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Ementa

Execução. Regras gerais. Princípios informadores da execução. Responsabilidade patrimonial. Sujeitos do processo de execução.
Espécies de execução: entrega de coisa, quantia certa, obrigação de fazer, alimentos, fazenda pública. Petição inicial. Citação.
Arresto. Penhora. Avaliação. Arrematação. Pagamento: adjudicação, usufruto de imóvel ou empresa, dinheiro. Suspensão da
execução. Remição da execução, remição de bens e remissão. Insolvência. Processo cautelar. Regras gerais. Arresto. Seqüestro.
Busca e apreensão. Caução. Justificação. Alimentos provisionais. Atentado. Produção, notificações e interpelações. Ação de
consignação em pagamento. Ação de depósito. Ação de usucapião. Ações possessórias.

Resumo:

Requisitos e Pressupostos do Processo de Execução:


a) Inadimplemento do devedor – considera-se inadimplente o devedor que não satisfaz espontaneamente a obrigação ou o
direito reconhecido em sentença.
b) Existência de um título executivo – sem o título não há como executar a obrigação. O título executivo dá a certeza da
existência da obrigação, para assim poder atingir o patrimônio do devedor. O título executivo deve ser certo (sabe-se o que se
deve), líquido (sabe-se quanto se deve) e exigível (obrigação vencida).
c) Existência patrimonial – para efetivação do processo de execução é necessário que o devedor possua bens penhoráveis que
possam tornar exeqüível a execução.

Princípios Informadores do Processo de Execução:


a) Autonomia da execução – a ação de execução tem elementos próprios, distinta da ação de conhecimento.
b) Patrimonialidade – a garantia da execução da obrigação é o patrimônio, e não a pessoa do devedor. A execução é real, só
atinge o patrimônio do devedor.
c) Exato Adimplemento - a execução visa satisfazer o interesse do credor e não meio de punir o devedor. A execução deve
garantir o mesmo resultado, caso o devedor resolvesse quitar a obrigação espontaneamente.
d) Utilidade – a execução tem que ser útil ao credor, não é admitida a execução que traga apenas prejuízo ao credor.
e) Menor onerosidade – a execução tem que se feita pelo meio menos gravoso ao devedor, caso existam diversos meios de
satisfazer a obrigação.
f) Responsabilidade do devedor – o devedor pe responsável pelas custas, despesas do processo e honorários do advogado.
g) Contraditório – aceito no processo de execução mesmo de forma mitigada. Mesmo que de forma particular o juiz abre
possibilidade de manifestação das partes.

Processo de execução

Como visto em outros momentos, o processo de execução visa a satisfação do direito subjetivo da parte, que busca na atuação
do Estado a realização de sua pretensão. Como bem leciona Humberto Theodoro Júnior: "Quando, porém, há certeza prévia do
direito do credor e a lide se resume na insatisfação do crédito, o processo limita-se a tomar conhecimento liminar da existência do
título do credor, para, em seguida, utilizar a coação estatal sobre o patrimônio de devedor, e, independentemente da vontade
deste, realizar a prestação a que tem direito o primeiro. Trata-se do processo de execução." (JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso
de Direito Processual Civil. Vol. I. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, pág. 44)

Quando o direito tem origem em um título executivo extrajudicial (documento que a lei reconhece como dotado de força executiva),
o caminho para a realização deste direito é sempre o Processo de Execução.

O título executivo extrajudicial equivale a um documento sobre o qual a lei atribui eficácia executiva, dando-lhe a certeza
necessária para que seja movida a ação executória para a realização do direito. Por isso, todo título executivo extrajudicial deve
necessariamente ser:

- Certo: documento que mostra sem qualquer dúvida a existência da dívida;

- Líquido: quando se determina a quantidade, qualidade, etc. da dívida;

- Exigível: quando aconteceu o termo ou condição que importa o implemento da obrigação.

O processo de execução deve ser regido em observação a alguns princípios específicos deste tipo de atividade jurisdicional.
Vejamos quais são eles:
Princípio do respeito à dignidade humana - a execução não pode levar o executado e sua família a um estado de indignidade
humana. Por isso, o CPC garante a impenhorabilidade de alimentos, seguro de vida, salários, proventos, etc..

Princípio da realidade - por alguns doutrinadores também chamado de princípio da responsabilidade patrimonial, este princípio
demonstra que para que o credor alcance o objetivo de satisfazer seu direito, o devedor dá como garantia de pagamento da dívida
o seu patrimônio.

Devido a este princípio, a execução não recai sobre a pessoa do devedor e sim sobre o seu patrimônio, como determina o CPC: "O
devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições
estabelecidas em lei." (art. 591)
Trata-se, portanto, de uma execução real, que incide direta e exclusivamente sobre o patrimônio do devedor.
Observação:

Há casos em que não é sobre o patrimônio do executado que recai a responsabilidade e sim sobre a pessoa deste.

No caso do devedor de alimentos e do depositário infiel a execução não recai sobre os seus bens e sim sobre a pessoa do devedor
por meio de prisão civil (caracterizada por uma medida de coação para que o devedor cumpra a obrigação).

Princípio do exato inadimplemento - veremos mais adiante que o inadimplemento do devedor constitui um dos requisitos
necessários para realizar qualquer execução.

Por isso, ao ajuizar uma execução, o credor busca garantir o mesmo resultado que teria com o adimplemento espontâneo por parte
do devedor/executado. Por isso, a execução deve atingir o patrimônio do devedor apenas naquilo que vá satisfazer o credor, nem a
mais, nem a menos. Por isso, este princípio também é chamado de princípio da satisfatividade.

Neste ponto, cumpre mostrar que a penhora dos bens do executado deve incidir em tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios. (art. 659, CPC)

Lembrete:

A penhora consiste em um ato judicial, emitido por um juiz e promovido por um oficial de justiça, através do qual se apreende ou se
tomam os bens do devedor, para que nele se cumpra o pagamento da dívida.

Princípio do ônus da execução - o processamento de uma ação de execução importa em custas, despesas e honorários
advocatícios. Assim, cabe ao devedor o pagamento destas despesas e outras que se fizerem necessárias.

Mesmo se houver desistência da execução, tal ônus é do devedor. Senão vejamos: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. PEDIDO DE DESISTÊNCIA. EXTINÇÃO. CITAÇÃO DO
EXECUTADO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO. 1. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de serem devidos
honorários advocatícios quando for extinta a execução fiscal, em virtude do cancelamento do débito pela Fazenda pública, e o
executado houver sido citado, tendo contratado, inclusive, causídico para preparar a sua defesa. 2. No caso, houve pedido de
desistênciada execução fiscal pela própria exeqüente. 3. Agravo regimental não-provido. (STJ - AgRg no Ag 1005769 / BA - 2ª
Turma - Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, data do julgamento: 23/09/2008).

A lei 11.382/06 acrescentou ao Código de Processo Civil o art. 652-A, que reza em seu caput que"ao despachar a inicial, o juiz
fixará, de plano, os honorários de advogado a serem pagos pelo executado".

Como o executado tem o prazo de 03 (três) dias a partir da intimação para pagar o que deve, se efetuar o pagamento dentro deste
prazo, os honorários do advogado do credor (fixados de plano no despacho da inicial pelo juiz) serão reduzidos pela metade.
Esta é uma forma de compelir o executado a pagar o que deve e ter as despesas com honorários reduzidas de maneira
considerável.
Destarte, através deste princípio, a responsabilidade pelo ônus da execução é do devedor.

Princípio da menor onerosidade ou da economia - este princípio demonstra que, quando a satisfação do credor puder ser obtida
por vários meios, o juiz manda que a execução se faça pela maneira menos gravosa ao devedor.

Princípio da utilidade - a execução deve ser útil ao credor. Ou melhor, não se admite a execução apenas para trazer prejuízo ao
devedor, sem qualquer benefício ao credor. Daí extrai-se o §2º do art. 659 do CPC que preceitua: "Não se levará a efeito a
penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução."

Princípio da especificidade - a execução deve propiciar ao credor exatamente aquilo que obteria se a obrigação fosse adimplida
pessoal e espontaneamente pelo devedor.

Princípio do contraditório - a execução parte sempre de uma certeza. No entanto, o juiz profere diversas decisões no curso do
processo de execução e às partes deve sempre ser assegurada manifestação. Ademais, a CR/88 garante a existência do
contraditório nos processos judiciais sem fazer distinção. Por isso, o princípio do contraditório está também presente no processo
de execução.

Princípio da disponibilidade - "Reconhece-se ao credor a livre disponibilidade do processo de execução, no sentido de que ele
não se acha obrigado a executar seu título, nem se encontra jungido ao dever de prosseguir na execução forçada a que deu início,
até as ultimas conseqüências. (...) Fica, assim, ao alvedrio do credor desistir do processo ou de alguma medida como a penhora
de determinado bem ou o praceamento de outros." (JÚNIOR, Humberto Theodoro.Curso de Direito Processual Civil. Vol. II. 41. ed.
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007, pág. 138)

Atrelado a este princípio está o princípio da disponibilidade parcial da execução, pois o credor pode desistir apenas de parte da
execução, alterando seu pedido, mesmo depois da citação do devedor.

Para que o juiz aprecie o conflito de interesses, aqueles que estão litigando devem ser os titulares da pretensão deduzida em juízo.

Legitimidade ativa

A lei processual concede legitimidade ativa ao credor do título executivo e, em algumas hipóteses, ao Ministério Público -
legitimação ordinária.
Art. 566, CPC. Podem promover a execução forçada:

I - o credor a quem a lei confere título executivo;

II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.

Em regra, o credor do título executivo é a parte legítima para ajuizar a ação de execução, desde que tenha capacidade processual.

Já no caso do Ministério Público, este pode promover a execução desde que atue como parte e não como "custos legis".

O CPC concede, ainda, legitimidade ativa a algumas pessoas que não são credoras do título executivo, mas se tornaram
sucessoras do credor, seja por ato inter vivos, seja por causa mortis - legitimação derivada ou superveniente:

Art. 567, CPC. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:

I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for transmitido o direito resultante do
título executivo;

II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por ato entre vivos;

III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

Legitimidade passiva

Em regra, é o devedor, reconhecido como tal no título executivo quem possui legitimidade para atuar como executado na ação de
execução.

Mas, o CPC nomeia outros sujeitos para assumirem o pólo passivo desta ação, são os dispostos nos demais incisos do art. 568:
- o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
- o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo;
- o fiador judicial;
- o responsável tributário, assim definido na legislação própria.

Litisconsórcio e intervenção de terceiros

O litisconsórcio equivale à pluralidade de sujeitos (exeqüentes/executados) no mesmo processo. O litisconsórcio pode ser ativo
(pluralidade de exeqüentes) ou passivo (pluralidade de executados). O litisconsórcio ativo admitido no processo de execução é
apenas o facultativo, ou seja, aquele formado a partir da vontade das partes. Já no lado passivo, o litisconsórcio necessário é
freqüente na hipótese, por exemplo, da penhora de imóvel, em que marido e mulher devem ser citados.

No que tange à intervenção de terceiros (instituto processual civil através do qual um terceiro, estranho à relação jurídica
processual, integra a esta por algum motivo disposto em lei), há ainda divergências. Mas, o CPC não abre possibilidade de
ocorrência no processo de execução, bem como a maioria da doutrina e jurisprudência.

STJ, REsp. 329.059/SP, Rel. Min,. Vicente Leal, 6ª T., ac. 07.02.2002, DJU 04.03.2002, p. 306.

TACiv.-SP, apelação 602.934-5/00, Rel. Juiz Corrêa Lima, ac. de 15.08.96, in JTA-LEX, 164/190.

Requisitos necessários para realizar a execução

Quando o credor está em posse de um documento com eficácia executiva (prevista em lei) que prove a obrigação do devedor e
frente ao inadimplemento deste, ele pode ajuizar a ação de execução para receber o que lhe é devido.

Daí extrai-se que são requisitos essenciais à promoção de uma execução o inadimplemento do devedor e o título executivo.
Inadimplemento do devedor
O credor só passa a ter interesse de agir se o devedor não cumpre com a sua obrigação, ou seja, se ele não satisfaz
espontaneamente a obrigação certa, líquida e exigível constante no título executivo.

Título executivo
Sem o título executivo extrajudicial não há certeza da existência da dívida e por isso a ação não pode ser ajuizada.
O CPC taxa no art. 585 os títulos executivos extrajudiciais.
Art. 585, CPC - São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por
duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados
dos transatores;
III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida;
IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas
e despesas de condomínio;
VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários
forem aprovados por decisão judicial;
VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

Competência

O juízo competente para o ajuizamento da ação de execução conforme o título a ser executado, se judicial ou extrajudicial.

Art. 575, CPC. A execução, fundada em título judicial, processar-se-á perante:


I - os tribunais superiores, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
IV - o juízo cível competente, quando o título executivo for sentença penal condenatória ou sentença arbitral.
No caso da execução fundada em título extrajudicial, é competente o foro da praça de pagamento do título, se outro não houver
sido eleito.

Não havendo tais regras especiais, prevalece o critério do foro do domicílio do devedor.
"A execução fiscal (art. 585, Vl) será proposta no foro do domicílio do réu; se não o tiver, no de sua residência ou no do lugar onde
for encontrado." (art. 578 do CPC)

Responsabilidade patrimonial

A responsabilidade patrimonial é aquela que recai sobre o patrimônio (presente e futuro) do devedor como forma de sanção em
uma ação de execução. O patrimônio é considerado a totalidade de bens economicamente mensurados que se encontram sob o
poder de alguém.

Entretanto, o CPC abre algumas exceções a esta responsabilidade, casos em que não é sobre o bem do executado que recai a
responsabilidade e sim sobre a pessoa deste como visto anteriormente.
A lei proíbe, ainda, que a execução recaia sobre alguns bens patrimoniais por motivos diversos, dando a eles a característica da
impenhorabilidade (art. 649 do CPC). Neste rol encontram-se os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos
à execução; os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado (exceto os de valor elevado
ou que ultrapassem as necessidades comuns de um médio padrão de vida; os vestuários, objetos de uso pessoal do executado,
(exceto os de elevado valor); o seguro de vida; etc..
Por fim resta dizer que a lei estendeu em alguns casos a responsabilidade patrimonial a pessoas que não são parte da execução.
Ou seja, a execução atinge bens de pessoas que não fazem parte do processo: são terceiros na relação.

Vejamos quem são estes sujeitos:

Art. 592, caput do CPC. Ficam sujeitos à execução dos bens:


I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, quando em poder de terceiros;
IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.

Assim, estes indivíduos respondem com seu patrimônio sem figurarem no pólo passivo da execução.

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