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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

GUILHERME DOS SANTOS ANDRADE

PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS DA CONTABILIDADE

GOIÂNIA-GOIÁS
2020
A contabilidade assim como qualquer outra ciência, tem seus próprios princípios que
são intrínsecos ao seu funcionamento adequado, a Física tem os seus, como: Lei da
inércia, da conservação da matéria... A química com: Leis das proporções
constantes... e a contabilidade com seus princípios, cujo objetivo é o patrimônio das
entidades, e que valem para o mundo todo independente da constituição do
patrimônio e da natureza da entidade, e sua finalidade, localização, e a forma jurídica
da qual são submetidos, desde que todos tenham a mesma autonomia com relação
aos demais patrimônios que existe, e com essa universalidade, a observância nos
procedimentos aplicados resultará automaticamente em informações de utilidade para
decisões sobre situações concretas. A contabilidade é regida por seis princípios, que
como qualquer outros princípios científicos, não tem uma hierarquização formal, todos
independem de outros e coadunam entre si, portanto, são proposições que se
colocam no início de uma dedução, e são deduzidos de outras dentro do sistema, é
importante ter em mente que os princípios não são normas que devem ser aplicadas
a determinas situações técnicas, os princípios simplesmente são e, portanto,
preexistem às normas, fundamentando e justificando a ação, enquanto aquelas
a dirigem na prática. Apesar da recente revogação da Resolução CFC n.º 750/93
que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade1, em nada influência
a contabilidade, pois, como já foi dito, ela independente de normas, a resolução era
posta mais como uma formalidade.
O primeiro princípio que vamos trabalhar é o da entidade, que ressalta o objetivo da
contabilidade, que é o patrimônio, postula também que não se deve confundir o
patrimônio da entidade com o de seus sócios ou acionistas ou mesmo do proprietário
individual. Dessa forma, deve se registrar apenas os fatos que afetam o patrimônio da
entidade, e não os das pessoas que a compõem, ressaltando a autonomia patrimonial.
É importante fazer essa separação para que seja demonstrado a real situação de cada
um, e para que a contabilidade possa ser feita de maneira mais eficiente e pontual,
também para não unificar as possíveis despesas e dividas de cada um, o que é de
fundamental importância para as empresas que estão começando, que sempre tem
de enfrentar uma jornada árdua no seu início, e quando se desleixam desse princípio,
podem acabar até mesmo levando a falência da empresa, que é o que acontece aqui
no Brasil, 1 a cada 4 empresas fecham em dois anos2.A não vigilância desse princípio
por parte do contador ou proprietário da empresa, em empresas principalmente LTDA,
pode acabar levando também, a fraudes por parte dos sócios, que se escondem por
meio da personalidade jurídica e celebra contratos com terceiros, comprometendo a
saúde da entidade, e o patrimônio da qual ela pode não possuir em dado momento.
No entanto, em casos de extrema necessidade de sócios que necessitem de recurso,
e retirem esses recursos da empresa, o ideal é contabilizar como uma dívida do socio
para com a empresa, que deverá ser paga. Assim, a escrituração contábil da empresa
ficará clara e precisa, e fornecerá informações sólidas, concretas e de acordo com a
realidade, podendo ser utilizadas para tomada de decisões.

1
Disponível em: <https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993-contexto-e-consideracoes>
Acesso em 14, mar, 2020.
2
Disponível em < https://exame.abril.com.br/negocios/dino_old/1-a-cada-4-empresas-fecha-antes-de-
completar-2-anos-no-mercado-segundo-sebrae> Acesso em 14, mar, 2020.
Outro princípio fundamental é do da continuidade, “O Princípio da Continuidade
pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a
mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta
circunstância”3, em outras palavras, uma vez iniciada a vida da empresa, espera-se
que ela continue indefinidamente, Não basta que a empresa reconheça seus ativos e
passivos apenas por um período ‘x’ e depois deixar de fazer por qualquer razão. A
partir do momento em que a empresa inicia as operações, faz-se necessário
quantificar o patrimônio e reconhecer os fatos contábeis da empresa. O princípio trata
também a apresentação desses componentes do patrimônio devem ser
constantemente apresentados através das demonstrações contábeis. Se não
considerarmos tal princípios, estaremos pressupondo a futura suspensão de
atividades da empresa, o que vai provocar efeitos na utilidade de determinados ativos,
podendo até perder o seu valor integral, pois os elementos patrimoniais deixam de ter
qualquer valor de uso e devem passar a ser registrados pelo valor que pode ser
auferido numa venda, e também as obrigações serão afetadas, visto que, as
obrigações que tiverem data futura de exigibilidade deverão ser registradas como
devidas até – no máximo – a data que espera ser aquela em que a empresa terminará
suas atividades. É importante entender que esse princípio não se fundamenta na
ideia de que a Entidade somente possa funcionar em movimento, mas que ela
funciona adequadamente quando em movimento.
O princípio que preza por toda exatidão, precisão e confiabilidade da contabilidade é
o princípio da oportunidade, que exige a apreensão, o registro e o relato de todas as
variações sofridas pelo patrimônio de uma Entidade, no momento em que elas
ocorrerem, mesmo na hipótese de alguma incerteza, as variações devem
reconhecidas na sua totalidade, ou seja, sem qualquer falta ou excesso as possíveis
variações devem ser avaliadas por princípios próprios, essa é a base indispensável à
confiabilidade das informações sobre o patrimônio da Entidade. Sem o registro no
momento da ocorrência, ficará incompletos os registros sobre o patrimônio em dado
momento, em decorrência, insuficientes quaisquer demonstrações ou relatos, e
falseadas as conclusões, diagnósticos e prognósticos. Além da importância da
fidedignidade da informação, é importante para o contador registrar tudo no devido
momento, para poderem cumprir o prazo que tem para com os interessados nas
demonstrações contábeis
Este é um princípio mais social, que infelizmente grande parte das pessoas não o tem,
ele se fundamenta principalmente no pessimismo4, o que acaba envolvendo a
prudência, que é um dos princípios da contabilidade, e determina a adoção do menor
valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se
apresentarem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações
patrimoniais que alterem o Patrimônio líquido, ou seja, sempre considerar os valores
a receber de terceiros menor do que o previsto, e sempre considerar maior o valor
previsto a pagar a terceiros, mas claro que, é necessário que as alternativas
mencionadas configurem, pelo menos à primeira vista, hipóteses igualmente

3
Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10 Art. 5º
4
Pesquisa Disponível em <https://istoe.com.br/188363_A+CIENCIA+DO+OTIMISMO/> Acesso em 14, mar,
2020.
razoáveis. Desta forma ninguém tem nada a perder, pois já foi considerado o pior
cenário possível, e se houver alguma variação na previsão do contador, será sempre
positiva. Portanto, esse princípio sempre envolve o elemento da incerteza em
certo grau, pois, havendo alguma certeza sobre o patrimônio, ele deve ser
simplesmente reconhecido e registrado, assim como diz o princípio da oportunidade.
Outro princípio de grande importância, que se assemelha e coaduna com o princípio
da oportunidade, é o da competência, “O Princípio da Competência determina que
os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que
se referem, independentemente do recebimento ou pagamento”5, desta forma, está
ligada com o reconhecimento das receitas geradas e das despesas incorridas
no período. Ou seja, não se pode registrar receitas ou despesas no momento em que
está sendo quitado a despesa ou no momento de recebimento de receitas, que é
oposto ao regime de caixa 6que é mais intuitivo, deve-se respeitar a competência, que
é o fato gerador, e reconhecer que o recebimento de moeda não é a única maneira
de aumentar o patrimônio e a riqueza da Entidade.
E por último, mas não menos importante, temos o princípio do registro pelo valor
original que é o mais técnico e determina que os componentes do patrimônio devem
ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior,
expressos a valor presente na moeda do país, que serão mantidos na avaliação das
variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou
decomposições no interior da entidade, o valor do bem ou da obrigação deve ser
reconhecida conforme o tempo em que ocorreu, independente do país ser altamente
inflacionário, por exemplo. O registro pelo valor original deverá ser mantido desde o
momento da entrada, passando por todo o tempo em que o ativo ou o passivo existir
e finaliza apenas com a saída deste ativo da empresa. Em suma, a avaliação dos
componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada,
considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou
da imposição destes, o bem, o direito ou a obrigação, uma vez integrados ao
patrimônio, não poderão ter seus valores intrínsecos alterados, admitindo-se, tão-
somente, sua decomposição em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a
outros elementos patrimoniais, o valor original será mantido enquanto o componente
permanecer como parte do patrimônio, inclusive na saída deste, o uso da moeda do
país na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de
homogeneização quantitativa.
Todos esses princípios são fundamentais para a saúde de toda Entidade, deve ser
reconhecidos e aplicados por todos os contadores, os mesmos devem também, saber
harmonizar cada um deles, que apesar de não ser uma hierarquia forma, como já foi
dito muitos podem se complementar e trabalhar em conjunto para a prosperidade da
entidade e também do contador.

5
Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10 Art. 9º

6
No regime de caixa, as receitas são reconhecidas no momento de seu recebimento ou recebimento e as
despesas, no momento de seu pagamento.
REFERÊNCIAS
Conselho Federal de Contabilidade. Princípios fundamentais e normas brasileiras de contabilidade –
3. Ed. — Brasília: CFC, 2008. Disponível em <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-
content/uploads/2013/01/Livro_Principios-e-NBCs.pdf> acesso em 14 mar. 2020.
SILVA, Manoel Carlos Ferreira da et al. O Princípio da Entidade Contábil e a Teoria da
Desconsideração da Personalidade Jurídica. Capital Científico: Eletrônica (RCCe), [s. L.],
v. 11, n. 2, p.1-11, maio 2013. [s. L.]. Disponível em:
https://revistas.unicentro.br/index.php/capitalcientifico/article/viewFile/2481/2037. Acesso
em: 14 mar. 2020
EDUARDO, Luiz. Fundamentos Decifrados de Contabilidade. Contabilidade Decifrada.
Disponível em: http://www.contabilidadedecifrada.com.br/upload/topico/pdf_envios/aula-007-
01-01-03-a-texto-principio-da-continuidade.pdf. Acesso em: 14 mar. 2020
EDUARDO, Luiz. Fundamentos Decifrados de Contabilidade. Contabilidade Decifrada.
Disponível em: http://www.contabilidadedecifrada.com.br/upload/topico/pdf_envios/aula-007-
01-01-06-a-texto-principio-da-competencia-apresentacao.pdf. Acesso em: 14 mar. 2020

MILEV, Danilo. O princípio da continuidade. KINO Blog. Disponível em:


https://blog.sejakino.com.br/o-principio-da-continuidade/. Acesso em: 14 mar. 2020

GOMES, Gabriel. O que é registro pelo valor original?. KINO Blog. Disponível em:
https://blog.sejakino.com.br/o-que-e-registro-pelo-valor-original/. Acesso em: 14 mar. 2020

Contabilidade – Princípio Contábil do Registro pelo Valor Original. Conselho


Regional de Contabilidade do Estado da Bahia. Disponível em:
http://www.crcba.org.br/boletim/edicoes/cont26.htm. Acesso em: 14 mar. 2020
LINS, José Pessoa. CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE. Pernambuco: ESAFAZ,
2005. 44 p. REVISADO PELO INSTRUTOR EDUARDO AMORIM OUTUBRO/2009.
Disponível em:
https://portalesafaz.sefaz.pe.gov.br/moodle/cursos/Conceito_Contabilidade_atual/apostila/Ap
ostila%20de%20Contabilidade.pdf. Acesso em: 14 mar. 2020.

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