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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO – PRPG
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DO BRASIL-PPGHB
RESUMO
033.550.243-17
Teresina-Piauí
2018
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Dentre as inúmeras produções de sua parceria na Rede Globo, temos novelas, minisséries e seriados.
Novelas como Top Model(1989), Vamp(1991), Cara e coroa(1995), Beijo do vampiro(2002),são tidas
como grandes sucessos de audiência.
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ORTIZ, José Mário.
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ORTIZ, JOsé Mário
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Essa construção discursiva de Calmon mostra o que foi a transição dos anos 60 para
os anos 70: Um reflexo da mutação em torno das formas como lidamos com tempo e
espaço. As maravilhas tecnológicas, a mundialização das relações e as experiências
micropolíticas nos códigos culturais do período, contribuem para o “esforço dos
indivíduos em criar espaços mínimos para si12”, para preencher vazios existenciais. As
identidades são exacerbadas, fruto dos fluxos de novidades do período. No cinema em
específico, as certezas edificantes também sofrem abalos. Mesmo o cinema novo, tido
como um espaço de conjunto e batalha de todos 13, é também evidenciado como uma
linguagem que fala de coisas mortas, sendo visto como uma produção com o elo
perdido, sem contato com o público, sem conexão com a realidade brasileira14.
Mesmo visando estabelecer essências, ditar tradições sobre o cinema brasileiro, os
cânones da produção fílmica do período - o cinema marginal e o cinema novo - são
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EDWAR E FÁBIO
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O psicologo americano Timothy Laeary tornou-se ícone da contracultura dos anos 1960 e cunhou a
expressão talvez mais utilizada e representativa da era: “ligue-se,sintonize-se e caia fora!”. Leary
entendida a sociedade como um organismo infestado de comunidades genéricas e estéreis que não
estimulavam os sentidos mais profundos das pessoas. A primeira coisa que deveríamos fazer é ” cair fora”
ou seja, afastarmo-nos das nossas conexões artificiais e confiar em nossos pensamentos e atos. A
expressão “caia fora”, entretanto, foi erroneamente interpretada como um conselho no sentido de que as
pessoas parassem de produzir, o que jamais foi objetivo de Leary. Para mais informações, acesse:
https://mauriciodorninger.wordpress.com/2014/01/06/ligue-se-sintonize-se-e-caia-fora/. Disponível em
12/10/2019.
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Entrevista de Calmon para o Globo, em 1978.
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EDWAR. Todos os dias de paupérria.
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Entevissta da Plug.
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Entrevista da Plug
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Entrevista de Calmon a
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2. Justificativa
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Frederico Osanan
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BARROS, José D’Assunção. Os Campos da História – uma introdução às especialidades da história.
Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 16, 2004. p. 17.
21
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: ______. Mitos, emblemas, sinais:
morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1986, p.151.
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BARROS, José D’Assunção. Os Campos da História – uma introdução às especialidades da história.
Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 16, 2004. p. 19.
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orelha" como uma metáfora voltada não apenas para uma História que se encontra presa
em especializações exageradas, mas em receitas pré concebidas de como um
pesquisador da história deve ser/agir diante dos problemas atribuidos à realidade.
A pesquisa das fontes possibilita o acesso privilegiado a um grande número de
informações, suficiente para reaver pistas do passado e descortinar superfícies ocultas e
sem iluminação, por meio da escavação das camadas de sentido dadas as coisas.
Todavia, fontes históricas configuram desafios, exigem perícia, olhares atenciosos. São
arredias, escorregadias, manifestam paixões diversas, falsificações. Promove o franzir
da tez, por estimular o constante exercício da desconfiança. O jogo se delineia a partir
disso, na dança empírica de fontes, onde filmes, jornais, biografias e entrevistas se
relacionam não dentro de relações de força e graus de importância, mas de diálogo,
comparação, complemento.
Enfatizamos a importância das manifestações, discursos performances e experiências
dos cineastas, por entender que no fazer das produções fílmicas, emerge a sociedade
brasileira e os sentidos dados a ela, seja pelos perfis econômicos, ou nos discursos
normatizadores, sutis ou não. Em suma, se trata de percorrer aspectos cotidianos que
trazem à superfície como um grupo de intelectuais recria - por meio de suas
experiências e modos de ser e estar no mundo – o cinema no Brasil múltiplo e carregado
de signos e significados.
3. Objetivos
3.1. Objetivo Geral
Estilos de ação dos sujeitos reais, obedecem a outras regras que não
aquelas da produção e do consumo oficiais, criam um jogo mediante a
estratificação de funcionamentos diferentes e interferentes [...], dando
origem a novas 'maneiras de utilizar' a ordem imposta (p. 93). Para
além do consumo puro e simples, os praticantes desenvolvem ações,
fabricam formas alternativas de uso, tornando-se produtores/autores,
disseminando alternativas, manipulando, ao seu modo, os produtos e
as regras24.
Em síntese, essa pluralidade nos permite mapear afetos que em suma, revelam o exercício
dos indivíduos no cinema se tornarem outros de si mesmos 25 - particulares, singulares e
transitórios - no processo. O cinema, assim como diversos elementos da arte segunda
metade do século XX, desfere uma esgrima potente perante conceitos canonizados, tais
como a noção de cultura. Nesse contexto, interessa perceber a cultura para além de
dimensões cristalizadas. Por isso, a fuga de conceitos que vislumbram o enquadrar da
cultura a partir de caixas de sentido lançadas por vários ramos das ciências humanas se
faz necessária. A cultura será iluminada por meio do usufruto de leituras que valorizam o
caráter diaspórico e nômade da mesma. Interessa pensar a cultura pelo revés, como sugere
Homi Bhabha em O local da cultura,26 onde este conceito seria detectado num
movimento de passagem, evidenciando as transformações de valores, crenças e
identidades.
A teoria que se destaca como a mais potente a atravessar esse trabalho se constitui
de maneira a operacionalizar enunciados tanto na esfera do visível, na constituição das
linhas do texto, quanto na penumbra dos sentidos. Trata-se de uma filosofia nômade,
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CERTEAU, Michel de. Invenção do cotidiano: artes de fazer. v. 1. Rio de Janeiro: Vozes, 1994. p. 46-
47.
24
CERTEAU, Invenção do coidiano, p.93
25
Jorge Larossa. Pedagogia profana
26
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis e
Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
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5. Hipóteses
5.1. Hipótese Central:
Seus auto proclamados filmes de exceção, não se fazem dentro da ideia clássica
atribuída a sua obra - tida como conformista ou fruto de colonialismo internacional -
apesar de também não se encaixar na guerrilha semântica de estéticas politizadas como
a do cinema marginal.
Um dos motivos que fez com que Calmon não se encaixasse com nenhum cânone, se
27
Esse trabalho lidará com conceitos tais como os de linha de fuga, agenciamento, micropolítica,
imagem-movimento, presentes na obra de Gilles Deleuze, Félix Guattari e Suely Rolnik. Ver: DELEUZE,
Gilles. Crítica e clínica. Tradução de Peter Pál Pelbart. São Paulo: Ed. 34, 1997; GUATTARI, Félix;
ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes, 1997; DELEUZE, Gilles;
PARNET, Claire. Diálogos. Tradução de Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998; DELEUZE,
Gilles; GUATTARI, Félix. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Luiz B. L. Orlandi.
São Paulo: Ed. 34, 2010; GUATARRI, Félix. Revolução molecular: pulsações políticas do desejo.
Tradução de Suely Rolnik. São Paulo: Brasiliense, 1981; ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental:
transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre: Sulina, 2006; DELEUZE, Gilles; GUATTARI,
Félix. Kafka: por uma literatura menor. Tradução de Cíntia Vieira da Silva. Belo Horizonte: Autêntica,
2014.
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LINS, Daniel. O último copo: álcool, literatura, filosofia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
p. 15.
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Sua não adesão a nenhum cânone, apesar de sua participação direta nas produções e na
absorção de certas estéticas desses modelos de fazer cinema, não se fez por
conformismo ou traição. O fato dele não tentar ser o que não é se constitui como uma
ferramenta de ação política - micropolítica - em um momento de exacerbação de
identidades.
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Até o presente momento, os seguintes filmes foram selecionados para a pesquisa: O capitão bandeira
contra o Doutor moura Brasil, A carne, Gente fina é outra coisa, O bom marido
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Entre os jornais utilizados, destacamos entrevistas de Calmon e blogs de crítica de cinema como “O
estranho encontro”
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Dentre as inúmeras produções do grupo, destaco a leitura prévia das seguintes obras
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Temos a possibilidade de entrevistar o próprio Calmon para a pesquisa. Inclusive, existe a possibilidade
de obter os roteiros da maioria de suas produções fílmicas. Filmes como o capitão Bandeira contra o
Doutor Brasil(1971) e o Bom marido(1978) são acessáveis.
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Essa prática produz uma análise dinâmica que arrasta para a luz lugares e movimentos de
poder, esquemas de enfrentamentos, densidades, intensidades, transformações
decorridas no prisma do eixo metodológico saber-poder-subjetividade35 do período.
7. Referências Bibliográficas