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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

SECRETARIA DA JUSTIÇA E DA SEGURANÇA


BRIGADA MILITAR
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR
ESCOLA SUPERIOR DE OFICIAIS
CURSO AVANÇADO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL MILITAR 99.1

O EMPREGO DE CÃES NAS ATIVIDADES DE


POLÍCIA OSTENSIVA

MARIO AUGUSTO JARDIM MACIEL Cap QOEM - BM RS

Porto Alegre, RS, junho de 1999.


ii

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL


SECRETARIA DA JUSTIÇA E DA SEGURANÇA
BRIGADA MILITAR
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR
ESCOLA SUPERIOR DE OFICIAIS
CURSO AVANÇADO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL MILITAR 99.1

O EMPREGO DE CÃES NAS ATIVIDADES DE


POLÍCIA OSTENSIVA

MARIO AUGUSTO JARDIM MACIEL Cap QOEM - BM RS

Trabalho apresentado na Academia de Polícia


Militar, como requisito parcial para a obtenção do
grau de aprovação no Curso Avançado de
Administração Policial Militar - CAAPM/99.1

ORIENTADOR METODOLÓGICO:
JOSÉ LUIZ LICKS
Cap QOEM

ORIENTADOR DE CONTEÚDO:
CLÁUDIO SILVA DA ROCHA
Cel QOEM RR

Porto Alegre, RS, junho de 1999.


iii

FICHA CATALOGRÁFICA

3 51.742:636.7.043(816.5)
M 152e Maciel, Mario Augusto Jardim
O emprego de cães nas atividades de polícia
ostensiva / Mario Augusto Jardim Maciel ; orient.
metodológico José Luiz Licks; orient. conteúdo
Cláudio Silva da Rocha. - Porto Alegre: [s.n.], 1999.
164 p. : il. Color

1. Polícia Militar 2. Uso de cães 3. Rio Grande


do Sul I. Título

Ficha catalográfica: Cláudio Renato Moraes da Silva. CRB 10/1059


iv

“Uma lenda nórdica conta que, na noite dos tempos, um feroz

cataclisma devastou a Terra, abrindo nela um abismo que a dividiu em

dois: dum lado ficaram os animais, do outro o homem. Quadrúpedes,

pássaros, insetos e todas as demais criaturas, o próprio homem,

aceitaram esta separação e cada espécie foi por seu lado em busca de

refúgio. Houve, no entanto, um animal, somente um, que se comportou

de outro modo: o cão, que permaneceu teso na borda do precipício e

pôs-se a gemer para a margem oposta. O homem, já ocupado em

construir uma morada, escutou aquele lamento e aproximando-se

também da borda do precipício gritou ao cão: ‘Vem!’ Com um grande

salto, o animal tentou salvar a distância, mas somente conseguiu aferrar-

se com as patas dianteiras na borda oposta; seguramente haveria caído

se o homem não se tivesse inclinado para levantá-lo. Desde aquele dia,

conclui a lenda, o cão domesticou-se e converteu-se em amigo

inseparável do homem.”

Enciclopédia Canina (1970, p. 380)


v

DEDICATÓRIA

À Sherra (in memoriam), magnífica fêmea da raça

Pastor alemão, que, com sua inteligência, sensibilidade, humildade,

fidelidade, coragem e amor sincero, marcou minha existência como ser

humano e adestrador de cães.

v
vi

AGRADECIMENTOS DE FÉ

Ao Grande Arquiteto do Universo, que me permitiu

trilhar pelo caminho do aperfeiçoamento, sempre em busca da justiça e

da perfeição.

vi
vii

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao meu caro colega de turma, Cap QOEM José Luiz

Licks, pelo incentivo constante e orientação iluminada, conduzindo-me

em busca da consecução do trabalho, o meu reconhecimento e a mais

sincera gratidão.

Ao orientador de conteúdo, Cel QOEM RR Claúdio

Silva da Rocha, deixo registrada sincera gratidão pela dedicação

dispensada e compartilhamento do conhecimento.

Aos colegas cinotécnicos lotados no 6 o Batalhão de

Polícia Militar e nas Companhias Policiais Militares de Jaguarão e Santa

Vitória do Palmar, pelo auxílio e troca de experiências, que foram

extremamente úteis na elaboração desta monografia.

vii
viii

AGRADECIMENTOS DE OFÍCIO

A todos aqueles que, seja por ação ou omissão, foram

importantes para a consecução deste trabalho.


ix

AGRADECIMENTOS DE AMOR

À minha madrasta (muito mais que uma mãe), Maria, e

ao meu pai, João, por terem me acolhido novamente em seu lar, depois

de tantos anos, cobrindo-me de carinho e atenção, velando por meu bem-

estar diuturnamente.

A Nelcy e Marcelo, meus irmãos, bem como à minha

cunhada Ana Claudia, pelo inestimável auxílio e apoio prestados.

ix
x

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................ xv
LISTA DE GRÁFICOS............................................................................. xvii
LISTA DE QUADROS E TABELAS......................................................... xix
LISTA DE ANEXOS................................................................................. xxi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS.................................................. xxii
RESUMO................................................................................................. xxv
ABSTRACT........................................................................................... xxvii
1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 29
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA......................................................... 30
1.2 JUSTIFICATIVAS.......................................................................... 31
1.3 OBJETIVOS................................................................................... 33
1.3.1 Objetivo geral.............................................................................. 33
1.3.2 Objetivos específicos.................................................................. 33
1.4 HIPÓTESES.................................................................................. 34

1.5 ESTRUTURA GERAL DO TRABALHO.......................................... 35


2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................ 37
2.1 ESCALA CLASSIFICATÓRIA DO CÃO......................................... 38
2.2 ORIGENS DO CÃO E SUA EVOLUÇÃO....................................... 39
2.3 A DOMESTICAÇÃO DO CÃO........................................................ 45
2.4 CÃES A SERVIÇO DA HUMANIDADE.......................................... 48
2.4.1 Cães de caça............................................................................. 49
2.4.2 Cães de pastoreio...................................................................... 52
2.4.3 Cães de tração........................................................................... 54
2.4.4 Cães de salvamento................................................................... 56
2.4.5 Cães guias................................................................................. 58
2.4.6 Cães nas pesquisas médicas..................................................... 60
2.4.7 Cães nas guerras....................................................................... 61
2.4.8 Cães nas atividades policiais...................................................... 65
2.4.8.1 Em âmbito mundial.................................................................. 65
2.4.8.2 Em âmbito nacional................................................................. 71
2.4.8.3 Algumas raças caninas mais empregadas nas atividades
xi

policiais ostensivas.................................................................. 72
2.4.8.3.1 Pastor alemão....................................................................... 72
2.4.8.3.2 Rottweiler.............................................................................. 74
2.4.8.3.3 Dobermann........................................................................... 75
2.4.8.3.4 Fila brasileiro......................................................................... 77
xi

2.4.8.3.5 Labrador Retriever................................................................ 79


2.4.9 O emprego de cães pela Brigada Militar..................................... 80
2.4.9.1 Breve histórico......................................................................... 80
2.4.9.2 Regulamentação do funcionamento da atividade e do
emprego de cães pela Brigada Militar.....................................................
82
2.4.9.3 Tipologias dos cães de polícia e suas formas de

emprego................................................................................... 82
2.4.9.3.1 Cães de patrulha................................................................... 83
2.4.9.3.2 Cães de choque.................................................................... 83
2.4.9.3.3 Cães de guarda..................................................................... 84
2.4.9.3.4 Cães de faro.......................................................................... 84
2.4.10 Razões operacionais, vantagens e desvantagens do emprego

de cães nas atividades policiais ostensivas.............................. 85


3. METODOLOGIA.................................................................................. 88
3.1 NATUREZA DA PESQUISA........................................................... 89
3.2 POPULAÇÃO................................................................................. 90
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.................................... 91
3.4 MÉTODO DE ANÁLISE................................................................. 92
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.............................................. 93
4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS................................................... 94
4.2 ANOS DE EXISTÊNCIA DO CANIL EM CADA OPM..................... 96

xii

4.3 NÚMERO DE CÃES DE POLÍCIA EXISTENTES NO CANIL

(POR SEXO)................................................................................. 97
4.4 RAÇAS UTILIZADAS PELOS OPM............................................... 99
4.5 TIPOLOGIA DOS CÃES................................................................ 101
4.6 TIPOS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO EM QUE OS CÃES

SÃO EMPREGADOS.................................................................... 103


4.7 PROCESSOS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO EM QUE OS
xii

CÃES SÃO EMPREGADOS.......................................................... 104


4.8 CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE OCORRE O EMPREGO DE

CÃES............................................................................................. 105
4.9 MISSÕES NAS QUAIS OS CÃES SÃO MAIS EMPREGADOS..... 106
4.10 EFETIVO DE CINÓFILOS HABILITADOS A ATUAR COM

CÃES EXISTENTE NOS OPM.................................................... 108


4.11 EFETIVO DE CINÓFILOS HABILITADOS RELAMENTE

EMPREGADOS NO POLICIAMENTO COM CÃES..................... 110


4.12 EFETIVO DE SERVIDORES MILITARES ESTADUAIS NÃO-

HABILITADOS, MAS QUE ATUAM NO POLICIAMENTO COM

CÃES.......................................................................................... 112
4.13 ÁREA FÍSICA TOTAL DOS CANIS NOS OPM (em m2)............... 114
4.14 EXISTÊNCIA DE PISTA DE ADESTRAMENTO NOS OPM......... 116
4.15 NÚMERO DE BOXES EXISTENTES POR OPM......................... 117
4.16 EXISTÊNCIA DE BOXE-MATERNIDADE NOS OPM................... 119

xiii
4.17 EXISTÊNCIA DE BOXE OU LOCAL DE ISOLAMENTO PARA

CÃES ACOMETIDOS DE DOENÇAS INFECTO-

CONTAGIOSAS.......................................................................... 120
4.18 EXISTÊNCIA DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-VETERINÁRIA NOS

OPM............................................................................................ 121
5. CONCLUSÕES.................................................................................... 124
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 131
ANEXOS.................................................................................................. 135
xiii

xiv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 A evolução da família canina e de outros mamíferos, a

partir do miacis .................................................................... 42


Figura 2 Baixo-relevo assírio, encontrado em Asshur-bandi-pal,

mostrando uma caçada utilizando-se cães........................... 47


Figura 3 Cães da raça Beagle (cães de rastejo)................................ 50
Figura 4 Cães da raça Dachshund (cães de toca).............................. 51
Figura 5 Cão da raça Pointer (cães de mostra e cobrança ou cães

de tiro).................................................................................. 51
Figura 6 Cães pastores da raça Collie................................................. 53
Figura 7 Cão pastor da raça Old English Sheepdog............................ 54
Figura 8 Cães esquimós em plena atividade de tração........................ 55
Figura 9 Cão da raça Dogue 57
xiv

alemão....................................................
Figura 10 Cão da raça Terra-nova......................................................... 57
Figura 11 Cães da raça São-Bernardo................................................... 58

Figura 12 Cão guia de cegos da raça Pastor alemão............................ 59


Figura 13 Cão da raça Mastim, descendente do cão molosso............. 62
Figura 14 Cão policial, pertencente ao Departamento de Polícia da

cidade norte-americana de Redwood, efetuando patrulha

em viatura especialmente adaptada...................................... 69


Figura 15 Cães da raça Pastor alemão.................................................. 74
Figura 16 Cães da raça Rottweiler......................................................... 75
Figura 17 Cão da raça Dobermann........................................................ 77
Figura 18 Cão da raça Fila brasileiro..................................................... 78
Figura 19 Cão da raça Labrador retriever.............................................. 80

xvi
xv

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Anos de existência do canil............................................ 96


Gráfico 2 - Cães de polícia existentes no canil por sexo.................. 97
Gráfico 3 - Percentual total de cães de polícia por sexo................. 97
Gráfico 4 - Raças utilizadas pelos OPM........................................... 99
Gráfico 5 - Tipologia dos cães.......................................................... 101
Gráfico 6 - Percentual de emprego dos cães em tipos de

Policiamento Ostensivo................................................ 103


Gráfico 7 - Percentual de emprego dos cães por processos............ 104
Gráfico 8 - Circunstâncias de emprego de cães pelos OPM............ 105
Gráfico 9 - Percentual de cinófilos habilitados existentes................ 108
Gráfico 10 - Percentual de cinófilos habilitados realmente

empregados.................................................................... 110
Gráfico 11 - Relação entre cinófilos existentes e empregados.......... 111
Gráfico 12 - Efetivo de servidores militares estaduais não-
habilitados, mas empregados no policiamento com
cães............................................................................... 112

xvii
Gráfico 13 - Área física dos canis por OPM....................................... 114
Gráfico 14 - Número de boxes por OPM............................................ 117
Gráfico 15 - Existência de assistência médico-veterinária................. 121
xvi

xviii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Identificação numérica dos OPM pesquisados...................... 95


xvii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Raças utilizadas pelos OPM................................................ 99


Tabela 2 - Tipologia dos cães utilizados pelos OPM............................ 101
Tabela 3 - Freqüência classificatória de missões.................................. 106
Tabela 4 - Cinófilos habilitados existentes............................................ 108
Tabela 5 - Cinófilos habilitados realmente empregados....................... 110
Tabela 6 - Efetivo de SME não-habilitados, mas empregados no

policiamento com cães.......................................................... 112


Tabela 7 - Área física total dos canis.................................................... 114
Tabela 8 - Existência de pista de adestramento por OPM.................... 116

xix

Tabela 9 - Boxes existentes por OPM................................................... 117


Tabela 10 - Existência de boxe-maternidade nos 119

OPM...........................
Tabela 11 - Existência de local ou boxe de isolamento para cães

doentes............................................................................... 120
Tabela 12 Assistência médico-veterinária nos OPM............................... 121
xviii

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 - Nota de Instrução no 39-3/EMBM/97...................................... 136


Anexo 2 - Diretriz de Policiamento Ostensivo no 15/97.......................... 138
Anexo 3 - Questionário encaminhado ao público-alvo........................... 142
Anexo 4 - Planilhas de respostas do público-alvo.................................. 147
xix

LISTA DAS SIGLAS E DAS ABREVIATURAS

a. C. - antes de Cristo

BG - Boletim Geral

BM - Brigada Militar

BOE - Batalhão de Operações Especiais

BPChq - Batalhão de Polícia de Choque

BPM - Batalhão de Polícia Militar

CAAPM - Curso Avançado de Administração Policial Militar

Cap - Capitão

Cia - Companhia

cm - Centímetro

CPC - Comando de Policiamento da Capital

d. C. - depois de Cristo

Dest. - Destacamento

DPO - Diretriz de Policiamento Ostensivo

EMBM - Estado Maior da Brigada Militar

ESO - Escola Superior de Oficiais


xx

ex. - Exemplo

FCI - Federação Cinológica Internacional

grad. - Graduação

kg - Quilogramas

m2 - Metros quadrados

NI - Nota de Instrução

no - Número

OPM - Órgão de Polícia Militar

p. - Página

PM - Polícia Militar ou Policial Militar

PM 3 - 3a Seção do Estado Maior

PMESP - Polícia Militar do Estado de São Paulo

Pol - Policiamento

Pol Ost - Policiamento ostensivo

1o Sgt - Primeiro Sargento

1o Ten - Primeiro Tenente

QOEM - Quadro de Oficiais de Estado Maior

QOES - Quadro de Oficiais Especialistas em Saúde

RPMon - Regimento de Polícia Montada

RS - Rio Grande do Sul

2o Sgt - Segundo Sargento

2o Ten - Segundo Tenente

SME - Servidor Militar Estadual

Sten - Subtenente
xxi

3o Sgt - Terceiro Sargento

UOp - Unidade Operacional


xxii

RESUMO

A Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, a exemplo de outras

corporações policiais do mundo todo, vem empregando cães de forma a

suplementar as mais diversas atividades de polícia ostensiva que executa.

Assim, com a finalidade de diagnosticar como está ocorrendo esse emprego

na Corporação, é que foi realizado o presente trabalho.

No desenvolvimento do mesmo, efetuou-se uma abordagem acerca da

origem, evolução, domesticação e das tarefas desempenhadas pelo cão em

auxílio à humanidade, desde a caça até o seu emprego nas atividades

policiais, tanto em nível mundial quanto nacional.

Através de uma pesquisa descritiva, foram obtidos dados que

permitiram conhecer a atual e real situação do emprego de cães de polícia,

nas quinze unidades da Brigada Militar que possuem canis. As principais

conclusões resultantes foram:


xxiii

 em razão do grande número de unidades operacionais que a

Corporação possui, pode ser considerada pequena a quantidade de

cães de polícia existentes, bem como o emprego dos mesmos ainda

é muito restrito;

 os cães de polícia classificados na tipologia choque são a maioria,

embora a missão de maior freqüência seja a de policiamento

ostensivo;

 existem unidades operacionais utilizando policiais militares não-

habilitados no policiamento com cães;

 não há assistência médico-veterinária em 27% das unidades

operacionais com frações caninas.

Em razão das conclusões resultantes, sugeriu-se a adoção de algumas

medidas, todas voltadas à expansão e ao aperfeiçoamento das atividades

ligadas ao emprego de cães na Corporação, objetivando dessa forma prestar

um serviço de segurança pública mais qualificado e eficaz.


xxiv

ABSTRACT

The State Police of Rio Grande do Sul, as other police corporations all

over the world, is using dogs in order to supplement the most diverse activities

of ostensive police which they perform. Therefore, with the purpose of

diagnosing how this use is occuring in the Corporations, this present study has

been accomplished.

During the development of this study, an approach was carried out

about the origin, evolution, domestication and tasks performed by the dog in

helping humanity, from hunting up to its use in police activities, both at

worldwide level and at the domestic one.

Data obtained through a descriptive research, allowed to get to know

the present and actual situation of using police dogs in the fifteen units of the

State Police which have kennels. The main resulting conclusions were the

following:
xxv

 due to the large number of operational units that the Corporation

has, the number of existing police dogs can be considered small, as

well as the use of them can be considered rather restricted;

 police dogs classified in chock typology are the majority, although

the most frequent mission be ostensive policing;

 there are operational units using military policemen who are not

qualified for policing with dogs;

 there is no medical-veterinary assistance in 27% of the operational

units with kennels.

On account of the resulting conclusions, the adoption of some

measures was suggested, all directed to activity expansion and improvement

linked to the use of dogs in the Corporation, having in view the rendering of a

more qualified and effective public safety service.


xxvi

1. INTRODUÇÃO
27

1. INTRODUÇÃO

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

A opção por realizar o presente trabalho, tendo por tema “O Emprego

de Cães nas Atividades de Polícia Ostensiva”, adveio do fato de que a Brigada

Militar do Estado, a exemplo de outras corporações policiais, tanto em nível

mundial quanto nacional, encontra-se utilizando cães no cumprimento de

diversas missões que lhe são confiadas.

No entanto, ainda que o início dessa utilização date da década de 60,

pouco se tem na Corporação além de uma diretriz de policiamento e uma nota

de instrução, ambas regulando o emprego de maneira geral. Nota-se também

que, embora haja esforços individuais de profissionais que acreditam na

eficácia dos cães de polícia, essa suplementação não está disseminada pelas

várias unidades operacionais da Brigada Militar, estando restrita a tão somente

quinze dessas e sem que se saiba efetivamente como está acontecendo o


28

emprego dos animais em cada uma, ou seja, se está havendo obediência ao

previsto na nota e diretriz existentes, até porque inexiste um órgão fiscalizador

da atividade.

Portanto, no afã de produzir-se um estudo que venha a dissipar as

dúvidas existentes em tal seara é que aponta-se como problema desta

pesquisa:

“Como está ocorrendo o emprego de cães de polícia pela Brigada

Militar?”

1.2 JUSTIFICATIVAS

A realização deste trabalho encontra suporte no fato de o tema

ser inédito na Corporação, ainda que a mesma empregue cães há mais de

trinta anos nas atividades de polícia ostensiva.

A relevância do assunto decorre em razão da inconteste utilidade

dos cães nas corporações policiais de todo o mundo, nas quais desempenham

missões que vão desde a guarda de instalações físicas até a busca e

salvamento de pessoas durante calamidades públicas. Corrobora tal assertiva

o fato de o emprego de cães de polícia ser recomendado pelo Manual para

Instrutores de Direitos Humanos e Lei Humanitária para Polícias e Forças de

Segurança, de autoria do Coronel C. de Rover, como prática gerencial no


29

sentido de substituírem o uso de armas de fogo, preservando o máximo

possível a integridade física das pessoas e restringindo a aplicação de meios

capazes de causar mortes e ferimentos. Diante disso, entende-se que a

utilização de cães pela Brigada Militar deve ser incentivada e aperfeiçoada, em

virtude de sua importância como forma de suplementação no policiamento

ostensivo, uma vez que, como bem cita a Diretriz de Policiamento Ostensivo n o

15/97, os objetivos do emprego dos mesmos são: reduzir o lançamento de

efetivo policial militar, alcançar uma maior eficiência em missões específicas,

em que o emprego do cão adestrado seja aconselhável, obter uma ação

ostensiva mais intensa e aumentar a segurança do policial militar, em face da

capacidade de defesa proporcionada pelo animal.

Por outro lado, é importante trazer o assunto à tona na Corporação,

visto que, por empregar cães nas atividades policiais, não pode ficar alheia à

forte discussão que está ocorrendo na mídia em razão de acidentes e

incidentes envolvendo caninos. Cabe destacar que em nosso Estado já existe

projeto de lei, oriundo do poder legislativo, objetivando restringir o uso de cães

pela Brigada Militar, alegando que tal emprego é atentatório à dignidade

humana.
30

Destaca-se, finalmente, o conhecimento e a experiência que o autor do

trabalho em tela possui acerca do tema, tendo realizado o Curso Básico de

Adestramento de Cães de Polícia, além de exercer, há sete anos, o comando

do Grupo Especial de Policiamento com Cães, sediado na cidade do Rio

Grande/RS, o qual figura como uma das maiores frações policiais caninas da

Corporação.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Verificar como estão sendo empregados os cães de polícia pela

Brigada Militar.

1.3.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos estabelecidos, visando a busca da resolução

da área temática, são os seguintes:


31

a. diagnosticar de que forma está ocorrendo o emprego de cães nas

unidades da Brigada Militar que possuem frações caninas;

b. identificar as vantagens e desvantagens do emprego de cães pela

Corporação;

c. apresentar sugestões, em razão dos dados obtidos no estudo,

visando aperfeiçoar e expandir o emprego de cães de polícia pela Corporação.

1.4 HIPÓTESES

Conhecido o problema, as justificativas e os objetivos, passa-se a

formulação das hipóteses deste trabalho. Segundo BARROS (1990, p. 29)

“hipóteses são afirmações que serão testadas através da análise da evidência

dos dados empíricos.”

No entanto, conforme GIL ( 1991, p. 43), em estudos como este, em

que o objetivo é “descrever determinado fenômeno ou as características de um

grupo, as hipóteses não são enunciadas formalmente.” Porém, pretendendo

estabelecer questões norteadoras à pesquisa, formulou-se as hipóteses

abaixo:
32

hipótese 1: os cães de polícia estão sendo subutilizados na

Corporação.

hipótese 2: os cães de polícia existentes na Corporação estão sendo

empregados em desacordo ao previsto na DPO n o 15/97 e NI no 39-

3/EMBM/97.

1.5 ESTRUTURA GERAL DO TRABALHO

O trabalho foi estruturado em cinco capítulos. No primeiro, introdução,

apresenta-se o problema, as justificativas, os objetivos, as hipóteses e a

estrutura do mesmo.

No segundo, efetua-se a revisão de literatura, a qual inicia pela escala

classificatória do cão, discorre sobre as origens, evolução e domesticação do

mesmo, aborda os serviços prestados à humanidade, desde a caça até o

emprego em atividades policiais ostensivas na Brigada Militar, ponto em que

se passa a relatar o histórico da utilização de cães na Corporação, transcreve

a regulamentação do seu funcionamento como suplementação, cita as

tipologias caninas existentes, as razões operacionais de emprego nas

atividades policiais e discorre sobre as características de algumas das raças

mais empregadas.
33

No terceiro, trata-se da pesquisa propriamente dita, onde expõe-se a

natureza da mesma, a população, o instrumento da coleta de dados e o

método de análise.

O quarto capítulo foi reservado para a análise dos resultados obtidos,

bem como para a discussão dos dados.

Por fim, no quinto capítulo são apresentadas as conclusões do

trabalho, ocasião em que se apresentam as críticas e sugestões de

abordagem, em face das questões em aberto, para novas pesquisas.


34

2. REVISÃO DE LITERATURA
35

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ESCALA CLASSIFICATÓRIA DO CÃO

O cão doméstico - a espécie zoológica chamada por Linneu 1 Canis

familiaris e da qual contam-se, atualmente, pouco mais de trezentas raças

oficiais2 distintas - pertence ao gênero Canis da família dos Canídeos (dentro

da qual também contam-se os lobos, as raposas e os chacais, dentre outros),

compreendida por sua vez na ordem dos carnívoros. Coloca-se na subclasse

dos placentados ou placentários (a mesma à qual pertence o homem), dentro

da classe dos mamíferos, os quais formam parte do tipo dos vertebrados, no

grande sub-reino dos metazoários ou metazoos, isto é, dos animais

pluricelulares. A escala classificatória do cão entre as criaturas que habitam a

1
Carl Linneu, naturalista e médico sueco, 1707-1778, considerado o pai da moderna sistemática
classificatória e criador da nomenclatura binominal dos seres vivos, aceita até hoje.
2
Reconhecidas pela Federação Cinológica Internacional - FCI, entidade sediada na Bélgica, à qual se
ligam todos os kennel clubs (clubes caninos) dos mais diversos países do mundo, que por sua vez são
responsáveis pela organização, controle e expedição de registros genealógicos (pedigree) dos cães com
raça definida, criados em seus respectivos territórios.
36

terra é, portanto, conforme estampa a Enciclopédia Canina (1970, p. 10), a

seguinte:

 reino Animal

 sub-reino Metazoários (ou Metazoos)

 tipo Vertebrados

 classe Mamíferos

 subclasse Placentados (ou Placentários)

 ordem Carnívoros

 família Canídeos

 gênero Canis

 espécie Cão doméstico (Canis familiaris)

2.2 ORIGENS DO CÃO E SUA EVOLUÇÃO

Poucos ramos do mundo animal apresentam uma variação tão grande

em termos de tamanho, formato, tipo de pelagem e de comportamento como

as raças caninas.

Algumas variedades de camundongos são bem diferentes de outras,

mas essa disparidade nem de perto se compara com a existente entre um

possante são bernardo e um minúsculo chihuahua.


37

Praticamente toda essa grande variação na forma dos cães é um

resultado da influência humana, pois nenhum animal possui uma história de

convívio com o homem tão longa quanto o cão. Sua história, aliás, teve início

muito antes da história do homem.

GEARY (1978) diz que, para investigar a origem do cão, faz-se

necessário também considerar a evolução de seus parentes mais próximos,

porque é neles que reside uma grande parte do mistério relacionado com o

passado canino. Os mamíferos, animais de sangue quente, cobertos de pêlos

e que amamentam seus filhos, são um desenvolvimento relativamente recente

dentro da evolução dos animais. Os primeiros estágios deste desenvolvimento

ocorreram durante o período cretáceo, que teve início há aproximadamente

140 milhões de anos. Naqueles tempos, os mamíferos e os dinossauros

coexistiam. Os creodontes eram um grupo de mamíferos primitivos e essas

pequenas criaturas carnívoras deram origem a um animal semelhante à

doninha, chamado miacis, considerado o ancestral primitivo comum de ursos,

gatos e outros animais carnívoros, dentre eles o cão. O miacis viveu há cerca

de 40 milhões de anos, época em que os macacos tinham apenas começado a

se desenvolver. Era completamente diferente dos cães existentes na

atualidade, possuindo cinco dedos, patas chatas, capacidade de subir em

árvores e unhas retráteis, como as dos felinos.

Ainda segundo GEARY (1978), há cerca de 19 milhões de anos, um

outro ancestral fóssil do cão desenvolveu-se a partir do miacis. Este animal,


38

conhecido por cynodictis, perdeu o quinto dedo, que havia se transformado

numa espécie de casco rudimentar. É do cynodictis que descenderam os

verdadeiros antecessores primitivos do cão, o cynodesmus e um outro canídeo

fóssil, que foi o ancestral dos chamados “falsos cães” 3.

O cynodesmus era um mamífero muito maior do que os seus

predecessores. A ele sucedeu o tomarctus, cuja aparência era muito

semelhante à do cão, sendo os restos de seu esqueleto praticamente

indistinguíveis dos de lobos ou cães selvagens atuais. Entre o tomarctus e o

aparecimento do homem (ocorrido há apenas 2 milhões de anos), restos

fósseis encontrados sugerem que muitas criaturas semelhantes aos cães se

desenvolveram, embora não tenham tido muita importância em relação aos

cães atuais.

Em resumo, basta dizer que o tomarctus deu origem a todas as

espécies de canídeos: lobos, hienas, chacais, raposas e cães. Todos esses

animais apresentam uma formação óssea similar e são predadores rápidos,

com boa visão, boa audição, um olfato aguçado, além de dotados de excelente

resistência física.

Figura 1 - A evolução da família canina e de

3
Canídeos que se assemelham ao Canis familiaris, porém constituem espécies próprias, tais como o cão
de caça do Cabo Africano, cão selvagem da Índia e o cão do mato da África do Sul.
39

outros mamíferos, a partir do miacis.

Fonte: GEARY (1978, p. 8)

Mas a história da origem do cão, até então relativamente simples,

fornecendo-nos 140 milhões de anos de desenvolvimento evidente; no

entanto, no decorrer dos últimos milhares de anos, acaba se complicando.

Parece que há um espécie de elo perdido que, caso fosse encontrado,

permitiria determinar o ancestral direto do cão sem deixar margem a qualquer

tipo de dúvida. Entretanto, GEARY (1978) supõe que este ancestral

possivelmente tenha sido o próprio tomarctus, e talvez os lobos e os chacais

sejam primos de desenvolvimento do cão; mas também não se pode descartar

simplesmente a hipótese de o lobo ter sido este ancestral. O autor chama a

atenção ainda para o fato de que, antes de aceitar-se a teoria da descendência

a partir do lobo, é importante procurar evidências que eliminem os demais


40

canídeos da linha de ancestrais diretos do cão. A raposa, apesar de não caçar

em grupo e, portanto, não se tratar de um “canídeo social”, tem semelhanças

formais com algumas raças de cães. No entanto, cruzamentos entre cães e

raposas não são férteis, uma vez que seus cromossomas não são

semelhantes. O período de gestação da raposa é de cinqüenta dias, em média

quase duas semanas a menos do que o do cão, cuja gestação se completa

aos 63 dias. Outras variações, tais como o formato da pupila dos olhos e a

estrutura das patas, implicam que as raposas não podem ser consideradas

como parentes muito próximas dos cães; de igual forma as hienas, pois seus

filhotes nascem de olhos abertos, possuem mais mobilidade e são mais ativos

do que os filhotes de cães ou lobos.

Os chacais e os coiotes estão muito próximos aos cães, e os

cruzamentos entre esses animais são férteis, sendo isso, de uma maneira em

geral, indicativo de parentesco muito próximo no reino animal. Entretanto,

algumas diferenças de estrutura óssea entre esses três animais sugerem que

sejam parentes, mas não que pertençam a uma mesma espécie.

A maioria das autoridades cinólogas 4 inclinam-se a acreditar que o

canídeo selvagem mais próximo seja realmente o lobo, e existem realmente

diversas evidências sugerindo que os cães modernos sejam descendentes

diretos dos lobos. A formação dentária desses lobos, quando comparada à dos

cães, apresenta pouca diferença e, exatamente como também acontece com

os chacais e os coiotes, os lobos podem cruzar com os cães e procriar. Uma

marcante diferença na reprodução de cães e de lobos é a de que as lobas

4
Pessoa versada no estudo de cães ou canídeos em geral.
41

entram no cio uma única vez no ano, ao passo que as cadelas normalmente o

fazem por duas vezes5. Embora tal diferença, salientem-se outras

semelhanças entre ambos, tais como atividade de caça em bandos, alta

sociabilidade entre os membros de uma mesma matilha ou alcatéia e, mais

importante ainda, os lobos são capazes de reagir de maneira favorável à

domesticação.

Essas comparações entre os parentes mais próximos dos cães

domésticos, apesar de serem muito válidas, não são capazes de fornecer uma

resposta definitiva à questão de quem é o ancestral direto do cão. Mas, seja

qual for a resposta a tal questão, FIORONE (1970) sustenta que se pode dizer

que a maior influência sobre o desenvolvimento do cão foi a exercida pela mão

do homem, porque, sem a sua criação seletiva e sem as decisões por ele

tomadas, o cão não existiria com o seu aspecto atual. Resumindo, o homem

criou o cão de acordo com sua própria vontade. O que continua desconhecido

é a substância biológica original e exata desse processo de criação.

5
O cinólogo Fiorenzo Fiorone, em sua obra As raças caninas, acredita que tal fato é fruto da
interferência humana ao exercer ação seletiva na reprodução de cães, ou seja, ao fomentar a criação de
espécimes capazes de entrarem no cio duas vezes por ano.
42

2.3 A DOMESTICAÇÃO DO CÃO

Num estado mais agreste, as relações de trabalho entre homem e

animal se produziram em forma gradativa e espontânea, sempre que ambos

encontrassem alguma vantagem recíproca no sentido de estabelecerem uma

aliança visando a resolução de inconvenientes. Assim, sem que o homem

recorresse ao emprego de métodos educativos especiais, algumas espécies

animais, ao notar que de alguma forma, em determinadas circunstâncias, lhes

podia ser útil a vizinhança do homem, não a evitaram, e até mesmo devem tê-

la buscado. Provável, pois, que a conquista do cão tenha iniciado com uma

associação voluntária deste tipo, ou seja, ambos, ao viver da caça,

encontravam-se seguidamente em atividades predadoras, havendo uma óbvia

vantagem do homem, que, mais inteligente, mais hábil e mais bem armado,

vencia quase sempre a disputa pela comida. Paulatinamente, o cão deve ter

se resignado a deixar a sua presa para o homem, passando a considerá-lo

como o seu adversário mais temível (FIORONE, 1970).

Passado algum tempo, este sentimento teve que sofrer uma

modificação, sugerida, fundamentalmente, por uma situação vantajosa para o

cão: as populações humanas primitivas devoravam os animais mortos, depois

de havê-los despedaçado, no mesmo lugar de seus refúgios, acontecendo de

ficar no terreno algum resto da presa que por sua vez servisse de alimento aos

cães selvagens. Estes acostumaram-se, deste modo, a associar a imagem do

homem com a lembrança da fome satisfeita. Isto fez com que a hostilidade do

cão diminuísse e não mais fugisse, começando até mesmo a buscar a


43

presença do homem, rondando os lugares onde ele descansava ou caçava. O

homem, em seguida, percebeu o benefício da proximidade do cão. O primeiro

motivo foi o fato de que a presença do animal, ao redor de sua morada,

garantia-lhe segurança, pois já era notável, mesmo para os primitivos, a

superioridade em termos olfativos e auditivos do cão, que latia (e quem sabe

atacasse) sempre que algum intruso (homem ou animal) se aproximava do

acampamento. O segundo fator deve ter se dado porque o cão, ao se

alimentar das sobras de alimentos, mantinha limpos os arredores das aldeias

e, em conseqüência, sem a presença de outros animais carniceiros. O homem

deve então ter se acostumado de tal maneira ao cão, que acabou por

incorporá-lo à “vida do acampamento”, assegurando a continuidade da

associação, comportando-se com menos hostilidade ou indiferença para com

aqueles seres quadrúpedes e chegando a arriscar alguma atitude mais

amistosa, tal como jogar-lhe um naco de carne ou osso (FIORONE, 1970).

O cão, que até então assistia como simples espectador ao trabalho do

homem, logo compreendeu que havia vantagens na associação, e arriscou-se

a participar das suas caçadas em colaboração voluntária; deste modo o

homem de imediato percebeu que tal empreitada, em parceria, rendia

excelentes frutos (figura 2).


44

Figura 2 - Baixo-relevo assírio, encontrado em Asshur-


bandi-pal, mostrando uma caçada utilizando-se cães.

Fonte: GEARY (1978, p. 9)

Não tardou para que a simples associação evoluísse à afeição

recíproca, passando o cão a exercer outras atividades além da guarda e caça,

chegando ao ponto de, mesmo em se tratando de um predador, custodiar as

espécies que o homem começara a criar, circunstância que revela a inconteste

confiança que lhe foi depositada.

Em suma, é indiscutível o longo processo de domesticação do cão

pelo homem, registrando-se o seu início em torno de 12 mil anos atrás, assim

como é indiscutível a eficácia desse, pois nenhuma outra espécie animal, além

de ser tolerante em relação ao homem, também procura ativamente a

convivência com ele. Confirmando tal assertiva, observa-se que com seis

semanas de idade, filhotes de hienas nascidas em cativeiro demonstraram

acentuada agressividade em relação ao homem, mordendo-o e evitando ao

máximo o contato com ele. Por outro lado, filhotes de cães domésticos correm
45

tropeçando ao encontro de seres humanos, convidando-os para brincar,

revelando um desejo inerente de manter contatos sociais, visto que não

receberam nenhum ensinamento para agir dessa maneira, mas sim uma forte

carga genética (GEARY, 1978).

Diante do anteriormente exposto, FIORONE (1970), ao considerar as

inúmeras funções desempenhadas no passado pelo cão, as quais foram (e

algumas ainda o são) de suma importância para a sobrevivência da

humanidade, diz não se constituir em nenhum exagero afirmar que a amizade

entre cão e homem foi um dos pontos decisivos na evolução da civilização.

2.4 CÃES A SERVIÇO DA HUMANIDADE

O homem, para domesticar os cavalos, as renas, os elefantes,

precisou capturá-los, isto é, vencê-los, aprisioná-los, enfim impor-lhes a força.

Com o cão, conforme já relatado, isso ocorreu ao contrário, aderindo ele à

autoridade do homem sem coação, voluntariamente. Isso permitiu que as

habilidades caninas fossem mais bem compreendidas e exploradas no sentido

de converterem-se em reais formas de auxílio à humanidade. Isto posto,

discorrer-se-á, de agora em diante, sobre as diversas atividades desempenhas

pelos cães ao longo dos tempos.

2.4.1 Cães de caça


46

Como já foi visto, homem e cão encontraram-se e travaram relações

exatamente na qualidade de caçadores; se não tivesse existido a caça não se

teria dado a estima recíproca (PUGNETTI, 1980). Por isso, é notável a

influência humana no sentido de produzir, através de acasalamentos e

descartes sucessivos, cães com aptidões específicas para a captura de cada

tipo de presa desejada. Índole, força, resistência e velocidade eram alguns dos

atributos desejados, ficando a beleza descartada em prol da eficiência. Afinal,

era necessário sobreviver, e admirar o belo não saciava a fome do homem

primitivo.

Passados 10 mil anos depois de iniciada a domesticação do cão, já na

Idade Média começa a preocupação de criar-se padrões imutáveis de estrutura

e comportamento, ou seja, surgem as raças e as especializações dessas na

execução de tarefas, razão pela qual hoje existem cães de caça aptos a

buscar, expulsar da toca e perseguir a presa os quais são denominados cães

de rastejo (figura 3). Já para adentrar a toca da presa e apreendê-la existem

os cães de toca (figura 4); finalmente, para apontar a caça e depois buscá-la,

os cães de mostra e cobrança, também conhecidos por cães de tiro (figura

5).

Atualmente, a caça, que nos primórdios da civilização tinha papel

preponderante na sobrevivência da espécie humana, tem pouca ou quase

nenhuma função, servindo, na maioria do mundo civilizado, como mero

esporte, razão que a faz encontrar ferrenhos opositores, exatamente pelo

aspecto depredador que assume. Diante disso, a utilização do cão em tal ofício

vem diminuindo sensivelmente. No entanto, graças à atuação de entidades


47

cinófilas espalhadas pelo mundo, não está havendo o abandono da criação de

cães pertencentes às raças caçadoras, mantendo-se assim preservadas as

suas características e, com isso, em verdade, o esforço do homem ao longo

dos séculos em busca da especialização venatória.

Figura 3 - Cães da raça Beagle (cães de rastejo).

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 87)


48

Figura 4 - Cães da raça Dachshund (cães de toca)

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 76)

Figura 5 - Cão da raça Pointer (cães de mostra e


cobrança ou cães de tiro).

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 117)


49

2.4.2 Cães de pastoreio

PUGNETTI (1980) relata que, de caçador, ainda na Antigüidade, o cão

foi assumindo outras tarefas. Entre os seus apreciáveis instintos existia

também latente o de guardião. Se a criação de gado sempre representou uma

reserva de alimentos e de peles, de transporte cômodo para as populações

nômades, a possibilidade de um ataque de bandidos ameaçava

constantemente os rebanhos. As florestas do Líbano, os desertos da Núbia, os

bosques italianos, as planícies do Eufrates, encerravam também a insídia das

feras. Assim como se inseriu rapidamente nas lides da caça, o cão aprendeu a

ser sentinela dos rebanhos, a afastar os agressores, tanto homens como

animais ferozes. Os primeiros cães de pastoreio foram, pois, de porte

avantajado, corajosos, agressivos, prontos para saltar sobre lobos, ursos ou

qualquer outro intruso.

Os cães de rebanho, de acordo com o mesmo autor, surgiram pela

primeira vez há milhares de anos, ao serviço de pastores errantes da Ásia. Os

comerciantes fenícios os tinham exportado para a Europa, onde foram

cruzados com cães locais e onde, depois, formaram-se as raças mais

famosas. O homem preferia que seus cães de pastoreio tivessem um pelame

de cor clara, para poder assim reconhecê-los melhor à noite, destacá-los da

cor escura do lobo e do urso e intervir desse modo na luta com golpes de

bastão, sem ferir o fiel companheiro. É por isso que até hoje, salvo exceções, a

maioria das raças pastoreiras européias possuem a pelagem clara ou de cor

diversa daquelas comuns às feras ( figuras 6 e 7).


50

Os romanos, em face das suas inúmeras campanhas bélicas,

utilizavam sobremaneira os cães de pastoreio, visto que para alimentar as

legiões era necessário que se levasse para próximo do front centenas de

cabeças de gado bovino e ovino. Por tal razão, foram os responsáveis por

difundir cães com habilidade pastoreira por praticamente toda a Europa e

Oriente Médio, sendo que em cada país, ocorrendo o cruzamento dos cães

romanos com os cães nativos, acabaram se formando raças perfeitamente

adaptadas ao clima, terreno e trabalho específico a realizar. Durante séculos

estes cães foram, entretanto, destinados a pura e simples defesa do rebanho,

com especializações diferentes se era composto por ovinos ou bovinos;

apenas no último século, com o afastamento da ameaça das feras (lobos e

ursos), foi principalmente confiada aos cães pastores a tarefa de encontrar os

animais extraviados e reconduzi-los ao rebanho, o que ocorre até os dias

atuais.

Figura 6 - Cães pastores da raça Collie

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 38)


51

Figura 7 - Cão pastor da raça Old English Sheepdog

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 39)

2.4.3 Cães de tração

Desde 1500 o cão foi adestrado também para o transporte de material

pesado com carrinhos. A indisponibilidade de cavalos, asnos ou mulas, fosse

pelo alto custo, fosse pela inexistência de terras disponíveis para criá-los,

levou o cão, principalmente na Europa, a ser sujeitado a duros trabalhos. A tal

ponto que os governos da Alemanha, Bélgica, Holanda e Suíça chegaram a

editar leis proibindo a exploração excessiva, sendo que a França aboliu

totalmente a tração canina. Até hoje, na Suíça, por força de folclore e tradição,

certos cães boiadeiros6 de constituição forte são empregados no transporte de

leite e derivados em carretas adequadas (PUGNETTI, 1980).

6
Cães de pastoreio especializados na condução de gado bovino.
52

Enquanto o cão sujeitado a um carrinho desperta sentimentos de


compaixão, talvez porque o homem considera não ser ele o animal adequado
para tal tarefa, já o cão de trenó não provoca este tipo de emoção; ao
contrário, trata-se, na realidade, duma necessidade ditada pela natureza
particular dos lugares onde o animal age, e também, pela própria resistência
orgânica dos cães pertencentes às raças consagradas à tração de trenós, as
quais são capazes de suportar temperaturas de até cinqüenta graus negativos,
característica que outros animais, principalmente os eqüinos e muares, não
possuem. Ainda que atualmente disponha o homem, nas regiões polares, de
meios mecânicos de transporte adequados para o tipo de terreno lá existente,
sob determinadas circunstâncias deve-se obrigatoriamente utilizar o cão de
trenó como único meio para superar grandes extensões geladas (figura 8),
prestando inestimável serviço ao interligar aldeias esquimós e propiciar o
abastecimento delas com víveres e medicamentos (Enciclopédia Canina,
1970).
Figura 8 - Cães esquimós em plena atividade de tração.

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 14)


53

2.4.4 Cães de salvamento

Caçadores, pastores, transportadores; é apenas uma breve relação

das utilizações importantes às quais o cão é submetido pelo homem.

Os primeiros cães de salvamento, conforme relata a Enciclopédia

Canina (1970) foram utilizados no continente europeu há séculos passados,

para encontrar os caminhos enterrados pelas grandes nevadas, especialmente

as pistas que levavam da Suíça à Itália. Durante trezentos anos os cães

criados pelos frades no abrigo suíço do Grão-São Bernardo foram utilizados

também para socorrer pessoas perdidas. Estes cães, fruto de cruzamentos

das raças Dogue alemão e Terra-nova (figuras 9 e 10), denominados

precisamente São-Bernardos (figura 11), são freqüentemente representados

levando ao pescoço uma pequena barrica contendo tônico para oferecer a

viajantes ou alpinistas enregelados.

A história registra milhares de salvamentos efetuados pelos Cães-de-

São-Bernardo. Permanece na legenda o de nome Barry, que sozinho salvou

das neves quarenta e quatro pessoas e foi morto pela quadragésima quinta,

que durante a noite o tomara por um urso. Em conseqüência, foi erguido em

Paris um monumento em sua honra, e seu corpo, embalsamado, até hoje

encontra-se em exposição no museu da cidade de Berna, Suíça (Enciclopédia

Canina, 1970).
54

Hoje, como cão de salvamento em avalanches e terremotos é preferido

entre todos o Pastor alemão, enquanto na água é empregado o Terra- nova,

capaz de intervir com sucesso também durante grandes tempestades

marítimas.

Figura 9 - Cão da raça Dogue alemão

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 4

Figura 10 - Cão da raça Terra-nova.

Fonte: Enciclopédia Canina (1970, p. 134)


55

Figura 11 - Cães da raça São-Bernardo.

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 53)

2.4.5 Cães guias

A glorificação da atividade canina está representada pelo cão guia de

cegos. Os primeiros centros para este humanitário e piedoso adestramento

surgiram quase simultaneamente na Alemanha e na França em 1915,

exatamente com o objetivo de oferecer auxílio aos soldados que voltavam do

front com a visão reduzida. Logo, em outros países, surgiram centros de

adestramento.

A preferência para o adestramento de cães guias dirigiu-se em

particular ao Pastor alemão, que, por sua inteligência, obediência, fidelidade e

perfeição dinâmica, conseguiu quase tornar-se uma luz nos olhos dos seres
56

humanos com deficiência visual (figura 12). Outras raças, dentre elas o

Labrador, também deram bons resultados. Quanto ao sexo dos animais

empregados nesta atividade, preferem-se as fêmeas, uma vez que os machos

são mais suscetíveis à distração, caso encontrem uma cadela no cio.

Figura 12 - Cão guia de cegos da raça Pastor alemão.

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 13)

Conduzir os cegos através do tráfego agitado das metrópoles é um

trabalho de muita responsabilidade, a cuja perfeição o cão chega depois de

vários meses de paciente e meticuloso adestramento, durante os quais deverá

vencer diversas e difíceis etapas, que incluem desde desviar de obstáculos até

obedecer a mudança de cores dos semáforos.

Em virtude da utilização do cão nesta atividade, vários países tiveram

de adaptar ou criar legislações permitindo o trânsito e a permanência de cães

guias em locais onde outros cães jamais figurariam. Assim, é permitido ao cão
57

guia, conduzindo o deficiente visual, ter acesso a restaurantes, aeronaves,

bancos, mercados, entre outros.

2.4.6 Cães nas pesquisas médicas

Independente de as pessoas concordarem ou não com os aspectos

morais envolvidos na utilização de animais em experiências científicas, a

verdade é que um grande número de cães é utilizado atualmente em

pesquisas e no ensino de práticas cirúrgicas nas faculdades de ciências

médicas.

Os cães acabam sendo os preferidos para tal utilização por diversos

motivos. Em primeiro lugar, são mamíferos altamente domesticáveis e

facilmente tratáveis, adaptando-se bem às situações experimentais. Em

segundo lugar, são de baixo custo de manutenção, e os biotérios 7, graças à

desídia dos proprietários, são constantemente abastecidos com novos

espécimes; por fim, em razão de apresentarem algumas reações orgânicas

similares às dos seres humanos.

Apesar de estarem sendo feitos esforços cada vez maiores no sentido

de encontrar maneiras de efetuar pesquisas biológicas sem depender da

utilização de animais, existem muitas situações nas quais somente o cão, em

face das peculiaridades físicas, pode ser utilizado, dentre elas as experiências

realizadas acerca da raiva e de outras doenças que interessam

particularmente à medicina veterinária.

7
Lugar onde se criam animais para experiências de laboratório.
58

No afã de evitar abusos, constantes em passado recente ao ponto de

surgir em países europeus grupos radicais 8, ativos até hoje, que atacam

instalações de indústrias farmacêuticas que porventura utilizem animais em

seus testes, é que foram editadas leis muito rígidas na maior parte do mundo

para controlar tais experimentos. A legislação em tela prevê sistemas de

licenciamento e inspeções freqüentes nos laboratórios, bem como

acompanhamento das atividades desenvolvidas.

Mas, seja qual for a opinião das pessoas a respeito da utilização de

cães nas pesquisas, a verdade é que graças a isso é que hoje temos o

tratamento e a cura para diversos tipos de doenças, devendo a humanidade

gratidão aos cães por mais esse motivo.

2.4.7 Cães nas guerras

O título de a mais antiga “máquina de guerra” utilizada pelo homem

coube ao cavalo, mas também o cão, por suas qualidades agressivas, foi

lançado muito rapidamente contra os inimigos, como arma ofensiva.

Os antigos egípcios, romanos, gauleses e celtas preferiam para a

tarefa de cães de guerra um antepassado dos atuais mastins (figura 13),

chamado de cão molosso. Estes animais, reconhecidos por suas tendências

agressivas, pesavam mais de cem quilos e eram guarnecidos com armaduras

8
Tais grupos têm maior atuação mais na Inglaterra, França e Alemanha, recebendo verbas para
financiamento de suas ações através de organizações não-governamentais do mundo todo, a fim de
atacar instalações físicas e promover boicotes aos produtos que foram testados em animais.
59

munidas de pontas capazes de rasgar o ventre de cavalos ou de infantes que

se atrevessem a chegar perto ou atravessar-lhes o caminho. Eram ainda

treinados para correr debaixo dos cavalos carregando em suas costas potes

cheios de resina em chamas, constituindo-se numa versão antiga dos atuais

mísseis terra-terra.

Figura 13 - Cão da raça Mastim napolitano, descendente


do cão molosso.

Fonte: Enciclopédia Canina (1970, p. 110)

Graças à eficácia dos cães nas batalhas, seus usos foram sendo

aperfeiçoados. Um deles diz respeito ao treinamento ministrado para que

mordessem o focinho dos cavalos, aterrorizando os cavaleiros, pois, em

virtude da dor das montarias, estas os jogavam no solo onde ficavam à mercê

dos combatentes inimigos. Tal tática foi muito bem utilizada pelos bretões a fim

de neutralizar a cavalaria romana quando esta tentou invadir a Grã-Bretanha

no século I a. C. Átila, rei dos Hunos, em 455 d. C., foi outro comandante que

bem soube explorar o poder dos cães em combate; utilizando-se de centenas

desses animais, todos extremamente ferozes, soltava-os sobre as linhas


60

inimigas, provocando verdadeiro terror e, em conseqüência, forçando os

oponentes a abandonar o campo de batalha, sem sequer tentarem avançar

contra o seu exército.

Uma das melhores ilustrações do poder dos cães na guerra,

materializa-se através do uso que dele fizeram os cimbros, tribo germânica

que se aliou aos teutões para promover incursões maciças em território

romano no século II a. C. Usando seus grandes e ferozes cães de guerra, os

cimbros derrotaram os romanos em 113, 109, 107 e 105 a. C. Os romanos,

cansados das derrotas e da vergonha que isso provocava, escalaram dois dos

seus comandantes mais eficientes, Caio Mário e Quinto Lutécio Cátulo, os

quais enfrentaram o exército címbrico no noroeste da Itália no ano 101 a. C.

Nesta batalha os cimbros foram aniquilados, porém a posse final das terras

conquistadas pelos romanos teve de ser adiada por meio dia, em virtude de os

cães de guerra címbricos continuarem efetivamente a batalha, apesar da

derrota de seus donos.

Em várias escaramuças bélicas ao longo dos séculos passados, em

maior ou menor grau, o cão se fez presente. No entanto, veio a ter papel

preponderante com a eclosão da 1 a Guerra Mundial, ocasião em que a quase

totalidade dos países contendores utilizou cães nos serviços de busca e

salvamento de feridos, guarda e sentinela, computando-se ao final do conflito

75 mil cães alistados.


61

O êxito na 1a Guerra Mundial motivou que, ao eclodir a 2 a, os cães se

constituíssem em presença obrigatória no conflito. Desta feita, além dos

habituais serviços de busca, salvamento e guarda, foram engajados pelos

norte-americanos em tropas pára-quedistas. Já pelos russos, foram utilizados

como suicidas, ou seja, cães foram treinados a se alimentarem tão somente

embaixo de tanques de guerra. Assim, no campo de batalha, ao avançar das

divisões blindadas nazistas, tais cães, esfaimados, tendo atreladas às suas

costas minas eletromagnéticas com alto poder explosivo, eram soltos em

direção aos veículos e dessa forma logravam frustrar os ataques. A mesma

idéia geral também foi utilizada pelos japoneses, que treinavam cães para

entrar nas bases aliadas puxando carrinhos contendo bombas de 25 quilos.

Mas, independentemente dos distorcidos valores morais que norteiam as

guerras, terminado mais este conflito, restou a estimativa de que

aproximadamente 200 mil cães foram empregados por ambos os lados, nas

mais diversas funções e/ou missões, vindo novamente a comprovar o seu

inestimável valor em auxiliar o ser humano.

Mais recentemente tem-se notícia do emprego de cães nos conflitos da

Coréia, Vietnã e na breve incursão dos Estados Unidos da América na região

do Golfo Pérsico contra o Iraque, repetindo-se em todas as ocasiões o êxito já

comprovado no passado.

2.4.8 Cães nas atividades policiais


62

2.4.8.1 Em âmbito mundial

Tendo o cão se havido tão bem em tantas tarefas que lhe foram

confiadas, nada mais óbvio que o homem, aproveitando-se das aptidões

naturais e da extrema utilidade do mesmo, empregasse-o também nas

atividades policiais.

O emprego do cão nas forças policiais não é tão antigo quanto nas

guerras, mas decorre provavelmente do século XIV, quando em Saint Malo,

cidade situada no noroeste da França, foi inaugurado um sistema de

patrulhamento com cães.

Acredita-se que do século XIV em diante, no continente europeu, o

cão, vez por outra, era empregado em atividades policiais, principalmente

como aduaneiros ou guardas de fronteiras, mas sem no entanto haver

regularidade nisso.

A partir do ano de 1886, os alemães, confiantes no desempenho de

uma raça nacional que estava tendo os seus padrões definidos e possuía

qualidades incomparáveis como apurado olfato, coragem, agilidade e

obediência, atualmente conhecida por Pastor alemão, introduziram na sua

polícia o emprego de cães adestrados, logrando êxito. Dessa forma, poucos


63

anos mais tarde, em 1900, a idéia foi por completo assimilada pela Bélgica e

Holanda, repetindo-se o sucesso alemão.

A experiência inglesa ocorreu décadas após, mais precisamente em

1935, com a nomeação de um Comitê Ministerial do Governo de Sua

Majestade, o qual determinou que se fizessem estudos a fim de adestrar,

através das Forças Provinciais Britânicas, um pequeno grupo de cães, e

enquadrá-los, posteriormente, na Polícia Metropolitana de Londres. A iniciativa

deu certo e, inclusive, em 1938, outro grupo de cães foi incorporado à Brigada

de Combate ao Crime, com atuação no sul de Londres, funcionando com

sucesso e apoio à sua continuidade até o início da 2 a Guerra Mundial, quando

então foram transferidos para a Guarda Civil Rural, encerrando-se a atividade

dos animais no patrulhamento urbano.

Terminada a guerra, a polícia inglesa passa a enfrentar um acentuado

aumento de delitos, assim como era preocupante a escassez de policiais aptos

a efetuar o policiamento das cidades. Os ingleses, então, tendo ainda vivo na

memória o trabalho desempenhado pelos cães poucos anos antes, decidem

novamente pô-los em atividade, visando com isso aumentar a segurança e a

eficiência dos policiais. Para tanto, foram adestrados seis cães da raça

Labrador e colocados a trabalhar somente com um condutor, vivendo sob a

guarda do mesmo em sua própria casa. A peculiaridade desse adestramento -

e cabe salientá-la pois possui reflexos no treinamento de cães policiais até os

dias atuais - diz respeito ao condicionamento dos animais de que quando, em


64

casos de extrema necessidade, fosse preciso atacar uma pessoa

(delinqüente), mordessem tão somente o braço ou a mão direita, segurando o

suspeito até a chegada do policial para efetuar a detenção. Com essa prática,

foi constatado através de um estudo da polícia londrina, que em todos os

trabalhos executados pelos cães policiais ingleses, num período de seis anos,

não houve sequer um caso de lesão grave provocado pelos animais.

A exemplo dos ingleses, os norte-americanos também se interessaram

pelo emprego de cães, já havendo um tímido registro disso a partir de 1920.

Porém, o marco da utilização é o ano de 1931, em que foi pioneiro o

Departamento de Polícia da Cidade de Berkeley, Estado da Califórnia, que

iniciou um programa de adestramento e emprego de cães, vigente até hoje.

Posteriormente a Berkeley, outros departamentos policiais adotaram os cães

em suas fileiras, sendo que antes da eclosão da 2 a Guerra Mundial já haviam

adquirido um surpreendente know-how 9 na área.

Com o término da guerra, em que houve largo emprego de cães, estes

voltaram para os Estados Unidos, sendo desmilitarizados e direcionados para

as atividades policiais, circunstância que propiciou uma disseminação do

emprego policial canino por todo o território americano, com evidente

qualidade, em face do nível de adestramento e da experiência adquirida pelos

animais ao participar do conflito bélico.

9
Expressão inglesa utilizada para designar elevado conhecimento técnico, cultural e/ou administrativo
em um assunto ou área.
65

Atualmente, praticamente todos os departamentos policiais americanos

empregam cães em atividades de segurança pública, constituindo as K-9

Units, ou traduzindo, unidades caninas, as quais atuam no patrulhamento a pé,

motorizado, embarcado e aéreo, executando desde as missões simples de

policiar ruas ou praças, até a detecção de drogas e explosivos, bem como na

busca e salvamento de pessoas em calamidades públicas.


66

Figura 14 - Cão policial, pertencente ao Departamento de


Polícia da cidade norte-americana de Redwood, efetuando
patrulha em viatura especialmente adaptada.

Fonte: foto de Fern Wollrich (1996).

A experiência canadense também teve início na década de 30, e

obteve tal êxito que, em 1935, foi fundado pela Real Polícia Montada do

Canadá um canil-escola na cidade de Calgary. Os canadenses seguiram a

idéia original de associar um cão e um policial, constituindo ambos uma

unidade cinófila em caráter permanente. O emprego dos cães naquele país

está mais direcionado ao patrulhamento de áreas rurais, atuando nos grandes

centros em eventos especiais e extraordinários.

Na América Latina o emprego de cães seguiu os exemplos das polícias

européias e norte-americanas, sendo de relevante importância o trabalho

desenvolvido pela Argentina, país que após a 2 a Guerra Mundial acolheu

diversos refugiados alemães. Estes, por sua vez, trouxeram consigo

exemplares de cães pastores alemães, que não tardaram a ser incorporados

não só na sociedade civil, como também nas forças armadas e policiais.


67

Inclusive, cabe destacar o progresso obtido pela Argentina no

desenvolvimento, aperfeiçoamento e adestramento da raça Pastor alemão,

circunstância que fez o país ficar conhecido como possuidor da segunda

melhor criação em nível mundial. Além da Argentina, outros países, como o

Chile, através dos Carabineros, e o Uruguai, através da sua Polícia Nacional,

fazem largo uso de cães em suas atividades de prestação de segurança.

Quanto ao Uruguai, comprova esta afirmação notícia veiculada em 7 de julho

de 1998, através do jornal “La Republica”, um dos maiores do país, acerca da

morte de um cão de polícia, da raça Pastor alemão, de nome Tomi, o qual,

juntamente com o seu cinófilo, efetuava o patrulhamento de um bairro em

Montevidéu, ocasião em que foram vítimas de uma emboscada preparada por

uma gangue que, armada de escopetas e revólveres, alvejou o policial, que

caiu ao solo segurando a guia do cão. Ato contínuo, um dos delinqüentes se

aproximou para desferir o tiro fatal no agente, tendo ele soltado a guia de

Tomi, e este, sem pestanejar e adotando uma atitude heróica, atacou o

agressor, que lhe disparou um tiro de munição calibre 12, atingindo os

pulmões e o fígado e provocando a morte quase instantânea. Tal intervenção

deu tempo para o policial pedir auxílio e os marginais puseram-se em fuga.

Tomi foi enterrado com honras de herói, numa área da Chefatura de Polícia de

Montevidéu.
68

2.4.8.2 Em âmbito nacional

As experiências exitosas dos países europeus e norte-americanos,

bem como dos próprios vizinhos latino-americanos, influenciaram

sobremaneira as forças policiais brasileiras a adotar o sistema de emprego de

cães na manutenção da ordem.

As primeiras experiências foram postas em prática, timidamente, na

década de 40, pelas Polícias Militares do Rio de Janeiro e São Paulo. No

entanto, já em 1950 era criado oficialmente o Canil da Força Pública de São

Paulo (denominação antiga da PMESP), o qual contava com quatro cães,

sendo dois da Argentina. Em 1967, passados dezessete anos desde a sua

criação, o Canil foi ampliado e elevado à condição de Companhia de Cães de

Polícia. Em conseqüência, teve aumentado seu leque de missões, passando a

efetuar o policiamento ostensivo ordinário, extraordinário e especial na capital

paulista, contando com extensa relação de relevantes serviços prestados no

campo da segurança pública. Atualmente, diversos batalhões da PM paulista

possuem canis em plena atividade, circunstância que, aliada ao alto grau de

especialização de suas unidades cinófilas, faz com que a PMESP constitua-se

num dos principais pólos geradores de know-how cinotécnico para as demais

Polícias Militares brasileiras, estando na vanguarda no que tange ao emprego

de cães nas atividades policiais.


69

A Polícia Militar do Rio de Janeiro, não com a mesma cadência da co-

irmã paulista, também aperfeiçoou o emprego de cães e, presentemente,

conta com uma Companhia de Policiamento com Cães, atuando em diversas

missões, que vão desde o controle de distúrbios civis até a busca e localização

de pessoas perdidas.

A Polícia Militar de Minas Gerais, tendo verificado a eficácia do

emprego de cães, tratou de adotá-lo no ano de 1957, no que foi seguida por

outras, cabendo destaque às Polícias Militares do Distrito Federal, Paraná,

Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul, sendo que poucas são hoje as

corporações que não contam com tal suplementação.

2.4.8.3 Algumas raças caninas mais empregadas nas atividades policiais

ostensivas

2.4.8.3.1 Pastor alemão

 Nacionalidade: Alemanha

 Origem: existem várias teorias sobre a origem do cão pastor alemão. Uma

diz respeito à possibilidade de a raça ter surgido do acasalamento

espontâneo de fêmeas pastoreiras com lobos. As demais, com maior

aceitação entre os criadores, creditam o surgimento da raça ao sucessivo

cruzamento de várias raças pastoreiras oriundas da Alemanha e arredores.


70

De concreto, tem-se como primeiro exemplar oficialmente registrado um cão

de nome Horand Von Grafrath, de propriedade do Capitão Von Stephanitz,

pertencente ao exército alemão, no ano de 1895.

 Descrição: altura de 60 a 65 cm para machos e de 55 a 60 cm para fêmeas;

peso variando dos 35 aos 40 kg. Tem figura retangular compacta, robusta,

musculosa; ossatura enxuta, estrutura sólida; características sexuais

secundárias bem evidenciadas. Cabeça proporcional ao corpo; testa um

pouco convexa, dentadura forte; mordedura em tesoura; orelhas largas na

base, pontudas, eretas e voltadas para a frente (os filhotes até os seis

meses podem ter as orelhas um pouco caídas); olhos amendoados, nunca

salientes, de cor escura e de expressão inteligente e viva. A cauda, de pêlo

espesso, chega pelo menos até o jarrete, pendente quando o cão está em

repouso. O braço e a espádua são musculosos; a coxa larga e robusta; os

pés ovalados, com sola muito dura. Cor da pelagem: preta, cinza, ferro,

cinzenta, unicolor ou malhada regular de marrom, amarelada e cinza claro.

Existem exemplares brancos, porém não aceitos pela Sociedade Alemã de

Cães Pastores.

 Temperamento: corajoso, alegre, obediente, equilibrado, leal, afetuoso com

o dono, amigo das crianças e tolerante com os outros animais. Altamente

adestrável.

 Utilizações: nascido como condutor de rebanhos, por mérito de sua

inteligência e de suas altas qualidades morais, foi utilizado como cão de

guerra, de salvamento, de guia dos cegos e nas atividades policiais. Mas o

pastor alemão é insuperável como cão de guarda e de defesa,


71

especialidade em que se pode evidenciar seus reflexos e a fulminância do

seu ataque. Em qualquer situação sabe realizar os trabalhos de que foi

incumbido, com grande vontade e entusiasmo.

Figura 15 - Cães da raça Pastor alemão.

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 28)

2.4.8.3.2 Rottweiler

 Nacionalidade: Alemanha

 Origem: provavelmente descende de um cão molosso, levado para a

Alemanha pelos conquistadores romanos, o qual desempenhava a função

dupla de cão pastor e de guerra. Seu padrão físico foi oficializado na cidade

alemã de Rottweil, derivando daí o nome da raça.

 Descrição: corpo forte e maciço. Altura compreendida entre os 60 e 68 cm,

com peso ao redor dos 50 kg. Cabeça globulosa, muito larga entre as

orelhas. Maxilares bem desenvolvidos; mordedura em tesoura. Olhos

marrom-escuros, orelhas triangulares; se a cauda for muito comprida, deve


72

ser cortada na altura da 2 a vértebra. Pêlo curto, espesso, duro, com marcas

fogo nas faces, no focinho, no peito e nas pernas.

 Temperamento: equilibrado, obediente, adestrável e corajoso, com elevado

sentimento de defesa territorial e do dono.

 Utilizações: atividades pastoreiras, policiais, guarda e defesa.

Figura 16 - Cães da raça Rottweiler

Fonte: Enciclopédia Canina (1970, p. 95)

2.4.8.3.3 Dobermann

 Nacionalidade: Alemanha

 Origem: trata-se de uma raça bastante recente, criada na Alemanha em

1860, fruto de cruzamentos, presume-se, entre Dogues alemães, Pastores

alemães, Rottweilers e Pinschers, e talvez ainda com sangue do Pastor de

Beauce e do Greyhound. O autor de todas essas misturas foi um cobrador

de impostos alemão, chamado Louis Dobermann, o qual, devendo sempre


73

atravessar lugares infestados por bandidos, imaginou “construir” um cão de

guarda e de defesa capaz de enfrentar qualquer perigo. Com o nome de

seu criador, o Dobermann foi apresentado pela primeira vez numa

exposição em 1876, logo obtendo grande sucesso.

 Descrição: é um cão de conformação musculosa e de extrema elegância.

Para os machos a altura varia entre 62 e 68 cm; para as fêmeas, entre 58 e

65 cm. O peso varia dos 30 aos 40 kg. Tem cabeça longa e estreita; crânio

achatado com stop10 apenas esboçado; dentadura forte em tesoura; olhos

escuros com expressão de viva inteligência; orelhas, quando operadas,

mantidas eretas, do contrário são caídas; cauda cortada curta; pernas

perfeitamente retas. Pêlo curto, espesso e duro, aderente. A cor da pelagem

deve ser negro ou marrom-escuro, com marcas fogo ou ruivo-ferrugem bem

definidas. O Dobermann deve mostrar um passo elástico, elegante, de

forma a cobrir muito terreno.

 Temperamento: macho e fêmea têm temperamento diverso. A fêmea é

tranqüila, sensível, afetuosa com a família e desconfiada com estranhos. O

macho, ao contrário, é impetuoso, inteligentíssimo, muitas vezes agressivo,

devendo ser dominado com energia pelo seu dono. Costuma-se dizer que

não existem Dobermanns ruins, e sim maus donos.

 Utilizações: nascido como cão de guarda e de defesa, o Dobermann


continuou a sê-lo durante os seus cem anos de vida. É largamente utilizado
pela polícia em todo o mundo, bem como é o cão preferido dos fuzileiros
navais norte-americanos, que se servem dele na condição de cão de guerra.

10
Degrau formado na passagem da testa para o focinho.
74

Figura 17 - Cão da raça Dobermann

Fonte: Enciclopédia Canina (1970, p. 92)

2.4.8.3.4 Fila brasileiro

 Nacionalidade: Brasil

 Origem: descende dos cães que os conquistadores portugueses e

espanhóis trouxeram para o Brasil em 1600; crê-se que seja fruto do

cruzamento entre Bulldogs, Mastins e Bloodhounds.

 Descrição: possui musculatura e ossatura fortes, num corpo bem

proporcionado. Altura média em torno de 65 cm e peso por volta dos 50 kg.

Tem cabeça grande e focinho forte, nariz largo e escuro; mordedura em


75

tesoura; olhos ligeiramente amendoados e olhar pensativo. O pêlo é curto e

macio e são admitidas todas as cores, desde a preta até a tigrada.

 Temperamento: corajoso, impetuoso, devotado ao dono e ao seu território,

extremamente desconfiado com estranhos.

 Utilizações: em razão de seu faro apurado, foi muito utilizado na procura de

escravos fugidos na floresta, durante o Brasil Colonial. Após, passou a ser

empregado como cão boiadeiro e guarda de propriedades, por isso então a

sua utilização na polícia, a fim de efetuar a vigilância de estabelecimentos

penais, aquartelamentos, paióis, etc.

Figura 18 - Cão da raça Fila brasileiro

Fonte: PUGNETTI (1980, p. 57)


76

2.4.8.3.5 Labrador retriever

 Nacionalidade: Grã-Bretanha

 Origem: trata-se de uma raça provavelmente formada por cruzamentos

entre o Bloodhound e cães não bem identificados de pelagem dourada,

pertencentes a um circo russo chegado à Inglaterra na metade do século

XIX.

 Descrição: os machos possuem a altura entre 56-61 cm, e as fêmeas entre

51-66 cm. O peso varia dos 25 kg (fêmeas) até os 31 kg (machos). Têm

focinho largo e poderoso; mordedura em tesoura; stop bem marcado; olhos

escuros e de olhar suave; orelhas de comprimento médio, pendentes;

pescoço musculoso; rins curtos e tórax amplo; cauda comprida, nunca

enroscada; pernas de boa ossatura e coxas musculosas. O pêlo pode ser

liso ou levemente ondulado, com franjas e subpêlo, resistente à água, com

colorações que vão do bege (baio) até o preto.

 Temperamento: vivo, afetuoso, simpático e inteligente.

 Utilizações: dotado de faro apuradíssimo, daí decorre seu largo emprego

por organismos policiais na detecção e localização de pessoas e narcóticos.

Largamente empregado, também, como cão guia de cegos. Graças ao seu

bom gênio, é muito utilizado como cão de companhia.


77

Figura 19 - Cão da raça Labrador retriever

Fonte: Enciclopédia Canina (1970, p. 340)

2.4.9 O emprego de cães pela Brigada Militar

2.4.9.1 Breve histórico

O dia 14 de outubro de 1964 figura como a data de início do emprego

de cães nas atividades policiais pela Corporação, pois nesse dia, através do

Boletim Geral no 195, era criado o Canil da Brigada Militar. Seu primeiro

administrador foi o Sr. Arthur W. Frank, contando com o efetivo de um cabo e

seis soldados, os quais eram subordinados diretamente ao Estado Maior Geral

da Brigada Militar, tendo por missão adestrar cães para emprego no

policiamento.
78

Posteriormente, o Canil passou a ser administrado pela Policlínica

Veterinária da Corporação. O comando, verificando a impropriedade dessa

ligação, tratou de nomear um oficial como assessor cinófilo e assim gerenciar

a fração canina. Para tanto escolheu o hoje Coronel QOEM Waldemar Guma

Guerra, o qual exerceu a chefia do Canil de 1980 até 1987, período em que a

fração, além de registrar um avanço em termos administrativos, técnicos e

operacionais, passou a pertencer ao Batalhão de Polícia de Choque (atual

Batalhão de Operações Especiais) na condição de Pelotão de Cães de Polícia,

a qual mantém até os dias atuais. No seu histórico registram-se inúmeras

atuações em prol da manutenção da lei e da ordem, destacando-se, inclusive,

o cão Satã da Brigada Militar, que no ano de 1967 foi enviado para a zona do

Canal de Suez, em Israel, à disposição da Força de Paz da Organização das

Nações Unidas (Batalhão Suez), a qual incluía tropas brasileiras, tendo voltado

de lá condecorado por relevantes serviços prestados.

Assim como ocorreu em nível nacional, não tardou para que o exemplo

do Canil da Brigada Militar despertasse interesse pelo emprego de cães por

outras unidades da Corporação, sendo então criadas frações policiais caninas

em diversos municípios, quais sejam: Santa Maria, Passo Fundo, Rio Grande,

Pelotas, Santa Vitória do Palmar, Jaguarão, Charqueadas, Cruz Alta, Caxias

do Sul, Três Passos, Campo Bom, Canoas, Osório e Vacaria. Em todas elas,

em maior ou menor grau, o cão vem atuando de forma a suplementar as

atividades de polícia ostensiva, seja em situações ordinárias, seja nas

extraordinárias ou especiais.
79

2.4.9.2 Regulamentação do funcionamento da atividade e do emprego de cães

pela Brigada Militar

A Corporação não possui um manual de emprego de cães nas

atividades relacionadas com a segurança pública. Entretanto, no afã de regular

o funcionamento da atividade decorrente da utilização de cães, bem como seu

emprego nas atividades de polícia ostensiva, como meio suplementar, nos

processos a pé, motorizado e embarcado, editou a Nota de Instrução n o 39-

3/EMBM/97 e a Diretriz de Policiamento Ostensivo n o 15/97, ambas publicadas

no Boletim Geral no 085, de 7 de maio de 1997, as quais foram anexadas ao

presente trabalho, conforme Anexos 1 e 2.

2.4.9.3 Tipologias dos cães de polícia e suas formas de emprego

Os cães de polícia da Brigada Militar são classificados conforme a sua

tipologia de emprego, conforme consta na DPO n o 15/97. Assim, nas diversas

unidades que utilizam cães como forma de suplementação ao policiamento

ostensivo, são encontrados os cães de patrulha, choque, guarda e faro, que

recebem tais classificações de acordo com a raça a que pertencem,

compleição física, temperamento e adestramento recebido, podendo ocorrer

de um cão estar classificado em mais de uma tipologia.


80

2.4.9.3.1 Cães de patrulha

Os cães de patrulha são aqueles que possuem elevado nível de

adestramento e sociabilidade, formando com seus condutores unidades

cinófilas, a fim de efetuar o policiamento ostensivo ordinário nos processos a

pé ou motorizado, sendo empregados em turnos de serviço com no máximo

seis horas de duração. As unidades cinófilas devem efetuar o patrulhamento

de seus postos de serviço de modo a se fazerem presentes em locais e

horários que justifiquem a intensificação da ação ostensiva. No entanto, devem

ser evitados locais com intensa movimentação de pessoas ou veículos, e nos

dias de chuva ou calor intenso será evitado o emprego dos cães patrulheiros.

2.4.9.3.2 Cães de choque

São os cães de polícia com elevado nível de agressividade, robustez e

resistência física, destinados a atuar enquadrados em tropas especiais com a

finalidade de auxiliar no controle de reuniões de pessoas que afetem a ordem

pública, no policiamento da área de jogo em praças desportivas, em motins

penitenciários e outras situações de elevado risco, tais como a captura de

delinqüentes evadidos ou homiziados. Quando empregados no controle de

situações tumultuosas, devem desempenhar as missões relativas à proteção

das viaturas de transporte da tropa, proteger as formações da tropa de modo a

evitar que tumultuosos aproximem-se demasiadamente ao ponto de


81

arremessar objetos ou investir contra os policiais militares, diminuindo assim as

possibilidades de agressões físicas mútuas, e ainda compor patrulhas

especiais a fim de preservar o isolamento de áreas de conflito.

2.4.9.3.3 Cães de guarda

São os cães de polícia destinados a vigiar, guardar e defender bens

móveis ou imóveis de qualquer natureza, tais como aquartelamentos,

acampamentos, estabelecimentos penais e viaturas. Em alguns aspectos

assemelham-se aos cães de choque, e em muitos casos desempenham dupla

função. Podem ser empregados soltos, desde que em locais amplos e

cercados, móveis, se atrelados a fios que permitam que se locomovam, ou

presos, junto a postos de guarda que possuam proteção contra as intempéries.

2.4.9.3.4. Cães de faro

Os cães de faro são aqueles que, conforme a própria classificação diz,

são dotados de excelentes qualidades olfativas e elevada sociabilidade,

destinando-se à busca e salvamento de pessoas, seja quando perdidas em

florestas e matagais, seja durante calamidades públicas, por ocasião de

desabamentos, incêndios, etc. Destinam-se também à detecção e localização


82

de substâncias entorpecentes ou explosivas, bem como outras, conforme o

adestramento recebido. A atuação desses cães poderá ser precedente ou

concomitante à atuação da tropa, restringindo-se sempre ao emprego em

operações específicas, especiais (apoio no cumprimento de mandados

judiciais de busca e apreensão, aeroportos, rodoviárias, etc.) ou

extraordinárias (fuga de apenados, pessoas perdidas, denúncia da existência

de material explosivo em prédios, etc.).

2.4.10 Razões operacionais, vantagens e desvantagens do emprego de cães

nas atividades policiais ostensivas

O cão de polícia, sendo uma suplementação do policiamento

ostensivo, pelas suas próprias características, somente será empregado após

observados critérios táticos e técnicos, bem como a adequabilidade de sua

utilização, conforme a missão a ser executada. É importante então observar

que há situações em que a presença do cão é totalmente desarmônica com o

ambiente, e seu emprego torna-se desaconselhável e desvantajoso, por

exemplo: numa exposição de gatos ou pássaros; num cruzamento de ruas

com grande fluxo de pessoas e veículos, circunstância que poderá levar o

animal a considerar um mero esbarrão como uma agressão; como

representação em um funeral e outras similares.


83

Caso as condições técnicas de emprego, explícitas na NI e DPO que

regulam a matéria na Corporação, sejam ignoradas, o cão de polícia passa a

ser de pouca ou nenhuma utilidade. No entanto, utilizado de forma criteriosa e

adequada, obtêm-se seguramente os seguintes efeitos (vantagens):

 economia de efetivo, visto que, por propiciar uma ação

ostensiva mais intensa, reduz o emprego de policiais militares

no terreno;

 alto impacto psicológico, visto que as pessoas, com maior ou

menor intensidade, sofrem de cinofobia 11, sendo intimidadas

até pelo simples ladrar dos cães;

 aumento da segurança do policial militar, em face da

capacidade de defesa exercida pelo cão de polícia, bem como

pelo fato de desencorajar agressões ou reações de suspeitos

quando da realização de abordagens, buscas pessoais,

capturas, etc.;

 maior eficiência no cumprimento de missões específicas, tais

como busca e salvamento de pessoas, detecção e localização

de foragidos ou narcóticos, ações policiais em locais de difícil

11
Medo mórbido de cães.
84

acesso (florestas e cavernas) ou de elevado risco

(esconderijos de delinqüentes);

 boa receptividade e simpatia que o público em geral tem pelos

cães de polícia, sendo que seu emprego auxilia a transmitir e

fixar junto à comunidade uma imagem positiva da Corporação.


85

3. METODOLOGIA
86

3. METOLOGIA

3.1 NATUREZA DA PESQUISA

O presente trabalho tem como natureza a pesquisa descritiva, na

medida em que tem por objetivo primordial, conforme GIL (1991, p. 46), “a

descrição das características de determinada população ou fenômeno ou,

então, o estabelecimento de relações entre variáveis”, sendo efetuada através

de estudo exploratório, a fim de verificar-se como está ocorrendo o emprego

de cães de polícia pelas unidades da Brigada Militar que possuem canis.

Assume, também, o presente estudo, na sua forma de abordagem,

características da pesquisa tipo levantamento. Segundo GIL (1991, p. 56) “as

pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas

cujo comportamento se deseja conhecer”. O mesmo autor explica, ainda, que

isso ocorre através da “solicitação de informações a um grupo significativo de


87

pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise

quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados.

GIL (1991, p. 57) destaca, ainda, dentre as principais vantagens dos

levantamentos, o seguinte:

a) Conhecimento direto da realidade. À medida que as próprias pessoas


informam acerca de seu comportamento, crenças e opiniões [...].

b) Economia e rapidez. [...] torna-se possível a obtenção de grande quantidade


de dados em curto espaço de tempo. Quando os dados são obtidos mediante
questionários, os custos tornam-se relativamente baixos.

c) Quantificação. Os dados obtidos mediante levantamentos podem ser


agrupados em tabelas, possibilitando a sua análise estatística. [...].

3.2 POPULAÇÃO

A presente pesquisa foi realizada no Estado do Rio Grande do Sul, nos

meses de abril e maio de 1999, por meio de questionário encaminhado aos

órgãos de polícia militar da Brigada Militar, os quais, segundo informação

obtida junto à Seção de Logística, Patrimônio e Orçamento da Corporação,

possuem cães em carga.

Os órgãos de polícia militar, portanto, são os seguintes: Cia PM de

Santa Vitória do Palmar, 4 o BPM, 12o BPM, Destacamento Especial de

Charqueadas, Cia PM de Campo Bom, 7 o BPM, Cia PM de Jaguarão, 1o


88

RPMon, Batalhão de Operações Especiais (BOE), 15 o BPM, 8o BPM, 3o

RPMon, 10o BPM, 6o BPM e 16o BPM.

Tratando-se de um universo composto por menos de trinta unidades

operacionais, buscou-se o percentual de 100% do público-alvo, o que foi

conseguido. Dessa forma, segundo GIL (1991, p. 56) “quando o levantamento

recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se

um censo”.

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados foi considerado o questionário como

instrumento adequado aos componentes do universo pesquisado: órgãos de

polícia militar que possuem canis. Embasou tal escolha o fato de a pesquisa

pretender efetuar uma abordagem quantitativa. Assim, de acordo com

BARROS (1990, p. 49) “o questionário pode ser considerado como um

instrumento de medição confiável, válido e preciso, desde que tenha as

questões fundamentais para se medir as variáveis”.

Foi elaborado um instrumento (questionário) de coleta de dados

único, composto por dezessete questões fechadas (Anexo 3), especialmente

para este estudo, que se mostrou satisfatório para a consecução dos objetivos

desta pesquisa.
89

3.4 MÉTODO DE ANÁLISE

O estudo se encaminhou para a realização de análise de dados do tipo

quantitativa.

Dessa forma, os subsídios emergentes dos questionários foram

trabalhados no aspecto quantitativo, sob a forma de tratamento estatístico, do

qual resultaram tabelas, gráficos e análises descritivo-interpretativas.


90

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS


91

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Os dados obtidos através dos questionários respondidos pelos OPM

são agora apresentados.

Os dados do questionário estão ordenados (questões fechadas) e, a

seguir, estão os quadros com as freqüências das respostas obtidas (tabelas e

gráficos).

A elaboração e a organização dos dados coletados orientaram-se pelo

problema de pesquisa, sendo que os indicadores de classificação foram a

freqüência e a quantidade.

As tabelas e gráficos foram confeccionados no programa de

computador Microsoft Excel, versão 7.0, para Windows 95.


92

A fim de simplificar e facilitar a identificação nas tabelas e gráficos, os

órgãos de polícia militar pesquisados foram identificados por números do 1 ao

15, conforme exposto no quadro abaixo:

Quadro 1 - Identificação numérica dos OPM pesquisados

OPM No de identificação

Cia PM de Santa Vitória do Palmar 1

4o BPM 2

12o BPM 3

Dest. Especial de Charqueadas 4

Cia PM de Campo Bom 5

7o BPM 6

Cia PM de Jaguarão 7

1o RPMon 8

Batalhão de Operações Especiais 9

15o BPM 10

8o BPM 11

3o RPMon 12

10o BPM 13

6o BPM 14

16o BPM 15

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.


93

4.2. ANOS DE EXISTÊNCIA DO CANIL EM CADA OPM

Gráfico 1 - Anos de existência do canil

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Dos quinze OPM que possuem canis, somente três contam com mais

de dez anos de existência, respectivamente, por ordem de antigüidade, o

Batalhão de Operações Especiais, o 1 o RPMon e o 3o RPMon. Os demais têm

menos de dez anos, indicando que na última década é que houve uma maior

atenção à utilização de cães nas atividades de polícia ostensiva.


94

4.3 NÚMERO DE CÃES DE POLÍCIA EXISTENTES NO CANIL (POR SEXO)

Gráfico 2 - Cães de polícia existentes no canil (por sexo)

Fonte: Pesquisa do autor, 1999

Gráfico 3 - Percentual total de cães de polícia por sexo

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.


95

O canil do Batalhão de Operações Especiais, além de ser o pioneiro no

tocante à utilização de cães de polícia como suplementação ao policiamento

ostensivo, também destaca-se pelo fato de possuir o maior número de

animais. As demais unidades, na maioria, não chegam aos dez exemplares.

No Gráfico 3, o qual representa o percentual de cães de polícia por

sexo, fica nítida a preferência por animais machos. A explicação dessa

preferência talvez se dê pelo fato de os cães machos possuírem compleição

física mais avantajada, proporcionando um maior impacto psicológico e

elevando a sensação de segurança do patrulheiro (cinófilo). Por outro lado, os

machos não apresentam o inconveniente de, a cada seis meses, entrarem no

cio, estando permanentemente aptos às atividades operacionais. No entanto,

cabe salientar que no tocante ao nível de adestramento e à capacidade de

executar as diversas missões atinentes aos cães de polícia, não existem

registros de diferença entre machos e fêmeas.


96

4.4 RAÇAS UTILIZADAS PELOS OPM

Tabela 1 - Raças utilizadas pelos OPM


OPM Pastor Rottweiller Labrador Weimaraner Dobermann Mastim TOTAL
alemão retriever

1 3 0 0 0 0 3
0
2 0 4 0 0 0 0 4
3 2 5 1 0 0 8
0
4 3 1 0 0 0 0 4
5 0 1 0 0 0 0 1
6 3 3 0 0 0 0 6
7 5 1 1 0 0 0 7
8 4 1 0 0 0 0 5
9 25 4 2 1 0 0 32
10 2 0 0 0 0 0 2
11 2 1 0 0 0 0 3
12 8 2 2 0 1 0 13
13 5 1 3 0 0 1 10
14 6 2 2 0 0 0 10
15 1 2 0 1 0 0 4
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Gráfico 4 - Raças utilizadas pelos OPM

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.


97

Conforme mostram a tabela e o gráfico, são seis as raças caninas

utilizadas pelos OPM. É notável a preferência pelos cães da raça Pastor

alemão, o que é explicado pelas inúmeras qualidades que os exemplares da

mesma costumam ter, prestando-se para a execução da missão policial desde

os serviços de patrulhamento até os de busca e salvamento, ou seja, trata-se

de uma raça polivalente. Soma-se a isso o fato de a raça apresentar uma

excelente receptividade ao adestramento. Digno de citação, também, é o fato

de que trabalhar com uma só raça, independente de qual seja, facilita a

administração do canil, pois uniformiza a criação, o treinamento,

equipamentos, medicamentos, etc.


98

4.5 TIPOLOGIA DOS CÃES

Tabela 2 - Tipologia dos cães utilizados pelos OPM


OPM PATRULHA GUARDA CHOQUE FARO
1 3 0 0 0
2 4 0 0 0
3 3 0 4 1
4 2 0 2 0
5 1 0 0 0
6 2 0 3 1
7 4 0 2 1
8 5 0 0 0
9 0 5 23 4
10 0 0 2 0
11 1 0 2 0
12 5 1 5 2
13 3 2 2 3
14 6 0 3 1
15 2 0 2 0
TOTAL 41 8 50 13
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.
99

O número de cães classificados na tipologia choque aparece em

primeiro lugar, secundado pelos patrulheiros. Isso revela uma preferência por

cães com elevado nível de agressividade, os quais, conforme determina a

DPO no 15/97, têm emprego restrito à sua definição, ou seja, atuação

enquadrada em tropas especiais, a fim de auxiliar no controle de tumultos,

motins penitenciários e outras de elevado risco. Em verdade, tais missões não

são muito freqüentes nas unidades operacionais da Corporação, salvo no

Batalhão de Operações Especiais que já tem uma maior possibilidade desse

tipo de atuação.
100

4.6 TIPOS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO EM QUE OS CÃES SÃO

EMPREGADOS

Gráfico 6 - Percentual de emprego dos cães em tipos de Pol Ost

Fonte: Pesquisa do autor, 1999

Todos os OPM pesquisados empregam os cães no tipo de

policiamento denominado GERAL. No entanto, verifica-se que nos demais

tipos é muito baixa a utilização, principalmente no policiamento florestal e no

de guarda, os quais são executados por todos OPM pesquisados.

Quanto à inexistência de emprego no tipo rodoviário e de trânsito,

deve-se ao fato de que o primeiro, na Brigada Militar, é executado com

exclusividade pelo Batalhão de Polícia Rodoviária, unidade que não possui

canil, e o segundo, policiamento de trânsito, em face das suas peculiaridades,

desaconselha o uso do cão, até porque em nada suplementará a atividade.


101

4.7. PROCESSOS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO EM QUE OS CÃES SÃO

EMPREGADOS

Todos os OPM pesquisados empregam cães no processo a pé,

circunstância que confirma as vantagens expressas na DPO n o 15/97, em

especial a ação ostensiva mais intensa, transmitindo a presença da unidade

cinófila (cão + PM) uma maior sensação de segurança à comunidade.

O processo motorizado não é empregado por todos os OPM. Isso

provavelmente se deva à falta de viaturas adaptadas ao transporte de cães. Já

os processos embarcado e aéreo só têm lugar no BOE, unidade especial que,

por apoiar as demais, acaba possuindo uma maior especialização. Por fim, nos

demais processos, ainda que não haja nenhum tipo de empecilho, até porque

o cão possui aptidões físicas que o permitem acompanhar sem problema

algum o patrulheiro montado ou tripulando uma bicicleta, não há registro de

emprego.
102

4.8 CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE OCORRE O EMPREGO DE CÃES

Gráfico 8 - Circunstâncias de emprego de cães pelos OPM

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

O fato de o emprego de cães acontecer em todas as circunstâncias,

com tão alto percentual, não causa espanto, uma vez que ao longo do

presente trabalho ficou evidenciada a inconteste utilidade desses animais nas

mais variadas missões.

As restrições ao emprego porventura existentes dizem respeito às

nuanças de cada missão, o que deverá ser lembrado quando do planejamento

por aqueles que detêm comando sobre frações caninas


103

4.9 MISSÕES NAS QUAIS OS CÃES SÃO MAIS EMPREGADOS

Tabela 3 - Freqüência classificatória de missões


OPM POL OST POL OST POL DEMONSTRAÇÕES OPERAÇÕES
ORDINÁRIO EVENTOS REPRESSIV PÚBLICAS DE ESPECIAIS
ESPECIAIS O ADESTRAMENTO.
1 1 2 5 3 4
2 1 2 4 5 3
3 1 2 3 4 5
4 4 5 3 2 1
5 1 2 4 5 3
6 1 2 5 4 3
7 1 2 5 3 4
8 1 2 3 4 5
9 1 2 5 3 4
10 1 2 3 4
11 1 2 3 4 5
12 1 2 4 3 5
13 3 1 4 5 2
14 1 2 5 4 3
15 2 3 4 5 1
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

A missão na qual os cães são empregados com maior freqüência é a

de policiamento ostensivo ordinário, e nem poderia ser diferente, até porque os

OPM pesquisados, em maioria, têm essa como prioritária nos seus respectivos

róis de atividades. Já o policiamento repressivo em manifestações de massa

ocupa a última freqüência, inclusive no próprio BOE, que também indica o

policiamento ordinário como missão de maior freqüência. Entretanto, ao

efetuar-se uma relação entre o número de cães de polícia com a tipologia

choque e os com tipologia patrulha, observa-se um percentual maior do

primeiro. Esse detalhe pode ser indicador da seguinte anomalia: cães de

choque estão sendo utilizados no policiamento ostensivo ordinário

contrariando a DPO de emprego, uma vez que, em face de seu adestramento


104

e temperamento, são totalmente contra-indicados para tal, devendo ter o seu

emprego restrito a atuação em ações especiais, tais como controle de

tumultos, motins e demais manifestações dessa ordem.

Continuando na análise, detecta-se, também, largo emprego de cães

no policiamento de eventos especiais (shows, futebol, etc.), bem

demonstrando o quanto é vantajosa a sua utilização no controle de massas,

mesmo que pacíficas, exercendo o animal um estupendo impacto psicológico,

traduzido por uma elevada ação ostensiva.


105

4.10 EFETIVO DE CINÓFILOS HABILITADOS A ATUAR COM CÃES

EXISTENTE NOS OPM

Tabela 4 - Cinófilos habilitados existentes


OPM CAP 1º TEN 2º TEN 1º SGT 2º SGT 3º SGT CABO SD TOTAL
1 2 2
2 4 4
3 1 1
4 1 1 2
5 0
6 4 4
7 1 2 3
8 1 4 5
9 1 3 2 3 13 22
10 4 4
11 1 1 2
12 6 6
13 1 1 1 2 8 13
14 2 1 6 9
15 1 1
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Gráfico 9 - Percentual de cinófilos habilitados existentes

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.


106

Observa-se que o número de praças habilitados é significativamente

alto em relação ao número de oficiais, circunstância que leva a crer que isso é

provocado pela falta de cursos ou estágios dirigidos à oficialidade, visto que o

último ocorreu no ano de 1997, capacitando apenas três e ainda assim em

uma única unidade, o 6 o BPM. Também chama a atenção o fato de que, dos

quinze OPM pesquisados, onze não têm oficiais habilitados, e em seis, nem

sequer existem graduados possuidores de cursos ou estágios de cinotecnia.

Supõe-se que esse fato prejudique sobremaneira a administração da fração

canina, bem como o seu emprego operacional.


107

4.11 EFETIVO DE CINÓFILOS HABILITADOS REALMENTE EMPREGADOS

NO POLICIAMENTO COM CÃES

Tabela 5 - Cinófilos habilitados realmente empregados


OPM CAP 2º TEN 2º SGT 3º SGT CABO SD TOTAL
1 2 2
3 1 1
4 1 1
5 0
6 4 4
7 1 2 3
8 2 2
9 1 3 2 3 13 22
10 3 3
11 1 1 2
12 6 6
13 1 1 5 7
14 6 6
15 0
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Gráfico 10 - Percentual de cinófilos habilitados realmente empregados

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Gráfico 11 - Relação entre cinófilos existentes e empregados


108

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Ao se observar o gráfico 16, relação entre os cinófilos existentes e os

empregados, não é detectada uma diferença gritante entre a primeira e a

segunda, porém detecta-se a tendência de haver servidores habilitados e que

não estão exercendo a função de cinófilo.


109

4.12 EFETIVO DE SERVIDORES MILITARES ESTADUAIS NÃO-


HABILITADOS, MAS QUE ATUAM NO POLICIAMENTO COM CÃES

Tabela 6 - Efetivo de SME não-habilitados, mas empregados no


policiamento com cães
OPM 2º TEN CABO SD TOTAL
1 1 1
2 0
3 1 6 7
4 1 1
5 1 1
6 0
7 1 2 3
8 2 2
9 0
10 0
11 0
12 0
13 0
14 0
15 4 4
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Gráfico 12 - Efetivo de SME não-habilitados, mas empregados no


policiamento com cães

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.


110

Os números indicados pela tabela e gráficos anteriores, revelam um

dado preocupante, qual seja: dezenove servidores estão atuando no

policiamento com cães sem que possuam habilitação para tal. A falta de

habilitação técnica (curso ou estágio) de cinofilia é fator impeditivo para que

um SME atue no policiamento com cães, pois seria a mesma coisa que alguém

dirigir um veículo sem a capacitação adequada. Assim, tanto num caso quanto

noutro, as conseqüências funestas que podem resultar dessas ações são

inúmeras, tanto que a Polícia Militar de Minas Gerais, através de seu Manual

de Cinocomandos, vedou expressamente o emprego de efetivo não-

especializado. Infelizmente, na Brigada Militar, a Nota de Instrução n o 39-

3/EMBM/97, documento que regula o funcionamento da atividade de

policiamento com cães, é omissa nesse ponto.

É de salientar a situação do 16 o BPM, que, embora possua um canil

com oito anos de existência e quatro cães em carga, não conta com nenhum

PM habilitado como cinófilo. Outra unidade que chama a atenção é o 12 o BPM:

ainda que possua um servidor habilitado e empregado no policiamento com

cães, possui, em contrapartida, sete não capacitados.


111

4.13 ÁREA FÍSICA TOTAL DOS CANIS NOS OPM (em m2)

Tabela 7 - Área física total dos canis


OPM ÁREA FÍSICA
1 120
2 81,5
3 500
4 96
5 24
6 400
7 86,8
8 940
9 4.500
10 2.500
11 12
12 3.150
13 400
14 560
15 80
TOTAL 13450,3
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Gráfico 13 - Área física dos canis por OPM

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.


112

Os canis com maiores áreas físicas pertencem ao BOE, 3 o RPMon, 15o

BPM e ao 1o RPMon. Desses quatro OPM, três deles, exceção ao 15 o BPM,

são os mais antigos da Corporação, tendo sido criados em época que havia

uma maior disponibilidade de espaço nos aquartelamentos, bem como estes,

invariavelmente, ocupavam grandes áreas, circunstância que não ocorre

atualmente.

A menor área física, 12 m 2, pertence ao canil do 8 o BPM, mas que só

possui três cães, havendo pois uma boa distribuição do espaço disponível

entre os animais.
113

4.14 EXISTÊNCIA DE PISTA DE ADESTRAMENTO NOS OPM

Tabela 8 - Existência de pista de adestramento por OPM

OPM SIM NÃO


1 X
2 X
3 X
4 X
5 X
6 X
7 X
8 X
9 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Praticamente a metade dos OPM com frações caninas não possui

pista de adestramento, isto indica que o adestramento dos cães, tanto de

formação, quanto de manutenção, acaba tendo de ser feito em local

improvisado, talvez impróprio para a finalidade. O ideal seria que todos os

OPM contassem com uma pista, a qual não só permitisse a realização de

treinamentos cinófilos, bem como propiciasse um local de recreação para os

cães, evitando que esses permanecessem tempo demais no interior dos

boxes.
114

4.15 NÚMERO DE BOXES EXISTENTES POR OPM

Tabela 9 - Boxes existentes por OPM

OPM Nº DE BOXES
1 4
2 4
3 8
4 8
5 1
6 7
7 7
8 9
9 32
10 4
11 4
12 10
13 10
14 12
15 4
TOTAL 124
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Gráfico 14 - Número de boxes por OPM

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.


115

O número de boxes nos OPM pesquisados está perfeitamente

ajustado ao número existente de cães. A exceção fica por conta do 3 o RPMon,

que possui dois cães a mais em relação aos boxes. Nesse caso, faz-se

necessário colocar mais de um cão por boxe, circunstância que pode acarretar

problemas de relacionamento entre os animais e dificultar a limpeza das

instalações.
116

4.16 EXISTÊNCIA DE BOXE-MATERNIDADE NOS OPM

Tabela 10 - Existência de boxe-maternidade nos OPM

OPM SIM NÃO


1 X
2 X
3 X
4 X
5 X
6 X
7 X
8 X
9 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

A existência de boxe-maternidade é de fundamental importância

naqueles OPM que pretendam ter a sua própria criação de cães. Esse tipo de

instalação difere do boxe comum pelo seu tamanho maior, acomodações para

a fêmea e filhotes, abrigado de correntes frias e isento de umidade. Caso não

possua tais condições, o boxe-maternidade não se presta ao objetivo que se

deseja.

A tabela, traduzida em percentuais, indica que 60% dos OPM não

possui maternidade, preferindo, provavelmente, adquirir exemplares caninos

de outros canis ou particulares, ao invés da criação própria.


117

4.17 EXISTÊNCIA DE BOXE OU LOCAL DE ISOLAMENTO PARA CÃES

ACOMETIDOS DE DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS

Tabela 11 - Existência de boxe ou local de isolamento para cães


doentes
OPM SIM NÃO
1 X
2 X
3 X
4 X
5 X
6 X
7 X
8 X
9 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

A existência de um boxe ou local de isolamento para cães acometidos

de doenças infecto-contagiosas é prioritária em qualquer OPM onde se

pretenda manter cães. Ainda que se conte com rigorosa profilaxia, higiene e

limpeza, não se pode esquecer que os cães de polícia executam suas missões

em via pública, tendo contato com os mais diversos tipos de terreno, condições

climáticas, outros animais, etc. Tudo isso se constitui em fatores de risco, que

devem ser levados em conta pelo administrador de um canil policial militar.

Portanto, é preocupante o fato de que apenas um dos OPM

pesquisados, o 10o BPM, possua boxe de isolamento. Os demais OPM,

inclusive o BOE, que registra o maior número de cães em carga, não

possuem.
118

4.18 EXISTÊNCIA DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-VETERINÁRIA NOS OPM

Tabela 12 - Assistência médico-veterinária nos OPM

OPM SIM NÃO


1 X
2 X
3 X
4 X
5 X
6 X
7 X
8 X
9 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Gráfico 15 - Existência de assistência médico-veterinária

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.


119

Mais importante do que o boxe-maternidade ou o local de isolamento

para os cães acometidos de doenças infecto-contagiosas, é a assistência

médico-veterinária. Sem a mesma não se tem a garantia de um plantel sadio e

em condições de prestar um serviço de qualidade, tanto que o Manual de

Cinocomandos da PM mineira (1987, p. 11) ao discorrer sobre o assunto

afirma: “não importa para a Polícia Militar possuir um cão sadio sem

adestramento, ou adestrado sem saúde”.

São inúmeras as atribuições de um profissional de medicina-veterinária

em uma fração canina, as quais vão desde o trabalho profilático, passando

pelo monitoramento clínico dos animais, eliminação de insetos parasitas e indo

até o controle da alimentação fornecida.

Portanto, ainda que sejam poucas as frações que não dispõem de tal

assistência (em número de quatro), preocupa sobremaneira tal falta.

Ao finalizar o presente capítulo, efetuada a análise dos dados obtidos,

têm-se confirmadas as hipóteses formuladas. A primeira delas, no tocante à

subutilização dos cães de polícia, é comprovada através dos poucos tipos de

policiamento em que são empregados, bem como por atuar quase que

exclusivamente no processo a pé, além, é claro, por só existirem frações

caninas em quinze OPM da Corporação. A segunda hipótese, a qual se refere

a utilização em desacordo à NI n o 39-3/EMBM/97 e DPO no 15/97, foi

confirmada pela constatação de que cães, classificados na tipologia choque,

estão sendo empregados em atividades de policiamento ostensivo ordinário, o


120

que é vedado, assim como está havendo atuação de policiais militares não-

habilitados no policiamento com cães.


121

5. CONCLUSÕES
122

5. CONCLUSÕES

O presente trabalho, realizado através de pesquisa descritiva do tipo

levantamento, buscou investigar como está ocorrendo o emprego de cães pela

Brigada Militar.

A interpretação dos dados coletados permitiu as seguintes conclusões:

 nos últimos dez anos houve um recrudescimento no tocante ao

emprego de cães pela Corporação. Dos quinze OPM pesquisados,

doze possuem menos de dez anos anos de existência, indicando

um despertar para a importância da suplementação canina nas

atividades policiais ostensivas. Entretanto, levando-se em

consideração o grande número de unidades operacionais existentes

na Brigada Militar, ainda é pequena a quantidade de cães de polícia,

assim como o seu emprego;

 há uma predileção acentuada pela raça Pastor alemão, fruto,

provavelmente, das inúmeras qualidades, já citadas ao longo deste


123

trabalho, que os exemplares da mesma costumam apresentar

quando no desempenho de atividades policiais, tais como:

patrulhamento, faro, busca e salvamento, guarda, etc.

 os cães de polícia classificados na tipologia choque são os que mais

existem na Corporação, sendo secundados pelos patrulheiros, e, a

seguir, aparecerem os de faro e guarda;

 os cães de polícia são empregados em três tipos apenas de

policiamento ostensivo: geral, florestal e de guarda;

 o processo em que mais são empregados os cães de polícia é o a

pé;

 os cães são empregados em todas as circunstâncias do

policiamento ostensivo: ordinárias, extraordinárias e especiais,

confirmando a sua adequação às mais diversas missões executadas

pela Corporação;

 existem poucos oficiais habilitados através de curso ou estágio de

cinofilia atuando com cães, havendo unidades que sequer contam

com graduados;

 quase a metade dos OPM pesquisados não possui pista de

adestramento;

 somente um OPM possui local para isolar cães acometidos de

doenças infecto-contagiosas;

 quatro OPM não contam com assistência médico-veterinária, a qual

se constitui na garantia de um plantel sadio e em condições de

prestar um serviço eficiente e de qualidade. A importância de tal


124

assistência é incomensurável, tanto que o Manual de Cinocomandos

da Polícia Militar de Minas Gerais, em sua página 11, ao discorrer

sobre o assunto, afirma: “não importa para a Polícia Militar possuir

um cão sadio sem adestramento ou adestrado sem saúde.”

Após a exposição das conclusões acima, sugere-se a adoção das

medidas a seguir descritas, todas visando o aperfeiçoamento do emprego de

cães nas atividades policiais:

 edição do Curso Básico de Adestramento de Cães de Polícia

dirigido a servidores militares estaduais, tanto oficiais quanto praças,

com o objetivo de suprir a carência de efetivo capacitado a adestrar

e atuar com cães de polícia. Salienta-se que a última vez que o

curso foi realizado se deu no ano de 1997, habilitando apenas

quinze servidores militares estaduais. É necessário, também, que

haja uma regularidade na realização do mesmo ( de dois em dois

anos) visando recompletar as vagas de cinófilo nos canis já

existentes, bem como para habilitar novos policiais militares, sempre

que se pretender criar mais frações caninas;

 havendo um maior número de profissionais habilitados, criar mais

canis na Corporação, ficando o canil do Batalhão de Operações

Especiais, conforme determina a Nota de Instrução n o 39-

3/EMBM/97, encarregado de fornecer exemplares caninos em

condições de serem adestrados para as atividades policiais;


125

 acrescentar itens na NI no 39-3/EMBM/97 que vedem

expressamente a atuação de efetivo não-habilitado a trabalhar com

cães, o emprego de animais que não estejam completamente

adestrados e capacitados ao lançamento em atividades policiais, e

outro dispondo que haja rigorosa observância à tipologia em que

estes estejam classificados, evitando dessa forma que cães de

choque acabem atuando no policiamento ostensivo ordinário;

 incentivar uma maior utilização de cães patrulheiros e de faro, tanto

no policiamento ostensivo ordinário quanto em operações de

detecção de narcóticos. Ao mesmo tempo, restringir o adestramento

e emprego daqueles classificados como de tipologia choque. Tais

providências, colocarão a Corporação no mesmo patamar de

organizações policiais de outros países, no tocante ao emprego de

unidades cinófilas;

 elaboração de um manual de emprego de cães na Corporação, a

exemplo do utilizado pela Polícia Militar de Minas Gerais, o qual

deverá abordar assuntos relativos à criação, adestramento e

utilização de caninos como forma de suplementação no

policiamento ostensivo, assuntos estes que não são tratados com

profundidade pelos documentos reguladores existentes na

Corporação (DPO e NI);

 através do Departamento de Saúde da Corporação, adotar medidas

no sentido de que todos os OPM que possuam canis sejam dotados


126

de um local para isolamento de animais doentes e, principalmente,

contem com assistência médico-veterinária;

 que o Batalhão de Polícia Rodoviária, em face das inúmeras

operações de fiscalização de pessoas e veículos que desenvolve

nas estradas gaúchas, passe a utilizar cães de faro especializados

na detecção de narcóticos, para assim prevenir e/ou reprimir o

tráfico em sua circunscrição territorial;

 que as frações de bombeiros passem a utilizar cães de faro nas

atividades de busca e salvamento que desenvolvem, igualando-se

positivamente à outras organizações socorristas, em nível nacional

e internacional, que desde há muito empregam cães para

localização de pessoas perdidas, soterradas, etc.

As dificuldades encontradas para a realização deste estudo,

basicamente, foram:

 a pouca literatura existente a respeito do emprego de cães em

atividades policiais;

 tempo extremamente exíguo para a realização do trabalho,

principalmente ao levar-se em conta as inúmeras atividades

curriculares paralelas, desenvolvidas ao longo do curso.

A importância do tema e as diversas nuanças possíveis de abordagem,

dão indicação da necessidade de que se prossiga em novos estudos na área

em pauta.
127

Para tanto, propõe-se outras investigações, as quais poderiam partir

do conhecimento e das conclusões ora obtidas, destacando-se os seguintes

assuntos:

 raças mais adequadas ao emprego nas atividades de polícia

ostensiva;

 técnicas especiais para o adestramento de cães de polícia;

 perfil ideal do policial militar cinófilo;

 a importância da assistência médico-veterinária na administração de

um canil policial militar;

 emprego de cães de polícia como alternativa para que seja evitado

o uso de força e de armas de fogo.

*******
128

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
129

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Aidil de Jesus Paes de, LEHFELD, Neide Aparecida de

Souza. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis :

Vozes, 1990.
BARBOSA FILHO, Manuel. Introdução à pesquisa: métodos, técnicas e

instrumentos. 3. Ed. João Pessoa : A União, 1994.


BECHTOLD, Wolfgang. Treino do cão de guarda. 4. ed. Lisboa :

Presença, 1995.
BRASIL. Ministério do Exército. Apostila do Curso de Adestrador de

Cães de Guerra. Porto Alegre, 3o Batalhão de Polícia do Exército,

1997.
BRIGADA MILITAR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Diretriz de

Policiamento Ostensivo no 15/97. Boletim Geral, Porto Alegre, no 085,

7 de maio de 1997.
_____ . Nota de Instrução n o 39-3/EMBM/97. Boletim Geral, Porto

Alegre, no 085, 7 de maio de 1997.


DICIONÁRIO Prático Ilustrado. Porto : Lello, 1960. 3 v.
ENCICLOPÉDIA Canina. Milão : Aneza/Rizzoli, 1970. 2 v.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua

Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1986.


FIORONE, Fiorenzo. As raças caninas. Milão : Rizzoli, 1970.
GEARY, Michael. Tudo sobre cães. São Paulo : Melhoramentos, 1978.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São
130

Paulo : Atlas, 1991.


GUERRA, Martha de Oliveira, CASTRO, Nancy Campi de. Como fazer

um projeto de pesquisa. Juiz de Fora : EDUFJF, 1994.


GYGAS, Théo. O cão em nossa casa: como criar, tratar e adestrá-lo. 21.

ed. São Paulo : Discubra, 1980


KRUG, Dênio. Histórico da criação do Canil da Brigada Militar. Porto

Alegre, 1995.
LUCAS FILHO, Sebastião, CARDOSO, Edgar Eleutério, SANTANA, Levi

Feliciano. Emprego de cães na Segurança Pública: manual de

cinocomandos. Belo Horizonte : Líttera Maciel, 1987.


PIMENTA, Paulo. Projeto de Lei: proíbe a utilização de cães nas

atividades de policiamento ostensivo da Brigada Militar. Porto Alegre

Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, 1999.


POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. Apostila do Curso de

Cinofilia. Brasília, Companhia de Polícia de Choque, 1981.


PUGNETTI, Gino. Todos os cães. São Paulo : Melhoramentos, 1980.

ROSSI, Alexandre. Adestramento Inteligente: com amor, humor e bom

senso. São Paulo : CMS Editora, 1999.


ROVER, C de. Direitos humanos e lei humanitária para polícias e forças

de segurança: manual para instrutores. Genebra : Comitê

Internacional da Cruz Vermelha, 1996.


SANTOS, Eurico. Manual do amador de cães. 8. ed. Belo Horizonte :

Itatiaia, 1989.
UN PERRO, “funcionario policial”, fue asesinado por una patota. La

República, Montevideo, 7 jul. 1998. p. 19.


UNITED STATES ARMY. Military dog training and employment: FM 20-

20. Washington : Department of the Army, 1967.


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, Biblioteca Central. Normas

para apresentação de trabalhos. 6. ed. Curitiba : Ed. UFPR, 1996.


VIEIRA, Marcio Infante. Os Cães: treinamento, cuidados, criação e
131

doenças. 3. ed. São Paulo : M. I. Vieira, 1983.


WIBLISHAUSER, Hans. O dobermann. 3. ed. Lisboa : Presença, 1995.
132

ANEXOS
133

ANEXO 1

NOTA DE INSTRUÇÃO No 39-3/EMBM/97

1. FINALIDADE

Regular o funcionamento da atividade decorrente da utilização de cães.

2. EXECUÇÃO

a. Incumbe ao BPChq:

1) Executar o policiamento especializado com cães em apoio ou reforço às

UOp na área do CPC, mediante planejamento deste;

2) Proceder à criação de caninos visando a ampliação e melhoria do

plantel da Força, servindo de matriz aos demais canis;

3) Contribuir para a elaboração da doutrina pertinente ao assunto;

4) Efetuar o adestramento do seu plantel e dos demais cães da

Corporação, sempre que necessário;

5) Executar a efetivação de cursos e estágios para o preparo dos policiais

militares que atuarão com cães;

6) Participar, representando a Corporação, em demonstrações e

competições de adestramento e estrutura.

b. Incumbe às UOp do interior do Estado:

1) Executar o policiamento especializado com cães de acordo com o

planejamento da UOp, através dos Grupos Especiais de Policiamento

com Cães;
134

2) Manter o adestramento de seu plantel;

3) Participar, excepcionalmente, em demonstrações e competições de

adestramento e estrutura, ouvido o comando intermediário;

4) Cooperar na troca de informações com os demais canis.

3. PRESCRIÇÕES DIVERSAS

a. O recebimento, carga, descarga e controle dos cães será efetuado

conforme regulamentação específica;

b. Só é permitido o emprego no policiamento de cães em carga na

Corporação;

c. O fornecimento de cães às UOp do interior será feito pelo Canil do

BPChq, todavia ficando na dependência da gradual ampliação do plantel

do mesmo;

d. O plantel de cães da Força será constituído por todas as raças que

possuam exemplares em condições de serem empregados nas situações

previstas nas regulamentações em vigor;

e. Revogam-se as NI 11-PM3/82, 04 e 05/PM3/83.


135

ANEXO 2

DIRETRIZ DE POLICIAMENTO OSTENSIVO No 15/97

1. FINALIDADE

Regular o emprego de cães nas atividades de polícia ostensiva, como meio

suplementar, nos processos a pé, motorizado e embarcado.

2. OBJETIVOS

a. Reduzir o emprego do efetivo;

b. Maior eficiência em missões específicas, cujo emprego do cão adestrado

seja aconselhável;

c. Ação ostensiva mais intensa, representada pela presença do cão ao lado

do policial militar ou isoladamente;

d. Aumento da segurança do policial militar, face a capacidade de defesa

proporcionada pelo cão adestrado.

3. DESENVOLVIMENTO

a. Conceitos básicos

1) Cinófilo: policial militar habilitado para a condução do cão;

2) Unidade Cinófila: designa a fração elementar composta pelo cinófilo e

pelo cão, quando empregados na atividade-fim;


136

3) Cão de Patrulha: é o cão destinado a acompanhar o PM nas ações de

abordagens, busca pessoal, busca e captura de foragidos e outras

ações pertinentes;

4) Cão de guarda: é o cão destinado a vigiar, guardar e defender móveis

e imóveis de qualquer natureza, em especial aquartelamentos,

acampamentos, estabelecimentos penais, depósitos, viaturas e outras;

5) Cão de choque: é o cão destinado a atuar em ações especiais, tais

como controle de tumulto, motins e demais manifestações dessa

ordem;

6) Cão de faro: é o cão destinado a atuar de forma a detectar e localizar

pessoas, narcóticos, explosivos e outros objetos específicos,

precedendo ou em conjunto com a atuação da tropa.

b. Condições de emprego

1) Cão de Patrulha:

a) O cão de patrulha será empregado em turnos de serviço com

duração máxima de 06 horas;

b) Mediante estudo do posto de patrulhamento, de modo a colocar a

patrulha em locais e horários que justifiquem a intensificação da ação

ostensiva;

c) Será empregado em todos os locais de atuação do policial militar,

evitando-se:

(1) vias que possuam demasiada movimentação de pedestres ou

veículos;

(2) chuva ou calor excessivo.


137

2) Cão de guarda:

a) O cão de guarda não deve ficar ao relento, devendo existir, no

posto, proteção contra o clima e intempéries;

b) Solto, em locais amplos e cercados;

c) Móvel, preso a um fio que permita a sua locomoção;

d) Preso, junto a um posto de guarda.

3) Cão de choque:

a) Fica restrito ao previsto na sua definição;

b) O cão de choque será empregado em turnos de serviço com

duração máxima de 06 horas;

c) Quando empregado em praças desportivas deve ser evitada a

sua utilização em:

(1) túneis de acesso ao gramado;

(2) portas de vestiário (portas internas);

(3) bilheterias, isoladamente;

(4) locais destinados à acomodações do público.

4) Cão de faro:

a) O cão de faro será empregado em operações específicas, mediante

solicitação da fração interessada ou iniciativa do comando da fração

a que pertence.

4. TRANSPORTE

O transporte dos cães, independentemente de sua classificação, deverá ser

feito em veículos utilitários ou adaptados para essa finalidade.


138

5. A presente DPO substitui a de mesmo número, publicada no Boletim Geral

no 60, de 31 de março de 1982.


139

ANEXO3

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL


SECRETARIA DA JUSTIÇA E DA SEGURANÇA
BRIGADA MILITAR
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR
ESO - CAAPM 99

Senhor Comandante:

Através do presente, solicito a V. Sa. o especial obséquio no sentido de


responder as indagações constantes no questionário em anexo, o qual objetiva conhecer
como está ocorrendo o emprego de cães de polícia em vossa unidade.
As informações prestadas por V.Sa., somadas às das demais unidades que
possuem frações caninas na Brigada Militar, serão de suma importância para a
monografia que este Oficial-Aluno do Curso Avançado de Administração Policial
Militar encontra-se elaborando com o título “O Emprego de Cães nas Atividades de
Polícia Ostensiva”.
Minha proposta de trabalho tem a finalidade de, basicamente, demonstrar as
vantagens da utilização de cães no policiamento ostensivo, diagnosticar como está
ocorrendo o emprego dos mesmos na Corporação e apresentar sugestões em razão dos
dados obtidos.
Outrossim peço-vos, encarecidamente, resposta ao presente, solicitando a
viabilidade de que essa ocorra até 03 de maio de 1999 (2a feira), visto a exigüidade
de tempo disponível para a confecção do trabalho de conclusão.
Por fim, solicito a remessa do questionário - por qualquer meio de comunicação
- a um dos endereços abaixo:
 Academia de Polícia Militar - Escola Superior de Oficiais - CAAPM 99 - A/C Cap
QOEM Mario A. J. MACIEL - Av. Aparício Borges, 2001 - Porto Alegre/RS - CEP
90680-570 - FAX (051) 288-4160
140

 Endereço residencial: Rua Santa Isabel, 429 - bairro Bom Jesus - Porto Alegre/RS -
CEP 91420-000
 E-MAIL(pessoal): mengas@zaz.com.br
 FAX (pessoal): (051) 338.1230
 Fone (pessoal): (051) 338-5737 e (053) 971-3659(celular)
Sem mais, certo de vossa compreensão e colaboração, desde já agradeço,
aproveitando para apresentar votos de estima e consideração.

___________________________________
MARIO AUGUSTO JARDIM MACIEL
Cap QOEM - Oficial Aluno CAAPM 99

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
141

OPM:.....................................................................................................
Município:.............................................................................................
Responsável pelas informações(nome/posto ou grad./função):...........
................................................................................................................

II - QUESTIONÁRIO
01. Há quantos anos existe o canil no OPM?
....................................................................

02. Quantos cães de polícia existem no canil?


.............. machos .............. fêmeas
Total de cães.........................

03. Quais são as raças utilizadas e a quantidade de cães em cada uma?


(exemplo: Pastor Alemão - 02 cães)
........................................................................................................................................
.....................................................................................................................................
........................................................................................................................................
........................................................................................................................................

04. Assinale a tipologia(classificação) dos cães de vosso canil, bem como informe o
número existente em cada uma delas: (ex. ( x ) patrulha: 06 cães )
( ) patrulha____________
( ) guarda ____________
( ) choque ____________
( ) faro _____________

05. Assinale em quais TIPOS de policiamento ostensivo os cães são empregados


pelo OPM:
( ) Policiamento Rodoviário
( ) Policiamento de Trânsito
142

( ) Policiamento Geral
( ) Policiamento Florestal e de Mananciais
( ) Policiamento de Guardas

06. Assinale em quais PROCESSOS os cães são empregados pelo OPM de forma
suplementar:
( ) A Pé
( ) Motorizado
( ) Em Embarcação
( ) Em Bicicleta
( ) Aéreo
( ) Montado

07. Assinale as CIRCUNSTÂNCIAS em que ocorrem o emprego dos cães:


( ) ordinária
( ) extraordinária
( ) especial

08. Numere de 1 a 5, considerando o número 1 como de maior freqüência e assim


sucessivamente, as missões nas quais os cães são mais empregados em vosso OPM:
( ) Policiamento ostensivo ordinário
( ) Policiamento ostensivo em eventos especiais (shows, futebol, etc.)
( ) Policiamento repressivo em manifestações de massa, motins, revistas, etc.
( ) Demonstrações públicas de adestramento
( ) Operações especiais (barreiras, busca/apreensão de drogas, apoio a outros
órgãos, etc.)
09. Informe o efetivo de cinófilos, por posto e graduação, habilitado a atuar com
cães através de curso/estágio, existente no vosso OPM:
( ) Capitão ( ) 1 o Ten ( )2 o Ten
( ) STen ( ) 1 o Sgt ( )2 o Sgt
( ) 3o Sgt ( ) Cabo ( ) Soldado
Total de SME existentes:...........................
143

10. Informe o efetivo de cinófilos habilitados, por posto e graduação, realmente


empregado no policiamento com cães:
( ) Capitão ( ) 1 o Ten ( )2 o Ten
( ) STen ( ) 1 o Sgt ( )2 o Sgt
( ) 3o Sgt ( ) Cabo ( ) Soldado
Total de SME empregados:............................

11. Informe o efetivo de SME, por posto e graduação, não habilitado através de
curso/estágio, mas que atua no policiamento com cães:
( ) Capitão ( ) 1 o Ten ( )2 o Ten
( ) STen ( ) 1 o Sgt ( )2 o Sgt
( ) 3o Sgt ( ) Cabo ( ) Soldado
Total de SME não habilitados:..............................

12. Qual a área física total do canil? (em m2)


...........................................................................

13. Existe pista de adestramento?


( ) sim ( ) não

14. Qual o número de boxes existentes?


..................................................................

15. Existe boxe-maternidade?


( ) sim ( ) não

16. Existe boxe ou local de isolamento para os cães acometidos de doenças infecto-
contagiosas?
( ) sim ( ) não
144

17. Há assistência médico-veterinária(permanente ou esporádica) prestada por


Oficial QOES ou civil contratado?
( ) sim ( ) não

-x-x-x-x-x-x-x-

ANEXO 4

PLANILHAS DE RESPOSTAS DOS OPM PESQUISADOS

1. HÁ QUANTOS ANOS EXISTE O CANIL NO OPM?


145

OPM ANOS DE EXISTÊNCIA


01 02
02 02
03 06
04 02
05 03
06 04
07 02
08 27
09 35
10 06
11 05
12 20
13 01
14 08
15 08
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

2. QUANTOS CÃES DE POLÍCIA EXISTEM NO CANIL?


146

OPM MACHOS FÊMEAS TOTAL


01 03 00 03
02 04 00 04
03 03 05 08
04 03 01 04
05 01 00 01
06 03 03 06
07 04 03 07
08 04 01 05
09 18 14 32
10 01 01 02
11 02 01 03
12 08 05 13
13 08 02 10
14 06 04 10
15 03 01 04

Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

3. QUAIS SÃO AS RAÇAS UTILIZADAS E A QUANTIDADE DE CÃES EM


CADA UMA?

OPM RAÇA QTDE. RAÇA QTDE. RAÇA QTDE. RAÇA QTDE. TOTAL
01 PA 03 - - - - - - 03
02 RO 04 - - - - - - 04
03 PA 02 RO 05 LAB 01 - - 08
04 PA 03 RO 01 - - - - 04
05 RO 01 - - - - - - 01
06 RO 03 PA 03 - - - - 06
07 PA 05 RO 01 LAB 01 - - 07
08 PA 04 RO 01 - - - - 05
09 PA 25 RO 04 LAB 02 WEI 01 32
10 PA 02 - - - - - - 02
147

11 PA 02 RO 01 - - - - 03
12 PA 08 RO 02 LAB 02 DOB 01 13
13 PA 05 RO 01 LAB 03 MAS 01 10
14 PA 06 RO 02 LAB 02 - - 10
15 PA 01 RO 02 WEI 01 - - 04
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

Abreviaturas das raças:


PA – Pastor alemão
RO – Rottweiler
LAB – Labrador
WEI – Weimaraner
DOB – Dobermann
MAS - Mastim

4. ASSINALE A TIPOLOGIA DOS CÃES DE VOSSO CANIL, BEM COMO


INFORME O NÚMERO EXISTENTE EM CADA UMA DELAS:

OPM PATRULHA No GUARDA No CHOQUE No FARO No


01 X 03
02 X 04
03 X 03 X 4 X 01
04 X 02 X 2
05 X 01
06 X 02 X 3
07 X 04 X 2 X 01
08 X 05
09 X 06 X 23 X 04
10 X 2
11 X 01 X 2
12 X 05 X 01 X 5 X 02
13 X 03 X 02 X 2 X 03
14 X 06 X 3 X 01
15 X 02 X 2
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.
148

05. ASSINALE EM QUAIS TIPOS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO OS


CÃES SÃO EMPREGADOS PELO OPM:

OPM POL RODOVIÁRIO POL TRÂNSITO POL GERAL POL FLORESTAL POL GUARDAS
01 X
02 X
03 X
04 X
05 X X X
06 X X X
07 X
08 X X
09 X
10 X X
11 X X
12 X X
13 X X
14 X
15 X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.
149

06. ASSINALE EM QUAIS PROCESSOS OS CÃES SÃO EMPREGADOS PELO


OPM:

OPM A PÉ MOTORIZADO EMBARCADO BICICLETA AÉREO MONTADO


01 X X
02 X
03 X X
04 X X
05 X X
06 X X
07 X X
08 X X
09 X X X X
10 X
11 X X
12 X X
13 X X
14 X
15 X X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

07. ASSINALE AS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE OCORREM O EMPREGO


DOS CÃES:

OPM ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA ESPECIAL


01 X X
02 X X X
03 X X X
150

04 X X X
05 X X X
06 X X X
07 X X X
08 X X X
09 X X X
10 X X
11 X X X
12 X X X
13 X X X
14 X X X
15 X X X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

08. NUMERE DE 1 A 5, CONSIDERANDO O NÚMERO 1 COMO DE MAIOR


FREQÜÊNCIA E ASSIM SUCESSIVAMENTE, AS MISSÕES NAS QUAIS OS
CÃES SÃO MAIS EMPREGADOS EM VOSSO OPM:

OPM POL OST POL EVENTOS POL DEMONSTRAÇÕES OPERAÇÕES


ORDINÁRIO ESPECIAIS REPRESSIVO PÚBLICAS ESPECIAIS
01 1 2 5 3 4
02 1 2 4 5 3
03 1 2 3 4 5
04 4 5 3 2 1
05 1 2 4 5 3
06 1 2 5 4 3
07 1 2 5 3 4
08 1 2 3 4 5
09 1 2 5 3 4
151

10 - 1 2 3 4
11 1 2 3 4 5
12 1 2 4 3 5
13 3 1 4 5 2
14 1 2 5 4 3
15 2 3 4 5 1
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

09. INFORME O EFETIVO DE CINÓFILOS, POR POSTO E GRADUAÇÃO,


HABILITADO A ATUAR COM CÃES ATRAVÉS DE CURSO/ESTÁGIO,
EXISTENTE NO VOSSO OPM:

OPM CAP 1º TEN 2º TEN STEN 1ºSGT 2ºSGT 3ºSGT CABO SD TOTAL
01 02 02
02 04 04
03 01 01
04 01 01 02
05 00
06 04 04
07 01 02 03
08 01 04 05
09 01 03 02 03 13 22
10 04 04
11 01 01 02
12 06 06
13 01 01 01 02 08 13
14 02 01 06 09
15 01 01
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.
152

10. INFORME O EFETIVO DE CINÓFILOS HABILITADOS, POR POSTO E


GRADUAÇÃO, REALMENTE EMPREGADO NO POLICIAMENTO COM
CÃES:

OPM CAP 1º TEN 2º TEN STEN 1ºSGT 2ºSGT 3ºSGT CABO SD TOTAL
01 02 02
02 03 03
03 01 01
04 01 01
05 00
06 04 04
07 01 02 03
08 02 02
09 01 03 02 03 13 22
10 03 03
11 01 01 02
12 06 06
13 01 01 05 07
14 06 06
15 00
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.
153

11. INFORME O EFETIVO DE SME, POR POSTO E GRADUAÇÃO, NÃO


HABILITADO ATRAVÉS DE CURSO/ESTÁGIO, MAS QUE ATUA NO
POLICIAMENTO COM CÃES:

OPM CAP 1º TEN 2º TEN STEN 1ºSGT 2ºSGT 3ºSGT CABO SD TOTAL
01 01 01
02 00
03 01 06 07
04 01 01
05 01 01
06 00
07 01 02 03
08 02 02
09 00
10 00
11 00
12 00
13 00
14 00
15 04 04
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

12. QUAL A ÁREA FÍSICA TOTAL DO CANIL? (EM m2)

OPM ÁREA FÍSICA


01 120
154

02 81,5
03 500
04 96
05 24
06 400
07 86,8
08 940
09 4.500
10 2.500
11 12
12 3.150
13 400
14 560
15 80
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

13. EXISTE PISTA DE ADESTRAMENTO?

OPM SIM NÃO


01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X
09 X
155

10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

14. QUAL O NÚMERO DE BOXES EXISTENTES?

OPM No DE BOXES
01 04
02 04
03 08
04 08
05 01
06 07
07 07
08 09
09 32
10 04
11 04
12 10
13 10
14 12
15 04
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.
156

15. EXISTE BOXE-MATERNIDADE?

OPM SIM NÃO


01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X
09 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.
157

16. EXISTE BOXE OU LOCAL DE ISOLAMENTO PARA OS CÃES


ACOMETIDOS DE DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS?

OPM SIM NÃO


01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X
09 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

17. HÁ ASSISTÊNCIA MÉDICO-VETERINÁRIA (PERMANENTE OU


ESPORÁDICA) PRESTADA POR OFICIAL QOES OU CIVIL CONTRATADO?
158

OPM SIM NÃO


01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X
09 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
Fonte: Pesquisa do autor, 1999.

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