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Nome: Lidhya Maria Barbosa Gondim

Professor: León
Disciplina: Sociologia aplicada a psicologia

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA

Governo brasileiro e a instauração do fascismo velado escancarado


Ao falar sobre fascismo em termos gerais, primeiramente, é importante citar como
que esse movimento surgiu, seu contexto, e suas características principais. O fascismo se
instaurou primeiramente na Itália, possuindo outras nomeações, como o nazismo na
Alemanha. É comum que esse tipo de regime se instale em momentos de dificuldades
econômicas e políticas, uma vez que esse movimento apresenta ideais autoritários, que
podem ser agregados como uma alternativa de reerguer o país. Algumas de suas
características principais, são: O autoritarismo, regime centralizado, tem como objetivo
principal a ordem estabelecida, tendência para um exercício de forte controle autocrático,
faz prevalecer os conceitos de nação, desprezo pela democracia, repressão da oposição
através da força, entre outros, etc.
O surgimento desse tipo de regime, se deu após a Primeira Guerra Mundial, em
um momento em que os países envolvidos tiveram danos severos, tanto de cunho social
como na estrutura econômica. Embora essa momento histórico tenha acontecido,
principalmente, entre potências europeias, a influência europeia sobre as colônias, e
também sobre a ideologia difundida mundialmente, levou a tornar a guerra global,
influenciando, inclusive, o Brasil – que por sinal, teve uma breve participação.

A guerra trouxe consigo uma série de problemas, entre os quais cabe citar: A morte
de cerca de 9 milhões de pessoas (entres civis e militares), desenvolvimento de
armamentos de guerra, geração de uma crise econômica europeia, fortalecimento do
cenário militar, uma condição favorável para o surgimento de regimes fascistas, etc.
A ideia de condição favorável para o surgimento desse regime autoritário, se
refere as mazelas adquiridas, ou seja, as consequências negativas advindas da guerra. Não
houve só danos observáveis, como também danos psicológicos, que podemos tratar como
essenciais para a instauração do fascismo. As mortes de parentes, o caos estabelecido por
anos, militares sobreviventes e que confrontaram mortes, armas, fogo, assim como os
civis, fizeram com que a sociedade entrasse em estado de choque, pavor, medo,
sentimento de querer se defender. Os governos, por sua vez, no intuito de estabelecer
defesa ao ataque inimigo, evitar perdas sociais e econômicas, instauraram regimes
opressor, baseado na ordem, disciplina e de caráter altamente militar. É possível então
estabelecer uma certa ligação, entre o momento histórico antecessor e a ideia da
“salvação” trazida pelo movimento surgente.
O Brasil, por sua vez, não teve uma participação direta na Primeira Guerra, apenas
contribuiu com soldados e apoio aos países que logo depois foram considerados vitoriosos
na Guerra. Em seu contexto histórico durante esse evento, viu-se uma queda econômica
na agroexportação de café e alguns poucos ganhos modestos pelo apoio as potências
vencedoras. Após a guerra, o Brasil teve influências fascistas facilmente visualizáveis,
como o surgimento do movimento integralista sob a liderança de Plínio Salgado. Este, se
mostrou adepto as ideias do movimento modernista “verdeamarelista” que valorizava a
cultura nacional, atacava o comunismo, traços de antissemitismo, tinha como lema
“Pátria, Deus e Família”, etc.
Ao analisar essas características do fascismo e as do movimento integralista
inspiradas nos ideais fascistas, é possível perceber uma certa semelhança com aquilo que
vivemos atualmente no governo Bolsonaro. Em 4 de setembro, em uma reunião
juntamente com a ONU, Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, diz que o espaço
democrático no Brasil está encolhendo, a violência policial está aumentando e a apologia
a tortura está reforçando a sensação de impunidade. A fala de Bachelet nos faz questionar
fortemente a atual realidade brasileira, será mesmo que o Governo Brasileiro, liderado
por Jair Bolsonaro, é um governo fascista?
Depois de todo o apanhado histórico feito e levando em consideração tudo que
ocorreu desde que Bolsonaro assumiu o poder, é importante fazer uma comparação
apontando ideais que apresentam caráter fascista. Em primeira mão, é importante
evidenciar que o Brasil vem passando por dificuldades significativas no âmbito
econômico. Antes mesmo do governo bolsonarista, uma onda de manifestações se
levantou contra o governo de Dilma Rouseff, logo depois ocorreu o golpe, e Michel
Temer se estabeleceu na presidência, gerando ainda mais descontentamento. Com isso,
surgiu uma figura política conservadora, militar, autoritária e nacionalista, o político Jair
Bolsonaro, que se mostrou como um solucionador dos problemas apontados, gerando
uma mobilização social de apoio. Começando por esse viés, percebe-se a semelhança com
a antiga instauração dos antigos movimentos fascistas, uma vez que os mesmos possuíam
as dificuldades apontadas e se estabeleceram no pós-guerra. Contudo, isso se mostra o
mínimo comparado a tudo aquilo que Bolsonaro prega.

É importante citar, também, o discurso do atual presidente, que adota a ideia


convencional do que é considerado família (pai, mãe e filhos) e reprime o pensamento
acerca da vivência da sexualidade livre, além de adotar regras burguesas para a sociedade,
estabelecer costumes convencionais, influenciar a fazer do racismo estrutural confirmado
pela truculência policial, etc. Tudo isso ocorre com o intuito de “higienizar” a sociedade
de uma certa forma, promovendo com isso a exclusão de boa parte da população que não
se adequa a esses termos. Essa forma de exclusão se assemelha aos ideais fascistas e
nazistas, que utilizavam da eugenia para agir “moralmente” contra grupos minoritários,
havendo com isso a legitimação da exclusão. Cabe citar, também, que essa ideia
conservadora se estabelece com o consenso social, ou seja, o governo de direita estabelece
uma troca com a população direitista e frustrada com a situação política, promovendo um
ideal de um governo baseado na ordem e no progresso e recebendo apoio governamental.
Citado brevemente no parágrafo anterior, pode-se dizer que a violência policial é
um reflexo dessa política autoritária. Em um governo que o militarismo é defendido e
incentivado, assim com a truculência policial, a apologia a tortura, o liberação do
armamento, ou até mesmo a celebração de um torturador, os policiais, se vêem na
liberdade de agir como bem quiserem, afinal, são a parte executiva do pensamento
político instaurado. Alguns exemplos dessa realidade podem ser abordados, desde casos
individuais, como a perseguição ao jovem estudante da UFPB por guardas da própria
faculdade, que o torturaram, ameaçaram de morte e o fizeram; como a violência contra
manifestantes, e o episódio em que policiais saíram atirando em uma favela do Rio de
Janeiro com moradores em sua maioria negros. Como se não fosse suficiente, os próprios
civis costumam fazer “justiça” com as próprias mãos através de atos violentos, um
exemplo disso, foi o jovem negro que levou chicotadas por furtar um chocolate, ou os
milhares de homicídios ocorridos no meio LGBT. Esse tipo de violência não é só
comumente em regimes nazifascistas, como característicos de ditaduras militares.
Pontuando mais uma atitude desse governo, com seu ideário de “Pátria acima de
todos, Deus acima de tudo”, a guerra aos direitos humanos, e a ameaça a constituição
vigente, Bolsonaro revela seu nacionalismo exacerbado, sua ideologia cristã imposta em
um estado que supostamente deveria ser laico (Já não era antes). Além dessas ações
ridículas, Bolsonaro defendeu a censura na área cultural, promoveu uma guerra contra as
universidades, e promoveu também o esvaziamento das participações em conselhos.
Esses e outros absurdos característicos do governo atual, mostra seu autoritarismo
direitista, conservador, excludente, nacionalista, antidemocrático, antissemita, contra os
direitos humanos, repressor, violento e acima de tudo fascista, uma vez que se assemelha
a uma série de elementos desse movimento.

De acordo com Rubens Casara, autor de livros importantes sobre a atualidade


brasileira, como Estado pós-democrático: Neo-obscurantismo e gestão de indesejáveis e
Sociedade sem lei: Pós-democracia, personalidade autoritária, idiotização e barbárie, o
Brasil é tido como um país pós-democrático e uma sociedade sem lei pois a nação se
encontra em um status de desaparecimento dos limites relacionados ao exercício do poder
e, também, quanto as atitudes validadas em sociedade, levando o Brasil ao estado de caos
e violência. Numa visão mais psicológica e psicanalítica do atual governo vigente, o
fascismo velado se instaurou não só por conta das características políticas do atual
governo, mas através da frustração populacional, do ódio internalizado, da idiotização
generalizada, e principalmente, pela falta de amor e empatia para com o próximo.

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