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FACULDADE MARIA MILZA

BACHARELADO EM FARMÁCIA

ALINE CONCEIÇÃO SANTIAGO

USO DE REPELENTES NATURAIS COMO ESTRATÉGIA DE CONTROLE DO


Aedes aegypti: UMA REVISÃO DE LITERATURA

GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
2017
ALINE CONCEIÇÃO SANTIAGO

USO DE REPELENTES NATURAIS COMO ESTRATÉGIA DE CONTROLE DO


Aedes aegypti: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada ao curso de


Bacharelado em Farmácia da Faculdade
Maria Milza, como requisito final para
obtenção do título de graduado.

Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro Mesquita


Orientador

GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
2017
Dados Internacionais de Catalogação

Santiago, Aline Conceição


S235u Uso de repelentes naturais como estratégia de controle do aedes
aegypti: uma revisão de literatura / Aline Conceição Santiago. –
Governador Mangabeira – Ba, 2017.

61 f.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro Mesquita

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) –


Faculdade Maria Milza, 2017.

1. Epidemiologia. 2. Aedes Aegypti - Brasil. 3. Repelentes


Naturais. I. Mesquita, Paulo Roberto Ribeiro. II. Título.

CDD 614.4323
ALINE CONCEIÇÃO SANTIAGO

USO DE REPELENTES NATURAIS COMO ESTRATÉGIA DE CONTROLE DO


Aedes aegypti: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Aprovada em __/___/____

BANCA DE APRESENTAÇÃO

_______________________________________
Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro Mesquita
Faculdade Maria Milza - FAMAM
Orientador

________________________________
Prof. Dr. Frederico de Medeiros Rodrigues
Faculdade Maria Milza - FAMAM

________________________________
Profª. Drª. Vanessa de Oliveira Almeida
Faculdade Maria Milza - FAMAM

GOVERNADOR MANGABEIRA- BA
2017
Dedico esta monografia primeiramente a Deus, a
minha família em especial a Meu Pai Eduardo e
Minha Mãe Nilzete por todo amor e gratidão. Ao Meu
Noivo Emanoel pelo amor, companheirismo e
encorajamento durante a minha trajetória.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, meu mestre e guia espiritual por conceder a mim esta grande
conquista, força e coragem para continuar e enfrentar os desafios que surgiram
nesta caminhada.

Aos meus pais, fonte de carinho e amor. Minha Mãe, sеυ cuidado е dedicação me
deram, em alguns momentos, а esperança pаrа seguir. Meu Pai, sυа presença
significou segurança е certeza dе qυе não estou sozinha nessa caminhada.

Obrigada meus irmãos Amanda, Eduardo, Lilian e William е sobrinhos Anna Beatriz,
Davi, Emanuele, Gabriel, Ana Carolina e Maurício que nos momentos dе minha
ausência dedicada ао estudo superior, sеmprе me fizeram entender qυе о futuro é
feito а partir dа constante dedicação nо presente.

A Meu Noivo Emanoel qυе compartilhou comigo esse momento, mе dеυ forças,
coragem e apoio nоs momentos dе dificuldades.

A família Araújo que sempre torceu por mim e me apoiou no decorrer da graduação.

A meus familiares em especial Meu Tio Aloysio e Minha Tia Joselita por confiarem
em mim e estarem do meu lado em todos os momentos da vida.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro Mesquita, pela disponibilidade e
maestria na condução deste trabalho.

Aos meus amigos por todo carinho e encorajamento que tornaram minha caminhada
mais leve ao longo da graduação em especial Jéssica Fonseca, Janaina Figueiredo
e Carla Dias.

Enfim a todos aqueles que acreditaram no meu potencial meu muito obrigado!
“Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho
caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo o qual se pôs a caminhar”

(Paulo Freire)
RESUMO

O mosquito Aedes aegypti é considerado de grande importância para a saúde


pública desde o início do século XX, quando foi identificado como vetor da febre
amarela urbana. Atualmente, o Aedes aegypti é reconhecido como o principal vetor
dos quatro sorotipos do vírus da Dengue circulantes no Brasil (DENV-1, DENV-2,
DENV-3 e DENV-4), além de apresentar elevada competência vetorial para
transmitir as arboviroses Chikungunya e Zika vírus, recém-emergidos no país. Em
resposta a essa capacidade para a transmissão de doenças, diversos métodos
alternativos de controle vetorial têm sido pesquisados, como o já reconhecido
potencial repelente dos extratos de plantas. Os extratos vegetais provenientes de
diferentes espécies de plantas podem apresentar compostos com atividade
repelente, aliado ao fato de serem biodegradáveis e possuírem baixa toxicidade, o
que os torna potencialmente viáveis para o controle adequado e seguro de vetores.
A propriedade das plantas em repelir insetos adultos é exercida principalmente pela
produção de compostos terpênicos como o eugenol, limoneno, citronelol, citronelal e
timol. Em reconhecimento à importância da utilização de plantas como uma
ferramenta de combate aos artrópodes transmissores de arboviroses, o presente
estudo busca analisar o estado da arte das produções científicas direcionadas a este
propósito. Por meio de uma revisão de literatura, esta pesquisa avaliou a aplicação
de produtos naturais como possíveis repelentes para o controle de arboviroses
veiculadas pelo Aedes aegypti. Os conhecimentos compilados nesta pesquisa
podem contribuir para um maior entendimento das potencialidades e aplicações dos
extratos naturais como repelentes ao Aedes aegypti, este importante transmissor de
diversas arboviroses no Brasil. Na presente revisão de literatura foi realizado um
levantamento bibliográfico em artigos científicos nas bases de dados Scielo,
LILACS, Google Scholar e PubMed publicados no período de 2004 a 2017. Foram
encontrados compostos de algumas espécies vegetais com reconhecida atividade
repelente para o Aedes aegypti, como o geraniol e citronelal da Citronela
(Cymbopogon winterianus), limonoide azadiractina do Nim (Azadirachta indica A.
Juss) e monoterpeno citronelal do Eucalipto-limão (Corymbia citriodora). Os dados
obtidos nessa pesquisa, a partir da leitura de 78 artigos apontaram a existência de
sete espécies de plantas com ação de repelência para o mosquito Aedes aegypti.
Em sua maioria os óleos essenciais das plantas foram responsáveis por tais
atividades. Dessa forma o uso de repelente de origem vegetal apresentou-se como
uma estratégia eficaz, com baixa toxicidade ao homem e meio ambiente, além de
economicamente viável para o controle das arboviroses.

Palavras-chave: Aedes aegypti. Repelentes naturais. Estratégia de controle.


Arboviroses.
ABSTRACT

The Aedes aegypti mosquito has been considered of great importance for public
health since the beginning of the 20th century, when it was identified as a vector of
urban yellow fever. Currently, Aedes aegypti is recognized as the main vector of the
four serotypes of the Dengue virus circulating in Brazil (DENV-1, DENV-2, DENV-3
and DENV-4), and has high vectorial competence to transmit the arboviruses
Chikungunya and Zika virus, newly emerged in the country. In response to this ability
to transmit disease, several alternative methods of vector control have been
investigated, such as the already recognized repellent potential of plant extracts.
Plant extracts from different species of plants may present compounds with repellent
activity, together with the fact that they are biodegradable and have low toxicity,
which makes them potentially viable for adequate and safe control of vectors. The
property of plants in repelling adult insects is mainly exerted by the production of
terpene compounds such as eugenol, limonene, citronellol, citronellal and thymol. In
recognition of the importance of the use of plants as a tool to combat arbovirus
transmission arthropods, the present study seeks to analyze the state of the art of
scientific productions aimed at this purpose. Through a literature review, this
research evaluated the application of natural products as possible repellents for the
control of arboviruses transmitted by Aedes aegypti. The knowledge compiled in this
research can contribute to a better understanding of the potentialities and
applications of the natural extracts as repellents to Aedes aegypti, this important
transmitter of several arboviruses in Brazil. In the present literature review a
bibliographic survey was carried out in scientific articles in the databases Scielo,
LILACS, Google Scholar and PubMed published from 2004 to 2017. Compounds of
some plant species with recognized repellent activity were found for Aedes aegypti,
as Citronella (Cymbopogon winterianus) geraniol and citronellal, Nim azadirachtin
limonoid (Azadirachta indica A. Juss) and citronellal monoterpeno Eucalyptus
citriodora (Corymbia citriodora). The data obtained in this research, from the reading
of 78 articles, showed the existence of seven species of plants with a repellent action
for the mosquito Aedes aegypti. Most of the plant essential oils were responsible for
such activities. Thus, the use of plant-derived insect repellent was an effective
strategy, with low toxicity to man and the environment, besides being economically
viable for arbovirus control.

Keywords: Aedes aegypti. Natural repellents. Control strategy. Arboviruses


LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 - Monitoramento epidemiológico no Brasil (2012-2017) ...................... 21

Figura 02 - Monitoramento epidemiológico na Bahia (2013-2017) ...................... 24

Figura 03 - Ciclo de vida do Aedes aegypti ......................................................... 29

Figura 04 - Processo de transmissão da doença ................................................ 30

Figura 05 - Estrutura dos principais repelentes de insetos .................................. 39

Figura 06 - Comportamento do mosquito modulado pelo DEET ......................... 41

Figura 07 - Estruturas químicas presente nos repelentes mais ativos ................ 42

Figura 08 - Eucalipto-limão (Corymbia citriodora) ............................................... 45

Figura 09 - Citronela (Cymbopogon winterianus) ................................................ 46

Figura 10 - Andiroba (Carapa guianensis Auble) ................................................. 47

Figura 11 - Nim (Azadirachta Indica A. Juss) ...................................................... 48

Figura 12 - Manjericão (Ocimum basilicum L.) .................................................... 48

Figura 13 - Pimenta macaco (Piper aduncum) .................................................... 49

Figura 14 - Capim-limão (Cymbopogon citratus) ................................................. 50


LISTA DE TABELA

Tabela 01 - Espécies de plantas descritas com atividade repelente para o mosquito


Aedes aegypti....................................................................................................... 51
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

DENV - Vírus da Dengue Circulantes no Brasil


ELISA-IgM - Técnica Sorológica de Detecção de Anticorpos
RT-PCR - Reação da Transcriptase Reversa
OX513A - Cepa de Mosquitos Transgênicos
OXITEC - Empresa Britânica
CTNBio - Técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
DEET - N, N - dietil -3- metilbenzamida
AAP - Academia Americana de Pediatria
SCP - Sociedade Canadense de Pediatria
OMS - Organização Mundial da Saúde
RASH CUTÂNEO - Vermelhidão na pele
IR 3535 – Repelente de insetos de alta performance
IRs - Receptores Ionotrópicos
GRs - Receptores Gustativos
ORNs - Neurônios Receptores Olfativos
PMD - Metano 3-8 diol
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

2 METODOLOGIA ............................................................................................... 15
2.1 LEVANTAMENTO DE DADOS ...................................................................... 15
2.2 ANÁLISES DE DADOS .................................................................................. 16

3 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................ 17
3.1 ARBOVIROSES VEICULADAS PELO Aedes aegypti E EPIDEMIOLOGIA
NO BRASIL .......................................................................................................... 17
3.3.1 EPIDEMIOLOGIA NO BRASIL .................................................................... 20
3.3.2 EPIDEMIOLOGIA NA BAHIA ...................................................................... 24
3.2 O PAPEL DO Aedes aegypti NA TRANSMISSÃO DAS ARBOVIROSES. ..... 26
3.3 O CICLO DO VETOR Aedes aegypti ............................................................. 28
3.4 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DO VETOR Aedes aegypti ........................ 31
3.4.1 AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE ........................................................ 33
3.4.2 BIOTECNOLOGIA APLICADA AO Aedes aegypti ................................... 34
3.5 UTILIZAÇÃO DE REPELENTES .................................................................... 36
3.6 MECANISMO DE REPELÊNCIA .................................................................... 39
3.7 UTILIZAÇÃO DE REPELENTES NATURAIS NO CONTROLE DE INSETOS
VETORES ........................................................................................................... 42

4 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 55

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 56
13

1 INTRODUÇÃO

O mosquito Aedes aegypti é considerado de grande importância para a saúde


pública desde o início do século XX, quando foi identificado como vetor da febre
amarela. Atualmente, o A. aegypti é reconhecido como o principal vetor dos quatro
sorotipos do vírus da dengue circulantes no Brasil (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e
DENV-4), além de apresentar elevada competência vetorial para transmitir as
arboviroses Chikungunya e Zika vírus, recém-emergidos no país. O comportamento
desse vetor é altamente endofílico e antropofílico, pois ele utiliza o interior das casas
para se abrigar e alimenta-se do sangue humano. Atualmente, não estão disponíveis
para a população vacinas eficazes contra Dengue, Chikungunya e Zika vírus. Assim,
o único elemento da cadeia epidemiológica dessas arboviroses que pode ser
controlado é o vetor, e as principais estratégias de controle do mosquito envolvem,
principalmente, a eliminação dos seus criadouros potenciais (LIMA-CAMARA;
URBINATTI; CHIARAVALLOTI-NETO, 2016).
Os esforços direcionados a este sentido incluem ações governamentais, de
profissionais de saúde e da sociedade civil. Não obstante, a eliminação temporária
de criadouros não é suficiente, e nem sustentável, bem pouco a aplicação de
larvicidas e inseticidas, que têm potenciais implicações para a saúde humana e
ambientais. Entretanto o uso de repelentes de proteção individual se mostra como
uma importante medida para o enfrentamento das arboviroses veiculadas pelo A.
aegypti, juntamente com ações nas áreas de educação, moradia, saneamento
básico, resíduos sólidos e urbanismo (HENRIQUES; DUARTE; GARCIA, 2016).
Diversos métodos alternativos de controle vetorial têm sido pesquisados,
como a já reconhecida atividade repelente dos extratos de plantas. As plantas
apresentam compostos bioativos e biodegradáveis, com baixa toxicidade, o que as
torna potencialmente adequadas para o controle eficaz e seguro de vetores. A
propriedade das plantas em repelir insetos adultos é exercida principalmente pela
produção de compostos terpênicos como o eugenol, limoneno, citronelol, citronelal e
timol (NASCIMENTO, 2014).
Os mosquitos são de grande interesse público devido à sua capacidade de
veicular patógenos que causam doenças em seres humanos e as reações cutâneas
causadas por suas picadas. Geralmente, para a prevenção de qualquer picada de
artrópodes, a defesa inicial é muitas vezes a aplicação de um repelente. Apesar do
14

seu uso comum, o mecanismo subjacente à atividade dos repelentes não é


totalmente compreendido. Um repelente de insetos é definido como um produto
químico que produz movimentos orientados para longe de sua fonte, no entanto, o
termo "repelente" é frequentemente usado vagamente para descrever um
ingrediente ativo que impede a picada. Assim, um mecanismo que anula a atração
de um inseto para uma fonte também seria considerado um repelente (RAMIREZ et
al., 2012).
Os fatores preponderantes na atração dos mosquitos pelo homem ainda não
são totalmente compreendidos, mas é sabido que os mosquitos utilizam o estímulo
visual, térmico e olfatório para realizar o repasto sanguíneo. No Brasil, as
arboviroses são doenças frequentes, causando surtos e epidemias em centros
urbanos desenvolvidos, onde, teoricamente, deveria existir saneamento básico e
crescimento ordenado que facilitassem o controle dos vetores. As arboviroses,
devido aos seus elevados índices de morbidade e mortalidade, geram grandes
implicações sanitárias e econômicas em todo o país (RIBAS; CARREÑO, 2010).
Em reconhecimento à importância da utilização de espécies vegetais como
uma ferramenta de combate ao A. aegypti, o presente trabalho tem como objetivo
geral desenvolver por meio de uma revisão de literatura, a aplicação de produtos
naturais como possíveis repelentes para o controle de arboviroses veiculadas pelo
A. aegypti. E como objetivos específicos, identificar espécies de plantas com ação
repelente ao A. aegypti descritas na literatura; verificar as metodologias empregadas
em estudos de repelência e avaliar a viabilidade do uso de repelentes naturais para
o combate ao vetor. O conhecimento compilado nesta pesquisa poderá contribuir
para um maior entendimento das potencialidades e aplicações dos extratos naturais
como repelentes ao A. aegypti, importante transmissor de diversas arboviroses no
Brasil.
15

2 METODOLOGIA

O percurso metodológico da presente pesquisa se deu por meio de uma


revisão de literatura. A revisão de literatura, ou revisão bibliográfica, é a análise
crítica, meticulosa e ampla das publicações correntes em uma determinada área do
conhecimento. Segundo Boccato (2006) esta tipologia de pesquisa busca explicar e
discutir um tema com base em referências teóricas publicadas em livros, revistas,
periódico e outros. Objetiva também, conhecer e analisar conteúdos científicos sobre
determinado tema, busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de
referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições
científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que
foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto
apresentado na literatura científica (BOCCATO, 2006).
Dessa forma, a pesquisa bibliográfica não é apenas uma mera repetição do
que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas proporciona o exame de um tema
sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras (MARCONI;
LAKATOS, 2007). Para esta pesquisa foram adotados, como critério de inclusão,
aqueles artigos que apresentaram especificidade com o tema, a problemática do
estudo, que contiveram os descritores selecionados, que respeitarem o período de
recorte temporal especificado. Foram excluídos os artigos que não estabelecerem
relação com o objetivo do estudo e aqueles trabalhos que não foram encontrados na
íntegra (SANTOS et al., 2010).

2.1 LEVANTAMENTO DE DADOS

Esta pesquisa tratou de uma revisão de literatura de caráter descritivo, que


utilizou as bases de dados: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde), Scielo (Scientific Electronic Library Online), PubMed (US
National Library of Medicine National Institutes of Healthe) Scholar (Google
Acadêmico) que serviu como instrumento para coleta de dados, a partir dos
seguidores presentes nos Descritores em Ciências da Saúde (2017): repelentes;
produtos naturais; Aedes aegypti; arboviroses e os seus equivalentes em língua
inglesa.
16

No que se refere a composição da amostra, os artigos foram selecionados a


partir da variável de interesse. A seleção foi realizada a partir da leitura dos resumos
dos artigos, teses e dissertações encontradas nas bases de dados, sendo
selecionados para a leitura na íntegra, apenas a literatura que atendeu aos critérios
de inclusão definidos nesse estudo. O recorte temporal incluiu apenas as
publicações que responderam às questões de estudo, publicadas no período de
2004 a 2017, nos idiomas português e inglês. A opção por um intervalo de doze
anos entre as publicações se justifica pela intenção de abarcar um maior número de
trabalhos já realizados.

2.2 ANÁLISES DOS DADOS

Após a coleta dos dados, foi feita a leitura de todo material selecionado,
identificação de plantas utilizadas, seus metabólitos presentes e sua forma de
emprego. Posteriomente foi realizada uma análise descritiva das mesmas, buscando
estabelecer uma compreensão e ampliar o conhecimento sobre o tema pesquisado,
contribuindo para o seu efetivo emprego junto ao combate ao vetor Aedes aegypti.
17

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 ARBOVIROSES VEÍCULADAS PELO Aedes aegypti

Doenças infecciosas apresentam algumas peculiaridades que as distinguem


de outras doenças humanas, tais como o caráter imprevisível e explosivo em nível
global, a transmissibilidade, a relação estreita com o ambiente e o comportamento
humano, além da potencialidade de prevenção e erradicação. A maior parte dos
patógenos responsáveis por doenças infecciosas humanas tem origem zoonótica, ou
seja, são mantidos na natureza em ciclos que envolvem um vetor e um animal
silvestre (por exemplo, macaco ou pássaro). Entretanto, com a modificação do
ambiente causada por ações do homem muitos insetos vetores, como os mosquitos,
tornaram-se sinantrópicos, favorecendo a transmissão dos patógenos por eles
veiculados. Dessa forma, nos últimos 10 anos, observa-se a ocorrência de algumas
doenças transmitidas por mosquitos vetores, em especial arboviroses, como a
Dengue, Febre Chikungunya e Zika vírus, em diferentes países das Américas (LIMA-
CAMARA, 2016).
A emergência de arboviroses em locais antes indenes representa um
potencial desafio para a Saúde Pública brasileira em muitos aspectos. A recente
entrada de Febre Chikungunya e o Vírus Zika no Brasil e em outros países das
Américas expõe a população ao risco de infecção, uma vez que todos os indivíduos
são susceptíveis, não existem vacinas disponíveis como método profilático e não
existem antivirais efetivos para o tratamento. Ressalta-se que a entrada desses
arbovírus em países já endêmicos para a Dengue, como o Brasil, pode ter como
consequência o colapso nos serviços de saúde durante epidemias explosivas
simultâneas (LIMA-CAMARA, 2016).
O impacto econômico dessas novas arboviroses é preocupante, pois, apesar
de a maioria dos pacientes infectados com Febre Chikungunya e Zika vírus
apresentar recuperação completa após a fase aguda da doença, alguns sintomas,
como a forte artralgia do Chikungunya, pode durar semanas ou meses, interferindo
nas atividades ocupacionais do indivíduo. Por outro lado, a infecção por Zika vírus
pode levar o paciente a desenvolver uma síndrome de origem autoimune e de ordem
neurológica, denominada Guillain-Barré, que causa fraqueza muscular generalizada
e paralisia. Adicionalmente, já se comprovou que a infecção por Zika vírus em
18

mulheres grávidas está associada ao recente surto de microcefalia em bebês recém-


nascidos no Brasil, o que aumenta a urgente necessidade de implementar a
vigilância em saúde relacionada a essa infecção (LIMA-CAMARA, 2016).
As modificações ambientais causadas pelo homem, principalmente aquelas
ligadas às atividades habitacionais e de consumo, contribuem significativamente
para a incidência dos casos, ao passo que muitos insetos vetores desenvolveram
mecanismos de adaptação a ambientes urbanos, favorecendo a transmissão dos
patógenos por eles veiculados (LIMA-CAMARA, 2016). O Aedes aegypti é uma
importante praga urbana, o inseto está amplamente distribuído principalmente em
regiões com infraestrutura deficiente, que favorecem o seu desenvolvimento e,
consequentemente, dos sorotipos virais por ele veiculados (CASTRO Jr et al., 2013).
A dengue é atualmente a arbovirose mais prevalente no mundo, com cerca de
40% da população em risco de contaminação. Circulam quatro sorotipos do vírus,
aumentando significativamente as formas graves e letais da doença. Como doença
endêmica ou pandêmica reemergente, ocorre praticamente em todas as regiões
tropicais e subtropicais do planeta. Os países localizados nestas regiões são mais
suscetíveis em função de diversos condicionantes, tais como: mudanças globais,
alterações climáticas, variabilidade do clima, uso da terra, armazenamento de água
e irrigação, crescimento da população humana e urbanização. Tais fatores, dentre
outros, contribuem expressivamente para a proliferação e desenvolvimento do vetor
do vírus. As alterações climáticas impactam no aumento de mais de 2 bilhões no
número de pessoas expostas a dengue e as projeções para 2085 sugerem que
cerca de 5 a 6 bilhões de pessoas (50 a 60 % da população global) estarão em risco
de potencial transmissão da doença (VIANA; IGNOTTII, 2013).
A dengue tem se destacado entre as enfermidades reemergentes e é
considerada a mais importante das doenças virais transmitidas por artrópodes. A
doença manifesta-se, clinicamente, sob duas formas principais: a dengue clássica
(também chamada febre de dengue) e a forma hemorrágica, ou febre hemorrágica
de dengue, às vezes com síndrome de choque de dengue. A reemergência de
epidemias de dengue clássica e a emergência da febre hemorrágica de dengue são
alguns dos maiores problemas de saúde pública da segunda metade do século XX.
Para tanto, têm concorrido as mudanças demográficas e o intenso fluxo migratório
rural-urbano, que geraram um crescimento desordenado nas cidades, ausência de
boas condições de saneamento básico e, como consequência, a proliferação do
19

vetor. Vários surtos têm sido informados, em todos os cinco continentes. A


distribuição geográfica da febre de dengue é mundial e envolve países tropicais e
subtropicais (BRAGA; VALLE, 2007).
A morbidade ocasionada, já que a intensa mialgia e prostração podem levar o
doente ao afastamento das suas atividades produtivas por dias, associado a sua
mortalidade, podem ser elevadas dependendo da forma da doença e da brevidade e
eficácia do tratamento médico instituído. A dengue é uma doença sazonal,
ocorrendo com maior frequência em períodos quentes e de alta umidade, já que tais
condições favorecem a proliferação do mosquito transmissor (DIAS et al., 2010).
Assim como a dengue, a febre Chikungunya é uma doença febril aguda
associada a dor intensa e frequente poliartralgia debilitante. É causada pelo vírus da
Chikungunya, um alfavírus pertencente à família Togaviridae, transmitido por meio
da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectada. Sabe-se que o vírus da
Chikungunya é capaz de acometer células endoteliais e epiteliais humanas,
fibroblastos, dendritos, macrófagos e células B, assim como células musculares,
implicando na possibilidade de diferentes apresentações clínicas. Artrites por
alfavírus, incluindo o vírus da Chikungunya, tem sido relacionada a doença
prolongada. Ao considerar ambas, a incidência de Chikungunya nos últimos 10 anos
no mundo e a prevalência de sintomas persistentes no primeiro ano após a infecção
aguda, o número cumulativo de indivíduos infectados pela doença sofrendo de dor
incapacitante e de longa duração é estimado em 1 a 2 milhões (CASTRO; LIMA;
NASCIMENTO, 2016).
A febre Chikungunya é a arbovirose associada a maior grau de manifestações
reumatológicas. Trata-se de uma doença cuja distribuição geográfica engloba a
África, a Ásia e a América do Sul, regiões tidas como áreas endêmicas. Entretanto,
apesar de haver o reconhecimento de áreas endêmicas, a febre Chikungunya é uma
ameaça à população que vive em áreas tropicais com características sazonais, as
quais favorecem o desenvolvimento do Aedes aegypti (CASTRO; LIMA;
NASCIMENTO, 2016).
A viremia persiste por até dez dias após o surgimento das manifestações
clínicas. Casos de transmissão vertical podem ocorrer quase que, exclusivamente,
durante o período de intraparto em gestantes virêmicas e muitas vezes, provoca
infecção neonatal grave. Pode ocorrer transmissão por via transfusional, porém é
rara se os protocolos forem observados. Os sinais e os sintomas são clinicamente
20

parecidos com os da dengue, febre de início agudo, dores articulares e musculares,


cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A principal manifestação clínica que as difere
são as fortes dores nas articulações. Após a fase inicial, a doença pode evoluir em
duas etapas subsequentes: fase subaguda e crônica. Embora a Chikungunya não
seja uma doença de alta letalidade, tem caráter epidêmico com elevada taxa de
morbidade associada à artralgia persistente, tendo como consequência a redução da
produtividade e da qualidade de vida (BRASIL, 2015).
O vírus Zika é um flavivírus transmitido por Aedes aegypti e foi originalmente
isolado de uma fêmea de macaco Rhesus febril na Floresta Zika, em Uganda. Esse
vírus é relacionado ao vírus da febre amarela e dengue, também transmitidos pelo
Aedes aegypti e que causam febre hemorrágica. O vírus Zika tem causado doença
febril, acompanhada por discreta ocorrência de outros sintomas gerais, tais como
cefaleia, exantema, mal-estar, edema e dores articulares, por vezes intensas. No
entanto, apesar da aparente benignidade da doença, mais recentemente na
Polinésia Francesa e no Brasil, quadros mais severos, incluindo comprometimento
do sistema nervoso central (síndrome de Guillain-Barré, mielite transversa e
meningite), associados ao Zika têm sido comumente registrados, o que mostra quão
pouco conhecida ainda é essa doença (VASCONCELOS, 2015).
Reconhecida quase simultaneamente, em fevereiro de 2015 na Bahia e em
São Paulo, a circulação da doença causada pelo vírus Zika foi rapidamente
confirmada pelo uso de métodos moleculares e, posteriormente, no Rio Grande do
Norte, Alagoas, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro, mostrando uma capacidade de
dispersão impressionante, somente vista no Chikungunya nos últimos dois anos nas
Américas (VASCONCELOS, 2015). Estudos epidemiológicos baseados em amostras
de sangue obtidas de residentes na região em Uganda mostraram uma prevalência
de anticorpos anti-zika vírus de cerca de 6% (PINTO JUNIOR et al., 2015).

3.1.1 Epidemiologia no Brasil

A dengue, a febre chikungunya e a febre pelo vírus Zika são doenças de


notificação compulsória e estão presentes na Lista Nacional de Notificação
Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública, sendo que a febre
pelo vírus Zika foi acrescentada a essa lista apenas pela Portaria nº 204, de 17 de
fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde (Brasil, 2016). O monitoramento dessas
21

doenças é de fundamental importância para a mensuração de seu impacto na saúde


da população, assim como para nortear a implantação de políticas públicas de
combate. No ano de 2012 a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde registrou um total de 286.011 casos de Dengue no País (Figura 01).

Figura 01. Monitoramento epidemiológico no Brasil (2012-2017).

INCIDÊNCIA
1.800.000

1.600.000

1.400.000

1.200.000

1.000.000

800.000

600.000

400.000

200.000

0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

Dengue Febre chikungunya Zika vírus

Fonte: (BRASIL, 2012; 2014; 2015; 2016; 2017* dados não conclusivos)

No mesmo ano, apesar das ações de combate e campanhas para a redução


na transmissão da dengue, algumas unidades federadas apresentaram elevada
incidência, como nos estados de Roraima (182,5 casos/100 mil habitantes), Sergipe
(184,4 casos/100 mil habitantes), Bahia (200,9 casos/100 mil habitantes), Alagoas
(207,2 casos/100 mil habitantes), Pernambuco (311,4 casos/ 100 mil habitantes),
Mato Grosso (454,7 casos/ 100 mil habitantes) e Tocantins (837,7 casos/100 mil
habitantes), que também apresentam aumento no número absoluto de casos
(BRASIL, 2012). Destaca-se no ano de 2014 foram registrados 572.308 casos
prováveis de dengue no país, na análise comparativa em relação a 2013, observa-se
redução de 60% dos casos no país (Figura 01). No entanto, as seguintes Unidades
da Federação apresentam aumento no número absoluto de casos prováveis e
incidência acima de 300 casos/100 mil habitantes: Acre (3.095,3 casos/100 mil
habitantes), Alagoas (382,8 casos/100 mil habitantes) e São Paulo (504,9 casos/100
22

mil habitantes). Cabe destacar que, embora não tenha aumento em relação a 2013,
o estado de Goiás apresenta uma alta incidência com 1.360,5 casos/100 mil
habitantes (BRASIL, 2014).
Em 2015, foram registrados 1.587.080 casos prováveis de dengue no país
(Figura 01). Nesse período, a região Sudeste registrou o maior número de casos
prováveis (997.268 casos; 62,8%) em relação ao total do país, seguida das regiões
Nordeste (293.567 casos; 18,5%), Centro-Oeste (211.450 casos; 13,3%), Sul
(53.106 casos; 3,3%) e Norte (31.689 casos; 2,0%). No mesmo ano foram
notificados 2.597 casos de febre de chikungunya, esses casos foram identificados
nas seguintes Unidades da Federação: Amazonas, Amapá, Ceará, Distrito Federal,
Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul, Roraima e São Paulo (BRASIL, 2015).
Em 2016 foram registrados 1.487.924 casos prováveis de dengue no país
(Figura 01). A análise da taxa de incidência de casos prováveis de dengue (número
de casos/100 mil habitantes), segundo regiões geográficas, demonstra que as
regiões Centro-Oeste e Sudeste apresentam as maiores taxas de incidência: 1.275,9
casos/100 mil habitantes e 997,6 casos/100 mil habitantes. Entre as Unidades da
Federação, destacam-se Minas Gerais (2.525,4 casos/100 mil habitantes), Goiás
(1.772,4 casos/100 mil habitantes), Rio Grande do Norte (1.672,4 casos/100 mil
habitantes), e Mato Grosso do Sul (1.618,0 casos/100 mil habitantes). No mesmo
período foram registrados 263.598 casos prováveis de febre de chikungunya no país
(BRASIL, 2016).
A análise da taxa de incidência de casos prováveis (número de casos/100 mil
habitantes), por regiões geográficas, demonstra que a região Nordeste apresentou a
maior taxa de incidência: 405,2 casos/100 mil hab. Entre as Unidades da Federação,
destacam-se Rio Grande do Norte (718,5 casos/100 mil habitantes), Ceará (513,8
casos/100 mil habitantes), Alagoas (507,2 casos/100 mil habitantes) e Pernambuco
(506,7 casos/100 mil habitantes). No mesmo ano foram registrados 211.770 casos
prováveis de febre pelo vírus Zika no país. A análise da taxa de incidência de casos
prováveis (/100 mil habitantes), segundo regiões geográficas, demonstra que a
região Centro Oeste apresentou a maior taxa de incidência: 205,3 casos/100 mil
habitantes. Entre as Unidades da Federação, destacam-se Mato Grosso (670,0
casos/100 mil habitantes), Rio de Janeiro (407,7 casos/100 mil habitantes) e Bahia
(337,6 casos/100 mil habitantes) (Figura 01) (BRASIL, 2016).
23

No ano de 2017 (no período de 1/1/2017 a 24/06/2017), foram registrados


192.123 casos prováveis de dengue no país (Figura 01). A análise da taxa de
incidência de casos prováveis de dengue (número de casos/100 mil habitantes), em
2017, segundo regiões geográficas, demonstra que as regiões Centro-Oeste e
Nordeste apresentam as maiores taxas de incidência: 323,6 casos/100 mil
habitantes e 124,8 casos/100 mil habitantes. Entre as Unidades da Federação,
destacam-se Goiás (591,5 casos/100 mil habitantes), Ceará (457,9 casos/100 mil
habitantes) e Tocantins 399,4 casos/100 mil habitantes). No mesmo período foram
registrados 131.749 casos prováveis de febre chikungunya no país (BRASIL, 2017).
A análise da taxa de incidência de casos prováveis, por regiões geográficas,
demonstra que a região Nordeste apresentou a maior taxa de incidência 169,8
casos/100 mil habitantes, seguida da região Norte, com 66,5 casos/100 mil
habitantes. Entre as Unidades da Federação, destacam-se Ceará (893,0 casos/100
mil habitantes), Roraima (319,1 casos/100 mil habitantes) e Tocantins (211,0
casos/100 mil habitantes). No mesmo intervalo de tempo foram registrados 13.353
casos prováveis de febre pelo vírus Zika no país. A análise da taxa de incidência de
casos prováveis de Zika (número de casos/100 mil habitantes), segundo regiões
geográficas, demonstra que as regiões Centro-Oeste e Norte apresentam as
maiores taxas de incidência: 23,1 casos/100 mil habitantes e 15,7 casos/100 mil
habitantes. Entre as Unidades da Federação, destacam-se Tocantins (85,0
casos/100 mil habitantes), Roraima (42,6 casos/100 mil habitantes) e Goiás (42,6
casos/100 mil habitantes) (BRASIL, 2017).
Os dados epidemiológicos refletem os graves impactos sanitários gerados
pelas arboviroses, causando elevados índices de morbidade e mortalidade em todo
território nacional. Dessa forma, se torna imperiosa a busca por medidas de
enfretamentos a esse conjunto de doenças (BRASIL, 2017).
24

3.1.2 Epidemiologia na Bahia

Figura 02. Monitoramento epidemiológico na Bahia (2013-2017).

INCIDÊNCIA
dengue febre chicungunya zika vírus

90.000
80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: (BAHIA, 2014; 2015; 2016; 2017* dados não conclusivos)

Segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do estado da


Bahia 2016, as maiores epidemias recentes de dengue na Bahia ocorreram em 2013
(83.453 casos notificados), com sorotipos prevalentes de dengue (Figura 02). No
ano de 2014 foram notificados 24.681 casos de dengue (Figura 02) (BRASIL, 2015).
Em 2015 foram registrados 53.842 casos prováveis de dengue no país (Figura 02).
Os municípios que mais destacaram-se com maior frequência de casos de Dengue
foram: Itabuna 3017,01 casos/100 mil habitantes, Ilhéus 2853,85 casos/100 mil
habitantes Simões Filho 799,74 casos/100 mil habitantes, Jequié 1256,59 casos/100
mil habitantes, Serrinha 1709,11 casos/100 mil habitantes e Itaberaba 1516,69
casos/100 mil habitantes (BRASIL, 2015). No mesmo período foram notificados
24.304 casos de febre Chikungunya (Figura 02). Dentre os municípios os que
tiveram maiores índice foram: Riachão do Jacuípe 7295,74 casos/100 mil habitantes,
Itiúba 6401,48 casos/100 mil habitantes, Valente 8386,28 casos/100 mil habitantes e
Várzea do Poço 6909,44 casos/100 mil habitantes. Em relação ao Zika vírus foram
notificados 66.203 casos (Figura 02). Os municípios que mais destacaram-se foram:
Camaçari 2626,39 casos/100 mil habitantes, Itabuna 2877,24 casos/100 mil
habitantes, Senhor do Bonfim 2896,92 casos/100 mil habitantes Monte Santo
25

3278,78 casos/100 mil habitantes e Santo Antônio de Jesus 1102,93 casos/100 mil
habitantes (BRASIL, 2015).
Em 2016 foram notificados 20.211 casos prováveis de dengue no estado da
Bahia (Figura 02). Os municípios que apresentaram maior frequência foram: Itabuna
3005,14 casos/100 mil habitantes, Itaberaba 921,82 casos/100 mil habitantes, Santa
Brígida 3051,78 casos/100 mil habitantes, Buerarema 2067,68 casos/100 mil
habitantes. No mesmo ano foram notificados 7.362 casos de Febre Chikungunya
(Figura 02). Entre os municípios que mais se descaram encontra-se: Itaberaba
3749,34 casos/100 mil habitantes, Jaguarari 1349,75 casos/100 mil habitantes,
Filadélfia 1131,13 casos/100 mil habitantes. No respeito a Zika vírus foram
notificados 11.413 casos (Figura 02). Os municípios que mais contiveram destaque
foram: Itabuna 1305,01 casos/100 mil habitantes, Itaberaba 1533,34 casos/100 mil
habitantes, Mairi 2983,52 casos/100 mil habitantes e Uibaí 1742,74 casos/100 mil
habitantes (BRASIL, 2016).
No ano de 2017 foram notificados 5.379 casos prováveis de dengue em todo
o estado, com coeficiente de incidência 35,4 casos/100 mil habitantes,
respectivamente (Figura 02). O boletim indica que a epidemia de dengue ocorreu em
215 (51,6%) municípios baianos, entre os quais se destacam Ibirapuã 5655,4
casos/100 mil habitantes, Tapiramutá 2431,3 casos/100 mil habitantes, Wanderley
1691,3 casos/100 mil habitantes, Cândido Sales 1109,7 casos/100 mil habitantes,
Botuporã 789,4 casos/100 mil habitantes, Gongogi 692,9 casos/100 mil habitantes e
Nova Viçosa 641,0 casos/100 mil habitantes com maiores coeficientes de incidência.
A maior concentração desses casos no estado ocorreu na região extremo sul,
contando com 20,3% dos casos prováveis (1.092 casos). A faixa etária mais atingida
foi de 20 a 39 anos (39,3%), com maior proporção de incidência no sexo feminino
(55,4%) (BRASIL, 2017).
No que diz respeito à febre Chikungunya, em 2017, foram notificados 4.982
casos (Figura 02). Entre os municípios os que mais se destacaram foram: Itarantim
2020,8 casos/100 mil habitantes, Ibirapuã 1877,5 casos/100 mil habitantes, Gongogi
1633,3 casos/100 mil habitantes, Itagimirim 925,0 casos/100 mil habitantes, Teixeira
de Freitas 797,2 casos/100 mil habitantes e São Francisco do Conde 556,8
casos/100 mil habitantes com maiores coeficientes de incidência. A região extremo
sul é a que mais concentra os casos prováveis (48,5%). O maior número de casos
ocorreu na faixa etária de 20 a 39 anos (35,3 %), prevalecendo no sexo feminino
26

(61,2%). Pela técnica sorológica de detecção de anticorpos (ELISA-IgM) para vírus


da febre chikungunya, foram identificados 1.537 resultados reagentes (66,4%), em
um total de 2.514 amostras, de 01 a 25/04/2017. De 2014 a 2017 foi comprovada
laboratorialmente circulação viral do vírus da febre chikungunya em 136 (32,6%)
municípios da Bahia (BRASIL, 2017).
No que diz respeito ao Zika vírus, em 2017, foram notificados 1.187 casos
suspeitos em 116 (27,8%) municípios (Figura 02). Dentre os municípios que mais se
destacaram foram: Guajeru 1078,93 casos/100 mil habitantes, Riachão do Jacuípe
237,27 casos/100 mil habitantes, Itabuna 138,84 casos/100 mil habitantes, Itarantim
84,62 casos/100 mil habitantes, Botuporã 81,66 casos/100 mil habitantes com
maiores coeficientes de incidência. Neste caso, a região sul concentra 27,7% dos
casos prováveis. O maior número de casos ocorreu em indivíduos entre 20 e 39
anos (40,9%), correspondendo a 66,8% dos casos ao sexo feminino. O vírus Zika foi
detectado pela técnica RT-PCR em 06 amostras (2,9%), em um total de 210
amostras, de 01/01 a 25/03/2017. Nos anos de 2015 a 2017, houve comprovação
laboratorial da circulação do Zika vírus em 24,2% (101) dos municípios atingidos da
Bahia (BRASIL, 2017).

3.2 O PAPEL DO Aedes aegypti NA TRANSMISSÃO DAS ARBOVIROSES

Atualmente o Aedes aegypti é um dos vetores que está mais presente nos
ambientes urbanos em todo o mundo. A relevância clínica desse mosquito está na
sua capacidade vetorial dos sorotipos I, II, III e IV do vírus da dengue, além de
também veicular o vírus da febre Chikungunya e o vírus Zika. As elevadas
populações do mosquito estão relacionadas ao comportamento comensal a
agrupamentos humanos e ao hábito antropofílico desta espécie. Além disso, o
caráter hematofágico diurno da fêmea da espécie e os problemas de saneamento
básico dos centros urbanos têm potencializado as dificuldades de combate (SILVA
et al., 2004). O controle eficiente desses mosquitos tem sido desafiador e novas
metodologias têm sido utilizadas no Brasil, sobretudo após a descoberta de que o
Aedes aegypti também é vetor para a febre Chikungunya e o vírus Zika (LIMA-
CAMARA, 2016).
Os arbovírus são mantidos por transmissão biológica através de um vetor
artrópode para um hospedeiro vertebrado, representando, portanto, um
27

agrupamento ecológico e não taxonômico. Para a maioria dos arbovírus os seres


humanos são hospedeiros sem saída, o que significa que as viremias não são
elevadas o suficiente para infectar o vetor dos artrópodes. No entanto a febre
Chikungunya e o vírus da Dengue são exceções, dado que esses vírus podem
replicar e gerar títulos de viremia no hospedeiro humano o suficiente para infectar
mosquitos vetoriais (DIAZ et al., 2013).
Os vírus são transmitidos pelos mosquitos através da transmissão horizontal
e vertical. Na transmissão horizontal, o vírus é transmitido através da injeção de
saliva contaminada com o vírus após o repasto sanguíneo do mosquito. Na
transmissão vertical, o vírus é transmitido através dos ovos colocados pelos
mosquitos. A transmissão vertical do vírus da Dengue no Aedes aegypti
desempenha um papel importante na manutenção da DENV na natureza e
potencialmente aumenta a possibilidade de surtos da doença em áreas endêmicas e
não endêmicas. Os ovos infectados com DENV podem sobreviver por mais de um
ano em ambientes secos ou frios, mesmo na ausência de um hospedeiro vertebrado
adequado. Este mecanismo de transmissão vertical permite que o vírus sobreviva
durante inter-epidemias (KHAN et al., 2017).
Paralelamente, o aquecimento global também se mostra como importante
fator na dinâmica de transmissão de patógenos ao homem. O aumento da
temperatura global afeta os mosquitos vetores, pois reduz o tempo necessário para
o desenvolvimento das larvas e, dessa forma, aumenta rapidamente a população de
adultos. Além disso, diminui o período de incubação extrínseco, isto é, o tempo para
que o vírus alcance a glândula salivar do mosquito, tornando-o apto para a
transmissão desse agente etiológico. Assim, apesar dos países tropicais
apresentarem condições sociais, ambientais e climáticas mais favoráveis para a
transmissão destas doenças infecciosas, a circulação de alguns arbovírus também
está sendo observada em alguns países de clima temperado (LIMA-CAMARA,
2016).
O processo dinâmico e progressivo de seleção adaptativa para a
sobrevivência das espécies, que ocorre cotidianamente na natureza, envolve
importantes fenômenos que interferem no estado de saúde das populações
humanas e isto pode ser bem evidenciado na força da re-emergência das infecções
causadas pelo Aedes aegypti, pois as agressões dos sorotipos destes agentes às
28

populações humanas vêm crescendo em magnitude e extensão geográfica, desde


meados do século XX (GONÇALVES, 2010).
Dessa forma, o aquecimento global e processo de urbanização sem controle
constitui um importante fator de permanência do Aedes aegypti, sobretudo nas
grandes cidades. As populações dos países em desenvolvimento vivem em áreas de
vulnerabilidade às arboviroses veiculada pelo Aedes aegypti onde o serviço de
saneamento básico é deficitário, resultando em acúmulo de lixo no peridomicílio e no
armazenamento de água em recipientes artificiais, que servem de criadouros
preferenciais para esse vetor (BESERRA et al., 2009).

3.3 O CICLO DO VETOR Aedes aegypti

Os mosquitos estão na Terra há cerca de 30 – 54 milhões de anos. A maioria


dos fósseis de mosquitos encontrados é do período Oligoceno (26 – 38 milhões de
anos), dentre os quais, estão os pertencentes ao gênero Aedes. O desenvolvimento
do mosquito se dá por metamorfose completa e o ciclo de vida é holometabólico,
compreendendo-se por quatro estágios biológicos distintos: o ovo, larva (1º a 4º
estágio), pupa e adulto (fêmea ou macho) (Figura 03). Os ovos são depositados nas
paredes de reservatórios artificiais de água (criadouros), sendo super-resistentes às
intempéries. A larva passa por quatro estágios até a formação da pupa, fase
aquática do mosquito, e a pupação não excede cinco dias, sendo este o período
considerado mais propício para a erradicação devido à vulnerabilidade da
metamorfose. O crescimento e o desenvolvimento das formas evolutivas variam de
acordo com a temperatura da água, disponibilidade de alimento e densidade
populacional no criadouro. Já na fase adulta está intimamente associada às
atividades do homem por suas características de alimentação e reprodução
(MATIAS, 2015).
29

Figura 03. Ciclo de vida do Aedes aegypti.

Fonte: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/kitdengue2/epidemiologia/imagens.html

A cópula e oviposição do Aedes aegypti são diurnas, assim como a


hematofagia que é exercida principalmente entre 7 e 10 horas da manhã. O
mosquito prefere sugar o homem, principalmente nos pés ou nas partes inferiores
das pernas, mas se alimentam também em cães, roedores e aves (NEVES, 2004).
Exerce o repasto sanguíneo principalmente no início da manhã e no final da tarde,
com preferência por ambientes urbanos, intradomiciliares (DIAS et al., 2010). É um
mosquito adaptado ao ambiente urbano e utiliza para a oviposição os recipientes
mais frequentes no domicílio ou peridomicílio tanques de armazenamento de água e
vasilhames temporários, dentro e fora das casas, como potes, barris, latas, garrafas
e vasos de plantas. As larvas, oriundas dos ovos, também podem ser encontradas
em calhas de telhado, axilas de folhas, bambus cortados (BRAGA; VALLE, 2007).
As primeiras evidências do ciclo de transmissão do vírus da dengue foram
publicadas por Bancroft em 1906, que levantou a hipótese de o Aedes aegypti ser o
vetor da doença o que logo depois foi confirmado por Agramonte e outros
pesquisadores. A partir deste conhecimento, foi possível estabelecer os elos
epidemiológicos envolvidos na transmissão da doença resumidos abaixo (ver Figura
04) (GONÇALVES, 2010).
30

Figura 04. Processo de transmissão da doença.

Indivíduo
(infectado)

Mosquito Mosquito não


infectado pica infectado pica
indivíduo sem o indivíduo com o
vírus vírus

Ovos
depositados já
infectados Aedes aegypti
(infectado)

Fonte: GONÇALVES, 2010

O mosquito Aedes aegypti é o vetor primário da dengue e um inseto


extremamente sinantrópico devido à sua natureza antropófila e necessidades
reprodutivas específicas. É abundante em regiões tropicais, onde fatores ambientais
(pluviosidade, temperatura e umidade relativa) favorecem o seu ciclo de vida. A
distribuição global de Aedes aegypti é fortemente influenciada por fatores climáticos,
exceto em locais com temperaturas inferior a 10 °C, o que limita o desenvolvimento
larval e a sobrevivência de adultos. Em contrapartida, temperaturas ótimas para
desenvolvimento, longevidade e fecundidade estão entre 22 °C e 32 °C. Ao passo
que temperaturas mais elevadas e dentro da faixa de sobrevivência favorável de
Aedes aegypti, diminuem o tempo para o desenvolvimento dos estágios evolutivos,
causando um aumento populacional dos mosquitos. Além disso, o período de
incubação extrínseca do vírus da dengue é reduzido, resultando em maiores taxas
de transmissão viral (MARINHO et al., 2016).
A maioria dos estudos que aborda o ciclo de vida de Aedes aegypti foi
realizada avaliando-se populações isoladas e poucas contribuições mencionam
comparações entre ciclos de populações de diferentes regiões geográficas. O ciclo
de vida do A. aegypti apresenta padrões de crescimento, reprodução e tempo de
vida inerentes a cada população, que são influenciados por fatores intrínsecos à
31

espécie e por fatores ambientais, próprios de cada região de origem do vetor


(CASTRO JUNIOR et al., 2013).

3.4 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DO VETOR Aedes aegypti

No final do século XIX, descobriu-se que certas espécies de insetos e outros


artrópodes eram responsáveis pela transmissão de algumas doenças de grande
importância epidemiológica. O uso de vacinas ou medicamentos efetivos contra a
maioria delas ainda não estavam disponíveis e o controle da transmissão era
fortemente centralizado no combate ao vetor. Atualmente, muitas doenças contam
com vacinas eficazes, como a febre amarela, ou com medicamentos geralmente
eficientes, a exemplo da malária. Todavia, o controle vetorial ainda é imprescindível
para prevenir diversas doenças entre as quais destacam-se aquelas veiculadas pelo
Aedes aegypti, sendo esta atividade parte integrante de muitos programas de saúde
(BRAGA; VALE, 2007).
O crescimento da população de Aedes aegypti deve-se ao aumento dos
sistemas de coleta de lixo deficientes, da densidade populacional em áreas urbanas,
à má qualidade das habitações, à decadência dos sistemas de saúde e,
principalmente, às condições precárias de saneamento, às quais a maioria da
população brasileira está submetida. A persistência da infestação de Aedes aegypti
deve-se também, entre outros fatores, ao acúmulo de água das chuvas no interior
dos objetos de uso humano lançados nos peridomicílios e nos resíduos que não são
devidamente acondicionados para recolhimento pelo serviço de coleta de lixo
urbano, tornando-se os principais focos de proliferação de mosquitos (GOMES,
2009).
Para o enfrentamento efetivo das arboviroses, as ações governamentais são
requisitos importantes para maior eficiência de planos estratégicos que integram as
políticas de saúde. As medidas adotadas localmente para dimensionamento
epidemiológico e controle das causas ambientais, estruturais e sociais, são
fundamentais para redução dos casos de dengue (PEREIRA; FERREIRA; BORGES,
2013). Aliadas às estratégias específicas de combate ao vetor, as ações
intersetoriais têm sido cada vez mais necessárias para o êxito do controle das
arboviroses. A cooperação de outras áreas além do setor de saúde é fundamental
para lograr êxito no combate aos vetores, considerado o principal método para evitar
32

os casos de dengue, Zika e Chikungunya. Saneamento básico, manejo adequado de


resíduos sólidos e de lixo, abastecimento regular de água, educação em saúde,
vigilância de fronteiras, turismo e intensa movimentação de pessoas são exemplos
de fatores que precisam ser priorizados como alvos estratégicos de políticas sólidas,
com o envolvimento de todos os setores da sociedade (ZARA et al., 2016).
Dois métodos são empregados para o controle e a profilaxia das doenças
transmitidas pelo Aedes aegypti: o mecânico e o químico. O mais utilizado é o
controle mecânico, onde o método consiste em medidas dirigidas aos potenciais
sítios de desenvolvimento, de forma a não permitir o acúmulo de água e a possível
proliferação do mosquito em eventuais focos. Esse método é empregado,
principalmente, por meio de visitas domiciliares realizadas por profissionais treinados
e por meio de campanhas educativas para a população. O segundo método de
controle e profilaxia é o controle químico, que se dá pela aplicação de produtos de
origem sintética, de variadas concentrações nos locais de provável desenvolvimento
do vetor. Por meio do controle químico são executadas duas formas de tratamentos:
o focal, que acontece nos locais onde não há possibilidade de remoção dos focos e
o perifocal, que consiste na aplicação de inseticidas, dentro das casas ou no espaço
peridomiciliar (SILVA; MARIANO; SCOPEL, 2008).
De um modo geral, o combate ao mosquito transmissor da dengue apresenta
vários aspectos críticos, como o não cumprimento da legislação ao fiscalizar e
eliminar criadouros em pontos considerados estratégicos por conta de sua
importância na dispersão do vetor; a dificuldade de inspeção predial, sobretudo dos
imóveis abandonados para suprimir ou tratar reservatórios de água; a carência de
mão de obra qualificada para vistoria e tratamento nos imóveis; além das limitações
legais para contratar pessoal, o que leva à terceirização do trabalho com contratos
temporários e vínculos empregatícios precários. Outros aspectos estruturais têm
implicação direta no controle do mosquito como a necessidade da regularização do
abastecimento público de água, a coleta regular e destinação adequada do lixo,
especialmente na periferia dos centros urbanos (FERREIRA; VERAS; SILVA, 2009).
Além de várias medidas de controle de vetores, a proteção pessoal é um dos
métodos para reduzir o contato homem-mosquito e evitar que o mosquito contamine
o indivíduo reduzindo a transmissão da doença (MENDKI et al., 2015). Medidas
físicas são fundamentais para proteger lactentes jovens, especialmente menores de
seis meses, destacando-se as telas embebidas com o inseticida permetrina. Assim
33

como o uso de repelentes tópicos para proteção individual exige cuidados


específicos e conhecimento quanto ao produto ideal para cada idade, especialmente
quando consideradas sua eficácia e segurança (STEFANI et al., 2009).
A melhor forma de combater o Aedes aegypti é impossibilitar o seu
desenvolvimento. Por isso, o governo federal convocou um esforço nacional para
que todas as casas do país sejam visitadas para eliminação dos criadouros. As
visitas domiciliares são essenciais para o combate ao vetor. No contato, constante
com a população, os agentes de saúde desenvolvem ações com os moradores,
relativas aos cuidados permanentes para evitar depósitos de água nas residências
(BRASIL, 2016). As ações de combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti e
o cuidado com os criadouros do mosquito ganham, em todo o país, o reforço dos
agentes comunitários de saúde. Os profissionais se juntam e combatem às
endemias que já realizam o serviço junto à comunidade. A medida intensifica as
ações relacionadas a vigilância à saúde das equipes de atenção básica prevista na
Política Nacional de Atenção Básica. As ações de combate concretizam o esforço
das equipes de saúde em trabalhar a educação em saúde na população, além de
mobilizar a participação da comunidade no controle social (BRASIL, 2015).

3.4.1 Ações de educação em saúde

Historicamente as políticas de saúde e as ações de combate ao dengue são


pautadas no controle vetorial, com atividades de campo. Entretanto, o controle do
dengue deve ser multidirecionado, com ações voltadas também para o diagnóstico
precoce, o tratamento adequado e a prevenção da disseminação do vírus (REIS;
ANDRADE; CUNHA, 2013). A educação em saúde vem sendo, a cada dia, mais
valorizada nas questões relacionadas aos problemas de saúde, ao lado das ações
ambientais e da vigilância epidemiológica, entomológica e viral. A educação em
saúde representa um conjunto de práticas, conhecimentos e aprendizagens
combinadas para facilitar a promoção da saúde numa perspectiva contextual,
histórica e coletiva de responsabilidades e direitos à saúde. Esta concepção resgata
a educação em saúde das práticas fragmentadas para uma prática comprometida
com o desenvolvimento social e promoção do homem, cuja efetividade depende de
como os profissionais da saúde realizam suas práticas (HENRIQUES; SILVA, 2012).
Desta forma, a educação em saúde surge como a forma mais eficaz de ações
34

preventivas, pois as atividades educativas assumem um valor cada vez maior no


combate ao Aedes aegypti, das doenças transmitidas por ele e sua etiologia,
aumentando a participação da população na erradicação dos criadouros (GOMES et
al., 2017).
Essas dificuldades remetem à ênfase nas ações de educação e comunicação
dirigidas à população a fim de reduzir os criadouros dos mosquitos e a manutenção
do ambiente domiciliar saudável. Desse modo, a participação comunitária, de forma
consciente e ativa, nas ações de vigilância e controle do Aedes aegypti, tem sido
apontada como um dos principais eixos de um efetivo programa de controle, ao
mesmo tempo em que se constitui uma das mais complexas tarefas a serem
implementadas (FERREIRA; VERAS; SILVA, 2009). Também é indispensável que
haja investimento no sistema de saneamento básico, coleta de lixo e outras formas
de manejo urbano que minimize o risco representado por criadouros de Aedes
aegypti (LIMA et al., 2006).
Dessa forma, estratégias de educação ambiental e educação em saúde
devem, necessariamente, ser desenvolvidas em conjunto. O principal objetivo desse
componente é fomentar o desenvolvimento de ações educativas para a mudança de
comportamento e a adoção de práticas para a manutenção do ambiente domiciliar
preservado da infestação por Aedes aegypti, observadas a sazonalidade da doença
e as realidades locais quanto aos principais criadouros. Além de divulgar e informar
sobre ações de educação em saúde e mobilização social para mudança de
comportamento e de hábitos da população, buscando evitar a presença e a
reprodução do Aedes aegypti nos domicílios (BRASIL, 2002).

3.4.2 Biotecnologia aplicada ao Aedes aegypti

O elevado número de casos de dengue no Brasil demonstra a ineficiência das


ações de combate que, em grande medida, depende do controle do Aedes aegypti,
também vetor dos vírus Zika e Chikungunya, recém-chegado no território brasileiro e
cujas orientações para o enfrentamento reafirmam as ações estabelecidas para a
dengue. Em face a este problema, observam-se ações concretas para consolidar a
utilização de novas tecnologias para o controle do Aedes aegypti que, de maneira
mais frequente, consiste na liberação de mosquitos geneticamente modificados ou
infectados pela bactéria Wolbachia. Esses mosquitos que não transmitem os
35

patógenos, vulgarmente denominados “mosquitos do bem”, são criados em


laboratório para que sejam disseminados no campo com objetivo de transmitirem
seus caracteres genéticos, promovendo o controle populacional nas áreas liberadas,
ou o controle das doenças veiculadas (WERMELINGER-BISSINGER; FERREIRA;
HORTA, 2014).
Em 1955 o entomologista americano Edward F. Knipling propôs o conceito de
liberação de insetos estéreis para controlar populações de pragas de importância
agrícola. A produção do inseto estéril se baseia na criação em massa, esterilização
por radiação e liberação de grandes números de insetos machos em uma área pré-
estabelecida. Os insetos machos liberados irão acasalar e não gerarão
descendentes, reduzindo o potencial reprodutivo da população selvagem, causando
a redução da população nas gerações subsequentes. Se um número satisfatório de
machos estéreis for liberado por tempo suficiente, a população-alvo entrará em
colapso, levando a sua supressão ou até mesmo eliminação total na área–alvo. Este
método é, portanto, espécie-específico e não agride o meio ambiente. O controle
genético busca a cobertura universal pela utilização do comportamento altamente
eficiente do macho em localizar fêmeas da mesma espécie para acasalar. Outra
vantagem do emprego dessa técnica, é que a presença de resistência a inseticidas
na população-alvo é irrelevante ao sucesso desse tipo de método. Fêmeas
selvagens evitam acasalar com machos criados artificialmente ou estéreis, fato que
deve ser levado em consideração. No entanto, existe a real possibilidade de que a
liberação de mosquitos estéreis possa erradicar populações-alvo isoladas, pois se a
densidade da população selvagem diminui, aumenta-se a taxa de mosquitos estéreis
na população, facilitando o cruzamento entre machos estéreis e fêmeas selvagens
(WILKE et al., 2009).
As estratégias genéticas também estão sendo desenvolvidas para o
controle de vetores, e geralmente são divididas em duas etapas. A primeira etapa
consiste em reduzir ou mesmo eliminar espécies de mosquitos por meio do
desenvolvimento de genes letais ou capazes de tornar os insetos estéreis. A
segunda etapa envolve a transformação ou substituição da população, pela
introdução de uma característica genética para reduzir ou bloquear a transmissão da
doença na população selvagem. No caso de mosquitos, para a criação em massa e
liberação no meio ambiente, é essencial o uso de tecnologias de sexagem, porque
apenas os machos podem ser liberados, uma vez que não se alimentam de sangue,
36

como as fêmeas, reduzindo-se o risco de picadas e a transmissão de doenças


(ZARA et al., 2016).
No Brasil, a partir de 2010, pesquisas de campo para avaliação dos riscos e
da efetividade da liberação de mosquitos geneticamente modificados começaram a
ser realizadas em Juazeiro e em Jacobina, na Bahia, e em Piracicaba, São Paulo.
Resultados preliminares mostraram que, após a liberação dos mosquitos
transgênicos em Juazeiro-BA, houve redução de 80% a 95% da população de
Aedes aegypti. Em abril de 2014, uma cepa de mosquitos transgênicos (OX513A),
produzida pela empresa britânica Oxitec, recebeu aprovação técnica da Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para liberação comercial no Brasil
(ZARA et al., 2016).

3.5 UTILIZAÇÃO DE REPELENTES

Os repelentes são compostos de utilização tópica, que também podem ser


aplicados sobre roupas e superfícies de diversos objetos e em ambientes, que têm a
função de inibir a aproximação de insetos. Sua utilização reduz o risco de
transmissão de inúmeras doenças infecciosas e reações de hipersensibilidade
decorrente da picada desses artrópodes. Os repelentes sintéticos tópicos são os
mais usados ao redor do mundo, entretanto, sua utilização ocorre de forma
inapropriada. A utilização errônea de repelentes, principalmente em áreas
endêmicas, não assegura uma proteção adequada (RIBAS; CARREÑO, 2010).
Um repelente ideal deve apresentar eficácia duradoura contra uma ampla
variedade de artrópodes, não causar irritação cutânea e imediatamente após sua
aplicação sobre a pele ou sobre vestimentas, não afetar a roupa manchando-a,
branqueando-a ou enfraquecendo o tecido e deve permanecer na roupa após
lavagens repetidas. Além disso, deve ser inerte com plásticos de uso cotidiano,
resistir à água e ao suor e não deixar resíduos oleosos na pele, de forma que
também não seja tóxico, ter custo viável que possibilite seu uso frequente, além de
não ser agressivo ao meio ambiente (RIBAS; CARREÑO, 2010).
Atualmente os repelentes são a forma mais comum de proteção pessoal contra
artrópodes que transmitem doenças humanas. Nos últimos cinquenta anos, a N, N-
dietil-3-metilbenzamida (DEET) tem sido o ingrediente ativo mais amplamente
utilizado em repelentes tópicos. Embora o DEET seja considerado seguro, algumas
37

pessoas evitam este composto devido a preocupações com efeitos adversos ou seu
odor e sensação desagradáveis na pele (WITTING-BISSINGER et al., 2008).
Diversos repelentes com compostos sintéticos contendo icaridina,
dimetilftalato e DEET estão disponíveis no mercado, oferecendo proteção por
algumas horas. Estas preparações podem ter sua eficiência diminuída por absorção,
evaporação ou transpiração. Estudos “duplos cegos” realizados com voluntários das
Forças Armadas dos Estados Unidos da América demonstraram a eficácia de
formulações que utilizaram a associação do DEET com a permetrina. Dessa forma,
entende-se que os repelentes podem ser associados a substâncias que têm função
sinergista. De modo geral, estas substâncias não são tóxicas para os insetos, mas
podem contribuir com a atividade inseticida dos piretróides sintéticos (como no caso
do butóxido de piperonila, que inibe as monooxigenases, capazes de detoxificar
substâncias exógenas) ou facilitar a volatilização do repelente, aumentando o seu
raio de ação (MIRANDA, 2005).
A maioria dos repelentes é solubilizada em solvente apropriado (em geral
álcool) e aplicado sob a forma de spray, aerossol ou loção sobre a área a ser
protegida, que pode ser a pele, um tecido ou outra superfície (MIRANDA, 2005). A
concentração máxima para uso em crianças é controversa, a Academia Americana
de Pediatria (AAP) permite o uso de até 30% em maiores de dois anos, enquanto
que a Sociedade Canadense de Pediatria (SCP) preconiza produtos com até 10%
de DEET para crianças de seis meses a 12 anos e autores franceses também
sugerem concentrações de até 30% para crianças entre 30 meses e 12 anos. Na
literatura, há um consenso de que se deve optar pela menor concentração efetiva e
não são indicados para crianças com idade menor de dois a seis meses. No Brasil, a
maioria dos produtos destinados a crianças e adultos contém DEET <10%
(STEFANI et al., 2009).
A maioria dos repelentes contém DEET (ver Figura 05), que tem atividade de
amplo espectro e efetivamente repele a maioria dos mosquitos. Atualmente, o DEET
é formulado em aerossóis, pulverizadores de bombas, loções, cremes e líquidos.
Entretanto, este composto apresenta importantes efeitos adversos, incluindo
irritação cutâneas, rash cutâneo e prurido no local de aplicação. Segundo Keziah et
al. (2015), muitas pessoas que aplicaram altas concentrações de DEET numa base
diária desenvolveram efeitos adversos mais graves devido à exposição crônica
(KEZIAH et al., 2015).
38

A icaridina (ver Figura 05) é um novo e promissor repelente indicado pela


Organização Mundial da Saúde (OMS) para viajantes, juntamente com DEET. Em
concentração de 10%, a icaridina confere proteção por um período de três a cinco
horas e, a 20%, de oito a dez horas. Sua ação é comparável a concentrações de 15-
50% de DEET, mas permite uma ação de repelência em um intervalo maior de
tempo. Um estudo africano verificou que a potência da icaridina contra o Anopheles
gambiae não difere do DEET, mas contra o A. aegypti é de 1,1 a 2,0 vezes mais
potente. Após dez horas de exposição, a icaridina demostrou maior eficácia que o
DEET e o IR 3535. No Brasil, há uma única marca disponível e seu uso é
recomendado para crianças acima de dois anos (STEFANI et al., 2009).
Outro composto de reconhecida ação repelente é o IR 3535 (ver Figura 05),
um biopesticida sintético com estrutura química semelhante ao aminoácido alanina,
disponível na Europa há mais de 20 anos. Em concentração de 20%, apresenta
eficácia contra Anopheles sp. e Aedes sp. por um período de quatro a seis horas. O
IR 3535 pode ser usado por gestantes, pois possui bom perfil de segurança. Na
França, a sua utilização é recomendada apenas para crianças acima de dois anos e
seis meses. Um estudo desenvolvido no Brasil comparou o IR3535 e a icaridina a 10
e a 20%, verificando-se uma média de proteção até a primeira picada de Aedes
aegypti de seis horas (mínimo de cinco horas e 20 minutos), sem diferença
significante entre os produtos. Comparado ao DEET, o IR3535 foi igual ou superior
na proteção contra duas espécies de mosquitos flebotomíneos. O tempo de proteção
para Aedes aegypti foi similar ao DEET – cerca de três horas – com concentrações
de 10 e 20% de ambos os repelentes (STEFANI et al., 2009).
39

Figura 05: Estrutura dos principais repelentes de insetos.

Fonte: PAUMGARTTEN; DELGADO, 2016.

3.6 MECANISMO DE REPELÊNCIA

O mecanismo de ação dos repelentes de insetos ainda não está totalmente


compreendido. Estes compostos são definidos como produtos químicos capazes de
produzir nos insetos movimentos orientados para longe de sua fonte, no entanto, o
termo é frequentemente usado vagamente para descrever um ingrediente ativo que
impede a picada. Assim, um mecanismo que anula a atração de um inseto para uma
fonte também seria considerado um repelente. A maioria dos repelentes
comercialmente disponíveis é baseada no DEET. O DEET é frequentemente
considerado como o repelente "padrão ouro", sendo o repelente mais usado e eficaz,
com alguns fabricantes afirmando níveis de proteção por até 12 horas. O mecanismo
de ação de DEET foi relatado por meio de diferentes mecanismos. Por exemplo,
vários estudos mostraram que o DEET pode atuar em receptores olfativos dos
neurônios que são sintonizados na detecção de produtos semioquímicos que
induzem e facilitam o comportamento de busca do hospedeiro nos mosquitos.
Outros estudos mostraram que o DEET é ativamente detectado por receptores
olfatórios de neurônios nas antenas ou paletas maxilares. Esses estudos aludem ao
fato de que os repelentes de mosquitos podem envolver mais de uma maneira de
atuação (RAMIREZ et al., 2012).
40

O mecanismo de repelência do DEET quando o mosquito pousa sobre a pele


difere da repelência do DEET na fase de vapor. Os mosquitos Aedes sp. são
atraídos pela pele tratada com DEET, mas não se alimentam de sangue. Este
resultado pode ser explicado por dois mecanismos: o primeiro pelo fato de que os
mosquitos precisam de contato físico com a pele tratada com DEET para serem
repelidos, e, segundo a outra justificativa existem receptores olfativos de baixa
afeição que detectem DEET quando o mosquito está próximo de pele. Para testar
isso, gravações de vídeo de mosquitos e controles do tipo selvagem documentaram
o comportamento de busca de hospedeiro. Quando o DEET foi aplicado sob a pele,
os mosquitos pousaram nos indivíduos e depois deixaram sem realizar o repasto
sanguíneo. Este resultado demonstra que o contato medeia a repulsão na ausência
de um sistema olfativo intacto. Assim, esta experiência permite a separação dos
mecanismos de contato e olfativo de DEET no mosquito, com a ressalva potencial
de que outros receptores olfativos, incluindo IRs (receptores ionotrópicos), estejam
intactos neste mosquito. Ainda necessita ser determinado se o pouso em pele
tratada com DEET desencadeia uma resposta de sabor amargo através de GRs
(receptores gustativos) ou desengate de contato envolvendo uma via molecular
distinta (DEGENNARO, 2015).
A Figura 06 evidencia algumas hipóteses propostas sobre como o
comportamento do inseto é modulado pelo DEET na fase de vapor. Conforme
ilustrado na Figura 6, os neurônios de receptores olfativos ativados são verdes,
inativados são cinza e modulados são roxos. Plumas de odor do hospedeiro humano
são indicadas em tons de amarelo. Em (A), o odor humano (amarelo) liga-se a
receptores olfativos específicos (azul e azul claro, mas não vermelho), ativando
neurônios receptores olfativos (ORNs) coloridos em verde, o que, por sua vez, ativa
glomérulos no lóbulo antenal (amarelo brilhante) levando a atração do hospedeiro.
Na tira (B), o DEET inibe a sensação de odor do hospedeiro por ligação a receptores
olfativos e bloqueando a ativação de ORNs (cinza). (C) demostra que o DEET pode
modular a ativação do receptor por odor humano (azul e azul claro, mas não
vermelho), levando a mudanças na ativação do neurônio do receptor olfativo (cinza e
roxo) que codificam odor de reconhecimento alterando o padrão de ativação normal
dos glomérulos e, dessa forma, a atração do hospedeiro está bloqueado. Outra
hipótese (D), determina que o DEET se liga a um receptor olfativo específico
(vermelho) que é expresso em um ORN que ativa um circuito neural que provoca
41

repulsão. O sinal aversivo substitui o padrão de ativação neural provocado por


compostos atraentes detectadas por outras ORNs (DEGENNARO, 2015).

Figura 06: Comportamento do mosquito modulado pelo DEET.

Fonte: DEGENNARO, 2015.

Os insetos hematófagos têm um sistema olfativo altamente desenvolvido e


usam principalmente suas antenas para detectar produtos quimiotáxicos. Os
quimiotáxicos podem fornecer informações sobre a localização, a adequação ou o
estado fisiológico dos insetos, hospedeiros ou locais de reprodução. Os
quimiotáxicos entram através de poros na sensila nas antenas, onde são
transportados através da linfa sensilar por proteínas de ligação odorante aos
receptores olfativos sobre os dendritos dos neurônios do receptor olfativo. Os
sistemas olfativos de insetos são sensíveis não apenas a estruturas moleculares
42

específicas, mas também a compostos onipresentes e possuem mecanismos


sofisticados como a detecção de compostos com estruturas semelhantes (LOGAN;
BIRKETT, 2007).
Uma vez que a relação entre a estrutura química e a eficácia do repelente não
foi completamente esclarecida, os repelentes de insetos não podem ser
classificados com base em seu mecanismo de ação. No entanto, os repelentes mais
ativos possuem estruturas químicas definidas: aminas, imidas, álcoois e fenóis
(Figura 07). Há também um tipo de relacionamento entre a capacidade de produção
de vapor e o nível de repelência. A atividade de repelência está de alguma forma
relacionada aos receptores olfativos de insetos via um grupo de neurônios que
detectam estímulos químicos atraentes, ativação de receptores que promovem
comportamentos inapropriados, ativação de receptores de odores nocivos e perda
de mensageiros atraentes (KATSAMBAS, 2015).

Figura 07: Estruturas químicas presente nos repelentes mais ativos.

Fonte: KATSAMBAS, 2015.

3.7 UTILIZAÇÃO DE REPELENTES NATURAIS NO CONTROLE DE INSETOS


VETORES

Apesar da significativa relevância destes compostos na prevenção de


doenças veiculadas por artrópodes, o uso contínuo e indiscriminado tem efeito sobre
a saúde humana e promove a resistência por parte dos mosquitos. Em consideração
a isto, estão sendo feitos esforços para desenvolver repelentes mais seguros e
eficazes, empregados sob várias formas, como bobinas, tapetes e vaporizadores,
43

uma tarefa que demanda grande esforços para sintetizar moléculas com a
repelência desejada contra vetores de mosquito. Nesse sentido, extratos de várias
plantas têm sido estudados como possíveis repelentes de mosquitos, revelando a
existência de repelentes naturais com boa eficácia (KEZIAH et al., 2015). Os novos
produtos de origem vegetal visam oferecer alternativas, principalmente para o
controle do A. aegypti. Entretanto, tais substâncias deverão não somente ser
eficazes no controle desse vetor, mas oferecer, também, uma maior segurança no
seu uso, e, ao mesmo tempo, serem seletivas, biodegradáveis, economicamente
viáveis e de baixo impacto ambiental (CRUZ et al., 2015). Os estudos iniciais têm
demostrado que os óleos essenciais são os compostos de escolha para formular
melhor repelente para a prevenção da picada de mosquitos com proteção mais
longa (MENDKI et al., 2015).
Os repelentes de insetos baseados em plantas atualmente no mercado
geralmente contêm óleos essenciais de citronela (Cymbopogon nardus ou
Cymbopogon winterianus, eucaliptos de limão (Eucalyptus maculata citriodon) ou
combinações desses óleos onde p-menthane diol é um dos ingredientes ativos. O
uso de repelentes de plantas para reduzir o contato de vetores humanos é uma
prática comum (GLEISER; BONINO; ZYGADLO, 2010).
A proteção pessoal é uma abordagem frequentemente empregada para a
prevenção de picadas de mosquito. Este método permite a um indivíduo selecionar
(ou combinar) maneiras de evitar o contato com mosquitos, tanto com barreiras
físicas e químicas, quanto com tratamento de tecido com substâncias tóxicas e uso
de repelentes tópicos. A aplicação cutânea de repelentes é uma prática comum de
proteção pessoal e numerosos repelentes, sob uma variedade de marcas, estão
atualmente disponíveis comercialmente para consumidores em todo o mundo.
Entretanto, vários pontos devem ser observados pela população para o uso correto
de repelentes, propiciando, assim, proteção suficiente contra doenças transmitidas
por mosquitos vetores (CHAMPAKAEW et al., 2015).
As plantas produzem uma variedade de compostos no seu metabolismo
secundário, os quais estão relacionados com a interação da planta com o meio
ambiente, como por exemplo, a defesa contra insetos, bactérias e fungos. Os óleos
essenciais são constituídos de metabólitos secundários de grande importância
econômica e estão sendo cada vez mais estudados e utilizados no manejo integrado
de pragas. Atualmente, em razão vários fatores como a persistência no meio
44

ambiente e a indução de espécies resistentes ocasionadas pelo uso de inseticidas


sintéticos, vêm se verificando um crescente procura por novos produtos
fitossanitários alternativos para o efetivo controle de pragas, os quais podem
oferecer maior segurança, seletividade, biodegradabilidade, viabilidade econômica e
baixo impacto ambiental. Uma das classes que tem potencial para utilização no
manejo integrado de pragas são os óleos essenciais, que já fazem parte de algumas
formulações apresentando ação inseticida e/ou de repelente (LIMA et al., 2008).
A utilização de plantas com ação repelente para insetos foi citada há muitos
anos, na literatura greco-romana, onde Caio Plínio (23-79 a.C.) e o médico
Dioscorides (50-70 a.C.) reportaram a utilização de Artemisia absinthium L. como
repelente para mosquitos e pulgas. Caio Plínio ainda descreve em sua obra ‘História
Natural’ o uso de folhas e frutos de Citrus medica Risso (Rutaceae), como
repelentes (BUENO; ANDRADE, 2010). O mecanismo de ação repelente das
substâncias químicas naturais ainda não está bem esclarecido, mas sabe-se que a
repelência está associada ao comportamento dos artrópodes. Algumas substâncias
são inibidoras da aproximação como alguns óleos essenciais e o DEET. Já outras
substâncias são fagorrepelentes como, por exemplo, as lactonas, sesquiterpênos e
diterpenos. Os repelentes agem por evaporação em pequenas quantidades, criando
um microambiente na área de aplicação e impedindo a aproximação dos insetos
hematófagos que, são atraídos pelo calor da pele e por substâncias exaladas pelo
tecido cutâneo (MIRANDA, 2015).
Os óleos essenciais são a fonte alternativa contra o repelente sintético porque
é provável que não sejam tóxicos para humanos e outros organismos. Os óleos
essenciais de várias plantas mostraram repulsão efetiva contra mosquitos. Os
repelentes à base de plantas naturais também demonstraram boa eficácia contra
algumas espécies de mosquitos em testes que examinam como atividade adulticida,
atividade larvicida, repelente e atividade dissuasora de adulticida, repelente, larvicida
e oviposição. A eficácia de qualquer óleo essencial da planta como repelente
depende de vários fatores, como qualidade, tipo de repelente, modo de ação,
temperatura, umidade, resposta de picada do mosquito, volatilidade, métodos de
extração. Os fatores que afetam a qualidade dos óleos essenciais incluem espécies
de plantas, condições de cultivo e amadurecimento de plantas colhidas,
armazenamento de plantas, preparação de plantas e métodos de extração. Estudos
comportamentais sobre óleos essenciais são pesquisas muito importantes para
45

identificar óleos vegetais eficazes por exibir efeitos repelentes contra mosquitos,
visto que há necessidade de desenvolver repelentes ecológicos, seguros e
econômicos para insetos sugadores de sangue (UNIYAL et al., 2016).
Diversos óleos essenciais à base de plantas são conhecidos por ter
propriedade repelente de insetos e ampla literatura está disponível sobre a
propriedade repelente de óleos essenciais, a exemplo do composto N, N-dietil fenil
acetamida, que é conhecido por ter propriedade repelente contra vários insetos
hematófagos e encontrado no óleo de gergelim (Sesamum indicum), óleo de capim-
santo (Cymbopogon citratus), óleo de andiroba (Carapa guianensis), óleo de
citronela (Cymbopogon winterianus), endro (Anethum graveolens), Nim
(Azadirachta), manjericão (Ocimum basilicum), gálbano (Ferula galbaniflua) e
lavanda (Lavandula angustifolia Mill). Com uma maior frequência, os óleos
essenciais são a escolha para formular melhor repelente para prevenção de
mosquito e com proteção mais longa (MENDKI et al., 2015).
Segundo Stefani et al. (2009), o óleo de eucalipto-limão (Corymbia citriodora)
é eficaz na prevenção de picadas de mosquitos em crianças e adultos, além de
apresentar perfil de segurança favorável. Como vários outros componentes de óleos
essenciais com atividade repelente, o monoterpeno citronelal é altamente volátil,
conferindo proteção contra mosquitos por curto período após a aplicação na pele.
Entretanto, outro constituinte do óleo do eucalipto que exibe potente atividade
repelente, o PMD (p-mentano 3,8-diol), apresenta pressão de vapor mais baixa e
evapora mais lentamente, o que assegura proteção contra mosquitos mais
duradoura (várias horas) (PAUMGARTTENI; DELGADO, 2016). (Figura 08).

Figura 08. Eucalipto-limão (Corymbia citriodora).

Fonte: http://www.oleosessenciais.org/oleo-essencial-de-eucalipto-citriodora/
46

Destaca-se a citronela, uma planta do gênero Cymbopogon winterianus da


família Poaceae seus, possui as mesmas indicações em seus óleos essenciais. A
citronela apresenta folhas inteiras, estreitas e longas podendo chegar até 1 metro,
suas folhas apresentam bordas ásperas e cortantes e cor mais escura e brilhante
que o capim-limão. Com uma boa adaptação ao clima tropical do Brasil, vem sendo
utilizada na medicina popular como repelente contra o Aedes aegypti. As folhas
apresentam entre 0,6 a 1,0% de óleo essencial, ricos em geraniol e citronelal, que
são muito utilizadas pelas indústrias de cosméticos, perfumarias e medicamentos,
além de serem utilizados na produção de velas e incensos com efeitos repelentes a
algumas espécies de mosquitos entre eles do A. aegypti. Atualmente entre os
repelentes botânicos a citronela é umas das mais estudadas e pesquisadas. Após
determinação da composição química do óleo essencial de citronela, alguns
estudiosos identificaram as seguintes porcentagens relativas dos constituintes de
maior expressividade: citronelal (45%), geraniol (20,7%) e citronelol (14,49%),
comprovaram a eficácia do óleo de citronela como repelente natural, sendo uma
fonte promissora no controle do vetor. Além disso, as pesquisas relataram que o
óleo essencial de citronela mostrou elevada atividade larvicida contra larvas do
mesmo, atingindo alta porcentagem de mortalidade das larvas após exposição de
apenas 24 horas (MATIAS, 2015).
Atualmente o óleo de citronela é uma das substancias mais presente em
formulações de repelentes de insetos, além disso, é crescente o número de velas e
incensos (defumadores) que utilizam a citronela como repelentes ambientais
(BUENO; ANDRADE, 2010) (Figura 09).

Figura 09: Citronela (Cymbopogon winterianus).

Fonte: http://www.oleosessenciais.org/oleo-essencial-de-citronela/
47

Destaca-se também a planta brasileira conhecida como andiroba, Carapa


guianensis Aublet da família Meliaceae, que tem um óleo essencial com fortes
características repelentes de insetos que são feitos velas para repelir mosquitos pela
Fundação Oswaldo Cruz. O óleo de Andiroba é extraído da semente andirobeira
grãos, que produzem frutos em forma de cápsula com várias castanhas dentro.
Estas castanhas (sem casca) têm um alto teor de óleo (56% em termos de seco
peso) (SILVA et al., 2006). Dentre suas propriedades destacam-se ação repelente
de inseto (FERRARI et al., 2007). Alguns estudiosos identificaram as seguintes
porcentagens relativas com a seguinte composição graxa: ácido mirístico (18,1%);
ácido oleico (58,9%); ácido linoleico (9,2%) e ácido palmítico (9,3%); e, dentre os
compostos não graxos, destacam-se os triterpenos e taninos, além de dois
alcaloides, a andirobina e a carapina (SILVA et al., 2015). (Figura 10).

Figura 10: Andiroba (Carapa guianensis Auble).

Fonte: http://www.dixpix.ca/meso_america/Flora/magnoliids/009_ocotea_tenera.html

O Nim, Azadirachta indica A. Juss (Meliaceae), planta de origem indiana, é


uma fonte promissora de inseticidas orgânicos. Sementes de Nim são fontes de dois
tipos de repelentes naturais, o óleo de Nim obtido em prensa mecânica e extratos de
média polaridade preparados por maceração em solventes orgânicos. Devido a sua
relativa seletividade a insetos considerados pragas agrícolas, seus produtos vêm
sendo recomendados por diversos programas de manejo integrado de controle de
pragas ao redor do mundo. Sementes de Nim contêm numerosos metabólitos
secundários, sendo o limonoide azadiractina o principal entre outros análogos
minoritários que também contribuem para a eficácia global dos extratos. O óleo do
Nim pode ser utilizado como repelente para o Aedes Aegypti com tempo de proteção
48

de até 300 minutos. Misturas com outros repelentes podem potencializar a sua ação,
além de apresentar ação fungicida. Alguns dos seus componentes podem ser
utilizados como potenciais fármacos para o tratamento e prevenção do câncer, além
do seu potencial uso no combate ao Aedes Aegypti (OLIVEIRA, 2015) (Figura 11).

Figura 11. Nim (Azadirachta Indica A. Juss).

Fonte: http://www.ambeorganic.com/dry.html

O Manjericão (Ocimum basilicum L.), planta de comum ocorrência em todo


território nacional, é uma erva aromática comumente utilizada na culinária para
adicionar um aroma distintivo e sabor aos alimentos, além de ser empregado na
medicina tradicional. Óleos essenciais extraídos de folhas frescas e flores podem ser
usadas como aditivos aromáticos em alimentos, produtos farmacêuticos e
cosméticos. O óleo essencial possui agentes antifúngicos, físico-químicos e
atividade de repelente de insetos (GOVINDARAJAN et al., 2013) (Figura 12).

Figura 12: Manjericão (Ocimum basilicum L.)

Fonte: https://hortas.info/como-plantar-manjericao
49

O Piper, o maior gênero da família Piperaceae, é conhecido por ser rico em


óleos essenciais e algumas espécies deste gênero, como P. aduncum, P.
brachystachyum, P. falconeri, P. guineense e P. hispidum se destaca por ter ação
repelente de insetos (OLIVEIRA et al., 2013). Várias classes de compostos têm sido
isoladas de Piper aduncum, sendo as mais importantes os derivados prenilados do
ácido benzóico, cromenos ou benzopiranos, flavonóides, alcalóides, amidas,
monoterpenos, sesquiterpenos e fenilpropanóides (EMBRAPA, 2006). Geralmente, a
eficácia e duração de repelência depende de múltiplos fatores, incluindo o tipo de
repelente, o modo de aplicação, condições locais (temperatura, umidade e vento), a
atratividade do indivíduo para insetos, perda devido à remoção por transpiração e
abrasão, a sensibilidade dos insetos ao repelente e a densidade mordaz. A maioria
dos óleos e extratos essenciais de plantas são voláteis e atuam em mosquitos na
fase de vapor, que é eficaz por um período relativamente curto. Os resultados deste
estudo mostraram que o óleo essencial de Piper aduncum teve potencial atividade
repelente contra Aedes aegypti, que é um dos principais vetores para dengue. O
óleo essencial de Piper aduncum foi assim considerado um repelente
potencialmente eficaz (MISNI; SULAIMAN; OTHMAN, 2008) (Figura 13).

Figura 13: Pimenta macaco (Piper aduncum).

Fonte: http://florida.plantatlas.usf.edu/Plant.aspx?id=1957

O capim-santo (Cymbopogon citratus), pertencente à família das Poaceae, é


uma planta aromática cultivada para produção comercial de óleo essencial, o qual
geralmente apresenta como constituintes majoritários os monoterpenos citral
(mistura isomérica de neral e geranial) e o mirceno. Porém, seu maior emprego tem
sido na indústria farmacêutica, servindo de material de partida para síntese de
importantes compostos como iononas, metil-iononas e vitamina A (GUIMARÃES et
50

al., 2011). O uso de plantas do Cymbopogon citratus como repelente de insetos é


generalizado em todo o mundo e as formulações testadas representam a gama de
concentração comercialmente disponível. Também conhecido como erva-limão
(Cymbopogon citratus) expressa alto grau de repelência contra insetos
(SOONWERA; PHASOMKUSOLSI, 2015) (Figura 14).

Figura 14: Capim-limão (Cymbopogon citratus).

Fonte: http://modosdeolhar.blogspot.com.br/2015/12/capim-limao-capim-santo-ou-
capim.html?view=snapshot

Diversos aspectos devem ser observados para o uso correto de repelentes


propiciando-se, assim, proteção suficiente contra doenças transmitidas por
mosquitos vetores (STEFANI et al., 2009). Entre os produtos de plantio com
possibilidade de repelência, as substâncias naturais utilizadas com maior frequência
foram os metano 3-8 diol (PMD) e citronelal, que derivaram principalmente de
eucalipto de limão (Myrtaceae) e capim-limão (Poaceae). Os repelentes obtidos têm
sido comprovadamente eficazes, sendo competitiva com DEET (CHAMPAKAEW et
al., 2015).
51

4 DISCUSSÃO

Os dados obtidos nessa pesquisa, a partir da leitura de setenta e oito artigos


apontaram a existência de sete espécies de plantas com ação de repelência para o
mosquito Aedes aegypti (Tabela 01). Em sua maioria os compostos responsáveis
por tais atividades das plantas foram os óleos essenciais. Estes compostos são
extremamente voláteis e possuem componentes com fragrâncias características que
são responsáveis pela repelência do mosquito e inibem a orientação de insetos
hematófagos (UNIYAL et al., 2016).

Tabela 01. Espécies de plantas descritas com atividade repelente para o mosquito
Aedes aegypti.
Nome popular (espécie) Compostos bioativos Autores (ano de publicação)
PAUMAGARATTENI;
Eucalipto-limão
Monoterpeno citronelal DELGADO (2016),
(Corymbia citriodora)
STEFANI et al. (2009).
Monoterpenos Citral GUIMARÃES et al. (2011),
Capim-limão
(mistura isomérica de SOONWERA e
(Cymbopogon citratus)
neral e geranial), mirceno PHASOMKUSOLSI (2015).
Citronela Citronelal, geraniol, BUENO e ANDRADE (2010),
(Cymbopogon winterianus) citronelol MATIAS (2015).
Nim
(Azadirachta Indica A. Limonoide azadiractina OLIVEIRA (2015).
Juss)
GOVINDARAJAN et al.
Manjericão Linolol, estragol,
(2013),
(Ocimum basilicum L.) farnesene, eugenol e
MARTINEZ- VELAZQUEZ et
cineol
al. (2011).
Ácido benzóico,
cromenos ou OLIVEIRA et al. (2013),
benzopiranos, MISNI; SULAIMAN; OTHMAN
Pimenta macaco
flavonoides, alcaloides, (2008).
(Piper aduncum)
amidas, monoterpenos, EMBRAPA (2006)
sesquiterpenos,
fenilpropanóides
Monoterpenos Citral GUIMARÃES et al. (2011),
Capim-limão
(mistura isomérica de SOONWERA e
(Cymbopogon citratus)
neral e geranial), mirceno PHASOMKUSOLSI (2015).
Ácido míristico, FERRARI et al. (2007),
ácido oleico, ácido SILVA et al. (2006),
Andiroba
limoleico, ácido SILVA et al. (2015).
(Carapa guianensis)
palmítico, triterpenos, MIOT et al. (2004)
taninos, flavonoides
52

Em um estudo realizado por Stefani et al (2009), o óleo de eucalipto-limão


(Corymbia citriodora) teve seu princípio ativo PMD (p-mentano-3,8-diol), isolado e
utilizado na concentração de 30%. Nestas condições o composto também
demostrou atividade comparável ao DEET 20% e conferiu proteção de até cinco
horas, sendo o mais recomendado dos óleos naturais. É importante salientar que o
DEET é o repelente sintético mais empregado para proteção contra mosquitos
transmissores de doenças, incluindo as arboviroses. (PAUMGARTTEN; DELGADO,
2016). Todavia, os autores atentam para a necessidade de realizar reaplicações
mais frequentes em comparação a um repelente sintético.
Outros autores, Paumgartten e Delgado (2016), verificaram que óleo das
folhas do eucalipto-limão (C. citriodora), constituído majoritariamente por citronelal
(85%), é um dos mais eficazes entre os repelentes de origem botânica, e confere
proteção duradoura contra os mosquitos de importância médica, assim como o
Aedes aegypti. Entretanto, outro dos constituintes do óleo do eucalipto, que exibe
potente atividade repelente é o PMD (p-mentano 3,8-diol), que apresenta pressão de
vapor mais baixa e evapora mais lentamente, o que assegura proteção mais
duradoura (várias horas) contra o mosquito. Em reconhecimento à atividade
repelente do óleo de eucalipto, a Sociedade Canadense de Pediatria o coloca como
segunda opção de repelente no país (a icaridina não é disponível comercialmente no
Canadá) (PAUMGARTTEN e DELGADO, 2016).
Em um estudo realizado com o Cymbopogon citratus óleos essenciais e
extratos etanoicos foram testados com sucesso como repelente para o mosquito A.
aegypti, sozinhos ou misturados com outros materiais que poderiam aumentar o
tempo de proteção. Os compostos principais do óleo essencial de Cymbopogon
citratus são geranianos, nerais e geraniol. Geraniol e neral foram descritos como os
principais metabólitos repelentes de mosquitos do óleo essencial isolado de folhas
de C. citratus. Os resultados apresentados pelos autores sugerem que esses
compostos poderiam ser responsáveis pela bioatividade do oléo essencial de C.
citratus. Neste estudo, o repelente padrão de referência utilizado foi o DEET
(SOONWERA; PHASOMKUSOLSI, 2015). A mistura de PMD e óleo de capim-limão
(Cymbopogon citratus) foi superior ao DEET 15% e conferiu proteção por mais de
seis horas contra o Aedes aegypti, o que demostra a superioridade desta associação
em comparação ao DEET 15%, utilizado de forma isolada (STEFANI et al., 2009).
53

Da mesma forma, outra pesquisa feita com óleos essenciais de plantas do


gênero Cymbopogon evidenciou que os óleos de citronela (Cymbopogon
winterianus) resultaram em repelência expressiva, com índices médios de proteção
acima de 98% (MATIAS, 2015). Nas pesquisas de Bueno e Andrade (2010) os óleos
de citronela em concentrações de 5 e 10% apresentaram uma ação repelente
expressiva, com índices médios de proteção de 98,1% e 99,0% respectivamente.
Entretanto, o efeito do óleo de citronela, já reconhecido como repelente no Brasil,
não ultrapassou 30 minutos quando utilizado em pele humana contra mosquito,
usando como critério os tempos para a primeira e a terceira picada. Na presente
avaliação, o critério do índice de proteção para 15 minutos de exposição e o uso de
fêmeas de mosquitos confirmaram ser bons indicadores para a seleção de
candidatos a repelentes, permitindo a discriminação entre diferentes óleos
essenciais e entre diferentes concentrações do óleo de citronela (BUENO e
ANDRADE, 2010).
De acordo com Oliveira (2015), foi demonstrada a viabilidade do uso do óleo
de Nim (Azadirachta indica) como repelente para o Aedes aegypti com tempo de
proteção de até 300 minutos. O autor acrescenta que misturas com outros
repelentes podem potencializar a sua ação para o controle do Aedes Aegypti.
Enfatizou também o fácil preparo do óleo, bem como os componentes essenciais.
Verifica-se que a molécula azadiractina atua na inibição da alimentação dos insetos,
reduz a fecundidade e fertilidade dos adultos, altera o comportamento, causa
diversas anomalias nas células e na fisiologia dos insetos, além de causar
mortalidade de ovos, afeta o desenvolvimento das larvas e atrasa seu crescimento
(OLIVEIRA, 2015).
A atividade repelente para o Aedes aegypti também foi descrita por Martinez-
Velasquez (2011) utilizando o óleo essencial de Manjericão (Ocimum basilicum),
uma planta de comum ocorrência no Brasil, utilizado na culinária e na medicina
tradicional. Esta planta possui inúmeros compostos químicos como linalol, estragol,
farnesene, eugenol e cineol, sendo que todos estes são possuidores de
propriedades repelentes (MARTINEZ-VELAZQUEZ et al., 2011).
O óleo de andiroba (Carapa guianensis) possui compostos com potentes
características repelentes de insetos que são incorporadas em velas para repelir
mosquitos (SILVA et al., 2006). O óleo de Andiroba mostrou um perfil superior de
54

repelência em comparação com a ausência do produto, entretanto o tempo de efeito


repelente foi notavelmente inferior ao DEET 50% (MIOT et al., 2004).
O óleo essencial de P. aduncum teve comprovada atividade de repelência
contra o Aedes aegypti e foi, assim, considerado um repelente potencialmente
eficaz. Um estudo mostrou que os compostos presentes no óleo ofereceram uma
proteção por até 4 horas, enquanto no mesmo experimento o DEET ofereceu
proteção completa por até 2 horas, após a aplicação (MISNI; SULAIMAN; OTHMAN,
2008). Nas análises de Oliveira et al. (2013) o óleo essencial de P. aduncum ainda
mostrou atividade larvicida e inseticida contra o A. aegypti (OLIVEIRA et al. 2013).
De um modo geral, evidenciaram que a eficácia e a duração da repelência
dependem de múltiplos fatores como: a natureza dos compostos com ação
repelente, o modo de aplicação, as condições locais (temperatura, umidade e vento),
a atratividade do indivíduo para insetos, perda devido à remoção por transpiração e
abrasão, a sensibilidade dos insetos ao repelente e a densidade de picada. A
maioria dos óleos e extratos essenciais da planta são voláteis e atuam sobre os
mosquitos na fase de vapor, o que é efetivo por um período relativamente curto
(MISNI; SULAIMAN; OTHMAN, 2008).
55

5 CONSIDERAÇOES FINAIS

Foi constatado que a aplicação de repelentes naturais obtidos a partir de


plantas se mostrou como uma excelente alternativa para o controle de arboviroses
veiculadas pelo Aedes aegypti. O emprego de compostos naturais com ação
repelente ganha notoriedade ainda maior na atual situação epidemiológica do Brasil,
que apesar dos esforços direcionados ao combate ao vetor do transmissor dos vírus
Dengue, Zika vírus e febre Chikungunya ainda tem elevado indicadores de
incidência para as patologias por eles causadas.
O gênero Cymbopogon, obteve destaque durante o levantamento realizado
em busca de espécies com atividade repelente, evidenciando três representantes
com esta característica: eucalipto-limão, capim-limão e citronela. Os principais
compostos que demostraram bioatividade nestas espécies foram os óleos
essências. Estes compostos têm como principal característica a volatilidade, e por
isso, são capazes de estimular neuroreceptores olfativos e promover a repelência
aos mosquitos Aedes aegypti.
Apesar dos relevantes achados nesta pesquisa, foi verificada a necessidade
de novos estudos para identificação de eventuais espécies com atividade de
repelência para o mosquito Aedes aegypti, pois apesar da grande biodiversidade
existente nos biomas brasileiros foram identificadas apenas sete espécies
submetidas a experimentação para essa finalidade.
56

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