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Disciplina BAE 062 - Gestão Ambiental na Empresa

8 – Ecodesign

Alguns fatores que caracterizam o desenvolvimento sustentável:


- Empreendimentos inseridos em contextos físicos e biológicos adequados;
-Hegemonia da noção de "ecodesign" dentro do processo, ou seja, aproveitar as
possibilidades de uso otimizado de matérias, de forma que sejam recicláveis e/ou
reaproveitáveis;
-Respeito pelos princípios de sustentabilidade que envolve usos conservativos de
recursos materiais, hídricos e energéticos;
-Em caso de serem necessários tratamento de efluentes líquidos industriais,
gestão de resíduos sólidos e monitoramento ambiental de emissões atmosféricas, que os
mesmos sejam realizados dentro dos melhores conceitos e padrões técnicos, atingindo
níveis de elevada eficiência e eficácia;
-Participação em ações de educação ambiental relevantes e projetos
comunitários com finalidade ambiental;
-Disposição e comprometimento social com a transparência, a solidariedade, a
democracia e a justiça social.

Ecodesign: busca procurar matérias-primas que sejam recicláveis ou utilizar


materiais que sejam reaproveitáveis e reduzir todos os danos ambientais possíveis.
Segundo a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei 11445 de 2007):
Reutilização – processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua
transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os padrões
estabelecidos pelos órgãos competentes;
Reciclagem – processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a
alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à
transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões
estabelecidos pelos órgãos competentes.
Definição de design: vocábulo importado da língua inglesa, origem mais remota
do latim designare => leva a duas interpretações: designar e desenhar. Sendo assim,
pode-se definir que o design é a atividade que gera projetos trabalhando a junção de
dois níveis, atribuindo forma material á conceitos intelectuais.
História do design ao ecodesign
Origem da aplicação das técnicas de design: antiguidade na fundição de
materiais, Leonardo da Vinci - principal representante do designer de sua época.
No começo da industrialização os produtos eram muito parecidos - o design
permitiu diferenciá-los e torná-los mais bonitos e mais caros, incentivando o aumento
do consumo.
Após a revolução industrial, a modernização das cidades e a globalização - o
consumo cresceu generalizadamente. A sociedade é absorvida por falsos desejos de
consumo, as pessoas passam a depositar sua felicidade no consumo, acredita que todos
os problemas podem ser resolvidos comprando um novo produto, o que não se
concretiza.
O consumo desenfreado, acompanhado pela criação de novos produtos, cada vez
mais descartáveis devido à constante renovação das formas e o ciclo de vida mais curto,
contribuiu imensamente para o sucateamento dos bens de consumo, gerando um volume
cada vez maior de resíduos sólidos.
O primeiro ecodesign
Em 1974, uma das primeiras propostas de design com reciclados. Uma equipe da
Escola Superior de Design de Offenbach, na Alemanha chamada "des-in" criou o sofá
produzido com pneus usados, para um concurso de Design em Berlim. No entanto, este
modelo, que incluía a realização do projeto, a produção e a venda dos próprios produtos,
fracassou, sobretudo por causa de limitações econômicas. Não obstante, “des-in” foi o
primeiro grupo que tentou, na prática, conectar alternativas de projeto sustentável.
O ecodesign começa a surgir em sua primeira interpretação, ou seja, inspirado
pelas ideias de reaproveitamento. Posteriormente o ecodesign ganha uma dimensão
maior sendo associado ao ciclo de vida do produto, alicerçando o conceito de que o final
do ciclo de vida do produto não é o fim da vida do material.
O ecodesign, junto com a história do movimento ambientalista, passou por
diversas fases, entre elas:
- A fase do “faça-você-mesmo”: O ecodesign aparece com propostas de boicote
às indústrias com uma onda de projetos com a proposta de baixo custo com orientações
e instruções detalhadas para que pudessem ser feitos em casa, buscando impedir que
empresas patenteassem e vendessem tais projetos.
- A fase do consumo verde: Durante a década de 1980, trouxe uma nova
estratégia, na forma de consumo de produtos ecológicos ou verdes. O comportamento
envolve o combate ao desperdício, a redução do consumo de recursos naturais e de
produtos descartáveis, embalagens desnecessárias, bem como reaproveitamento de
produtos e reciclagem de materiais. Além da escolha por produtos certificados com
selos verdes ou sociais.
Seguindo esse pensamento da segunda fase começa a surgir, principalmente na
Europa, um novo tipo de consumidor, um consumidor consciente, disposto a pagar mais
caro por um produto menos poluente e em conformidade com os padrões ambientais
avançados, esse novo consumidor também estimulou os designers e as empresas a
investirem em projetos sustentáveis com a intenção de agregar valor ao produto.
O processo de desenvolvimento de um produto
As etapas são:
1. Escolha de Materiais;
2. Processos de fabricação;
3. Embalar o produto;
4. O produto acabado;
5. Transportar o produto;
6. Geração de resíduos sólidos.
É papel do designer estipular todos os detalhes pertinentes a cada uma dessas
etapas, de maneira que, soluções ecologicamente corretas possam ser adotadas
permitindo uma maior eficácia no resultado final. Nem sempre é possível contemplar
todas as etapas com medidas sustentáveis, no entanto, ao implementar uma ação apenas,
em uma das etapas do projeto já se pode falar na adoção de uma medida preventiva ou
corretiva em relação aos impactos ambientais negativos.
Benefícios do ecodesign:
Reduz custos – evita aspectos ambientais negativos e com isso dispensa o custo
que teria para remediá-los;
Atende a legislação – produtos concebidos com princípios de ecodesign atendem
mais facilmente a requisitos de leis ambientais;
Valoriza a imagem da empresa;
Incentiva a inovação – buscando soluções para melhorar o desempenho
ambiental do produto, pode-se obter um produto completamente inovador de alta
qualidade e desempenho;
Obtenção da ISO 14001 – um dos requisitos exigidos.

Exemplos de ecodesign
ZigPack – Acessório que permite o transporte de garrafas de vinho, baseado na
teoria dos três pontos de apoio, essa invenção é feita de cartão kraft e pode ser
reutilizada, dispensa o uso de muitas sacolas plásticas;
Vin Grâce – Garrafa de vinho feita de papel texturizado e reciclável;
Água orgânica – Uma empresa estadunidense inventou um método de purificação e
obtenção de água que vem de frutas e vegetais orgânicos;
Happy Eggs – Embalagem de ovos feita de feno, a estrutura é feita a partir de
um processo de aquecimento que o molda, com um design criado para minimizar e
simplificar o uso do material. Utiliza material que existe em grande quantidade em
fazendas, reaproveitando o material;
Nezinscot Farm - Essa empresa criou embalagens de leite, de queijo e sacolas
com o objetivo de serem orgânicas, sustentáveis e sem rótulos. O papel usado nas
sacolas da loja é feito de sementes de grama, que crescerão onde quer que ele seja
descartado. A tipografia foi feita a mão para reproduzir o formato da grama. As garrafas
de leite são retornáveis e possuem todas as informações impressas no vidro. Os pacotes
de queijo são feitos com tecido a partir de queijo e papel de cera, ambos biodegradáveis;
Cup.Fee – É uma mistura de copo e colher portáteis, feitos de papel reciclável. É
um processo simples de destacamento e despejo, feito para diminuir a quantidade de
descarte na hora de tomar café;
Garrafa de Vodka de metal - A embalagem feita de aço reutilizável, reciclável e
à prova de quebra, a empresa encoraja o uso da garrafa após o consumo da bebida;
Nurture – É uma embalagem que incorpora as raízes vivas de frutas e legumes.
A invenção permite que os alimentos cresçam dentro da embalagem e, quando
vendidos, estejam ainda em seu processo de amadurecimento. A embalagem tem a
forma de uma tigela feita de material orgânico. É tecida com as raízes de tomates, figos
ou cerejas. Ao manter a embalagem úmida, as sementes continuam crescendo durante
todo o processo do transporte;
Method – Spray sem CFC, ao invés de usar propelentes variados de petróleo, os
sprays são colocados em uma câmara hermética que, quando usada, lança sua
fragrâncias com componentes não tóxicos;
Fita para temperos – O papel possui furos que são usados para o ajuste de
tamanho do tempero, e fita que pode ser usada para escrever à mão o tipo de produto
comprado;
Lata comprimida – Tecnologia de compressão que faz latas menores de
desodorante e, portanto, economiza alumínio. As latas, antes de 150 ml, foram dividas
pela metade, sendo agora de 75 ml, com 25% menos alumínio, 28% menos embalagem
e combustível, usando menos energia no transporte e na produção, economizando nos
custos de transporte e espaço nas prateleiras. Segundo a empresa, não haverá redução de
efeito ou duração do produto;
Frida e Ceci – Calcinhas-absorventes, feitas de material que substitui
absorventes íntimos descartáveis, podendo ser lavadas, evitando a geração de resíduos.
Garrafa de gelo – A Cola Cola criou essa embalagem através de água
microfiltrada derramada em moldes de silicone, congelados a -25°C para, em seguida,
serem preenchidos com o refrigerante. Para garantir uma experiência livre de dedos
congelados, cada garrafa é embalada com uma pulseira de borracha vermelha estampada
com o logotipo da marca, para garantir que o cliente tome a bebida com conforto.
Problema: apesar de investir em uma iniciativa sustentável sem o uso de garrafas
plásticas, foi comentado que a quantidade de água e de energia usadas pela empresa, de
certo modo, anula os benefícios sustentáveis.

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