em relação ao tempo e à temperatura e das
consequências desses tratamentos.
• Além disso, as propriedades mecânicas de uma liga que foi
previamente submetida a um tratamento térmico podem se
alteradas de maneira significativa se essa liga for posteriormente
aquecida, por exemplo em uma soldagem.
• Aqui se focará principalmente em ligas do sistema ferro-carbono,
especificamente os aços.
Processos de recozimento
• O termo recozimento se refere a um tratamento térmico no qual
um material é exposto a uma temperatura elevada por um
período de tempo prolongado, sendo ele então resfriado
lentamente.
• Normalmente, o recozimento é realizado para:

1) Aliviar as tensões internas.


2) Tornar o material mais macio, dúctil e tenaz.
3) Produzir uma microestrutura específica.

• É possível realizar diferentes tratamentos de recozimento que


introduzem mudanças, muitas vezes microestruturais, e que são
responsáveis por alterações das propriedades mecânicas.
• Qualquer processo de recozimento consiste em três estágios:
1) Aquecimento até determinada temperatura.
2) Manutenção ou “encharcamento” naquela temperatura.
3) Resfriamento, geralmente até a temperatura ambiente.
• O tempo é um parâmetro importante nessas etapas.
• Taxa de aquecimento e resfriamento.
• Gradientes de temperatura entre a superfície e o interior da peça!
• Tempo real de recozimento.
Faixas de temperaturas recomendadas para os
diferentes tratamentos térmicos de aços ao carbono
superpostas ao diagrama de fases ferro-carbono.
1) Recozimento intermediário ou de recristalização
• O recozimento intermediário consiste em tratamento térmico
usado para anular os efeitos da deformação plástica a frio, isto é,
diminuir a resistência/amolecer e aumentar a dutilidade de um
metal/liga que tenha sido previamente encruado.
• Também chamado de recozimento de recristalização.
• Ele é utilizado geralmente durante procedimentos de fabricação
que exigem uma extensa a deformação plástica, sem ocorrência
de fratura ou consumo excessivo de energia.
• Nesse tratamento ocorre os processos de recuperação e
recristalização.
• Normalmente, deseja-se obter uma microestrutura com grãos
refinados, encerrando-se o tratamento antes do crescimento de
grãos.
• Oxidação da superfície.
Latão

Recozimento intermediário de uma liga de latão deformada plasticamente.


Alívio de tensões
• Tensões residuais internas podem se desenvolver em resposta:

1) Processos de deformação plástica (usinagem,


lixamento, etc).
2) Resfriamento não-uniforme de uma peça que foi
fabricada ou processada em temperaturas elevadas
(solda, fundição, etc).
3) Transformações de fases onde as fases de origem e
de produto possuem densidades diferentes.

• Isto pode levar à distorções e empenamentos.


• Essas tensões podem ser eliminadas através de um tratamento
térmico de recozimento de alívio de tensões.
• A temperatura deste tratamento é relativamente baixa, de modo
que os efeitos da deformação plástica a frio e de outros
tratamento térmicos não sejam afetados!
Normalização e recozimento de ligas ferrosas

???

Diagrama de fases ferro-carbono na vizinhança do eutetóide, indicando as faixas de


temperaturas de tratamentos térmicos de aços comuns e as temperaturas críticas.
Normalização
• O tratamento de recozimento denominado normalização é usado
para refinar os grãos e produzir uma distribuição de tamanhos
mais uniforme.
• Nesse tratamento, o aço é aquecido a uma temperatura de cerca
de 55 a 85oC acima da temperatura crítica superior (A3 ou Acm).
• Após ser dado tempo suficiente para a austenitização, o
resfriamento é realizado ao ar.
• O produto microestrutural desse recozimento é uma perlita fina
(além de qualquer fase proeutetóide).
Fio-máquina de aço AISI 1045
normalizado. Ferrita proeutetóide.
Ataque: Nital 2%.

Forjado de aço AISI 1045 normalizado. Ferrita proeutetóide. Ataque: Nital 2%.
Aço com C = 0,45% e Mn = 0,77 normalizado. Ferrita proeutetóide em rede
nos contornos de grão austeníticos anteriores e perlita fina. Ataque: Nital.
Amostras de um aço
microligado com C = 0,29%
submetidas à normalização a
900 oC por 5 minutos em
patamar com diferentes ciclos.
Ataque: Ácido pícrico.
a) 1 normalização.
b) 2 normalizações.
c) 3 normalizações.
d) 4 normalizações.

Tamanho de grão austenítico em em


função do número de ciclos de
normalização para o aço da figura acima.
Problemas no aquecimento para austenitização
1) Superaquecimento: quando o aquecimento é realizado a
temperaturas muito altas, pode ocorrer crescimento de grão
austenítico excessivo. Esta condição resulta, com frequência,
no atendimento das propriedades de resistência, mas
comprometimento da tenacidade e dutilidade.

Aço com C = 0,5% superaquecido no campo


austenítico. Rede de ferrita proeutetóide e
colônias de perlita fina. Ataque: Nital.
Aço baixo carbono superaquecido no
campo austenítico. Ferrita parcialmente
em rede e ferrita acicular. A rede
incompleta de ferrita permite estimar o
tamanho do grão austenítico prévio (≈
290 mm). Ataque: Nital.

Aço com C = 0,24% superaquecido no


campo austenítico. Ferrita em rede e
ferrita acicular. A rede de ferrita permite
estimar o tamanho do grão austenítico
prévio (≈ 340 mm). Ataque: Nital.
2) Aquecimento insuficiente (tratamentos intercríticos): Embora
tratamentos intercríticos venham se tornado cada vez mais
importantes para algumas classes de aços (dual phase e TRIP),
a austenitização dentro da zona crítica, em tratamento
convencionais, pode resultar em microestruturas indesejáveis.
3) Descarbonetação: As temperaturas em que ocorrem os
tratamento que envolvem a austenitização do aço, o carbono
tem elevada difusão, Em geral, quando não tomados cuidados
especiais, podem ocorrer a descarbonetação dos aços.

Detalhe da região descarbonetada de um aço médio carbono


normalizado. Ataque: Nital.
Seção junto à superfície de uma peça de aço de médio
carbono superaquecida e descarbonetada superficialmente.
Ferrita em rede delineando os grãos austeníticos anteriores,
ferrita acicular e perlita. Ataque: Nital.
Exemplos de fio-máquina descarbonetado (seção
transversal). (a) Perfil de descarbonetação tipo 1
(esquematicamente apresentado em (c)). Ferrita
proeutetóide. Perfil de descarbonetação tipo 2
(esquematicamente apresentado em (d)). Ataque: Nital 2%.
Recozimento pleno
• O recozimento pleno é utilizado com frequência em aços com
teores baixos e médios de carbono que serão usinados ou irão
sofrer uma grande deformação plástica durante uma processo de
conformação.
• Nesse tratamento, para aços hipoeutetóides, o aquecimento é
realizado uma temperatura de cerca de 30 a 85oC acima da
temperatura crítica superior (A3), produzindo apenas austenita.
• No caso de aços hipereutetóides, a austenitização é realizada é
realizada a cerca de 30oC acima da temperatura crítica inferior (
ou seja entre A3 e Acm) e não acima da temperatura crítica
superior (Acm), produzindo austenita e ferrita. Por que??
• Em ambos casos, o produto microestrutural desse recozimento é
uma perlita grosseira (além de qualquer fase proeutetóide) mole
e dúctil.
Aço hipereutetóide com 1% de C submetido a um recozimento inadequado.
Cementita em rede e perlita grosseira.
Ciclo térmico esquemático dos tratamentos térmicos de recozimento pleno e
normalização, superpostos à curva TRC de um aço.
Recozimento subcrítico
• Aços que contém uma grande quantidade de cementita (Fe3C)
possuem baixas características de usinabilidade.
• Assim, aços com teores médios e altos de carbono que possuem
uma microestrutura composta por perlita grosseira podem ainda
ser muito duros, ainda que mais macios do que os compostos por
perlita fina, para serem convenientemente usinados ou
deformados plasticamente.
• Esses aços, e na realidade qualquer aço, podem ser tratados
para produzir uma microestrutura de cementita globulizada ou
esferoidizada através do recozimento subcrítico ou de
esferoidização.
• Durante este tratamento, que requer várias horas abaixo de A1, a
morfologia da fase Fe3C muda de lamelas para glóbulos.
• Assim, são obtidos aços moles e com uma ductilidade máxima,
fáceis de serem usinados.
• Coalescência da cementita.
Tratamentos térmicos de recozimento pleno, normalização e esferoidização
em aços. a) Hipoeutetóides. b) Hipereutetóides.
Aço estrutural de submetido a um recozimento subcrítico a 625oC por
diferentes tempos. A esferoidização dos carbonetos é evidente. Ataque: Nital
2% + Picral 4%.
Outro aço estrutural submetido a um recozimento subcrítico a 625oC por
diferentes tempos. A esferoidização dos carbonetos é evidente. Ataque: Nital
2% + Picral 4%.
Aço hipereutetóide submetido a
um recozimento de esferoidização
bem sucedido.

Aço hipereutetóide submetido a


um recozimento de esferoidização
mal sucedido.
Efeito do carbono e do tratamento térmico (recozimento
pleno e normalização) nas propriedades mecânicas de
aços-carbono.
Tratamento térmico dos aços – Têmpera e revenido
• A têmpera endurece a maioria dos aços e o revenimento/revenido
aumenta as sua tenacidade.
• Já empregado há milhares de anos (aço de Damasco, espada
dos samurais japoneses).

 Objetivos:
– Obter estrutura martensítica, que promove:
• Aumento na dureza.
• Aumento na resistência à tração.
• Redução na tenacidade.
• Aumento da resistência ao desgaste.

 A têmpera gera tensões residuais e assim geralmente é


necessário um revenido posterior.
1) Austenita retida:
• Há uma expansão volumétrica quando a martensita se forma a partir
da austenita.
• À medida que placas ou agulhas de martensita se formam durante o
resfriamento, elas circundam e isolam pequenas áreas de austenita.
• Assim, a austenita restante se deforma para acomodar a martensita
que tem maior volume.
• Entretanto, à medida que transformação avança, para que as
demais áreas com austenita se transformem, a martensita
circundante deverá deformar-se.
• Porém, ela é frágil, dura e resistente à deformação!!!
• Assim, há duas possibilidades: ou a martensita já existente trinca ou
a austenita permanece na microestrutura como austenita retida ou
residual.
• Esse constituinte (austenita retida) ocorre com mais frequência em
aços com alto teor de carbono. Por quê?
Austenita retida (branco) entre
agulhas de martensita (preto).

Efeito do teor de carbono nas


temperaturas Ms e Mf em aços-
carbono não ligados.
2) Tensões residuais e trincas:
• Quando os aços são temperados, a sua superfície se resfria mais
rapidamente e se transforma em martensita.
• Quando a austenita no centro se transforma posteriormente em
martensita, devido à expansão de volumétrica que acompanha a
transformação, a superfície externa constituída de martensita
dura e frágil previamente formada é submetida à tração enquanto
o centro da peça está sob compressão.
• Caso as tensões trativas excedam o limite de resistência?, trincas
de têmpera são formadas na superfície da peça.

Formação de trincas de têmpera


causadas por tensões térmicas e
residuais durante a têmpera.
• Para ser mais preciso, no resfriamento ou aquecimento de
qualquer peça surgem tensões internas decorrentes da
heterogeneidade de temperaturas entre a superfície e centro da
peça e consequente expansão/contração térmica.
• No caso dos resfriamentos rápidos de têmpera essas tensões
são devidas à combinação de dois fatores:
a) Maior heterogeneidade de temperatura, associada ao
resfriamento rápido, que cria maiores gradientes de
temperatura na peça.
b) A variação de volume associada à transformação
martensítica (expansão) que ocorre à medida que as
diferentes regiões da peça vão atingindo a temperatura
Ms.
Medidas dilatométricas da variação de comprimento
(expansão linear) de aço resfriado lentamente ou rapidamente.
Por que??

Trincas!!

Representação esquemática do estabelecimento de


tensões durante a têmpera em água de um bloco de aço.
Tendência à trinca de têmpera em função do carbono equivalente.

O que podemos inferir disso?


Trinca em aço temperado.
(a) Sem ataque. (b)
Ataque: água-régia. A
trinca percorre os
contornos de grão
austeníticos prévios.

Trinca originada por tensões de têmpera


em barra cilíndrica de aço AISI 4340.
Trinca de têmpera em contornos de grão austeníticos anteriores. Houve
crescimento excessivo do grão austenítico durante o aquecimento para a têmpera.
Como evitar/mitigar isso ??

Tratamento térmico de têmpera e revenido convencionais.


Martêmpera
• Para evitar ou diminuir as tensões de têmpera, pode ser realizado
um tratamento alternativo denominado martêmpera.
• Nesse tratamento, resfriamos a peça acima de Ms e a mantemos
nessa temperatura até a temperatura desta fique homogênea,
seguida de uma têmpera subsequente, o que permite que toda a
peça se transforme em martensita quase ao mesmo tempo.

Em uma têmpera convencional (a), a superfície e o núcleo da peça atingem a


temperatura Ms em momentos diferentes, aumentando as tensões de têmpera. Na
martêmpera (b), um breve tratamento isotérmico intermediário permite
homogeneizar a temperatura da peça antes de atingir a temperatura M .
Tratamento térmico de martêmpera para redução
de trincas tensões residuais de têmpera.
Austêmpera
• A austêmpera é um tratamento isotérmico para a obtenção de
bainita em aços-carbono que não seria possível através de
tratamentos por resfriamento contínuo (TRC).

Tratamento de austêmpera.
Patenteamento
• Tratamento isotérmico cujo objetivo é produzir uma microestrutura
de perlita fina, aplicado especialmente a fios e arames eutetóides.
Pode ser realizado em banhos de sal ou de chumbo.

Ciclo térmico do tratamento de patenteamento.


Endurecibilidade ou temperabilidade
• A influência da composição do aço sobre a sua capacidade em se
transformar em martensita em um tratamento de têmpera específico
está relacionada com um parâmetro chamado de endurecibilidade.
• Assim, a “endurecibilidade ou temperabilidade” pode ser entendida
como uma propriedade do aço que determina a profundidade de
endurecimento obtida pela têmpera ou capacidade de um aço ser
temperado a uma certa profundidade.
• A endurecibilidade (hardenability) não se relaciona diretamente com
a dureza absoluta adquirida pelo aço após a têmpera, pois esta
depende quase que somente do teor de carbono.

Endurecibilidade ≭ Dureza!!!
• Ela é uma medida quantitativa da taxa na qual a dureza cai com a
distância no interior da amostra como resultado da menor
porcentagem de martensita formada.
• Uma liga de aço que possui endurecibilidade elevada é uma liga
que endurece, ou seja, forma martensita, não apenas na sua
superfície, mas também em seu interior.
• Existe uma grande variedade de aços que são suscetíveis a um
tratamento de térmico de têmpera e o principal critério para a sua
seleção é a endurecibilidade.
• Enquanto aços estruturais são normalmente fornecidos para
atender requisitos mecânicos gerais, aços para construção
mecânica são usualmente fornecidos para atender faixas de
composição química e a principal característica visada nessa
composição é a temperabilidade!!!

Aços estruturais X aços para construção mecânica


Aço-carbono Aço-liga

Digramas TRC para aços carbono e aços liga e curvas de resfriamento


para a obtenção de diversas microestruturas.

Qual a principal efeito dos elementos de liga se observa?


Medidas de temperabilidade
• Posição das curvas TTT ou TRC!!!
• Curvas em U (curvas de penetração de têmpera).
• Método de Jominy.
• Método de Grossmann (diâmetro crítico).
Curvas em U (curvas de penetração de têmpera)
• As velocidades de resfriamento variam de um ponto para outro
em amostras de mesma dimensão.
• Para um meio de têmpera específico e amostra de uma dada
dimensão, cada ponto da amostra tem uma lei de resfriamento
(mais lenta no núcleo e mais rápida na periferia).
• Assim a diferença de temperabilidade entre 2 aços traduz-se por
uma diferença de penetração de têmpera entre as amostras.
• Essa penetração de têmpera pode ser quantificada por medição
da dureza depois do tratamento em função da posição na
amostra.
Qual possui a maior endurecibilidade???
Ensaio Jominy
• Um procedimento amplamente utilizado para determinar a
endurecibilidade dos aços consiste no ensaio Jominy.
• Com esse procedimento, à exceção da composição da liga, todos
os demais fatores que podem influenciar a profundidade/distância
até a qual uma peça endurece (tamanho e forma da peça e o
tratamento de têmpera) são mantidos fixos.
• Um corpo de prova cilíndrico com 25,4 mm (1 pol.) de diâmetro e
100 mm (4 pol.) de comprimento é austenitizado a uma temperatura
predeterminada durante um tempo predeterminado.
• Após a remoção do forno, ele é rapidamente colocado em suporte e
a sua extremidade inferior resfriada rapidamente com um jato de
água com vazão e temperaturas específicas.
• Após ser resfriado até a temperatura ambiente, chanfros achatados
com 0,4 mm de profundidade são cortados ao longo do
comprimento e medições de dureza Rockwell são realizadas nos
primeiros 50 mm.
https://www.youtube.com/watch?v=qjsZVivfzcg

Diagrama esquemático de um corpo de prova para o ensaio Jominy de


extremidade temperada. (a) Montado durante a têmpera. (b) Após ensaio de
dureza a partir da extremidade temperada ao longo de um trecho plano e polido.
• Uma curva de endurecimento é produzida quando a dureza é
plotada como uma função da posição a partir da extremidade
temperada.

Gráfico típico de endurecibilidade em função da


distância até a extremidade temperada.

• Dessa forma, um aço que é muito endurecível irá manter altos


valores de dureza ao longo de distâncias relativamente grandes.
• Cada liga de aço possui a sua própria e exclusiva curva de
endurecibilidade.
Qual possui a maior endurecibilidade???
• Pode ser desenvolvida uma correlação entre a posição (chamada
de posição Jominy) ao longo do corpo de prova Jominy e as
transformações por resfriamento contínuo.

Correlação de informações sobre a


endurecibilidade e o resfriamento
contínuo para uma liga ferro-carbono
de composição eutetóide.
Correlação entre a taxa de resfriamento e a distância Jominy.
???

Curvas de endurecibilidade para cinco diferentes ligas de aço com o


mesmo teor de carbono (C = 0,4%, em peso).
???

Curvas de endurecibilidade para quatro ligas de aço da série 8600


contendo a concentração de carbono indicada.

O que podemos concluir do gráfico acima?


Curvas de endurecibilidade para diversas ligas de aço, com variados
teores de carbono.
Diagrama de fases Fe-Fe3C.
Mas...
Influência dos elementos Ni e do Cr em um aço com
0,7% de C

• A adição de elementos de liga aumenta a penetração de


têmpera ou temperabilidade:

Dureza crítica = dureza da


microestrutura com 50% de
martensita
Não esqueça!!!

Qual o mais endurecível?


Qual o mais duro?
Dureza do aço em função da quantidade de
martensita formada e do teor de carbono nesta.
Influência do tamanho de grão na temperabilidade

Por que???
Por que???

Efeito do tamanho de grão austenítico nas curvas TRC de um aço 4140.


Influência da temperatura de austenitização na
temperabilidade

Por que???
Responder!

Efeito esquemático da temperatura de austenitização sobre a


temperabilidade dos aços.
Por que???

Aço alto carbono temperado depois de superaquecimento


no campo austenítico. Martensita grosseira. Ataque: Nital.
Influência da temperatura
de austenitização na
têmpera
Aço-liga 4140 austenitizado a 774 °C (dentro do
campo bifásico a + g) e temperado em água.
Estrutura composta de martensita e ferrita. Nital 2%.

Por que???
Durante a produção industrial do aço, sempre existe uma
ligeira e inevitável variação da composição e no tamanho
médio de grão de uma corrida para outra. Isso resulta em um
espalhamento dos dados de temperabilidade de um aço.

Banda de temperabilidade para um aço 8640 indicando os limites máximo


e mínimo.
Método de Grossmann
 Além do método de Jominy, o método mais usual para a medida da
temperabilidade dos aços, temos também o método do diâmetro crítico
de Grossmann.
 O método de Grossmann usa várias barras cilíndricas com diferentes
diâmetros e cada qual é temperada em um meio de tempera definido.
 A barra com o diâmetro que possui 50% de martensita no seu centro é
selecionada e o seu diâmetro é denominado diâmetro crítico (Dc).
 O diâmetro crítico é válido somente para o meio de tempera específico
e as condições usadas para a sua determinação.
a) Barras de diferentes diâmetros são temperadas e o perfil de dureza ao longo do
diâmetro é medido. b) A dureza no centro das barras pode ser apresentada em
único gráfico onde o diâmetro crítico é determinado para um determinado meio de
têmpera (no caso, a dureza desse aço (Por que???) para uma microestrutura
composta de 50% de martensita é de 50 HRC).

Desvantagem do método???
 Para determinar a temperabilidade independentemente do meio de
têmpera, foi introduzido o conceito de diâmetro crítico ideal ou
simplesmente diâmetro ideal (DI) que corresponde ao diâmetro de uma
barra, temperada em um meio de resfriamento ideal, cujo centro possui
uma estrutura com 50% de martensita.
 Assim, no meio de resfriamento ideal, a temperatura da superfície da
barra é reduzida para para a temperatura meio de resfriamento em um
tempo igual a zero.

 Diâmetro crítico real (DC): é aquele cuja barra ao ser temperada em


um meio de resfriamento definido apresenta em seu centro uma dureza
correspondente à de uma estrutura com 50% de martensita.

X
 Diâmetro crítico ideal (DI): corresponde ao diâmetro de uma barra,
temperada em um meio de resfriamento ideal, cujo centro possui uma
estrutura com 50% de martensita.
Relação entre diâmetro crítico real (Dc) versus diâmetro
crítico ideal (DI) para várias severidades de têmpera.
O diâmetro crítico ideal permite a comparação da
temperabilidade de aços resfriados em diferentes meios!!!

(a)

(b)

Gráfico para converter os valores de diâmetro crítico real (Dc) em diâmetro crítico ideal
(DI), ou vice-versa, para barras grandes (a) e pequenas (b).
Qual o melhor método?
Grossmann
X
Jominy
• O método de Grossmann para a determinação do diâmetro crítico
ideal não tem grande aplicação prática, pois é de difícil execução.
• O método mais conveniente e largamente utilizado para a
determinação da temperabilidade é o ensaio Jominy.
• No ensaio Jominy, uma única amostra substitui a série de amostras
do método de Grossmann!!!
• É possível correlacionar as diferentes velocidades de resfriamento
ao longo da barra, no ensaio Jominy, com as velocidades de
resfriamento nos centros de barras com diferentes diâmetros
críticos ideais (DI) obtidas no ensaio Grossmann.
• De interesse particular nesta discussão é a relação entre o diâmetro
de uma barra de aço, temperada no meio de têmpera ideal, cujo
centro tenha a mesma taxa de resfriamento que um dado ponto de
um corpo de prova Jominy.
• Sua importância está associada ao fato de que, se for conhecida a
posição no corpo de prova Jominy onde 50% da estrutura é
martensítica (JD), este valor permite a determinação do diâmetro
crítico ideal DI.
Distância no corpo de prova Jominy
cuja velocidade de resfriamento é igual
à do centro de uma barra de seção
circular temperada no meio de têmpera
ideal. (De Lamont, J. L., Iron Age, 152,
Parte 2, 1943. Copyright 1943, Chilton
Co.)

Variação da dureza ao longo de um


corpo de prova Jominy. (Esquemático
para aço com 0,8%C.)
• Se por outro lado, fixarmos o meio de resfriamento, podemos
determinar o diâmetro crítico real DC para o aço em estudo, para
este meio.
• Ou podemos correlacionar o diretamente a distância Jominy (JD)
com o diâmetro crítico real (DC) para diferentes meios de
resfriamento.

Correlação entre JD e DC para o resfriamento em água e óleo.


Severidade de têmpera (H)
• A severidade de têmpera é utilizada para descrever a magnitude da
taxa de resfriamento.
• O fator de severidade de têmpera (H) é baseado no número de Biot
(Bi) que relaciona o coeficiente de transferência térmica interfacial
(α), a condutividade térmica (λ) e o raio da barra (R).
• Meios de têmpera usuais: água, óleo e ar.
• Grau de agitação.
• Outros fatores...
• Para aços com maiores teores de carbono, uma têmpera em água é
muito severa e podem ser geradas trincas e/ou empenamento!!!
• Assim, na prática, deve-se preferir meios com menor severidade,
desde que resultem em formação de martensita!!!
Severidade de têmpera (H)
Tabela - Severidade de têmpera de vários meios de resfriamento.
Severidade de têmpera (H)
Agitação
Ar Óleo Água Salmoura
Nenhuma 0,02 0,25-0,30 0,9-1,0 2,0
Fraca - 0,30-0,35 1,0-1,1 2,0-2,2
Moderada - 0,35-0,40 1,2-1,3 -
Boa - 0,40-0,50 1,4-1,5 -
Forte - 0,50-0,80 1,6-2,0 -
Violenta 0,08 0,80-1,10 4,0 5,0

q  Velocidade de transmissão de calor (W)


Convecção h  coeficiente de transmissão de calor superficial (W/m2.°C)
q  h  A  (TS  TM ) A  Área superficial
Ts  Temperatura da superfície (°C)
TM  Temperatura do meio
Condução
h
H (Grossmann ) k  condutividade térmica do material
2k
Influência da temperatura da água na severidade de têmpera.
Velocidade relativa de
Meio de resfriamento resfriamento (720°C-550°C)
(severidade H)
Água a 10 °C 1,06
Água a 18 °C 1,00
Água a 25 °C 0,72
Água a 50 °C 0,17
Água a 75 °C 0,047
Água a 100 °C 0,044

Meio de resfriamento ideal

H = ???
Qual o meio (existe)??
Influência de vários meios na severidade de têmpera.
Os estágios do resfriamento na têmpera e os
mecanismos dominantes

1) Formação de camada de vapor contínua (camada limite)


sobre a amostra. Ocorre na faixa de temperaturas em
que deseja a maior taxa de resfriamento possível. Para
evitar isso, utiliza-se aditivos na água.

2) Formação e separação de bolhas na superfície da


amostra em temperaturas mais baixas. A taxa de
resfriamento é máxima. Contribui para a geração de
tensões residuais.
3) Resfriamento por condução e convecção sem geração
de vapor.
Variação da temperatura no centro de uma barra de aço de 25 mm de diâmetro e
taxa de resfriamento correspondente, durante a têmpera em água. Os três estágios
do resfriamento de têmpera e os mecanismos dominantes em cada estágio estão
mostrados.
Métodos computacionais de previsão de
microestrutura
• Ciência dos materiais computacional
Dureza como medida de resistência mecânica

Relação entre dureza Brinell e limite de resistência para algumas ligas


metálicas.
Aços

Relação entre dureza Brinell e limite de resistência para os aços.


Revenimento
• As microestruturas martensíticas, diretamente obtidas da têmpera
têm, em geral, um nível de tensões residuais excessivo e dutilidade
e tenacidade muito baixas para permitir o seu emprego na maior
parte das aplicações.

Diagrama das operações que podem ser aplicadas para


produzir microestruturas temperadas e revenidas.
Análise!!!

Curvas tensão-deformação de engenharia para o aço 4340


temperado e então revenido a várias temperaturas durante 1 hora.

Revenimento

Grande faixa de propriedades mecânicas


 LE
 LRT

Curvas tensão-deformação de engenharia para o aço da família 43XX com


vários teores de carbono temperado e então revenido a 150 °C durante 1 hora.
(b)

(a)
Propriedades mecânicas de aços-carbono e baixa liga em geral (a) e dureza de aços-
ferramenta (b) em função da temperatura de revenimento.
Microestrutura da martensita revenida a 150°C e a 650 °C durante 1 hora do aço
4130. MET.
Evolução microestrutural na metalografia ótica

(a)

(c)

???
(b)

Aço com 0,5 %C temperado em água e revenido. (a) 200 °C. (b) 400 °C. (c) 750 °C.
Dureza em função do tempo de revenido para um aço-
carbono 1080 temperado em água.

Termicamente ativado

Equação de Arrhenius
Fragilização no revenido
• Embora a diminuição de dureza e resistência mecânica seja, em
geral, monotônica com o aumento da temperatura, a variação da
tenacidade é mais complexa.

Tenacidade ao impacto como função da temperatura de revenimento de aços


médio-carbono e baixa-liga temperados.
• Dois fenômenos de fragilização podem ocorrer:
1) Como em a), que é o mais comum e ocorre em muitos aços para
construção mecânica. Em geral evita-se certa faixa de
temperaturas.
2) Ocorre em determinados aços associado à permanência à
temperaturas na faixa dos 500 oC. O resfriamento após o revenido
deve ser rápido para evitar a permanência nesta faixa de
temperaturas. ???

Fragilização no revenido, medida pela queda de energia absorvida no impacto. a) Forma


mais comum observada em diversos aços. b) Fragilização observada em alguns aços.
a) Fratura dúctil de um aço 4350 temperado e revenido a 150 oC . b) Fratura
intergranular frágil observada em um aço 52100 temperado em óleo e
revenido a 250 oC . MEV.
Austenita retida e duplo revenimento
• À medida que se aumenta o teor de carbono dos aços, as
temperaturas MS e MF diminuem. Aumenta, então, a tendência `a
retenção de austenita na têmpera.
• Durante o revenimento pode ocorrer precipitação de carbonetos na
austenita retida, reduzindo o seu teor de carbono e,
consequentemente, aumentando as temperaturas MS e MF.
• No resfriamento após revenido, pode-se formar nova martensita.

O que fazer para com essa


nova martensita formada
no revenimento???
Efeito do teor de carbono nas
temperaturas Ms e Mf em aços-
carbono não ligados.
Diagrama esquemático das operações térmicas que poderiam se
aplicadas para produzir microestruturas temperadas e revenidas.
Efeito do revenimento na austenita retida e cementita aços
4130 e 4330 determinado por espectroscopia de Mossbauer.

Aços-ferramenta
Tratamento sub-zero
• Aços com teores de carbono elevado podem ter uma fração
significativa de austenita retida retida ao fim da têmpera
convencional, à temperatura ambiente, por terem a temperatura Mf
muito baixa.
• Transformação martensítica induzida por deformação.
• Para estes caso aplicam-se tratamentos sub-zero.
Cores do revenido
• Aquecendo-se, em presença de ar, uma amostra de aço lixada ou
polida, forma-se na sua superfície uma película de óxido muito fina
que decompõe a luz de modo a colorir a peça.
• Esta coloração depende da espessura da película que, por sua vez,
depende da temperatura atingida pela amostra.
• Assim, pode-se avaliar visualmente de modo aproximado a
temperatura que o aço atingiu pois a coloração correspondente à
temperatura máxima permanece, mesmo depois de resfriado.

Cores do revenido.
Tratamentos Térmicos

Recozimento Tempera e
Total ou Pleno Revenido
Recozimento
Normalização
Isotérmico
Resfriamento
Lento
Resfriamento
(dentro do forno)
ao ar
FIM
Curvas tensão-deformação de uma liga ferro-carbono com composição
eutetóide que foi submetida ao recozimento pleno e à normalização.
Influência do meio de resfriamento, tamanho e da
geometria da amostra
• Durante a têmpera de uma amostra de aço, a energia térmica deve
ser transportada do interior para a sua superfície antes que possa
ser dissipada no meio de resfriamento.
• Como consequência, a taxa de resfriamento no seu interior varia de
acordo com a posição e depende da geometria e tamanho da
amostra (figura).
• ???
• A utilidade de tais diagramas está na previsão da dureza
transversalmente ao longo da seção reta de uma amostra (figura).
• No que se refere à forma da amostra, uma vez que energia térmica
é dissipada para o meio de resfriamento na superfície da amostra, a
taxa de resfriamento para uma têmpera em particular depende da
razão entre a área superficial sobre o volume da amostra (Citar a
regra de Chvorinov).
Taxa de resfriamento como uma função do diâmetro em posições na superfície, a três
quartos do raio (3/4R), na metade do raio (1/2R) e no centro para barras cilíndricas
temperadas em (a) Água e (b) Óleo em meio moderadamente agitado. As posições
Jominy equivalentes estão incluídas ao longo do eixo inferior.
Perfis radiais de dureza para (a) amostras cilíndricas de aço 1040 e 4140 com
diâmetro de 50 mm (2 pol.) temperadas em água moderadamente agitada e (b) aço
4140 com diâmetros de 50 mm e 100 mm (2 e 4 pol.) temperadas em água em meio
moderadamente agitado.

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