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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA


ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

MOTORES ELÉTRICOS

André Carraro
67-67-69

Bento Gonçalves, 26 de novembro de 2010.


Introdução

Com o domínio dos conhecimentos do campo magnético induzido pela corrente


elétrica, surgiu uma idéia que acabaria revolucionando as formas de geração de trabalho
e força. Com uso de alguns fatores naturais e outros inventados por grandes mentes de
nossa história, surge o que chamamos hoje de Motores Elétricos. Máquina capaz de
converter energia elétrica em energia mecânica.

Utilizados amplamente em nosso dia a dia, os motores variam desde pequenos


eletrodomésticos como liquidificadores e ventiladores até grandes motores industriais
capazes de movimentar toneladas. A gama de suas variações atingem as mais diversas
especificações técnicas, sendo alguns de alta precisão, controlados eletronicamente por
drives e inversores, utilizados em robôs e máquinas de automação.

Este trabalho apresentará um breve histórico das descobertas para o surgimento


dos motores e descreverá dois modelos de motores elétricos: o Motor CC de Escovas e
o Motor Trifásico Assíncrono de Gaiola, bem como seus princípios de funcionamento e
cálculos de velocidade.
1. História

Os fenômenos de movimentação mecânica induzida pela forma magnética


começaram a ser observados em 641 a.C., pelo grego Tales de Milleto, que, ao
friccionar âmbar em um pano, o mesmo apresentava a característica de atração de
corpos leves, como pêlos, penas e cinza. Após um longo período, em 1820, o
dinamarquês Hans Cristian Oersted, ao realizar experiências com corrente elétrica,
verificou que a agulha de uma bussola era desviada de sua posição Norte quando
aproximada de um condutor elétrico carregado, dando efetivamente inicio aos estudos
da relação entre eletricidade e campo magnético.

Em 1825, um sapateiro chamado William Sturgeon, o qual estudava fenômenos


elétricos em suas horas vagas, descobriu, baseando-se nos experimentos de Oersted, que
um núcleo de ferro envolto por uma bobina de fio condutor carregado transformava-se
em um imã, sendo que esta propriedade não era vista ao interromper a corrente desta
bobina. Inventou-se então o eletroímã, fundamental na criação de máquinas elétricas
giratórias.

O cientista italiano Salvatore Dal Negro construiu em 1832 a primeira maquina à


corrente alternada de movimento vai-e-vem. Após a invenção de Dal Negro, muitos
inventos surgiram, porém apenas em 1838 o motor elétrico desenvolvido pelo professor
de Física Moritz Hernann Von Jacobi, aplicado em um pequeno bote, obteve sucesso.
No entanto todos estes inventos estavam baseados na corrente contínua, sendo que em
1885 o engenheiro Galileo Ferraris construiu um motor de Corrente alternada de duas
fases. Em 1887, Nikola Tesla apresentou um pequeno protótipo de motor com rotor em
curto circuito, mas devido ao baixo rendimento deste a empresa Westinghouse, então
proprietaria da patente do projeto de Tesla, abandonou as pesquisas de
desenvolvimento.

Em 1889, o engenheiro Alemão Dobrowolsky, entrou com pedido de propriedade


do projeto de um motor trifasico com rotor de gaiola. Este apresentava 80W de potência
com um rendimento de 80%. Dobrowolsky desenvolveu em 1891 a primeira linha em
serie de motores assíncronos em potencias variantes de 0,4 a 7,5kW.
2. Funcionamento

Basicamente, o funcionamento de motores consiste em transformar Força Elétrica


em Força Mecânica. Porém, isso só é possível devido a alguns fatores físicos
fundamentais, como a relação entre Força Magnética, com característica giratória no
interior do motor e o Campo induzido gerado no rotor. Serão demonstrados alguns tipos
de motores comuns, os quais são amplamente utilizados nas indústrias.

2.1. Motores CC

O motor de Corrente Contínua, ou Motor CC, é constituído mecanicamente de um


estator e um rotor. O estator possui pólos elevados onde são enroladas as bobinas de
formação do campo magnético. Existem também Motores CC que, ao invés de bobinas,
possuem imãs permanentes, ou seja, sem necessidade de circulação de corrente elétrica
nos mesmos para geração do campo. A Figura 1 mostra o esquema de um motor com os
pólos formados por bobinas. O rotor é um eletroímã com núcleo de ferro e enrolamentos
na superfície alimentados por um sistema de comutação mecânica. Esses enrolamentos
são bobinas com certo numero de espiras, as quais possuem suas extremidades inseridas
em sulcos igualmente espaçados aos pólos do estator, de modo que um dos lados esteja
sobre o pólo sul enquanto o outro lado esteja sobre o pólo norte. A Figura 2 mostra os
pólos do rotor e o sistema de comutação mecânica por escovas.

Figura 1 Figura 2
Como o fluxo de corrente é contínuo nestes motores, há necessidade de um
comutador para gerar a alternância de corrente. Nos casos de motos comuns, ou seja,
sem um controle eletrônico via Drive, por exemplo, o comutador é um componente
mecânico solidário ao eixo do rotor, com formato cilíndrico e com lâminas onde são
conectadas as bobinas do motor.
Este comutador juntamente com as escovas fixas que exercem pressão sobre o
mesmo, as quais são ligadas aos terminais de alimentação, provocam a inversão de
corrente necessária para manter o motor em funcionamento giratório no mesmo sentido
de partida. A Figura 3 mostra um esquemático de funcionamento de um Motor CC com
inversão de corrente.

Figura 3

A Figura 3 é um exemplo simples de motor CC com estator de imã permanente e


rotor de bobina eletro-magnético, por onde a corrente elétrica é capaz de gerar a força
mecânica resultante. Estas atrações e repulsões em sincronismo, mostradas na Figura 3,
são capazes de gerar o movimento giratório dos motores.

A velocidade destes motores pode ser dada através da equação , onde


Phi sendo a intensidade de campo e Vg, a Força Contra Eletromotriz. Logo, a
velocidade é inversamente proporcional a Intensidade de Fluxo de Campo Magnético.
2.2. Motores CA

Os motores de Corrente Alternada, ou Motores CA, são divididos em uma ampla


variedade, mas devido à grande quantidade de variações, será descrito apenas o Motor
Trifásico Assíncrono de Gaiola.

2.2.1. Trifásico Assíncrono de Gaiola

Este Motor é constituído basicamente de um estator (Figura 4) com núcleo ferro


magnético laminado com pólos elevados, nos quais são enroladas as bobinas ligadas às
3 fases de corrente de alimentação e um rotor (Figura 5), chamado gaiola de esquilo
devido ao seu formato, constituído por um núcleo de chapas ferro magnéticas isoladas
entre si, sobre o qual são inseridas barras condutoras de alumínio fixadas em suas
extremidades por anéis de alumínio condutor, provocando curto-circuito nestes
condutores.

Figura 4 Figura 5

2.2.2. Funcionamento

O rotor é fechado com anéis de vedação, os quais são conectados nos anéis de
alumínio. Como estes anéis de alumínio estão curto-circuitados pelas barras de alumino
condutor da gaiola, formam um circuito elétrico fechado, logo, gerando um campo
magnético atuante pela passagem de corrente.
As bobinas, também ligadas a uma linha de alimentação, geram um campo
eletromagnético defasado do campo gerado no rotor. O pólo Norte do Estator repele o
pólo Norte do Rotor, bem como os pólos Sul se repelem. Assim, o pólo Sul do Rotor é
atraído pelo Norte do Estator e o pólo Norte do Rotor é atraído pelo pólo Sul do Estator.
Essa característica, mostrada na Figura 6, gera um movimento giratório no rotor, porém
há necessidade de uma inversão de corrente para que o movimento não cesse.

Figura 6

No caso dos Motores CC, como descrito anteriormente, o comutador gera essa
alternância. Já neste caso, como a alimentação por natureza do seu gerador, é alternada
e defasada em 120º (Figura 7), torna possível o movimento, transformado a energia
elétrica que gera campos no interior do motor, em energia mecânica, utilizada para
movimentação que varia de eletrodomésticos a grandes máquinas industriais.

Figura 7
Uma característica dos motores Assíncronos é a existência do escorregamento, ou
seja, um atraso entre o campo magnético girante e a velocidade do Rotor. Esta
informação é necessária para o calculo da velocidade, que pode ser obtida pela
expressão abaixo:

Onde:
: Velocidade Síncrona
: Freqüência de rede em Hz
: Número de pólos

Nesta equação, a velocidade é considerada ideal, mas devido ao escorregamento,


causado pela característica mecânica do motor, a velocidade informada na Placa de
Identificação é menor. Então:

Onde:
: Escorregamento
: Velocidade Indicada na Placa de Identificação

Logo, a Velocidade de Rotação ( ), dada em R.P.M. (rotações por minuto), pode


ser obtida pela equação:
Conclusão

Com esta pesquisa, pode-se perceber a grande importância dos motores em


trabalhos diários nas residências e em processos industriais. Desde seu estudo até sua
aplicação atual, a busca por uma melhor relação de rendimento entre potência
necessária de alimentação e potência de trabalho fornecida, tem grande importância no
momento de uma aprovação ou rejeição de equipamento.
Com o surgimento de novos estudos, controladores automatizados são inseridos
juntamente com motores elétricos, criando assim um sistema que é realimentado com
informações do ambiente, tornando este sistema praticamente independente da
interferência humana, afastando o trabalhador industrial das áreas de risco.
Não apenas em industrias, mas em residências, os motores cada vez mais são
aplicados para facilitar a vida, como exemplo pode-se ver em grande parte das moradias
portões eletrônicos, elevadores e eletrodomésticos.
Bibliografia

HONDA, Flavio; Motores de Corrente Contínua: Guia Prático para uma boa
especificação. Siemens; São Paulo, Edição 01.2006; Disponível em
<http://www.siemens.com.br/medias/FILES/2910_20060505141908.pdf>. Acesso em:
14 nov. 2010

MOTOR Elétrico; Autor Anônimo; WIKIPEDIA; Disponível em


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Motor_el%C3%A9trico>. Acesso em : 15 nov. 2010.

VIEIRA, Engº Luciano; Motores Elétricos Princípios e Fundamentos; Universidade


Estadual de Maringá.

MARTINO, G. Tradução: Engº Carlos Antonio Lauand, Eletricidade Industrial,


Hemus, 2002.

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