Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
ABSTRACT
This paper presents a study to discuss the relevance of rethinking the role of grammar
teaching in schools, so that it can be meaningful and efficient, as well as the role and
importance of the teacher in the educational context to facilitate learning. Of Quality.
The objective is to foster discussion about such a study in the classroom, what are the
paradigms created and how the teacher's action can foster myths and truths about the
subject. The methodological approach adopted is qualitative and quantitative
bibliographic research in education, as defined by Chizzotti (2001), Knechtel (2014),
1
Triviños (1987) and Gil (2010). The paper presents the relevance of the subject to the
teaching of the Portuguese language, discusses what to teach and how to teach in
grammar and how the teacher's influence influences. It was based on authors such as
Vygotsky (2001), Bechara (2006) Faraco (2008), Neves (2003), Cegala (2012), Luft
(2002), among others. Myths and truths reported by teachers are reported and that
remain in people's minds; It also portrays the importance of contextualized teaching in
order to counter such myths. Finally it is concluded by the value of the teacher in this
process in the search for efficient proposals so that these mistakes can be avoided in
line with the contextualized teaching of grammar.
KEYWORDS: Grammar. Responsibility in teaching. Myths and Truths
1 INTRODUÇÃO
2
Figura 1 – INAF – Longe do Ideal
3
Surge assim a inquietação em relação a como tem sido abordada a gramática
nas aulas da educação básica, evidenciando como questão de pesquisa a
necessidade de: compreender o papel do ensino de gramática nas escolas,
consideração o funcionalismo linguístico.
Justifica-se o presente estudo a relevância de repensar o papel do ensino de
gramática na escola, de modo que ele possa ser significativo e eficiente, bem como o
papel e a importância do professor no contexto educacional para oportunizar um
aprendizado de qualidade. Busca-se fomentar a discussão acerca de tal estudo em
sala de aula, quais são os paradigmas criados e como o agir do professor pode
fomentar mitos e verdades a respeito do assunto
1.1 METODOLOGIA
4
professores de uma escola municipal de Ensino Fundamental – Ciclo I e 10 (dez)
adultos egressos de escola pública.
O presente estudo parte da experiência deste autor como Professor Universitário
de Português instrumental com alunos da graduação de Direito e de Psicologia e de
Gramática em cursinhos preparatórios para concursos, levando em conta os mitos
trazidos por esses alunos quanto ao ensino da Língua Portuguesa.
A pesquisa bibliográfica contempla abordagem interdisciplinar, com base em
leituras de artigos e publicações de autores, tanto da gramática quanto da linguística,
dentre eles destacamos: Vygotsky (1987), Faraco (2008), Martelotta (2013), Aquino
(2015), Furtado da Cunha (2013), também em estudos nas considerações de Neves
(2003) e Bechara (2009), além de outros estudiosos.
O principal objetivo é demonstrar a importância do ensino da Gramática na
Educação Básica, de forma contextualizada e não particionada, como fonte para o
entendimento completo dos textos, demonstrar sua relevância e buscar quebrar
pseudoparadigmas, indicando uma possível e necessária convivência pacífica entre
a gramática e a linguística.
Nunca se discutiu tanto sobre qual é o papel da escola na formação das crianças
em nosso país e, nesse contexto, nos caminhos pelos quais perpassam o ensino da
língua portuguesa surge como cerne dessas discussões: o que ensinar e como
ensinar?
Assim emerge o debate a respeito do ensino da Gramática, sendo que alguns
autores chegam a defender que seu ensino deva ser abandonado e colocam em
cheque o conceito de “norma-padrão”.
Há autores que defendem a abordagem da gramática que se aproxime da
linguística nos diferentes contextos de interação, nesse sentido Furtado da Cunha &
Tavares (2007, p. 14) abordam o descontentamento quanto ao ensino baseado em
“prescrições”, reforçando pesquisas que:
5
(FURTADO DA CUNHA & TAVARES- 2007, p. 14)
Está mais do que na hora, então, de nós como cidadãos e como professores,
exorcizamos esse famigerado monstro. Olhá-lo de frente e destrinçá-lo sem
temor. Superar a cultura do erro e criar condições para um ensino mais
eficiente e eficaz da língua portuguesa em nossas escolas. (FARACO, 2008,
p. 130)
A gramática a ser trabalhada deve ser funcional, isto é, aquela que, segundo
explica, trata a língua na situação de produção, no contexto comunicativo.
Basta lembrar que saber expressar-se numa língua não é simplesmente
dominar o modo de estruturação de suas frases, mas é saber combinar
essas unidades sintáticas em pelas comunicativas eficientes, o que
envolve a capacidade de adequar enunciados às situações, aos objetivos
da comunicação e às condições de interlocução. E tudo isso se integra na
gramática. (NEVES, 2003, p. 226)
A falar sobre a norma-culta, a autora define que a linguagem precisa ser plural
e a norma deve ser adequada a cada situação, sendo este o papel essencial da
escola no que se refere à língua portuguesa é o de levar à reflexão sobre a linguagem.
O ensino da gramática tem Vygostsky como defensor e um dos maiores autores
estudados na atualidade, o qual reforça que no ato de escrever a ação analítica
1
Maria Helena de Moura Neves-Doutora em Letras pela USP, linguista e professora emérita pela Unesp.
6
intencional deve ser considerada, recurso este não exigido na fala. Ainda, segundo o
autor, na escrita de um texto é essencial a consciência fonológica, habilidade para
ordenar as palavras nas orações e também obedecer aos fundamentos da gramática.
Vygotski retoma a defesa reafirmando o ensino da gramática na escola, haja
vista que permite aos alunos o domínio e a tomada de consciência dos tópicos formais
da língua:
7
Como forma de comunicação, a expressão popular, ou seja, a linguagem
coloquial tem o seu valor, entretanto não se pode perder o norte de que a linguagem
culta reúne valores e qualidades expressivas, as quais só serão adquiridas por meio
do ensino contextualizado da gramática, haja vista ser:
8
Assim, não se trata de situar a gramática entre o bem e o mal, mas sim de
reconhecer o seu ensino como meio de aquisição de conhecimentos necessários para
a libertação de todas as camadas sociais, especialmente dos menos favorecidos e
que são atendidos pela escola pública, até porque nenhum país desenvolvido prega
a desvalorização da norma-culta em sala de aula.
9
[...] na cidade na cidade Maringá, foram observados problemas relativos à
conceituação e à seleção de conteúdos em turmas do ensino fundamental.
Muitos conceitos transmitidos pelos professores misturam critérios ou
deixam de lado aspectos importantes. (ANTONIO, 2006, p.1052)
10
imaginário de pessoas que já há muito tempo tinham contato, para isso pesquisamos
se tinham lembrança do nome da primeira professora.
Questão 1. Diga o nome da atual miss Brasil:
• 100% dos entrevistados disseram não saber ou não se lembrar.
Questão 2. Qual é a atual Seleção campeã da Copa do Mundo?
• 40% dos entrevistados lembraram-se de que a França fora campeã em 2018;
• 40% disseram não saber ou não se lembrar, e
• 20% citaram outras seleções, como Brasil, Alemanha ou Espanha
Questão 3. Qual é o primeiro nome do Presidente Bolsonaro eleito em
2018?
• 70% dos entrevistados acertaram o nome Jair;
• 25% disseram ser Eduardo;
• 5% disseram não saber.
Questão 4. Que filme recebeu o Oscar de melhor filme em 2019?
• 100% dos entrevistados não sabiam
Questão 5. Qual é o nome da sua professora do 1º ano?
• 100% responderam o nome de pronto, sem se hesitarem.
Os números apresentados reforçam a importância do professor como formador,
especialmente quando no início da formação do aluno, haja vista que as perguntas
que envolviam fatos atuais não estavam na mente de boa parte dos entrevistados, já
o nome do primeiro professor, muitos, apesar de já passadas décadas, lembravam-
se com carinho de seus nomes, inclusive quando questionados mudavam suas
expressões com sorrisos e frases carinhosas.
Reforça-se a importância do professor no imaginário de crianças, adolescentes
ou adultos e como seus ensinamento se enraízam, tornando-se “leis”, Aquino (2015,
p. 14) reforça que tais equívocos ao afirmar que: “[...] o ensino, de modo
descontextualizado e prescritivo a fim de promover uma língua ideal, acaba por gerar
uma série de mitos e incoerências.”
Durante 26 anos, estudando a língua portuguesa e aplicando o aprendizado em
cursinhos preparatórios, este autor percebe que o ensino fragmentado e a criação de
falsos paradigmas tem influenciado de forma negativa, não somente na concepção
da gramática e das normas cultas, mas principalmente no seu aprendizado.
No exercício da prática docente, o professor de Língua Portuguesa, deve ter
consciência de sua função no processo de ensino e aprendizagem para a formação
11
e construção de cidadãos críticos.
Não cabe ao professor relativizar, resumir ou criar paradigmas no ensino da
gramática, buscando “facilitar a aprendizagem” com conceitos enraizados que no
futuro serão meios para influenciar de forma negativa o aprendizado mais efetivo e
contextualizado.
A seguir apresentam-se alguns pseudoparadigmas criados no ensino da Língua
Portuguesa e que por sua vez enraizados no subconsciente da criança ou do
adolescente funcionam como limitadores para conhecimento completo. Tais
conceitos formaram a segunda parte da entrevista realizada.
12
concreto/abstrato reside na existência ou não do ser:
13
Agora observa-se outro conceito que, ao ser ensinado de forma resumida e
prescrita, tem causado prejuízos ao aprendizado contextualizado, sendo que na
entrevista feita, 95% dos entrevistados afirmaram ter ouvido tal conceito em suas
aulas.
A tirinha acima ressalta o equívoco na aprendizagem; pois, na maioria das
vezes, acaba-se ensinando e perpetuando regras inconsistentes que não dão conta
da aplicabilidade que a língua pede e possui.
Celso Cunha e Lindley Cintra (2007) têm o sujeito, e também o predicado,
como termo essencial da oração. O sujeito é definido como “o ser sobre o qual se faz
uma declaração” (p. 136); assim, deve-se entender o sujeito como um termo essencial
da oração sobre o qual se faz uma declaração, assim não há como resumi-lo somente
em um elemento que faz a ação, podendo então o sujeito da oração fazer ou receber
a ação verbal ou até mesmo indicar somente um estado ou característica:
Eu dividi o pão com os pobres. (Sujeito –Eu -faz a ação verbal)
Meu cachorro foi atropelado pelo ônibus. (Sujeito – Meu cachorro -recebe a
ação verbal)
Aqueles alunos são inteligentes. (Sujeito – Aqueles alunos - verbo indica
característica)
O paciente está com cólicas renais. (Sujeito – O paciente - verbo indica
estado)
Este autor, durante as de gramática, além de definir o sujeito como “o termo
da oração do qual se faz uma declaração, também indica dois questionamentos
inseparáveis para localizar o sujeito da oração:
1. Estou falando de quem?
2. Quem é que .....? (utilizando na lacuna o verbo da oração)
Meu cachorro foi atropelado pelo ônibus.
Estou falando de quem – do animal ou do ônibus?
Quem é que foi atropelado? Sem dúvidas: Meu cachorro.
Observe que o sujeito “Meu cachorro” não fez nada!
14
descontextualizado, haja vista que não se trata somente de proibir o uso de crase
“entre palavras repetidas”, aqui se está diante do uso da regra de forma geral, o que
não é verdade, já que se pode definir a crase como um fenômeno linguístico que
surge quando há fusão (mistura) de duas vogais idênticas e é representada pelo
acento grave (`). Demonstrando que houve uma junção entre a preposição a (exigida
pela regência verbal ou nominal) e o artigo a.
Sobre tal citação quanto à proibição do uso da crase “entre palavras repetidas”,
50% dos entrevistados relataram ter ouvido em sala de aula.
Para Bechara (2009) a crase é "a fusão de dois ou mais sons iguais num só",
o Gramático Ernani Terra, em sua obra define que a crase provém do grego krasis e
significa “fusão”, “junção”, sendo a crase a fusão do artigo “a” com a preposição “a” e
que tal fusão é indicada por meio do acento grave, assim: “à”.
Em muitos livros, sites, artigos há tal a conceituação de que “não se usa crase
entre palavras repetidas, o que acaba sendo reiterado em sala de aula; porém,
convém notar aqui um equívoco entre os significados de “palavra” e “locução”.
Entende-se Locução como “expressão formada a partir da união de duas ou
mais palavras, podendo ser nominal- locução adjetiva, adverbial, prepositiva ou
verbal” e “palavra” como “unidade pertencente a uma das grandes classes
gramaticais, como substantivo, verbo, adjetivo etc., não levando em conta as
modificações que nela ocorrem nas línguas flexionais, e sim, somente, o significado”2.
Assim, é possível a crase entre palavras repetidas quando a regência solicita,
diferentemente no caso das Locuções com palavras repetidas, senão observem os
exemplos.
Ficamos frente a frente com o perigo. (Nesse caso temos uma Locução– na
qual ela por completo funciona como adjunto adverbial e pode ser substituída
por cara a cara – ou seja, trata-se de uma “expressão com palavras repetidas”)
Encontro você em frente à frente da escola. (Aqui são dois complementos e
não uma locução – em frente / à frente da escola)
Dê vida à vida no campo. (Veja que a regência do verbo DAR pede dois
complementos: um sem preposição e o outro com preposição: Dar o quê?
Vida. Dar a quem? À vida. Novamente não se trata de uma locução, mas dois
complementos verbais)
2 http://underpop.online.fr/p/palavra/
15
Ratifica-se novamente a necessidade do ensino contextualizado, não somente
com conceitos pré-determinados.
3Exemplos retirados de Cegalla (2012, p. 143).; Teixeira de Pascoaes, OC, III, 27 apud CUNHA E CINTRA,
2008, p. 661; Piacentini (2015, p. 33), Luft (2002, p. 36).
16
São uns incompetentes[,] e (=mas) ocupam altos cargos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
17
como instrumentos de interação ligados à realidade nas situações de comunicação,
os quais oportunizam aos educandos a conscientização quanto às suas escolhas e o
conhecimento da variedade da língua a fim de cumprir seus objetivos
comunicacionais, ratificando que não se trata de situar a gramática e a linguística
entre o bem e o mal, mas sim de conceber o ensino como instrumento para a
obtenção de conhecimentos necessários para a libertação de todas as camadas
sociais e para o combate ao analfabetismo funcional.
Por fim, há de situar a importância do professor e de sua formação permeada
por um estudo constante, a fim de montar propostas eficientes para que os equívocos
que se cometem em classe possam ser evitados ao fazer a distinção entre as regras
gramaticais em consonância com o ensino contextualizado, até porque, apesar da
desvalorização da missão docente em nosso país, a importância do professor não só
nas escolas, mas especialmente na vida das pessoas continua sendo indiscutível.
Considera-se que o presente artigo, apesar de suas lacunas, pode ser um
instrumento auxiliar para contribuir com o entendimento dos caminhos pelos quais
devem percorrer o ensino da Gramática, esperando que os estudos apresentados
possam se tornar mais uma gota no oceano de saberes necessários à Educação
Pública de qualidade e essencial ao real progresso do aluno, saberes esses que
nunca se esgotam.
5 REFERÊNCIAS
18
CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de
Janeiro: Sextante, 2003.
LIMA, R. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed., Rio de Janeiro: José
Olympio, 2011.
19
em:https://novaescola.org.br/conteudo/17547/analfabetismo-funcional-o-ponto-mais-
critico-esta-no-fundamental-ii. Acesso em 17/11/2019.
20