Você está na página 1de 9

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE ENSINO

Curso: Licenciatura Plena em Biologia


Disciplina: Bioética
Professora Drª: Suezilde da Conceição Amaral Ribeiro
Discente: Ewerton Silva de Souza, Johnny de Aquino da Silva, Raphael Rubens
Vieira Teixeira

Artigo Científico

Resumo (em andamento), Introdução, Metodologia, Resultados e discussão


(em andamento)

Título: Abrangência da Bioética e de Direitos Humanos nos Livros Didáticos de


Biologia.

Resumo: O mundo moderno é marcado por transformações tecnológicas que


demandam um projeto educativo com direção ao processo de humanização e da
inserção qualificada dos alunos em suas relações sociais e com o meio ambiente. O
artigo objetivou analisar com que frequência e de que modo os conteúdos
fundamentais da Bioética e dos Direitos Humanos estão sendo contemplados na
biologia do ensino médio do IFPA, campus Belém. Tipo logicamente, é uma
pesquisa interdisciplinar, com finalidade básica, de abrangência transversal, de
objetivo exploratório, de abordagem qualitativa, com procedimentos técnicos de uma
pesquisa de campo e dados de caráter secundário. Para tanto, analisou-se a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Declaração Universal Universal
dos Direitos Humanos, Declaração Universal de Bioética, Direitos Humano e nas
Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, Código de Ética do
profissional biólogo e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Por outro lado, o
Projeto Pedagógico de Curso, Projeto Político Pedagógico, ementa da disciplina
Bioética e de Direitos Humanos e os três volumes do livro didático Biologia Moderna,
todos de uso no campo das ciências biológicas do IFPA, Campus Belém, serviram
como ponto de apoio para fazer as correspondências dos conteúdos sobre Bioética
e Direitos Humanos. O diálogo teórico sobre ética/educação foi estabelecido nas
obras de Paulo Freire (1996) e de Dussel (2000). Na concepção dos Direitos
Humanos pautamo-nos no trabalho de OLIVEIRA (2007), e no de LIMA (2010) para
a Bioética.

Palavras-chave: bioética, direitos humanos, biologia, educação.

1. Introdução

Tomando como referência às obras didáticas de biologia de Favaretto (2016),


é de se constatar que o mundo moderno é marcado por transformações tecnológicas
que demandam um projeto educativo com direção ao processo de humanização e
da inserção qualificada dos alunos em suas relações sociais e com o meio ambiente.
Desse modo, apoiados na reflexão teórica e nas práticas sociais da bioética e dos
direitos humanos, o campo educacional deve orientar-se por diretrizes que dialogue
com esses temas dentro e fora da sala de aula.

A bioética surgida a partir de Potter, em 1970, segundo a tradição mais


conceitual, caracterizou-se como área entre as ciências humanas e biológicas,
focado no enfrentamento de problemas éticos advindos do crescente
desenvolvimento tecnológico. Por seu caráter interdisciplinar busca a reflexão e o
diálogo na educação básica sobre temas como dignidade humana, autonomia,
equidade, respeito à diversidade cultural, responsabilidade ambiental e social,
vulnerabilidades humanas, cuidado e humanização entre outros (Fischer et al,
2017).

Por seu turno, às margens da valorização humana tratada na bioética, a


Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), assinada em 1948 pela
Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU) e tendo o Brasil
como signatário, em seu prefácio orienta que a escola e outras instituições escolares
estimulem comportamentos compatíveis com a postura cidadã.

Tendo na dignidade humana como tema gerador comum dos dois ramos
dessa pesquisa, diante desse entendimento, no campo dos direitos humanos é dele
que emana o fundamento para todos os direitos (BEYLEVELL & BROWNSWORD,
2002, apud OLIVEIRA, 2007). Por outro lado, como assevera OLIVEIRA (2007), o
princípio da dignidade humana é marco axiológico da bioética, tendo sido acolhido
pela Convenção de Oviedo, Declaração Universal de Bioética e do Genoma
Humano, e Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.

É nesse contexto de diferentes percepções acerca da própria definição do


que seria o campo da bioética e dos direitos que se insere a institucionalização da
educação na interface dessas disciplinas acadêmicas. Uma linha de orientação que
pode ser adotada para alcançar esse objetivo, segundo Fischer et al (2017), tem
base no relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, que
define como pilares do processo educacional: aprender a conhecer, aprender a
aprender, aprender a viver e aprender a ser.

Como disciplina da grade curricular do ensino médio, o curso de Biologia é


reconhecido pela Lei nº 6.684, de 03 de setembro de 1979. Como explicam Fisher et
al (2018), as diretrizes curriculares da formação do biólogo são apoiadas no caráter
humano pautadas por competências baseados em constatações dinâmicas do local
para o geral balizado por referenciais científicos, éticos e legais. (Resolução
CNE/CP nº 1) (Brasil, 2002).

De acordo com Pessini (2016), o ensino médio brasileiro, etapa integrante da


educação básica, visa contribuir para uma formação integral dos alunos. Como
formação integral se entende como a busca por uma “religação dos saberes”, onde
os conhecimentos bioéticos e de direitos humanos possam fluir de forma
interdisciplinar, para construir uma sociedade mais consciente da sua
responsabilidade para a sobrevivência humana e para o desenvolvimento do bem
social.

Embora a bioética e os direitos humanos não estejam explicitadas nas


Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) como área do conhecimento, suas
características interdisciplinares e abordagens críticas reflexivas conduzem para que
possam contribuir para o exercício de disciplinas transversais relacionadas à
formação cidadã.

Assim sendo, a escola não deve apenas voltar-se à construção de


conhecimentos e ensinar conteúdos, mas também ser lugar de formação de sujeitos
críticos e reflexivos, capazes de cumprir o papel de cidadãos. Especificamente, a
formação ética está prevista como uma finalidade do ensino médio, no art. 35, da
LDB, a saber: (…) III – o aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico (Brasil, 2010).

Nesse contexto, surgem importantes questionamentos, tais como: quais


assuntos dos livros didáticos de biologia são compreendidos na bioética e nos
direitos humanos? A abordagem desses referenciais acontece de modo transversal
com os direitos humanos? Como a dignidade humana é disseminada nas unidades
da biologia?

Sem querer oferecer respostas prontas a tais perguntas, o artigo objetiva


analisar com que frequência e de que modo os conteúdos fundamentais da bioética
e dos direitos humanos estão sendo contemplados no livro didático de biologia do
ensino médio do Instituto Federal do Pará (IFPA), campus Belém, levando em
consideração que a educação e a interface bioética/direitos humanos podem
contribuir com a reflexão dos alcances das inovações tecnológicas, seus efeitos e
suas prováveis consequências.

2. Metodologia

A bibliografia de apoio para estruturação desse estudo foi acompanhada da


análise de conteúdo de BARDIN (2011). Essa técnica tem como característica a
análise textual adotada por procedimentos esquemáticos para descrever o conteúdo
das mensagens. De modo a configurar um pensamento lógico, os conteúdos
textuais são posicionados em etapas, sendo essas constituídas de pré-análise,
exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação (Renk
et al, 2017).

A pré-análise é a primeira etapa em que se organiza o material a ser


analisado com ênfase em torná-lo funcional, obtendo métodos e estruturas das
ideias iniciais. Nesta etapa foram selecionados os documentos a serem analisados:
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Declaração Universal dos
Direitos Humanos, Declaração Universal sobre Bioética Direitos Humano e nas
Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, Código de Ética do
profissional biólogo e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Projeto
Pedagógico de Curso, Projeto Político Pedagógico, ementa da disciplina Bioética e
de Direitos Humanos e os três volumes do livro didático Biologia Moderna, todos de
uso no campo das ciências biológicas do IFPA, Campus Belém, serviram como
ponto de apoio para fazer as correspondências dos conteúdos sobre Bioética e
Direitos Humanos. constatou-se que os livros didáticos de biologia, adotados no 3º
ano do ensino médio, poucas vezes abordam a bioética em seus vários volumes.

A exploração do material constituiu como a segunda etapa. Iniciou-se uma


leitura metódica do livro e foram definidas duas categorias para uma melhor
investigação (sistemas de codificação) e a identificação dos termos/descritores.
Inicialmente buscou-se o termo Bioética e como foi mencionado apenas uma vez no
volume III pg. 162, foi necessário buscar outros termos correlatos que fazem
menção à Teoria dos Referenciais (HOSSNE, 2006), a saber: Ética, Dignidade
Humana, Cidadania, Tolerância, Justiça, Diversidade social e cultural,
vulnerabilidade social, autonomia, Direitos Humanos e Meio Ambiente
Responsabilidade Social, Responsabilidade Ambiental, Autonomia e Cidadania.

A terceira fase é o tratamento dos resultados, inferência e interpretação.


Foram elaborados as tabelas e gráficos para melhor visualizar os resultados obtidos.
É o momento da intuição, da análise reflexiva e crítica. (BARDIN, 2011). Nesta
última etapa estabelece-se a relação entre os achados da pesquisa e os aportes
teóricos.

A rigor da tipologia de classificação, o estudo se reserva como uma pesquisa


interdisciplinar, com finalidade básica, de abrangência transversal, de objetivo
exploratório, de abordagem qualitativa, com procedimentos técnicos de uma
pesquisa de campo e dados de caráter secundário.

Para governar esse estudo com base em leis de diretrizes, código e


declarações, fundamentamo-nos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDB, Declaração Universal Universal dos Direitos Humanos, Declaração
Universal de Bioética, Direitos Humano e nas Diretrizes Nacionais para a Educação
em Direitos Humanos, Código de Ética do profissional biólogo e na Base Nacional
Comum Curricular (BNCC).

Por outro lado, o Projeto Pedagógico de Curso (PPC), Projeto Político


Pedagógico (PPP), ementa da disciplina Bioética e de Direitos Humanos e os três
volumes do livro didático Biologia Moderna, todos de uso no campo das ciências
biológicas do IFPA, Campus Belém, serviram como ponto de apoio para fazer
correspondência dos conteúdos sobre Bioética e Direitos Humanos.

O diálogo teórico sobre ética/educação foi estabelecido pela interpretação do


livro Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa de Paulo
Freire (1996) e na obra Ética da Libertação na Idade da Globalização e da Exclusão
de Dussel (2000). Na concepção dos Direitos Humanos pautamo-nos no trabalho de
OLIVEIRA (2007), e no de LIMA (2010) para a Bioética.

3. Resultados e discussão

Gráfico 1-

Fonte: Biologia Moderna do AMABIS e MARTHO, 2016.

Após leitura dos três volumes do livro didático Biologia Moderna de AMABIS e
MARTHO (2016) catalogamos o termo dignidade humana e bioética uma única vez,
isso para o terceiro ano do ensino médio. No entanto, o termo que mais se aproxima
da compreensão de direitos humanos se deu por conta da expressão direito de
todos, também encontrada para a última série.

Na outra ponta, diversidade, assim como cidadania, são aqueles com mais
frequência nos três volumes, sobretudo para a terceira série do ensino médio. Sob
este fato, pode-se apontar que a abordagem da Bioética e dos Direitos Humanos
ocorre de maneira limitada nos primeiros anos do Ensino Médio, e mesmo no Último
ano do Ensino Médio, onde já é possível deparar-se com alguns termos pertences
aos Direitos Humanos e à Bioética, esta abrangência permanece bastante
condensada, além disso, não verifica-se uma intertextualidade entre essas duas
disciplinas. Perante esta situação, cabe ao corpo de docentes e discentes de nível
superior , juntamente com os departamentos pedagógicos e científicos da instituição
escolar dialogar sobre o assunto para diminuir a probabilidade de possíveis
consequências na formação dos alunos ao completar a etapa final do Ensino Médio,
levando em consideração que estas disciplinas são essenciais para forma
profissionais cientes do papel que exercem na sociedade.

A ciência é conhecida por ser um nível de conhecimento que possui uma


metodologia complexa e por possui uma interdisciplinaridade entre os diversos
conhecimentos produzidos cientificamente. Deste modo, a ciência se apresenta,
como um conjunto organizado de conhecimentos, divididos em várias disciplinas que
se relacionam. Entre elas temos a Biologia, a ciência que estuda a vida e os
organismos vivos, e está dividida em vários campos especializados que abrangem a
morfologia, fisiologia, anatomia, comportamento, origem, evolução e distribuição da
matéria viva, além dos processos vitais e das relações entre os seres vivos. De fato,
a Biologia está tão envolvida com todos os aspectos do nosso contato com o mundo
material que podemos pensar na Biologia como sendo uma ciência central, uma
parte de nossa cultura, tendo influência em todos os aspectos de nossas vidas. A
Biologia a presenta tanto na ciência quanto na tecnologia uma enorme relevância
fundamental de seu papel na sociedade.

Nessa perspectiva, diante do intenso avanço científico e tecnológico na área


das Ciências da Vida e das Humanas do mundo contemporâneo, faz-se necessário
que biólogos e professores de Biologia estejam preparados para enfrentarem
debates e reflexões de muito aporte que permeiam os campos da Bioética e dos
direitos humanos. Pois. Desse modo, entendemos que a realidade vivida pelos
estudantes e profissionais da Biologia é muito mais abrangente a níveis
estratosféricos do que a de outros profissionais de áreas semelhantes, e, portanto,
suas necessidades envolvem discussões em áreas afins.

Enfatizamos que o ensino de Bioética deve ser compreendido como um


núcleo comum às duas modalidades de ensino em Ciências Biológicas, uma vez que
tanto os estudantes de bacharelado quanto os de licenciatura necessitam de bases
sólidas para poderem discutir as relações existentes entre a Bioética, os novos
conhecimentos biológicos e as questões que os avanços em Ciência e Tecnologia
se apresentam à sociedade.

4. Referências bibliográficas

Amabis, J. M.; Martho, G. R. Biologia Moderna. vol. 1, 2, 3. Moderna, 2016.

Bardin, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

Beyleveld D, Brownsword R. Human dignity in bioethics and biolaw. Oxford: Oxford


University Press; 2002.

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. [Internet]. [acesso 24 fev 2020].
Disponível em: http://bit.ly/2dzkcFt

____. Resolução CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002. Diretrizes Curriculares


Nacionais para a formação de Professores da Educação Básica em nível superior,
curso de licenciatura, de graduação plena. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf>Acesso em: 02 de
mar.2020.

Dussel E. Ética da libertação na idade da globalização e da exclusão. Petrópolis:


Vozes; 2000.

Favaretto, J.A. Biologia unidade e diversidade. vol. 1, 2 e 3. 1 ed. São Paulo: FTD,
2016.

Fischer, M.L.; Cunha, T.R.; Roth, M.G.; Martins, G.Z. Caminho do diálogo: uma
experiência bioética no ensino fundamental. Rev. Bioét., 25(1): 89-100. p.90, 2017.

Fischer, M.L.; Cunha, T.R.; Moser, A.M.; Diniz, A.L.F. Metodologias inovadoras no
ensino da bioética para o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. EDaPECI,
18(2), 128-142, 2018.

Freire, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.
Lima, A.C.T. Sobre o ensino da bioética: um desafio transdisciplinar. Nascer e
crescer. Rev. do hospital de crianças Maria Pia. vol. XIX, n. 2, 2010.

Oliveira, AAS. Interface entre bioética e direitos humanos: o conceito ontológico de


dignidade humana e seus desdobramentos. Rev. Bioét., 15(2): 170-85, 2007.

Potter VR. Bioética: ponte para o future. São Paulo: Edições Loyola; 2016.

Renk, V.E.; Enns, C.; Pinheiro, P.A.F.; Barradas, J.L. A bioética e os direitos
humanos no ensino da sociologia do ensino médio. Formação de professores:
contextos, sentidos e práticas. XIII EDUCERE, IV Seminário Internacional de
Representações Sociais, Subjetividade e Educação, VI Seminário Internacional
sobre Profissionalização Docente, 2017.

Você também pode gostar