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16/03/2020 A alegria dos santos

A alegria dos santos


Élder D. Todd Christo erson
Do Quórum dos Doze Apóstolos

Sentimos alegria quando guardarmos os mandamentos de Cristo, superamos as


tristezas e as fraquezas por meio Dele e servimos como Ele servia.

O profeta Enos, do Livro de Mórmon, neto de Leí, escreveu sobre uma experiência
singular que aconteceu no início de sua vida. Enquanto caçava sozinho na oresta,
Enos começou a ponderar sobre os ensinamentos de seu pai, Jacó. Ele relatou: “As
palavras que frequentemente ouvira de meu pai sobre a vida eterna e a alegria dos
santos penetraram-me profundamente o coração”. 1 Com a alma faminta, Enos se
ajoelhou e fez uma oração memorável que durou o dia e a noite; por meio dela, ele
obteve revelações, con rmações e promessas fundamentais.

Há muito a ser aprendido com a experiência de Enos; mas, hoje, o que vem à
minha mente é a lembrança que Enos tinha de seu pai falando muitas vezes a
respeito da “alegria dos santos”.

Nesta conferência há três anos, o presidente Russell M. Nelson falou sobre a


alegria. 2 Entre outras coisas, ele disse:

“A alegria que sentimos tem pouco a ver com as circunstâncias de nossa vida e tem
tudo a ver com o enfoque de nossa vida.

“Quando o enfoque de nossa vida [está no] plano de salvação criado por Deus (…)
e em Jesus Cristo e Seu evangelho, podemos sentir alegria a despeito do que está
acontecendo — ou não — em nossa vida. A alegria vem Dele e por causa Dele. (…)
Para os santos dos últimos dias, Jesus Cristo é alegria!” 3

Os santos são aqueles que entraram no convênio do evangelho por meio do


batismo e estão se esforçando para seguir Cristo como Seus discípulos. 4 Dessa
maneira, “a alegria dos santos” representa a alegria de se tornarem semelhantes a
Cristo.

Gostaria de falar da alegria que advém de guardarmos Seus mandamentos, da


alegria que resulta de vencermos a tristeza e a fraqueza por meio Dele e da alegria
inerente de servirmos tal como Ele serviu.

A alegria de guardarmos os mandamentos de Cristo


Vivemos em uma época hedonista em que muitas pessoas questionam a
importância dos mandamentos do Senhor ou simplesmente os ignoram. Muitas
vezes, as pessoas que desprezam as diretrizes divinas, como a lei da castidade, o
padrão de honestidade e a santidade do Dia do Senhor, parecem prosperar e
desfrutar das coisas boas da vida, às vezes até mais do que aquelas que se esforçam
para ser obedientes. Algumas pessoas começam a se perguntar se o esforço e o
sacrifício valem a pena. O antigo povo de Israel reclamou certa vez:

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“Inútil é servir a Deus; que nos aproveita termos guardado os seus preceitos, e
andarmos pesarosos diante do Senhor dos Exércitos?

Ora, pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que


cometem impiedade se edi cam; também tentam a Deus, e escapam”. 5

Apenas esperai, disse o Senhor, até o “dia que farei deles minha propriedade. (…)
Então (…) vereis a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus, e o
que não o serve”. 6 Os ímpios “terão alegria em suas obras por um tempo”, mas
sempre será temporária. 7 A alegria dos santos é duradoura.

Deus vê as coisas em sua verdadeira perspectiva e compartilha essa perspectiva


conosco por meio de Seus mandamentos, efetivamente nos guiando pelas
armadilhas e pelos caminhos esburacados da mortalidade rumo à alegria eterna. O
profeta Joseph Smith explicou: “Quando Seus mandamentos nos ensinam, é pela
perspectiva da eternidade; porque somos vistos por Deus como se estivéssemos na
eternidade; Deus habita na eternidade e não vê as coisas como nós as vemos”. 8

Não conheci ninguém que tendo conhecido o evangelho mais tarde na vida não
tivesse desejado tê-lo conhecido antes. “Ah, as más escolhas e os erros que eu
poderia ter evitado”, lamentam. Os mandamentos do Senhor são nosso guia para
fazermos escolhas melhores e termos resultados mais felizes. Devemos nos regozijar
e agradecê-Lo por nos mostrar esse caminho ainda mais excelente.

Quando era adolescente, a síster Kalombo Rosette Kamwanya, da República


Democrática do Congo, que agora serve na Missão Costa do Mar m Abidjan
Oeste, orou e jejuou por três dias para encontrar a direção que Deus queria que ela
seguisse. Em uma visão memorável, à noite, viu dois edifícios, uma capela e o que
agora ela sabe que na verdade era um templo. Ela começou a procurá-la e logo
encontrou a capela que havia visto em sua visão. Na placa estava escrito: “A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. A síster Kamwanya foi batizada e,
depois, sua mãe e seus seis irmãos. Ela disse: “Quando conheci o evangelho, senti-
me como um pássaro em cativeiro que havia sido libertado. Meu coração se encheu
de alegria. (…) Tive a certeza de que Deus me ama”. 9

Guardar os mandamentos do Senhor faz-nos sentir Seu amor de modo mais pleno
e mais fácil. O caminho estreito e apertado dos mandamentos nos leva diretamente
à árvore da vida, e a árvore e seu fruto, o mais doce e “mais desejável de todas as
coisas”, 10 são uma representação do amor de Deus e enchem a alma “de imensa
alegria”. 11 O Salvador disse:

“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; como eu


tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.

Tenho-vos dito essas coisas, para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa
alegria seja completa”. 12

A alegria de vencermos nossos desa os por meio de


Cristo
Até mesmo quando estamos guardando os mandamentos elmente, há provações e
tragédias que podem acabar com nossa alegria. No entanto, à medida que nos
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esforçamos para vencer esses desa os com a ajuda do Salvador, asseguramos tanto
a alegria que sentimos agora quanto a alegria que desejamos. Cristo tranquilizou
Seus discípulos dizendo: “No mundo tereis a ição, mas tende bom ânimo, eu venci
o mundo”. 13 Ao nos voltarmos a Ele, ao obedecê-Lo e ao nos unirmos a Ele,
provações e tristezas se tornarão alegria. Vou mencionar um exemplo.

Em 1989, Jack Rushton estava servindo como presidente da Estaca Califórnia


Irvine, nos Estados Unidos. Durante as férias em família na praia, Jack estava
surfando quando uma onda o levou a uma rocha submersa, quebrando seu pescoço
e ferindo gravemente sua medula espinhal. Jack então disse: “No momento em que
bati, senti que estava paralisado”. 14 Ele não conseguia mais falar ou até mesmo
respirar sozinho. 15

A família, os amigos e os membros da estaca apoiaram o irmão Rushton e sua


esposa, Jo Anne; e, entre outras coisas, eles reformaram uma parte da casa deles
para facilitar o acesso da cadeira de rodas de Jack. Jo Anne se tornou a principal
cuidadora de Jack pelos 23 anos seguintes. Referindo-se aos relatos do Livro de
Mórmon de como o Senhor visitou Seu povo em suas a ições e aliviou seus
fardos, 16 Jo Anne disse: “Várias vezes me surpreendo com a leveza de coração que
sinto ao cuidar de meu marido”. 17

Um pequeno ajuste no sistema respiratório de Jack restaurou sua capacidade de


falar e, dentro de um ano, ele foi chamado como professor do curso Doutrina do
Evangelho e como patriarca da estaca. Quando ele dava uma bênção patriarcal,
outro portador do sacerdócio colocava a mão do irmão Rushton na cabeça da
pessoa que recebia a bênção e apoiava a mão e o braço dele durante a bênção. Jack
faleceu no dia de Natal de 2012, após 22 anos de serviço dedicado.

Certa vez em uma entrevista, Jack disse: “Todos nós enfrentaremos problemas; faz
parte da vida aqui na Terra. E algumas pessoas acreditam que ter religião ou ter fé
em Deus os protegerá de coisas ruins. Não acho que esse seja o ponto. Na verdade,
se nossa fé é forte, quando coisas ruins acontecerem — e elas realmente acontecerão
— seremos capazes de lidar com elas. (…) Minha fé nunca fraquejou, mas isso não
signi ca que não tive momentos de depressão. Acredito que pela primeira vez na
vida quei no meu limite e, literalmente, não havia para onde ir; por esse motivo,
voltei-me ao Senhor e, desde esse dia, sinto uma alegria in nita”. 18

Esta é uma época de ataques às vezes impiedosos nas mídias sociais e pessoalmente
contra aqueles que buscam manter o padrão do Senhor em relação a vestuário,
entretenimento e pureza sexual. Muitas vezes, são os jovens e os jovens adultos
entre os santos, bem como as mulheres e mães, que carregam essa cruz de serem
ridicularizados e perseguidos. Não é fácil superar esses abusos, mas lembrem-se das
palavras de Pedro: “Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados
sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus, o qual, quanto a eles, é
blasfemado, mas, quanto a vós, glori cado”. 19

No Jardim do Éden, Adão e Eva estavam em um estado de inocência, “não sentindo


alegria por não conhecerem a miséria”. 20 Hoje, como seres responsáveis,
encontramos alegria ao vencermos a miséria seja qual for sua forma, seja um
pecado, uma provação, uma fraqueza ou qualquer outro obstáculo que impeça
nossa felicidade. Essa é a alegria de sentir o progresso no caminho do discipulado;

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a alegria de “[receber] a remissão de (…) pecados e [ter] paz de consciência”; 21 e a


alegria de sentir a alma se expandir e crescer pela graça de Cristo. 22

A alegria de servirmos tal como Cristo serve


O Salvador encontra alegria ao levar a efeito nossa imortalidade e vida eterna. 23 Ao
falar sobre a Expiação do Salvador, o presidente Russell M. Nelson disse:

“Como em todas as coisas, Jesus Cristo é nosso exemplo supremo, ‘o qual pela
alegria que lhe estava proposta suportou a cruz’ [Hebreus 12:2]. Pensem nisso!
Para que Ele suportasse a experiência mais excruciante que experimentou na Terra,
nosso Salvador concentrou-Se na alegria!

E qual era a alegria que Lhe foi proposta? Certamente incluía a alegria de nos
puri car, de nos curar e de nos fortalecer; a alegria de pagar pelos pecados de
todos os que se arrependessem; a alegria de possibilitar que vocês e eu voltássemos
ao lar — limpos e dignos — para viver com nossos Pais Celestiais e com nossa
família”. 24

De maneira semelhante, a alegria que nos foi proposta é a alegria de auxiliar o


Salvador em Seu trabalho de redenção. Como semente e lhos de Abraão, 25 nós
participamos ao abençoar todas as famílias da Terra “com as bênçãos do
Evangelho, que são as bênçãos de salvação, sim, de vida eterna”. 26

As palavras de Alma vêm à mente:

“Esta é a minha glória, que talvez possa ser o instrumento nas mãos de Deus para
trazer alguma alma ao arrependimento; e está é a minha alegria.

E eis que quando vejo muitos de meus irmãos verdadeiramente penitentes e vindo
ao Senhor seu Deus, minha alma enche-se de alegria; (…)

Mas não me regozijo somente com o meu sucesso, porém minha alegria é maior
por causa do sucesso de meus irmãos que subiram à terra de Né .

Ora, quando penso no êxito desses meus irmãos, minha alma enleva-se tanto que
parece separar-se do corpo, tão grande é minha alegria”. 27

Os frutos de servirmos uns aos outros na Igreja são parte da alegria que nos foi
proposta. Até mesmo em tempos de desânimo ou estresse, podemos ministrar
pacientemente se estivermos focados na alegria de agradar a Deus e trazer luz,
alívio e felicidade a Seus lhos, nossos irmãos e irmãs.

No mês passado, no Haiti, para a dedicação do Templo de Porto Príncipe, o élder


Bednar e sua esposa estiveram com uma jovem irmã cujo marido havia falecido
alguns dias antes em um trágico acidente. Eles choraram junto com ela. No
entanto, no domingo, essa querida mulher estava em seu lugar como recepcionista
nos serviços de dedicação, com um sorriso suave e acolhedor para todos os que
entravam no templo.

Acredito que a verdadeira “alegria dos santos” advém de saber que o Salvador
pleiteia a causa deles, 28 “e ninguém pode calcular a extraordinária alegria que
[encherá nossa] alma [ao ouvirmos Jesus] orar por nós ao Pai”. 29 Assim como o

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presidente Russell M. Nelson, testi co que a alegria é uma dádiva para os santos
éis “que tiverem suportado as cruzes do mundo” 30 e que estão “intencionalmente
[tentando] viver em retidão conforme ensinado por Jesus Cristo”. 31 Que sua alegria
seja completa, é minha oração em nome de Jesus Cristo. Amém.

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