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Introdução

O nosso trabalho tem como central a lei da escassez, trataremos de esclarecer o


termo escassez bem como o seu uso desde os primórdios da história do Direito
Económico. Desde os pais fundadores da teoria económica ou no campo da Economia
Política, falamos por exemplo J. S. Mill, L. Robinns. Dado que naõ é um termo recente,
já vem desde os princípios da teoria económica clássica, e tem servido de base, como
veremos, de toda lei económica vigente a nível global e constitui factor de mudança do
modelo Económico de qualquer nação.
1.1 DEEFINIÇÃO E HISTÓRIA DO TERMO
Escasez é falta total ou parcial de alguma coisa. É um termo próprio
da Economia. A escassez, como condição básica para a ação do homo
economicus tem seus princípios cunhados ainda no século XIX. Mas é com
Lionel Robbins ([1932] 1944) que começa a tomar a dimensão de uma
“lei” econômica que orientará a construção teórica da corrente econômica
dominante (mainstream economics1).
“Em tempos em que enfrentamos a crise de mando em nosso país, no
qual o poder público sequer consegue efetivamente controlar a onda de
violência que assola os cidadãos [(…)angolanos], questionar se a anomia
que nos rodeia é fruto de uma falência da ordem econômica nacional
poderia não parecer um tanto impertinente”.
Ao que se mostra, a conclusão parece óbvia. Um país que ingressou,
abruptamente, em um modelo econômico neoliberal, sem ter antes fincado
suas bases em um modelo econômico social, alicerce de qualquer Estado
que almeje o desenvolvimento, fatalmente (ou pelo menos potencialmente)
adentraria em crises de mando como estas, na qual a população encontra-se
acuada frente aos marginais e o poder público atordoado sem saber como
responder à explícita e exacerbada violência.
Mesmo com a crise da “teoria econômica neoclássica” no final do
século XX, o conceito de Economia segue vinculado à “lei da escassez”,
como se pode observar nos principais manuais de teoria econômica, fato
que demonstra uma relativa aceitação da sua validade para a explicação dos
fenômenos econômicos mais elementares tal como a escolha do indivíduo
guiada única e exclusivamente pela escassez dos recursos. Sob o pretexto
de cientificidade, a “lei da escassez” tem perpetuado a suposta separação
entre o objeto e o sujeito bem como a necessidade de diferenciação entre
meios e fins, algo que ainda persiste dentro do mainstream, inclusive em
sua vertente institucionalista, a Nova Economia Institucional (NEI).
Apesar de a Ciência Econômica ter sido, historicamente, construída a
partir de um conjunto de “leis”, a preferência atual, em substituição ao

1
Nota.
termo “lei”, é a utilização da expressão teorema. Por sua vez, a
transformação de um teorema em “lei”, também pode se dar pela
consagração de seu uso, ainda que a sua formulação parta de princípios
essencialmente dedutivos e abstratos, ou seja, da noção de que as “leis” são
teóricas e universais. É justamente nesse sentido que o conceito de
Economia de Robbins virou “lei da escassez”.
A consideração de que a “lei da escassez” é parte integrante da teoria
dos preços, deve-se ao fato de que seus axiomas são mantidos (escassez
relativa, racionalidade plena, maximização como resultado da escolha,
equilíbrio e individualismo metodológico), enquanto que as suas restrições
(preços e renda) é que são testados, como se o mercado fosse um “dado
natural”, a partir do qual os agentes econômicos privados tomariam as
melhores decisões. Ressalte-se que o abandono parcial de tais axiomas pelo
mainstream, desde o final do século XX, não levou ao abandono da “lei da
escassez” como conceito elementar de Economia.
1.1Lei da Escassez como princípio basilar da vida em sociedade.
A maior parte dos problemas da relação humana intersubjetiva,
consubstancialmente, tange a escassez. A bem de não viver isoladamente, o
homem precisa da sociedade. No entanto, esta por si só não basta. São
necessárias então as regras jurídicas, para ordenar as condutas e permitir
que as relações sociais ocorram harmonicamente. Este fato há muito já era
identificado no brocado latino ubi ius ibi societas.
Este distúrbio natural dá-se por um motivo bastante simples e que já
há muito tempo é reconhecido na doutrina: enquanto inexiste qualquer
limite aos interesses humanos, os bens que poderiam suprir esses interesses
são deveras limitados. E é neste diapasão que surgem os conflitos de
interesses. Esta constatação exerce influência direita no âmbito econômico
de uma nação, inclusive e principalmente, na escolha do modelo
econômico a ser adotado, das regras jurídicas que constituirão a ordem
econômica, dentre outras importantes decisões.
Toda a socidade humana sobrevive e subsiste dos recursos presentes
na natureza, porém estes produtos existem em baixa escala dando ao homo
politikós a capacidade de poder geri-los de maneira racional e consciente da
sua estiagem. Por exemplo a Lei de Malthus: A escassez de alimentos já
era, em 1798, profetizada por Thomas Malthus, quando defendeu que,
enquanto a população crescia em progressão geométrica, a produção de
alimentos crescia aritmeticamente. Isto causaria um colapso na sociedade
mundial, que, à época, vivia altas taxas de fecundidade. A Revolução
Verde, do século XIX, citada por Rodrigo Corrêa, impediu que as previsões
de Malthus se concretizassem em escala mundial. Esta revolução, que
aumentou a produtividade de alimentos, motivou-se pelas altas taxas de
urbanização, além do desenvolvimento sustentável, que exige, cada vez
mais, a proteção ao meio ambiente, conservando-se a biodiversidade e
garantindo o equilíbrio ambiental.
Em decorrência disto, a tese de Malthus está ultrapassada há muito
tempo. Entretanto, suas idéias ainda permeiam o capitalismo corrente.
Malthus, segundo José Eustáquio Diniz Alves (2006, p.5), “defendia a
chamada lei de bronze dos rendimentos dos trabalhadores. Vale dizer, um
salário de subsistência”, ao passo que “o excedente agrícola seria
apropriado pelos latifundiários em forma de renda da terra”. Seu mito da
“explosão populacional” foi utilizado como um recurso para justificar a
necessidade de manter o atraso e a superexploração das classes
trabalhadoras, justificando salários miseráreis” (ALVES, 2006, p.5), indo
de encontro aos princípios constitucionais contemporâneos e até à Carta da
ONU, para quem o direito à vida e à sua dignidade estão em primeiro lugar.
Também ultrapassados, os neomalthusianos, com semelhantes idéias
simplistas, tentam legitimar a pobreza e a miséria como decorrentes do
excesso de população e, com efeito, contribui para atrasar o
desenvolvimento econômico. Daí partem políticas de limites a filhos por
casal, métodos contraceptivos e outras campanhas que ferem o direito
individual de cada cidadão de constituir sua família sem a ingerência
Estatal, em uma ingerência total na liberdade no planejamento familiar. A
fome, a miséria, reflexos da escassez de alimentos, não são resultantes do
crescimento populacional, mas pela falta de políticas públicas, com a qual a
ordem econômica constitucional tem ligação direta.
CONCLUSÃO
Cocluindo é pois necessária a lei da escassez dada a sua importância para o
Direito Económico. A Escassez poderia ser o motor de qualquer lei económica,
ninguém impõe sobre aquilo que abunda, impomos leis económicas sobre aquilo que é
escasso e raro.

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