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empregado para deliberar quem será atingido pela concessão do descanso anual
neste momento.
Com relação às férias ainda, faço duas ressalvas que, a meu sentir, se
adotadas, não trariam risco nenhum ao empregador que conceder férias nos
seguintes parâmetros:
(1) ajuste por meio de norma coletiva, inclusive das férias coletivas, sem observância
da comunicação com antecedência de 15 dias, diante da prevalência do negociado
sobre o legislado, em conformidade com o art. 7º, XXVI, da CF, e art. 611-A da CLT,
ou
(2) na forma da convenção 132 da OIT, houver ajuste individual de concessão imediata
das férias, sem observar a comunicação prévia de 15 dias para o empregado,
atendendo o interesse comum de empregado e empregador. É que, no momento,
muitas pessoas, em especial com responsabilidades familiares, a exemplo de
necessidade de cuidar de filhos que não vão à escola ou creche neste período, por
restrição imposta pelo Governo, terão interesse em usar as férias para atender a
demanda familiar. Com isso, juridicamente, não haverá risco algum de atender pedido
do empregado de antecipação da concessão de férias para cuidar dos filhos, havendo
apenas a prudência de que tal pedido seja documentado em razão do potencial risco
de ter que demonstrar o motivo pelo qual a comunicação prévia foi flexibilizada.
h) Compensação de jornada.
Outra situação plenamente regular, seria usar regimes de compensação de
jornada.
Havendo banco de horas previsto em norma coletiva, se o empregado tiver
saldo positivo de horas, o empregador poderá utilizar este período para conceder
folgas, abatendo no saldo até então apurado. Mesmo que não haja saldo, nada
impede que o empregador, assumindo o risco da medida, possa conceder as folgas,
lançando as horas que produzirão um saldo negativo no banco de horas e, passada a
emergência, poderá exigir do empregado até duas horas extras por dia de trabalho
até eliminar o saldo negativo do empregado pelo prazo de até um ano, que é a duração
máxima do banco de horas estipulado por negociação coletiva. Com isso, pode ser
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enfrentada a situação atual sem gerar passivo de horas ou arcar com folgas
remuneradas sem futura contraprestação.
Cabe lembrar que o banco de horas, a partir da Reforma Trabalhista, pode ser
ajustado individualmente, mas, por escrito, e com duração máxima de seis meses.
Havendo tal estipulação, pode ser feita a compensação nos mesmos moldes
mencionados no parágrafo anterior. E também nada impede que o empregador ajuste
agora com o empregado o banco semestral para atender a esta emergência, caso
haja interesse comum na estipulação.
E se não houver ajuste individual ou coletivo para compensação da jornada?
Caso não haja ajuste individual ou coletivo de banco de horas, o empregador
poderá lançar mão da regra prevista no § 3º do art. 61 da CLT, por meio do qual a
interrupção do trabalho resultante de força maior, que impossibilite a sua realização,
o trabalho poderá ser prorrogado até o máximo de 2 horas, durante o número de dias
indispensáveis à recuperação do tempo perdido, em período não superior a 45 dias,
sujeita essa recuperação à prévia autorização da autoridade competente. Compensa
correr este risco pois não há dúvidas de que a autoridade trabalhista irá no momento
oportuno conceder a autorização para recuperação dessas horas, no total de até 90,
o que permitiria usar esse expediente por duas semanas de trabalho de seus
empregados, sem pagar horas extras, sem risco de discussão posterior de validade
da conduta patronal.