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A NATUREZA COMO SUJEITO DE DIREITOS: UMA ANÁLISE DO NOVO


MODELO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NA AMÉRICA LATINA

Ana Beatriz Albuquerque Vieira1


Antônio Lucas dos Santos da Mata2

RESUMO

O presente artigo tem por escopo analisar o novo modelo de proteção


ambiental a partir da transformação da natureza em sujeito de direitos,
como ocorrera no Equador a partir da Constituição de 2008. Desse
modo, objetiva-se realizar um estudo breve do sistema de proteção ao
meio ambiente no Brasil, seguido pela análise da proteção ambiental a
partir da Constituição equatoriana e a introdução dos direitos
Pachamama como base da vivência em sociedade, e por fim os
benefícios da proteção do meio ambiente ao dar-lhes o status de
sujeito de direito. O presente artigo terá como metodologia a
bibliográfica documental, fazendo uso, principalmente, de artigos que
abordem a temática à fim de fundamentar esta pesquisa.

Palavras-Chaves: Meio ambiente. Sujeito de direitos. Ecocentrismo.


Pachamama.

1 INTRODUÇÃO

O meio ambiente sustentável é essencial para a vida na Terra. Os seres vivos que
habitam este planeta necessitam dos recursos naturais para sobreviverem, e dentre esses seres
está a humanidade. Contudo, com o passar do tempo e o aumento das necessidades humanas,
o homem passou a utilizar os recursos naturais de forma desordenada e irregular, causando
diversas consequências para o meio ambiente, dentre estas está o aquecimento global.
Desse modo, a sociedade começou a atribuir maior importância ao meio ambiente
considerando que a sua extinção também acarreta a extinção de todos os seres que dele
dependem, utilizando como uma das ferramentas de proteção as normas constitucionais e
infraconstitucionais que busca assegurar o uso sustentável dos recursos que a natureza provê.
Entretanto, apesar da proteção dada a natureza por tais atos normativos, ainda se percebe a
dificuldade de se ter um meio ambiente sustentável. Os desejos do consumo e o predomínio
do fator econômico acabam por se sobrepujar ao fato de que a natureza necessita de uma
proteção mais eficaz e ser utilizada de forma consciente.

1
Discente do 6º Semestre do Curso de Direito do Centro Universitário Católica de Quixadá. E-mail:
anabiaav17@gmail.com
2
Discente do 6º Semestre do Curso de Direito do Centro Universitário Católica de Quixadá. Bolsista de Iniciação
Científica do CNPq – Brasil. Membro do Grupo de Estudos em Direito e Assuntos Internacionais, na linha de
pesquisa Direito Internacional dos Direitos Humanos e do Grupo de Pesquisa GCriminis. E-mail:
lucas.mata@outlook.com
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Desse modo, o objetivo central deste artigo é debater o modelo de proteção


ambiental introduzido a partir do novo constitucionalismo latino americano, consagrando em
seu bojo a caracterização da natureza como um ser de direitos e aderindo o bem estar como
um dos fatores centrais nos relacionamentos entre o homem e o meio ambiente, considerando
que a constante destruição da natureza tem ocasionado mudanças naturais no ecossistema
terrestre que tem afetado todo o globo e se torna imprescindível um tratamento sustentável e
consciente da natureza.
Para tanto, esta pesquisa será estruturada em três tópicos, abordando-se no primeiro
brevemente o sistema de proteção brasileiro do meio ambiente e o direito a sustentabilidade.
No segundo será abordado as diferentes concepções éticas do meio ambiente, o surgimento
dos direitos pachamamae a tutela constitucional ambiental brasileira. E, por fim, pretende-se
abordar no terceiro tópico a possibilidade de atribuir ao meio ambiente sua própria
personalidade, revestindo-o de direitos e dando-lhe capacidade jurídica essencial para sua
proteção mais efetiva. Este artigo trata-se de uma pesquisa bibliográfica documental,
utilizando-se de artigos, teses, dissertações e documentos para dar embasamento as
discussões.

2 A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E O DIREITO A SUSTENTABILIDADE

A humanidade faz parte de um planeta vivo que sofre constantes riscos em razão do
descaso dirigido à natureza ao longo dos anos, tendo como consequência o aumento do
aquecimento global que gera diversos impactos negativos na vida presente na Terra 3. Desse
modo, considerando que o homem não vive sem os recursos que a natureza provê, assim
como é integrante do biossistema que forma a Terra, os sistemas jurídicos ao redor do mundo
começaram a se preocupar com a natureza, com maior ou menor grau, à fim de garantir a
subsistência desse meio essencial à vida. No Brasil, o complexo de normas que protegem o
meio ambiente é tanto de ordem infraconstitucional quanto constitucional, buscando assegurar
um meio ambiente equilibrado e sustentável.

1.1 O Meio Ambiente E Sua Proteção No Ordenamento Jurídico Nacional

3
“As consequências do aumento de temperatura são graves para todos os seres vivos, incluindo o homem. O
aquecimento global tem impactos profundos no planeta: extinção de espécies animais e vegetais, alteração na
frequência e intensidade de chuvas (interferindo, por exemplo, na agricultura), elevação do nível do mar e
intensificação de fenômenos meteorológicos (por exemplo: tempestades severas, inundações, vendavais, ondas
de calor, secas prolongadas), entre outros. Essas conclusões foram obtidas após análise dos diversos cenários de
emissões de gases de efeito estufa para os próximos 100 anos, feitas por cientistas do IPCC” (ONLINE.
Disponível em: <http://www.inpe.br/acessoainformacao/node/483>. Acesso em: 05 de agosto de 2018).
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O crescente fluxo capitalista fundado na exploração natural para a produção de bens


capazes de sanar as necessidades humanas revelou que o uso exacerbado dos recursos
naturais, sem um devido controle, gera um grande impacto ambiental que acarreta imensos
problemas para a manutenção da vida dos seres que habitam no planeta, como é o caso do
aumento da temperatura terrestre. Tendo tal situação preocupante em mente, o legislador
editou atos normativos que protegem o meio ambiente no território nacional, para que assim
não ocorra a destruição em massa do meio ecológico brasileiro.
No ordenamento interno, pode-se citar como um dos principais atos normativos
infraconstitucionais de proteção ao meio ambiente a lei 9.605 de 23 de fevereiro de 1998, que
trata dos crimes ambientais. Foi expresso nesta norma a atribuição de comportamentos
danosos a manutenção do meio natural, sendo passível de punição na seara penal e
administrativa4, provando a importância que o legislador destinou a este meio essencial a vida
humana, uma vez que o direito penal tutela bens essenciais para o homem em sociedade
(SILVA, 2010).
Ainda no que diz respeito ao direito brasileiro vigente, um dos mecanismos de
proteção à natureza é a ação popular, que é regida pelo artigo 5º, LXXIII, da Constituição
Federal5, em que todo e qualquer cidadão é legitimado para impetrar esta ação. Sendo que
cidadão pode ser conceituado a partir das novas concepções trazidas pela Constituição de
1988, no qual não se limita a capacidade eleitoral ativa e passiva, se estendendo também a
todo indivíduo, residente no País, a quem também se reconhece legitimidade para que venha
propor demandas judiciais visando a proteção ambiental (MIRRA, 2010, p. 224).

1.2 A Preservação Da Natureza Como Instrumento De Garantia Da Vida Terrestre

Dentro da preservação da natureza, pode-se falar do ideal de sustentabilidade


ambiental que poderia ser atrelada a alguns fatores, conforme apregoado no princípio 21 da
Declarationofthe United NationsConferenceontheHumanEnvironment6, sendo estes a

4
BRASIL. Lei 9.605/1998 (lei de crimes ambientais). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm>. Acesso em: 05 de agosto de 2018.
5
“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência” (BRASIL. Constituição Federal Brasileira, artigo 5º, inciso LXXIII. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 05 de agosto de 2018.
6
“Stateshave, in accordancewiththe Charter ofthe United Nationsandtheprinciplesofinternationallaw,
thesovereignrighttoexploittheirownresourcespursuanttotheirownenvironmental policies,
andtheresponsibilitytoensurethatactivitieswithintheirjurisdictionorcontrol do not cause
damagetotheenvironmentofotherStatesorofareasbeyondthelimitsofnationaljurisdiction.” (Declarationofthe United
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exploração de recursos naturais de forma consciente, fundada em uma legislação ambiental


nacional, para que não gere danos ao meio ambiente.
Só que ainda se fala muito da dificuldade de harmonização entre o desenvolvimento
e a sustentabilidade, em que a ideia do desenvolvimento econômico parece sobrepor-se a
sustentabilidade do meio ambiente, não levando em consideração o comprometimento com a
sociedade, a economia e a justiça ambiental do presente e do futuro (MARCO, ORIDES,
2017, p. 326/327).
A partir da consideração dirigida ao meio ambiente na Constituição de 1988, assim
como os mecanismos de defesa que pode-se averiguar em âmbito nacional e internacional, é
possível inferir a grande relevância que se tem dado a natureza e seus recursos, uma vez que o
uso desregrado pode gerar danos irreparáveis ou, se reparáveis, pode levar uma grande
quantidade de tempo para retornar ao seu estado natural antes da atividade exploratória.
Devendo-se, ainda, ressaltar a influência do antropocentrismo na construção das normas de
proteção ambiental no Brasil, tomando o meio ambiente apenas como um bem em si, para uso
do ser humano da forma que lhe aprouver, dentro dos limites legais.
Em ordenamentos jurídicos de países vizinhos ao Brasil, como é o caso do Equador,
tem-se visualizado com as recentes reformas constitucionais um novo paradigma de proteção
ao meio ambiente, em uma perspectiva ecocêntrica do direito, em que os direitos da natureza
(Pachamama) e a cultura do Bem Viver foram reconhecidos como essenciais à vida em
sociedade, ou seja, o respeito prioritário à vida foi acentuado de forma notória nesse novo
panorama constitucional (MORAES, 2013, p. 126).

2 AS COMPREENSÕES ÉTICAS DO MEIO AMBIENTE E OS DIREITOS


PACHAMAMA

Existem diferentes escolas de pensamento ético-ambiental que influenciam na


construção legislativa de uma nação. A primeira delas é o antropocentrismo, que trata o meio
ambiente como instrumento de satisfação das necessidades humanas e que o conjunto de
normas que o protegem devem convergir para o homem, e não para o meio ambiente em si; a
segunda concepção é o ecocentrismo, que passa a considerar a vida como valor mais
expressivo do ecossistema da Terra, seja esta humana ou não, reconhecendo o conjunto
biótico que compõe a Terra como necessário ao equilíbrio natural. Por fim, tem a concepção
holística que pauta-se no raciocínio de que o meio ambiente é um conjunto de elementos que

NationsConferenceontheHumanEnvironment. 1972. Disponível em: < http://www.un-


documents.net/unchedec.htm>. Acesso em: 11 de agosto de 2018)
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coexistem harmonicamente fixando um equilíbrio entre si, transfigurando a visão reducionista


do meio ambiente em uma visão mais abrangente e global (ABREU, BRUSSINGER, 2013).
Ao ter em mente que dignidade e direitos são palavras e características atreladas aos
seres humanos, apresentar o meio ambiente como portador dos mesmos atributos pode causar
estranheza, uma vez que, de acordo com pensamento antropocêntrico ainda majoritário, a
natureza é um bem de extrema relevância para a vida, e sendo um bem, deve ser preservado
de maneira a assegurar o desenvolvimento desta e das outras gerações. O que implica dizer
que o meio ambiente ainda possui status de patrimônio destinado a exploração, mesmo que já
se reconheça a sua relevância para a vida como um todo (VIANA, 2013).Contudo, a transição
do pensamento mundial sobre a natureza, que se deu através da preocupação crescente com os
desequilíbrios e desastres ambientais, fez com que a visão e o comportamento dos povos
acerca do tratamento devido a este organismo vital a existência, sofressem modificações
(PASSOS, 2009).
Para melhor entender esta temática, há que se fazer breve memória da trajetória
percorrida pela comunidade internacional e nacional, até que se chegasse ao pensamento que
se tem hoje acerca da proteção ao meio ambiente, o que permitiu a ampliação da margem de
mudança do conceito de natureza como patrimônio, para natureza como sujeito de direitos
tanto na esfera jurídica, quanto cultural.
Pode-se afirmar que o movimento ambiental teve seu início a partir do século XIX
devido as mudanças ocorridas no cenário econômico e social daquela época, tais como a
revolução industrial e a segunda guerra mundial. Contudo, o marco que definiu um novo
modo de lidar com a temática do meio ambiente foi a Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo (Suécia). Esta foi a primeira conferência global
direcionada para as questões ambientais e sua declaração final contém 19 princípios que
norteiam o movimento ambiental e abordam a necessidade do incentivo aos povos na
preservação e melhoria do ambiente humano (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS).
Hipóteses apresentadas pelo mundo científico, tais como a Teoria de Gaia7, embora
antes não fossem aceitas, atualmente encontram espaço e aceitação no diálogo sobre matéria

7
A teoria de Gaia ou hipótese de Gaia, foi elaborada na década de 70 pelo inglês James Lovelock, e segundo ela,
o planeta Terra se comporta como um só organismo vivo e possui a capacidade de se auto regular. Segundo
Lovelock“A teoria de Gaia vê a biota e as rochas, o ar e os oceanos como existências de uma entidade
fortemente conjugada. Sua evolução é um processo único, e não vários processos separados estudados em
diferentes prédios de universidades.Ela tem um significado profundo para a biologia. Afeta até a grande visão de
Darwin, pois talvez não seja mais suficiente dizer que os indivíduos que deixarem a maior prole terão êxito. Será
necessário acrescentar a cláusula de que podem conseguir contanto que não afetem adversamente o meio
ambiente.” (LOVELOCK, James E. A Terra como um organismo vivo. WILSON, EO (Org.), 1997. Disponível
em: <http://www.buriti.0catch.com/gaia.doc>. Acesso em: 11 de agosto de 2018.)
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ambiental, contribuindo, através de suas previsões, para o câmbio de mentalidade da


população mundial, fazendo com que a natureza seja vista não somente enquanto matéria
prima necessária à satisfação das necessidades humanas, mas como um organismo que precisa
de cuidados afim de que se possa conservar e garantir a existência da vida no planeta Terra.
Visto todas essas mudanças ocorridas no contexto social, a ideia de que a natureza é
um ente complexo, muito além de um simples compilado de matéria-prima, e que possui um
equilíbrio vital, fez com que este novo pensamento se refletisse também na esfera jurídica dos
países, que passaram a contemplar em seu ordenamento mecanismos de proteção ambiental e
cooperação internacional para assuntos desta categoria.
No Brasil, o conteúdo ambiental passou a ter relevância a partir dos anos 50, época
na qual começaram a emergir os primeiros diplomas normativos que põem o meio ambiente
como objeto portador de direitos, no entanto, tais títulos se restringiam a assuntos ambientais
concernentes ao campo econômico e de atividades exploratórias.8Foi com a promulgação da
Constituição Federal de 1988 que o Brasil incorporou à sociedade uma visão mais holística do
meio ambiente, destinando em seu regimento maior um capítulo específico para questões
ambientais (MACHADO, 2015).

2.1 A Constituição do Equador e a Primeira Vez em Que a Natureza Foi Reconhecida


Como Sujeito de Direitos

Como um acontecimento sem precedentes na história, a Constituição do Equador,


promulgada em 2008, reconhece em sua Carta máxima, a Natureza (Pachamama) como
sujeito de direitos e a insere por completo em seu ordenamento jurídico, não mais como
objeto, mas como merecedor de tutela constitucional tal como pessoas, comunidades, povos e
nacionalidades, de acordo com o que preleciona seu artigo 10º:

Art. 10. As pessoas, comunidades, povos, nacionalidades e coletivos, são titulares e


gozarão dos direitos garantidos na Constituição e nos instrumentos internacionais.
A natureza será sujeito daqueles direitos que reconheçam a Constituição. 9
(Tradução nossa)

8
“O marco inicial legislativo fica por conta da Lei 6938/81, ao dispor sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, criando o Sistema Nacional do Meio Ambiente.” (MACHADO, Henrique Pandim Barbosa et al. Por
uma Constituição Gaia: a questão ambiental na Constituição Federal de 1988. 2015. Disponível em:
<http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/bitstream/tede/2733/1/HENRIQUE%20PANDIM%20BARBOSA%20MAC
HADO.pdf>. Acesso em: 11 de agosto de 2018.)
9
No original: “Art. 10.-Las personas, comunidades, pueblos, nacionalidades y colectivosson titulares y gozarán
de losderechosgarantizadosenlaConstitución y enlos instrumentos internacionales. La naturaleza será sujeto de
aquellosderechos que lereconozcalaConstitución.” (CONSTITUYENTE, EcuadorAsamblea. Constitución de la
República delEcuador. 2008. Disponível em: <http://repositorio.dpe.gob.ec/bitstream/39000/638/1/NN-001-
Constituci%C3%B3n.pdf>. Acesso em: 11 de agosto de 2018).
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O reconhecimento da natureza como sujeito de direitos retira a Constituição do


Equador da visão antropocêntrica de mundo e forma uma das bases para o denominado Novo
Constitucionalismo Latino-Americano.10 Assim, pode-se notar que, diferentemente das
Constituições de outros países que garantem ao ser humano o direito a um meio ambiente
saudável, a Carta Magna Equatoriana garante, por sua vez, à própria natureza o direito a um
ambiente sadio.11
Tal conceito pode ser verificado no caso do rio Vilcabamba, onde pela primeira vez
na história um ente não humano atuou judicialmente, através de representação, visando a
efetivação de direitos a ela previstos constitucionalmente (GUSSOLI, 2014).O fato ocorrido
com o rio Vilcabamba deu-se a partir do problema ocasionado por obras de extensão da
estrada Vilcabamba-Quinara, na Província de Loja, onde se foi depositado grandes
quantidades de resíduos, o que ocasionou inundações e outros danos ambientais. Todo esse
distúrbio foi originado em decorrência da realização das obras sem o estudo de impacto
ambiental, recalcitrando assim, diretamente os direitos da natureza (SUÁREZ, 2013).
Então, por meio de representação, a natureza esteve no polo ativo de um processo
onde teve ação de proteção ajuizada e decidida em seu favor 12, o que caracteriza de forma
revolucionária a prevalência de um interesse não humano sobre o interesse humano na égide
do Direito Constitucional.

2.2 A Constituição Brasileira E A Tutela Ambiental

Ao longo dos anos o Brasil passou por um extenso processo de evolução no que
tange a custódia ambiental. O início da atenção e cuidado com a natureza originou-se devido

10
“O novo constitucionalismo parte de postulados clássicos da teoria constitucional, repetindo, por exemplo, o
tradicional catálogo de direitos de proteção individual. Por outro lado, procura superar o constitucionalismo
clássico no que este não teria avançado, sobretudo no que se refere às possibilidades de articulação e releitura da
categoria soberania popular, como condição necessária de legitimação das instituições e de gestão do próprio
Estado” (VIEIRA, J. R.; RODRIGUES, V.A.C. Refundar o Estado: o novo constitucionalismo latino-americano.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.direito.ufg.br/up/12/o/24243799-UFRJ-
Novo-Constitucionalismo-Latino-Americano.pdf?1352146239>. Acesso em: 12 de agosto de 2018)
11
“Art. 71.- La naturaleza o Pacha Mama, donde se reproduce y realiza la vida, tienederecho a que se respete
integralmente suexistencia y elmantenimiento y regeneración de sus ciclos vitales, estructura, funciones y
procesos evolutivos. Toda persona, comunidad, pueblo o nacionalidadpodrá exigir a laautoridad pública
elcumplimiento de losderechos de lanaturaleza. Para aplicar e interpretar estosderechos se
observaranlosprincipiosestablecidosenlaConstitución, enlo que proceda. El Estado incentivará a las personas
naturales y jurídicas, y a loscolectivos, para que protejanlanaturaleza, y promoverá elrespeto a todos los
elementos que formanunecosistema”. (CONSTITUYENTE, EcuadorAsamblea. Constitución de la República
delEcuador. 2008. Disponível em: <http://repositorio.dpe.gob.ec/bitstream/39000/638/1/NN-001-
Constituci%C3%B3n.pdf>. Acesso em: 11 de agosto de 2018).
12
Decisão dos autos número 11121-2011-0010 do JuzgadoTercero de lo Civil de Loja. Disponível em:
<http://www.elcorreo.eu.org/IMG/pdf/Sentencia_ce_referencia.pdf>. Acesso em: 15 de agosto de 2018.
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ao seu caráter econômico, fazendo com que as normas até então criadas regulamentassem
apenas questões de atividade exploratória (MACHADO, 2015).
Somente com o advento da Constituição Federal de 1988, uma grande parcela de
direitos foram reconhecidos e passaram a ser amparados pelo ordenamento jurídico, dentre
eles tem-se a defesa ambiental, representando o abandono da visão fragmentária e cingindo a
visão holística de natureza no direito brasileiro (MACHADO, 2015).
Em seu artigo 225, a Carta Constitucional de 1988 apregoa que “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”13. O que explicita que a natureza é um
direito fundamental do ser humano e por esta justificativa há que se preservar e efetivar as
prerrogativas estabelecidas no texto constitucional.
O que difere a constituição brasileira, que reconhece e assegura direitos à natureza,
da constituição do Equador, que também ampara sobre o baluarte do direito o meio ambiente
é quem são os titulares dos direitos garantidos. No caso brasílico, os seres humanos são os
sujeitos portadores destas prerrogativas, entretanto, no atinente a lei máxima equatoriana, a
própria natureza detém o status de sujeito (SOUZA, 2014).A exemplo desta disparidade tem-
se o ocorrido em Mariana, em 201514, e Brumadinho, em 201915, no estado de Minas Gerais,
em que mesmo tendo sido o desastre ambiental de grande proporção e causado prejuízos
ambientais e humanos, no polo passivo da ação jurídica contra a empresa responsável pelo
sinistro, encontra-se somente as pessoas que foram prejudicadas.
Percebe-se então, que embora tenha reflexos do novo constitucionalismo latino-
americano, o direito brasileiro ainda favorece os interesses humanos acima de qualquer outro
e restringe seu manto de proteção apenas ao que o fere, fazendo com que a natureza dependa
do conflito entre o direito dos seres humanos para que o seu seja efetivado.

13
BRASIL. Constituição Federal Brasileira, Capítulo VI – Do meio ambiente. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 19 de agosto de 2018.
14
“No dia 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, da Samarco Mineração, em Mariana, Minas Gerais,
rompeu, resultando no derramamento de mais de 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no vale
do Rio Doce. Como resultado, 19 mortos, mais de 600 pessoas desabrigadas e desalojadas, milhares de pessoas
sem água, danos ambientais e socioeconômicos incalculáveis a toda a Bacia do Rio Doce e cerca de 40
municípios afetados em Minas e no Espírito Santo.” (PORTO, Antônio José Maristrello; DOS SANTOS, Laura
Meneghel. Reflexões sobre o caso da Samarco em Mariana. Revista Conjuntura Econômica, v. 70, n. 6, p. 60-
61, 2016. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rce/article/download/65804/63523.>
Acesso em: 19 de agosto de 2018.)
15
ESTADÃO. Vale é condenada a pagar R$ 11,8 mi a familiares de vítimas de Brumadinho. 2019. Disponível
em: <https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2019/09/epoca-negocios-vale-e-condenada-a-pagar-r-118-
mi-a-familiares-de-vitimas-de-brumadinho.html>. Acesso em: 22 de setembro de 2019.
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3 A PROTEÇÃO DA NATUREZA À PARTIR DA SUA CARACTERIZAÇÃO COMO


SUJEITOS DE DIREITOS

A transmutação das concepções éticas-ambientais que o homem dirige ao meio


ambiente vêm se modificando com o tempo, saindo de uma perspectiva unicamente
antropocêntrica e abrindo espaço para debates acerca de perspectivas mais ecológicas, como o
ecocentrismo e holismo. No Brasil, com a Constituição de 1988, é possível perceber um
estágio intermediário entre o antropocentrismo e ecocentrismo, considerando que a Carta
Federal reconhece o meio ambiente como bem de uso comum, mas não deixa de frisar a sua
importância para as presente e futuras gerações à medida que a considera como parte
essencial para a uma sadia qualidade de vida16.
A ideia de transmutação da natureza em um sujeito de direitos como mecanismo de
efetivação de sua proteção, ocorrida no Equador, por exemplo, traz uma nova perspectiva de
como as relações entre a natureza e o homem podem se aprofundar, adotando-se um regime
jurídico com um viés mais ecológico das normas de direito ambiental, não tratando a natureza
apenas como um objeto de uso humano.

3.1 A Caracterização da Natureza Como Sujeito de Direitos e Seus Benefícios Para a


Proteção do Meio Ambiente

Sabe-se que o direito, enquanto meio de regulamentação das relações coletivas,


acompanha as mudanças que intercorrem na sociedade sob todas as perspectivas. Assim, tem-
se hoje os instrumentos normativos que estabelecem garantias para os seres humanos e
também para a natureza, dado que, protegê-la e preservá-la somente sob a custódia dos
interesses humanos, tem se mostrado insuficiente.
Há que se ressaltar que a proteção até então garantida à natureza, na maioria dos
países, incluindo o Brasil, está associada a fins econômicos. Ou seja, o eixo central para a
assistência ao meio ambiente se encontra na sua conservação17, visando seus recursos para
asseverar o contínuo desenvolvimento da sociedade. Acerca do tema Antônio Herman
Benjamin (2009, p. 91) apregoa:

16
BRASIL. Constituição Federal de 1988, art. 225. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 01 de Julho de 2019.
17
“The general acceptabilityoftheresourceconservation perspective arisesfromthefactthat it proceedsfrom a
human-centered, utilitarian framework thatseeksthe "greatestgood for thegreatestnumber" (including future
generation) byreducingwasteandinefficiency in theexploitationandconsumptionofnonrenewable "natural
resource" andensuring a maximumsustainableyield in respectofrenewableresource”. (ECKERSLEY, Robyn.
Ambientalismo e teoria política: Rumo a uma abordagem ecocêntrica .Suny Press, 1992. P. 35-36.)
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Há aqueles que, na proteção do meio ambiente, preferem enfatizar o enfoque do


homo economicus. Para essa corrente de pensamento, integrada, como não poderia
deixar de ser, fundamentalmente por economistas, “Tudo o que fazemos, e toda a
organização da sociedade moderna, tem, goste-se ou não disso, uma orientação
econômica. Assim, se queremos preservar nossas florestas e ecossistemas ainda
inteiros, é preciso, antes de tudo, tornar isso economicamente interessante”.

Visto isso, e tendo em vista a mudança de pensamento global acerca do cuidado com
o meio ambiente, se pode atentar para a perspectiva de que conferir personalidade jurídica à
natureza é dotá-la de valor jurídico em si própria, ou seja, é garantir sua proteção
independentemente de sua valia econômica para o homem (BENJAMIN, 2009).
De acordo com a resolução Nº 001, de 23 de janeiro de 1986, do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA) “considera-se impacto ambiental qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas” (CONAMA, 1986).
Logo, ao adotar a perspectiva de personalidade jurídica ao meio ambiente, o
ordenamento jurídico – logo, a sociedade – admitiria que a natureza se “defendesse” dos
constantes abusos e degradações sofridos pela ação do homem, uma vez que ela própria
poderia requerer a concretização dos seus direitos, permitindo por exemplo, sua auto-tutela
em questões de poluição, desmatamento, exploração e uso irresponsável dos recursos naturais.
Assim, ao perceber que a natureza é condição sinequa non para a manutenção da
vida do planeta, colocá-la no rol de entes com personalidade jurídica, pode garantir de modo
mais eficaz que todos os seus direitos sejam ratificados, uma vez que não haverá a
necessidade de manifestação de violação de interesses humanos para se utilizar os elementos
jurídicos na tutela de seus direitos próprios, garantindo assim, sua proteção e preservação,
bem como, garante também os direitos do próprio ser humano, dado que ambos estão
intrinsecamente ligados devido sua interdependência (BENJAMIN, 2009).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A consciência global a cada dia que se passa tem se convergido para um problema
em comum, a realidade da destruição ambiental e os impactos que tem gerado na vida em
sociedade. Apesar de ainda existir uma prevalência dos mercados de capital e do consumo
perante o meio natural, já é perceptível o movimento de diversos atores sociais em defesa da
proteção ambiental à fim de tentar amenizar os impactos da devastação ecológica que tem
ocorrido nos últimos anos.
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O direito brasileiro tem se preocupado com a proteção da natureza, seja na esfera


Constitucional, ao destinar-lhe um título que trate especificamente sobre a matéria, seja em
ordem infraconstitucional, com a edição de normas que visam assegurar a manutenção e a
sustentabilidade dos ecossistemas.
Indo mais além, é possível perceber a importância legal que se tem se dado ao meio
ambiente nos últimos anos com a Constituição de 2008 do Equador, que trouxe um romper de
paradigmas no que diz respeito a caracterização da natureza, tornando-a em um sujeito de
direitos. Ocorrendo com isso a transformação da visão centrada no antropocentrismo do
direito para uma visão mais ecocêntrica, em que o homem não é único ator principal nas
relações jurídicas, mas o meio ambiente, com toda a sua essencialidade, passa a possuir
prerrogativas que antes não lhe eram destinadas, sendo capaz de se “autodefender” das
destruições em massa.
Concluindo, por fim, que a realidade brasileira ainda se compatibiliza com o modelo
do bem viver apregoado no Equador ao ponto de caracterizar o meio ambiente como um
sujeito de direitos, a partir de uma perspectiva mais ecocêntrica do direito. Entretanto,
considerando as alarmantes mudanças negativas que tem ocorrido no meio ambiente nos
últimos anos, o modelo adotado no Equador é uma perspectiva a ser vislumbrada como mais
uma hipótese de fortalecer o sistema de defesa ambiental no Brasil, a partir da integração
entre o povo e o Estado para que juntos possam efetivar a sustentabilidade ambiental no país.

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NATURE AS A SUBJECT OF RIGHTS: AN ANALYSIS OF THE NEW


ENVIRONMENTAL PROTECTION MODEL IN LATIN AMERICA

ABSTRACT:

This article aims to analyse the Securitização new model of


environmental protection from the transformation of nature in to
subject so frights, as willhappen in Ecuador from the Constitution of
2008. There fore, it isaimed to carry out a brief study of the protection
system to the environment in Brazil, followed by the analysis of
environmental protection from the Ecuadorian Constitution and the
introduction of Pachamama rights as a basis for living in society, and
finally the benefits of protecting the environment bygiving them the
status of subject flaw. The present article will have as a methodology
the bibliographical documentary, mainly making use of article sthat
approach the theme in order to base thisre search.

Key-Words: Environment. Subjectofrights. Ecocentrism.


Pachamama.

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